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todas as aulas - Gestão Estratégica da Inovação

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO ESTRATÉGICA DA 
INOVAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Afonso Ricardo Paloma Vicente 
 
 
 
 
 
2 
TEMA 1 – BASES CONCEITUAIS: COMPREENDENDO A INOVAÇÃO 
Com o passar dos anos, as empresas estão cada vez mais competitivas. 
Isso se deve, muitas vezes, às transformações que ocorrem no ambiente 
mercadológico. No intuito de superar essas transformações e gerar vantagem 
competitiva, as práticas de inovação são imprescindíveis, uma vez que é por 
intermédio de atitudes inovadoras que as empresas são capazes de expandir, 
reestruturar e aprimorar as ações nos mais variados tipos de organizações. Nas 
empresas e indústrias, por exemplo, o ato de inovar permite que determinado 
negócio seja reinventado, tornando-o mais adequado para o consumidor final e, 
consequentemente, mais competitivo. 
No entanto, antes de entrarmos nesse mundo organizacional, é 
fundamental compreendermos alguns conceitos. 
1.1 Conceito de inovação 
Conceituar inovação não é uma tarefa fácil. Por mais simples que possa 
parecer, inovar não é simplesmente fazer algo novo. O conceito de inovação 
sofreu grandes alterações nos últimos anos. O Manual de Oslo, criado em 1990 
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 
apresenta diretrizes para coleta e interpretação sobre inovação e tecnologia com 
o objetivo de orientar e padronizar conceitos, metodologias e construção de 
estatística e indicadores de pesquisa e P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) de 
países industrializados. É nesse manual que é apresentada a evolução do 
conceito de inovação. 
Inovação é considerada a prática de explorar novas ideias de forma correta. 
Dessa forma, a ideia de algo realmente dar certo depende dos objetivos e das 
pessoas ou organizações envolvidas nesse processo. Um exemplo pode se referir 
ao incremento do faturamento ao crescimento da margem de lucro, à abertura de 
novos mercados e ao lançamento de novos produtos ou serviços. 
Um conceito muito interessante sobre inovação foi dado pelo vice-
presidente de varejo da Apple, Ron Johnson: “Inovação é a fantástica intersecção 
entre a imaginação de alguém e a realidade”. Isso significa que inovar vai além da 
criatividade, de pensar em coisas novas, ou seja, é transformar uma ideia em 
produto, serviço ou processo novo ou melhorado. 
 
 
3 
No ambiente empresarial, inovar é o processo que inclui atividades 
técnicas, concepção, desenvolvimento, gestão e que resulta na comercialização 
de produtos, ou na primeira utilização de processos. 
No entanto, a inovação organizacional é definida como um novo método 
organizacional voltado aos negócios das empresas, à organização do trabalho ou 
às relações externas. A inovação organizacional aplica-se ao desenvolvimento de 
novas tecnologias para a criação de novos produtos e serviços, à forma como a 
organização atua em um mercado em constante mudança, servindo igualmente 
como forma competitiva. 
Inovações também podem estar vinculadas a novas modelagens de 
negócio, a novos mercados, métodos, processos organizacionais e a novos tipos 
e fontes de suprimentos. Por conta disso, é comum haver uma confusão entre 
inovação e processos de inovação com o aprimoramento constante de produtos, 
métodos, serviços, processos, entre outros. É por esse motivo que é importante 
saber que a inovação gera um impacto significativo para a organização ou para o 
conjunto de pessoas envolvidas, se considerarmos esse processo como um todo 
e não apenas em seus aspectos isolados. 
Até recentemente os processos de inovação não eram suficientemente 
compreendidos. Um melhor entendimento surgiu em decorrência de vários 
estudos feitos nos últimos anos. No que diz respeito ao nível macro, é possível 
encontrar um conjunto de elementos que apontam que a inovação é um dos 
principais fatores que levam ao crescimento econômico. Já em nível micro, a 
pesquisa e desenvolvimento é a atividade que mais absorve informações e 
conhecimento para a empresa. 
Outros fatores que influenciam a capacidade de inovação das empresas 
são também vistos como de fundamental importância: facilidade de comunicação, 
canais eficazes de informação, transmissão de competências e acumulação de 
conhecimentos dentro das organizações. Além disso, é importante ter uma visão 
estratégica e determinante para buscar no ambiente externo a organização, 
elementos que sejam essenciais para o desenvolvimento de novas tecnologias e 
inovações. Para isso, a empresa precisa desenvolver duas competências 
principais: 
 Competências estratégicas: diz respeito à visão de longo prazo, 
capacidade de identificar e até antecipar tendências de mercado, 
 
 
4 
disponibilidade e capacidade de coligir, processar e assimilar informações 
tecnológicas e econômicas; 
 Competências organizacionais: disposição para o risco e capacidade de 
gerenciá-lo, cooperação interna entre os vários departamentos 
operacionais e cooperação externa com consultorias, pesquisas de público, 
clientes e fornecedores, envolvimento de toda a empresa no processo de 
mudança e investimento em recursos humanos. 
Percebe-se, pelos conceitos apresentados, que inovação é algo muito mais 
amplo dentro dos seus conceitos, bem como é amplo também na forma e nos 
processos que ocorrem no ambiente organizacional. Inovação envolve uma 
diversidade de processos e indivíduos que precisam estar atentos às mudanças 
que acontecem nos mais diferentes ambientes, seja dentro ou fora da 
organização, para então fazer a melhor escolha, que resulte em desenvolvimento 
e resultados positivos para as empresas. 
Além dessa grande quantidade de conceitos sobre um único termo – 
inovação –, existem também as suas subdivisões, ou aqui, como vamos tratar, os 
tipos de inovações. Elas se diferem de acordo com o processo e necessidade 
organizacional. Essa diferença vamos ver no tema seguinte. 
TEMA 2 – TIPOS DE INOVAÇÃO: OBJETO FOCAL DA INOVAÇÃO 
As formas de inovação podem ser classificadas de muitas maneiras. Nesse 
contexto, destaca-se dois modos de classificação propostos pelo Instituto 
Inovação. O primeiro trata do objeto focal da inovação, e o segundo, do impacto 
da inovação. Vamos ver cada um separadamente nas sessões seguintes. 
No que diz espeito à classificação de inovação pelo objeto focal, podemos 
citar a inovação de produto, a inovação de processo e a inovação do modelo de 
negócio. 
Inovação de produto pode assumir duas formar abrangentes: (1) produtos 
tecnologicamente novos e (2) produtos tecnologicamente aprimorados. Para ficar 
mais claro, é apresentado a seguir os conceitos e exemplos descritos pela 
Financiadora de Estudos e Projeto (Finep). 
Um produto tecnologicamente novo ocorre quando suas características 
tecnológicas ou usos pretendidos diferem daqueles dos produtos produzidos 
anteriormente. Tais inovações podem envolver tecnologias radicalmente novas, 
 
 
5 
podem basear-se na combinação de tecnologias existentes em novos usos, ou 
podem ser derivadas do uso de novo conhecimento. 
Os primeiros microprocessadores e gravadores de videocassete foram 
exemplos de produtos tecnologicamente novos do primeiro tipo, utilizando 
tecnologias radicalmente novas. O primeiro toca-fitas portátil, que combinava as 
técnicas existentes de fita e minifones de cabeça, foi um produto 
tecnologicamente novo do segundo tipo, combinando tecnologias existentes em 
um novo uso. Em cada caso, o produto geral não existia anteriormente. 
Já um produto tecnologicamente aprimorado é um produto existente cujo 
desempenho tenha sido significativamente aprimorado ou elevado. Um produto 
simples pode ser aprimorado (em termos de melhor desempenho ou menor custo) 
com o uso de componentes ou materiais de desempenho melhor, ou um produto 
complexo que consista em vários subsistemas técnicos integrados pode ser 
aprimorado por meio de modificações parciais em umdos subsistemas. 
Produtos tecnologicamente aprimorados podem ter grandes e pequenos 
efeitos na empresa. A substituição de metais por plástico nos equipamentos de 
cozinha ou mobílias é um exemplo de uso de componentes de melhor 
desempenho. A introdução de freios ABS ou outras melhorias de subsistemas em 
carros é um exemplo de mudanças parciais em alguns subsistemas técnicos 
integrados. 
No que diz respeito à inovação de processo, é a adoção de métodos de 
produção novos ou significativamente melhorados, incluindo métodos de entrega 
dos produtos. Tais métodos podem envolver mudanças no equipamento ou na 
organização da produção, ou uma combinação dessas mudanças, e podem 
derivar do uso de novo conhecimento. Os métodos podem ter por objetivo produzir 
ou entregar produtos tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam 
ser produzidos ou entregues com os métodos convencionais de produção, ou 
pretender um aumento da produção ou eficiência na entrega de produtos 
existentes. 
Um exemplo de inovação em processo pode ser com base em uma 
empresa de transporte rodoviário, em que a adoção de novos procedimentos 
melhora o desempenho das atividades, por exemplo: (1) o uso de telefones 
celulares para redirecionar os motoristas ao longo do dia, que permite aos clientes 
maior flexibilidade nos destinos das entregas; (2) novo sistema de mapeamento 
por computador, usado pelos motoristas para descobrir a rota de entrega mais 
 
