Buscar

FONÉTICA E FONOLOGIA DA LIBRAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
Disciplina: Fonética e fonologia da Libras 
Autor: M.e Andréia Alves Correa 
Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Designer Instrucional: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Revisão Ortográfica: Esp. Lucimara Ota Eshima 
Ano: 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Andréia Alves Correa 
 
 
 
 
 
Fonética e fonologia da Libras 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.r Eduardo Soncini Miranda / 
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Designer Instrucional 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Revisão Ortográfica 
Lucimara Ota Eshima 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
CORREA, Andréia Alves. 
Fonética e fonologia da Libras / Andréia Alves Correa. – Curitiba: Faculdade 
UNINA, 2020. 
54 p. 
ISBN: 978-65-87972-58-9 
1. Fonética. 2. Fonologia. 3. Libras. 
Material didático da disciplina de Fonética e fonologia da Libras – Faculdade 
UNINA, 2020. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 06 
Aula 1 – Fonética e fonologia .................................................................... 08 
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 08 
 1.1 Estudos dos sons da fala ............................................................... 08 
 1.2 Fonética ........................................................................................ 09 
 1.3 O aparelho fonador ....................................................................... 12 
 1.4 Fonologia ...................................................................................... 14 
Conclusão da aula 1 .................................................................................. 17 
Aula 2 – Fonética articulatória e as transcrições da fala ............................. 17 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 17 
 2.1 Fonética articulatória ..................................................................... 18 
 2.2 A produção da fala ........................................................................ 21 
 2.3 Transcrições da fala ...................................................................... 23 
 2.3.1 Transcrição fonética ................................................................... 24 
 2.3.2 Transcrição fonológica ............................................................... 26 
Conclusão da aula 2 .................................................................................. 27 
Aula 3 – Processos fonológicos e dialetógicos e teorias e métodos de 
análise fonológica ...................................................................................... 
 
 28 
Apresentação da aula 3 ............................................................................ 28 
 3.1 Processos fonológicos .................................................................. 28 
 3.2 Natureza dos processos fonológicos ............................................ 30 
 3.3 Tipos de processos fonológicos ................................................... 31 
 3.4 Teorias e métodos da análise fonológica ...................................... 35 
Conclusão da aula 3 .................................................................................. 38 
Aula 4 – Modelos fonético-fonológicos para descrição de línguas de sinais 39 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 39 
 4.1 Aspectos linguísticos e culturais da Língua Brasileira de Sinais 
(LIBRAS) ................................................................................................... 
 
39 
 4.2 Organização fonológica das línguas de sinais ............................... 43 
 4.3 Variação linguística na Libras ....................................................... 47 
Conclusão da aula 4 .................................................................................. 49 
Conclusão da disciplina ............................................................................. 50 
 
 
6 
 
Índice Remissivo ........................................................................................ 51 
Referências ............................................................................................... 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
 
 Nesta disciplina de Fonética e fonologia da Libras serão evidenciadas as 
principais características e conceitos referentes aos sons da fala. Serão 
abordados conceitos e definições referentes à fonética, à fonologia e à fonética 
articulatória. 
Também serão apresentados elementos que irão discutir questões 
referentes às transcrições fonéticas e fonologia, bem como os processos 
fonológicos e dialetógicos. 
Serão também apresentadas nesta disciplina as teorias e métodos que 
são utilizados para a realização das análises fonológicas. 
E, finalmente, a última aula será destinada à apresentação dos modelos 
fonéticos-fonológicos para a descrição de línguas de sinais e um pouco sobre 
questões referentes à variação linguística na língua de sinais. 
Convido, portanto, você, aluno, a prestigiar o material produzido e ampliar 
seus conhecimentos sobre o assunto e, que tal produção preparada para você, 
possa contribuir para a ampliação e construção de novos conhecimentos na 
área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Aula 1 – Fonética e fonologia 
 
Apresentação da aula 1 
 
Olá! Seja bem-vindo à primeira aula da disciplina Fonética e Fonologia 
da Libras. Nela você conhecerá a definição de fonética e fonologia, bem como o 
objeto de estudo que ambas as áreas do conhecimento dividem, porém, com 
objetivos distintos e específicos. 
A aula de Fonéticae Fonologia apresentará inicialmente conceitos e 
significados sobre os temas. Inicialmente serão apresentados elementos 
referentes à fonética e o seu objeto de estudo, a fala humana. 
Na sequência, serão apresentados os conceitos referentes à fonologia e 
as especificidades que estão associadas a esta área do conhecimento. 
E, finalmente, a aula apresentará a relação existente entre a fonética e a 
fonologia e os motivos para ambas as áreas serem estudadas em conjunto. 
 
1.1 Estudos dos sons da fala 
 
A comunicação entre as pessoas está presente na História desde os 
seus primórdios e se configura como uma das grandes responsáveis pela 
evolução da humanidade. 
 
 
Comunicação 
Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-uma-mulher-pensativa_6782006.ht 
m#page=4&query=Comunica%C3%A7%C3%A3o&position=43 
https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-uma-mulher-pensativa_6782006.htm#page=4&query=Comunica%C3%A7%C3%A3o&position=43
https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-uma-mulher-pensativa_6782006.htm#page=4&query=Comunica%C3%A7%C3%A3o&position=43
 
 
9 
 
Diferentes maneiras de realizar os processos de comunicação foram 
criadas e desenvolvidas pelo homem ao longo da história nas diferentes 
sociedades, o que permitiu que pudéssemos chegar à comunicação como a 
temos atualmente. 
O objetivo nessa aula não é conhecer todas as formas de comunicação 
utilizadas pelo homem, mas conhecer e entender uma forma específica de 
comunicação e comum a todos os seres humanos, a fala. Independentemente 
de qualquer situação econômica, social e política, a fala é comum a quase todos 
os seres humanos e é a partir dela que a comunicação oral entre as pessoas 
ocorre. Bizello e Oliveira (2019) mostram que é por meio da materialização da 
fala que “ocorre a comunicação oral e a transmissão de significados dentro de 
uma comunidade que compartilha o mesmo sistema linguístico” (BIZELLO e 
OLIVEIRA, 2019, p. 13). 
No momento em que falamos produzimos sequências sonoras com 
sentido e com um objetivo para que elas possam ser ouvidas e interpretadas por 
outras pessoas que serão os ouvintes. Esse processo ocorre de uma maneira 
tão natural que não nos damos conta de que ele é carregado de significados 
específicos que não fazem parte do conhecimento da grande maioria das 
pessoas. Bizello e Oliveira (2019) afirmam que a fala é muito mais do que uma 
simples sequência de sons audíveis e nela existem propriedades específicas e 
intrínsecas que nos permitem “analisá-los, classificá-los e organizá-los de acordo 
com a sua função nas línguas” (BIZELLO e OLIVEIRA, 2019, p.13). 
Com relação ao estudo da fala e das propriedades que estão atribuídas 
aos sons nas línguas, a área da linguística que se ocupa dessa tarefa é a fonética 
e a fonologia. Conheceremos a seguir algumas especificidades de ambas as 
vertentes da área da linguística. 
 
1.2 Fonética 
 
O termo fonética, etimologicamente, tem origem no grego “phonetikós” e 
quer dizer “conhecimento dos sons”. O ambiente em que vivemos produz 
diferentes tipos de sons em diferentes situações, mas a fonética não irá estudar 
qualquer tipo de som, na verdade, estudará tipos específicos de sons, todos 
aqueles produzidos pela fala humana. 
 
 
10 
 
A fonética é uma área que estabelece diálogos com diferentes áreas 
científicas e com objetivos diversos como irá mostrar a tabela abaixo: 
 
A diversidade de estudos da fonética 
ÁREA DO 
CONHECIMENTO 
OBJETO DE ESTUDO 
Música Investigar as semelhanças e diferenças entre os sons 
produzidos por meio da fala e aqueles produzidos 
pelo canto. 
Medicina Investigar as patologias que estão associadas à fala. 
Psicologia Investigar a aquisição dos sons pelas crianças. 
Engenharia Elaborar sistemas de conversão texto-fala, isto é, 
sistemas de síntese de fala, além de sistemas de 
reconhecimento automático de fala. 
Direito Identificar quem são os falantes e o que constitui uma 
área denominada fonética forense. 
Linguística Investigar os sons da fala e, em especial, os sons que 
estruturam as várias línguas do mundo. 
Fonte: Silva (2007). 
 
Apesar de a fonética dialogar com diferentes áreas do conhecimento 
científico, neste trabalho dedicaremos os estudos para uma área específica: a 
Linguística. A fonética é uma das vertentes da Linguística que se ocupa do 
estudo da descrição dos fatos físicos que caracterizam linguisticamente os sons 
da fala (Cagliari, 2002), em outras palavras, a fonética é responsável por 
descrever o que acontece com o som quando uma pessoa fala. 
Silva (2007) diz também que a fonética tem um objetivo bem específico 
que é o de “investigar os sons da fala e, em especial, os sons que estruturam as 
várias línguas do mundo”. Por esse motivo, é responsável por estudar todos os 
sons possíveis de serem produzidos pelo aparelho fonador humano e tais 
estudos realizados fornecem as informações que são necessárias para a 
realização das descrições fonológicas. Tais descrições irão analisar a maneira 
como os sons são produzidos por seus locutores, a maneira como são 
 
 
11 
 
percebidos pelos ouvintes e irá analisar os aspectos físicos que estão envolvidos 
na sua realização. 
Ao exemplificar a forma descritiva como a fonética se configura, Cagliari 
(2002) mostra que um som ao ser produzido por um falante: 
 
articula-se com uma corrente de ar pulmonar, egressiva, com 
uma fonação sonora, com uma obstrução fricativa à corrente de 
ar, formada pela aproximação dos lábios levemente protusos, 
como no caso do som [ß].(CAGLIARI, 2002, p.17) 
 
Vocabula rio 
 
Protusos: que foi alvo de protusão; que foi deslocado para 
frente em relação ao considerado normal. 
 
