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5 Crime de genocídio e Tribunal Penal Internacional

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MENTORIA 
 DIREITOS HUMANOS 
 Polícia Civil MG – 
 Todos os cargos 
 
 
 
1 
CAPÍTULO 05 – O CRIME DE GENOCÍDIO E O TRIBUNAL 
PENAL INTERNACIONAL 
 
 
1. O surgimento do genocídio como crime internacional 
 Antes de estudarmos o Tribunal Penal Internacional, vamos entender como 
surgiu um tratado internacional, no âmbito da ONU, para combater o genocídio. Na 
sequência, falaremos de importantes tribunais internacionais, criticados por serem 
considerados “de exceção”, e, enfim, trataremos do Tribunal Penal Internacional. 
 Os horrores da 2ª Guerra e o grande número de vítimas do nazismo, provocaram 
enorme impacto na ONU, logo no seu nascimento. 
 O Estatuto do Tribunal Militar Internacional de Nuremberg, que julgou os 
criminosos de guerra nazistas em 1945, definiu como crimes contra a 
humanidade, em seu art. 6.º, alínea c, os seguintes atos: 
“o assassínio, o extermínio, a redução à condição de escravo, a deportação e 
todo ato desumano, cometido contra a população civil antes ou depois da guerra, 
bem como as perseguições por motivos políticos e religiosos, quando tais atos 
ou perseguições, constituindo ou não uma violação do direito interno do país em que 
foram perpetrados, tenham sido cometidos em consequência de todo e qualquer 
crime sujeito à competência do tribunal, ou conexo com esse crime.” 
 O termo genocídio foi usado pela primeira vez pelo jurista Rafat Lemkin, em 
1944, nos EUA, no lançamento de uma campanha para esclarecer a opinião pública 
acerca do massacre dos judeus. A ONU passou a utilizá-lo em 1946, ao aprovar 
a Resolução 96 (I) datada de 11 de dezembro, assim redigida: 
 
 
 MENTORIA 
 DIREITOS HUMANOS 
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2 
“O genocídio é a negação do direito à existência de grupos humanos inteiros, 
assim como o homicídio é a denegação do direito à vida de indivíduos 
humanos. Essa denegação do direito à existência choca a consciência da 
humanidade, provoca grandes perdas humanas sob a forma de contribuições 
culturais ou de outra espécie, feitas por esses grupos humanos, contrariando a lei 
moral, bem como o espírito e os objetivos das Nações Unidas.” 
 Assim, para combater este crime tão grave contra o Direito Internacional, a 
ONU aprova seu primeiro tratado de proteção de direitos humanos, adotado 
em 09 de dezembro de 1948. 
 Em 26 de novembro de 1968, através da Resolução n. 2391 (XXIII), a 
Assembleia Geral da ONU aprovou a Convenção sobre a imprescritibilidade dos 
crimes de guerra e dos crimes contra a humanidade, declarando que os crimes 
contra a humanidade incluem o genocídio, os atos de apartheid, ainda que não 
sejam definidos como crimes pela legislação interna do país onde ocorreram. Essa 
Convenção entrou em vigor, no cenário internacional, em 11 de novembro de 1970. 
 Já em 1998, a Conferência Diplomática de Plenipotenciários das Nações 
Unidas, reunida em Roma, adotou o Estatuto do Tribunal Penal Internacional, 
com competência para julgar crimes de guerra, genocídio, contra a humanidade e 
de agressão. A partir de então, temos uma diferenciação entre crime de genocídio 
e crimes contra a humanidade. 
2. A Convenção de Combate ao Genocídio 
 O art. 2.º da Convenção de 1948 entende por genocídio: 
"qualquer dos seguintes atos, cometidos com a intenção de destruir, no todo 
ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tal como : a) 
Assassinato de membros do grupo; b) Dano grave à integridade física ou 
mental de membros do grupo; c) Submissão intencional do grupo a 
condições de existência que lhe ocasionem a destruição física total ou 
parcial; d) Medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) 
Transferência forçada de menores do grupo para outro." 
(É muito comum que as bancas perguntem sobre o significado do crime de 
genocídio!) 
 Ademais, serão punidos, segundo a Convenção: genocídio; conluio para 
cometer o genocídio; incitação direta e pública a cometer o genocídio; 
tentativa de genocídio; cumplicidade no genocídio (art. 3.º da Convenção). 
 As vítimas são grupos nacionais, étnicos, raciais ou religiosos, sendo que 
esses qualificativos acabem por restringir, de forma indevida, a punibilidade dos 
atos de extermínio em massa. 
 
 
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3 
 No século XX, tivemos muitos massacres de populações civis, por razões 
puramente políticas, que não se encaixam nessa definição de genocídio. 
Podemos mencionar como exemplos a ocorrida na Indonésia em 1965 (extermínio 
de cerca de meio milhão de pessoas, membros do Partido Comunista Indonésio, 
pelo General Suharto) e no Camboja entre 1975 e 1977 (política de ruralização do 
grupo armado Khmer Vermelho, que tomou o poder na guerra civil em 1975, 
provocando a morte de cerca de 1.200.000 pessoas, o que representava um quarto 
da população total). Esse problema só seria corrigido com o Estatuto de Roma, 
em 1998, que tipificou o ataque generalizado contra qualquer população civil 
como crime contra a humanidade. 
 O texto da Convenção considera o genocídio como crime autônomo, não 
ligado necessariamente a uma situação de guerra, externa ou civil (art. 1.º). 
 Segundo a Convenção de 1948, serão punidos governantes, funcionários 
públicos ou particulares que praticarem o crime de genocídio, por tribunais 
competentes do Estado em cujo território o ato foi cometido ou pela corte penal 
internacional competente com relação aos Estados que reconhecerem a sua 
jurisdição. 
 O que foi considerado o ponto fraco desse tratado? 
 O genocídio é crime coletivo, praticado sob a égide de governos ou Estados 
criminosos. Em regra, os Tribunais desses Estados não gozam da autonomia e 
liberdade suficientes para julgar o crime de forma imparcial. 
 Além disso, os Estados partes dessa Convenção nunca reconheceram a 
competência de um tribunal internacional para julgar crimes de genocídio. O 
artigo 8.º do texto prevê a possibilidade de os Estados contratantes solicitarem 
aos órgãos competentes da ONU, que adotem medidas para prevenir ou reprimir 
atos de genocídio. Mas, nem todos os Estados-membros da ONU são partes da 
Convenção, e mesmo os que são, nem sempre recorrem à ONU. Assim, a 
Convenção já trazia a necessidade de criação de um tribunal penal 
internacional permanente, competente para julgar crimes como o de 
genocídio. 
 O texto foi elaborado conforme uma técnica tradicional, mas que não é adequada 
para a proteção de direitos humanos. Seu artigo 14 estabelece um prazo de 
vigência, renovável por períodos sucessivos, e admite que os Estados partes 
denunciem o tratado. O artigo 15 prevê até que a Convenção pode deixar de 
vigorar em função do número de denúncias recebidas. 
 Essas previsões não se conformam ao princípio da irrevogabilidade que 
vigora em matéria de proteção de direitos humanos. O reconhecimento e 
vigência de tais direitos independe de previsão legal. No caso do genocídio, a 
 
