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Bactérias anaeróbias

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BACTERIAS ANAEROBIAS
O QUE SÃO? São microrganismos que crescem em ambiente isento de oxigênio e que realizam suas funções metabólicas vitais utilizando compostos diferentes do O2, tais como sulfatos, carbonatos, nitratos”.
Oxigênio é tóxico para estas bactérias porque não tem enzimas para metabolizar os compostos oxigenados
Vias metabólicas das bactérias 
1. RESPIRAÇÃO AERÓBICA: ocorre na presença de oxigênio: envolve glicólise, ciclo de krebs e cadeia respiratória
2. ANAEROBIOSE: Ocorre ausência de oxigênio. Tipos: a. Fermentação: piruvato recebe elétrons e forma vários; 
 
FERMENTAÇÃO: Na fermentação, não há ciclo de krebs, nem cadeia respiratória. Os elétrons são transferidos diretamente para o ácido pirúvico ou piruvato, formando vários compostos como ácido lático, etc
O ácido pirúvico (piruvato) produzido na glicólise é convertido a uma variedade de produtos característicos das espécies bacterianas em questão durante o processo de fermentação
b. Respiraçao anaeróbica: O receptor de elétrons não é o oxigênio: pode ser NO3 ou SO4 ou CO3
MECANISMOS DE DEFESA CONTRA O OXIGÊNIO
Quando 2 elétrons reagem com o oxigênio, último aceptor de elétrons, formam H2O2 que é tóxico para as membranas celulares. A enzima catalase transforma H2O2 em H2O + O2. • Algumas bactérias como o Streptococcus não têm catalase, mas peroxidase que o transforma em 2 H2O. • Quando apenas 1 elétron alcança o oxigênio na cadeia respiratória, forma-se o ânion superóxido (radical livre intermediário que também é tóxico para a célula: HO2 ou – O2 • A enzima superóxido dismutase transforma o ânion superóxido em H2O2 e aí atua a catalase.
Na respiração anaeróbica, não há ciclo de Krebs, porque na ausência de oxigênio, e baixo pH deixam de ser sintetizadas as enzimas do ciclo. • O último aceptor de elétrons da cadeia respiratória é uma substancia inorganica como NO3 ou SO4 ou CO3 NO3 --------------------------- N02 ------------------------------------N2 
• Usa-se o termo RESPIRAÇÃO porque usa parte da cadeia respiratória e ANAERÓBICA pela ausência de O2 . • É um processo lento que leva à formaçao de 2 ATPs
PRINCIPAIS BACTÉRIAS ANAERÓBIAS: 
I- Clostridium: Características gerais: Habitat natural: solo, agua plantas, alimentos, trato gastrintestinal do homem e de animais; São anaeróbios estritos; Formam esporos; São bastonetes Gram-positivos; Móveis com flagelos peritríquios 
II. Clostridium tetani •Seus esporos são encontrados no solo e poeiras das ruas da maior parte do mundo e nas fezes de homens e animais; Só se multiplica em presença de um potencial de óxido-redução muito mais baixo que o existente em tecidos normais; A queda do potencial de óxido redução ocorre devido a alterações locais após laceração, fratura exposta, feridas por arma de fogo, úlceras varicosas, extrações dentárias, queimaduras, etc; Uma vez iniciada a multiplicação do bacilo na ferida, ele não tem capacidade invasora e produz a doença pela elaboração da toxina TETANOPASMINA; A toxina atua no sistema nervoso central, bloqueia os neurotransmissores inibitórios, resultando em atividade excitatória não regulada (paralisia espástica) que são espasmos prolongados (riso sardônico), convulsões, hipereflexia, etc
A fixação da toxina ao sistema nervoso é irreversível e, uma vez fixada, não é mais neutralizada pela antitoxina •O período de incubação varia, mas a duração média da maioria dos casos está entre seis e quinze dias •A morte resulta da incapacidade de respirar • O tratamento é feito pela administração de soro antitetânico ou de imunoglobulina antitetânica humana, desbridamento e remoção cirúrgica do tecido necrosado e administração de penicilina e cloranfenicol • O soro visa neutralizar a toxina não fixada ao sistema nervoso, e o antibiótico, visa eliminar sua fonte de produção ( a bactéria)
SORO ANTI-TETÂNICO • A produção do soro é feita geralmente através da hiperimunização de cavalos. • No caso do soro antiofídico, é extraído o veneno do animal peçonhento e inoculado em um cavalo para que seu organismo produza os anticorpos específicos para aquela toxina.
O Instituto Butantan é responsável por 80% dos soros e vacinas utilizados hoje no Brasil.
O controle do tétano é feito pela vacinação com o toxóide tetânico, sendo recomendada a administração de doses de reforço de dez em dez anos
Hipersensibilidade por Imunecomplexos ( Tipo III): A administraçao de doses de reforço da vacina tetânica em período inferior a 10 anos, pode desencadear hipersensibilidade por imunocomplexos. 
