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Aula 1 DIREITO E LINGUAGEM (1)

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DISCIPLINA: DIREITO, LINGUAGEM E INTERPRETAÇÃO.
 PROF. MSC. HUMBERTO GOMES PEREIRA
2021
A relação entre linguagem e Direito mostra-se implicada, até porque o objeto jurídico é produzido a partir da dimensão da linguagem, de modo que a própria linguagem reúne um conjunto de símbolos sujeitos à compreensão do intérprete.
INTRODUÇÃO
SEMIÓTICA
Em geral, pode-se dizer que a Semiótica reside num campo de saber alocado no universo das ciências humanas, tendo por objeto principal "todo e qualquer fato cultural, toda e qualquer atividade ou prática social"1 suscetível de veiculação por meio da linguagem, o que denota intuitivamente a amplitude de seu âmbito de incidência.
Para Charles Sanders Peirce, as pesquisas semióticas constituiriam uma denominação possível para o estudo da lógica da linguagem atenta ao conhecimento científico-formal dos signos linguísticos.
Entretanto, resta demarcar precisamente o seu objeto: a descrição e o exame de qualquer fenômeno social segundo a estrutura de certa linguagem posta em exercício pela atividade humana.
Em outros termos, diz-se que se trata de uma ciência "capaz de criar dispositivos de indagação e instrumentos metodológicos aptos a desvendar o universo multiforme e diversificado dos fenômenos de linguagem.
No plano temporal, cabe assentar que a atividade semiótica situa-se em pleno desenvolvimento a partir do século XX.
No dizer de Lúcia Santaella, a Semiótica seria a ciência "que tem por objeto todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e sentido“.
Quanto à construção de significados, destaca-se o papel inquietante do homem no que diz respeito à produção das linguagens, já que é "no homem e pelo homem que se opera o processo de alteração dos sinais (qualquer estímulo emitido pelo objeto do mundo) em signos ou linguagens"
Aliás, a dinamicidade da vida social e da própria constituição do homem também repercutem na linguagem, pois "todos os sistemas e formas de linguagem tendem a se comportar como sistemas vivos, ou seja, eles reproduzem, se readaptam, se transformam e se regeneram como as coisas vivas"
E, como produto dessa mutação de sentidos da vida humana, vale destacar a mudança valorativa das condutas individuais juridicizadas, de maneira que as categorias jurídicas então monolíticas passam a receber os influxos dos sistemas de comunicação em sintonia com a realidade fática cambiante.
Com efeito, o intenso exercício racional e prudente em torno das estruturas da linguagem leva o homem a identificar a presença de elementos mínimos tendentes à apuração do significado das coisas investigadas, tudo com o objetivo de delimitar os traços marcantes de construção especialmente do direito positivado.
Importante dizer que a própria Semiótica projeta-se para a diversidade dos ramos do conhecimento científico, até porque cada ramo da ciência conta com um universo conceitual próprio, o que faz surgir, naturalmente, uma linguagem particular para cada conhecimento especializado, uma vez que "cada ciência exprime-se numa linguagem"

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