 
A descrição de um som pode ser realizada em algumas situações em 
termos acústicos. Em outras situações, a descrição do som serve para descrever 
a variação da melodia da fala ou ainda, para mostrar a intensidade do som 
acústico ou mesmo a duração de determinados segmentos do som da fala 
(Cagliari, 2002). 
As avaliações de todos esses aspectos mencionados dos sons da fala 
dependem, como afirma Cagliari (2002), da maneira como a percepção da fala 
é realizada. Toda a percepção física dos sons de um locutor que realizada deve 
receber uma interpretação em função das possibilidades articulatórias e 
auditivas do homem, ou seja, aquilo que é capaz de fazer com a sua voz. 
A fonética, conforme Lima (2011), Silva (2007) e Borba (2007) estuda os 
sons da fala a partir de três aspectos: 
 
a) Articulatória: estuda os sons da fala a partir do ponto de vista 
fisiológico, ou seja, estuda a produção dos sons pelo aparelho 
fonador humano e realiza a sua descrição e classificação. 
 
 
12 
 
b) Acústica: estuda as propriedades físicas dos sons (altura e 
intensidade), ou seja, como os sons da fala chegam até ao aparelho 
auditivo. 
c) Perceptiva: centraliza seus estudos na percepção dos sons pelo 
aparelho auditivo humano. 
 
Mas não apenas isso, Silva (2007) mostra também que a fonética estuda 
as caracterizações acústicas (interpretação dos sons) e articulatórias e as 
investigações que estão relacionadas com a maneira como os ouvintes 
percebem os sons que são produzidos pelos falantes da sua língua. 
Estes estudos representam o ponto de partida para que, a partir dos 
estudos realizados pela área da fonética, seja possível encontrar respostas 
coerentes e corretas sobre as questões apresentadas no quadro abaixo: 
 
Questões sobre fonética 
a) Que sons constituem o inventário fônico de uma determinada língua; 
b) Que características são comuns a alguns desses sons e, portanto, 
possibilitam seu agrupamento em uma mesma classe; 
c) Como e por que alguns sons de uma dada língua têm algumas de suas 
características alteradas em função do ambiente em que ocorrem? 
d) Quais são os aspectos dos sons necessários para se atribuir um 
significado ao que está sendo dito? 
Fonte: Silva (2007). 
 
Até essemomento, a intenção é apresentar apenas alguns conceitos 
gerais sobre a fonética. A seguir, serão apresentados também conceitos 
específicos sobre a fonologia e, na sequência, a relação entre as duas áreas. 
 
1.3 O aparelho fonador 
 
Para o processo de produção da fala e de qualquer outro tipo de som 
utilizamos o aparelho fonador que é formado por um conjunto de órgãos 
envolvidos na produção dos sons da fala. 
 
 
13 
 
No momento em que falamos alguma palavra ou, então, emitimos algum 
tipo de som, Ferreira (2013) diz que colocamos em funcionamento uma série de 
órgãos como os pulmões, a laringe, a faringe, as cavidades bucal e nasal em 
que o ar entra em nosso organismo e por onde o ar é expelido. Nesse processo, 
são ativados ao mesmo tempo três tipos de sistemas do corpo humano, 
compostos por vários órgãos. São eles: o sistema respiratório, o sistema 
fonatório e o sistema articulatório (Moraes, 2015). 
A imagem abaixo traz uma ilustração do aparelho fonador e dos órgãos 
que o compõem: 
 
 
Aparelho fonador 
Fonte: https://prezi.com/8gzqmmzppsaj/o-aparelho-fonador/?frame=0d48016fc334c6ec 
2efec00a2f0728ddb25b7af8 
 
Os órgãos que fazem parte do sistema fonador funcionam de maneira 
ordenada e conjunta, mas, como mostra Ferreira (2013), é importante sabermos 
que tais órgãos não têm como função primária e específica a produção da fala, 
entretanto desempenham outras funções no organismo e a fala, então, se 
constitui como uma função secundária. 
 
 
14 
 
A ilustração acima traz a representação do aparelho fonador dividido em 
três partes que serão apresentadas na tabela abaixo com base nas descrições 
de Ferreira (2013). 
 
Composição do aparelho fonador 
 
 
Sistema respiratório 
É composto pelos pulmões, músculos pulmonares, 
brônquios e pela traqueia. Tem como função a 
produção da respiração propiciando a troca de 
gases necessária à nossa sobrevivência e fornecer 
a corrente de ar necessária para a produção dos 
sons da fala. 
 
 
Sistema fonatório 
Constituído pela laringe, órgão situado na parte 
superior da traqueia, que faz a comunicação entre 
ela e a faringe, permitindo a passagem do fluxo de 
ar. 
 
Sistema articulatório 
Constituído pelas três cavidades situadas acima 
da laringe, portanto, acima da glote, por onde flui a 
corrente de ar em direção à saída do aparelho 
fonador. 
Fonte: Ferreira (2013). 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
É importante a ampliação dos estudos sobre a produção dos 
sons pela fala humana. Para complementação desse tema, 
indica-se que faça a consulta sobre o assunto no material 
produzido por Demerval da Hora Oliveira Fonética e 
Fonologia, pois ele traz uma descrição sobre a produção dos 
sons e outros assuntos que podem complementar seus 
estudos. 
Acesse o link abaixo: http://biblioteca.virtual.ufpb.br/files/fonatica 
_e_fonologia_1360068796.pdf 
 
1.4 Fonologia 
 
 Fonética e fonologia dividem o mesmo objeto de investigação: o som. 
Mas, embora compartilhem desse mesmo objeto de estudo, o objetivo de ambas 
 
 
15 
 
as áreas é distinto. A fonética se dedica à descrição dos sons e a fonologia à 
interpretação deles. 
 Cagliari (2002) mostra que em um processo de análise de sons, a fonética 
irá se ocupar em analisar os processos de percepção e de produção dos sons 
por parte dos falantes e dos ouvintes. Já a fonologia irá se ocupar em analisar 
os sons produzidos dentro de uma língua, ou seja, “na função linguística que 
eles desempenham nos sistemas de sons das línguas” (CAGLIARI, 2002, p. 18). 
 A fonologia, a partir da análise realizada por Cagliari (2002), almeja a 
descrição da organização sistemática global dos sons da língua do falante. Por 
exemplo, a vogal “a” pode ser pronunciada com o som /a/ ou /ã/ e esta diferença 
serve para distinguir o significado de certas palavras da língua. Por exemplo, a 
vogal “a” é utilizada na escrita das palavras “camada” e “cama”, na primeira 
sílaba de ambas as palavras é utilizada a mesma vogal, mas com sons diferentes 
e com significados diferentes. 
 Sobre este fato, Cagliari (2002) fala que “reconhecer que as ocorrências 
fonéticas dessas vogais são idênticas é tarefa da fonética. Interpretar seu valor 
dentro de um sistema da língua é tarefa da fonologia” (CAGLIARI, 2002, p.19). 
Por esse motivo, fonética e fonologia precisam ter métodos e técnicas de análise 
diferentes, pois enquanto a primeira identificará o som, a segunda irá interpretá-
lo e explicá-lo conforme a língua em que se encontra. 
Para que ocorra uma análise fonológica, é necessário, primeiramente, 
que ocorra uma análise fonética, pois a fonologia pressupõe a fonética, ou seja, 
vem após a sua realização. Sobre o estudo de ambas as áreas, Cagliari (2002) 
aconselha que o mesmo deva ser realizado em conjunto, pois o estudo de uma 
ou de outra área apenas não é o indicado, pois “a fonética sozinha pode se 
perder em coisas inúteis” (CAGLIARI, 2002, p. 19). 
Já, a fonologia que é estudada separadamente da fonética, conforme 
Cagliari (2002): 
 
começa a inventar uma língua que existe apenas para contentar o 
modelo teórico. Esse entrosamento entre fonética e fonologia 
representa a exigência de adequação da interpretação gerada pelos 
modelos teóricos com os fatos da língua (CAGLIARI, 2002, p.19). 
 
 
 
16 
 
 Silva (2007) relata que a fonética tem interesse por todos os sons 
produzidos pela fala humana para poder fazer a sua descrição. A fonologia, ao 
contrário, tem interesse apenas por aqueles sons que permitem a comunicação, 
ou seja, que permitem que o som veicule uma mensagem do falante para o 
ouvinte. 
 Para exemplificar tal função comunicativa atribuída ao som, Silva (2007) 
mostra que na Língua Portuguesa: 
 
dizemos que /p/ tem função comunicativa porque, o fato de ser sonoro 
o distingue de /b/, de onde resulta que uma palavra como “pato” veicula 
uma informação distinta de uma palavra como “bato”. O fato de ser 
bilabial faz com que /p/ difra de /t/ e, por isso, uma palavra como “pato” 
veicula uma informação diferente da palavra “tato” (SILVA, 2007, p. 
80). 
 
