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Dermatologia Resumo G a b r i e l B a g a r o l o P e t r o n i l h o Introdução A pele é o maior órgão do corpo humano, responsável por cerca de 15% de todo seu peso. Ela reveste, delimita e protege o organismo e possui como função vital a homeostasia por meio da termorregulação, controle hemodinâmico, produção e excreção de metabólitos e ativação da pró-vitamina D pelos raios UVB. A dermatologia é a especialidade clínico-cirúrgica que trata as doenças de pele, fâneros (unhas e cabelos) e mucosas externas. As alterações relacionadas a essas topografias abrangem doenças inflamatórias, infecciosas, neoplasias e condições estéticas. Segundo Azulay, há um número elevado de entidades de causa desconhecida e carente de tratamento eficaz, aumentando a necessidade de boa relação médico-paciente. Os diagnósticos feitos na dermatologia permite ou contribui para o diagnóstico de diversas doenças sistêmicas. Veja os exemplos à seguir: Candidíase → Indicativo de DM Icterícia e Prurido → Indicativo de Hepatites Xerodermia → Indicativo de Hipotireoidismo Dermatite Herpetiforme → Indicativo de Linfoma gastrointestinal Porfiria Cutânea Tarda → Indicativo de carcinoma hepatocelular (CHC) Adenomas Sebáceos → CA de tubo digestivo Vasculite e Livedo Reticular → Colagenoses Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Anamnese e Exame Físico O diagnóstico é determinado pela junção dos principais pontos coletados na HDA, HMP, exame clínico e exames complementares. A ordem ideal é a ordem que o médico se sente mais preparado e capaz de realizar, mas existem alguns tipos pré-estabelecidos para seguir, como: - Sequencial: procedimento habitual; Anamnese → exame físico; - Invertida: pode ser feita quando necessário para orientar as perguntas na anamnese; Exame físico → anamnese; - Concomitante → também pode ser feita para orientação das perguntas durante o próprio exame; Anamnese + exame físico. Os diagnósticos de algumas dermatoses parecem ser ‘muito óbvios’ porém a história clínica se faz muito necessária para previnir o erro diagnóstico. Existem casos em que ‘as aparências enganam’. A abordagem do paciente de conter a entrevista (anamnese), inspeção da pele e mucosas externas e palpação das lesões. Anamnese A anamnese é divida em 3 fases e ouvir o paciente é o que faz bons médicos realizarem seus diagnóstico. Elementos da anamnese: 1. Identificação 2. QP e duração 3. HDA 4. Hábitos sexuais - quando história sugerir ISTs 5. HMP 6. HMF 7. Anamnese fisiológica → breve revisão dos sistemas Identificação - Nome → gravar o nome do paciente e utilizá-lo sempre para se referir ao mesmo. Quesito de empatia e canal de comunição. - Sexo → existem doenças com predomínio em mais um sexo do que o outro; na mulher: lúpus eritematoso sistêmica, melasma, etc; no homem: sarcoma de Kaposi, ictiose do varão, paracoccidioidomicose, etc. - Idade → algumas dermatoses são mais comuns ou exclusivas em determinada faixa etária, como dermatite atópica na infância e câncer no adulto. - Raça → psoríase e carcinoma em negros possui muito baixa incidência. - Profissão → agricultores: micoses profundas, pedreiros: eczema ao cimento. - Procedência → regiões endêmicas para pênfigo foliáceo, leishmaniose, lobomicose, etc. - Endereço físico, fones e email, etc. Queixa Principal - QP - Motivo principal da consulta → identificar com precisão; - Tratar a queixa principal como prioritária - Separar de motivos secundários História da Doença Atual - HDA - Início → tempo de início do atual quadro - Aspecto - Localização das lesões - Comportamento e Evolução - surtos (herpes simples), contínuo, sazonal (eczema seborreico e atópico, miliária, fotodermatoses, etc) - Episódios similares anteriores? - Correlação → fatores ambientais, emocionais, laborais, vestimentas, etc - Sintomas e intensidade - Contato com potenciais reservatórios/vetores Sintomatologia Subjetiva - Prurido → presença ou ausência descarta ou reforça certas suspeitas; Ausente: sífilis, hanseníase, leishmaniose, lúpus eritematoso. Presente: urticária, eczemas, estrófulo, tíneas, etc. Momento de aparecimento: Noturno → escabiose; Sinais e Sintomas - Alteração de sensibilidade → Parestesia: diabetes, hipoestesia: hanseníase, hiperestesia: úlceras hipertensivas; - Ardência; - Calor local → abcessos, erisipela e eritema nodoso; - Febre → doenças infecciosas e não infecioso: reação hansênica, lúpus, erisipela, doenças exantemática . Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG - I n f l u ê n c i a d o e s t a d o e m o c i o n a l → psicodermatoses História Mórbida Pregressa - HMP - Dermatoses - Alergias - Doenças Não cutâneas - Uso de medicamento → contínuo, esporádico, venda livre ou não, intolerância medicamentosa - Uso de drogas → dependência: álcool, tabaco, psicotrópicos História Sexual - Deve ser colhida quando há suspeita de DST - Focar em comportamentos de risco para DSTs → hábitos, número de parceiros, último contato sexual. História Mórbida Familiar - HMF - Focar em doenças cutâneas → CA de pele, atopias - Doenças sistêmicas → podem ser importantes devido correlação com a dermatose ou tratamento - DM - HAS - Defeitos de coagulação Anamnese Fisiológico - Revisão Sistemas - Breve questionamento sobre funcionamento de aparelhos, órgãos e sistemas - Focar nos que podem estar relacionados com a queixa principal → olhos, sistema respiratório, aCV, TGI, sistema Genito-urinário, sistema endócrino, musculoesquelético, linfonodos e SN. Exame Físico Eventualmente é feito o exame mais resumo à inspeção da lesão, quando a lesão primário for suficiente para dx - como na psoríase ou líquen plano. Se houver suspeita de acometimento sistêmico da própria dermatose ou comodidade associada, deve-se realizar exame físico mais completo. Sempre que possível: examinar toda a pele, avaliar real extensão do quadro cutâneo, identificar lestões que não sejam objeto da QP. A sequência de eventos é: incialmente uma visão geral, em seguida, observação detalhada de cada lesão suspeita. A iluminação é um fator de extrema importância no exame físico dermatológico. Pode ser luz natural ou lâmpada fluorescente com preferência de origem por trás do examinador - destaca relevos e depressões. - Identificar o fototipo do paciente → I a IV - Inspeção de pele e mucosa externa com lupa → reconhecer alterações existentes (lesão elementares) - Palpação Como descrever lesões no exame físico? Não podemos esquecer de examinar mãos, unhas, pés, couro cabeludo, cabelos e mucosa oral e ocular. Unhas → psoríase, líquen plano, dermatite atópica, alopécia areata ou doenças sistêmicas. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Quando devemos inspecionar além da pele? - Acometimento ganglionar → Lues - discreto, generalizado e assintomático; Linfoma - mais evidente, regional ou generalizado; Erisipela - aguda e regional. - E s p l e n o e H e p a t o m e g a l i a → paracoccidioidomicose, linfomas; - Artropatia → sífilis, colagenoses e psoríase; - Amiotrofia → hanseníase, dermatomiosite (com dor). - Sialorreia → paracoccidioidomicose. - Fenômeno de Raynaud → colagenoses. - Catarata → pênfigo foliáceo, eczema atópico, corticoterapia sistêmica (iatrogênico). - Linfangite com nódulos → esporotricose, leishmaniose. - Sintomas Neurológicos → criptococose, sífilis terciária, genodermatose,. Recursos Especiais para o Exame Físico - Luz de Wood (UV 360nm) → auxilia na visualização de pitiríase versicolor, vitiligo, etc. - Dermatoscopia → aparelho óptico que aumenta de 6 a 400 vezes, sobretudo utilizado, mas não somente, para diagnóstico de melanoma. - Curetagem Metódica → utilizado na psoríase - sinal da vela e do orvalho ou de Auspitz. - Vitropressão → utiliza-se para distinguirpúrpura (não desaparece à pressão) de eritema (desaparece). Provas ou Testes e Sinais - Sinal de Nikolsky → consiste no fácil descolamento da pele com uma simples pressão digital. Presente em pênfigos. - Sinal de Darier → formação de urticária após fricção. Presente em mastocitose. - Sinal de Zileri → descamação evidente da lesão à distensão da pele. Patognomônico de Pitiríase Versicolor. - Dermografismo → urticária induzida pela fricção da pele do paciente. É como se ‘escrevesse’ com o dedo na pele do paciente e ficasse marcado por urticárias. Presente na urticária física. - Prova do Laço com Esfigmo → consiste em se fazer a medição da pressão arterial insuflando o manguito do aferidor de pressão até ao valor médio entre a pressão máxima e a mínima. Em seguida, desenha-se um quadrado no antebraço da pessoa. O resultado do teste é considerado positivo se houver 20 ou mais petéquias (os pontinhos vermelhos) em adultos e 10 ou mais em crianças. É a verificação de fragilidade capilar (púrpuras). Obrigatório na dengue. - Pesquisa de Sensibilidade Superficial - Hanseníase → térmica - tubo de água quente (45ºC) e fria -, dolorosa - estímulo com palito - , tátil - passando um fiapo de algodão levemente sobre a pele; - Prova de Histamina → utiliza-se 1 gota de cloridrato de histamina diluída e faz-se uma perfuração superficial da pele. A histamina, em pele sadia, causará a tríplice resposta de Lewis (1 - eritema inicial, 2 - eritema em pseudópodos e 3 - seropápula). Na lesão hansênica, a prova de histamina é incompleta, ou seja, não ocorre a 2ª fase da resposta de Lewis (eritema em pseudópodos ou eritema reflexo secundário). - Prova da Pilocarpina → faz-se aplicação intradérmica de 0,1ml de cloridrato de pilocarpina 1% ou 2% na área suspeita. Espere cerca de 2min e então, a sudorese de gotículas evidenciadas pela coloração azulada da reação do iodo com amido que deveria ocorrer, não ocorre. Portanto, é negativo na lesão hansênica. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
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