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Unidade II - As Dicotomias Linguísticas e a Dupla Articulação da Linguagem

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Prévia do material em texto

Linguística
 As Dicotomias Linguísticas e a Dupla Articulação da Linguagem
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Sandra Regina Fonseca Moreira
Revisão Textual:
Profa. Ms Silvia Augusta Barros Albert
 
5
• As Dicotomias Linguísticas
• A Dupla Articulação da Linguagem
Dando continuidade a nossos estudos linguísticos, estudaremos nesta unidade as quatro dicotomias 
descritas por Saussure, bem como alguns desdobramentos resultantes de tais conceitos.
Para obter um bom desempenho, você deve percorrer todos os espaços, materiais e atividades 
disponibilizadas na unidade.
Comece seus estudos pela leitura do Conteúdo Teórico: nele você encontrará o material principal 
de estudos na forma de texto escrito. Depois, assista à Apresentação Narrada e à Videoaula que 
sintetizam e ampliam conceitos importantes sobre o tema da unidade.
Só depois realize as atividades propostas:
• Atividade de Sistematização (AS): são exercícios de múltipla escolha, de autocorreção, que 
lhe dá oportunidade de praticar o que aprendeu na unidade e de identificar os pontos em que 
precisa prestar mais atenção, ou pedir esclarecimentos a seu tutor. Lembre-se de que esses 
exercícios são pontuados, assim, é muito importante que sejam realizados, dentro do prazo 
estabelecido no cronograma da disciplina.
• Atividade de Aprofundamento (AP): consiste em atividades de produção escrita em um Fórum 
de Discussão ou em uma atividade de Produção Textual. Você deverá, então, participar de uma 
discussão coletiva a partir de uma questão colocada no fórum ou produzir um texto sobre o 
tema da Unidade, a partir de uma dada proposta. Essas atividades irão compor sua avaliação 
no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Blackboard (Bb). Fique bem atento às instruções!
 · Nesta unidade daremos continuidade a nossos estudos 
linguísticos, apresentando as quatro dicotomias descritas 
por Saussure: sincronia versus diacronia, língua versus fala, 
significante versus significado e paradigma versus sintagma.
 · Também trataremos de alguns algumas outras questões 
decorrentes dos estudos saussureanos como a descrição da 
dupla articulação da linguagem proposta por André Martinet 
e a economia linguística.
As Dicotomias Linguísticas e a Dupla 
Articulação da Linguagem
6
Unidade: As Dicotomias Linguísticas e a Dupla Articulação da Linguagem
Contextualização
A expressão “dicotomias” não parece muito familiar à primeira vista, não é mesmo?
Contudo, conforme você poderá observar no link da canção disponibilizada a seguir, a ideia 
de elementos opostos, mas cuja existência se realiza por complementaridade, faz parte das 
reflexões humanas. Afinal, como saberíamos o que é o som, se não tivéssemos a experiência 
do silêncio?
Pense nisso enquanto ouve a canção “Certas Coisas”, escrita e apresentada por Lulu Santos.
http://www.vagalume.com.br/lulu-santos/certas-coisas.html
Certamente, as questões apresentadas na canção têm muita relação com o tema de nossa 
unidade!
7
As Dicotomias Linguísticas
Conforme estudamos na Unidade anterior, o grande marco que estabelece o início dos 
estudos da Linguística como ciência foi a publicação do Curso de Linguística Geral, atribuído a 
Ferdinand de Saussure, em 1916.
Embora o termo “dicotomias” não seja citado nessa obra, é assim que se nomeiam os quatros 
pares de conceitos que sintetizam as propostas de Saussure para o estabelecimento de um 
objeto teórico para a Linguística.
Entendamos, primeiramente, o que este termo significa: a palavra dicotomia vem do grego 
dichotomía e quer dizer “divisão em partes iguais”. 
Não se deve pensar, no caso de uma dicotomia presente no texto saussureano, 
que se trata de algo que é dividido em dois, deve-se pensar de outro modo. 
Uma dicotomia em Saussure diz respeito a um par de conceitos que devem 
ser definidos um em relação ao outro, de modo que um só faz sentido em 
relação ao outro (PIETROFORTE, 2005, p.77,78).
Conforme veremos a seguir, são descritas quatro dicotomias em Saussure: sincronia versus 
diacronia, língua versus fala, significante versus significado e paradigma versus sintagma.
