Buscar

Produção de Materiais Autoinstrutivo para EAD

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 160 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 160 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 160 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PRODUÇÃO DE MATERIAIS 
AUTOINSTRUTIVOS 
PARA A EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Débora de Lima Velho Junges
Indaial - 2019
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
J95p
 Junges, Débora de Lima Velho
 Produção de materiais autoinstrutivos para a EAD. / Débora de 
Lima Velho Junges. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 160 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-418-1
 ISBN Digital 978-85-7141-419-8
1. Educação a distância. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
Da Vinci.
CDD 370
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Escrita, Linguagem e Formatos na Produção
de Conteúdo Autoinstrutivo ....................................................... 7
CAPÍTULO 2
EAD e Métodos de Autoaprendizagem ...................................... 61
CAPÍTULO 3
Aprender à Distância: Focando na Experiência
do Aluno na Modalidade EAD .................................................. 117
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Produção de Materiais 
Autoinstrutivos para a EAD! A cada ano, o número de alunos de cursos na 
modalidade a distância cresce no Brasil: de pouco mais de 500 mil em 2009 para 
cerca de 7,73 milhões, segundo o Censo EAD de 2017 publicado pela Associação 
Brasileira de Educação a Distância (ABED) em 2018. De acordo com os esforços 
contínuos de iniciativas públicas e privadas, essa expansão não terá hora para 
acabar, pois além dos cursos de graduação e especialização já consolidados 
no país, modificações nas leis, em 2018, buscam encontrar meios para que 
os benefícios proporcionados pela Educação a Distância (EAD) possam ser 
aproveitados no ensino médio e nos programas de mestrados e doutorados.
Além da diversidade de questões relacionadas à modalidade a distância, 
como a limitação de credibilidade ainda presente em algumas áreas, há grandes 
benefícios para o aluno como mensalidades mais baixas que as da modalidade 
presencial e a flexibilidade de tempo e espaço, bem como benefícios para as 
instituições de ensino como os custos de manutenção mais baixos e a ampliação 
do seu alcance. Atualmente, a EAD faz parte do cotidiano de quem busca alcançar 
os seus objetivos de vida através da transformação que o estudo proporciona.
Mesmo assim, ainda existe muito espaço para melhorar os cursos a distância 
e uma dessas oportunidades é o desenvolvimento de Materiais Didáticos 
Autoinstrutivos de qualidade e que aproveitam de forma plena as capacidades 
que as tecnologias digitais proporcionam, permitindo uma conexão mais interativa 
e significativa do aluno com os recursos educacionais preparados para auxiliar a 
formação discente.
Neste sentido, ao longo do conteúdo abordaremos diversos conceitos e 
apresentaremos ferramentas e processos que auxiliarão você na construção 
dos materiais didáticos autoinstrutivos, com a qualidade necessária para que os 
alunos estudem da melhor maneira, aproveitando as vantagens e a autonomia 
que a EAD proporciona.
Na primeira etapa, abordaremos a construção do material bruto, focando 
nas necessidades de escrita; nos principais componentes do texto; no uso das 
tecnologias; nos formatos possíveis e suas singularidades, sempre a partir de 
um olhar centrado nas características do futuro aluno. Também apresentaremos 
ferramentas para que você possa organizar o seu trabalho.
Na segunda etapa, veremos quais são as exigências de qualidade do 
Ministério da Educação (MEC), os itens obrigatórios para que o material possa ser 
um recurso educacional que facilite a construção do conhecimento, a mediação 
da interlocução entre os agentes da formação (aluno e professor) e a aprovação 
da oferta do curso na modalidade a distância.
E na terceira etapa serão apresentadas as ferramentas e conceitos 
educacionais essenciais para o desenvolvimento de materiais didáticos 
autoinstrutivos que auxiliam a aprendizagem permitindo que os alunos 
desenvolvam suas competências. 
Boa leitura e bons estudos!
Débora de Lima Velho Junges
CAPÍTULO 1
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS 
NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO 
AUTOINSTRUTIVO
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 identifi car os componentes da comunicação; 
 identifi car as características do diálogo didático simulado; 
 defi nir a composição, os gêneros e os formatos disponíveis para a criação de 
materiais didáticos autoinstrutivos; 
 identifi car as etapas e as necessidades de um projeto; 
 reconhecer as particularidades do uso do vídeo;
 adequar o conteúdo às tecnologias e formatos digitais disponíveis; 
 utilizar o diálogo didático simulado para desenvolver materiais autoinstrutivos; 
 organizar projetos e desenvolver processos para a criação de materiais 
autoinstrutivos;
 criar materiais em vídeo;
 desenvolver materiais em áudio; 
 elaborar materiais escritos; 
 desenvolver objetos interativos.
8
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
9
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Há alguns anos, o Brasil tem visto um grande crescimento na educação a 
distância. A modalidade a distância tem conquistado uma fatia cada vez maior do 
mercado de ensino, principalmente o de nível superior, superando os obstáculos 
e preconceitos que existiam em relação a sua qualidade e até mesmo a sua 
validade.
Além disso, o aumento no uso cotidiano da tecnologia e a absorção dos 
hábitos digitais por grande parte da população brasileira possibilitou a criação de 
canais que ampliassem a oferta, seja pelo acesso facilitado com a conectividade 
(conexões de internet mais rápidas e que estão à disposição 24h por dia), com 
a tecnologia digital (computadores, smartphones) ou até mesmo pela diminuição 
nos custos envolvidos na administração de um curso nessa modalidade. Os 
hábitos digitais comuns na sociedade atual trazem outra vantagem: a familiaridade 
com a conversação assíncrona. Se antes as pessoas não se sentiam confortáveis 
ao utilizar canais que não oferecessem uma comunicação privada, direta e 
com feedback instantâneo, como uma ligação telefônica, agora elas estão 
mais habituadas a enviar uma mensagem através dos diversos aplicativos e 
plataformas existentes (públicas ou particulares) e aguardar o retorno em um 
outro momento. É um movimento que caracteriza a comunicação assíncrona, ou 
seja, uma comunicação que não acontece em tempo e espaço defi nido.
Todas essas vantagens têm favorecido o crescimento da modalidade a 
distância. Os dados do Censo EAD 2017 divulgado em 2018 pela Associação 
Brasileira de Educação a Distância (ABED) apontaram um total de 7.773.828 
alunos matriculados, distribuídos nas 351 instituições que compartilharam os seus 
dados (a participação é voluntária). Em comparação com o Censo EAD de 2009, 
observamos que o número de matrículas era menor que 10% do número total de 
alunos matriculados em 2017, com apenas 528.320 alunos na modalidade EAD 
(ABED, 2017).
Ainda há mais espaço para o crescimento da EAD no país e por isso é 
essencial que os professores, bem como a equipe multidisciplinar envolvida, 
compreendam melhor o processo de elaboração dos materiais didáticos para 
os cursos na modalidadea distância e deixem de ter a percepção de que ela é 
apenas uma forma mais ampla de distribuir o material didático.
Pensar que a educação a distância é apenas uma maneira de criar “livros 
eletrônicos com vídeos e animações” e que deve seguir a mesma lógica e 
metodologia utilizada no ensino presencial, é limitar as diversas possibilidades 
que a EAD oferece.
10
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Embora seja aconselhável pegar emprestadas várias ferramentas do 
ensino presencial, a EAD tem necessidades e características próprias, portanto 
a construção deve ser feita com o objetivo de suprir essas necessidades. Um 
exemplo é a necessidade de autossufi ciência. Apesar de haver ferramentas que 
permitem o contato dos alunos com os professores ou tutores, o ideal é que o 
conteúdo seja sufi ciente para que os estudantes compreendam os conceitos 
abordados e possam traçar a sua forma de estudo, buscando o auxílio dos 
professores e tutores como opção e não como uma obrigatoriedade.
É claro que precisamos levar em conta as particularidades de cada aluno, 
as formas que mais se adéquam ao seu processo de aprendizagem e aos seus 
conhecimentos prévios. Mas isso é outro assunto e será tratado com mais 
aprofundamento mais adiante.
Esta introdução é apenas uma forma mais direta e leve de pedir que você faça 
um exercício e, caso ainda não conheça as necessidades, as particularidades da 
EAD e acredita que a criação do material para a modalidade a distância é apenas 
o desenvolvimento de “livros com vídeo”, deixe tudo isso para trás e mergulhe de 
cabeça no conteúdo do livro didático.
2 RECONHECER O PERFIL, 
AS DIFICULDADES E AS 
PARTICULARIDADES DO ALUNO NO 
EAD
Antes de começarmos os estudos sobre como escrever o conteúdo 
autoinstrutivo, propomos que você faça um pré-teste (Atividade de estudo). 
Não vale nota, mas possui algumas perguntas que vão auxiliar a introdução ao 
assunto. Portanto, preste atenção, responda com cuidado e depois verifi que as 
respostas comentadas.
1 Os alunos que optam pela modalidade a distância devem ter 
o mesmo tratamento dos alunos que optam pela modalidade 
presencial de ensino. Verdadeiro ou falso? 
a) ( ) Verdadeiro
b) ( ) Falso
11
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
2 Um dos principais problemas enfrentados pelos estudantes da 
modalidade a distância é a difi culdade em lidar com a autonomia 
para os estudos. Verdadeiro ou falso?
a) ( ) Verdadeiro
b) ( ) Falso
3 ARCS é a abreviação de: 
a) ( ) Atenção, Relevância, Confi ança e Satisfação.
b) ( ) Autonomia, Relevância, Conquista e Sucesso.
c) ( ) Autonomia, Responsabilidade, Confi ança e Sistema.
4 Qual é a linguagem e o formato mais adequado para a EAD? 
a) ( ) O material escrito é melhor, pois permite que os alunos 
leiam no seu ritmo.
b) ( ) O material em vídeo é melhor, pois os jovens estão mais 
acostumados com ele.
c) ( ) O material em áudio é melhor, pois permite que o aluno 
estude enquanto executa outra atividade.
d) ( ) O material interativo é melhor, pois os mais 
jovens estão acostumados com a interatividade 
dos dispositivos e jogos digitais atuais.