 
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própria ONU já reconheceu que a sua punibilidade faz parte do costume 
internacional vinculante, ou seja, do ius cogens. 
 Assim, é claro que a denúncia da Convenção pelos Estados partes não poderia 
significar que, a partir de então, os Estadosestariam livres para praticar o 
genocídio. Portanto, são inócuas tais previsões. 
 Por tudo isso, foi aprovado, em 1998, o Estatuto de Roma, corrigindo tais 
problemas e criando, de forma permanente, o Tribunal Penal Internacional, 
que estudaremos na sequência. 
 Vejamos o texto da Convenção de 1948. 
CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E A REPRESSÃO DO CRIME DE 
GENOCÍDIO (1948) 
UNTS N. 277. ASSINADA EM PARIS, EM 9.12.1948. APROVADA PELO 
DECRETO LEGISLATIVO N. 2, DE 11.4.1951. RATIFICADA PELO BRASIL EM 
4.9.1951. PROMULGADA PELO DECRETO N. 30.822, DE 6.5.1952. PUBLICADA 
NO DO DE 9.5.1952. APROVADA E ABERTA À ASSINATURA E RATIFICAÇÃO 
OU ADESÃO PELA RESOLUÇÃO N. 260 A (III), DA ASSEMBLÉIA GERAL DAS 
NAÇÕES UNIDAS, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1948. 
As Partes Contratantes 
Considerando que a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em 
sua Resolução n. 96 (I). de 11 de dezembro de 1946, declarou que o genocídio é 
um crime contra o Direito Internacional, contrário ao espírito e aos fins das 
Nações Unidas e que o mundo civilizado condena. 
Reconhecendo que em todos os períodos da história o genocídio causou grandes 
perdas à humanidade. 
Convencidas de que, para libertar a humanidade de flagelo tão odioso, a 
cooperação internacional é necessária. 
Convêm o seguinte: 
Artigo 1º 
As partes - contratantes confirmam que o genocídio, quer cometido em tempo 
de paz, quer em tempo de guerra, é um crime contra o Direito Internacional, o 
qual elas se comprometem a prevenir e a punir. 
Artigo 2º 
Na presente Convenção, entende-se por genocídio qualquer dos seguintes atos, 
cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, 
étnico, racial ou religioso, tal como: 
a) Assassinato de membros do grupo. 
b) Dano grave à integridade física ou mental de membros do grupo. 
c) Submissão intencional do grupo a condições de existência que lhe 
ocasionem a destruição física total ou parcial. 
d) Medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo. 
e) Transferência forçada de menores do grupo para outro. 
 
 
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Artigo 3º 
Serão punidos os seguintes atos: 
a) O genocídio. 
b) O conluio para cometer o genocídio. 
c) A incitação direta e pública a cometer o genocídio. 
d) A tentativa de genocídio. 
e) A cumplicidade no genocídio. 
Artigo4º 
As pessoas que tiverem cometido o genocídio ou qualquer dos outros atos 
enumerados do "artigo3º" serão, sejam governantes, funcionários ou 
particulares. 
Artigo 5º 
As Partes - contratantes assumem o compromisso de tomar, de acordo com as 
respectivas Constituições, as medias legislativas necessárias a assegurar a 
aplicação das disposições da presente Convenção e, sobretudo, a estabelecer 
sanções penais eficazes aplicáveis às pessoas culpadas de genocídio ou de 
qualquer dos outros atos enumerados no "artigo3º". 
Artigo 6º 
As pessoas acusadas de genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados no 
"artigo3º" serão julgadas pelos tribunais competentes do Estado em cujo 
território foi o ato cometido ou pela corte penal internacional competente com 
relação às Partes - contratantes que lhe tiverem reconhecido a jurisdição. 
Artigo 7º 
O genocídio e os outros atos enumerados no "artigo3º" não serão considerados 
crimes políticos para efeitos de extradição. As Partes - contratantes se 
comprometem, em tal caso, a conceder a extradição de acordo com sua legislação 
e com os tratados em vigor. 
Artigo 8º 
Qualquer Parte - contratante pode recorrer aos órgãos competentes das Nações 
Unidas, a fim de que estes tomem, de acordo com a Carta das Nações Unidas, as 
medidas que julguem necessárias para a prevenção e a repressão dos atos de 
genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados no "artigo 3º". 
Artigo 9º 
As controvérsias entre as Partes - contratantes relativas à interpretação, aplicação 
ou execução da presente Convenção, bem como as referentes à responsabilidade 
de um Estado em matéria de genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados 
no artigo III, serão submetidos à Corte Internacional de Justiça, a pedido de uma 
das Partes na controvérsia. 
[...] 
 
3. O Tribunal Penal Internacional 
A ideia de instituir uma cidadania mundial, em que todas as pessoas tenham 
direitos e deveres em relação à humanidade, exige a fixação de regras de 
 
 
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responsabilidade penal internacional, para sancionar atos que causem lesão 
à dignidade humana. Com esse intuito, surgiu o projeto de um Tribunal Penal 
Internacional. 
Logo após a Primeira Guerra Mundial, em 1920, o Secretário-Geral da 
Sociedade das Nações trouxe uma proposta de criação de um tribunal penal, mas, 
a Assembleia Geral da Organização não o aceitou. 
O jurista francês Henri Donnedieu de Vabres, que foi juiz do Tribunal de 
Nuremberg, apresentou, em maio de 1947, proposta de criação de tribunal penal 
internacional. A Assembleia Geral da ONU aprovou a ideia em 09 de dezembro de 
1948, encarregando a Comissão de Direitos Humanos de estudar o projeto. A 
Comissão conclui o relatório em 1950, entendendo que a criação do tribunal era 
possível e desejável. 
Dois comitês constituídos pela Assembleia Geral da ONU apresentaram projetos 
de estatuto para o tribunal, entre 1951 e 1953. Entretanto, com o advento da Guerra 
Fria, os trabalhos ficam suspensos até 1989, quando a Comissão de Direitos 
Humanos, a pedido da Assembleia Geral, volta a trabalhar no assunto. 
Quais importantes tribunais são considerados precedentes históricos do 
TPI? 
Como precedentes históricos do Tribunal Penal Internacional (TPI), temos o 
Tribunal de Nuremberg (já mencionado anteriormente) e o Tribunal de Tóquio, 
e, mais recentemente, os Tribunais ad hoc da Bósnia e da Ruanda, constituídos 
por resolução do Conselho de Segurança da ONU, em 1993 (Resolução 
S/RES/808) e 1994 (Resolução S/RES/955), respectivamente, com fundamento 
na Carta da ONU. 
Em 11 de dezembro de 1995, a Assembleia Geral cria um comitê preparatório 
para redigir o projeto definitivo do estatuto do tribunal, que seria apresentado a uma 
conferência diplomática de plenipotenciários. A partir de 1996, é formada uma 
coligação de mais de 880 organizações não-governamentais para pressionar a 
criação de um tribunal independente, imparcial e eficaz. Em março-abril de 1998, 
na última reunião do comitê, concluiu a redação final do projeto, que foi 
submetido à Conferência Diplomática, reunida em Roma, no início do mês de 
junho. 
O Estatuto do Tribunal Penal Internacional, conhecido como Estatuto ou 
Conferência de Roma, foi aprovado, por 120 Estados, em 17 de julho de 1998, 
contra apenas sete votos (China, Estados Unidos, Iêmen, Iraque, Israel, Líbia e 
Quatar) e 21 abstenções. O Estatuto entra em vigor em 01 de julho de 2002, 
com 65 ratificações (o tratado exigia o mínimo de 60, em seu artigo 126). 
Atualmente, 123 Estados ratificaram tal tratado. Não foram admitidas reservas 
 