 
No processo de análise do som, a fonologia opera com a função de 
organização dos sons de um sistema, ou seja, realiza uma análise da forma 
como esses sons podem se combinar nas palavras e quais as combinações de 
sons são evitadas pela estrutura interna da língua. Com essa característica, 
Bizello e Oliveira (2019) mostram que a fonologia “é uma ciência explicativa e 
interpretativa orientada para a análise da função linguística dos sons nos 
sistemas” (BIZELLO e OLIVEIRA, 2019, p.14). 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
 
Leia a obra Fonética e Fonologia da Língua 
Portuguesa, escrita por Aline Bizello e Julio 
Cesar Cavalcanti de Oliveira. Esta obra tem 
como objetivo realizar uma análise 
histórica, conceitual e didática de um ramo 
da linguística responsável pela descrição 
dos sons de uma língua: no campo das 
propriedades físicas (articulatórias 
acústicas e perceptivas). 
 
 
Após a apresentação dos conceitos referentes à fonética e à fonologia 
foi possível perceber a importância que elas têm e a necessidade da realização 
do estudo de ambas as áreas de maneira conjunta, para que a compreensão dos 
fatos possa ser realizada corretamente. 
 
 
17 
 
 
Conclusão da aula 1 
 
 Nesta aula abordaram-se os principais temas referentes à fonética e à 
fonologia. 
Inicialmente foram apresentadas considerações sobre o objeto de estudo 
de ambas as áreas. Em seguida, foram apresentados os conceitos referentes à 
fonologia e às especificidades que estão associadas a esta área do 
conhecimento. Dentro deste assunto, também foram feitas caracterizações 
sobre o aparelho fonador humano responsável pela produção dos sons. 
Na sequência, foram apresentados conceitos referentes ao objeto de 
estudo da fonologia e as questões que a diferenciam da fonética. 
E, finalmente, de maneira breve,foram apresentados os motivos que 
levam o pesquisador a estudar fonética e fonologia juntas, pois elas se 
complementam. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Para consolidar seus estudos sobre o tema fonética e 
fonologia, solicita-se que seja realizada uma nova leitura sobre 
os assuntos abordados na aula e, então, seja produzido um 
esquema com as principais características que estão 
associadas a ambas as áreas do conhecimento. 
 
 
 
Aula 2 – Fonética articulatória e as transcrições da fala 
 
Apresentação da aula 2 
 
Olá! Seja bem-vindo à segunda aula da disciplina de Fonética e 
Fonologia da Libras. Nela você conhecerá elementos importantes associados à 
fonética articulatória, à produção dos sons e às transcrições fonéticas e 
fonológicas da língua. 
 
 
18 
 
Entendendo a necessidade de ampliar os estudos sobre os processos 
de produção, análise e interpretação dos sons da fala humana, esta segunda 
aula tem como objetivo identificar os mecanismos que estão envolvidos na 
produção da fala. 
Inicialmente serão apresentados conceitos gerais referentes à fonética 
articulatória e o seu objeto de estudo. Nesse item, também será realizada a 
apresentação dos órgãos da articulação que são responsáveis pela produção 
dos sons no corpo humano. 
Ainda sobre o processo de produção de sons, será apresentada a 
maneira como a voz é produzida pelo corpo humano, desde a etapa que vai do 
pensamento até o momento em que será pronunciada pelo falante. 
Na sequência, serão apresentados alguns conceitos sobre a transcrição 
da fala, sendo apresentados conceitos referentes à transcrição fonética e à 
transcrição fonológica. 
 
2.1 Fonética articulatória 
 
Antes de iniciarmos os estudos para entendermos os conceitos que estão 
associados à fonética articulatória, convém relembrarmos o conceito 
apresentado a esse termo na aula anterior. 
A fonética articulatória é um dos campos de investigação da fonética que é 
responsável por estudar os sons da fala a partir do ponto de vista fisiológico, ou 
seja, estuda a produção dos sons pelo aparelho fonador humano e realiza a sua 
descrição e classificação. Estudar a fonética articulatória é estudar a maneira 
como a fala é produzida pelo organismo humano. 
A fonética articulatória é responsável por estudar os sons que o aparelho 
fonador é capaz de produzir. Borba (2007) relata que o aparelho fonador tem a 
capacidade de produzir cerca de cinco mil sons durante o processo de expiração 
do ar. 
 
 
 
19 
 
 
Produção da fala 
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/385409680600583501/ 
 
 
Para conhecer a fonética articulatória, é necessário conhecer também os 
órgãos que executam o processo de articulação dos sons e o processo de 
produção da fala, assuntos que serão apresentados nos itens a seguir dessa 
aula. 
Ví deo 
Assista ao vídeo Fisiologia da voz produzida pelo Instituto de 
Técnica Vocal CFV. Este vídeo apresentará detalhadamente o 
processo de formação da voz, bem como trará imagens sobre 
os órgãos que são responsáveis pela produção sonora. Acesse 
o link abaixo: 
https://www.youtube.com/watch?v=HlYVdqsiz90 
 
2.1 Os órgãos de articulação 
 
 O processo de produção da fala, conforme mostra Bizello e Oliveira 
(2019), envolve uma série de mecanismos e estruturas do corpo humano que se 
integram e interagem harmonicamente para possibilitar que a produção dos sons 
possa se efetivar. O som produzido nesse processo de integração e interação é, 
como relata Bizello e Oliveira (2019), o resultado: 
 
 
 
20 
 
final de um complexo processo, que envolve estruturas de diversas 
partes do corpo humano: pulmões, músculos respiratórios, traqueia, 
faringe, laringe, pregas vocais, língua, palato duro, palato mole, lábios 
e outras estruturas. (BIZELLO e OLIVEIRA, 2019, p.25) 
 
Os órgãos que são responsáveis pelo processo de articulação, conforme 
mostra Borba (2007), constituem três grupos distintos: 
 
a) Aparelho respiratório: que fornece a corrente de ar para a produção 
dos sons; 
b) Laringe: responsável por criar a energia sonora que é utilizada na 
fala; 
c) Cavidades supraglóticas (faringe, boca, fossas nasais): que 
trabalham como os ressoadores dos sons produzidos. 
 
 
Órgãos da produção da voz 
Fonte: https://www.gta.ufrj.br/grad/09_1/impvocal/propdosinal.htm 
 
Além desses órgãos mencionados, também é responsável pelo processo 
de produção da voz as cordas vocais ou pregas vocais, que são duas 
membranas constituídas de tecidos musculosos que vibram quando a corrente 
de ar que vem dos pulmões força a passagem, e assim produz um som. 
As cordas vocais estão localizadas na laringe e Borba (2007) diz que 
quanto mais longas e espessas elas forem mais lentas serão as suas vibrações 
e quanto mais curtas e delgadas forem a sua constituição, maior será a 
frequência das suas vibrações. 
 
 
21 
 
 
Cordas vocais 
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/665266176175643097/ 
 
O processo de abertura e fechamento das cordas vocais produz uma 
vibração em uma dada frequência e o resultado dessa vibração é o som da fala 
ou o processo de fonação. Sobre a produção dos sons pelas cordas vocais, 
Engelbert (2012) fala que: 
 
o som é inicialmente fraco, mas ganha força na passagem pela faringe, 
boca e cavidade nasal. Até o som sair pela cavidade bucal ou pela 
nasal, ele sofre modificações, causadas pelos articuladores do trato 
vocal (ENGELBERT, 2012. p.21). 
 
Engelbert (2012) fala que cordas vocais afastadas indicam que o ar 
passará livremente pela laringe e chegará até as cavidades nasal e oral, 
produzindo os sons desvozeados ou surdos. Cordas vocais aproximadas 
acabam impedindo a passagem do ar fazendo com que ele force essa passagem 
fazendo, então, com que as cordas vocais vibrem, produzindo assim um som 
vozeado ou sonoro. 
 
2.2 A produção da fala 
 
A fala tem significado, sentido, e um elemento produzido por quase todas 
as pessoas em todas as culturas. Não é um simples som produzido, como um 
bater palmas ou estalar de dedos, porque, se assim fosse caracterizado, não 
daríamos tanta importância para a sua produção e a ciência não destinaria seus 
 
 
22 
 
esforços para entendê-lo e conhecê-lo melhor. É, na verdade, o mecanismo 
utilizado para comunicação e interação entre as pessoas. 
Para exemplificar melhor o processo de produção da fala e facilitar a sua 
compreensão pelo leitor, utilizaremos a mesma analogia feita por Silva (2007) ao 
descrever tal processo. Silva (2007) compara o processo de produção de sons 
utilizando como exemplo um instrumento musical de sopro, no caso uma flauta. 
Um músico, ao soprar o orifício da flauta, emite correntes de ar que irão vibrar 
no interior do instrumento. De tempos em tempos, o músico promove a obstrução 
no orifício da flauta com os lábios e essa alternância de obstruir o ar e deixa-lo 
livre modula a corrente de ar no interior do tubo e, então, produz as ondas 
sonoras, por meio do qual o som da flauta se propaga. A corrente de ar se 
constitui como a fonte sonora no processo de produção do som da flauta. 
Mas, como essa analogia se configura? Como o som da flauta pode de 
fato ser comparado com a produção da fala? 
Silva (2007) mostra que o processo de fonação, que é o processo pelo 
qual a voz humana é produzida, é bastante semelhante à produção do som da 
flauta e, por isso, a comparação pode ser feita. Ao comparar ainda a fala com o 
som da flauta, Silva (2007) diz que a fonte sonora é a laringe, porque “é nela que 
se localizam as pregas vocais que, vibrando, produzirão os sons da fala.” (SILVA, 
2007, p.10). 
Deixando a analogia de lado, o que sabemos é que o processo de 
produção da fala tem características complexas porque desde a sua 
conceitualização até a sua exteriorização, ela passa por diferentes processos, 
como mostra Bizello e Oliveira (2019): 
 
à articulação, vai transformando representações abstratas (regras 
fonológicas) em níveisinferiores de abstração (associações fonéticas) 
até chegar aos comandos neuromotores e, em seguida, aos 
articuladores da fala. É a movimentação desses articuladores que 
modula o fluxo de ar, produzindo o som. (BIZELLO e OLIVEIRA, 2019, 
p.26) 
 
 
 
Quando falamos não nos damos conta da complexidade de produção 
desse processo e de todas as etapas que estão envolvidas nessa ação. A 
fonética articulatória nos explica que para falarmos precisamos utilizar várias 
partes do nosso corpo, como diz Engelbert (2012). 
 