5 A linguagem a ser utilizada na escrita do material deve ser: 
a) ( ) Estritamente formal e acadêmica, com vocabulário culto e 
rebuscado.
b) ( ) Uma busca por um diálogo com o aluno, 
utilizando vocabulário próximo a eles.
2.1 APRESENTANDO O CONTEÚDO 
PARA OS ALUNOS
Por que foi importante fazermos o pré-teste (Atividade de estudo) antes de 
começarmos com o conteúdo? Porque é extremamente importante conhecermos o 
perfi l dos alunos. Não só os professores, mas os conteudistas e os produtores de 
conteúdo educacional (ou qualquer outra nomenclatura utilizada pelas instituições 
de ensino para designar os responsáveis pela criação do material autoinstrutivo) 
devem ter claras algumas características das pessoas a quem se destina o curso, ou 
12
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
seja, o futuro aluno. Além disso, é importante que os próprios alunos se conheçam 
e saibam mais sobre as suas limitações e as suas reais fl uências sobre o assunto.
A intensão do pré-teste era a de que você vislumbrasse algumas questões 
que veremos no início do conteúdo e também tivesse uma noção do quanto sabe 
sobre os temas que iremos abordar. Outra função do pré-teste é a captura da 
atenção. Talvez em alguma questão você tenha se questionado sobre os assuntos 
abordados. E se isso aconteceu, você fi cou alerta e agora aumentaram as suas 
chances de prestar mais atenção quando as discussões forem apresentadas.
O funcionamento é similar ao que acontece no seu cotidiano. Com certeza 
o que falaremos já aconteceu ao menos uma vez na sua vida (e se não foi bem 
assim, foi algo similar): em algum Natal ou aniversário você ganhou de presente 
algo que o surpreendeu, algo simples como uma camiseta de uma cor que você 
não tinha o costume de usar. E como não usava camisetas daquela cor, também 
não notava se as outras pessoas usavam. Digamos que era uma camiseta roxa.
A partir do momento que você começou a usar a camiseta roxa, percebeu que 
mais pessoas usavam camisetas, camisas e casacos com a mesma cor. Então 
você pensa: “Ué! Será que todo mundo ganhou uma roupa roxa no Natal?”. E a 
resposta é: não! Você é que fi cou mais atento para a existência de roupas roxas 
ao seu redor. Portanto, é bem provável que se lembre das roupas roxas que viu 
durante o dia do que as roupas de outras cores.
Claro que é um exemplo bem simples, mas exemplifi ca que a percepção sobre 
algo aumenta quando damos a devida atenção, já que segundo Medina (2014, p. 
75), foi melhor “elaborada e codifi cada” pelo nosso cérebro: ou seja, “Quanto mais 
atenção o cérebro dá a determinado estímulo, mais elaboradamente a informação 
será codifi cada – e preservada”.
Você pode questionar: por que o conteúdo não foi apresentado através de um 
texto introdutório que é o mais comum? Por que as perguntas? Porque queríamos 
estabelecer um diálogo sobre os assuntos. E essa é uma das técnicas que tomamos 
emprestada das salas de aula presenciais e que você, como estudante, já deve ter 
experimentado, pois é bastante comum que um professor, ao apresentar um novo 
assunto, o faça por meio de algumas perguntas. Ou você nunca teve um professor 
que apresentou o conteúdo perguntando: “Alguém aqui sabe o que é uma equação 
de segundo grau?” ou “Vocês fazem ideia por qual motivo aprendem a fórmula de 
báskara?”.
O ser humano é um animal racional e além de perguntar, adora contar histórias. 
Desde a época das cavernas, os seres humanos gostam de falar e narrar as suas 
experiências, compartilhar os seus conhecimentos. 
13
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
Você também gosta de fazer isso? Você tem amigos, familiares, colegas de 
trabalho e outros contatos que provavelmente permitem que, em algum momento 
do seu dia ou semana, você conte algo que aconteceu na rua, no trabalho ou em 
qualquer outra situação do seu cotidiano e nesse momento existe outra pessoa 
ouvindo. Em algum momento esses papéis se inverterão. A comunicação tem 
vários componentes, dentre os quais a contação de histórias, que permite ampliar 
o olhar de quem viveu o fato e de quem escuta, certo? É importante que durante 
a construção do material autoinstrutivo sejam inseridos momentos em que os 
alunos possam falar as suas experiências, pois serão os seus “momentos de ouvir” 
enquanto educador e que não precisam acontecer apenas nos testes avaliativos. 
Os testes podem ser ferramentas de estudo em material autoinstrutivo, pois 
permitem que o aluno tenha voz individualizada no aprendizado, na modalidade a 
distância. Outro fator pelo qual optamos por apresentar os conteúdos, que veremos 
neste capítulo, iniciando com um pré-teste, é oportunizarmos a você avaliar o 
quanto já sabe sobre os assuntos que abordaremos. É uma oportunidade muitoimportante, pois além de preparar para o teste que valerá nota, nos ajuda a eliminar 
a “ilusão de fl uência”. Você sabe o que é isso? Se não sabe, contaremos uma outra 
história que provavelmente você também poderá dizer: “Eu já passei por isso!”.
A história que vou contar agora é sobre falhar e depois triunfar. Sobre pensar 
que se pode voar alto demais e tal qual Ícaro cometer o erro de chegar perto demais 
do sol. Nessa história, a nossa heroína enfrentará um problema causado pela sua 
soberba. Você consegue imaginar qual foi o erro?
Lembre-se da época da escola. Como você era no ensino médio? 
Provavelmente, gostava de estudar. Nós também. Por isso estávamos muito 
confi antes quando a professora de História marcou um teste sobre o conteúdo que 
ela ensinava há duas semanas. Afi nal, prestávamos atenção nas aulas e fazíamos 
todos os exercícios e os “temas de casa”.
Então, durante os dois dias que ainda tínhamos antes da prova, achamos que 
não precisávamos estudar mais. Afi nal, já sabíamos tudo. Que diferença faria? Por 
isso, quando a melhor amiga da época da escola nos chamou para aproveitarmos 
aquelas tardes com sol “por mais tempo”, aceitamos. Saíamos da escola direto 
para a casa da amiga almoçar e aproveitar a piscina até tarde, naqueles primeiros 
dias do horário de verão.
Chegou o dia da prova e você não vai acreditar no que aconteceu.
Antes de continuarmos, queremos esclarecer que pré-testes não são 
obrigatórios. Ou seja, não há uma obrigatoriedade de disponibilizá-los no material 
14
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
ou criar só para “cumprir tabela”. Os pré-testes são ferramentas disponíveis 
que podem ser usadas se o educador considerar que os seus alunos podem se 
benefi ciar.
Como ainda estudaremos, os pré-testes são uma ferramenta comprovadamente 
efi ciente e o seu uso pode trazer benefícios.
2.2 TESTES COMO FERRAMENTAS DE 
APRENDIZAGEM
Para voltar à história que estávamos contando, pularemos o tempo para uma 
semana após a prova, no dia em que a professora entregou os testes corrigidos. 
Pegamos aquele pedaço de papel e adivinha o que vimos? Que havia tirado a nota 
máxima! Como dissemos antes, sabíamos o conteúdo, prestávamos atenção nas 
aulas e fazíamos os exercícios. A nossa surpresa foi quando olhamos para a nossa 
amiga. Ela também pensou que sabia tudo e por isso passamos os dias anteriores 
tomando banho de piscina e aproveitando o calor, ao invés de estudar.
Na hora da prova “deu um branco”. Ela não sabia quais eram as respostas das 
perguntas. Não de todas, mas da maioria. Era como se tudo estivesse errado: não 
que não soubesse o conteúdo, só não conseguia que algo aparecesse no branco 
total que tinha se transformado a sua memória.
Como isso estava acontecendo se ela sabia todo o conteúdo?
Bom, ela “pensou que sabia”. E até sabia responder boa parte das perguntas 
gerais, mas percebeu que quando a professora desenhou um teste que exigia 
um conhecimento aprofundado, que demonstrasse uma real compreensão do 
conteúdo, percebeu que não tinha um conhecimento tão grande como imaginava. 
Talvez você já passou por uma situação igual ao da heroína da história. Ou 
seja, há situações na qual pensamos que sabemos das coisas, mas na realidade 
não sabemos e é chamada por alguns autores de “ilusão de fl uência”. Bjork, 
Dunkosky e Kornell (2013, p. 432) esclarecem que pensarmos que temos mais 
conhecimento sobre um assunto do que realmente demonstramos ter: “Parece 
que as pessoas são suscetíveis a usar (ou seja, atribuir erroneamente) o senso de 
familiaridade ou facilidade de percepção como um índice de conhecimento, mesmo 
quando essa fl uência não refl ete a compreensão ou a aprendizagem real”.
No fi nal, o teste serviu não só para que a professora avaliasse o conhecimento. 
Mas também serviu para que a amiga, a real heroína dessa história, tivesse um 
15
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
diagnóstico do quanto dominava o conteúdo e a partir daí estudasse com um 
foco maior para a recuperação. Não apenas porque sabia qual o conteúdo que 
precisava estudar, mas porque estava mais atenta aos detalhes que faziam parte 
desse conteúdo. No episódio do teste aconteceu a mesma situação que naquela 
história que citamos da pessoa que ganhou uma camiseta roxa no Natal e que a 
partir daquele momento passou a notar mais as pessoas que usavam roupas com 
aquela cor. A nossa amiga passou a fi xar na memória os detalhes que sabia que 
tinha deixado de lado, prestando mais atenção neles. 