 
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ao texto do Estatuto de Roma. (ATENÇÃO! Informação questionada em 
provas!) 
Estados Unidos e Israel decidiram assinar o tratado em 31 de dezembro de 2000. 
Todavia, após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 e as operações 
de guerra no Afeganistão e Palestina, os EUA, em 06 de maio de 2002, 
notificaramo Secretário-Geral da ONU que não estavam mais obrigados pela 
adesão dada ao tratado. Em 28 de agosto de 2002, Israel, da mesma forma, 
também se desligou do Estatuto. O Brasil ratificou o Estatuto de Roma em 20 
de junho de 2002, e o tratado entrou em vigor para nós através do Decreto n. 
4388/2002. 
Após mais de 10 anos de funcionamento do Tribunal, como ressalta Comparato, 
não temos um balanço positivo. “Ao todo, foram abertos apenas vinte processos 
penais, sendo que todos eles diziam respeito a crimes cometidos por autoridades 
africanas; o que levou o presidente interino da União Africana, o etíope Hailemarian 
Desalegn, a declarar em maio de 2013 que se tratava de uma corte incumbida de 
fazer uma “caça racial”. Recentemente, em 01/04/2015, a Palestina aderiu ao TPI. 
Em 27 de Outubro de 2017, o Burundi deixou de fazer parte do Estatuto. 
3.1 Jurisdição do Tribunal Penal Internacional 
A responsabilidade do TPI é subsidiária, complementar. Ou seja, a 
responsabilidade primária para punir os crimes é do Estado. O TPI só entra em 
ação se houver incapacidade ou omissão do sistema judicial interno (princípios da 
complementaridade e da cooperação). 
O TPI tem a vantagem de limitar a seletividade política existente nos julgamentos 
anteriores, além de acabar com os tribunais de exceção, já que é um tribunal 
permanente e independente (ATENÇÃO! O TPI, apesar de fazer parte do 
Sistema Global de Proteção de Direitos Humanos, não é um órgão da ONU. 
Não devemos confundi-lo com a Corte Internacional de Justiça, da ONU). 
Surge para complementar os tribunais nacionais com o objetivo de acabar com a 
impunidade para os mais graves crimes internacionais. 
Cada Estado, como regra geral, ao se tornar parte no Estatuto, aceita de pleno 
direito a jurisdição do Tribunal (art. 12, I). Ademais, um Estado que não seja 
parte no Estatuto pode aceitar a jurisdição do Tribunal (art. 12, 3). O Tribunal só 
poderá exercer sua jurisdição, caso o Estado em cujo território tenha sido 
cometido o crime, ou o Estado de que seja nacional a pessoa acusada de 
cometê-lo, seja parte no Estatuto, ou tenha a ele aderido (art. 12, 2). 
Entretanto, de forma extraordinária, pode o Conselho de Segurança da ONU 
tomar a iniciativa de pedir ao Procurador que abra um inquérito sobre a 
ocorrência de fato definido como crime pelo Estatuto. Neste caso, não existe 
qualquer restrição à jurisdição do TPI. 
 
 
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Considerando o aspecto temporal, o TPI só pode julgar os crimes cometidos 
após a entrada em vigor do Estatuto. Quanto aos Estados que aderiram após a 
entrada em vigor, o TPI só terá jurisdição em relação a crimes cometidos após 
a vigência do Estatuto relativamente a esses Estados, salvo se eles 
consentirem com a jurisdição retroativa do TPI (art. 11). 
Uma decisão de mérito do TPI faz coisa julgada, não só em relação ao 
próprio Tribunal, mas também perante qualquer tribunal de Estados que são 
partes no Estatuto (art. 20, 1 e 2). Por outro lado, a decisão de mérito do Poder 
Judiciário de Estado-parte no tratado, sobre crimes de sua competência, faz coisa 
julgada em relação ao TPI, a menos que o processo naquele Estado-parte: “a) 
tenha tido por objetivo subtrair o acusado à sua responsabilidade criminal 
por crimes de competência do Tribunal; b) não tenha sido conduzido de forma 
independente ou imparcial, em conformidade com as garantias de um 
processo equitativo reconhecidas pelo direito internacional, ou tenha sido 
conduzido de uma maneira que, no caso concreto, se revele incompatível com 
a intenção de submeter a pessoa à ação da justiça” (art. 20, 3). (Também já foi 
questionado em provas) 
3.2 Crimes de competência do TPI 
Os crimes de competência do TPI estão previstos no artigo 5.º do TPI. São eles: 
crime de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de 
agressão. Alguns crimes de repercussão internacional ficaram de fora, como o 
terrorismo (já previsto em várias convenções internacionais) e o tráfico de 
entorpecentes. Ressalte-se, entretanto, que em uma revisão do Estatuto, outros 
crimes podem ser acrescentados. 
O artigo 6.º define o crime de genocídio, da mesma forma que a Convenção 
contra o Genocídio, de 1948. No artigo 25, quanto ao genocídio, trata de atos de 
incitação, direta e pública, a cometer o crime. 
No artigo 7.º, são definidas dez modalidades de crimes contra a humanidade, 
além de trazer a seguinte previsão “outros atos desumanos de caráter semelhante, 
que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a 
integridade física ou a saúde física ou mental (letra k). Assim, o rol é 
exemplificativo, podendo ser ampliado pela Assembleia dos Estados-partes. Não 
se exige que os crimes descritos no artigo sejam praticados em conflito armado 
para configurarem crime contra a humanidade. Entretanto, é necessário que sejam 
cometidos “no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra 
qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque”. O ataque é 
sistemático, quando organizado e executado segundo um plano previamente 
estabelecido. 
O artigo 7.º, 2, b, traz a definição de extermínio, que se difere de genocídio, no 
qual a vítima é um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. A vítima aqui é a 
 
 
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população civil, sem qualquer qualificação, e os atos criminosos consistem na 
sujeição das vítimas a condições que podem causar a destruição de uma parte da 
população. 
Merece destaque a inclusão do desaparecimento forçado como um crime 
contra a humanidade. Vários textos internacionais condenam essa prática, 
empregado por governos militares na América Latina, exigindo o estabelecimento 
de sanções penais contra os responsáveis. 
Cabe ainda ressaltar que na definição do crime de deportação ou transferência 
forçada de uma população, previsto no art. 7.º, 2, d, não se exige que o 
deslocamento populacional seja feito para fora do território nacional. 
A definição de tortura, no art. 7.º, 2, e, é mais completa que a da Convenção 
das Nações Unidas, de 1984, pois, a exemplo da legislação brasileira, não exige 
que o ato criminoso seja praticado por instigação ou com a aquiescência de 
um agente público ou outra pessoa no exercício de funções públicas. 
Apreciável também a caracterização ampla de crimes sexuais (art. 7.º, 1, g), 
com previsão, por exemplo, da gravidez à força, muito comum durante conflitos 
armados. 
Os crimes de guerra são definidos no artigo 8.º. em várias modalidades, 
todos sujeitos à uma condição geral: devem ser “cometidos como parte integrante 
de um plano ou de uma política, ou como parte de uma prática em larga escala 
desse tipo de crime” (art. 8.º, 1). 
A definição do crime de agressão foi postergada para uma etapa posterior, por 
meio de emenda ou processo de revisão. Em 2010, na Conferência de Revisão 
do Estatuto, em Kampala, Uganda, o crime foi definido através de uma emenda, 
incluída no estatuto como art. 8 bis. Comparato noticia que tal emenda entrou em 
vigor em 8 de maio de 2012. Entretanto, foi com a Resolução n. 05, de 14 de 
dezembro de 2017, que os países decidiram ativar a jurisdição do TPI para julgar 
crimes de agressão a partir de 17 de julho de 2018, data em que o Estatuto 
completou 20 anos de existência. 
(Obs.: Cuidado com a pegadinha! O TPI não julga crimes de terrorismo, 
como se afirma em algumas questões de prova). 
Podem propor denúncias os Estados-partes, o Conselho de Segurança da 
ONUe a Promotoria (de ofício). 
ATENÇÃO! 
Em razão dos desastres ambientais que temos vivenciado há algum tempo, 
surgiram inúmeras manifestações favoráveis à criação de um crime internacional 
 
