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6ºAula Condução: equação da condução, condução em regime permanente e transiente Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • saber as diferenças entre regimes permanente e transiente; • conhecer os métodos de condução; • compreender como o método transiente influencia na condução. A condução pode ser descrita por uma transferência de calor causada por uma diferença de temperatura entre duas regiões em um mesmo meio ou entre dois meios em contato. Ela pode ser dividida em unidimensional, bidimensional, tridimensional, em regime permanente e transiente. No caso em problema unidimensional em regime permanente, há fluxo de calor predominante em uma dada direção, independentemente do tempo. Se o sistema ainda for unidimensional em regime transiente, este tem o fluxo em uma só direção e muda de acordo com o tempo. Para entender como tudo isso funciona, vamos para mais uma aula? Boa aula! Bons estudos! Fenômenos de Transporte 46 Seções de estudo 1. Equação da condução 2. Condução em regime permanente 3. Condução em regime transiente 4. Exemplo resolvido 1 - Equação da condução A equação de condução de calor é uma equação diferencial parcial que descreve a distribuição de calor em um determinado instante de tempo. A condução como tratada nas outras aulas, agindo somente em uma direção não existe na vida real e utilizamos desse artifício para simplificação dos problemas. Logo, é necessário conhecer as transferências de calor em diferentes direções e nas coordenadas retangulares, cilíndricas e esféricas. Aqui, demostraremos somente a equação da transferência de calor por coordenadas retangulares. Se aplicarmos um balanço de energia em um elemento de volume retangular durante um instante de tempo, temos: Figura 1 – Elemento de volume retangular Fonte: Çengel e Cimbala (2012). Onde as taxas de transferência de calor podem ser determinadas pela Lei de Fourier nas entradas nas direções x, y e z. As taxas de transferência de calor na saída também são determinadas pela lei de Fourier só que ganham um diferencial de volume de controle dx, dy e dz. Para a solução é necessário fazer uma expansão em série de Taylor, na qual desprezamos termos de ordens superiores, pois estes tendem a zero. Substituindo as taxas de transferência de calor no balanço de energia temos: Não existe uma solução geral analítica para a mesma. Por isso, geralmente, ela é resolvida para diversos casos que dependem da geometria do problema, do tipo de regime e das condições iniciais e de contorno. Na qual: é a condutividade térmica [ ]; é a energia gerada por volume ; é a massa específica ; é o calor específico . 2 - Condução em regime permanente A transferência de calor por condução em regime permanente, sem geração interna de calor, unidimensional e propriedades de transporte constantes, reduz a equação de difusão de calor em: 47 Como as propriedades são constantes, a massa específica pode sair da derivada parcial, o que transforma a expressão em uma EDO de segunda ordem. Um dos casos mais estudados é a transferência de calor em placa planas, em que existe uma parede de espessura , cuja face esquerda é mantida a uma temperatura enquanto a face à direita é mantida à temperatura . Figura 2 – Placa plana. Fonte: Çengel e Cimbala (2012). Para a solução de uma EDO é necessário encontrar uma solução geral de equação diferencial e aplicar uma condição de contorno. Se integrarmos a função duas vezes, iremos baixar a segunda ordem da função e desta maneira encontraremos uma solução geral de equação diferencial. 1ª integral 2ª integral Logo: Para solução da equação geral é necessário encontrar as constantes e essas necessitam de condições de contorno. As condições de contorno existentes para solução de transferência de calor são: a) Temperatura especificada: x = 0 T = x = L T = b) Fluxo de calor especificado: x = simétrico x = L adiabático x = 0 adiabático c) Convecção na interface: x = 0 x = L d) Radiação na interface: x = 0 x = L As condições podem existir combinadas de acordo com o problema a ser solucionado, assim como existir mais condições de contorno se o problema for bidimensional (4 condições de contornos) e tridimensional (6 condições de contornos). Na maioria dos problemas iremos utilizar hipóteses simplificadoras para sua solução manualmente e uma delas é ser unidimensional e sem fluxo de calor, o que facilita os cálculos, sendo os problemas bidimensionais e tridimensionais abordados por programas de simulação, como TransCal 1.1, Ansys, OpenFoam, entre outros. 