 
23 
 
A fala nasce primeiramente no nosso pensamento, pois precisamos 
pensar no que vamos dizer. Depois, o cérebro começa a enviar estímulos para 
os músculos em diferentes partes do corpo, preparando-os para dizer aquilo que 
foi planejado. Após esse momento, o processo de fonação irá se configurar de 
fato durante o processo de expiração, como explica Silva (2007): 
 
A corrente do ar egresso dos pulmões [...] se propaga pela traqueia e, 
ao chegar à parte superior da mesma, na região da laringe, encontra 
um obstáculo à sua passagem – a glote, onde estão localizadas as 
pregas vocais (SILVA, 2007, p.10). 
 
Então, ao chegar à glote o ar exercerá uma pressão na sua cavidade 
inferior e irá empurrar as cordas vocais, que se localizam na parte superior da 
glote. As cordas vocais irão se afastar e o ar irá se propagar entre elas. Silva 
(2007) mostra que assim que o ar passar pelas cordas vocais, a pressão antes 
exercida irá diminuir e as cordas vocais se aproximarão novamente. 
Esse processo de produção da fala pode ser comparado ao 
funcionamento de uma máquina em que várias peças devem estar articuladas 
para que possam cumprir a sua função. 
 
2.3 Transcrições da fala 
 
A história mostra que a necessidade do homem em realizar o registro da 
palavra falada para torná-la permanente e conhecida por todos, fez com que ela 
fosse registrada. Tal registro iniciou com simples desenhos e rabiscos que 
evoluíram e se constituíram no sistema de escrita alfabética (letras) que hoje 
nossa sociedade utiliza. 
Pelo fato de conhecermos muito bem o nosso sistema de escrita, sabemos 
que ele não possui uma relação direta com todos os sons da fala, e que, em 
algumas situações, um som pode ser representado por diferentes códigos 
(letras). 
Um exemplo para essa situação bem simples é o caso da palavra “asa” e 
“reza”, o som inicial da segunda sílaba de ambas as palavras é o mesmo, porém 
ele é registrado com letras diferentes. 
Outra situação de representação de som que mostra que a 
correspondência do som com letra no sistema de escrita alfabética não é direta 
 
 
24 
 
é o caso de uma letra representar diferentes sons, dependendo da posição em 
que se encontram na palavra. Para exemplificar essa situação temos as palavras 
“sapato”, “casa” e “mês”, nos três exemplos, a consoante “s” representa três tipos 
de sons diferentes. 
Pelo fato desse processo de transcrição do sistema de escrita alfabética 
ser organizado com diferentes regras, ele não atendia as necessidades da 
fonética e da fonologia, que precisava descrever todos os sons da fala da 
maneira mais fiel possível, utilizando símbolos únicos e que fossem de 
conhecimento universal. Por esse motivo, foram criados alfabetos próprios para 
a realização das transcrições fonéticas e fonológicas, que serão apresentados 
na sequência. 
 
2.3.1 Transcrição fonética 
 
No momento em que falamos produzimos uma sequência de sons que 
pode ser dividida em palavras e sílabas até chegar a segmentos sonoros 
menores que a sílaba. Tais segmentos podem ser transcritos, ou seja, podem 
ser representados graficamente. 
A transcrição fonética é o processo de reprodução graficamente de todos 
os sons, sendo eles fonêmicos ou não, que são reproduzidos pela fala (LOPES, 
2007). Em um processo de transcrição fonética, o foneticista irá registrar todas 
as diferenças que forem perceptíveis e que possam chamar a atenção. 
Na transcrição fonética, cada segmento sonoro tem a sua representação 
gráfica e transcrever foneticamente é representar, por meio de símbolos escritos, 
todos os sons emitidos por um falante quando ele produz a sua fala. A 
transcrição fonética é a “transcrição da forma fônica do signo linguístico em um 
código de símbolos gráficos” (MORAES, 2015, p.31). 
O processo de realização da transcrição fonética é realizado pelos 
foneticistas que precisam escolher um sistema próprio de transcrição, ou seja, 
um alfabeto fonético. Tal alfabeto, como mostra Ferreira (2013), não apresenta 
ambiguidades e tem como objetivo permitir que os sons de qualquer língua 
humana possam ser compreendidos e reproduzidos. 
O alfabeto fonético, conforme Ferreira (2013), é organizado seguindo 
dois princípios fundamentais: 
 
 
25 
 
 
a) A representação do som não é baseada em características fonéticas 
de nenhuma língua, mas sim, nas possibilidades articulatórias do 
aparelho fonador; 
b) A relação entre o som e o símbolo é biunívoca, ou seja, uma relação 
direta de um para outro. 
 
Dentre os diversos sistemas de descrições fonéticas existentes, o que 
recebe maior credibilidade da ciência, segundo Moraes (2015), é o sistema 
produzido pela Associação Fonética Internacional, que elaborou o Alfabeto 
Fonético Internacional (AFI). Este alfabeto apresenta “uma notação padrão para 
a representação fonética de todas as línguas do mundo. A maior parte de suas 
letras originou-se do alfabeto romano, e algumas do grego.” (SEARA, NUNES, 
VOLCÃO, 2011, p.62). 
Saiba Mais 
É importante nesse momento consultar o Alfabeto Fonético 
Internacional (AFI) produzido pelos foneticistas para 
compreender a maneira como ele representa os elementos 
sonoros produzidos pelo falante. Consulte o alfabeto fonético 
no link abaixo: 
https://www.internationalphoneticassociation.org/content/ipa
-chart 
 
O Alfabeto Fonético Internacional é composto por 107 letras, 52 
diacríticas e 4 marcas de prosódia. Esse alfabeto foi organizado para que os 
sons possam ser representados da maneira como são pronunciados e não pode 
ser comparado ao alfabeto ortográfico, ao qual estamos mais acostumados. Tal 
comparação não é possível porque no alfabeto ortográfico a representação de 
um fonema pode ser feita por mais de uma letra, fato que não ocorre no alfabeto 
fonético. 
Moraes (2015) mostra que o Alfabeto Fonético Internacional é dividido 
em três categorias, como é representado na tabela abaixo: 
 
 
 
26 
 
Categoria do alfabeto fonético internacional 
LETRAS Que indicam os sons básicos (vogais e 
consoantes). 
DIACRÍTICOS Que especificam mais esses sons básicos. 
SUPRASSEGMENTAIS Que indicam categorias como velocidade, tom e 
acento tônico. 
Fonte: Moraes (2015) 
 
Para compreender melhor essas categorias acima mencionadas e a 
organização do Alfabeto Fonético Internacional, convém acessá-lo no endereço 
indicado. 
 
2.3.2 Transcrição fonológica 
 
A transcrição fonológica, diferente da fonética, reproduz graficamente 
somente os fonemas da língua, não levando em conta a diversidade de sons que 
realizam esses fonemas na fala (LOPES, 2007, p.117). 
O processo de transcrição fonológica deve ser realizado com o uso de 
barras transversais (/ /) e deve ser realizado seguindo os padrões convencionais 
da língua em que está sendo transcrita. Por exemplo, a língua portuguesa é 
organizada com normas pré-estabelecidas e próprias delas, no caso de um 
processo de transcrição fonológica, o foneticista deve seguir as regras dela. 
Moraes (2015) diz que em uma transcrição fonológica, somente os 
fonemas são descritos, diferente da transcrição fonética, que no processo de 
transcrição deve utilizar símbolos para descrever os elementos físicos, também 
presentes na fala como a velocidade. 
As transcrições fonológicas utilizam-se dos mesmos elementos também 
utilizados pelas transcrições fonéticas, ou seja, utiliza também os símbolos 
propostos pelo AlfabetoInternacional de Fonética. 
Conhecer e saber diferenciar os processos envolvidos nas transcrições 
da fala se faz necessário para os profissionais que dedicam seus estudos nessa 
área de conhecimento. 
 
 
 
27 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
 
Conclusão da aula 2 
 
Nesta aula abordaram-se os principais temas referentes à produção e 
transcrição dos sons da fala. 
Inicialmente foram apresentados os conceitos gerais referentes à fonética 
articulatória e o seu objeto de estudo, também nessa primeira etapa, foram 
apresentados os órgãos da articulação que são responsáveis pela produção dos 
sons no corpo humano. 
Na sequência, a aula deu ênfase à maneira como a voz é produzida pelo 
corpo humano, desde a etapa que vai do pensamento até o momento em que é 
pronunciada pelo falante e trouxe conhecimentos importantes sobre o tema. 
E, para finalizar a aula, foram apresentados alguns conceitos sobre a 
transcrição da fala, sendo apresentados conceitos referentes à transcrição 
fonética e à transcrição fonológica. 
Atividade de Aprendizagem 
Para finalizar esse assunto sobre a produção e a descrição da 
fala, faça uma leitura dos pontos principais da aula e escreva 
um texto dissertativo, apresentando a diferença de transcrição 
fonética e transcrição fonológica. É importante ampliar seus 
estudos sobre o tema, pois os conceitos apresentados na aula 
apenas indicam alguns pressupostos sobre o tema. 
O livro Para conhecer a 
fonética e fonologia do 
português brasileiro, escrito 
por Izabel Christine Seara, 
Vanessa Gonzaga Nunes e 
Cristiane Lazarroto Volcão, 
oferece um manual no qual 
as teorias e os termos 
técnicos são introduzidos por 
meio de exemplos da nossa 
língua. 
 