 
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por violação das normas de proteção ambiental, que seria chamado de 
ecocídio. 
Muitos sites noticiaram que o Tribunal Penal Internacional teria decidido, no final 
de 2016, reconhecer o ecocídio como crime contra a humanidade. O termo 
designa a destruição em larga escala do meio ambiente. O novo delito, de 
âmbito mundial, vem ganhando adeptos na seara do Direito Penal Internacional e 
entre advogados e especialistas interessados em criminalizar as agressões contra 
o meio ambiente. 
Assim, de acordo com o novo dispositivo, em caso de ecocídio comprovado, as 
vítimas teriam a possibilidade de entrar com um recurso internacional para obrigar 
os autores do crime, sejam empresas ou chefes de Estado e autoridades, a pagar 
por danos morais ou econômicos. A responsabilidade direta e penas de prisão 
poderiam ser emitidas, no caso de países signatários do TPI, mas a sentença que 
caracteriza o ecocídio deveria ser votada por, no mínimo, um terço dos seus 
membros. 
Entretanto, apesar de louvável, a notícia deve ser lida com muito cuidado. Sylvia 
Steiner, brasileira, juíza do TPI de 2003 a 2016 (seu mandato foi prorrogado porque 
foi em 2016 que ela concluiu o julgamento de um caso), entende que o ecocídio 
não foi reconhecido como crime pelo TPI. Em respeito ao princípio da 
anterioridade penal, não pode haver a criação de um tipo penal pela Procuradoria 
do TPI. 
Segundo Steiner, o que pode acontecer é que a violação das normas ambientais, 
pelas suas características, pelos meios e modos como for praticada, possa se 
encaixar na descrição de um dos crimes já previstos pelo TPI. Assim, conclui a 
jurista: “quaisquer iniciativas tendentes a criminalizar violações às regras de 
proteção ao meio ambiente, perante o Tribunal Penal Internacional, são 
legalmente inapropriadas, e embora possam causar grande impacto midiático 
não têm, a nosso ver, nenhuma consistência jurídica. Por outro lado, o 
desmonte das estruturas de proteção ambiental em nosso país, os discursos 
de incentivo ao desmatamento descontrolado, o descaso pela proteção do 
ecossistema de nossas florestas, rios e mar, com certeza merecem a atenção 
dos juristas para eventuais iniciativas juridicamente viáveis, inclusive perante 
a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão das Nações Unidas, 
e demais sedes internacionais. Mas, quanto ao Tribunal Penal Internacional, 
que vigore em toda sua plenitude o princípio da legalidade dos delitos.” 
Assim, devemos aguardar o desenrolar dos fatos e alguma manifestação do TPI. 
Mas, por hora, me parece bastante temerário afirmar que houve a criação ou 
reconhecimento do crime de ecocídio pelo TPI. Por esse motivo, penso que as 
bancas não irão cobrar tal questão em uma prova objetiva. Fiquemos atentos ao 
tema. Não confiem em qualquer artigo que lerem na internet. 
 
 
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11 
ATENÇÃO! 
Em 2019, e também em 2021, tivemos notícias de denúncias apresentadas no TPI, 
contra o Presidente Jair Bolsonaro, por crimes contra a humanidade e 
incitação ao genocídio contra os povos indígenas. Não encontrei nada 
formalizado no site do TPI. Apenas a informação, na mídia, de que tais denúncias 
estariam passando por uma investigação prévia. Não foram, portanto, formalmente 
aceitas, até o momento. 
 
3.3 Responsabilidade criminal 
A responsabilidade criminal no TPI é delimitada por princípios consagradas pelas 
leis, doutrina e jurisprudência de vários países. A interpretação dos princípios deve 
se adequar à atuação do TPI, que ocorre em escala supranacional. 
O primeiro princípio, resguardado nos artigos 22 e 23, é o da anterioridade da 
norma penal em relação aos atos a serem julgados como criminosos. Acrescenta 
o Estatuto, em homenagem ao princípio da irretroatividade, que, “ninguém será 
responsável pela prática, antes da entrada em vigor do Estatuto, de atos nele 
definidos como criminosos” (art. 24). 
O Estatuto também veda ao intérprete ampliar o campo de aplicação da 
norma, por meio de analogia, com crime semelhante ou aproximado. Em seu 
artigo 22, 2, além de proibir a analogia na interpretação das normas definidoras de 
crime, consagra também a regra do in dubio pro reo. 
Comparato observa que “a aplicação dessas regras de garantia de direitos 
individuais, no campo da criminalidade internacional, deve ser feita sem excessos 
de formalismo. Os atos criminosos, cujos efeitos, pela sua própria natureza, 
extrapolam as fronteiras estatais, têm em si mesmos uma configuração multifária, 
além de se transformarem rapidamente em sua estrutura interna, por força da 
evolução tecnológica. Tudo se passa, nessa matéria, de forma semelhante às 
doenças infecciosas causadas por agentes virais, suscetíveis de mutação 
genética”. Assim, os princípios gerais de direito também devem ser 
considerados como fontes legais. As normas devem ser interpretadas de forma 
ampliativa para evitar que o sistema penal, em pouco tempo, se torne obsoleto. 
Os sujeitos ativos dos crimes só podem ser pessoas naturais, estando a 
maioridade penal fixada em 18 anos (arts. 25 e 26). Comparato critica essa 
previsão, entendendo que também deveria ser possível a responsabilização 
criminal dos Estados. 
Por outro lado, louvável a previsão do artigo 27, segundo o qual, “as imunidades 
ou normas de procedimento especiais decorrentes da qualidade oficial de uma 
 
 
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12 
pessoa, nos termos do direito interno ou do direito internacional, não deverão obstar 
a que o Tribunal exerça a sua jurisdição sobre essa pessoa.” Assim, é irrelevante a 
função exercida pelo autor do crime. Não há que se falar em imunidade no 
âmbito do TPI. 
Conforme expresso no art. 29, os crimes de competência do TPI não estão 
sujeitos à prescrição. Determina o art. 30 que os crimes de competência do 
Tribunal serão sempre dolosos, sendo que o dolo pode ser direto ou eventual. 
As causas de exclusão da responsabilidade criminal estão previstas no art. 
31 do Estatuto, que não distingue, quanto ao regime jurídico, causas de 
inimputabilidade e causas justificativas ou excludentes de ilicitude. 
O art. 33, por exemplo, no parágrafo 1.º, prevê que, será considerado 
penalmente responsável, aquele que tiver agido em cumprimento de decisão 
emanada de um Governo, ou de um superior hierárquico, a menos que, 
cumulativamente: “a) estivesse obrigado por lei a obedecer a decisões 
emanadas do Governo ou superior hierárquico em questão; b) não tivesse 
conhecimento de que a decisão era ilegal; c) a decisão não fosse 
manifestamente ilegal”. 
3.4 Composição do TPI 
 
 
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É composto por 18 juízes (sendo que a Presidência tem a faculdade de propor 
a ampliação desse número), com mandato de 9 anos, não sendo admitida, em 
regra, a recondução. 
O cargo de juiz é provido mediante proposta de um Estado-partee 
deliberação da Assembleia dos Estados-partes, convocada para esse fim. Os 
candidatos ao cargo de juiz devem ter conhecimento e fluência em pelo menos uma 
das duas línguas de trabalho do TPI, que são o inglês e o francês. Também 
devem possuir conhecimento e experiência em direito penal, direito processual 
penal e direito internacional, em especial, direitos humanos e direito 
humanitário. 
Conforme o art. 36, 7, o TPI não poderá ter mais de um juiz nacional do 
mesmo Estado-parte, e se a pessoal tiver mais de uma nacionalidade, será 
considerada nacional do Estado onde exerce habitualmente os seus direitos civis e 
políticos. 
Na seleção dos juízes, deve-se buscar a representação dos principais 
sistemas jurídicos do mundo e uma representação geográfica equitativa, além 
de uma justa representação de juízes de ambos os sexos (art. 36, 8). 
Como órgão de acusação, temos o Gabinete do Procurador, composto por um 
Procurador e um ou mais Procuradores-Adjuntos, todos eleitos pela Assembleia 
dos Estados-partes (art. 42, 1 e 2). Não se exige deles conhecimento em direito 
penal e direito internacional, mas apenas conhecimento em processo penal. 
Assim, possui como órgãos: a Presidência; as Câmaras; a Promotoria 
(autônoma); e a Secretaria. Fica sediado na Haia, Holanda. 
3.5 Inquérito e procedimento criminal 
A condução do inquérito é de responsabilidade do Procurador e a instrução 
criminal compete aos juízes do TPI. 
Temos no Estatuto uma ampla proteção dos direitos do indiciado no inquérito 
(art. 55) e do acusado no processo criminal (art. 67). Nem o indiciado nem o acuso 
podem ser obrigados a depor contra si mesmos, ou a se declararem culpados. O 
art. 66 resguarda o princípio de presunção de inocência e confere ao 
Procurador a incumbência da prova da culpa. O TPI somente poderá condenar 
se não houver nenhuma dúvida razoável de que o acusado é culpado. 
Os arts. 58 e 59 regulam a detenção ou prisão preventiva do indiciado ou 
acusado, inclusive no Estado em que se encontra, durante o inquérito ou o 
processo de instrução. 
 