 
6 
recente (isto é, de um destino para outro). Isso permite oferecer aos clientes 
entregas mais rápidas; (3) introdução de reboques com oito contêineres em forma 
de globo, em vez dos quatro habituais. 
Por fim, inovação de modelo de negócio tem foco na mudança do modelo 
de negócio da organização, nas motivações e em como os elementos para essa 
mudança se tornam bem-sucedidos. Os modelos de negócios são decorrentes da 
inovação tecnológica que ocorre dentro da organização, tecnologia essa que 
busca atender às necessidades do mercado e também dos clientes não 
correspondidos. Essa capacidade de mudança da organização de se adaptar às 
condições faz com que a empresa obtenha um melhor desempenho. Novos 
modelos de negócios, ou refinamentos para os já existentes, muitas vezes 
resultam em um custo mais baixo ou o aumento do valor para o consumidor; se 
não for facilmente replicado por concorrentes, eles podem fornecer uma 
oportunidade de gerar retornos mais altos para o empresário, pelo menos até que 
seus novos recursos sejam copiados. 
Dessa forma, inovação do modelo de negócio se caracteriza por uma 
mudança que a empresa planeja para atender seus clientes, envolvendo, dessa 
forma, a mudança da estrutura organizacional com a inclusão de inovações e 
processos em sua cadeia produtiva. 
De acordo com o consultor de inovação, Luiz Flávio (2016), podemos 
distinguir quatro dimensões principais para se inovar no modelo de negócios: 
 Oferta: As ofertas são os produtos e serviços inovadores que levam valor 
para os consumidores. O IPod, o IPad ou o ITunes, por exemplo, são 
produtos inovadores. Ainda, podemos ter as inovações nas plataformas e 
as soluções integradas. A Nissan criou uma plataforma de componentes 
para criar novas linhas de carros e utilitários. A Disney é outro exemplo de 
plataforma: com os seus personagens, a empresa cria uma série de novos 
produtos e serviços. Nas soluções, encontramos as ofertas integradas 
desde a concepção até a implantação de produtos e serviços. 
 Consumidores: Na dimensão de consumidores, pode-se inovar achando 
novos segmentos de consumidores ou redefinir as interações existentes 
em cada ponto de contato para criar novas formas de receitas. Toda a gama 
de serviços que foi criada para servir ao segmento de baixa renda é um 
exemplo da criação de novos segmentos de mercado. 
 
 
7 
 Processos: Na dimensão de processos, podem-se criar novas linhas de 
produtos e serviços utilizando as competências centrais da empresa, como 
a Honda fez com a sua linha de produtos – motosserra, cortador de grama, 
motocicletas, carros etc. Ou envolver os seus fornecedores na criação de 
valor como a Boeing ou a Embraer. 
 Canais de entrega: Nos canais de entrega, a empresa pode buscar novas 
formas de distribuir e interagir com os consumidores criando um 
relacionamento inteligente e criativo. O e-commerce criou uma gama 
enorme de novos modelos de negócio. 
No quadro a seguir, são apresentados os conceitos sintetizados, bem como 
outros exemplos que permitem uma melhor compreensão dos termos citados. 
Quadro 1 – Conceitos de inovação e exemplos 
TIPO DESCRIÇÃO EXEMPLO 
Inovação de 
produto 
Abrange mudanças nas propriedades do 
produto, alterando-se o modo como os clientes 
e participantes da cadeia produtiva percebem o 
produto. 
Um automóvel com 
câmbio automático, que 
se distingue dos 
modelos convencionais. 
Inovação de 
processo 
Diz respeito a modificações no processo de 
produção de um produto ou serviço, mas não 
causa, obrigatoriamente, alterações do produto 
final. Gera melhorias significativas no processo 
de produção, como a redução de custos e 
aumento da produtividade. 
Um automóvel produzido 
com auxílio de robôs. 
Inovação de 
modelo de 
negócio 
Referem-se a alterações que dizem respeito à 
maneira como o produto ou serviço é 
apresentado ao mercado. Na maioria das 
vezes, essa inovação não casa mudanças no 
produto ou no processo de produção. 
A possibilidade de um 
automóvel ser alugado 
para o consumidor, que 
passaria a pagar 
mensalidades para 
utilizá-lo. Com isso, teria 
direito a seguro e 
manutenção. 
Fonte: Possoli, 2012. 
TEMA 3 – TIPOS DE INOVAÇÃO: IMPACTO DA INOVAÇÃO 
No que se refere aos impactos da inovação, pode-se estabelecer dois tipos 
de inovação: a incremental e a radical. O impacto da inovação diz respeito às 
consequências mensuráveis do processo inovador, enquanto a classificação 
anterior destaca a instância específica em que o processo de inovação se 
concentra. 
 
 
8 
De acordo com o Manual de Oslo (2017), a mudança técnica está longe de 
ser suave. Novas tecnologias competem com as tecnologias estabelecidas e, em 
muitos casos, as substituem. Esses processos de difusão tecnológica são 
frequentemente prolongados e envolvem, via de regra, o aprimoramento 
incremental, tanto das novas tecnologias, como das já estabelecidas. Na 
turbulência que se segue, novas empresas substituem as existentes que tenham 
menos capacidade de ajustar-se. A mudança técnica gera uma redistribuição de 
recursos, inclusive mão de obra, entre setores e entre empresas. Como observa 
Schumpeter, a mudança técnica pode significar destruição criativa. Pode também 
envolver vantagem mútua e apoio entre concorrentes, ou entre fornecedores, 
produtores e clientes. 
Inovação incremental poder ser definida como: a inovação que incorpora 
melhoramentos (características técnicas, utilizações, custos) a produtos e 
processos preexistentes. Algumas expressões que envolvem o conceito de 
“qualidade” e “altura” da inovação: radical, incremental, imitação, invenção, 
disruptive, breakthrough, discontinuity, innovation height, novel, novelty, really 
new, level of newness, innovativeness. 
De acordo com Thiengo (2018), um fator que estimula esse tipo de 
inovação é a incerteza econômica. A inovação incremental, em geral, visa 
melhorar o desempenho dos produtos e aumentar o seu ciclo de vida (introdução, 
crescimento, maturidade e declínio). A indústria automobilística apresenta 
diversos exemplos de inovações incrementais. Nas últimas décadas, os 
engenheiros que atuam nessa área não pretenderam criar uma espécie de veículo 
totalmente novo – ao contrário, foram realizadas apenas inovações graduais, tais 
como a melhoria no sistema de freios, tecnologias para a redução no consumo de 
combustível, o desenvolvimento de motores para maior potência etc. Sem dúvida, 
comparando-se os carros atuais com aquelesfabricados décadas atrás, 
constatam-se grandes diferenças, as quais foram sendo incrementadas de 
maneira paulatina e gradual. 
Já a inovação radical consiste na criação de um novo produto, desejando, 
consequentemente, a geração de um novo mercado. Esse tipo de inovação tende 
a criar mercados e indústrias totalmente novos. Cita-se, por exemplo, o caso de 
um cientista da 3M chamado Art Fry, que fazia parte de um coral e usava 
marcadores em seu livro de canto. Todas as vezes em que ele abria o livro de 
canto, os marcadores acabavam caindo. Em 1977, Art Fry observou de um outro 
 
 
9 
cientista uma novidade: um adesivo que era capaz de reposicionar. Com isso, 
para resolver o seu problema, ele teve a ideia de usar esse adesivo coberto com 
tiras de papel. Assim, Art Fry acabou por desenvolver um novo conceito de bloco, 
o Post-it. 
O quadro a seguir apresenta uma simplificação dos conceitos e exemplos 
dos inovações incrementais e radicais. 
Quadro 2 – Conceitos de inovação incremental e radical 
TIPO DESCRIÇÃO EXEMPLO 
Incremental Gera pequenos aprimoramentos em 
produtos ou serviços. Isso representa, 
de maneira geral, um acréscimo 
progressivo nos benefícios recebidos 
pelo consumidor. No entanto, o modo 
do consumo ou do modelo de negócio 
não é modificado. 
A evolução do CD normal 
para o CD duplo, que é capaz 
de armazenar o dobro de 
música. 
Radical Corresponde a uma transformação 
drástica na maneira como o produto ou 
serviço é recebido pelo consumidor. 
Dessa forma, representa um novo 
padrão dentro do segmento de mercado 
e modifica o modelo de negócio 
corrente. 
O uso de aparelho de MP3 
para escutar músicas, em vez 
de um CD. 
Fonte: Possoli, 2012. 
Ainda existem outros tipos de inovação que são importantes ser citado, por 
exemplo, as inovações de marketing e as inovações organizacionais. A inovação 
de marketing diz respeito à implementação de uma nova metodologia de 
marketing nas organizações. Trata-se de um novo planejamento mercadológico 
que muda expressivamente a concepção do produto, do seu modo de 
comercialização e sua identidade visual. Tais alterações aumentam as vendas dos 
produtos, melhoram o atendimento aos clientes e objetivam a abertura de outros 
mercados. 
No que diz respeito à inovação organizacional, é a aplicação de métodos 
organizacionais ainda não utilizados pela empresa a fim de reduzir custos 
administrativos e de suprimentos. É importante ressaltar que inovações 
organizacionais possuem um caráter estritamente administrativo, o que envolve a 
gestão de pessoas e a gestão estratégica. Como exemplo de inovação 
organizacional, podemos citar: ações de gestão de qualidade; sistemas de 
produção flexíveis e enxutos; novos procedimentos e rotinas administrativas; 
 