I) Sincronia versus Diacronia
Para que a língua possa ser considerada como não variável, precisamos entender os conceitos 
de sincronia e diacronia.
Sabemos que a língua é dinâmica, viva e está em constante transformação. Entretanto, 
quando falamos em sincronia e diacronia, referimo-nos a possíveis perspectivas de estudo, ou 
seja, nosso objeto – a língua – pode ser analisado considerando-se diferentes pontos de vista.
Quando consideramos a língua em suas mudanças históricas, isto é, nas transformações que 
sofre ao longo do tempo, adotamos uma perspectiva diacrônica.
Veja o exemplo em língua portuguesa, a partir da nova ortografia, em que o trema caiu:
Lingüística > Linguística
Ou então, podemos considerar as mudanças ocorridas, desde o latim, até chegar ao que 
temos hoje:
legere > leer > ler
Nos dois casos, as palavras são consideradas em suas transformações, quer dizer, em uma 
perspectiva histórica ou diacrônica.
8
Unidade: As Dicotomias Linguísticas e a Dupla Articulação da Linguagem
Mas podemos também estudar a língua em outra perspectiva, 
na qual as mudanças sofridas no tempo não são relevantes: 
interessa a língua em dado momento, tal como se apresenta em 
seu estado atual. 
Quando consideramos a língua em um dado momento, 
adotamos a perspectiva sincrônica.
Vejamos o caso da palavra Linguística nessa perspectiva:
Linguística
Estudo científico da linguagem
1. Concorda-se geralmente em reconhecer que o estatuto da lingüística como estudo científico 
da linguagem é assegurado pela publicação em 1916 do Curso de Lingüística Geral de F. de 
SAUSSURE. A partir dessa data, todo estudo lingüístico será definido como surgido “antes” ou 
“depois de SAUSSURE. (DUBOIS, 2000, p.389)
Linguística: Substantivo feminino
Nos exemplos, seja com a conceituação da palavra no dicionário ou com a classificação da 
mesma de acordo com as classes de palavras e o gênero, adotamos uma perspectiva, ao olhar 
para a língua, que considera a palavra em dado momento, ou seja, na perspectiva sincrônica.
Em Síntese
a diacronia é o estudo do movimento histórico de um dado objeto, no nosso caso a língua, e a 
sincronia o estudo desse objeto no momento histórico.
Para Saussure, um estudo científico da língua só poderia ser realizado se a considerasse em 
um dado momento, como que “congelada”, por isso estabeleceu que a Linguística devesse 
estudar a língua na perspectiva sincrônica, porém, contemporaneamente, a Linguística aceita 
ambas as perspectivas de estudo.
II) Língua versus Fala
Como vimos na Unidade anterior, Saussure define a linguagem verbal 
como composta por duas partes: a língua e a fala.
Linguagem verbal:
9
 Assim, relembrando:
A língua é definida como um sistema de signos, ou seja, um conjunto de unidades 
organizadas que formam um todo (ORLANDI, 1986, p.23), sendo, dessa forma definida, para 
Saussure, como um sistema abstrato, social, geral, coletivo.
Enquanto que a fala é a realização concreta da língua pelo sujeito, sendo variável, 
circunstancial, individual.
A partir desses conceitos, lembremos, então, que para Saussure, a Linguística deverá se 
ocupar do estudo da língua, pelo fato de a fala ser variável e circunstancial, não sendo passível 
de uma análise com base no conceito de estrutura, como é o caso da língua.
III) Significante versus Significado
Uma vez mais, iremos rever aqui um conceito já estudado que é o de signo, associado aos 
seus elementos constitutivos: o significante o significado. 
Retomando Saussure, ele define o signo como a relação de uma imagem acústica, também 
chamada de significante, com um conceito, denominado significado.
É necessário observar, agora, dois pontos importantes comrelação a esses elementos:
1. Não é necessário haver uma relação de semelhança entre significante e significado, pois 
ambos são definidos por uma convenção social. Assim, o significado (conceito) cachorro 
que é atribuído em português ao significante (imagem acústica) /ka’SoRo/ não precisa 
possuir com este uma relação particular.
2. O significante (imagem acústica) não deve ser confundido com a oralidade, pois, a ideia 
que Saussure tem do significante é que este não é a realidade, mas a imagem mental 
(Fonologia – sons da língua) que fazemos de um determinado som. 