 
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O processo é dividido em duas fases: de instrução e de julgamento. Finalizada 
a instrução, o juiz profere uma sentença de pronúncia ou impronúncia do acusado 
(art. 61). Existe uma preocupação especial, na fase de julgamento, com a hipótese 
de confissão do acusado (art. 65). O Estatuto também prevê, de forma minuciosa, 
o dever de proteção às vítimas e às testemunhas durante o processo (art. 68). 
No artigo 72, busca-se o equilíbrio entre a proteção de interesses nacionais 
e as exigências de um processo justo, quando se alega que uma informação 
afeta a segurança nacional de um Estado. 
As sentenças de mérito proferidas pelo TPI podem ser objeto de recurso ou 
de revisão, que serão processados perante o mesmo tribunal (arts. 81 e 84). 
3.6 Penas aplicáveis 
As penas estão previstas no art. 77, que estabelece como pena máxima de 
prisão a de 30 anos, admitindo, excepcionalmente a prisão perpétua, se 
justificada pela extrema gravidade do crime e pelas circunstâncias pessoais do 
condenado. (Atenção! Não tem previsão de pena de morte! Aparece como 
pegadinha nas questões). 
O TPI também pode aplicar a pena de multa e condenar o réu à perda dos 
bens obtidos com o crime praticado. Combina a justiça retributiva com a justiça 
reparatória ao aplicar sanções de natureza penal e civil, determinando a 
reparação das vítimas e seus familiares. Para tanto, foi determinada a criação de 
um Fundo de indenização das vítimas (art. 79). 
Representa um grande avanço na proteção dos direitos humanos ao combater 
a impunidade de crimes graves contra a humanidade (princípio do 
universalismo). O princípio de não ingerência foi substituído pelo direito à 
ingerência, já que, existe quase um dever de intervenção perante graves e 
sistemáticas violações de direitos humanos. 
Artigo 102 
Termos Usados 
 Para os fins do presente Estatuto: 
 a) Por "entrega", entende-se a entrega de uma pessoa por um Estado ao 
Tribunal nos termos do presente Estatuto. 
 b) Por "extradição", entende-se a entrega de uma pessoa por um Estado a 
outro Estado conforme previsto em um tratado, em uma convenção ou no direito 
interno. 
 
 Quanto à vedação à proibição de penas de caráter perpétuo, constante do 
art. 5.º, XLVII, b, da Constituição de 1988, devemos relembrar que o Estatuto do 
TPI não admite reservas. Assim, a vedação apenas teria que ser analisada em 
 
 
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um eventual caso concreto e poderia ser resolvida a partir de uma interpretação pro 
homine. 
 
 Passemos aos principais artigos do Estatuto. 
DECRETO Nº 4.388, DE 25 DE SETEMBRO DE 2002 
Promulga o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, 
inciso VIII, da Constituição, 
Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto do Estatuto de Roma do 
Tribunal Penal Internacional, por meio do Decreto Legislativo no 112, de 6 de junho 
de 2002; 
Considerando que o mencionado Ato Internacional entrou em vigor internacional em 
1o de julho de 2002, e passou a vigorar, para o Brasil, em 1o de setembro de 2002, 
nos termos de seu art. 126; 
DECRETA: 
Art. 1o O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, apenso por cópia ao 
presente Decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém. 
Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam 
resultar em revisão do referido Acordo, assim como quaisquer ajustes 
complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem 
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. 
Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 25 de setembro de 2002; 181o da Independência e 114o da República. 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Luiz Augusto Soint-Brisson de Araújo Castro 
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 26.9.2002 
 
Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional 
Preâmbulo 
Os Estados Partes no presente Estatuto. 
Conscientes de que todos os povos estão unidos por laços comuns e de que suas 
culturas foram construídas sobre uma herança que partilham, e preocupados com 
o fato deste delicado mosaico poder vir a quebrar-se a qualquer instante, 
Tendo presente que, no decurso deste século, milhões de crianças, homens e 
mulheres têm sido vítimas de atrocidades inimagináveis que chocam 
profundamente a consciência da humanidade, 
Reconhecendo que crimes de uma tal gravidade constituem uma ameaça à paz, à 
segurança e ao bem-estar da humanidade, 
Afirmando que os crimes de maior gravidade, que afetam a comunidade 
internacional no seu conjunto, não devem ficar impunes e que a sua repressão deve 
ser efetivamente assegurada através da adoção de medidas em nível nacional e 
do reforço da cooperação internacional, 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/dec%204.388-2002?OpenDocument
 
 
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16 
Decididos a por fim à impunidade dos autores desses crimes e a contribuir assim 
para a prevenção de tais crimes, 
Relembrando que é dever de cada Estado exercer a respectiva jurisdição penal 
sobre os responsáveis por crimesinternacionais, 
Reafirmando os Objetivos e Princípios consignados na Carta das Nações Unidas 
e, em particular, que todos os Estados se devem abster de recorrer à ameaça ou 
ao uso da força, contra a integridade territorial ou a independência política de 
qualquer Estado, ou de atuar por qualquer outra forma incompatível com os 
Objetivos das Nações Unidas, 
Salientando, a este propósito, que nada no presente Estatuto deverá ser entendido 
como autorizando qualquer Estado Parte a intervir em um conflito armado ou nos 
assuntos internos de qualquer Estado, 
Determinados em perseguir este objetivo e no interesse das gerações presentes e 
vindouras, a criar um Tribunal Penal Internacional com caráter permanente e 
independente, no âmbito do sistema das Nações Unidas, e com jurisdição sobre os 
crimes de maior gravidade que afetem a comunidade internacional no seu conjunto, 
Sublinhando que o Tribunal Penal Internacional, criado pelo presente Estatuto, será 
complementar às jurisdições penais nacionais, 
Decididos a garantir o respeito duradouro pela efetivação da justiça internacional, 
Convieram no seguinte: 
Capítulo I 
Criação do Tribunal 
Artigo 1o 
O Tribunal 
É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional ("o Tribunal"). 
O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas 
responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de 
acordo com o presente Estatuto, e será complementar às jurisdições penais 
nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo 
presente Estatuto. 
Artigo 2o 
Relação do Tribunal com as Nações Unidas 
A relação entre o Tribunal e as Nações Unidas será estabelecida através de um 
acordo a ser aprovado pela Assembleia dos Estados Partes no presente Estatuto 
e, em seguida, concluído pelo Presidente do Tribunal em nome deste. 
Artigo 3o 
Sede do Tribunal 
1. A sede do Tribunal será na Haia, Países Baixos ("o Estado anfitrião"). 
2. O Tribunal estabelecerá um acordo de sede com o Estado anfitrião, a ser 
aprovado pela Assembleia dos Estados Partes e em seguida concluído pelo 
Presidente do Tribunal em nome deste. 
3. Sempre que entender conveniente, o Tribunal poderá funcionar em outro local, 
nos termos do presente Estatuto. 
Artigo 4o 
 
 
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Regime Jurídico e Poderes do Tribunal 
1. O Tribunal terá personalidade jurídica internacional. Possuirá, igualmente, a 
capacidade jurídica necessária ao desempenho das suas funções e à prossecução 
dos seus objetivos. 
2. O Tribunal poderá exercer os seus poderes e funções nos termos do presente 
Estatuto, no território de qualquer Estado Parte e, por acordo especial, no território 
de qualquer outro Estado. 
Capítulo II 
Competência, Admissibilidade e Direito Aplicável 
Artigo 5o 
Crimes da Competência do Tribunal 
1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a 
comunidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o 
Tribunal terá competência para julgar os seguintes crimes: 
a) O crime de genocídio; 
b) Crimes contra a humanidade; 
c) Crimes de guerra; 
d) O crime de agressão. 
2. O Tribunal poderá exercer a sua competência em relação ao crime de agressão 
desde que, nos termos dos artigos 121 e 123, seja aprovada uma disposição em 
que se defina o crime e se enunciem as condições em que o Tribunal terá 
competência relativamente a este crime. Tal disposição deve ser compatível com 
as disposições pertinentes da Carta das Nações Unidas. 
Artigo 6o 
Crime de Genocídio 
Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio", qualquer um dos 
atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em 
parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal: 
a) Homicídio de membros do grupo; 
b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; 
c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a 
sua destruição física, total ou parcial; 
d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; 
e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo. 
Artigo 7o 
Crimes contra a Humanidade 
1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a 
humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um 
ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo 
conhecimento desse ataque: 
a) Homicídio; 
b) Extermínio; 
c) Escravidão; 
d) Deportação ou transferência forçada de uma população; 
 