Outro benefício é que ela começou a perceber com mais facilidade as 
características que diferenciavam um fato importante e que poderiam cair em 
outro teste, ou seja, um conteúdo que tinha poucas chances de ser cobrado. Logo, 
quando fez a prova de recuperação a sua nota foi muito melhor, provando que 
tinha deixado a ilusão de fl uência de lado e agora tinha um real conhecimento e 
percepção do quanto realmente sabia sobre o assunto.
Você notou que na história o teste teve uma dupla função? Serviu tanto para a 
professora nos avaliar quanto como após a correção e o feedback (nota), uma fonte 
de estudos e de autoconhecimento.
Os benefícios do uso de testes como ferramentas de aprendizagem (ou 
“eventos de aprendizagem”) foram demonstrados em diversas pesquisas, como é 
possível verifi car na discussão de Richland, Kao e Kornell (2009, p. 254):
Quando um aluno faz uma tentativa malsucedida de responder 
a uma pergunta, tanto os alunos como os professores muitas 
vezes encaram o teste como um fracasso e presumem que o 
desempenho ruim do teste é um sinal de que o aprendizado 
não está progredindo. Assim, comparado com a apresentação 
de informações aos alunos, que não está associada a um 
desempenho ruim, os testes podem parecer contraproducentes. 
Mas não são. Pelo contrário, apesar de gerar alguma frustração após o 
resultado inicial (ninguém gosta de errar), testar os alunos antes da apresentação 
do conteúdo amplia as possibilidades de aprendizagem a longo prazo (BJORK, 
1994; SCHIMIDT; BJORK, 1992). Contanto que as questões tenham sido pensadas 
como ferramentas de estudo, provendo instruções que permitam aos alunos 
saberem quais são as respostas corretas, como visto em Richland, Kao e Kornell 
(2009, p. 254):
Em termos de aprendizagem de longo prazo, no entanto, os 
testes mal-sucedidos caem na mesma categoria que outros 
fenômenos de aprendizado efetivo (por exemplo, o efeito de 
espaçamento; ver Dempster, 1988) [...] A pesquisa atual sugere 
que os testes podem ser valiosos eventos de aprendizagem, 
mesmo se os alunos não puderem responder as perguntas 
16
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
do teste corretamente, contanto que o material testado tenha 
valor educacional e seja seguido por instruções que forneçam 
respostas às perguntas testadas.
Assim, podemos compreender que os testes são uma ótima ferramenta de 
aprendizagem quando aplicados antes da apresentação do conteúdo. Afi nal, se a 
nossa protagonista do “teste de História” soubesse das suas limitações em relação 
ao assunto antes do teste, certamente teria passado as tardes estudando, ao invés 
de ir para a piscina.
2 .3 COMO UTILIZAR OS PRÉ-TESTES
Existem várias maneiras de utilizar os pré-testes para estimular a aprendizagem 
e dependem das condições de criação do material e dos recursos de tecnologias 
digitais disponíveis. Uma delas é a que você observou anteriormente no corpo do 
texto, ou seja, utilizado antes do conteúdo ser apresentado. O objetivo é que as 
pessoas que tenham contato com esse material possam ter os seus conhecimentos 
prévios confrontados, para que saibam o que está por vir e no que devem focar 
mais.
Outra estratégia é a aplicação do pré-teste antes da apresentação do conteúdo, 
mas em uma área separada que permita ocultar as videoaulas, os livros didáticos, 
entre outros recursos educacionais e só desbloqueá-los após o aluno realizar o pré-
teste.Há outras formas e queremos destacar aqui para você, dentre as mais 
diversas, a que foi utilizada no curso de Matemática da Khan Academy (World 
of Mathematics). Se você não conhece a Khan Academy faremos uma breve 
explicação: ela é uma startup educacional que foi iniciada por Salman Khan, um 
homem que trabalhava no mercado fi nanceiro e começou a dedicar parte do 
seu tempo a ensinar Matemática para a sua sobrinha que vivia a mais de 3 mil 
quilômetros de distância da sua casa.
Ele começou a fazer isso através do Youtube e quando os seus vídeos 
começaram a fazer sucesso no mundo inteiro, Bill Gates, o fundador da Microsoft, 
investiu milhões de dólares para que Salman Khan criasse cursos e tecnologias 
educacionais que estivessem disponíveis para o mundo inteiro (KHAN, 2013). Um 
dos cursos é o de Matemática inteiramente construído por pré-testes.
Claro que o curso possui videoaulas, mas funciona de uma maneira diferente 
da qual estamos acostumados. Ao invés de apresentar uma videoaula e depois 
17
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
FIGURA 1 – CURSO WORLD OF MATHEMATICS, DISPONÍVEL NA KHAN ACADEMY 
FONTE: A autora
indicar atividades de aprendizagem, esse curso inverte a ordem, ou seja, primeiro 
explicita um problema matemático e desafi a os estudantes a resolvê-lo. Caso o 
problema seja resolvido corretamente (os estudantes têm mais de uma tentativa 
para realizá-lo), um novo problema aparece para desafi ar os conhecimentos de 
quem está estudando.
O detalhe é que as videoaulas fi cam disponíveis, permitindo ao aluno consultar 
o material-base para a construção do conhecimento necessário para resolver 
aquele tipo de situação-problema. Por exemplo, se o desafi o for uma soma e o 
aluno não conseguir responder, basta clicar no link indicado, Figura 1, que uma lista 
com os vídeos que ensinam esse conhecimento vai aparecer, conforme a Figura 2.
18
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
FIGURA 2 – LISTA DE POSSÍVEIS VÍDEOS
FONTE: A autora
Se você se interessou pela ferramenta e quer saber mais sobre a 
história da sua fundação, leia o livro: Um mundo, uma escola, escrito 
por Salman Khan, o fundador da Khan Academy (cfr. Referências).
Os estudantes podem ser confrontados com um conjunto novo de perguntas 
para cada assunto de estudo proposto ou até mesmo para cada competência a 
ser desenvolvida. É só um exemplo, pois a tecnologia apesar do grande potencial 
nem sempre está disponível na instituição de ensino ou por questões de custo, 
tempo não programado ou ainda porque não há equipe multidisciplinar que 
atenda à programação. O importante é mostrar para você que existem várias 
formas de usar pré-testes e que grandes instituições já fazem uso, pois são 
importantes recursos de aprendizagem especialmente na modalidade a distância, 
na criação de materiais didáticos autoinstrutivos. Afi nal, como abordamos, a ideia 
é permitir que os alunos tenham o máximo de autonomia para estudar e que não 
precisem, necessariamente, da ajuda de professores, tutores etc. Claro que é 
importante que, ao oferecer um curso na modalidade a distância, tenhamos esses 
19
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
profi ssionais à disposição do aluno, mas também é fundamental que o conteúdo 
apresentado no material didático forneça elementos de aprendizagem diversos 
que favoreça o processo de aprendizagem do aluno. 
Tendo em vista que os pré-testes são usados pelos professores para 
diagnosticar o nível de apropriação do conhecimento do estudante, por que não 
disponibilizar essa ferramenta que se mostra relevante para o aluno, no sentido 
de que ele mesmo possa diagnosticar o quanto sabe? Pois além de estimular 
a percepção ao serem apresentados aos conteúdos, os alunos saibam no que 
devem prestar atenção.
Com o diagnóstico em mãos, os alunos podem se guiar com mais facilidade, 
visto que foi dado um recurso que facilitará o seu estudo, evidenciando os pontos 
e assuntos que são de maior domínio e os que não. É importante porque pode ser 
compreendido como um guia para que os alunos aproveitem melhor a autonomia 
que apesar de ser uma das principais vantagens da modalidade a distância pode 
também ser vista como um dos grandes desafi os. 
 2.4 POR QUE É IMPORTANTE 
SABER SOBRE PRÉ-TESTES E 
APRESENTAÇÃO?
Com alguns anos de estudo e experiência em Educação, podemos afi rmar 
que a introdução é frequentemente ignorada por quem está criando o material 
autoinstrutivo, porque há a visão de que os alunos irão ignorá-lo, pois é comum 
que o aluno vá “direto para a parte que interessa” e veja a apresentação dos 
assuntos a serem abordados como algo sem importância. Afi nal, o aluno pode 
pensar que sabe do que se trata a disciplina, logo, não precisa “perder tempo” 
com a introdução.
Contudo, a introdução é algo importante, pois auxiliará o aluno a “sintonizar” 
a sua mente aos assuntos que serão abordados, iniciando o processo de 
familiarização, visto que é uma forma de chamar a atenção e direcionar os esforços 
cognitivos para o conteúdo, algo que ajuda a apropriação do conhecimento, já que 
aumenta a capacidade de retenção da memória a longo prazo, como observamos 
em Brain Rules (apud MEDINA, 2014, p. 106):
Uma forte ligação entre atenção e aprendizado tem sido 
demonstrada em pesquisas em sala de aula, tanto cem anos 
atrás quanto tão recentemente quanto na semana passada. A 
20
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
história é consistente: se você é um pré-escolar ansioso ou um 
estudante entediado, prestar mais atenção sempre equivale a 
um melhor aprendizado. Melhora a retenção de material de 
leitura, precisão e clareza na escrita, matemática, ciência – 
todas as categorias acadêmicas que já foram testadas.
Razões como essas enaltecem mais uma vez os pré-testes como uma forma 
de evitar que o aluno “pule um pedaço”, pois ao invés de criar uma lista de tópicos 
que pode ser facilmente ignorada (na verdade, iniciar um texto com uma lista 
é um convite para que o leitor pule a primeira parte), você criará uma forma de 
engajar o estudante logo no início do processo.
Pense o seguinte: qual das duas formas de iniciar uma conversa é mais 
interessante: (I) com uma longa introdução, na qual o interlocutor começa falando 
que “Agora eu irei apresentar para você o assunto X, o assunto Y e o assunto Z, 
todos baseados nas teorias...”, e por aí vai; (II) ou com algumas perguntas do tipo 
“Ei, você sabe por que os alunos costumam abandonar os cursos EAD?”.