 
10 
conexão de diversos tipos de negócios; centralização ou descentralização de 
tarefas, entre outros. 
TEMA 4 – CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO 
Por tudo que vimos até o momento, temos uma ideia de como é difícil 
conceituar inovação, e essa mesma dificuldade se estende para a definição de 
criatividade. Criatividade, segundo as definições encontradas nos dicionários, é 
uma habilidade humana intangível, apesar de suas manifestações evidentes. 
Além disso, é a qualidade ou estado de ser criativo, ou ainda, a capacidade de 
criar. Percebe-se que é uma explicação ampla, e por isso existe essa dificuldade 
em compreender o que de fato é. Contudo, vamos aqui aprofundar um pouco mais 
esses conceitos. 
Alguns estudiosos de inovação descrevem a criatividade como a 
capacidade de desenvolver uma coisa nova com base em uma coisa antiga ou de 
promover a existência de algo novo, aproveitável, útil e de real e comprovada 
importância. Além disso, criatividade está mais ligada à capacidade de 
introspecção do que aos recursos disponíveis. 
Embora sejam utilizadas em diferentes ocasiões como sinônimos e estejam 
relacionadas, há uma importante diferença entre criatividade e inovação. 
Enquanto a criatividade se refere à geração de ideias, a inovação diz respeito à 
aplicação e ao funcionamento de um novo produto, processo ou serviço. Em 
outras palavras, a criatividade é crucial para a inovação, no entanto, não é 
suficiente por si só. 
No contexto empresarial, é evidente a valorização da criatividade, 
fenômeno resultante do aumento da competitividade, da velocidade das 
mudanças e da valorização do empreendedorismo. Como a origem da inovação 
reside nas ideias criativas dos indivíduos, a criatividade tem recebido uma atenção 
crescente. Ela tem sido apontada como uma habilidade humana crítica, que deve 
ser canalizada e fortalecida em favor da organização. 
São cinco condições propícias para o surgimento do pensamento criativo: 
 O interesse real pelo assunto ou a necessidade de resolver uma questão; 
 O conhecimento específico sobre determinado assunto; 
 A liberdade de pensamento, sem censuras ou restrições; 
 A imaginação; 
 
 
11 
 A coragem para enfrentar o medo de se expor. 
Existem, também, quatro etapas durante o processo criativo. 
 Preparação: diz respeito à delimitação do problema e às possíveis 
soluções que possam resolvê-lo. 
 Incubação: é um período de gestão do inconsciente, pensamentos, no qual 
não se procuram respostas elaboradas. A incubação requer tempo. No 
entanto, caso não haja avanços, esse processo deve ser temporariamente 
abandonado. 
 Inspiração: refere-se à incidência de uma ideia repentina, que pode ocorrer 
em momento inusitados. É a base para a solução de determinado 
problema. 
 Validação: é o momento de avaliar a viabilidade prática da solução 
encontrada. Vale ressaltar que, por vezes, a validação é frustrante, pois 
nem todas as ideias são viáveis. 
Nesse sentido, para desenvolver a criatividade empresarial, são 
necessárias condições adequadas, por exemplo: (1) seleção de pessoas que se 
caracterizam por sólida preparação e uso dos processos de pensamento criativo; 
(2) possibilidades amplas de treinamento voltados para a atualização do 
conhecimento e habilidades criativas; (3) estabelecimento de metas; (4) 
encorajamento, discussão e comunicação entre os membros e; (5) premiação das 
ideias e produtos criativos. 
Em sumo, empresas que buscam inovação devem buscar um ambiente e 
uma cultura voltados para a criatividade e o conhecimento, estimulando seus 
colaboradores a buscar informações que auxiliam no desenvolvimento de novas 
ideias e futuras inovações que podem resultar em um alto desempenho 
organizacional. 
TEMA 5 – POR QUE INOVAR? 
A sociedade contemporânea, impulsionada pela globalização da economia 
e pelas tecnologias de informação e comunicação, tem imposto uma competição 
entre as organizações sem precedentes no mundo dos negócios. O cenário é de 
incertezas, mudanças e intensa competitividade. Diante disso, para irem de 
encontro a essa ameaça de manter a sua sustentabilidade, as organizações 
devem ser capazes de aprender e, ao fazê-lo, desenvolver novos conhecimento, 
 
 
12 
adotá-los na prática, realizar novas tarefas e manter as antigas maneiras mais 
rápida e eficaz. 
A conjuntura da interdependência dos mercados, a internacionalização 
crescente e da denominada terceira revolução tecnológica, caracteriza a 
globalização no mundo contemporâneo, configurando o que se convencionou 
chamar de “nova ordem mundial. Assim, a globalização se firma como uma diretriz 
para a organização econômico-social dos mais diversos países, atingindo todos 
os setores da sociedade. 
O processo de globalização é um fenômeno sem precedentes na história. 
Ainda que tenha existido desde a primeira troca de mercadorias ou objetos 
culturais entre povos desde a expansão marítima-comercial europeia, como as 
relações entre colônias e metrópole, há a diferença de que, atualmente, essa 
relação se intensificou pela maximização da velocidade e da abrangência de 
novas tecnologias de informação e comunicação. Progressivamente, o mundose 
transforma em um território de tudo e de todos. 
Diante desse contexto, é possível identificar com clareza os fatores que 
contribuíram para que o mundo se tornasse uma aldeia global: 
 A interdependência ente os Estados, pois não existe um extado 
completamente autossuficiente; 
 A alta tecnologia, sobretudo nos meios de comunicação de massa; 
 Os blocos econômicos, que regionalizaram o mercado de bens e serviços; 
 As organizações internacionais, agentes que impulsionam a integração 
mundial; 
 As empresas transacionais, “atores” que transpassam fronteiras e se 
instalam em todas as partes do globo. 
Assim, podemos definir globalização como a intensificação de relações 
sociais em escala mundial que ligam localizações distantes de tal maneira que 
acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de 
distância e vice-versa. 
Com a utilização da tecnologia da informação na telecomunicação, 
principalmente por conta do advento da internet, o processo de globalização se 
intensificou ainda mais, permitindo que as nações se conectassem de maneira 
rápida e constate. Dessa forma, foi instaurada a possibilidade de os mercados 
nacionais movimentarem bilhões de dólares em apenas alguns segundos, por 
 
 
13 
meio de um computador. Essa nova ordem de integração das economias 
nacionais e, sobretudo, a mobilidade da circulação de bens e serviços têm gerado 
profundas transformações no mercado de trabalho mundial. Entre essas 
transformações, pode-se citar o aumento da competitividade motivado pela 
internacionalização da concorrência. 
Para que possamos inovar em um ambiente globalizado, é primordial a 
utilização das tecnologias de informação e comunicação de forma a viabilizar 
ações coletivas de troca de informações, de planejamento e atividades de P&D 
entre participantes situados em locais distintos do mundo. Com isso, eles podem 
desenvolver ações de inovação em empresas, institutos de pesquisa, 
universidades, indústria e também outros tipos de organizações. 
Assim, é possível afirmar que a globalização traz, enquanto característica 
estrutural, a revolução tecnológica informacional. A rigor, mercadorias e papéis 
moeda não são trocados; o que trocamos, de fato, são informações sobre 
dinheiro e sobre papéis que o representam. 
Assim, temos uma ideia inicial de por que devemos inovar. Além das 
questões que envolve a globalização, as empresas devem ter um olhar 
estratégico com base na inovação. Desde os postulados de Schumpeter, o “pai” 
do empreendedorismo, empresas que não inovam estão fadadas a perderem 
espaço no mercado, diminuindo sua vantagem competitiva e desempenho. 
Inovar é, de fato, o cerne para o desenvolvimento organizacional. E 
engana-se quem acha que inova é revolucionar em um produto, processo ou 
serviço. Muitas vezes, o fato de um empreendedor agregar valor ao negócio, em 
pequenos detalhes na forma de fazer o negócio, já, sem dúvida, fará com que a 
vantagem competitiva esteja a cima dos concorrentes do mesmo setor que atua. 
Inovar é criar barreiras para novos entrantes também. A partir do momento 
em que se cria valor de forma a inovar aquilo que já é existente na organização, 
empresas concorrentes sentem dificuldades de fazer o mesmo, principalmente 
diante do custo de aplicação desse valor agregado. Isso faz com que o seu 
desempenho permaneça por mais tempo, bem como um lucro constante. 
Outra questão importante para empresas que querem inovar e manter um 
nível alto e estável é sempre buscar pela renovação e, de novo, não é necessário 
grandes inovações. Muitas vezes, pequenas ações fazem a diferença para que a 
empresa consiga alcançar suas metas e lucratividade. 
 
 
14 
Para finalizar esta aula, é importante destacar que inovar nem sempre é 
fácil, principalmente diante de um mercado acirrado como o que vivemos nos dias 
atuais. Além disso, as tecnologias estão mudando a todo tempo, por isso, 
informação e conhecimento são fundamentais. Gestão do conhecimento e 
informação é imprescindível na cultura organizacional. Em breve vamos estudar 
um pouco mais sobre esse processo de geração e gestão do conhecimento que 
é a raiz para toda e qualquer inovação que uma empresa queira desenvolver. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
ANDREASSI, T. Gestão da inovação tecnológica. São Paulo: Thomson 
Learning, 2007. 
CANONGIA, C. et al. Foresight, inteligência competitiva e gestão do 
conhecimento: instrumentos para a gestão da inovação. Gestão & Produção, vol. 
11, n. 2, 2004. 
FIGUEIREDO, P. N. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de 
empresas no Brasil. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos, 2009. 
ORGANIZAÇÃO para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Manual de 
Oslo: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 2. ed. Paris: 
OCDE; São Paulo: Finep, 1997. Disponível em: <https://www.mctic.gov.br/mctic/ 
export/sites/institucional/indicadores/detalhe/Manuais/OCDE-Manual-de-Oslo-2-ed 
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REIS, D.; CARVALHO, H. G. R.; CAVALCANTE, M. B. Gestão da inovação. 
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TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão da inovação-5. Porto Alegre: Bookman, 2015. 
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_____. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil. São Paulo: 
Elsevier Brasil, 2013. 
 