 
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e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das 
normas fundamentais de direito internacional; 
f) Tortura; 
g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, 
esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de 
gravidade comparável; 
h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos 
políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como 
definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios universalmente 
reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer 
ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal; 
i) Desaparecimento forçado de pessoas; 
j) Crime de apartheid; 
k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente 
grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou 
mental. 
2. Para efeitos do parágrafo 1o: 
a) Por "ataque contra uma população civil" entende-se qualquer conduta que 
envolva a prática múltipla de atos referidos no parágrafo 1o contra uma população 
civil, de acordo com a política de um Estado ou de uma organização de praticar 
esses atos ou tendo em vista a prossecução dessa política; 
b) O "extermínio" compreende a sujeição intencional a condições de vida, tais como 
a privação do acesso a alimentos ou medicamentos, com vista a causar a 
destruição de uma parte da população; 
c) Por "escravidão" entende-se o exercício, relativamente a uma pessoa, de um 
poder ou de um conjunto de poderes que traduzam um direito de propriedade sobre 
uma pessoa, incluindo o exercício desse poder no âmbito do tráfico de pessoas, 
em particular mulheres e crianças; 
d) Por "deportação ou transferência à força de uma população" entende-se o 
deslocamento forçado de pessoas, através da expulsão ou outro ato coercivo, da 
zona em que se encontram legalmente, sem qualquer motivo reconhecido no direito 
internacional; 
e) Por "tortura" entende-se o ato por meio do qual uma dor ou sofrimentos agudos, 
físicos ou mentais, são intencionalmente causados a uma pessoa que esteja sob a 
custódia ou o controle do acusado; este termo não compreende a dor ou os 
sofrimentos resultantes unicamente de sanções legais, inerentes a essas sanções 
ou por elas ocasionadas; 
f) Por "gravidez à força" entende-se a privação ilegal de liberdade de uma mulher 
que foi engravidada à força, com o propósito de alterar a composição étnica de uma 
população ou de cometer outras violações graves do direito internacional. Esta 
definição não pode, de modo algum, ser interpretada como afetando as disposições 
de direito interno relativas à gravidez; 
 
 
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19 
g) Por "perseguição'' entende-se a privação intencional e grave de direitos 
fundamentais em violação do direito internacional, por motivos relacionados com a 
identidade do grupo ou da coletividade em causa; 
h) Por "crime de apartheid" entende-se qualquer ato desumano análogo aos 
referidos no parágrafo 1°, praticado no contexto de um regime institucionalizado de 
opressão e domínio sistemático de um grupo racial sobre um ou outros grupos 
nacionais e com a intenção de manter esse regime; 
i) Por "desaparecimento forçado de pessoas" entende-se a detenção, a prisão ou o 
sequestro de pessoas por um Estado ou uma organização política ou com a 
autorização, o apoio ou a concordância destes, seguidos de recusa a reconhecer 
tal estado de privação de liberdade ou a prestar qualquer informação sobre a 
situação ou localização dessas pessoas, com o propósito de lhes negar a proteção 
da lei por um prolongado período de tempo. 
3. Para efeitos do presente Estatuto, entende-se que o termo "gênero" abrange os 
sexos masculino e feminino, dentro do contexto da sociedade, não lhe devendo ser 
atribuído qualquer outro significado. 
Artigo 8o 
Crimes de Guerra 
1. O Tribunal terá competência para julgar os crimes de guerra, em particular 
quando cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou como 
parte de uma prática em larga escala desse tipo de crimes. 
2. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crimes de guerra": 
a) As violações graves às Convenções de Genebra, de 12 de agosto de 1949, a 
saber, qualquer um dos seguintes atos, dirigidos contra pessoas ou bens protegidos 
nos termos da Convenção de Genebra que for pertinente: 
i) Homicídio doloso; 
ii) Tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo as experiências biológicas; 
iii) O ato de causar intencionalmente grande sofrimento ou ofensas graves à 
integridade física ou à saúde; 
iv) Destruição ou a apropriação de bens em larga escala, quando não justificadas 
por quaisquer necessidades militares e executadas de forma ilegal e arbitrária; 
v) O ato de compelir um prisioneiro de guerra ou outra pessoa sob proteção a servir 
nas forças armadas de uma potência inimiga; 
vi) Privação intencional de um prisioneiro de guerra ou de outra pessoa sob 
proteção do seu direito a um julgamento justo e imparcial; 
vii) Deportação ou transferência ilegais, ou a privação ilegal de liberdade; 
viii) Tomada de reféns; 
b) Outras violações graves das leis e costumes aplicáveis em conflitos armados 
internacionais no âmbito do direito internacional, a saber, qualquer um dos 
seguintes atos: 
i) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou civis que não 
participem diretamente nas hostilidades; 
ii) Dirigir intencionalmente ataques a bens civis, ou seja, bens que não sejam 
objetivos militares; 
 
 
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iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, material, unidades ou 
veículos que participem numa missão de manutenção da paz ou de assistência 
humanitária, de acordo com a Carta das Nações Unidas, sempre que estes tenham 
direito à proteção conferida aos civis ou aos bens civis pelo direito internacional 
aplicável aos conflitos armados; 
iv) Lançar intencionalmente um ataque, sabendo que o mesmo causará perdas 
acidentais de vidas humanas ou ferimentos na população civil, danos em bens de 
caráter civil ou prejuízos extensos, duradouros e graves no meio ambiente que se 
revelem claramente excessivos em relação à vantagem militar global concreta e 
direta que se previa; 
v) Atacar ou bombardear, por qualquer meio, cidades, vilarejos, habitações ou 
edifícios que não estejam defendidos e que não sejam objetivos militares; 
vi) Matar ou ferir um combatente que tenha deposto armas ou que, não tendo mais 
meios para se defender, se tenha incondicionalmente rendido; 
vii) Utilizar indevidamente uma bandeira de trégua, a bandeira nacional, as 
insígnias militares ou o uniforme do inimigo ou das Nações Unidas, assim como os 
emblemas distintivos das Convenções de Genebra, causando deste modo a morte 
ou ferimentos graves; 
viii) A transferência, direta ou indireta, por uma potência ocupante de parte da sua 
população civil para o território que ocupa ou a deportação ou transferência da 
totalidade ou de parte da população do território ocupado, dentro ou para fora desse 
território; 
ix) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios consagrados ao culto religioso, à 
educação, às artes, às ciências ou à beneficência, monumentos históricos, 
hospitais e lugares onde se agrupem doentes e feridos, sempre que não se trate 
de objetivos militares; 
x) Submeter pessoas que se encontrem sob o domínio de uma parte beligerante a 
mutilações físicas ou a qualquer tipo de experiências médicas ou científicas que 
não sejam motivadas por um tratamento médico, dentário ou hospitalar, nem sejam 
efetuadas no interesse dessas pessoas, e que causem a morte ou coloquem 
seriamente em perigo a sua saúde; 
xi) Matar ou ferir à traição pessoas pertencentes à nação ou ao exército inimigo; 
xii) Declarar que não será dado quartel; 
xiii) Destruir ou apreender bens do inimigo, a menos que tais destruições ou 
apreensões sejam imperativamente determinadas pelas necessidades da guerra; 
xiv) Declarar abolidos, suspensos ou não admissíveis em tribunal os direitos e 
ações dos nacionais da parte inimiga; 
xv) Obrigar os nacionais da parte inimiga a participar em operações bélicas dirigidas 
contra o seu próprio país, ainda que eles tenham estado ao serviço daquela parte 
beligerante antes do início da guerra; 
xvi) Saquear uma cidade ou uma localidade, mesmo quando tomada de assalto; 
xvii) Utilizar veneno ou armas envenenadas; 
xviii) Utilizar gases asfixiantes, tóxicos ou outros gases ou qualquer líquido, material 
ou dispositivo análogo; 
 