Assim, podemos ter maior clareza quando se diz que a língua, objeto de estudo da Linguística, 
é formada por um sistema de signos que constitui um todo abstrato, social, geral e coletivo. De 
outro modo, se a língua fosse algo concreto, ela estaria em constante mudança, assim como a 
fala, não podendo, naquele momento histórico ser objeto de uma ciência em formação. 
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Unidade: As Dicotomias Linguísticas e a Dupla Articulação da Linguagem
Imagine alguém tentando postular uma ciência e escolhendo um objeto instável para analisar. 
O sucesso seria pouco provável, não é mesmo?
Foi também por esse caráter mais estável da língua que, naquele momento em que a 
Linguística se instituía enquanto ciência, Saussure optou por estudá-la.
IV) Paradigma versus Sintagma
Conforme citado no item Língua versus Fala, Saussure estabelece que a língua – um sistema 
de signos – deve ser estudada na perspectiva sincrônica, quer dizer, considerando-se seu estado 
em dado momento, independentemente de suas variações e transformações.
Dizer que a língua é um sistema significa dizer que ela se constitui como um conjunto de 
unidades que se organizam e se relacionam sempre seguindo determinadas regras, formando 
um todo.
A teoria proposta por Saussure aplica-se às línguas naturais, isto é, os mesmos princípios e 
conceitos podem ser observados em português, inglês, francês, italiano... 
Vejamos então a dicotomia paradigma/sintagma.
Paradigma
Na Linguística, paradigma é um conjunto de unidades de mesmo valor. Podemos pensar que 
temos, na língua, por exemplo, o conjunto ou paradigma dos pronomes pessoais, o paradigma 
dos verbos, o paradigma das terminações verbais, o paradigma dos substantivos etc.
A língua nos oferece diversos paradigmas, repletos de possibilidades para que realizemos 
escolhas.
Observe as figuras seguintes:
 
Sintagma
O sintagma é o resultado obtido a partir da seleção de unidades (nos paradigmas) e sua 
combinação, de acordo com a ordenação que cada língua permite.
11
Por exemplo, podemos escolher nos paradigmas representados (de pronomes, verbos e 
terminações verbais) algumas unidades e combiná-las assim:
eu + estudar- + o
A formação da frase em português seria esta:
Eu estudo
Esse processo – seleção de unidades e combinação – explica o funcionamento da língua. 
Selecionamos sempre unidades menores e as combinamos em unidades maiores, formando 
sintagmas. 
Isso ocorre também no nível da palavra. Para formarmos a palavra “chorou”, realizamos os 
mesmos procedimentos: selecionamos o radical “chor-“ e a desinência “-ou” e realizamos a 
combinação:
chor- + -ou
chorou
O funcionamento linguístico baseia-se então nesses dois eixos:
Vejamos como essas seleções e combinações ocorrem nos eixos apresentados:
No eixo sintagmático (horizontal), combinamos as palavras, termos, morfemas, que 
selecionamos a partir das possibilidades oferecidas no eixo paradigmático (vertical). Do 
exemplo acima, escolhemos diferentes nomes próprios e até um pronome pessoal do caso reto 
para funcionarem como sujeitos das diferentes orações. Ao mesmo tempo combinamos a cada 
sujeito, um verbo, dos tantos que estão disponíveis na língua, e a ele, ainda, um complemento.
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Unidade: As Dicotomias Linguísticas e a Dupla Articulação da Linguagem
Veja o que diz Lyons em Introdução à Linguística Teórica (1979, p.75-76) sobre as relações 
estabelecidas pelas unidades de acordo com o eixo em que se situam:
Em virtude da sua possibilidade de ocorrência num contexto dado, uma 
unidade lingüística entra em relações de duas espécies diferentes. Entra em 
relações paradigmáticas com todas as unidades que também poderiam ocorrer 
no mesmo contexto, ou em oposição, ou em variação livre com a unidade 
em questão; e entra em relações sintagmáticas com as outras unidades do 
mesmo nível com as quais ela ocorre e que constituem o seu contexto. (...)
A Dupla Articulação da Linguagem
Martinet e a Dupla Articulação da Linguagem
André Martinet foi um linguista francês cujos trabalhos seguem a mesma linha de Saussure. Ele 
possuía uma concepção de língua como sistema organizado, tendo desenvolvido diversas pesquisas 
a respeito do funcionalismo linguístico. Em sua obra Elementos de Linguística Geral (1971), ele 
desenvolve algumas reflexões importantes a respeito da dupla articulação da linguagem. 