 
16 
THIENGO, L.C.; BIANCHETTI, L.; DE MARI, C. L. A obsessão pela excelência: 
universidades de classe mundial no Brasil? Revista Internacional de Educação 
Superior, v. 4, n. 3, p. 716-745, 2018. 
 
 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO ESTRATÉGICA DA 
INOVAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Afonso Ricardo Paloma Vicente 
 
 
 
2 
TEMA 1 – A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DA INOVAÇÃO E ÁREAS 
ORGANIZACIONAIS: INOVAÇÃO E RECURSOS HUMANOS 
Como vimos na aula anterior, inovação é o resultado de uma ideia inicial, 
que partiu da criatividade e experiência das pessoas inseridas no processo. Dessa 
forma, o setor de recursos humanos das organizações pode e deve contribuir para 
uma cultura de aprendizagem e conhecimento dentro da empresa. 
Compreendemos como recursos humanos os colaboradores de uma 
empresa, sendo este o capital vivo fundamental para o desenvolvimento da 
organização. No entanto, é mais comum o uso da expressão recursos humanos 
para fazer referência ao departamento responsável pela identificação, seleção, 
contratação, integração, avaliação e demissão de funcionários, bem como pelo 
treinamento, recrutamento e aperfeiçoamento desses profissionais. 
As organizações, nos últimos anos, se deram conta da importância das 
pessoas nas empresas e a maneira como são gerenciadas. No passado, o foco 
estava na tecnologia do produto ou processo, nos mercados protegidos ou 
regulamentados, no acesso a recursos financeiros e economias de escala. 
Uma das finalidades do departamento de recursos humanos de uma 
empresa é alinhar a gestão de pessoas às estratégias da organização, uma vez 
que seus profissionais são os responsáveis por sua implementação. Isso significa 
que, se a organização adotar uma política de favorecimento às inovações em seu 
planejamento estratégico, por meio da criatividade, gestão do conhecimento e 
sustentabilidade, o seu departamento de recursos humanos deverá estar alinhado 
a tais finalidades. 
Dessa forma, o departamentode recursos humanos desempenha o papel 
de “selecionar, formar, integrar e aperfeiçoar um grupo de pessoas para trabalhar 
numa empresa como uma verdadeira equipe, com objetivos definidos, fazendo 
com que cada membro conheça seu papel, coopere com os demais e vista a 
camisa para produzir resultados” (Pessole, 2014, p. 36). 
Para implementar as estratégias da organização, é essencial que a gestão 
de recursos humanos trabalhe com base em conceitos como comunicação 
organizacional, liderança, trabalho em equipe, negociação e cultura 
organizacional. Desse modo, o trabalho de organização em equipes, assim como 
a escolha, o apoio e a orientação dos gerentes de departamento são algumas das 
atribuições da gestão de recursos humanos. 
 
 
3 
Além da avaliação, a capacitação dos trabalhadores e o estímulo à geração 
de ideias devem ser planejados em conjunto com as áreas de negócios da 
organização, visando desenvolver as competências necessárias. A seguir, 
conforme descrito por Braga (2016), são apresentados alguns exemplos efetivos 
de como inovar nos recursos humanos. 
• Utilizar redes sociais: alguns gestores têm usado as redes sociais para a 
seleção de candidatos a uma vaga na empresa. Segundo a revista Você 
RH, 60% da geração “milênio” – jovens de até 30 anos – usam as redes 
sociais para conseguir um emprego. 
• Implantar tecnologias: conforme divulgado na revista Exame, o grupo 
Votorantim, por meio da tecnologia, tem conseguido mapear comunidades 
online que possuem os valores exigidos pela empresa, e afirmou ainda que 
esse método é muito mais eficiente que outras formas de seleção. Outra 
inovação fantástica são as plataformas de recrutamento e seleção que, 
entre outras funcionalidades, ajudam o gestor de RH a encontrar um 
profissional ideal para o cargo desejado, além de monitorar o desempenho 
dos colaboradores para futuras promoções. 
• Conceder vantagens aos colaboradores: algumas empresas inovam na 
forma como se relacionam com seus colaboradores, concedendo 
benefícios como: horário de trabalho flexível, dia de folga para os 
colaboradores mais produtivos e até sala de entretenimento para a 
descontração. Outras instituições preferem premiar os colaboradores 
visando promover um ambiente interno feliz. 
• Cuidar dos profissionais: os recursos humanos podem inovar na maneira 
em que cuidam dos trabalhadores. A revista Exame entrevistou a 
consultora britânica Carolyn Taylor, que citou a empresa Natura como 
referência em zelar pelo bem-estar de seus colaboradores. A Natura 
consegue ter colaboradores mais engajados com a cultura organizacional 
e, como resultado, eles são mais felizes e produtivos. E como é muito bem 
conhecido, o “bom exemplo vem de cima”. Cabe aos líderes da organização 
e à área de RH estimular essa cultura e transmitir os valores para que todos 
os gestores repliquem em suas áreas. 
• Melhore a comunicação interna: todo profissional de recursos humanos 
sabe da importância da comunicação interna para a saúde da empresa. Por 
isso, algumas organizações decidiram implantar um portal corporativo para 
 
 
4 
aproximar o relacionamento entre seus colaboradores. Por meio desse 
portal, a equipe pode dar sugestões acerca dos processos da empresa. 
Além disso, todos os envolvidos em um projeto ficam a par do andamento 
das tarefas e dialogam sobre os meios para atingir as metas estabelecidas. 
Apesar de serem muito úteis para a comunicação interna, as ferramentas 
virtuais não devem extinguir a comunicação pessoal entre os 
colaboradores, uma vez que a interação face a face é elemento 
fundamental para a integração da equipe interna. Sendo assim, é sábio 
equilibrar o contato físico com o virtual. 
TEMA 2 – A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DA INOVAÇÃO E ÁREAS 
ORGANIZACIONAIS: INOVAÇÃO E MARKETING 
Marketing pode ser descrito como a disciplina que estuda o comportamento 
dos mercados e consumidores e analisa a gestão comercial das organizações a 
fim de reter e fidelizar clientes por meio da satisfação de suas necessidades. 
Assim, o conceito de marketing descreve uma filosofia de gestão que está 
orientada no sentido de identificar e satisfazer necessidades e desejos dos 
clientes, caracterizando uma forma de se obter benefícios a longo prazo. 
Nesse sentido, as ações de marketing tem como objetivo alcançar um nível 
de faturamento satisfatório, e, para isso, devem contemplar a identificação, 
seleção e avaliação das mais diversas oportunidades de negócio, bem como o 
delineamento das estratégias para alcançar os resultados. 
Estudiosos de marketing defendem que podem haver diferentes 
orientações: 
• Produto: quando a empresa monopoliza a atenção do mercado e é limitada 
a melhorar o processo de produção; 
• Vendas: quando há um esforço para se aumentar a participação da 
empresa no mercado; 
• Mercado: refere-se a situações em que o produto precisa ser adaptado ao 
gosto do consumidor. 
As rápidas mudanças no ambiente e os hábitos e exigências dos 
consumidores em relação aos produtos mudaram as características do 
marketing, haja vista o mercado estar atualmente voltado para a pesquisa e o 
desenvolvimento de novos produtos e serviços, ou seja, para a inovação. 
 
 
5 
Nos últimos anos, algumas tendências de inovação no marketing estão 
tomando conta das organizações. Podemos citar, como exemplo, as descritas por 
Digital Marketing (2017): 
• Gerações X, Y, W, Z e alpha: a geração X são os filhos dos baby-
boomers, fruto da explosão populacional com a volta dos soldados da 
Segunda Guerra Mundial. Essas crianças, nascidas entre 1945 e 
meados dos anos 1960, eram mais conservadoras e objetivas, e menos 
consumistas. Geração X: nascidos entre 1960 e 1980, se “rebelaram” 
contra os pais “certinhos” e buscavam liberdade e direitos civis. Geração 
Y: nascidos entre 1980 e 2000, também chamados millennials, estão 
constantemente conectados, têm pressa em realizar o que querem, 
sendo muito competitivos. Mas, por outro lado, consideram que devemos 
trabalhar para viver e não viver para trabalhar. Geração W: uma variante 
dos Y, nascidos no mesmo período, são pessoas mais emotivas e menos 
competitivas, igualmente conectadas, mas sabendo transitar por todos 
os círculos de conhecimento, evitando se isolar no mundo virtual, sem 
deixar de admirá-lo. Geração Z: a geração de 1990 a 2010, que já 
encontrou o mundo virtual pronto para ser curtido em sua totalidade! Por 
isso, o encaram com muito mais naturalidade e muitos os consideram os 
verdadeiros “nativos digitais”, isto é, pessoas que não precisaram se 
adaptar a um mundo conectado 24 horas por dia. Geração alpha: 
nascidos depois de 2010 e totalmente imersos no ambiente digital, sem 
preconceitos ou receios ainda enfrentados por algumas das gerações 
anteriores. Acredita-se que vão se desenvolver muito mais 
independentes. Têm a característica de serem muito mais observadores 
e estão expostos a mais estímulos positivos e educativos que 
anteriormente. Baseando-se nesses perfis, é possível pensar em 
inovações de marketing. Que produto ou serviço você poderia 
desenvolver para as pessoas da geração Z, por exemplo? Uma empresa 
na Índia resolveu transformá-las em gênios e criou um serviço que 
promete “promover o desenvolvimento super sensorial nas crianças”. 
• Produtos premium: inovação de marketing que consiste em 
oferecer produtos ou serviços de alta qualidade gratuitamente por curto 
período de tempo ou conseguir dar acesso a eles para pessoas que 
normalmente não teriam. Um exemplo é usar o serviço premium do 
LinkedIn por um mês e depois, se gostar, assinar o serviço. O Skype é 
outro que usa uma tática parecida: para usar Skype como telefone, 
ligando para outros números, é preciso pagar. Mesmo representando 
apenas 12% de seus usuários, estes valores são suficientes para que os 
outros usem o Skype de graça para conversar com outros 
computadores, sem usar números de telefone. 
• Coolpon: este trocadilho unifica o velhoconceito do cupom de 
descontos com uma ação legal, divertida, bacana (cool em inglês). Um 
exemplo dessa inovação de marketing foi uma ação da Ford chamada 
“Orgulho Ford”, em que os proprietários desse veículo poderiam trocar 
gratuitamente o logo da marca, o emblema metálico que fica fixado no 
carro, por um novo, em melhor estado, se quisesse. Empresas que 
notificam ofertas em tempo real para seu celular quando você passa 
perto do ponto de venda com preço especial também são um exemplo 
da tendência coolpon. 
• Varejo virtual reativando o ponto de venda real: esta inovação 
de marketing mostra que o varejo real, com lojas físicas, não vai morrer, 
mas será potencializado pelo varejo virtual. Algumas lojas já usam 
dispositivos que dão alertas aos clientes, dentro das lojas, sobre os 
produtos que eles pesquisaram recentemente na internet. Fazem isso 
ao verificar seus dados no celular e, em alguns casos, mostram até 
vídeos e vitrines virtuais indicando a oferta antes mesmo que você peça 
a um atendente. Um dos dispositivos eletrônicos que permite isso são os 
chamados ESC – Eletronic Shelf Labels (mais simples) e os NFC – Near 
Field Communication. 
 