 
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xix) Utilizar balas que se expandem ou achatam facilmente no interior do corpo 
humano, tais como balas de revestimento duro que não cobre totalmente o interior 
ou possui incisões; 
xx) Utilizar armas, projéteis; materiais e métodos de combate que, pela sua própria 
natureza, causem ferimentos supérfluos ou sofrimentos desnecessários ou que 
surtam efeitos indiscriminados, em violação do direito internacional aplicável aos 
conflitos armados, na medida em que tais armas, projéteis, materiais e métodos de 
combate sejam objeto de uma proibição geral e estejam incluídos em um anexo ao 
presente Estatuto, em virtude de uma alteração aprovada em conformidade com o 
disposto nos artigos 121 e 123; 
xxi) Ultrajar a dignidade da pessoa, em particular por meio de tratamentos 
humilhantes e degradantes; 
xxii) Cometer atos de violação, escravidão sexual, prostituição forçada, gravidez à 
força, tal como definida na alínea f) do parágrafo 2o do artigo 7o, esterilização à 
força e qualquer outra forma de violência sexual que constitua também um 
desrespeito grave às Convenções de Genebra; 
xxiii) Utilizar a presença de civis ou de outras pessoas protegidas para evitar que 
determinados pontos, zonas ou forças militares sejam alvo de operações militares; 
xxiv) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, unidades e veículos 
sanitários, assim como o pessoal que esteja usando os emblemas distintivos das 
Convenções de Genebra, em conformidade com o direito internacional; 
xxv) Provocar deliberadamente a inanição da população civil como método de 
guerra, privando-ados bens indispensáveis à sua sobrevivência, impedindo, 
inclusive, o envio de socorros, tal como previsto nas Convenções de Genebra; 
xxvi) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas forças armadas nacionais ou 
utilizá-los para participar ativamente nas hostilidades; 
c) Em caso de conflito armado que não seja de índole internacional, as violações 
graves do artigo 3o comum às quatro Convenções de Genebra, de 12 de Agosto de 
1949, a saber, qualquer um dos atos que a seguir se indicam, cometidos contra 
pessoas que não participem diretamente nas hostilidades, incluindo os membros 
das forças armadas que tenham deposto armas e os que tenham ficado impedidos 
de continuar a combater devido a doença, lesões, prisão ou qualquer outro motivo: 
i) Atos de violência contra a vida e contra a pessoa, em particular o homicídio sob 
todas as suas formas, as mutilações, os tratamentos cruéis e a tortura; 
ii) Ultrajes à dignidade da pessoa, em particular por meio de tratamentos 
humilhantes e degradantes; 
iii) A tomada de reféns; 
iv) As condenações proferidas e as execuções efetuadas sem julgamento prévio por 
um tribunal regularmente constituído e que ofereça todas as garantias judiciais 
geralmente reconhecidas como indispensáveis. 
d) A alínea c) do parágrafo 2o do presente artigo aplica-se aos conflitos armados 
que não tenham caráter internacional e, por conseguinte, não se aplica a situações 
de distúrbio e de tensão internas, tais como motins, atos de violência esporádicos 
ou isolados ou outros de caráter semelhante; 
 
 
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22 
e) As outras violações graves das leis e costumes aplicáveis aos conflitos armados 
que não têm caráter internacional, no quadro do direito internacional, a saber 
qualquer um dos seguintes atos: 
i) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou civis que não 
participem diretamente nas hostilidades; 
ii) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, unidades e veículos 
sanitários, bem como ao pessoal que esteja usando os emblemas distintivos das 
Convenções de Genebra, em conformidade com o direito internacional; 
iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, material, unidades ou 
veículos que participem numa missão de manutenção da paz ou de assistência 
humanitária, de acordo com a Carta das Nações Unidas, sempre que estes tenham 
direito à proteção conferida pelo direito internacional dos conflitos armados aos civis 
e aos bens civis; 
iv) Atacar intencionalmente edifícios consagrados ao culto religioso, à educação, 
às artes, às ciências ou à beneficência, monumentos históricos, hospitais e lugares 
onde se agrupem doentes e feridos, sempre que não se trate de objetivos militares; 
v) Saquear um aglomerado populacional ou um local, mesmo quando tomado de 
assalto; 
vi) Cometer atos de agressão sexual, escravidão sexual, prostituição forçada, 
gravidez à força, tal como definida na alínea f do parágrafo 2o do artigo 7o; 
esterilização à força ou qualquer outra forma de violência sexual que constitua uma 
violação grave do artigo 3o comum às quatro Convenções de Genebra; 
vii) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas forças armadas nacionais ou em 
grupos, ou utilizá-los para participar ativamente nas hostilidades; 
viii) Ordenar a deslocação da população civil por razões relacionadas com o 
conflito, salvo se assim o exigirem a segurança dos civis em questão ou razões 
militares imperiosas; 
ix) Matar ou ferir à traição um combatente de uma parte beligerante; 
x) Declarar que não será dado quartel; 
xi) Submeter pessoas que se encontrem sob o domínio de outra parte beligerante 
a mutilações físicas ou a qualquer tipo de experiências médicas ou científicas que 
não sejam motivadas por um tratamento médico, dentário ou hospitalar nem sejam 
efetuadas no interesse dessa pessoa, e que causem a morte ou ponham 
seriamente a sua saúde em perigo; 
xii) Destruir ou apreender bens do inimigo, a menos que as necessidades da guerra 
assim o exijam; 
f) A alínea e) do parágrafo 2o do presente artigo aplicar-se-á aos conflitos armados 
que não tenham caráter internacional e, por conseguinte, não se aplicará a 
situações de distúrbio e de tensão internas, tais como motins, atos de violência 
esporádicos ou isolados ou outros de caráter semelhante; aplicar-se-á, ainda, a 
conflitos armados que tenham lugar no território de um Estado, quando exista um 
conflito armado prolongado entre as autoridades governamentais e grupos armados 
organizados ou entre estes grupos. 
 
 
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3. O disposto nas alíneas c) e) do parágrafo 2o, em nada afetará a responsabilidade 
que incumbe a todo o Governo de manter e de restabelecer a ordem pública no 
Estado, e de defender a unidade e a integridade territorial do Estado por qualquer 
meio legítimo. 
Artigo 8.º bis 
Crime de agressão (está em português de Portugal) 
1 - Para efeitos do presente Estatuto, entende-se por 'crime de agressão', o 
planeamento, a preparação, o desencadeamento ou a execução por uma pessoa 
que se encontre em posição de controlar ou conduzir de forma efetiva a ação 
política ou militar de um Estado de um ato de agressão que, pelo seu carácter, pela 
sua gravidade e dimensão, constitui uma violação manifesta da Carta das Nações 
Unidas. 
2 - Para efeitos do n.º 1, entende-se por 'ato de agressão', o uso da força armada 
por um Estado contra a soberania, integridade territorial ou independência política 
de outro Estado, ou de qualquer outra forma incompatível com a Carta das Nações 
Unidas. Independentemente da existência ou não de uma declaração de guerra, 
em conformidade com a Resolução n.º 3314 (XXIX) da Assembleia Geral das 
Nações Unidas, de 14 de dezembro de 1974, qualquer um dos seguintes atos 
deverá ser considerado um ato de agressão: 
a) A invasão do território de um Estado ou o ataque contra o mesmo pelas forças 
armadas de outro Estado, ou qualquer ocupação militar, ainda que temporária, 
decorrente dessa invasão ou desse ataque, ou a anexação pelo uso da força do 
território, no todo ou em parte, de um outro Estado; 
b) O bombardeamento do território de um Estado pelas forças armadas de outro 
Estado, ou o uso de quaisquer armas por um Estado contra o território de outro 
Estado; 
c) O bloqueio dos portos ou das costas de um Estado pelas forças armadas de 
outro Estado; 
d) O ataque pelas forças armadas de um Estado contra as forças terrestres, navais 
ou aéreas, ou contra a marinha mercante e a aviação civil de outro Estado; 
e) A utilização das forças armadas de um Estado, que se encontram no território de 
outro Estado com o consentimento do Estado receptor, em violação das condições 
previstas no acordo, ou qualquer prolongamento da sua presença naquele território 
após o termo desse mesmo acordo; 
f) O facto de um Estado permitir que o seu território por ele posto à disposição de 
um outro Estado, seja por este utilizado para perpetrar um ato de agressão contra 
um Estado terceiro; 
g) O envio por um Estado, ou em seu nome, de bandos ou de grupos armados, de 
forças irregulares ou de mercenários que pratiquem contra um outro Estado atos 
de força armada de gravidade equiparável à dos atos acima enumerados, ou que 
participem substancialmente nesses atos. 
 