Conforme citado acima, Martinet define que a linguagem é duplamente articulada, mas o 
que exatamente ele quer dizer com isso?
O termo articulação significa constituição por partes e, em relação à língua, refere-se à 
possibilidade de um conjunto ser dividido em unidades menores. 
Veja como o conceito de dupla articulação é apresentado por André Martinet em seu livro 
Elementos de Linguística Geral (1971, p.10-12):
Pela PRIMEIRA ARTICULAÇÃO da linguagem, as experiências a transmitir, 
as necessidades que se pretende revelar a outrem, analisam-se numa série de 
unidades, cada uma delas possuidora de uma forma vocal e de um sentido. 
(...)
Não podemos analisá-las em unidades sucessivas mais pequenas (sic) 
dotadas de sentido: é o conjunto cabeça que significa <<cabeça>>, e não 
a soma de eventuais sentidos de cada um dos segmentos em que podemos 
dividi-lo – ca-, -be- e –ça, por exemplo. Mas a forma vocal é analisada 
numa sucessão de unidades, que contribuem todas para distinguir cabeça 
de outras unidades, como cabaça e cabeço. A isso chamamos a SEGUNDA 
ARTICULAÇÃO da linguagem. No caso de cabeça, há seis unidades desse 
tipo, que podemos representar pelas letras k α b e s a, convencionalmente 
colocadas entre barras oblíquas: /kα’besa/.
13
Assim, uma frase como “Eu estudei” pode ser 
inicialmente dividida em “eu” e “estudei”.
 Mas sabemos que uma palavra como “estudei” 
pode ser também subdividida: “estud-“ e “-ei”, ambas 
portadoras de significados: o radical estud- remete à 
ideia de realizar uma ação de inteligência para aprender 
algo e a desinência verbal -ei indica a primeira pessoa 
do singular, no pretérito perfeito, do modo indicativo, 
na conjugação do verbo.
Então, em uma primeira articulação, teríamos a frase analisada assim:
eu + estud- + -ei
Na análise da língua, a construção acima pode ainda ser subdividida, em uma segunda 
articulação, pois a sequencia é constituída por determinados sons (representados aqui pelas letras):
e + u + e + s + t + u + d + e + i
 A representação dos sons da língua deve ser apresentada assim:
/’ewestu’dey/
Ao analisarmos uma construção em sua primeira articulação, encontramos as formas 
mínimas dotadas de sentido, os menores signos da língua, ou seja, os morfemas.
Os morfemas são definidos como unidades mínimas significativas.
Mas essas unidades ainda podem ser analisadas na segunda articulação, quando encontramos 
as formas mínimas da língua, que não possuem significado, apenas a função de distinguir signos. 
São os fonemas.
Os fonemas são definidos como unidades mínimas distintivas.
Vejamos outro exemplo de análise, considerando-se a construção 
“Gosto de café”:
Na primeira articulação, analisamos a construção depreendendo 
suas unidades mínimas portadoras de significado, ou seja, os 
morfemas. Temos:
gost- + -o + de + café
Na segunda articulação, analisamos a sequencia em busca das menores unidadeslinguísticas, 
os fonemas:
g + o + s + t + o + d + e + c + a + f + e
Clinton Steeds - Flickr.com
14
Unidade: As Dicotomias Linguísticas e a Dupla Articulação da Linguagem
A análise na segunda articulação, em representação fonológica, seria:
/’g†stodeka’fE/
Sinteticamente, temos o conceito de dupla articulação:
1ª ARTICULAÇÃO 2ª ARTICULAÇÃO
Nível morfológico Nível fonológico
Morfemas: unidades mínimas significativas Fonemas: unidades mínimas distintivas
gost- + -o + de + café /’g†stodeka’fE/
Podemos nos perguntar por que a primeira articulação é composta por elementos maiores 
que a segunda articulação, uma vez que estamos acostumados a construir sempre do menor 
para o maior. A resposta é que o movimento de análise é o de desmontar e não o de construir, 
portanto se para construirmos partimos do menor para o maior, para analisarmos o movimento 
é contrário.
Sobre esse assunto, podemos ler, ainda, Joaquim Mattoso Câmara Junior, em Estrutura da 
Língua Portuguesa. Veja a referência a esse texto no Material Complementar.