 
6 
Como podemos ver, esses são alguns exemplos de uma infinidade de 
inovações que o mercado cria a cada dia para conseguir entreter seus 
consumidores, diante das inúmeras inovações tecnológicas que surgem num 
curto período de tempo. 
TEMA 3 – A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DA INOVAÇÃO E ÁREAS 
ORGANIZACIONAIS: INOVAÇÃO E GESTÃO DA QUALIDADE 
Dentro do campo da administração, qualidade é um termo em evolução e 
com múltiplas definições. Na década de 1950, qualidade dizia respeito ao padrão 
de produção em massa. Nos anos 1960, tal conceito passou a ser relacionado às 
possibilidades de adequação ao uso levando-se em consideração a necessidade 
do consumidor. Diante da crise do petróleo na década de 1970, a qualidade 
passou a estar relacionada à adequação aos custos. Já a partir dos anos 1980, 
ela volta a se adequar à necessidade latente do mercado. A partir do final da 
década de 1990, a qualidade se relaciona com a adequação à cultura 
organizacional e ao ambiente global e social. 
Nesse sentido, de acordo com Toledo (1994, p.107), existem sete 
dimensões que servem como parâmetro de qualidade, são eles: 
• Qualidade de características funcionais intrínsecas ao produto: tem como 
parâmetro o desempenho do produto e a facilidade de uso. 
• Qualidade de características funcionais temporais: engloba parâmetros 
relacionados a tempo, por exemplo, durabilidade, disponibilidade, 
confiabilidade. 
• Qualidade de conformação: o parâmetro é a conformidade do produto. 
• Qualidade dos serviços associados ao produto: tem como parâmetros a 
facilidade de instalação e as relativas orientações, assim como a 
efetividade da assistência técnica. 
• Qualidade de interface do produto com o meio: a interface com o 
consumidor/usuário e o impacto ambiental são os parâmetros. 
• Qualidade de características subjetivas associadas ao produto: os 
parâmetros são a aparência estética, o reconhecimento da marca e a 
qualidade percebida relacionada. 
 
 
7 
• Qualidade referente ao custo do ciclo de vida do produto para o usuário: 
nesse caso, o parâmetro é o resultado da soma dos custos de aquisição, 
de operação, de remuneração e de descarte do produto. 
Essas sete dimensões compõem um todo sistêmico que se pode 
denominar qualidade total do produto, que representa a qualidade experimentada 
e avaliada pelo usuário, objetiva e subjetivamente, na etapa de utilização do 
produto e em todas as suas dimensões, sejam intrínsecas ou associadas a ele. 
Os diferenciais nos produtos por meio das inovações integradas podem 
ocorrer em qualquer uma dessas dimensões, diante das exigências e 
necessidades dos ambientes internos e externos. Os fatores externos seriam as 
concorrências, inovações tecnológicas, leis e o próprio mercado como um todo. 
Já os fatores internos dizem respeito às estratégias empresariais, tecnologias 
adotadas, ao mercado e também ao produto. 
Esse processo de alteração de produtos tem como meta garantir a 
qualidade, a qual é interligada a quatro etapas (Toledo, 1994, p. 107): 
• Identificação da necessidade ou oportunidade da mudança; 
• Concepção da mudança a ser desenvolvida; 
• Desenvolvimento da mudança; 
• Implantação da mudança. 
Um exemplo de inovação e gestão na qualidade empresarial são as 
normatizações, nos anos 1990, por meio das ISSO 9000. Essas normas tinham 
como função cooperar com as organizações na gestão da qualidade e 
competitividade. Ao utilizar esse sistema, as empresas facilitam o processo de 
entrada e saída de produtos inovadores, e oportunizam uma série de outras 
inovações relacionadas aos oito princípios da qualidade (Clube Sebrae, 2017): 
• Foco no cliente; 
• Liderança; 
• Abordagem de processo; 
• Abordagem sistêmica de gestão; 
• Envolvimento de pessoas; 
• Melhoria contínua; 
• Abordagem factual para tomada de decisões; 
• Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores. 
 
 
8 
Assim, inovação vai muito além de adquirir novas tecnologias. A inovação 
organizacional deve incluir estratégias inovadoras que permeiam toda a 
organização e auxiliam nos objetivos e metas traçados pela gestão. Neste 
contexto, alguns enfoques evidenciam o contexto inovador nas organizações 
(Clube Sebrae, 2017): 
• Comunicação eficaz em toda a organização; 
• Conhecimento do contexto (mercado, concorrência, organização); 
• Envolvimento da alta diretoria; 
• Orientação a riscos; 
• Valorização e desenvolvimento do capital intelectual; 
• Envolvimento e desenvolvimento de parcerias com clientes e fornecedores; 
• Valorização e desenvolvimento do capital intelectual; 
• Existência de estruturas, procedimentos e métodos sistemáticos 
conducentes para criação contínua de conhecimento; 
• Gestão e liderança eficaz dos recursos humanos. 
TEMA 4 – A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DA INOVAÇÃO E ÁREAS 
ORGANIZACIONAIS: INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE 
Se inovar tornou-se algo imprescindível para as organizações, fazê-lo com 
responsabilidade socioambiental é uma necessidade global. Num contexto em 
que produtos e serviços são oferecidos mundialmente e tecnologias estão sendo 
aperfeiçoadas rapidamente, surge a preocupação com as consequências sociais 
e ambientais da chamada sociedade de consumo. 
O termo sustentabilidade ambiental diz respeito aos meios organizados de 
gestão a partir das ações humanas, em diferentes escalas, que devem 
compreender a harmonia entre os diversos ambientes e ecossistemas. 
A resiliência de um ecossistema consiste em sua capacidade de tolerar 
uma atividade que o perturba sem perder irreversivelmente seu equilíbrio. Já 
capital natural define os recursos não renováveis, que, conjuntamente com a 
capacidade sistêmica do ambiente de reproduzir recursos renováveis, devem ser 
levados em conta como um todo. 
Já sustentabilidade social diz respeito às condições sistêmicas por meio 
das quais, em nível mundial ou regional, as ações da sociedade não contrariam 
 
 
9 
os valores da justiça e da responsabilidade pelo futuro, tendo como base a 
distribuição atual e a disponibilidade futura do espaço ambiental. 
Transformar uma organização inovadora em sustentável ou vice-versa 
pode ser um grande desafio, posto que inovação e sustentabilidade nem sempre 
andam juntas. Nesse sentido, de acordo com Barboza (2015), “uma organização 
inovadora sustentável não é que introduz novidades de qualquer tipo, mas 
novidades que atendam as múltiplas dimensões da sustentabilidade em bases 
sistemáticas e colham resultados positivos para ela, para a sociedade e o meio 
ambiente.” 
Nesse sentido, a organização é inovadora e sustentável quando se 
preocupa com as seguintes dimensões da sustentabilidade: 
• Social: impactos sociais (desemprego, pobreza, exclusão etc.); 
• Ambiental: impactos ambientais (emissão de poluentes, usoindiscriminado de recursos naturais etc.); 
• Econômica: obtenção de lucro e vantagens competitivas. 
Assim, percebe-se diversas formas de inovar de forma sustentável nas 
organizações. Empresas que optam por essa filosofia de inovação conseguem 
alcançar resultados e consumidores diferenciados, elevando o nível de 
competitividade e criando barreiras, muitas vezes, difíceis de serem imitadas. 
Para facilitar o processo de desenvolvimento sustentável voltado para a 
inovação, é possível seguir algumas tendências, por exemplo: reutilização de 
materiais; cooperação com comunidades carentes e que possam ser integradas 
às atividades empresariais; troca entre países e empresas parceiras com objetivo 
em comum; alterações nas abordagem e metodologias de produção, optando por 
métodos econômicos e com uso de materiais que geram baixa impacto ambiental. 
De acordo com Somers e Szekely (2017): 
A inovação para a sustentabilidade é mais dinâmica do que a inovação 
em si, pois exige bastante flexibilidade das pessoas para dar conta dos 
inúmeros fatores chave em jogo. Por exemplo, precisam pensar em 
longo prazo: basta lembrar a história dos CFCs – considerados uma 
solução tecnológica altamente inovadora quando introduzida na década 
de 1920, cientistas descobriram, décadas depois, que prejudicam a 
camada de ozônio. O problema foi resolvido ao substituí-los por HFCs – 
que, agora sabemos, são gases de efeito estufa que também têm efeito 
poderoso sobre o clima terrestre. A empresa do amanhã terá de pensar 
muito à frente quando tratar de assuntos no curto prazo, e, cada vez 
mais, soluções futuras terão de sustentar os três pilares do 
desenvolvimento sustentável: ambiental, social e econômico. 
 