Na maioria das vezes a preferência é por perguntas, mesmo que não se 
saiba a resposta. Na verdade, se não souber responder, a curiosidade aumenta, 
o aluno fi ca mais atento e as suas chances de aprender aumentam, pois estará 
mais cuidadoso em relação ao assunto da pergunta apresentada.
• O que vimos e como transformar esse conhecimento em ações
Você viu até aqui que as pessoas aprendem mais quando já sabem o que 
está por vir e, portanto, os pré-testes são um recurso educacional importante 
para iniciar o seu material autoinstrutivo. Os testes de forma geral são recursos 
de estudo e não servem apenas como instrumento avaliativo. Por isso é 
importante que você inclua pequenos testes e questões ao longo do material 
autoinstrucional, não apenas para que o aluno se autoavalie e tenha uma real 
visão da compreensão que tem sobre o assunto apresentado, mas também como 
uma forma de deixar o seu material mais parecido com uma conversa. Se fosse 
presencialmente, você interromperia a exposição em alguns momentos para 
perguntar aos alunos sobre o assunto que está sendo apresentado. 
Como transformar o conhecimento em ação? Simples: construa um pré-
teste. Se você gosta de aprender de forma prática, pare e pense em um assunto 
que domina e poderia ensinar em um curso para outras pessoas. Depois liste os 
principais pontos a serem ensinados. Considere quais seriam osassuntos tratados 
nas primeiras aulas. Em seguida, elabore algumas perguntas, por exemplo, de 
três a cinco. Podem ser questões em que o aluno escolherá a resposta certa 
ou errada, verdadeiro ou falso. O importante é que cada uma tenha de 3 a 5 
alternativas. 
21
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
Uma sugestão: compartilhe o pré-teste com outras pessoas e veja se elas 
conseguem compreender o que aprenderão. Um lembrete: sempre que for 
utilizar testes como recursos de aprendizagem, avise que “não vale nota”, ou 
seja, não é um instrumento avaliativo. Enalteça a importância da atividade para 
autoavaliação, por exemplo.
 3 IDENTIFICANDO O PERFIL DOS 
SEUS ALUNOS
Quando você se propõe a fazer qualquer coisa na vida, existem duas 
perguntas importantes a fazer, desde as tarefas menores até as maiores: 
• Qual o meu objetivo?
• Para quem estou fazendo isso?
Responder a essas questões é algo essencial e sem elas é quase impossível 
saber se o resultado do que se esteja fazendo seja bom. Se você estiver 
desenvolvendo o material didático autoinstrutivo de um curso qualquer, a resposta 
para a primeira pergunta é óbvia: o seu objetivo é criar um conteúdo que seja o 
mais rico possível, com uma linguagem dialógica e acessível, com organização 
e que permita o estudo de modo independente, seguindo os parâmetros 
estabelecidos pela instituição de ensino da qual está inserido.
Já a resposta para a segunda pergunta é bem mais complexa do que à 
primeira vista possa parecer. Afi nal, responder que é “para o aluno” é insufi ciente. 
Porque na verdade são os alunos, no plural, e diz respeito não apenas ao número 
de estudantes, mas também as suas características como: Quem são? Qual é o 
seu nível de conhecimento sobre os assuntos a serem tratados? Quais são as 
suas capacidades cognitivas? Quais são as suas limitações – ou conquistas – 
educacionais?
As questões abordam até mesmo o passado dos estudantes, o seu contexto 
de vida, de estudo, as suas preferências e interesses. Quando você está em 
uma sala de aula ensinando a um grupo com dezenas de pessoas, existe uma 
troca de conhecimento e o estabelecimento de um diálogo síncrono (em seguida 
retomaremos os conceitos sobre comunicação síncrona e assíncrona) que 
permite descobrir boa parte das informações. Mas quando se está preparando um 
material didático para EAD podemos delimitar alguns pontos gerais, como faixa 
etária, formação prévia etc. Contudo, para garantir o aproveitamento é preciso 
que o material seja o mais universal possível e ao mesmo tempo deixá-lo pessoal, 
o sufi ciente para se conectar aos alunos.
22
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Quando se escreve o material ainda não há o perfi l exato do público. E como 
não conseguimos prever o futuro, fi ca difícil antever quem serão os alunos e quais 
serão as suas características. Por isso, ao invés de olhar para o futuro e tentar 
adivinhar, o primeiro passo é olhar para o passado. Não só para aprendermos 
com quem passou muito tempo pensando e principalmente pesquisando sobre o 
assunto, mas também para entender quais são as características dos estudantes 
da EAD no Brasil. Para isso vamos olhar dados, fatos e autores.
3.1 UM PANORAMA DA EAD NO 
BRASIL
A implantação da EAD no Brasil aconteceu por diversos aspectos. Os 
principais são as políticas governamentais que desde a década de 1990 (na 
versão mais moderna do que temos hoje) iniciou o estímulo à modalidade, tendo 
em vista as facilidades proporcionadas pelas tecnologias. Assim, seria possível 
deixar o ensino superior mais acessível para a população brasileira e também 
atingir os mais remotos locais do país, uma vez que o Brasil possui dimensões 
continentais que difi culta a implantação de programas educacionais em todo o 
território nacional. 
O setor privado vem utilizando a EAD há muito tempo, seja de forma isolada 
ou em conjunto com o setor público. Alguns exemplos são as instituições que 
ofereciam cursos técnicos com o uso de apostilas (os cursos por correspondência), 
além dos cursos que aconteciam via rádio (desde a primeira metade do século 
XX) ou mesmo transmitidos via TV (o Telecurso 2000 talvez seja o mais famoso).
Saber disso é importante para entendermos que apesar da proeminência nos 
últimos 10 anos, a EAD não é uma “invenção” recente, pois é desenvolvida no 
mundo há muitos anos e adotada no Brasil há muitas décadas. O que é novidade 
no século XXI é o suporte tecnológico digital que permitiu que a modalidade 
tivesse um alcance maior do que em qualquer outro momento. 
Há a facilidade de distribuição do material, do alcance das instituições, 
da familiaridade da população geral com o uso das tecnologias empregadas, 
do barateamento dos custos de produção e das mensalidades. Além disso, a 
qualidade na formação tem ampliado a confi ança de grande parte da população 
que começou a reconhecer que fazer um curso a distância pode ser uma opção 
tão boa quanto um curso presencial.
A partir dos anos 1990 houve um incentivo do governo para a expansão da 
23
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
educação a distância, como forma não só de dar mais acesso ao ensino superior 
(que era o foco dos movimentos iniciais) diminuindo custos e barateando as 
mensalidades, mas também permitir um alcance mais amplo do que no ensino 
presencial, tendo em vista que o Brasil é um país de proporções continentais.
No fi nal de 2018, outro passo do MEC foi dado para a expansão da EAD, ao 
permitir que a modalidade também faça parte do ensino médio. E para garantir 
que as pessoas tenham cursos a distância de qualidade, o MEC traçou algumas 
diretrizes, por exemplo, as descritas nos referenciais de qualidade publicadas a 
primeira vez em 2003 e republicadas em versão ampliada em 2007. É um dos 
materiais que apresenta diretrizes essenciais para que um curso e uma instituição 
sejam reconhecidos, garantindo algo que era uma dúvida frequente no início da 
expansão do ensino superior a distância: “o diploma EAD tem o mesmo ‘valor’ 
que o presencial?”. Sim, vale (caso o curso seja reconhecido pelo MEC – tanto na 
EAD quanto no ensino presencial).
3.2 A COMPLICADA TAREFA DE 
ENTENDER QUEM SÃO OS ALUNOS 
DA EAD 
Ao compreendermos um pouco como funciona a EAD no Brasil é possível 
delimitar as características gerais de quem são os alunos que compõem esse 
universo. Isso pode dar a sensação de um nó na cabeça (mas em breve 
desataremos esse nó com uma técnica chamada “criação de personas”. Não se 
preocupe!). 
Responda em voz alta às seguintes perguntas:
• Os alunos da EAD geralmente estão nas capitais ou no interior?
• Os alunos da EAD são jovens ou adultos?
• Os alunos da EAD são de qual gênero?
• Os alunos da EAD tiveram acesso a uma boa educação?
• Os alunos da EAD têm tempo extra ou se esforçam para achar um tempo 
para o desenvolvimento das atividades?
• Os estudantes da EAD têm alto poder aquisitivo ou vêm de famílias mais 
humildes?
A resposta é sim para todos os itens, para todas as perguntas, a resposta 
é sim. Por exemplo, estudantes da EAD podem ser mulheres de 26 anos que 
24
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
moram na capital, tiveram uma educação de qualidade e gostam de estudar ou 
mulheres de 26 anos que moram na capital, tiveram uma educação de qualidade 
e não gostam de estudar.
Ou homens. Ou transgêneros. Ou que estudaram em colégios de baixa 
qualidade e ainda assim foram bons alunos (ou o contrário). A EAD é constituída 
por todos os tipos de pessoas: desde aquelas que querem aprender algo até 
aquelas que só querem um diploma para passar em algum concurso ou promoção 
onde trabalham.
Apesar de toda a diversidade podemos extrair alguns dados. A Associação 
Brasileira de Educação a Distância (ABED) tem feito isso com frequência 
aplicando o censo EAD. A ABED disponibiliza em seu site uma pesquisa feita com 
osdados fornecidos das instituições de ensino que fazem parte do quadro de 
sócios, permitindo que tenhamos um panorama geral da EAD no Brasil.
Entretanto, existem algumas características apontadas no estudo que 
consideramos importante destacar, por exemplo: 
• a primeira é que a maioria dos alunos dos cursos a distância não dedica 
o seu tempo exclusivamente aos estudos, pois também trabalha. São 
pessoas que precisam dividir o seu tempo entre as tarefas profi ssionais, 
as tarefas do cotidiano (cuidar da casa, dos fi lhos etc.) e os estudos;
• a segunda é um dos maiores problemas no EAD: a evasão.