A Economia Linguística
Em diálogo com a definição de dupla articulação da linguagem, encontramos a de Economia 
Linguística. Vejamos a explicação de Lyons, em Introdução à Linguística Teórica (1979, p.56) 
sobre esse conceito:
O que ele quer dizer é que as unidades do nível “inferior” da fonologia – os 
sons da língua, ou fonemas – não têm outra função além de se combinarem 
entre si para formar as unidades “superiores” da gramática (as palavras). 
É em virtude da dupla estrutura do plano da expressão que as línguas 
são capazes de representar economicamente muitos milhares de palavras 
diferentes, pois cada palavra pode ser representada por uma combinação 
diferente de um conjunto relativamente pequeno de sons, assim como cada 
um dos infinitos números da série natural, depois de nove, pode ser formado 
por uma combinação diversa dos dez algarismos fundamentais na seqüência 
decimal comum.
Como bem aponta Lyons, por meio de um número relativamente pequeno de fonemas, 
ou de sons da língua, podemos criar um gigantesco número de palavras, esse é o princípio da 
economia linguística. Se não fosse assim, precisaríamos de fonemas diferentes para representar 
todas as palavras possíveis de uma dada língua, o que tornaria a comunicação e a aprendizagem 
de qualquer idioma bastante complicado, não é mesmo?
15
Nessa unidade, apresentamos conceitos importantes para compreender a proposta teórica de 
Saussure. Não deixe de assistir à apresentação narrada e à videoaula para rever esses conceitos 
e aprofundar seus estudos.
Procure também fazer um resumo do que leu aqui, como forma de registrar o que 
apreendeu. Assim você terá também um material de consulta rápida, para quando for realizar 
as atividades da unidade.
16
Unidade: As Dicotomias Linguísticas e a Dupla Articulação da Linguagem
Material Complementar
A seguir, indicamos algumas leituras e um vídeo, essenciais, para que você reveja os conceitos 
apresentados nessa unidade e aprofunde seus estudos, construindo novos conhecimentos. Não 
deixe de ler e assitir!!
 
1) LOPES, Edward. “A dupla articulação” In Fundamentos da Lingüística Contemporânea. São 
Paulo: Cultrix, 1995. p. 47-50
Este texto pode ser obtido pelo link: 
http://books.google.com.br/books?id=J6MfsOcxcmQC&pg=PA47&lpg=PA50&ots=H3d
TQ-YDV9&dq=dupla+articula%C3%A7%C3%A3o
2) PIETROFORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da Lingüística. In FIORIN, José Luiz 
(org.) Introdução à Lingüística: I. objetos teóricos. 4 ed. São Paulo: Contexto, 2005. p. 75-93.
Também disponível em:
http://www.scribd.com/doc/7296858/04-a-Lingua-Como-Objeto-Da-Linguistic-A
3) E acesse também o endereço 
http://www.youtube.com/watch?v=PPHNLKWk0p0 para ver o vídeo em que são 
apresentadas, de forma bastante clara, algumas das dicotomias saussureanas apresentadas 
nessa unidade.
17
Referências
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de Lingüística. São Paulo: Cultrix, 2000.
EVARISTO, Marcela C. “A Pragmática em foco: os sujeitos nos estudos da linguagem” In 
SPARANO, Magalí; Di Iório, Patrícia L.; LOMBARDI, Roseli (orgs.) A formação do professor 
de língua(s). São Paulo: Andross, 2006.
LYONS, John. Introdução à Lingüística Teórica. São Paulo: Cultrix, 1976.
MARTINET, André. Elementos de Linguística Geral. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 
1971.
PIETROFORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da Lingüística. In FIORIN, José Luiz 
(org.) Introdução à Lingüística: I. objetos teóricos. 4 ed. São Paulo: Contexto, 2005. p. 
75-93.
SAUSSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. São Paulo: Cultrix, 2006.
NORMAND, C. Convite à Linguística 1ª ed., São Paulo: Editora Contexto, 2009. ebook 
DIAS, L. S.; Gomes, M. L.C. Estudos Linguísticos: dos problemas estruturais aos novos 
campos de pesquisa. 1ª ed., Curitiba: Editora IBPEX, 2008. ebook
MARTELOTTA, M. E. Manual de Linguística, 1ª edição, São Paulo: Editora Contexto, 2008. 
ebook
18
Unidade: As Dicotomias Linguísticas e a Dupla Articulação da Linguagem
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000

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