 
28 
 
Aula 3 – Processos fonológicos e dialetógicos e teorias e métodos de 
análise fonológica 
 
Apresentação da aula 3 
 
Olá! Seja bem-vindo a terceira aula da disciplina de Fonética e Fonologia 
da Libras. Nela você conhecerá elementos importantes associados aos 
processos fonológicos e dialetógicos e terá oportunidade de conhecer algumas 
teorias e métodos que são utilizados para a realização das análises fonológicas. 
A partir do momento em que a criança começa a estar em contato com 
outras pessoas falantes, ela aprenderá a executar tal processo. No início esse 
processo é um pouco confuso e com algumas inconsistências e, tais situações 
serão apresentadas quando estudarmos sobre os processos fonológicos que 
ocorrem no momento da fala. 
Então, a aula será iniciada com a apresentação e definição dos conceitos 
associados aos processos fonológicos e a sua classificação. 
Ainda sobre os processos fonológicos conheceremos alguns conceitos 
sobre os processos dialetógicos e poderemos compreender o momento em que 
os mesmos ocorrem na produção da fala. 
Fará parte também dessa aula, a apresentação de algumas teorias e 
métodos que compreendem o processo de análise fonológica. 
 
3.1 Processos fonológicos 
 
Aprender a falar é um processo natural que ocorre a partir do contato 
com outros falantes. A criança quando nasce já está em contato com pessoas 
falando e interagindo com ela a todo o momento, fato este que irá contribuir de 
maneira decisiva para o desenvolvimento e produção da sua fala. 
A partir do primeiro ano de vida a criança começa a exteriorizar as suas 
primeiras tentativas de produção de palavras na sua língua materna. Essas 
primeiras tentativas inicialmente estarão repletas de inconsistências fonológicas, 
algo que é natural e esperado para esse princípio de articulação de fonemas. 
 
 
 
29 
 
 
Aprendizagem 
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/happy-family-mother-child-
daughter-play-629490194 
 
Othero (2004) relata que nesse momento de produção as crianças têm 
os adultos como referência de produção e, a partir da observação e interação, 
“tentam adaptar a forma das palavras de maneira que consigam produzi-las o 
mais próximo possível da fala adulta” (OTHERO, 2004, p.1). Essa ação, como 
dito anteriormente, não é perfeita e apresenta muitos “erros” de pronúncia que 
acabam mostrando elementos significativos sobre as produções, tais como: 
 
a) As estratégias que a criança está utilizando para produzir 
determinados tipos de sons; 
b) A dificuldade que a criança está enfrentando para produzir outros 
tipos de sons; 
c) O nível de consciência fonológica da criança. 
 
No entanto, embora confusas ou com “erros” de pronúncia inicialmente, 
a fala produzida pela criança apresenta uma coerência sistemática e pode ser 
analisada pelos pesquisadores que podem prever: 
 
como ela irá tentar produzir uma [...] palavra da fala adulta e até mesmo 
avaliar como a criança está enfrentando a produção de determinados 
sons ou grupos de sons da fala adulta (OTHERO, 2004, p.2). 
 
Nesse momento então temos a teoria dos processos fonológicos que 
têm como objetivo estudar as operações mentais mais comuns presentes desde 
 
 
30 
 
o nascimento da criança e que acabam dificultando ou restringindo a produção 
de determinados sons. 
 Todas as crianças nascem com esses processos e eles acabam sendo 
eliminados ou suprimidos com o passar do tempo. A eliminação desses 
processos ocorrerá conforme o aprendizado das regras linguísticas por parte da 
criança e envolverá: 
 
a) O contexto linguístico ao qual a criança está exposta; 
b) A maturidade neuromuscular da criança; 
c) O processamento cognitivo linguístico; 
d) A estrutura biológica para a percepção, planejamento e produção 
orgânica. 
 
O período de maior produção dos processos fonológicos é na primeira 
infância, a partir de 12 meses de idade até aproximadamente 4 anos. Espera-se 
que todo o processo de formação do sistema fonológico, de uma criança com 
desenvolvimento típico, seja concluído por volta dos 5 aos 7 anos de idade, mas 
dependem de vários fatores para que isso ocorra como já mencionado. 
Convém, no entanto, conhecermos um pouco mais sobre a natureza dos 
processos fonológicos para melhor compreendê-los. 
 
3.2 Natureza dos processos fonológicos 
 
Os processos fonológicos originam-se, conforme mostra Othero (2004), 
a partir da dificuldade da criança em pronunciar um determinado som. É 
caracterizado como um processo mental que se aplica à fala para substituir um 
som que não seja possível ser pronunciado e serve para auxiliar a pronúncia 
dele. E, nesse processo de auxílio, Othero (2004) mostra que “um som com certa 
propriedade “difícil” [...] é substituído por algum outro que seja exatamente igual, 
mas desprovido dessa propriedade que o torna mais complexo para o pequeno 
falante” (OTHERO, 2004, p. 3). 
Os processos fonológicos são produzidos a partir então da dificuldade 
de pronúncia. Tal dificuldade pode surgir, por exemplo, para a criança pronunciar 
uma palavra com um encontro consonantal, por exemplo, com a palavra 
 
 
31 
 
“cabrita”. A pronúncia da consoante “r” não será uma tarefa das mais fáceis e a 
criança poderá suprimi-la no momento da pronúncia. Esse processo também 
poderá ocorrer com o encontro consonantal com a consoante “l” em que a 
criança também pode executar a tarefa de suprimir tal encontro ou então, 
substituir por outra consoante. 
 Não é apenas uma pronúncia equivocada que os processos fonológicos 
causam, na verdade, Moraes (2015) relata que as modificações sofridas no 
início, meio e fim de palavras são responsáveis também pelas mudanças 
linguísticas e podem alterar, acrescentar, eliminar ou inserir segmentos sonoros 
nas palavras e, algumas dessas alterações, “atuam sobre o nível fonológico da 
língua, outras afetam apenas o nível fonético, ocorrendo assistematicamente.” 
(MORAES, 2015, p.71). 
Abaixo conheceremos alguns tipos mais comuns de processos 
fonológicos. Não é possível conhecermos todos, pois eles podem variar de 8 a 
42 processos, mas conheceremos os mais produzidos. 
 
3.3 Tipos de processos fonológicos 
 
Pelagrande diversidade de processos fonológicos que são produzidos, 
diversos autores (Cagliari, 2002; Moraes, 2015; Silva, 2011; Othero, 2011) 
produziram trabalhos sobre os processos fonológicos e, nessa aula, adotar-se-á 
os tipos apresentados por Othero (2011). 
Segue abaixo a tabela com a apresentação de alguns processos 
fonológicos que foram divididos em dois grupos: os processos de estrutura 
silábica e os processos de substituição. 
 
Processos fonológicos 
Processos 
fonológicos 
Definição Exemplo 
 
 
 
 
Redução de encontro consonantal: 
redução de um encontro consonantal através 
do apagamento de uma consoante. 
“cobra” 
“coba” 
Apagamento de sílaba tônica: apagamento 
da sílaba não acentuada que pode ser antes 
“fósforo” 
 
 
32 
 
 
Processos de 
Estrutura 
Silábica 
ou após a sílaba tônica em palavras com 
mais de uma sílaba. 
“fósro” 
 
Apagamento de fricativa final: 
apagamento de /s/ no final da sílaba dentro 
da palavra. 
“estrela” 
“itela” 
Apagamento de líquida final: apagamento 
de consoante líquida em final de sílaba 
dentro da palavra. 
“martelo” 
“matelo” 
Apagamento de líquida intervocálica: 
apagamento de uma consoante líquida 
lateral que ocorre entre duas vogais 
“velinha” 
“veinha” 
Apagamento de líquida inicial: 
apagamento de uma consoante líquida no 
início da palavra 
“rabo” 
“abo” 
 
 
 
Processos de 
Substituição 
Desonorização da obstruinte: produção de 
plosivas, fricativas ou africadas. 
“zebra” 
“sepa” 
Anteriorização: substituição de uma 
consoante palatal ou velar por uma alveolar 
ou labial 
“cachorro” 
“casorru” 
Substituição de líquida: substituição de 
uma consoante líquida – lateral ou não- 
lateral – por outra líquida 
“armário” 
“amáliu” 
Semivocalização de líquida: substituição 
de uma consoante líquida – lateral ou não-
lateral – por uma semivogal 
“comer” 
“comei” 
Plosivização: substituição de uma 
consoante fricativa ou uma africada por uma 
consoante plosiva. 
“vaca” 
“baka” 
Posteriorização: substituição de uma 
consoante labiodental, dental ou alveolar por 
uma palato-alveolar ou velar. 
“tesoura” 
“tisora” 
Fonte: Othero (2011). 
 