3.3 OS MOTIVOS DA EVASÃO NA EAD
Segundo o Censo ABED 2016 (2017), a evasão nos cursos na modalidade 
EAD gira em torno de 11% a 25%. Grande parte das instituições afi rma conhecer 
os motivos da evasão. Você consegue imaginar as razões? 
Para descobrirmos se a sua opinião está em concordância com a realidade, 
apresentaremos um gráfi co retirado diretamente da pesquisa da ABED para que 
você entenda e conecte a razão da evasão ao conjunto de barras no gráfi co. Não 
se preocupe, você não está sob avaliação.
Então? Conseguiu conectar os pontos? Você sabe o que motiva a evasão 
dos alunos da EAD? 
O gráfi co completo é o seguinte:
25
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
GRÁFICO 1 – EVASÃO DE CURSOS EAD
FONTE: <http://abed.org.br/censoead2016/Censo_EAD_2016_
portugues.pdf>. Acesso em: 20 set. 2019.
Caso não tenha o costume de ler e interpretar gráfi cos e não esteja 
compreendendo, contextualizaremos para você. O gráfi co mostra “quão verdadeira” é 
alguma afi rmação. Por exemplo, quando o aluno evadido se depara com a afi rmação 
“Você abandonou os estudos por questões fi nanceiras” há três opções de marcação: 
• Não corresponde com a verdade.
• Corresponde um pouco com a verdade.
• Corresponde totalmente com a verdade.
Portanto, o aluno pode identifi car mais de uma resposta como sendo verdadeira 
ou “quase” verdadeira.
Entender o gráfi co anterior é importante para compreendermos que ele não 
apresenta números e sim afi rmações. E enquanto não há nada a fazer em relação às 
questões fi nanceiras dos alunos, como responsável pela criação do material didático, 
é importante atentar para duas das afi rmações apresentadas: a falta de tempo e a 
não adaptação à modalidade EAD.
Por qual motivo? Porque apesar dos vários fatores que afetaram essas questões, 
existe um ponto em comum entre elas: a difi culdade de boa parte dos alunos em lidar 
com a autonomia proporcionada pela EAD e que acaba sendo um dos riscos da 
modalidade, pois se durante toda a sua experiência escolar presencial o aluno contou 
com o professor como agente disciplinador, ao optar por estudar a distância, ele perde 
essa referência externa e precisa buscar em si a fonte de toda a sua disciplina, como 
cita Faria (2014, p. 65):
A autonomia na modalidade a distância é a característica 
essencial para o bom desempenho do aluno e de todos que 
participam do processo de ensino e aprendizagem na EAD. 
26
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Cada sujeito nele envolvido precisa apresentar uma acentuada 
capacidade para determinar os objetivos de suas ações. Dessa 
forma, podemos afi rmar que se, por um lado, a EAD exige 
mais autonomia, autogestão, autoestudo, auto-organização, 
autonomização e autodidatismo, por outro ela também carrega 
o risco de não alcançar seus objetivos pela "falta" da presença 
física do professor, que dialoga, motiva, esclarece, emancipa e 
traça relações éticas e políticas.
3.4 AUTONOMIA: UMA DAS PRINCIPAIS 
VANTAGENS E UM DOS PRINCIPAIS 
PROBLEMAS
Algo comum nos comerciais das instituições que oferecem cursos na modalidade 
EAD é apresentar a seguinte vantagem: “Faça os seus horários! Estude na hora 
que fi car melhor para você!”. E você sabe por que eles falam isso? Porque essa é 
realmente uma vantagem. E talvez seja tão grande quanto os valores que costumam 
ser mais acessíveis.
É possível que uma pessoa que passou mais de uma década estudando no 
sistema tradicional de ensino no Brasil consiga fazer uma fácil transição para a EAD? 
A resposta para isso é: em boa parte dos casos não.
Como exposto anteriormente, o censo da ABED, realizado com os dados de 
2016/2017, evidencia que até 25% dos alunos abandonam os cursos EAD. E os 
principais motivos observamos na Figura 3, a seguir.
FIGURA 3 – PRINCIPAIS ELEMENTOS QUE CORROBORAM 
PARA A EVASÃO DE CURSOS A DISTÂNCIA
FONTE: <http://abed.org.br/censoead2016/Censo_EAD_2016_
portugues.pdf>. Acesso em: 20 set. 2019
27
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
O censo expõe que os dois principais fatores para a evasão são as “questões 
fi nanceiras” e a “falta de tempo”. Mas, em seguida está a questão de “não se 
adaptar à modalidade EAD”.
O primeiro fator é fácil de compreendermos, pois signifi ca pensarmos que os 
alunos não podem custear as mensalidades ou preferem utilizar o dinheiro para 
outros fi ns. Já a falta de tempo e a não adaptação muitas vezes correspondem 
a situações relacionadas à autonomia, à gestão do tempo, entre outros fatores 
de ordem mais pessoal , como conseguir adaptar a rotina aos estudos fora de 
um ambiente escolar. Afi nal, uma pessoa que se acostumou a “fi car isolada” para 
estudar em uma instituição de ensino que possui diversos recursos para auxiliá-la, 
pode encontrar difi culdades quando a responsabilidade, foco e esforço recai em 
si mesma. E isso não signifi ca que a pessoa é preguiçosa ou não deseja estudar, 
mas talvez seja exatamente o oposto, pois pode apresentar muita vontade, já 
que é difícil criar uma rotina de estudos com tranquilidade num ambiente como a 
casa, que nunca foi vista como um ambiente de estudos, mas sim como espaço 
pessoal e familiar, cheio de distrações.
Algumas pessoas têm membros da família disputando a atenção com os 
estudos; outras têm afazeres da casa; também existe o cansaço depois de um dia 
ou uma semana de trabalho e ainda há os mais diversos tipos de distrações que 
a própria internet (o canal de distribuição da maioria dos cursos na modalidade 
a distância) proporciona. Quem tem acesso às aulas da instituição, também 
tem acesso a jogos, fi lmes, séries, redes sociais e muito mais. Portanto, não é 
difícil cair na tentação de deixar o estudo para mais tarde e esse “mais tarde” 
se transforma em “amanhã”, que pode virar “semana que vem”, até que o aluno 
não consegue dar conta de estudar e acaba reprovado no componente curricular 
vigente. Geralmente, após isso acontecer repetidas vezes, o aluno desiste do 
curso. E isso tem relação com não ter tempo para realizar o curso e com não se 
adaptar à modalidade – os principais motivos do abandono, segundo o Censo 
ABED (2016/2017).
O que você pode fazer para ajudar o aluno? É a sua responsabilidade evitar 
a evasão no processo de criação do material educacional? 
Não, mas se você quiser contribuir com a experiência dos alunos 
desenvolvendo um material mais atraente, auxiliando a experiência de 
aprendizagem e talvez contribuindo para minimizar a evasão, existem algumas 
técnicas de criação e recursos pedagógicos que podem auxiliar. Eles infl uenciarão 
a maneira com que você escreve, como a inserção de momentos de contação de 
histórias. Além disso, a maneira com que você pensa as aulas e como as prepara 
tem grande infl uência no processo de aprendizagem do aluno, então a criatividade 
vai ajudar e muito esse processo.
28
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
O primeiro passo para isso é procurar visualizar quem serão os seus alunos. 
E para isso vamos verifi car como utilizar uma ferramenta que é muito comum para 
os profi ssionais da comunicação e marketing e que poderão auxiliar bastante: a 
criação de personas.
• O que são personas?
Antes de aprender como fazer, vamos compreender melhor o conceito por 
trás da ferramenta que pode ser umagrande aliada no seu trabalho. E para criar 
um exemplo de personas faremos um exercício. Se você gosta de aprender com 
a prática, monte um minicurso nos moldes do que será apresentado a seguir.
Em primeiro lugar, pense em algo simples que você queira ensinar. Pode 
ser qualquer tópico de uma temática que você domine, algo curto que você 
consiga ensinar em poucas aulas. Para ilustrar isso contaremos um exemplo 
real de uma pessoa que criou um curso sobre como utilizar o WhatsApp. Essa 
pessoa se mudou para um município longe da sua cidade natal. A sua mãe, que 
não era muito fã de tecnologia, comprou um smartphone para conversar com a 
fi lha pelo WhatsApp. Porém, ela não fazia ideia de como utilizar o aplicativo ou o 
smartphone e só decidiu comprar o aparelho depois que a fi lha foi embora. 
Para aproveitar melhor os recursos da tecnologia digital, a fi lha pensou em 
utilizar as suas habilidades e experiência em EAD para criar um curso rápido e 
simples, ensinando as pessoas a utilizar o WhatsApp. E enquanto desenvolvia o 
seu planejamento pensou: “Essa aula pode ser interessante para outras pessoas 
parecidas com a minha mãe. Mas como elas são?”
Então a fi lha decidiu criar uma persona. O primeiro passo foi listar as 
características que os seus futuros alunos teriam em comum:
• Idade: mais de 50 anos.
• Tecnologia: não ter muita familiaridade com tecnologia e nem ser muito 
fã.
• Smartphone: não saber usar os recursos.
• E muito mais (listaremos poucas, porque com certeza você já 
compreendeu).
Com as informações foi possível criar um “aluno fi ctício” com as 
características mais comuns das pessoas que seriam o alvo do curso. Mas não 
é um contrassenso criar uma “única personalidade” para representar o aluno 
de um curso EAD, cujas características podem ser as mais variadas, dada a 
possibilidade de alcance da modalidade? Segundo Filatro (2018, s. p.), essa é 
uma questão de saber focar no seu “público-alvo”:
29
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
As pessoas são únicas, e reduzi-las a uma única Persona 
parece ir de encontro às demandas por personalização (ou 
individualização) da aprendizagem. No entanto, quando você 
está preparando conteúdos educacionais para EAD, precisa 
ter em mente quem é o seu interlocutor, a fi m de estabelecer 
com ele um diálogo didático que simula a comunicação real 
em sala de aula. 