 
 
 
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 Revisão 
 
Trago aqui perguntas importantes, que você deve saber responder, para te guiar 
na revisão do conteúdo. O ideal é que você consiga responder sem consultar o 
texto, ainda que de forma resumida e objetiva, ok? 
 
1. Segundo a Convenção da ONU, de 1948, em que consiste o genocídio? 
2. O que foi considerado o ponto fraco dessa Convenção da ONU, de 1948? 
3. Quais tribunais são precedentes históricos importantes do TPI? 
4. Quando entrou em vigor o Estatuto do Tribunal Penal Internacional? Quando o 
Brasil o ratificou? O texto admite reservas? 
5. Em que consistem os princípios da complementaridade e da cooperação no TPI? 
6. O TPI faz parte da ONU? Explique. 
7. Quais são os crimes de competência do TPI? 
8. Quem pode propor denúncias perante o TPI? 
9. Quem pode ser julgado pelo TPI? 
10. Qual a composição do TPI? Qual a duração do mandato? Se admite 
recondução? 
11. Quais são as penas admitidas pelo TPI? 
12. Qual a diferença entre entrega e extradição, segundo o Estatuto de Roma? 
 
 
Revisões 
 
1.ª 4.ª 
2.ª 5.ª 
3.ª 6.ª 
 
 
Questões para treinar 
 
 
1. (2018/VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia) Segundo o Estatuto de Roma, o 
Tribunal Penal Internacional exercerá a sua jurisdição em relação aos crimes nele 
previstos por iniciativa 
a) de denúncia da Interpol, de solicitação de órgãos de direitos humanos da ONU 
ou da Comissão Interamericana ou Europeia de Direitos Humanos. 
b) de denúncia do próprio Estado-Parte ou do Conselho de Segurança da ONU e 
por meio de inquérito do Procurador do Tribunal. 
c) de denúncia da Interpol ou do próprio Estado-Parte e de decisão ex ofício de 
qualquer juiz do Tribunal. 
d) de solicitação de qualquer órgão do Poder Judiciário do Estado-Parte, de 
denúncia de qualquer cidadão do Estado-Parte e de decisão ex ofício de qualquer 
juiz do Tribunal. 
 
 
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e) de denúncia de qualquer pessoa, de entidades não-governamentais ligadas à 
defesa dos direitos humanos e por meio de inquérito do Procurador. 
 
2. (2018/VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia) No tocante ao Tribunal Penal 
Internacional, considerando o disposto, expressamente, no Estatuto de Roma, o 
Tribunal terá competência para julgar 
a) a tortura, o racismo, o terrorismo e os crimes contra a humanidade. 
b) a tortura coletiva, o extermínio em massa, o tráfico de pessoas e os crimes de 
guerra. 
c) os crimes de guerra, os crimes contra a humanidade, o terrorismo e os crimes 
hediondos. 
d) o genocídio, os crimes contra a humanidade, a tortura e o tráfico internacional 
de entorpecentes. 
e) o genocídio, os crimes contra a humanidade, os crimes de guerra e os crimes de 
agressão. 
 
3. (2011/CESPE/TRF - 3ª REGIÃO/Juiz federal) No que se refere ao Tribunal Penal 
Internacional, assinale a opção correta. 
a) De acordo com o Estatuto de Roma, esse tribunal tem competência expressa 
para julgar o terrorismo como crime contra a humanidade. 
b) As línguas de trabalho, nesse tribunal, são o inglês e o francês. 
c) Trata-se de organismo especializado da ONU. 
d) De acordo com o que prevê o Estatuto de Roma, esse tribunal pode decidir pela 
pena de morte em casos graves. 
e) Essa corte começou a funcionar em 1998, com a conclusão do Estatuto de 
Roma. 
 
4. (VUNESP/2018 – Escrivão da Polícia Civil de SP) A Imposição de medidas 
destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo, praticada com intenção de 
destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, 
enquanto tal, é considerada pelo Estatuto de Roma como 
a) crime de guerra. 
b) crime de agressão. 
c) crime contra a humanidade. 
d) apartheid. 
e) genocídio. 
 
5. (2014/VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia) Segundo o Estatuto de Roma, a 
competência do Tribunal Penal Internacional restringir-se-á aos crimes mais 
graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto. Nos termos do 
referido Estatuto, portanto, o Tribunal terá competência para julgar, entre outros, os 
seguintes crimes: 
a) hediondos e crimes de terrorismo. 
b) de guerra e crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. 
c) infanticídio e crimes contra a humanidade. 
d) de agressão e crimes contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. 
e) genocídio e crimes de guerra. 
 
 
 
 
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6. (2019/FCC/DPE-AM/Analista Jurídico de Defensoria) Segundo dispõe 
expressamente o Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Internacional terá 
competência para julgar algumas categorias gerais de crimes cujo conteúdo é 
detalhado ao longo do documento. Dentre essas categorias mais gerais, 
encontram-se 
a) o tráfico internacional de drogas e de pessoas e os crimes contra o sistema 
financeiro internacional. 
b) os crimes de guerra e o crime de genocídio. 
c) o bioterrorismo e os crimes contra o patrimônio genético da humanidade. 
d) crimes contra a segurança mundial e posse ou uso de armas de destruição em 
massa. 
e) os crimes de holocausto e de apartheid etnocultural. 
 
7. (2012/PC-SP/Delegado de Polícia) As penas que poderão ser fixadas pelo 
Tribunal Penal Internacional (Estatuto de Roma, 1998)são 
a) expatriação, prisão até 30 anos ou perpétua e perda dos produtos, bens e 
haveres provenientes do crime. 
b) prisão, no mínimo de 3 anos e, no máximo, perpétua, multa, ou perda de produtos 
e bens provenientes do crime, ainda que de forma indireta. 
c) advertência, prisão, de 3 anos a 30 anos e a perda dos produtos, bens e haveres 
provenientes do crime. 
d) prisão até 30 anos ou perpétua, multa e perda dos produtos, bens e haveres 
provenientes do crime. 
e) expatriação, prisão de 3 a 30 anos ou perpétua e perda dos produtos, bens e 
haveres decorrentes do crime. 
 
Questão anulada porque faltou o EXCETO, no enunciado. 
(2011/FUMARC/PC-MG/Escrivão de Polícia Civil) A Convenção para a Prevenção 
e Repressão do Crime de Genocídio foi o primeiro tratado internacional de direitos 
humanos aprovado no âmbito da ONU como consequência das atrocidades 
perpetradas ao longo da Segunda Guerra Mundial, particularmente, o genocídio, 
que resultou na morte de seis milhões de judeus. A Convenção afirma ser o 
genocídio um crime que viola o Direito Internacional que pode ser caracterizado por 
qualquer um dos atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, 
um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tal como 
a) dano grave à integridade física de membros do grupo. 
b) medidas que impedem o nascimento no seio do grupo. 
c) assassinato de indivíduo que lidera grupo nacional. 
d) transferência forçada de crianças de um grupo para outro. 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/fcc
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/dpe-am
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/pc-sp
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/fumarc
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/pc-mg
 
 
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GABARITO 
 
1. B 5. E 
2. E 6. B 
3. B 7. D 
4. E

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