Hipersensibilidade mediada por imunocomplexos. 1.Os imunocomplexos são depositados na membrana basal da parede de um vaso sangüíneo, onde 2 ativam o complemento e atraem células inflamatórias como os neutrófilos. 3. liberam enzimas enquanto reagem com os imunicomplexos, resultando em danos às células tissulares
A hipersensibilidade ocorre quando os complexos antígeno-anticorpo persistem ou são continuamente formados Exemplo: reação de Arthus
III. Clostridium botulinum • São conhecidos sete tipos toxigênicos diferentes denominados A,B,C,D,E,F e G • Os tipos A,B,E e F são a principal causa de botulismo humano e os tipos C e D estão associados a botulismo de aves e mamíferos
Seus esporos são altamente resistentes ao calor, suportando 100º C durante, pelo menos, 3-5 horas As toxinas são destruídas pelo aquecimento a 100º C durante 10- 20 minutos
Mecanismo de ação da toxina botulínica: As toxinas atuam no SNC, bloqueiam a liberação de acetilcolina, levando à paralisia flácida *Acetilcolina: responsável pela contraçao muscular
Necessário anti-toxina bolutínica . Antibióticos nem sempre têm boa ação
A forma clássica de botulismo ocorre por intoxicação alimentar em conseqüência da ingestão da toxina pré-formada no alimento contaminado.
TIPOS DE BOTULISMO •BOTULISMO ALIMENTAR Ocorre por ingestão de toxinas em alimentos contaminados e que foram produzidos ou conservados de maneira inadequada. Os alimentos mais comumente envolvidos são: • Conservas vegetais, principalmente as artesanais (palmito, picles, pequi); • Produtos cárneos cozidos, curados e defumados de forma artesanal (salsicha presunto, carne frita conservada em gordura – “carne de lata”); • Pescados defumados, salgados e fermentados; • Queijos e pasta de queijos e, raramente, em alimentos enlatados industrializados.
BOTULISMO POR FERIMENTOS Uma das formas mais raras, o botulismo por ferimentos é causado pela contaminação de ferimentos com o esporo do C. botulinum. As principais portas de entrada para os esporos são úlceras crônicas com tecido necrótico, esmagamento de membros, ferimentos em áreas profundas mal vascularizadas ou, ainda, aqueles produzidos por agulhas em usuários de drogas injetáveis e lesões nasais ou sinusais, em usuários de drogas inalatórias.
BOTULISMO INTESTINAL Os esporos contidos em alimentos contaminados se fixam e multiplicam no intestino, onde ocorre a produção e absorção de toxina. Em adultos, são descritos alguns fatores de risco, como cirurgias intestinais, Doença de Crohn e/ou uso de antibióticos por tempo prolongado, que levaria à alteração da flora intestinal.
BOTULISMO INFANTIL • Este botulismo é do tipo intestinal • 5% de mortes súbitas de crianças abaixo de 1 ano de idade ocorrem por causa da ingestão de Clostridium botulinum em mel • O sistema gastrintestinal de crianças maiores e de adultos elimina tal bactéria com facilidade
SINTOMAS •A doença se manifesta por náusea, embaçamento visual, tonturas, ressecamento doloroso da orofaringe e dor abdominal. •Não há febre. Com a fraqueza descendente dos músculos periféricos pode sobrevir a paralisia respiratória com espantosa rapidez e levar o paciente à morte (60%) •Os sintomas, em geral, iniciam-se 12 a 36 horas após a ingestão da toxina, embora existam relatos de horas e dias.
O QUE É O BOTOX? • A toxina botulínica popularmente conhecida como BOTOX é uma toxina produzida por uma bactéria chamada Clostridium botulinum. • É a mesma bactéria causadora da doença botulismo, mas a toxina botulínica industrializada é purificada e usada em doses que não causama doença. A toxina é aplicada no músculo e provoca o relaxamento da região. Aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 1992 • A toxina botulínica age como um bloqueador neuromuscular, ou seja, bloqueando a transmissão de estímulos dos neurônios para os músculos, impedindo, parcial ou totalmente, a contração muscular. • Esse bloqueio apesar de ser irreversível, é temporário, pois o organismo trata de construir novas vias de transmissão depois de algum tempo.
USO TERAPÊUTICO DO BOTOX • No tratamento de bexiga hiperativa • Espasmo hemifacial • Hiperidrose • Enxaqueca • Estrabismo • Bruxismo
IV. Clostridium perfringens • É um bacio grande, bastante espesso •Imóvel •Tem labilidade quanto ao Gram (Gram lábil). •A esporulação não é frequente •No agar sangue produz duas hemolisinas, resultando numa dupla zona de hemólise. A primeira beta e a segunda alfa. •Produz treze toxinas que conferem ao microrganismo alto poder patogênico. •Pode causar: Intoxicação alimentar • Gangrena gasosa • Infecções intra-abdominais, cutâneas e do tecido celular subcutâneo
 