 
10 
A abordagem que envolve inovação e sustentabilidade tem sofrido 
modificações nos últimos anos, sendo considerada um conceito popular, e não 
mais uma forma de fazer negócio. 
. As empresas que já estão implementando a inovação estratégica para a 
sustentabilidade relatam que há uma série de elementos que podem ajudar a 
melhorar esta área (Somers; Szekely, 2017): 
• Valorizar o papel da liderança, junto com prioridades claras e uma 
estratégia corporativa alinhada; 
• Certificar-se que o caso de negócio para a inovação é apoiado por uma 
análise detalhada e planejamento de possíveis cenários; 
• Focar nas necessidades do cliente, aproveitar a tecnologia aplicada e 
compartilhar conhecimento por meio de uma abordagem transparente para 
pesquisa e desenvolvimento dentro da empresa; 
• Certificar-se que a estratégia e o desempenho da sustentabilidade estejam 
incorporados nos principais processos da empresa, em que possam 
impulsionar a mudança, e não ser apenas algo aglomerado; 
• Engajar os funcionários por meio de uma estratégia clara, treinamento em 
toda a empresa e comunicação eficaz das melhores práticas; 
• Apoiar o desenvolvimento e a implementação da estratégia ao incentivar 
uma cultura empresarial inovadora e interativa. 
TEMA 5 – IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL 
Compreendendo a ideia inicial de que as inovações são responsáveis para 
o desenvolvimento das organizações, bem como dos países, é interessante que 
essas instituições façam isso de forma sustentável, agregando valor aos seus 
produtos e serviços, o que a tornará diferenciada no ambiente mercadológico. 
Diante desse contexto, o Instituto Inovação (2017) aponta que: 
inovar é ainda mais importante em mercados comoditizados, ou seja, 
com alto nível de competição e cujos produtos são praticamente 
equivalente entre os ofertantes. Assim, organizações inovadoras obtêm 
uma colocação vantajosa sobre as demais, independentemente do tipo 
de inovação praticada (incremental ou radical, de produto, processo ou 
modelo de negócio). 
Dessa forma, entende-se que inovar gera conhecimento para as 
organizações, de maneira que este conhecimento fica disponível aos atores 
internos e externos às empresas. Além disso, esse conhecimento difundido fora 
 
 
11 
da organização acaba por gerar um desenvolvimento das comunidades e nações 
como um todo. 
Para auxiliar os processos de inovação nas organizações, uma forma vem 
ganhando força no ambiente organizacional, o open innovation, no qual as 
empresas buscam fora da organização conceitos e novas maneira de desenvolver 
a inovação. 
Esse método de inovação é normalmente representado pelo momento 
onde a organização percebe que não é eficiente nem eficaz utilizar 
apenas em seus próprios conhecimentos, fontes e recursos internos 
(como sua própria equipe de P&D, por exemplo) para inovar no mercado, 
seja nos produtos, serviços, modelos de negócios, processos internos, 
logística, vendas, dentre outros. (Silva, 2018) 
Grandes empresas, mesmo que tenham espaços mais estruturados para o 
desenvolvimento de inovações, também buscam por fontes externas, com o 
objetivo de impulsionar aquilo que vem sendo desenvolvido. Dessa forma, a 
inovação aberta pode ser classificada em dois grupos principais: inovação aberta 
de entrada e inovação aberta de saída. 
Inovação de entrada diz respeito às fontes de conhecimento necessárias 
para o desenvolvimento de um produto, processo ou serviço inovador. Essas 
informações são coletadas e refinadas para serem utilizadas em seus processos. 
Já a inovação de saída é o processo inverso, no qual a captura ocorre no 
ambiente organizacional, por meio das atividades já realizadas e a experiência 
adquirida. 
Agora que abordamos o conceito de inovação aberta e suas duas 
principais categorizações, cinco exemplos, citados pela DisruptBox (2018), 
apontam como isso ocorre na prática. 
• Liga ventures: aceleradora de startups brasileira totalmente dedicada a 
conectar startups e grandes empresas, utilizando práticas de inovação 
aberta e corporate ventures. O método é basicamente composto em 
identificar as melhores startups, aproximá-las de corporações consolidadas 
e alavancá-las com um programa de aceleração personalizado para 
solucionar os desafios das grandes empresas. Todos ganham nesse 
processo: as startups conseguem maior alcance no mercado, mais 
recursos, aumentam sua rede de contatos e dão um passo importante em 
ganho de escala. As grandes corporações conseguem inovar mais rápido, 
 
 
12 
gerar novas oportunidades de negócio e aprender com a cultura 
empreendedora da startup. 
• Cubo: é um dos mais relevantes centros de empreendedorismo tecnológico 
de toda a América Latina. Essa iniciativa foi fundada pelo famoso Itaú 
Unibanco, em parceria com a Redpoint Eventures. O objetivo com essa 
iniciativa é conectar em um espaço unificado agentes do ecossistema de 
inovação como: empreendedores, grandes empresas, investidores, 
universidades, incubadoras e aceleradoras. 
• Oxigênio aceleradora: A Oxigênio é uma aceleradora de startups voltada a 
identificar startups com soluções inovadoras e que tenham sinergia com 
a Porto Seguro e seus setores de atuação. As startups, por sua vez, 
recebem investimento direto de pelo menos US$ 50.000,00 e ainda são 
aceleradas por três meses no Centro de Inovação da Oxigênio, que fica em 
São Paulo, e mais três meses na sede da Plug and Play, no Vale do Silício. 
• Fast Dating: é um método simples e eficiente para que a Tecnisa possa 
conhecer ótimas startups no mercado e descobrir grandes oportunidades 
no setor. São rápidos encontros periódicos entre startups e tomadores de 
decisão internos. Ao todo, são disponibilizados 10 minutos de apresentação 
para cada startup, incluindo um tempo para tirar dúvidas. 
• Wayra: aceleradora de startup corporativa de iniciativa do Telefónica Open 
Future, programa de inovação aberta e apoio ao empreendedorismo do 
Grupo Telefónica (no Brasil representado pela Vivo). A aceleradora investe 
em startups que atuam nos segmentos: internet das coisas; soluções 
digitais em telecomunicações; Fintech; Agtech; SaaS (Software as a 
Service); Big Data; machine learning; inteligência artificial;E2E (end to 
end); Edutech; segurança; mídia; comunicação; games. 
Nesse sentido, inovar dentro das organizações é fundamental para que a 
proposta de valor aos clientes se mantenha válida e ativa independentemente das 
mudanças que ocorrem no mercado. Mas a forma e a estratégia podem ser 
decisivas para o sucesso ou fracasso dos projetos. 
 
 
 
 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
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Learning, 2007. 
CANONGIA, C. et al. Foresight, inteligência competitiva e gestão do 
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11, n. 2, 2004. 
CARVALHO, H. G. de; REIS, D. R. dos; CAVALCANTE, M. B. Gestão da 
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marketing-4-tendencias-que-voce-precisa-conhecer-2/>. Acesso em: 23 out. 
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FIGUEIREDO, P., N. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de 
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2008. 
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_____. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2013. 
AULA 3 
GESTÃO ESTRATÉGICA DA 
INOVAÇÃO 
Prof. Afonso Ricardo Paloma Vicente 
 
 
2 
TEMA 1 – COMPREENDENDO O CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL PARA 
INOVAÇÃO 
Para que possamos entender a abrangência, as implicações e a 
importância do conhecimento organizacional em instituições de diversas 
naturezas, é necessário diferenciar duas concepções, que envolvem o 
conhecimento organizacional como objeto e como processo. Na prática, tal 
distinção é fundamental para aferir a natureza das ações e o tratamento dado ao 
conhecimento nas empresas, que findam pendendo para uma das duas 
concepções. 
“Ao examinarmos a literatura, observamos que uma parte dos estudos trata 
o conhecimento como um objeto a ser produzido, adquirido, usufruído, ou seja, 
como se fosse um equipamento ou uma ferramenta de produção” (Possoli, 2012, 
p. 94). Ao analisarmos o conhecimento organizacional como processo, a gestão 
do conhecimento pode ser entendida como um conjunto de ações que 
sistematizam uma base de saberes, em operação por iniciativas de aprendizagem 
organizacional. Dessa forma, a construção do conhecimento organizacional 
abarca inputs científicos, assim como envolve construções sociais. 
Assim, por intermédio desses inputs científicos e de construções sociais, 
acontecem a disseminação e a aplicação do conhecimento apropriado pela 
organização. A função fundamental da construção do conhecimento no processo 
de gestão deve conter a interface entre o paradigma científico e o paradigma 
social para a efetivação desse processo. 
Por meio de diversos estudos organizacionais, é possível perceber que as 
organizações são incapazes de funcionar com base na informação e no 
conhecimento, pois falham em tentar descobrir informações e conhecimentos de 
que necessitam, além de não saberem administrá-los. O que acontece é que as 
organizações afirmam praticar a gestão do conhecimento, quando, na verdade, 
praticam a gestão estratégica da informação. Isso se deve ao fato de existir uma 
controvérsia acerca da terminologia da área de gestão do conhecimento. 
Nonaka e Takeuchi (2013), em seus estudos sobre conhecimento 
organizacional, descrevem que a criação desse conhecimento ocorre em uma 
espécie de espiral, de modo que seu início está nos sujeitos e percorre um 
caminho até chegar nos grupos que integram as suas principais comunidades de 
 