3 - Condução em Regime Transiente Quando um corpo com temperatura inicial é subitamente posto a novas condições de temperatura ao seu redor, é necessário que seja restabelecido o equilíbrio térmico. Exemplos práticos são o aquecimento e/ou o resfriamento de processos industriais, tratamento térmico, entre outros (MOREIRA, 2014). Como existem diferenças de geometria e transferência de calor para corpos, existem métodos adequados para cada situação. Para determinação de qual método é o mais adequado encontramos o número de Biot, um adimensional que mede a razão entre a resistência térmica interna de um sólido e a resistência térmica na camada-limite. Na qual: é o comprimento característico [m]; é coeficiente local de convecção [W/ .K]; é a condutividade térmica [W/m.K]; Fenômenos de Transporte 48 Figura 3 – Efeito do número do Biot na distribuição de temperatura de uma placa plana. Fonte: Çengel (2012). Sendo o comprimento característico definidos para corpos de geometria básica como placa plana, cilindro e esfera, temos: • Placa plana • Cilindro • Esfera Figura 4 – a) Placa plana; b) Cilindro e c) Esfera. Fonte: Çengel e Cimbala (2012). Quando trabalhamos com pequenos números de Biot, ou seja, menores que 1, temos campos de temperatura uniforme em todo corpo. Já para os números de Biot muito maiores que 1 não existe uniformidade dos campos de temperatura no corpo do objeto. No caso se, é razoável assumir uma distribuição de temperatura uniforme no sólido em qualquer tempo durante o processo transiente ( ). Se aumentarmos o o gradiente de temperatura dentro do sólido é significativo . Nesse caso para o gradiente de temperatura no sólido é muito maior que entre a superfície e o fluido. Os métodos podem ser definidos como: • Se o que significa – Método é o de Capacitância Global. • Se e – Métodos das Cartas de Hesleir que é um método gráfico e Método de solução analítica. • – Método dos sólidos Semi Infinitos. Nesta aula, abordaremos somente os métodos de Capacitância global e das Cartas de Heisler, ficando os outros métodos como indicação de métodos de condução transiente. Outro parâmetro adimensional que ajuda na definição do método é o número de Fourier, que é razão entre a taxa condutiva de calor e a taxa de armazenamento de energia térmica em um sólido chamado de Tempo adimensional. O número de Fourier pode ser escrito tanto por como por , ambos representam a mesma coisa. Na qual: t é tempo [s]; L é o comprimento [m]; é a difusividade térmica . A difusividade térmica é a razão que quantifica o quanto um corpo conduz sobre o quanto ele armazena. Na qual: é a condutividade térmica [W/m.K]; é a massa específica [ ]; é o calor específico . Método da capacitância global É um dos métodos que trabalha com a transferência de calor em corpos pequenos, finos ou com condutividade térmica alta. Nele, o corpo analisado pode ter três geometrias básicas que seriam: a placa plana, o cilindro e a esfera. A hipótese para regime permanente diz que para cada instante de tempo t, o corpo teria diferentes temperatura nas posições x. Logo, teríamos uma temperatura que depende de posição e tempo . Como já dito anteriormente, nesses métodos trabalhamos com corpos de pequenas dimensões e dessa maneira a influênciada posição é irrelevante, portanto, a temperatura só depende do tempo o que significa que o corpo terá a mesma temperatura da superfície no interior. A expressão a seguir serve para determinar a variação de temperatura dentro da parede: Na qual: é a temperatura [adimensionalizada]; é a temperatura inicial da placa [K]; 49 é a temperatura do meio [K]; é a temperatura em uma dada posição [K]; é a massa específica [ ]; é o calor específico ; é coeficiente local de convecção [W/ .K]; é a área superficial ]; é o volume ]; t é o tempo [s]. Ou na forma adimensionalizada: Na qual: é o número de Biot [adimensional]; é o número de Fourier [adimensional]. Cartas de Heisler Este é um método gráfico que avalia a temperatura no centro do objeto para condução de calor transiente por meio de uma parede infinitamente longa de espessura , um cilindro infinitamente longo de raio e uma esfera de raio . Embora se trate de uma alternativa mais rápida e mais simples para as soluções exatas destes problemas, existem algumas limitações, como o (ÇENGEL; CIMBALA, 2012). Placa plana Figura 5 – temperatura do plano médio para placa plana Fonte: Çengel e Cimbala (2012). Figura 6 – Distribuição de temperatura para placa plana (lado direito) e transferência de calor para placa plana (lado esquerdo). Fonte: Çengel e Cimbala (2012). Fenômenos de Transporte 50 Cilindro Figura 7 – Temperatura na linha do centro de um cilindro Fonte: Çengel e Cimbala (2012). Figura 8 – Distribuição de temperatura para cilindro (lado direito) e transferência de calor para cilindro (lado esquerdo). Fonte: Çengel e Cimbala (2012). 