Não signifi ca que você deve criar o curso pensando em apenas “um tipo 
de pessoa”. O uso da persona ajudará a construir materiais que se comuniquem 
com nosso futuro aluno, já que na descrição reuniremos as características 
compartilhadas pelos alunos, permitindo que o conteúdo seja facilmente 
identifi cado e compartilhado pela maioria dos estudantes.
• Usando a persona para criar um curso 
Com os dados em mãos, o primeiro passo foi pensar a melhor maneira 
para atingir as pessoas que possuem aquelas características, ou seja, a persona 
do curso de WhatsApp. Foi necessário defi nir: a linguagem (evitando termos 
técnicos); o conteúdo, considerando o objetivo de aprendizagem do curso, 
utilizando exemplos relacionados à realidade e vivência dos alunos (e não da 
professora) e identifi car qual o formato de entrega do conteúdo para os alunos. 
Por exemplo, talvez a grande facilidade seja o uso de elementos de áudio, vídeo 
e imagem. Faz sentido para você? 
A ideia foi a de ministrar as aulas através de mensagens via WhatsApp. O 
primeiro passo foi criar um grupo só para as aulas que fi cariam separadas das 
conversas pessoais e quando surgisse uma dúvida seria mais fácil procurar a 
resposta, dando mais autonomia aos alunos, evitando que buscassem o auxílio 
dos professores.
Também foram elaboradas três perguntas para serem feitas antes de cada 
aula como pré-testes e como estímulo para usar os recursos do teclado (lembre-
se de que são alunos sem familiaridade com tecnologia, logo precisam de mais 
estímulos para utilizar os recursos de estudo).
O restante do conteúdo foi apresentado em forma de imagem e texto ou de 
vídeos gravados diretamente da tela do smartphone, mostrando o uso de recursos 
e ferramentas do WhatsApp. Por ser muito visual e ter exemplos práticos, como foi 
identifi cado pelo feedback dos alunos no fi nal do curso, fi cava mais fácil aprender, 
mesmo com a pouca familiaridade com a tecnologia.
Os exemplos nos vídeos e textos sempre estavam relacionados a como 
conversar com os familiares e utilizavam referências bem populares, pois eram 
30
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
as que faziam parte da realidade dos alunos. Afi nal, é provável que você tenha 
familiaridade com as ferramentas do WhatsApp (e também é provável que já 
tenha ensinado alguém a usar algum recurso), logo, consegue imaginar com 
facilidade como foi o processo. Esse exemplo é uma boa forma de você perceber 
a importância de falarmos uma linguagem próxima de nossa persona. 
• Quais as respostas que preciso para criar uma persona?
Você observou um exemplo de como a criação de uma persona infl uenciou no 
desenvolvimento de um curso. Agora é bom você retornar para a proposta anterior 
e pensar em algo que você poderia ensinar para alguém em um microcurso. 
Por que? Para praticar e criar uma persona com as perguntas listadas 
a seguir. Aproveite para exercitar: crie o curso de verdade e até mesmo dê 
aulas pelo WhatsApp. Convide seus familiares e amigos para participar. Peça 
que avaliem o curso, o conteúdo e observe como elas estudam. Se você tiver 
oportunidade poderá vivenciar a nossa discussão na prática. Claro que você não 
tem nenhuma obrigação, pois não é uma atividade formal do curso. É apenas 
uma dica para quem quiser inserir um pouco mais de prática no aprendizado.
Voltando à criação de personas, é preciso perguntar: “Quem quer aprender”? 
Mantenha a resposta o mais simples possível. No caso do curso sobre como usar 
o WhatsApp, a resposta seria: “pessoas que não sabem utilizar o WhatsApp ou 
pouco sabem ou não sabem utilizar o smartphone”. Depois você deve perguntar 
quais são as características das pessoas:
• Qual é o gênero das pessoas que farão o curso?
• Quais são os conhecimentos prévios sobre os assuntos e temas das 
aulas?
• Qual é o nível de instrução dos alunos?
• Qual é a faixa etária?
• De onde são?
• Quais são os seus interesses e referências?
• Qual é a sua familiaridade com as tecnologias?
• Qual é a motivação para aprender o que será ensinado?
• Qual é o formato do conteúdo mais acessível?
• Elas já estão acostumadas a estudar na modalidade a distância?
• Qual o tempo disponível para estudar?
Note que as duas últimas questões serão infl uenciadas pelo tipo de curso 
que está sendo criado. Por exemplo, um curso de graduação ou pós-graduação 
exigirá mais dos alunos que um curso livre, tanto pelo conteúdo quanto pelos 
prazos. Logo, em determinadas oportunidades é interessante que sejam levadas 
31
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
em consideração as características do grupo. E em relação às últimas perguntas, 
que sejam consideradas as necessidades do curso, no momento da montagem 
da persona.
É importante lembrar que existem várias fontes para você consultar e buscar 
as respostas. Se for um “público” familiar é bem possível que você responda às 
questões com facilidade. Mas, em alguns casos, é importante pesquisar em livros, 
sites, censos, artigos e em outras publicações para compreender melhor quem 
serão os seus alunos e montar a persona.
Caso aceite a sugestão, aproveite para aprender de forma mais prática, 
pare tudo e comece a criação da persona para o seu microcurso, respondendo 
ao questionário apresentado. Você aprenderá na prática como trabalhar nesse 
processo, acertando e errando. E durante os seus estudos é o momento em que 
você pode errar. Porém, quando estiver com a responsabilidade de criar um curso 
para pessoas reais, errar signifi ca que elas não aprenderãodireito.
• Transformando as respostas em uma persona
Depois de obtidas as respostas você poderá criar a “persona” do seu curso 
e uma técnica comum é começar atribuindo um nome para ela. Em seguida, faça 
uma descrição da pessoa (utilizando as respostas do questionário). Retomando 
aquela ideia do curso de WhatsApp, que tal imaginar que o questionário foi 
respondido conforme a seguir?
• Qual é o gênero das pessoas que farão o curso?
Homens e mulheres.
• Quais os conhecimentos prévios que possuem sobre os assuntos e 
temas das aulas?
Nenhum ou muito baixo. Não costumam usar 
WhatsApp, nem smartphones.
• Qual o nível de instrução dessas pessoas?
Variado. Desde pessoas que não completaram o ensino 
médio até pessoas com mais de uma graduação.
• Qual é a faixa etária delas?
Entre 55 e 65 anos.
• De onde são essas pessoas?
De todo o Brasil.
• Quais são os seus interesses e referências?
Gostam de TV, fi lmes, novelas, noticiários.
• Qual é a sua familiaridade com as tecnologias?
Nenhuma. Nem com o WhatsApp (que servirá como AVA), nem 
com os recursos do App (como vídeo e áudio, por exemplo).
32
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
• Qual é a motivação para aprender o que será ensinado?
É uma forma prática e barata de se manter 
em contato com seus familiares.
• Qual é o formato do conteúdo mais acessível?
Texto, imagens e vídeo.
• Elas já estão acostumadas a estudar na modalidade EAD?
Não.
• Qual o tempo disponível para estudar?
Geralmente, entre os intervalos dos seus afazeres 
domésticos ou atividades cotidianas.
Com as respostas em mãos é possível elaborar uma descrição. E isso não é 
difícil. Quando você fi zer, basta imaginar que está descrevendo uma pessoa para 
um amigo ou amiga. Nesse caso, poderia fi car assim:
“Tenho uma aluna chamada Lúcia. Ela tem entre 55 e 65 anos. Vou ensiná-
la a utilizar o WhatsApp, principalmente para conversar com os seus familiares 
de uma forma mais prática e barata. Mas a Lúcia tem uma difi culdade: não tem 
nenhuma familiaridade com as tecnologias digitais. Não sabe usar o WhatsApp 
e, diferente de muitas pessoas da sua idade, não tem o hábito nem de usar o 
smartphone. Por isso, é preciso explicar tudo de forma bastante detalhada, 
porque ela precisará de auxílio para executar as mais simples tarefas necessárias 
para aprender a utilizar o WhatsApp (e alguns recursos do smartphone). Lúcia 
gosta de assistir TV, principalmente ver novelas, noticiário, fi lmes e séries. Assim, 
podemos utilizar algumas referências de programas de TVs que existem há mais 
tempo, como telejornais ou novelas mais antigas. E como ela ainda não sabe 
utilizar muito bem o smartphone, sempre que a aula for sobre ensinar a usar 
uma funcionalidade nova, o ideal seria enviar um vídeo ou imagens da tela com 
o recurso sendo usado (lembrar de sinalizar com setas e usar uma narração bem 
pausada quando for feito o vídeo, para que ela veja o que está acontecendo com 
mais facilidade). Lúcia nunca estudou a distância, por isso é importante começar 
o curso explicando a dinâmica. E como estudará durante os intervalos das tarefas 
de rotina, o ideal é fazer aulas curtas, focando em um aspecto de cada vez”.
Note que a persona não é apenas uma descrição fria dos dados, mas é 
o resultado da união dos dados com a interpretação de quem está criando o 
material. A persona servirá como guia para criar o curso do WhatsApp, segundo 
o nosso exemplo. Com as informações defi niremos a duração das aulas, os 
formatos, a linguagem e os recursos. Também anteverá algumas difi culdades, 
como por exemplo, a melhor maneira de proceder em um curso a distância com 
uma pessoa que não está acostumada a aprender por meio dessa modalidade 
educacional e, além disso, não tem familiaridade com a tecnologia empregada.