 
3 
interação. Assim, essas comunidades acabam por extrapolar as diversas 
fronteiras organizacionais, até atingir nível superior da interorganização. 
Segundo os autores, nesse modelo, o conhecimento é convertido de quatro 
formas: 
1. Socialização: processo de conversão de novos conhecimentos tácitos por 
meio de experiências compartilhadas em interações sociais e técnicas. 
2. Externalização: processo-chave na criação do conhecimento, à medida 
que converte conhecimento tácito em explícito. 
3. Combinação: conversão do conhecimento tácito em explícito para a 
sistematização de conceitos com um sistema de conceitos, gerando novos 
significados. 
4. Internalização: processo de conversão do conhecimento explícito em 
tácito, expandindo o escopo da experiência por meio do aprender fazendo. 
Nota-se que o processo de aquisição do conhecimento é longo e 
sistemático, e, por conta disso, necessita de uma boa gestão para que 
informações desnecessárias não venham a atrapalhar os processos 
organizacionais. É fundamental filtrar as informações para que o conhecimento 
seja realmente necessário para a organização. 
Vejamos, na sessão seguinte, como fazer uma boa gestão do 
conhecimento que reflita em um alto desempenho organizacional. 
TEMA 2 – GESTÃO DO CONHECIMENTO PARA A INOVAÇÃO 
Para conceituar a gestão do conhecimento e suas inter-relações com a 
inovação, é necessária uma reflexão sobre os conceitos de dados, informação e 
conhecimento, já que o conhecimento deriva da informação, assim como esta, dos 
dados. No meio empresarial, o conhecimento é descrito como a combinação de 
dados e informações carregados de expertise, habilidades e experiências para a 
valorização dos ativos de apoio ao processo decisório. 
Assim, conhecimento envolve um conjunto de elementos que o tornam algo 
complexo. Para isso, sugere-se que o seu processo de desenvolvimento seja 
organizado, fazendo com que os resultados sejam de mais fácil compreensão. 
De forma genérica, dado é um tipo de informação em seu estágio inicial, 
bruto, algo exato e que não traz um significado em seu primeiro momento, mas 
que, após análise, é fundamental para a construção da informação e do 
 
 
4 
conhecimento. A informação, por outro lado, pode ser entendida como uma 
mensagem que contém dados significativos, a qual pode ser audível ou visível, 
em que há um emissor e um receptor. Dessa maneira, informações podem, 
potencialmente, gerar conhecimento. 
É imprescindível, portanto, que as organizações adotem alguns conceitos 
básicos e determinantes, por mais que eles sejam complexos. Exemplos disso 
são justamente os conceitos de dado, informação e conhecimento: 
 Dado: engloba simples observações sobre o estado do mundo; 
 Informação: dado dotado de relevância e propósito; 
 Conhecimento: informação valiosa da mente humana; engloba reflexão, 
síntese e contexto. 
Por mais que essa discussão de cunho filosófico seja interessante e 
necessária, as organizações e demais estudos não chegaram a elaborar 
quaisquer distinções amplamente aceitas e válidas sobre dado, informação e 
conhecimento. Tais questões têm sido debatidas sem consenso desde a época 
dos filósofos pré-socráticos até os dias atuais. No entanto, é imprescindível que a 
discussão terminológica se transforme em uma discussão conceitual, que resulte 
em um entendimento amplo sobre a área, suas fronteiras e sua abrangência. 
Conhecimento pode ser classificado de inúmeras maneiras. No âmbito 
empresarial, podemos destacar dois tipos: 
1. Conhecimento explícito: conhecimento transmitido, codificado, 
sistematizado e formalizado mais facilmente entre os sujeitos, já que podeser verbalizado, descrito, especificado em manuais ou em expressões. 
2. Conhecimento tácito: conhecimento pessoal incorporado à experiência 
individual e que envolve fatores intangíveis, como, por exemplo, crenças 
pessoais, perspectivas, sistemas de valor, intuições, emoções, habilidades 
(Nonaka; Takeuchi, 2013). É considerado uma fonte importante de 
competitividade entre as organizações. 
A criação do conhecimento no contexto da empresa é resultado da 
interação e da complementariedade entre os conhecimentos tácito e explícito. 
Levando em consideração essa interação, a gestão do conhecimento pode ser 
definida como “processo sistemático de identificação, criação, renovação e a 
aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na vida de uma organização” 
(Corsatto; Hoffman, 2011, p. 24). 
 
 
5 
Gerir o conhecimento é administrar os ativos do conhecimento das 
organizações, ou seja, a gestão do conhecimento permite à organização saber o 
que ela sabe. Podemos ainda definir gestão do conhecimento como a gestão de 
atividades e processos, de modo a elevar os níveis de competitividade 
organizacional, levando ao desenvolvimento de novos conhecimentos essenciais 
para a criatividade desenvolvida pelas pessoas nas empresas. 
A gestão do conhecimento pode indicar a forma como os processos 
desenvolvidos pelas organizações ocorrem, bem como auxiliar no processo de 
tomada de decisão, gerando, assim, uma prática positiva que agrega valor a todos 
os âmbitos organizacionais. 
Para que isso ocorra, são necessárias práticas de gestão que criem um 
ambiente para o desenvolvimento de processos criativos e favoreçam o 
aprendizado individual e coletivo. É por isso que a gestão do conhecimento é um 
processo corporativo, focado na estratégia empresarial e que envolve a gestão 
das competências, a gestão do capital intelectual, a aprendizagem organizacional, 
a inteligência empresarial e a educação corporativa. Vamos compreender cada 
um desses itens separadamente: 
 Gestão das competências: compreendida como uma estratégia de gestão 
de pessoas baseada em competências essenciais para o exercício das 
atividades requeridas. 
 Capital intelectual: é o somatório do conhecimento de todos os agentes 
envolvidos em uma organização, de forma a proporcionar vantagens 
competitivas, criado pelas inter-relações das seguintes categorias: capital 
humano, capital estrutural, capital de clientes, capital organizacional, 
capital de inovação e capital de processo. 
 Aprendizagem organizacional: capacidade dos indivíduos de uma 
organização de absorver e utilizar conhecimentos disponíveis no ambiente 
organizacional. 
 Inteligência empresarial: modificação de informações importantes em 
conhecimento estratégico, preciso e útil para a empresa. Consiste na 
criação de informações do ambiente externo das organizações para 
permitir que a empresa se antecipe em relação às tendências do mercado. 
 Educação corporativa: processos de ensino constante desenvolvidos 
pelas grandes corporações com o objetivo de atualização de seu pessoal. 
 
 
6 
Como visto, muitas são as ações que uma empresa inovadora deve tomar, 
e criar um ambiente propício para que esse processo ocorra é fundamental. 
Vamos compreender como o conhecimento e a aprendizagem gerados na 
organização corroboram a inovação das empresas. 
TEMA 3 – CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL 
Buscar inovação contínua, por intermédio do desenvolvimento de novos 
processos e produtos, da implementação de tecnologias avançadas, da gestão da 
qualidade, da diferenciação perante a concorrência, do posicionamento da marca, 
entre outras formas, é uma atitude que visa garantir altos níveis de eficácia, 
competitividade e produtividade nas organizações. 
Tal ação implica a constante criação de conhecimentos e a habilitação 
tecnológica, que são efetivadas por meio de práticas de aprendizagem 
organizacional. Essa aprendizagem, por sua vez, é entendida como o processo 
mais significativo para a inovação tecnológica. 
A aprendizagem organizacional pode ser compreendida como uma 
maneira de mudar as ações já estabelecidas pela empresa, processo este 
resultante da prática ou experiência anterior. Aprender no ambiente 
organizacional significa compreender os eventos e princípios, aprimorar-se com 
as situações passadas e discuti-las, visando guiar as ações futuras, em um 
processo constante de ação-reflexão. 
A aprendizagem organizacional tem a inovação como principal objetivo, na 
qual as pessoas aprimoram continuamente suas capacidades, trabalhando em 
conjunto na busca por soluções dos mais diversos níveis de complexidade. Nesse 
contexto, organizações que aprendem ou organizações de aprendizagem são 
aquelas que praticam a aprendizagem organizacional. Elas desenvolvem a 
capacidade de construir, obter e repassar conhecimento, além de alterar 
comportamentos. 
Organizações de aprendizagem desenvolvem habilidades para agir em 
cinco atividades básicas: 1. resolução sistemática de problemas; 2. 
experimentação de novas abordagens; 3. aprendizagem com base na própria 
experiência e história passada; 4. aprendizagem por meio de experiências e 
melhores práticas de outros; e 5. transferência do conhecimento de forma rápida 
e eficiente por toda a organização (Possoli, 2012). 
 