Intoxicação alimentar: • É resultante da ação da enterotoxina • A doença ocorre devido à ingestão de carnes contaminadas com grandes quantidades de bactérias (108-9 bactérias) (vaca, porco, frango), carnes estas mal cozidas com germinação e proliferação vegetativa durante o resfriamento e reaquecimento moderado. • A duração média da diarréia é de 2 a 3 dias
Gangrena gasosa •Tem início pela contaminação de um ferimento traumático ou cirúrgico •O exame do músculo revela destruição tissular com presença de gás devido à ação metabólica intensa de bactéria •A destruição tissular e a toxemia são causadas pelas diferentes toxinas produzidas pelo C. perfringens , as quais incluem proteases, colagenases e lípases
O tratamento da gangrena inclui a remoção cirúrgica dos tecidos necrosados, utilização de antibióticos, antitoxinas e oxigênio hiperbárico (Oxigenoterapia hiperbárica é uma modalidade terapêutica que consiste na oferta de oxigênio puro em um ambiente pressurizado a um nível acima da pressão atmosférica entre 2 e 3 atmosferas)
5. Outros anaeróbios de Interesse Médico • Bacteróides fragilis • Fusobacterium nucleatum • Propionibacterium acne • Actinomyces • Peptostreptococcus
Bacteróides fragilis
Fusobacterium nucleatum • Coloração de Gram
 
Propionibacterium acnes Actinomyces israelli
 
Peptostreptococcus
Diagnóstico Laboratorial • Coleta e transporte do material clínico Método de coleta com cuidados para o material não entrar em contato com o oxigênio – Pulmonar → Punção transtraqueal percutânea e punção direta do pulmão. – Trato urinário → Punção supra-púbica percutânea da bexiga. – Abscessos → Punção com seringas e agulhas em abscessos fechados.
Dados Bacteriológicos Sugestivos de Infecção por Anaeróbios • Morfologia característica (Gram). • Ausência de crescimento em aerobiose, • dos micro-organismos observados na coloração de Gram. • Crescimento quando semeado em câmara de anaerobiose • Odor fétido no material e/ou na cultura. • Colônias características em placas incubadas em anaerobiose em jarra de Gaspak, com envelope gerador de anaerobiose.

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