33
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
É possível delimitar o que será utilizado nas aulas para que não sejam muito 
difíceis, gerando desmotivação, frustração e evasão. As informações também 
fornecem diretrizes para não deixar o curso fácil demais, pois se tratarmos o 
nosso aluno como leigo e ele já tiver um breve conhecimento do assunto, fi cará 
desmotivado. Outra vantagem de criarmos nossa persona é que ao saber quais 
são os hábitos de estudo, é possível criar aulas com uma duração que se encaixe 
no tempo apropriado. Claro que é um caso mais comum em um curso livre. Em 
graduações e pós-graduações, a fl exibilidade não é tão grande apesar de termos 
como contornar um pouco essa questão. Assim, os estudos não atrapalharão a 
rotina do aluno, desmotivando e fazendo com que pare de estudar. Além disso, é 
possível saber quais exemplos podem ser pertinentes ou não quando você quiser 
trabalhar com materiais exteriores como notícias de jornais ou vídeos.
E lembre-se: as questões apresentadas são um guia. Você pode adicionar 
perguntas se tiver a necessidade de descobrir mais fatos sobre os seus alunos.
• Por que você aprendeu isso até agora?
Antes de mais nada precisamos fazer uma pergunta: você acha que deveria 
estar aprendendo sobre personas e autonomia em um conteúdo sobre criação de 
materiais autoinstrutivos? É bastante comum as pessoas questionarem, já que 
querem partir para a ação e começar a escrever, criar objetos interativos e tudo o 
mais. Mas todos os aspectos apresentados até aqui são importantes e devemos 
conhecer antes de começar a criar os materiais propriamente ditos. Reunir essas 
informações e ter a compreensão do processo de aprendizado do público-alvo 
referente ao material didático que estamos escrevendo são elementos essenciais 
para o sucesso da aprendizagem. Porque embora as instituições proporcionem 
recursos como fóruns ou tutores para auxiliar os alunos na jornada de um curso, 
eles não terão você (professor responsável pela produção do conteúdo-base) à 
disposição para tirar dúvidas ou se certifi car de que realmente compreenderam 
determinado assunto.
Logo, o primeiro e importante passo para o sucesso é compreender ao 
máximo quem serão os seus alunos (claro, um perfi l geral), para que possa 
antever os problemas, difi culdades e facilidades do processo e criar soluções 
para potencializar o aprendizado, além de eliminar os problemas e difi culdades 
(ou diminuí-los quando não for possível eliminar).
É óbvio que não temos certeza de que 100% dos alunos compreenderão 
tudo, mesmo que alguns não tenham o conhecimento prévio necessário e que 
outros possam ter algum tipo de difi culdade específi ca. É possível trabalhar para 
minimizar os problemas de aprendizagem. Também há aqueles alunos que só 
querem o certifi cado e não vão se esforçar muito para aprender, mas isso não 
34
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
vem ao caso (foque nos alunos que querem aprender, não “nivele por baixo”). 
E ainda há a situação de que por mais que o aluno tenha se esforçado para 
deixar “perfeito”, percebemos que ainda é preciso melhorar. E tudo bem, somos 
humanos, estamos longe da perfeição. Por isso é comum que os materiais sejam 
criados por diversas pessoas e atualizados com alguma frequência.
O importante é que você leia a maioria das respostas para as perguntas que 
fi zemos até agora e tenha o conhecimento sobre os seus alunos e seus materiais, 
para fazer o melhor trabalho possível, seja na criação do material didático 
autoinstrutivo ou na oportunidade de aperfeiçoá-lo (pois é bastante comum as 
instituições revisarem, e atualizarem os materiais e conteúdos após alguns anos 
da sua elaboração). E se você não souber para quem está criando o material e 
como atingirá os estudantes, tudo fi cará mais difícil.
Agora que você aprendeu a conhecer melhor os seus alunos com a técnica 
de criação de Persona, passaremos para a parte mais prática: abordaremos como 
organizar o seu projeto e como escrever para diferentes formatos.
4 COMO ORGANIZAR UM PROJETO 
PARA A CRIAÇÃO DE MATERIAL 
EDUCACIONAL AUTOINSTRUTIVO
Agora que você estudou o processoe a importância de refl etir sobre o 
seu aluno é hora de descobrir como pensar o seu trabalho, na verdade, como 
construir o seu fl uxo de trabalho. E isso é importante porque a criação de material 
autoinstrutivo não é a função mais complexa do mundo, no entanto exige uma 
forma de pensar diferente, uma forma multidisciplinar de olhar para a sua aula.
Se você já ministrou aula presencialmente, provavelmente tem o costume de 
pensar em si mesmo como a pessoa responsável por todo o processo: criação da 
aula, desenvolvimento dos materiais (quando necessário), exposição do conteúdo 
aos alunos e o processo de avaliação.
Na EAD isso muda. Você não é mais a única pessoa responsável pelo 
processo. Mas sim, responsável por uma parte dele. E é preciso compreender 
que esta é uma atividade em grupo, no qual os outros envolvidos dependem do 
seu trabalho. É um trabalho desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, ou seja, 
múltiplos conhecimentos olham para o objetivo de aprendizagem do curso ou 
disciplina, por exemplo, e trabalham de modo a desenvolver a melhor proposta 
35
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
pedagógica que permita o ensinar e aprender mesmo que o aluno e o professor 
estejam em espaços e tempos distintos durante esse fazer pedagógico. 
Portanto, ao organizar o fl uxo de trabalho você não apenas terá melhores 
condições de desenvolver a sua parte, como também desenvolverá uma visão 
mais ampla sobre o projeto, permitindo que anteveja algumas necessidades dos 
outros envolvidos, criando o material não só para “cumprir a sua tarefa”, mas para 
contribuir com o trabalho de toda a equipe. E o primeiro passo dessa organização 
é defi nir o que será ensinado e quais são as habilidades e competências de que 
o aluno se apropriará.
4.1 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
Aqui cabe destacarmos que cada instituição de ensino tem uma forma 
diferente de conduzir os trabalhos. Logo, se faz necessário que ocorra um 
momento inicial de conversa com os responsáveis pela coordenação e construção 
do curso ou que se tenha acesso a uma documentação detalhada que descreva 
como eles veem o processo de elaboração do material e o que esperam da sua 
atuação.
Entretanto, como cada instituição tem o seu próprio jeito de conduzir as 
tarefas, não são esses os detalhes que veremos. O que estudaremos é algo 
comum entre todas: a listagem dos tópicos que serão abordados no curso e a 
lista de habilidades e competências.
Mantendo essa construção de forma bem prática, imagine que irá criar um 
curso sobre um assunto que você domina. Fique à vontade para pensar em 
qualquer assunto. Em seguida, em uma folha ou arquivo de texto, liste quais são 
os assuntos que serão abordados, em tópicos. Não é preciso descrever nada 
ainda. Basta fazer uma lista ordenada. Depois de cada um dos tópicos listados, 
descreva quais são as habilidades e competências a serem desenvolvidas pelos 
alunos. Utilize verbos para descrever essas competências. Para constar, alguns 
exemplos:
• Aprender a organizar projetos de construção de materiais autoinstrutivos.
• Descobrir quais são as necessidades dos alunos da modalidade a 
distância.
• Desenvolver o planejamento para a construção de conteúdo.
• Identifi car as características dos seus alunos.
Ao criar essa lista você terá um documento que o ajudará a nortear a criação 
36
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
do curso e, por sua vez, orientará a criação do material autoinstrutivo tanto para a 
escrita e elaboração das atividades quanto para defi nir quais referências utilizar e 
os autores aos quais deverá recorrer.
4.2 PLANEJANDO PARA DEFINIR OS 
RECURSOS UTILIZADOS
O segundo passo para organizar um projeto de criação de material é listar os 
recursos que você utilizará para criar o material. E quando falamos em recursos 
estamos nos referindo aos processadores de textos (como Word, Google Docs 
etc.); outros aplicativos (como PowerPoint, por exemplo); livros, artigos e outros 
materiais que você usará como referência; além de outros elementos que você 
precisará para escrever o texto que servirá como base para a criação do material. 
Depois você listará os recursos que poderá utilizar. Por exemplo: além do 
texto você tem a possibilidade de utilizar vídeos e imagens. Também pode criar 
objetos interativos, como jogos.
O benefício de listar os recursos é que além de planejar melhor o seu 
trabalho, você planejará o material, defi nindo os locais em que fará a inserção dos 
diferentes recursos selecionados. Além, é claro, de permitir que o planejamento 
desses materiais seja construído de acordo com as suas particularidades (como 
veremos mais adiante).
4.3 PLANEJANDO E ORGANIZANDO O 
SEU TEMPO E O SEU FOCO
Algumas pessoas têm o dom natural de ser extremamente focadas e 
organizadas. Outras, por mais que tentem, não conseguem terminar as tarefas 
no prazo ou mesmo manter uma unidade entre as partes. Sabe o que esses dois 
“tipos de pessoa” têm em comum? Ambas precisam de técnicas e ferramentas de 
organização para gerenciar projetos. Mesmo que você seja uma pessoa focada 
e organizada há um limite ao que consegue visualizar e projetar. Um projeto 
de escrita de material educacional pode ser maior do que essa capacidade 
justamente porque é uma tarefa complexa que é executada em várias etapas e 
por várias pessoas.
Por isso, é essencial dividir cada tarefa em tarefas menores. Por exemplo: 
37
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
digamos que você precise escrever o primeiro capítulo de um material. Antes de 
começar, divida o material em vários subtítulos para transformar o que antes era 
uma tarefa única (escrever um capítulo) em várias minitarefas (escrever diversos 
trechos do capítulo, representados por subtítulos). 
Também é preciso defi nir prazos, não só para mensurar se você está no 
caminho para entregar o material na data acordada, mas também para manter 
o foco. Pois, ao dividir em minitarefas antes de começar a executar o projeto, 
conseguimos dimensionar qual a nossa produtividade diária, o que nos permite 
uma projeção mais acurada de quanto tempo levaremos para entregar o projeto.
