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1 Brenda Neiva Bagano - FBDG 2 Brenda Neiva Bagano - FBDG 3 Brenda Neiva Bagano - FBDG Resposta da primeira questão: Após uma análise da previsão atual do CPP e dos respectivos princípios penais, foi possível compreender que, de fato, tal previsão fere alguns desses princípios tais como o da individualização das penas e o princípio da proporcionalidade. Em primeira instancia, o princípio da individualização das penas diz respeito à aplicação de uma sanção penal de forma individual quanto às condutas, portanto, não podem ser feitas generalizações. Em analogia, é mister pontuar a lei de drogas, a qual proibia a concessão de liberdade provisória da mesma forma que a lei crimes hediondos. Sob essa lógica, essas leis generalizadoras equiparam, e afirmam que todos os indivíduos que cometerem crimes hediondos ou traficarem, por exemplo, mereceria a mesma imposição por parte do Estado, e por isso, tais leis são consideradas inconstitucionais. Concomitantemente ao exposto, é perceptível que o juiz não aplica a pena de acordo com as condutas individuais, ou seja, o mesmo não analisa o caso de forma macro levando em consideração cada ato que o indivíduo cometeu para que, dessa forma, seja aplicada uma sanção. Diante desse contexto, para denegar a liberdade provisória, é levado apenas em consideração pelo magistrado os agentes que forrem reincidentes, integrem organizações criminosas armadas ou milícia, ou que portem arma de fogo de uso restrito. Frente ao exposto, a atual previsão fere o princípio da individualização das penas. Outrossim, no que tange o princípio da proporcionalidade, este remete à noção proporção criminal, ou seja, quanto mais grave o crime, mais grave será a pena. Desse modo, no momento em que o legislador prevê um crime, ele avalia a sua gravidade e a partir daí propõe uma pena proporcional para aquele delito. Ademais, tal princípio serve de orientação ao legislador e ao julgador, ora para prever a pena, ora para garantir a sua aplicabilidade. Para ilustrar, tomemos o exemplo de um homicídio, todavia, é fato que nem todos são iguais, pois o que voga é o teor da crueldade e o próprio nível de violência. Nesse sentido, a atual previsão do CPP feriu o princípio da proporcionalidade, uma vez que, o magistrado não leva em conta a gravidade dos crimes anteriores cometidos pelo agente, pois, o que impera nesse caso é apenas o fato do mesmo ser reincidente, participante de organizações criminosas ou portador de armamento de fogo de uso restrito. 4 Brenda Neiva Bagano - FBDG Resposta da segunda questão: Mormente, é factual mencionar que, a teoria das janelas quebradas consiste no mínimo de tolerância á prática de infrações penais, mesmo que estas fossem consideradas graves ou não, visto que, a partir do momento em que as práticas de delitos não são toleradas, isso corrobora diretamente para a redução da criminalidade. Partindo dessa ótica, foi realizado um experimento feito com dois carros, sendo que, um destes fora colocado em bairro nobre, e o outro colocado numa localidade cujos indivíduos apresentavam um poder aquisitivo reduzido. Assim, o resultado que se obteve foi que, o carro que estava situado no bairro de baixa renda foi totalmente quebrado, enquanto o carro que estava no bairro nobre da cidade, permaneceu intacto. Frente a isso, foi possível depreender que a pobreza e a dificuldade econômica estão umbilicalmente ligadas, e são fatores que representam uma das causas da criminalidade. Conquanto, na segunda fase do experimento, o carro que ainda estava no bairro nobre teve um dos seus vidros quebrados propositalmente, e a partir desse momento, outros indivíduos impulsionaram-se a quebrar o restante do carro. Desse modo, nota-se que, se uma janela é quebrada e não há o conserto da mesma de forma imediata, a tendência é que outras janelas sejam quebradas. Nesse enfoque, é primordial pontuar o movimento de tolerância zero, na medida em que, o mesmo se embasa nesse experimento para trazer concepções para o direito penal, validando a ideia de que: se há a tolerância de pequenos delitos, a tendência é que mais delitos ocorram posteriormente. Após estudos sobre os princípios penais e sobre as teorias legitimadoras da pena, conclui-se que, a teoria das janelas quebradas apresenta um contraponto com alguns princípios penais, merecendo enfoque o princípio da intervenção mínima, insignificância e lesividade. Concomitantemente ao exposto, pelo princípio da intervenção mínima o direito penal deveria intervir somente quando fosse extremamente necessário, por ser a “ultima ratio”, ou seja, a última instância razão e recorrência, por possuir as intervenções mais graves que protegem os bens jurídicos mais importantes. Na medida em que, a teoria das janelas quebradas prevê a punição para todo e qualquer tipo de infração penal, ela engloba desde as infrações mais graves até as de menor gravidade, e por isso, na época em que foi instituído o movimento de tolerância zero, houve um encarceramento em massa nos EUA. 5 Brenda Neiva Bagano - FBDG Portanto, no que tange a teoria das janelas quebradas respaldada no movimento de tolerância zero, conclui-se, tal teoria vai de contraposto ao princípio da intervenção mínima, justamente por esse princípio não se basear na ideia radical de que todo e qualquer tipo de infração é passível de punição, como a teoria das janelas quebradas propõe. Tal teoria destoa também do princípio da insignificância cuja concepção centra- se na ideia que o direito penal não se preocupa com lesões/condutas insignificantes, todavia, no momento em que a teoria das janelas quebradas não tolera condutas errôneas por mínimas que seja isso vai à desconformidade com esse princípio. Soma-se a isso o princípio da lesividade, respaldado na ideia de que só podemos punir ações lesivas aos bens jurídicos mais importes, ou seja, não se deve punir qualquer tipo de ação como é proposto pela teoria das janelas quebradas. Resposta da terceira questão: No que tange a teoria absoluta, esta é defendida por Hegel e Kant, o qual defende a ideia de retribucionismo moral, ou seja, se o sujeito pratica uma conduta moralmente inadequada é necessário impor a pena como uma retribuição moral pela prática da conduta delituosa. Nesse prisma, Kant ainda ressalta que se a sociedade for desfeita, o último assassino precisará ser morto, porque essa retribuição tem caráter moral e ético. Em contraposto, Hegel fundamenta sua teoria pautada no retribucionismo jurídico, ou seja, quando o sujeito comete um crime, ele está negando diretamente o direito. Assim, a norma é manifestação da vontade racional, e o crime é a manifestação da vontade irracional. Por conseguinte, para Hegel, a partir do momento que o indivíduo pratica um crime, ele esta negando e violando o direito, portanto, se o estado aplicar uma lei, o estado nega a esse sujeito a possibilidade dele negar o direito a partir da imposição da pena. Dessa forma, valendo-se da afirmação “O Direito é a expressão da vontade racional e o delito constitui a expressão de uma contradição à racionalidade, sendo que a pena surge como um papel restaurador ou retributivo, fundamentando-se em razões de necessidade jurídica”, é possível estabelecer amplas relações com a teoria absoluta respaldada no pensamento de Hegel, pois, nesse sentido, o indivíduo teria livre-arbítrio em escolher agir de conformidade ou não com o direito, conquanto, caso este escolha agir de maneira desconforme, a pena representaria esse papel de retribuir à atitude nefasta promovida pelo sujeito durante o uso da sua liberdade de escolha como o 6 Brenda Neiva Bagano - FBDG anunciado afirma: “A pena surge como um papel restaurador ou retributivo, fundamentando-se em razões de necessidade jurídica”. 9.5
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