51 Esfera Figura 9 – Temperatura na linha do centro de uma esfera. Fonte: Çengel e Cimbala (2012). Figura 10 – Distribuição de temperatura para esfera (lado direito) e transferência de calor para esfera (lado esquerdo). Fonte: Çengel e Cimbala (2012). Vale ressaltar que o método de sólidos semi-infinitos e da solução analítica são mais complexos matematicamente quando comparados aos outros dois métodos, pois ambos utilizam tabelas para definição de suas constantes. As soluções analíticas são expressões definidas para cada geometria básica e são muito parecidas com os da Cartas de Heisler só que nesse método a faixa para é indefinida, sendo este método válido para até , existem limitações nas geometrias e para . Em se tratando de indefinidos temos também o método de sólidos semi-infinitos onde existem situações mais usuais e para cada uma delas uma expressão matemática. 4 - Exemplo resolvido Um ovo comum pode ser tratado como uma esfera de 5,5 cm de diâmetro cujas propriedades são, aproximadamente, e . O ovo está, inicialmente, a uma temperatura uniforme de e é colocado na água fervendo a . Considerando o coeficiente de transferência de calor por convecção de Fenômenos de Transporte 52 determine o tempo necessário para o centro do ovo chegar a Dados: t = ? Solução: O ovo pode ser aproximado para uma esfera. Logo, para definição do método devemos encontrar o número de Biot. Para isso, antes, faz-se necessário estabelecer o comprimento característicos. Sendo para Esfera , temos: O número de Biot: Como o Bi utilizaremos as cartas de Heisler para a esfera, notem que o inverso do Bi são as curvas em rosa por se tratar de um método gráfico um novo número de Biot deve ser calculado através do raio. Substituindo os valores encontramos o inverso de Como sabemos todas as temperaturas, podemos encontrar a distribuição de temperatura da esfera, indicada pelo eixo vertical. Notem que no método gráfico as expressões estão nos próprios eixos. Observem que com e encontramos graficamente o valor para o número de Fourier . 53 O valor para , sendo o número de Fourier um tempo adimensional, encontraremos através de sua expressão o tempo para que o seu centro atinja a temperatura de 70°C. Reescrevendo a expressão, temos: Se transformarmos isso em minutos temos: Retomando a aula Chegamos, assim, ao final de nossa aula. Espera-se que agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre condução, bem como equação da condução, condução em regime permanente e transiente. Vamos, então, recordar? 1. Equação da condução Vimos que a equação de condução de calor é uma equação diferencial parcial que descreve a distribuição de calor em um determinado instante de tempo. Ela nos demonstra que o calor por condução pode ocorrer nas quatro dimensões q (x, y, z, t). 2. Condução em regime permanente Vimos que a transferência de calor por condução em regime permanente, sem geração interna de calor, unidimensional e propriedades de transporte constantes, reduz a equação de difusão de calor unidimensional. Essa equação quando manipulada e com as condições de contorno, nos dá o perfil de temperatura para diferentes geometrias em diferentes posições. 3. Condução em regime transiente Vimos que um corpo com uma dada temperatura quando é bruscamente submetido a novas condições de temperatura no seu contorno, não é mais um problema permanente. Logo, deve ser modelado de forma diferente, em que deve se contabilizar a influência do aquecimento ou resfriamento. Para isso, vimos os métodos de capacitância global e as cartas de Heisler, em que cada um deles foi apresentado para as geometrias básicas de placa plana, cilindro e esfera. 4. Exemplo resolvido Neste tópico foi exemplificada a aplicação de conceitos de condução em regime transiente, além de conversão de unidades. Fenômenos de Transporte 54 CONTREIRA, J. A. et al. Solução da equação de condu ção de calor não estacionária em uma parede com quatro ca madas. Disponível em: http://periodicos.ifpr.edu.br/index. php?journal=MundiETG&page=article&op=view&path% 5B%5D=592. Acesso em: 21 ago. 2020. Vale a pena ler Estudo da condução de calor transiente através do método das diferenças finitas explícito. Disponível em: http://revista.liberato.com.br/ojs_lib/index.php/revista/ article/view/545. Acesso em: 20 ago. 2020. Vale a pena acessar Videoaula. Transferência de calor – Equação da difusão do calor. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=36VTONvwYps&t=210s. Acesso em: 26 ago. 2020. Videoaula. Transferência de calor – condução transiente: método da capacitância global. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=74Coq7mXd1M. Acesso em: 26 ago. 2020. Vale a pena assistir Vale a pena Minhas anotações
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