3.2 Processos Dialetógicos 
 
 Nascemos em um mundo repleto de signos linguísticos que, a partir do 
momento em que conseguimos compreendê-los, passamos a utilizá-los em 
 
 
33 
 
nossas interações e na produção de nossa linguagem. A língua é um elemento 
de interação entre o indivíduo e a sociedade que, através das relações 
estabelecidas entre as pessoas, acaba influenciando e transformando a 
linguagem. 
 As relações que se estabelecem entre a sociedade e a língua acabam se 
tornando elementos de estudos para diversas áreas do conhecimento como a 
Sociolinguística e a Etnolinguística e também, em especial, para a área da 
dialetologia que, conforme Sanches e Carvalho (2020), ocupa-se em estudar as 
variações da língua em um determinado espaço geográfico. 
 Sanches e Carvalho (2020) relatam que a dialetologia é uma ciência que 
surgiu no final do século XIX com o objetivo de estudar os dialetos regionais, 
principalmente os rurais. É um ramo da linguística que identifica, descreve e situa 
os diferentes usos em que uma língua se diversifica conforme a sua distribuição 
espacial e sociocultural. 
Se pensarmos na língua portuguesa da maneira como a mesma é falada 
em todo território nacional, sabemos que apresenta diferentes variações 
regionais e dialetais, que são consideradas típicas para aquele determinado 
espaço e acabam até mesmo por caracterizá-lo. 
 No entanto, no momento do processo de realização da análise 
fonológica, tal regionalidade precisa ser considerada, pois questões dialetais 
estão presentes na fala das pessoas e podem modificar a produção de alguns 
sons. Cagliari (2002) diz que o falante “não é um ser isolado linguisticamente, 
sua fala revelará infalivelmente a maneira como a comunidade a qual pertence 
usa a língua portuguesa, pelo menos com relação à maioria dos fatos.” 
(CAGLIARI, 2002, p.112) 
Mas não é apenas a diferença da regionalidade que se faz presente na 
fala das pessoas, o fator idade também traz considerações importantes no 
momento de um processo de análise fonológica. Cagliari (2002) relata que o 
“Português é um somatório de muitos subsistemas linguísticos caracterizando as 
diferentes línguas, ou os dialetos, falares.” (CAGLIARI, 2002, p. 114). 
Sanches e Oliveira (2020) realizaram uma pesquisa investigativa no 
estado brasileiro do Amapá com alguns moradores com o objetivo de identificar 
os processos fonológicos de substituição ou transformação em alguns sons 
específicos produzidos. 
 
 
34 
 
Esta pesquisa foi realizada em 10 localidades do estado do Amapá e a 
pesquisa contou com 40 participantes. Para controlar as variáveis do estudo, a 
condição de participação na pesquisa era: a) ter nascido no município; b) ser 
filho de pais nascidos na região; c) não ter morado em outro estado ou região 
por mais de um terço de sua vida; d) ter nível de instrução escolar variando de 
analfabeto ao ensino fundamental completo; e) possuir boas condições de saúde 
e de fonação. 
Os itens selecionados para investigação fonética seguiram critérios 
previamente determinados e foram os seguintes: assobio, passagem, homem, 
clara, planta, placa, bicicleta, arroz, três, giz, caspa, paz, prateleira, caixa, 
tesoura, manteiga, peixe, ouvido, elefante, hóspede e muito. 
O resultado da pesquisa indicou os processos fonológicos que serão 
apresentados na tabela a seguir: 
 
Processos fonológicos 
Fenômenos Item fonético Nº de ocorrência 
Degeneração: troca do fonema /b/ 
pelo fonema /v/ 
Assobio - assovio 11 
Desnasalação: transformação de 
fonema nasal em um fonema oral 
Passagem – passagi 35 
Ditongação: transformação de uma 
vogal ou hiato em ditongo 
Arroz – arroiz 32 
Monotongação: transformação ou 
redução de um ditongo em uma 
vogal 
Prateleira – pratelera 26 
Metafonia: alteração do timbre ou da 
altura da vogal 
Elefante - elefanti 36 
Nasalação: troca de um fonema oral 
por um fonema nasal 
Muito - muintu 28 
Fonte: Sanches e Oliveira (2020). 
 
O estudo realizado pelas pesquisadoras mostrou que nas falas 
analisadas há presença de processos fonológicos na fala das pessoas dessa 
 
 
35 
 
região que caracterizam a regionalidade e as questões referentes ao dialeto da 
localidade. 
Saiba Mais 
Foram apresentados acima apenas alguns elementos da 
pesquisa realizada por Sanches e Oliveira (2020) que trata 
dos “Processos fonológicos por substituição ou 
transformação na fala de amapaenses: uma abordagem 
geossociolinguística”. Vale a pena consultar o estudo na 
íntegra, pois ele apresenta considerações importantes sobre 
os processos dialetógicos. Consulte o link abaixo: 
http://www.entrepalavras.ufc.br/revista/index.php/Revista/art
icle/view/1816. 
 
3.4 Teorias e métodos da análise fonológica 
 
O processo de análise fonológica é realizado com o objetivo de 
identificar, na produção dos sons da fala, alguns possíveis processos 
fonológicos. Para que seja possível a realização da análise dos sons, é 
necessário ter uma amostra deles para que tal tarefa possa ser realizada. 
Coletar e avaliar amostras de fala requer do avaliador um preparo e 
domínio sobre todas as etapas que deverão ser seguidas para que o trabalho 
possa ser realizado com precisão. Portanto, faz-se necessário que ele conheça 
os instrumentos de avaliação que serão utilizados, bem como os procedimentos 
que precisarão ser adotados para a coleta de dados. 
Lima (2011), ao relatar os procedimentos para a realização de uma 
avaliação fonológica, indica que ele deve estar organizado com as seguintes 
etapas: 
 
a) História do caso, no qual devem constar informações clínicas e 
sociofamiliares; 
b) Observação atenta durante a entrevista; 
c) Entrevista com familiares; 
d) Coleta de dados relativos ao contexto escolar; 
 
 
36 
 
e) Provas ouatividades que, de forma direta ou indireta, se orientam 
para a análise de padrões de realização linguística. 
 
A análise fonológica tem o objetivo de investigar a língua falada e 
identificar possíveis processos fonológicos existentes, mas ter o conhecimento 
sobre o todo investigado também se faz necessário. 
Para a realização da coleta dos dados fonológicos sugere-se que a 
entrevista seja gravada em vídeo para que análises detalhadas possam ser 
executadas. 
O processo de análise fonológica, ou seja, de avaliação sobre a maneira 
como os sons da fala são produzidos e as inconsistências que ele apresenta, 
exige do avaliador a escolha de um método adequado que possa lhe dar as 
informações necessárias. Lima (2011) sugere que alguns critérios sejam 
observados pelo avaliador no momento da escolha do modelo de referência para 
a realização da análise fonológica: 
 
a) O modelo deve permitir analisar não apenas os padrões de fala, mas 
também do conjunto de aptidões que traduzem o verdadeiro domínio 
da linguagem, as capacidades de competência linguística, cognitiva 
e interacional ou comunicativa; 
 
b) As modalidades auditivo-orais devem ser prioritariamente avaliadas; 
 
c) Deve ser em primeiro lugar, posta a hipótese de causalidade 
remetente para aspectos anatômicos e fisiológicos inerentes à 
atividade verbal; 
 
d) Devem ser estabelecidas relações entre o comportamento linguístico 
observável e o funcionamento interno ou dado de caráter cognitivo 
do sujeito como possíveis fatores determinantes. 
 
Na sequência, a tabela apresentará as etapas de análise fonológica com 
base nos estudos apresentados por Cagliari (2002), que orienta que as etapas 
sejam rigorosamente seguidas na ordem em que serão apresentadas. 
 
 
37 
 
Etapas de análise fonológica 
Etapas Procedimentos 
1 O corpus São os dados fonéticos da fala que devem ser coletados 
através da transcrição fonética detalhada e cuidadosa. 
Pode ser constituído de palavras (50 palavras), frases ou 
textos. 
2 Tabela 
fonética 
Realizar um levantamento de todas as palavras, frases 
ou textos falados e dispor os mesmos em forma de tabela 
fonética. 
3 Os pares 
suspeitos 
Com as informações na tabela fonética, identificam-se 
os pares de sons foneticamente semelhantes circulando-
os para posterior investigação. Alguns sons não serão 
circulados e precisarão ser analisados posteriormente 
por serem muito diferentes dos demais. 
4 Os pares 
mínimos 
Nessa etapa, procuram-se para cada par suspeito, os 
pares mínimos encontráveis no corpus. Todo par mínimo 
estabelece o valor de dois fonemas, os quais começam 
a formar outra tabela: Tabela dos Fonemas. 
5 Os ambientes 
análogos 
Para os casos suspeitos não resolvidos através de pares 
mínimos, recorre-se aos ambientes análogos, para 
verificar se são fonemas ou não. Este passo poderá ser 
realizado somente se os demais passos estiverem 
resolvidos. 
6 A distribuição 
complementar 
Verificar se ocorre ou não distribuição complementar e 
isso é possível através das tabelas especiais de 
ocorrências dos sons foneticamente semelhantes. 
7 Outros tipos 
de variações 
Comparar os dados do corpus, verificar se há outros 
tipos de variação nos sons 
8 Os sons 
restantes 
Verificar os sons que ficaram isolados na Tabela 
Fonética e que não participaram da discussão fonológica 
com outros sons. Se não houver motivos para duvidar, 
eles são fonemas independentes. 
9 O inventário 
de fonemas 
O inventário de Fonemas na Tabela de Fonemas estará 
completo e os processos fonológicos de distribuição dos 
fonemas já devem ser conhecidos. 
Fonte: Cagliari (2002). 
 