É importante que as suas tarefas sejam separadas por tipos. Para explicar 
melhor compartilharemos um exemplo, assim você terá uma noção de como esse 
conhecimento é aplicado “na vida real”. Por exemplo, começamos o projeto com 
o conteúdo escrito e o professor responsável pela escrita abre o editor de textos 
e inicia a criação do material, como se fosse um livro que servirá de base para o 
restante do trabalho.
Durante a escrita pode-se inserir diferentes observações como: “incluir vídeo 
aqui” (se for um vídeo do Youtube, você já pode copiar e colar o link) ou “incluir 
vídeo próprio (roteiro a ser escrito)”. Só depois da criação do livro estar fi nalizada 
é que se escreve o roteiro dos vídeos, dos podcasts ou inicia o trabalho em 
qualquer outro material ou objeto que deseja incluir.
Talvez você possa perguntar: por que devo fazer essa divisão? Porque 
mesmo que você, assim como algumas pessoas, considere que conseguirá 
fazer várias tarefas ao mesmo tempo, a verdade é que isso é muito difícil e a 
tendência é aumentar os erros, já que o nosso cérebro foca em uma coisa por 
vez. E essa afi rmação pode ser vista no livro Brain Rules, do autor John Medina, 
em que o mesmo discorre que: “O cérebro é um processador sequencial, incapaz 
de prestar atenção a duas coisas ao mesmo tempo. Negócios e escolas elogiam 
a multitarefa, mas a pesquisa mostra claramente que ela reduz a produtividade e 
aumenta os erros (MEDINA, 2014, p. 101, tradução da autora)”.
A recomendação é de que você foque em um tipo de atividade do projeto por 
vez, por exemplo, escrita do livro, levando em conta todas as técnicas e hábitos 
de escrita necessários para o formato e depois passe para outra tarefa. A única 
exceção talvez seja a criação de imagens.Caso precise inserir alguma imagem 
no conteúdo que está desenvolvendo, faça junto ao texto, pois é bastante 
comum que você tenha um número mínimo ou máximo de páginas para escrever 
(geralmente especifi cada pela instituição que contratou você ou pelo seu tempo 
de experiência, caso esteja fazendo por conta própria).
38
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
No entanto, isso pode ser algo complicado para quem está começando a 
criar materiais educacionais autoinstrutivos. Uma vez que é possível utilizar 
diversos recursos educacionais considerando as multimídias que permitem que as 
interatividades fi quem à disposição. E como desejamos incluir o melhor no nosso 
material, é comum nos deixarmos levar pela ansiedade de inserir os mais diversos 
recursos, pois sabemos que deixarão as aulas mais ricas e interessantes. Mas é 
um impulso que devemos controlar para mantermos o foco, sempre lembrando da 
persona do curso, da carga horária destinada. 
Imagine que a nossa aula para o Capítulo 1 fosse em uma manhã das 8h 
às 12h. Com certeza teríamos que reduzir e focar ainda mais nessa discussão. 
Escrever material didático autoinstrutivo exige também essa disciplina. Por isso é 
interessante colocar as imagens durante a elaboração do material e assim ter a 
quantidade de páginas real.
 4.4 UTILIZANDO FERRAMENTAS 
PARA FAZER A GESTÃO DO SEU 
TRABALHO
Existem diversas técnicas e ferramentas para a gestão de um projeto. 
Diferentes pessoas se adaptarão e preferirão diversas técnicas e ferramentas. 
Por isso, queremos ensinar aquela que consideramos ser uma das mais simples: 
as listas de tarefas. 
Por que falar dela? Porque mesmo que você prefi ra – ou venha a conhecer 
e adotar – outras formas de se organizar, a lista de tarefas é universal e de uma 
forma ou de outra está presente na maioria das técnicas utilizadas para a gestão 
de projetos. Isso acontece porque ela é bastante simples e não exige estudos 
profundos, nem grandes mudanças nos nossos hábitos de trabalho. Para ilustrar 
a utilização, retomaremos o exemplo da criação do curso sobre a utilização do 
WhatsApp.
Vamos levar em conta que a persona já foi feita e as competências e 
habilidades foram listadas. A partir daí o primeiro passo é listar as tarefas maiores, 
consideradas a espinha dorsal do conteúdo que está sendo escrito – supondo 
que primeiramente você escreverá um “livro” que será transformado em aulas – 
e depois comece listando os possíveis títulos das seções. O segundo passo é 
“quebrar” as tarefas maiores em tarefas menores ,e depois de listar os títulos, 
pode-se listar os subtítulos de cada seção (mesmo que não seja a versão fi nal 
39
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
dos títulos, ou seja, pode ser uma versão preliminar, com as palavras-chaves do 
que será abordado naquela parte do texto).
Na Figura 4 é possível ver uma lista de tarefas feita no Google Keep, 
que é uma ótima ferramenta para organizar o seu trabalho: é simples, fácil de 
usar, direta e sem grandes recursos. Existem diversas ferramentas com outras 
funcionalidades, mas você pode usá-la ou encontrar algo que seja mais do seu 
agrado. Você pode usar a lista de tarefa em diferentes apps e até mesmo fora 
do mundo digital, utilizando papel e caneta. O importante é você encontrar uma 
ferramenta que se encaixe melhor na sua forma de trabalhar.
FIGURA 4 – GOOGLE KEEP NA ORGANIZAÇÃO DAS LISTAS DE TAREFAS
FONTE: A autora
Observe que ao listar o título de cada seção (que é o título do “post it”) e os 
subtítulos (cada uma das tarefas dentro de cada “post it” do Google Keep) fi ca 
mais fácil visualizar o que já foi escrito e o que ainda precisa ser criado. E como já 
expressado, o importante é fazer uma lista. A ferramenta não é o mais relevante, 
pois você poderá usar o Google Keep ou optar pelo Trello (outra ferramenta 
bastante utilizada), papel e caneta ou qualquer outra ferramenta para listar as 
suas tarefas. O importante é que você encontre uma forma para se organizar.
• Organize os seus dias
40
 Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Outra técnica simples e importante é a criação de listas de tarefas diárias, 
organizando a rotina do dia em torno da criação do material. Pergunte-se: “quais 
são as suas tarefas?”. Dessa maneira, haverá mais uma estratégia para orientar 
o seu trabalho, aumentando o foco e melhorando a produtividade.
E, se você está se perguntando: “mas por que fazer várias listas? Por que 
não posso me guiar por uma só?” Ora, porque é interessante que a organização 
do fl uxo do seu trabalho fi que mais visível para você, então ter um planejamento 
macro e ter listas diárias ou semanais pode ajudar e muito nesse desafi o, até 
porque nem sempre temos só a escrita do material, você poderá também dar 
aula presencial, cuidar da casa, levar seu fi lho na escola, dependendo do dia até 
mesmo passar no supermercado. 
A lista de tarefas da Figura 4 é uma visão geral das tarefas que lhe ajudarão 
a ter noção do volume de trabalho total do projeto, tendo uma noção do quanto se 
fez e do quanto ainda precisa ser feito.
Já a lista de tarefa diária é uma estratégia de organização da sua rotina de 
trabalho imediata, para que não seja necessário parar para pensar ou decidir o 
que será realizado no dia. Essa prática ajuda a manter o foco e a lembrá-lo de 
tarefas que acabam surgindo com o andamento do seu trabalho. Um exemplo 
disso pode ser visto na Figura 5 (também feita no Google Keep). Note que 
utilizamos uma tarefa que estava descrita na lista de projetos: “Escrever sobre 
como enviar mensagens de texto” e adicionamos uma tarefa que surgiu durante 
a escrita (fazer a captura das telas que citamos no texto escrito sobre o envio das 
mensagens).
FIGURA 5 – ESCREVENDO A LISTA DE TAREFAS DO DIA NO GOOGLE KEEP
FONTE: A autora
41
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO Capítulo 1 
• Não esqueça das datas
Um ponto muito importante e várias vezes esquecido é o estabelecimento 
de datas. Não apenas a data fi nal de entrega do projeto, mas as datas que são 
previstas para terminar cada etapa do projeto. Isso é necessário para que você 
possa saber se está em dia com a criação do material autoinstrutivo. Lembre-
se de que existe uma “cadeia de produção” com processos e pessoas diversas 
que dependem do material que está sob a sua responsabilidade. Por isso, é 
importante não atrasar as entregas. O referencial de qualidade nos alerta que 
para atender com qualidade a um projeto de produção de material “é necessário 
que os docentes responsáveis pela produção dos conteúdos trabalhem integrados 
a uma equipe multidisciplinar, contendo profi ssionais especialistas em desenho 
instrucional, diagramação, ilustração, desenvolvimento de páginas web, entre 
outros” (BRASIL, 2007, p. 13).
Ao defi nir as datas você poderá identifi car se está no ritmo esperado para 
entregar tudo na data combinada ou se precisará dedicar mais tempo do que 
havia planejado para não deixar ninguém na mão. Assim, utilize um calendário ou 
anote as datas na sua lista de tarefas.
• Como podemos transformar esse conhecimento em ações?
Organizar o seu trabalho é essencial para você manter a qualidade, alcançar 
os prazos, aumentar a produtividade (fazer mais em menos tempo) e diminuir a 
chance de erros. Assim, você não deixa os seus colegas de trabalho na mão, nem 
os seus alunos, que serão os principais prejudicados se a entrega do material 
atrasar ou se não houver tempo hábil para que todas as etapas sejam feitas com 
qualidade. 
Lembrando: inicie o processo listando quais são os tópicos que serão 
abordados e abaixo de cada tópico liste as habilidades e competências que serão 
ensinadas. Além de ajudar a organização, servirá para preencher o documento de 
projeto que geralmente as instituições exigem.
Depois você pode criar listas de tarefas da maneira que preferir. Usamos, 
como exemplo, listas feitas

Outros materiais