 
7 
Além disso, essas empresas têm dentro de si o embrião da aprendizagem 
e da inovação. Nelas: i. aprende-se coletivamente; ii. lapida-se e extrai-se o que 
há de mais valioso em cada indivíduo; iii. compartilham-se conhecimentos e 
experiências com todo o grupo. Isso faz com que as organizações que aprendem 
sejam reflexivas e questionadoras, proporcionando um terreno fértil para a 
inovação. 
Uma organização de aprendizagem apresenta critérios especiais no que 
diz respeito à equipe de trabalho. Ela é formada por colaboradores que buscam e 
constroem soluções para problemas, anseiam por novidades e desejam integrar 
setores da empresa em que trabalham (Possoli, 2012). Esses atributos são 
essenciais para a inovação, e se materializam em cinco disciplinas (domínio 
pessoal, modelos mentais, visão compartilhada, aprendizado em equipe e 
pensamento sistêmico), que constituem um aporte de práticas de aprendizagem. 
Essas práticas, por sua vez, possibilitam as mudanças pessoais e a aquisição de 
novas habilidades e conhecimentos, assim como novas vivências e estágios de 
consciência. 
Organizações estruturadas para a aprendizagem adotam práticas de 
capacitação e aprimoramento de seus colaboradores e, dessa forma, elevam sua 
capacidade de inovar e mudar. Essas empresas não são criadas rapidamente, 
afinal, é o pensamento sistêmico que irá organizar o processo de inovação, sendo 
necessário ressaltar como processos essenciais para a aprendizagem 
organizacional a transmissão e a propagação de saberes, informação e 
habilidades. 
De acordo com o Manual de Oslo (OECD, 2015), devemos considerar os 
aspectos humanos, culturais e sociais como decisivos para que a inovação 
aconteça eficientemente nas organizações. Isso porque tais aspectos interferem 
expressivamente no aprendizado organizacional, no que diz respeito à fluidez da 
comunicação interna, às interações informais no ambiente de trabalho, à 
colaboração e aos meios de transferência de habilidades e informações, e, assim, 
a aptidão para inovar está sujeita às estratégias de aprendizagem, que se 
concretizam por meio da troca e da construção de conhecimento dentro e fora da 
empresa. 
Diante desse contexto, deve-se considerar a atualidade e relevância dos 
modelos organizacionais em rede como mais apropriado [sic] para uma 
aprendizagem integrada, que visa à construção de conhecimento e 
inovações. As estruturas em rede são mecanismos indispensáveis para: 
(1) a otimização de recursos organizacionais; (2) o incremento do 
 
 
8 
potencial tecnológico na criação de inovação; e (3) o aumento da 
capacitaçãode incorporação de know-how. (Van Aken; Weggeman, 
2000) 
Dessa maneira, a estrutura organizacional como ambiente em rede, em 
diversos graus e aplicações, auxilia na flexibilização das relações interpessoais, 
potencializa a partilha e a construção coletiva de saberes entre pessoas e 
empresas, favorecendo, dessa maneira, a geração de conhecimento e inovações 
tecnológicas. 
TEMA 4 – GESTÃO DE FONTES EXTERNAS DE INFORMAÇÃO PARA 
INOVAÇÃO 
O desenvolvimento de uma estratégia de inovação deve compreender os 
objetivos que se pretende alcançar, quais são os recursos disponíveis para esses 
processos e o resultado do produto em si. Para isso, é imprescindível que a 
organização saiba quais são suas fontes de recursos, internos e externos, pois é 
essa busca que delineará as estratégias de decisão para que os objetivos sejam 
alcançados. 
Sugere-se, então, uma gestão integrada ao processo de inovação para que 
haja melhores chances de alcançar o sucesso e o desenvolvimento no nível 
esperado, resultado este de uma empresa inovadora e com um modelo de negócio 
com poder de alcançar novos mercados. 
Com o passar dos anos, a busca por tecnologias externas está 
aumentando, principalmente nas empresas com um setor dedicado a pesquisa e 
desenvolvimento, o que leva as organizações a criarem uma rede de contatos e 
relacionamento com essas fontes de tecnologias. No entanto, por trás desse 
processo deve haver uma estratégia bem-delineada para saber exatamente quais 
as melhores fontes dessas tecnologias e como elas podem, de fato, colaborar 
para o desenvolvimento organizacional. 
Na comunidade acadêmica, há muitos trabalhos que tiveram como 
objetivos as principais fontes de informação e como esta está correlacionada à 
inovação organizacional. Um exemplo apresentado por Gomes e Kruglianskas 
(2009) é o setor de telecomunicações, em que foi possível identificar que as fontes 
mais comumente utilizadas pelas empresas são os departamentos de pesquisa e 
desenvolvimento (P&D), as universidades, os institutos de pesquisa, bem como a 
 
 
9 
participação em conferências, simpósios, feiras e exposições, fornecedores, entre 
outros. 
No entanto, cada um desses elementos apresenta níveis de utilização, 
sendo os departamentos de P&D os mais utilizados pelas organizações, enquanto 
os fornecedores são os menos utilizados. Outro exemplo citado pelos autores diz 
respeito às fontes externas ligadas ao mercado. Esse exemplo cita as atividades 
de inovação das empresas inglesas, as quais definem as relações com seus 
fornecedores de acordo com a sua necessidade de inovação, ou seja, escolhem 
parceiros estratégicos que permitem um processo de inovação mais assertivo. 
Além desse contato com fornecedores estratégicos, empresas inovadoras 
optam por buscar informações relevantes a partir da aquisição de tecnologias, ou 
seja, troca de informações sobre como um produto ou serviço funciona e como 
esses detalhes podem auxiliar no desenvolvimento organizacional. Isso indica que 
somente olhar para outras empresas ou parceiros para saber como inovar não é 
suficiente. 
É preciso estruturar uma equipe de gestão com uma percepção acurada 
dos mais simples até os mais complexos artefatos para compreender, em sua 
totalidade, como funcionam o processo de inovação adotado por essas empresas 
e as tecnologias utilizadas. Compreende-se, então, que nem toda informação é 
relevante ou necessária para os objetivos impostos pela empresa que busca esse 
conhecimento. 
No entanto, essa capacidade de a empresa expandir o seu escopo de 
conhecimento a partir de suas fontes e parceiros está diretamente ligada ao seu 
poder de relacionamento, seja este formal ou informal. Essa relação determina as 
ações que a empresa deve adotar a partir de práticas exercidas por outras 
empresas. 
Porém, poucas são as empresas que têm a capacidade de fazer uma 
análise de todos os processos adotados e de como aplicá-los no seu contexto 
atual. De acordo com Gomes e Kruglianskas (2009, p. 175), “dentre as principais 
vantagens no uso de fontes externas, destacam-se: a criação de novas 
oportunidades, resultados mais rápidos e eficazes, diminuição dos custos da 
inovação, maior facilidade na definição de prioridades e estímulo à inovação 
interna”. 
Dessa forma, podemos compreender melhor a importância da gestão das 
fontes de informação externas à organização. Ter boas fontes não é suficiente 
 
 
10 
para inovar: é preciso saber gerir as informações e analisar como elas podem 
servir como recurso fundamental para o desenvolvimento da empresa. 
TEMA 5 – AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO INOVADOR 
Como vimos anteriormente, fontes externas de inovação são fundamentais 
para o desenvolvimento da empresa que tem a inovação como elemento principal 
nas suas ações do cotidiano. No entanto, alguns indicadores desenvolvidos por 
estudiosos da área apontam qual elemento é, de fato, relevante no processo de 
gestão da inovação. 
O primeiro ponto a destacar é a disponibilidade das informações, já que 
esse critério é fundamental para que a empresa possa acessá-las sem grandes 
problemas. Essa facilidade em adquirir informações faz com que a empresa 
reduza seus custos da obtenção de recursos, principalmente se ela está inserida 
em um ambiente de alta tecnologia, no qual estas mudam constantemente. Assim, 
cria-se um valor a partir do momento em que a empresa acessa informações de 
forma rápida e contínua. 
Outro critério diz respeito à capacitação tecnológica da empresa, que pode 
ser medida pela infraestrutura, à capacitação dos recursos humanos envolvidos 
em P&D, às fontes externas de aquisição de tecnologia e aos resultados 
alcançados (Gomes; Kruglianskas, 2009). Um terceiro ponto trata das dificuldades 
para a análise do comportamento inovador das empresas, a qual consiste na 
disponibilidade de dados, que podemos entender a partir dos seguintes critérios: 
a importância dos resultados da inovação em termos de faturamento, os 
efeitos da inovação no modo de a empresa conduzir o negócio e a 
proteção dos resultados da inovação (patentes e métodos de proteção 
similares). O faturamento não é por si só uma medida de sucesso na 
empresa. Um alto valor de faturamento não implica necessariamente alto 
desempenho. Porém, não obstante, constitui-se em uma mensuração de 
resultado. A medida de faturamento pode ser analisada em relação à 
atividade de inovação das empresas. Os principais efeitos da atividade 
de inovação, segundo os dados obtidos na pesquisa, são relacionados 
ao produto. A proporção de empresas com atividade de inovação que 
consideraram que sua atividade de inovação teve significativo impacto 
foi mais alta entre as empresas do setor industrial. Os dados 
evidenciaram, também, alta proporção de empresas com atividade de 
inovação que solicitaram o registro de pelo menos uma patente para 
proteger invenções ou inovações. (Gomes; Kruglianskas, 2009, p. 177) 
Nesse sentido, é uma falácia associar tecnologia e competitividade, pois, 
para existir uma empresa competitiva por meio da tecnologia, é fundamental, entre 
esses processos, a inovação, que transforma o potencial da empresa em bens 
 
 
11 
econômicos. Segundo Gomes e Kruglianskas (2009, p. 177), “esse processo 
fundamental consiste em dominar tecnologias adaptadas, para apoiar a 
capacidade de inovar e realizar a inovação para construir a competitividade por 
meio de aplicações que correspondem às necessidades da clientela”. 
Dessa forma, para organizações inovadoras, é fundamental haver uma 
orientação estratégica que utilize de suas ações para inovação nas mais diversas 
áreas das empresas. Havendo essa orientação estratégica, as empresas 
certamente irão contribuir de forma mais assertiva para os objetivos que estão 
ancorados na competitividade. 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
ANDREASSI, T. Gestão da inovação tecnológica. São Paulo: Thomson Learning, 
2007. 
CANONGIA, C. et al. Foresight,

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