 
 
38 
 
Com a apresentação do modelo de análise fonológica elaborado por 
Cagliari (2002) percebemos a complexidade da realização do processo e a 
importância que tal análise tem para a identificação de possíveis processos 
fonológicos. Tal ação se faz importante a fim de que, se identificado o problema, 
o mesmo possa ser resolvido. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Para ampliar seu conhecimento sobre os processos de 
análise fonológica, indica-se a leitura do material produzido 
pela linguística Luiz Carlos Cagliari “Análise Fonológica: 
introdução a teoria e a prática, com especial destaque ao 
modelo fonêmico. 
Para isso, acesse o link abaixo: https://edisciplinas.usp.br/plugi 
nfile.php/3352068/mod_resource/content/1/Luiz%20Carlos%20C
agliari%20-%20An%C3%A1lise%20fonol%C3%B3gica.pdf 
 
Conclusão da aula 3 
 
Esta aula apresentou em seu contexto a definição dos conceitos 
associados aos processos fonológicos e um pouco de sua classificação. 
Ainda sobre os processos fonológicos tivemos a oportunidade de 
conhecer alguns conceitos sobre os processos dialetógicos e a influência que 
eles podem exercer na maneira de falar de certa sociedade. 
E, finalmente, a aula apresentou de maneira breve alguns conceitos 
associados às teorias e aos métodos que podem ser utilizados para a realização 
de avaliações da fala. 
Atividade de Aprendizagem 
A aula apresentou conceitos sobre as questões referentes ao 
dialeto das pessoas e a maneira como ele pode influenciar na 
maneira de falar das pessoas. Pesquise sobre a maneira como 
a escola pode encaminhar esse processo de aprendizagem 
quando tem alunos com marcas de dialeto na fala e que não 
são característica da turma. 
 
 
 
39 
 
Aula 4 – Modelos fonético-fonológicos para descrição de línguas de sinais 
 
Apresentação da aula 4 
 
Olá! Seja bem-vindo a quarta aula da disciplina de Fonética e Fonologia 
da Libras. Nela você conhecerá elementos importantes associados aos modelos 
fonético-fonológicos para a descrição de línguas de sinais, bem como questões 
relacionadas às variações linguísticas da língua brasileira de sinais (libras) 
A disciplina de Fonética e Fonologia da Libras apresentou até o 
momento conceitos relacionados ao estudo da linguagem na perspectiva da 
oralidade, mas chegou o momento de conhecer as particularidades associadas 
à linguagem de sinais. 
No primeiro momento, serão apresentados alguns conceitos gerais 
sobre a língua de sinais e, em especial, sobre a Língua Brasileira de Sinais 
(Libras). Na sequência, a aula abordará alguns conceitos relacionados à 
organização fonológica das línguas de sinais. Serão apresentados os elementos 
do corpo que são utilizados para a produção dos sinais e consequentemente, 
para o estabelecimento da comunicação entre os surdos. 
E, finalmente, a aula apresentará algumas informações com relação à 
variedade linguística existente na língua de sinais. 
É importante realizar uma leitura atenta de todos os elementos 
apresentados a fim de que eles possam contribuir para a ampliação dos seus 
conhecimentos sobre a Fonética e Fonologia em Libras. 
 
4.1 Aspectos linguísticos e culturais da Língua Brasileira de Sinais 
(LIBRAS) 
 
A surdez é um quadro orgânico que é caracterizado por perdas na 
capacidade auditiva, de forma parcial ou total, e que se refletem no 
desenvolvimento da linguagem oral inviabilizando a comunicação e interação 
entre as pessoas dessa maneira. 
No entanto, é importante sabermos que a linguagem que utilizamos para 
nos comunicar é simbólica, ou seja, é constituída por meio de signos que 
desempenham o papel de representar a realidade, e que a comunicação oral é 
 
 
40 
 
apenas uma das maneiras de interação que as pessoas podem utilizar, pois, 
conforme Fernandes (2007), a comunicação também pode ocorrer por meio de 
gestos, desenhos, símbolos, sons, ícones, cores e sinais, como é o caso da 
comunicação das pessoas com surdez. 
Diferente da linguagem oral que utiliza o canal oral-auditivo para se 
constituir, a língua de sinais tem características viso-espacial, ou seja, precisa 
da “visão para sua apropriação, e de elementos corporais, faciais, organizados 
em movimentos no espaço, para constituir unidades de sentido: as palavras, ou 
como se referem os surdos, os sinais” (FERNANDES,2007, p.95). 
 
 
Língua de sinais 
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/40462096639346178/ 
 
Vários equívocos sobre o entendimento da língua de sinais foram 
produzidos ao longo dos tempos por pessoas que desconheciam a organização 
do sistema. A Universidade Luterana do Brasil (2009) apresenta alguns 
equívocos de concepções que já foram pensados e que serão apresentados no 
quadro abaixo: 
 
Concepções equivocadas sobre a língua de sinais 
 
• A língua de sinais é uma mímica incapaz de expressar conceitos 
abstratos; 
 
 
41 
 
• Existe uma única língua de sinais que é universal e usada por todas as 
pessoas surdas; 
• Há uma falta de organização gramatical nas línguas de sinais, sendo 
elas línguas improvisadas, sem estrutura própria, subordinadas e 
inferiores às línguas orais; 
• É um sistema de comunicação superficial, com conteúdo restrito, sendo 
estética, expressiva e linguisticamente inferiores ao sistema de 
comunicação oral; 
• Derivam da comunicação gestual espontânea dos ouvintes; 
• Seriam línguas do hemisfério direito do cérebro, pelo fato de ser esse o 
hemisfério responsável pelo processamento de informação espacial, 
não se constituindo, portanto, em um legítimo sistema linguístico. 
Fonte: Universidade Luterana do Brasil (2009). 
 
Diversas pesquisas já foram realizadas e ainda estão em execução e 
todas contribuem para o processo de desmistificação dos pensamentos 
apresentados acima. Os estudos realizados pela Ciência mostram que as 
línguas de sinais são: 
 
sistemas linguísticos transmitidos de geração para geração de pessoas 
surdas, sem origem nas línguas orais, mas como uma necessidade 
natural de comunicação entre as pessoas que não utilizam o canal oral-
auditivo. (UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL, 2009, p. 19). 
 
 
 Assim como na linguagem oral em que cada país tem a sua própria 
língua, o seu próprio idioma, a língua de sinais não apresenta características 
universais, ou seja, cada país tem a sua língua de sinais constituída. Então, se 
uma pessoa surda, que se utiliza da língua de sinais, precisar se comunicar com 
uma pessoa surda de outro país, deverá aprender a língua de sinais desse país 
assim como ocorre com os ouvintes que utilizam a língua oral. 
Com relação à estrutura e organização, a Universidade Luterana do 
Brasil (2009) mostra que as línguas de sinais possuem um sistema de gramática 
própria com regras específicas para a produção dos sinais em todos os níveis: 
fonológico, morfológico e sintático. 
 
 
42 
 
Já com relação ao vocabulário de sinais, isso é constituído por palavras 
que mantêm uma relação de arbitrariedade com a realidade. Sobre essa relação 
arbitrária com a realidade que alguns sinais estabelecem, Fernandes (2004) fala 
que: 
 
o que ocorre é que, dada a sua modalidade visual-espacial, há uma 
tendência em se buscar relação com aspectos da realidade para 
constituir seu sistema de representação, o que faz com haja motivação 
icônica em alguns sinais” (FERNANDES, 2004, p. 98). 
 
 
A imagem abaixo traz um exemplo de representação de sinal (casa) com 
as características arbitrárias mencionadas por Fernandes (2004) que se 
aproximam da realidade do objeto. 
 
 
REPRESENTAÇÃO EM LIBRAS PARA CASA 
Fonte: https://catracalivre.com.br/educacao/aprender-libras-online-gratis/ 
 
Fernandes (2007) fala que Libras é a sigla utilizada para a definição da 
língua brasileira de sinais que expressa os elementos culturais da comunidade 
surda. A língua brasileira de sinais (Libras) foi oficializada em todo território 
nacional como língua oficial da comunidade surda através da Lei Federal nº 
10.436/2002 conforme a descrição abaixo: 
 
 
 
43 
 
LEI Nº 10.436, DE 24 ABRIL DE 2002 
 
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. 
 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta 
e eu sanciono a seguinte Lei: 
 
 Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira 
de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de 
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com 
estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e 
fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. 
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas 
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da 
Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização 
corrente das comunidades surdas do Brasil. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm 
 
A partir do reconhecimento oficial da língua brasileira de sinais (Libras), 
estudos sobre a sua constituição e organização passaram a ser ampliados, bem 
como questões didáticas sobre o ensino dela. A seguir, serão apresentados 
conceitos específicos sobre o sistema linguístico das línguas de sinais o qual é 
um dos objetivos dessa aula. 
 
4.2 Organização fonológica das línguas de sinais 
 
A língua de sinais possui um sistema linguístico próprio e completamente 
diferente do sistema da língua portuguesa e precisa também ser estudado pela 
linguística. 
Xavier (2006) diz que apesar das diferenças da modalidade de 
realização e de percepção, a língua de sinais apresenta algumas semelhanças 
com as línguas orais, principalmente com relação à sua organização estrutural. 
Dito de outra forma, a língua de sinais, assim como a língua oral, é também 
constituída de partes. 
A língua de sinais não deve ser pensada simplesmente como figuras 
desenhadas no ar com o uso das mãos, mas sim, “como símbolos complexos e 
 
 
44 
 
abstratos que podem ser analisados em elementos menores” (XAVIER, 2006, 
p.10). Assim como a língua oral, a língua de sinais apresenta complexidade 
estrutural, como mostra Fernandes (2007), com organização em todos os níveis 
gramaticais, e tem o mesmo objetivo da língua oral: transmitir uma informação e 
servir como elemento de comunicação. 
Xavier (2006) e Fernandes (2007) mostram que a língua de sinais é 
constituída de quatro parâmetros independentes que serão apresentados na 
tabela a seguir: 
 
Parâmetros da língua de sinais 
1 Localização Lugar no corpo ou no espaço em frente ao 
corpo em que o sinal é produzido. 
2 Configuração da 
mão 
 A forma ou estado dos dedos que a mão 
apresenta quando da realização de um sinal. 
3 Movimento Maneira como a mão se move ao longo da 
articulação de um sinal 
4 Movimento da mão Orientação da posição da palma da mão. 
Fonte: Xavier (2006), Fernandes (2007). 
 
Com base nas explicações de Xavier (2006) e Fernandes (2007), serão 
apresentadas características de cada um desses parâmetros da língua de sinais: 
 
a) Localização – lugar no corpo ou no espaço em frente ao corpo em 
que o sinal é produzido. É a área que contém todos os pontos dentro 
do raio de alcance das mãos em que os sinais são articulados. Alguns 
pontos são mais precisos como a ponta do nariz e outros são mais 
abrangentes, como a frente do tórax. 
 
b) Configuração da mão – é a forma ou estado dos dedos que a mão 
apresenta quando realiza um sinal. A língua brasileira de sinais 
(LIBRAS) apresenta um total de 46 configurações de mão que pode 
permanecer a mesma durante a articulação de um sinal ou pode 
passar de uma configuração para outra. 
 
 
45 
 
 
 
Configuração de mão 
Fonte: http://charles-libras.blogspot.com/2014/10/ 
 
c) Movimento - Maneira como a mão se move ao longo da articulação 
de um sinal. Para que ocorra um movimento é necessário que exista 
um objeto e um espaço. Na língua de sinais a mão do enunciador 
representa o objeto e o espaço é a área em torno do corpo do 
enunciador. O movimento é definido como um parâmetro que pode 
envolveruma vasta rede de formas e direções, desde movimentos 
internos da mão, os movimentos do pulso e os movimentos 
direcionais do braço. 
 
d) Movimento da mão – é a direção para a qual a palma da mão 
aponta na produção de um sinal que pode ser: para cima, para baixo, 
para o corpo, para frente, para a direita ou para a esquerda. 
 
O processo de produção da escrita na língua oral acontece a partir da 
combinação dos grafemas (letras) com os fonemas (sons). A língua oral possui 
 
 
46 
 
26 grafemas que, combinados com os fonemas, possibilitam a escrita de 
qualquer palavra. 
Tal processo também ocorre com a língua de sinais, no entanto, no lugar 
dos grafemas e fonemas são utilizados os parâmetros acima mencionados na 
Tabela 7. A combinação desses parâmetros também permite a produção de 
sinais com significados nessa língua. 
Sobre esse processo de combinação de parâmetros, Xavier (2006) diz 
que existe: 
 
um número finito de valores diferentes que cada uma dessas quatro 
categorias pode assumir e que esses valores, tal como ocorre nas 
línguas faladas, podem se recombinar, ou seja, podem reaparecer na 
constituição de outros itens lexicais. (XAVIER, 2006, p. 11) 
 
Xavier (2006) relata que os quatro parâmetros apresentados 
(localização, configuração da mão, movimento e movimento da mão) são 
essenciais para a articulação e produção de um sinal e eles desempenham a 
mesma função que os fonemas executam nas línguas orais. 
Ví deo 
Para ampliar seu conhecimento sobre Fonética e Fonologia em 
Libras, faço um convite para assistir ao vídeo produzido pelo 
professor André Xavier que traz a discussão sobre os aspectos 
da fonética e da fonologia na língua de sinais. 
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=5aPGHLpMBcs 
 
Com relação ao campo de estudo da língua de sinais, elementos que 
são investigados nas línguas orais também são estudados na língua de sinais. 
A fonética, por exemplo, nas línguas orais tem como objeto de estudo a 
articulação dos sons produzidos pela fala. Já na língua de sinais, o objeto de 
estudo da fonética é a articulação dos sinais “tomando os braços, as mãos, os 
dedos como um conjunto complexo de articuladores” (MÁXIMO, 2016, p.26). 
Tais articulares possibilitam a articulação e produção de qualquer sinal o que 
demonstra que o campo de investigação da fonética na língua de sinais é tão 
vasto quanto nas línguas orais. 
 
 
47 
 
No entanto, no processo de articulação das línguas orais os fonemas 
são pronunciados de maneira sequencial e, na língua de sinais, os parâmetros 
acontecessem de maneira simultânea e esse fato então acaba diferenciando a 
língua oral da língua de sinais. 
 
4.3 Variação linguística na Libras 
 
 Todos os brasileiros, falantes da língua portuguesa, sabem que o idioma 
falado em todo território nacional possui uma grande diversidade. A maneira de 
falar, a velocidade empregada no ato da fala indica a região de origem da 
pessoa. Ao ouvirmos uma pessoa nascida no estado do Rio Grande do Sul e 
uma pessoa nascida no estado da Bahia, identificamos facilmente que são 
pessoas falantes da língua portuguesa, porém oriundas de regiões diferentes. 
Esse fato comprova que a língua portuguesa é uma unidade que se 
constitui de muitas variedades e, portanto, dizer que todos os brasileiros falam o 
mesmo português é uma inverdade assim como dizer que todos os surdos usam 
a mesma língua de sinais em todo território nacional. Gesser (2009) diz que 
“afirmar essa unidade é negar a variedade das línguas, quando de fato nenhuma 
língua é uniforme, homogênea” (GESSER, 2009, p. 39). 
Mas antes de iniciarmos o estudo sobre a variação linguística em libras, 
convém inicialmente entendermos o significado do termo. Conforme a 
Universidade Luterana do Brasil (2009), a variação linguística diz respeito “as 
mudanças que ocorrem no uso da língua em relação ao espaço, ao tempo e à 
situação de comunicação” (UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL, 2009, p. 
93). 
Tais variações não ocorrem apenas no modo de falar ou no “sotaque” 
que é empregado, mas também nos níveis fonológicos (na pronúncia das 
palavras), nos níveis morfológicos (na formação de novas palavras a partir de 
um morfema), no nível sintático ( nas sentenças formadas) e no nível lexical (o 
uso de palavras diferentes para se referir a mesma coisa). 
Gesser (2009) diz que o processo de variação linguística de um idioma 
também está relacionado com fatores sociais de idade, de gênero, de raça, de 
cultura, de educação, de profissão e de situação geográfica. Em uma mesma 
cidade podemos ter variação linguística, pois pessoas que moram, por exemplo, 
 
 
48 
 
na zona rural, falam de maneira diferente das pessoas que moram na zona 
urbana. 
Independentemente da quantidade de fatores que possam estar 
associados às questões de variedade linguística de uma língua, é importante 
sabermos que não existe uma variedade melhor que a outra ou uma mais correta 
que a outra ou, então, que um tipo de variedade possa ser considerado superior 
ou inferior a outro. Na verdade, a língua tem o objetivo de realizar os processos 
de comunicação entre as pessoas e quando isso ocorre, o seu objetivo foi 
atingido. 
Assim ocorre também com a língua de sinais, a variedade linguística 
também está presente na língua de sinais em decorrência de fatores 
relacionados à regionalidade, a fatores sociais e a fatores históricos. 
Saiba Mais 
É importante aprofundar os estudos sobre a Variação 
Linguística em Libras e, portanto, indica-se a leitura do artigo 
“TEORIA FONOLÓGICA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 
APLICADAS A LIBRAS” produzidas por Luiz Antonio 
Zancanaro Junior e Teresinha de Moraes Brenner que é um 
trabalho que desenvolve uma revisão bibliográfica baseada 
em dois eixos: princípios estruturalistas e variação 
linguística, com aplicação na língua de sinais. 
Consulte o artigo no link abaixo: https://www.researchgate.net/p 
ublication/335719479_TEORIA_FONOLOGICA_E_VARIACAO_L
INGUISTICA_APLICADAS_A_LIBRAS 
 
Todas as pessoas que utilizam a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) 
conseguem se comunicar independente da região do país em que vivem. Haverá 
em uma determinada região diferença na produção e execução de determinados 
sinais e isso se deve à grande variedade linguística também presente na língua 
de sinais. A língua não é única, não é homogênea e a variedade linguística na 
Libras pode estar associada à questão da idade, da escolaridade ou, então um 
maior ou menor contato com uma pessoa surda. 
Portanto, após conhecermos um pouco sobre a fonética e a fonologia da 
língua de sinais entendemos que a tal língua tem características semelhantes à 
 
 
49 
 
língua oral em sua organização, mas tem suas especificidades e características 
únicas que devem ser conhecidas pelos profissionais da educação. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Libras, que Língua É Essa? É uma obra 
produzida por Audrei Gesser. O leitor 
encontrará aqui um ponto de partida para 
repensar algumas crenças, práticas e 
posturas à luz das transformações que 
marcam a área da surdez na atualidade. O 
que se espera é poder chegar a um novo 
olhar, a uma nova forma de narrar a(s) 
realidade(s) surda(s). 
 
 
Conclusão da aula 4 
 
No primeiro momento esta aula apresentou alguns conceitos gerais 
sobre a língua de sinais e, em especial, sobre a Língua Brasileira de Sinais 
(Libras). 
Na sequência, a aula abordou alguns conceitos relacionados à 
organização fonológica das línguas de sinais e os elementos que são utilizados 
para a realização da comunicação pelos surdos. 
Para finalizar a aula, foram discutidas questões sobre a variedade 
linguística existente na língua de sinais. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Leia novamente o conteúdo da aula e elabore um resumo dos 
elementos mais importantes que foram apresentados na aula. 
Na sequência, realize uma pesquisa sobre a variedade 
linguística na língua brasileira de

Continue navegando