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curso-129009-aula-05-grifado-6cc1

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Sumário 
1 - Contratos Empresariais .................................................................................................... 5 
1.1 - Princípios .............................................................................................................................. 5 
1.1.1 - Autonomia da vontade .................................................................................................. 5 
1.1.2 - Princípio da supremacia da ordem pública .................................................................... 6 
1.1.3 - Princípio do consensualismo .......................................................................................... 6 
1.1.4 - Princípio da relatividade dos efeitos do contrato .......................................................... 6 
1.1.5 - Princípio da obrigatoriedade dos contratos .................................................................. 6 
1.1.6 - Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva ................................. 6 
1.1.7 - Princípio da boa-fé objetiva ........................................................................................... 7 
2 - Regras Gerais ................................................................................................................. 10 
2.1 - Da Formação dos Contratos ............................................................................................... 11 
3 - Da Estipulação em Favor de Terceiro ............................................................................ 12 
3.1 - Da Promessa de Fato de Terceiro ...................................................................................... 12 
4 - Dos Vícios Redibitórios ................................................................................................... 13 
5 - Da Evicção ...................................................................................................................... 14 
6 - Dos Contratos Aleatórios ............................................................................................... 15 
7 - Do Contrato Preliminar .................................................................................................. 16 
 
 
 
 
 
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8 - Do Contrato com Pessoa a Declarar .............................................................................. 17 
9 - Da Extinção do Contrato ................................................................................................ 18 
9.1 - Do Distrato ......................................................................................................................... 18 
9.2 - Da Cláusula Resolutiva ........................................................................................................ 18 
9.3 - Da Exceção de Contrato não Cumprido ............................................................................ 18 
9.4 - Da Resolução por Onerosidade Excessiva ......................................................................... 19 
10 - Compra e venda empresarial ....................................................................................... 19 
10.1 - Cláusulas especiais do contrato de compra e venda ....................................................... 25 
10.2 - Venda a Contento e da Sujeita a Prova ............................................................................ 27 
10.3 - Da Preempção ou Preferência .......................................................................................... 27 
10.4 - Da Venda com Reserva de Domínio ................................................................................. 29 
10.5 - Da Venda Sobre Documentos .......................................................................................... 30 
11 - Alienação fiduciária em garantia .................................................................................. 31 
12 - Arrendamento mercantil .............................................................................................. 40 
13 - Franquia ........................................................................................................................ 44 
14 - Faturização ou factoring ............................................................................................... 52 
15 - Representação comercial ............................................................................................. 55 
16 - Agência e distribuição .................................................................................................. 60 
 
 
 
 
 
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17 - Comissão e mandato mercantil .................................................................................... 62 
18 - Corretagem .................................................................................................................. 63 
19 - Concessão mercantil .................................................................................................... 65 
20 - Legislação Aplicável ..................................................................................................... 69 
Dos Contratos em Geral ............................................................................................................. 69 
Disposições Gerais .................................................................................................................. 69 
Da Estipulação em Favor de Terceiro ..................................................................................... 71 
Dos Vícios Redibitórios ............................................................................................................ 72 
Da Evicção ............................................................................................................................... 73 
Dos Contratos Aleatórios ........................................................................................................ 74 
Do Contrato Preliminar ........................................................................................................... 75 
Do Contrato com Pessoa a Declarar ....................................................................................... 76 
Da Extinção do Contrato ............................................................................................................ 76 
Do Distrato .............................................................................................................................. 76 
Da Cláusula Resolutiva ............................................................................................................ 77 
Da Exceção de Contrato não Cumprido ................................................................................. 77 
Da Resolução por Onerosidade Excessiva .............................................................................. 77 
21 - Resumo ......................................................................................................................... 78 
 
 
 
 
 
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22 - Questões ...................................................................................................................... 80 
22.1 - Questões sem Gabarito .................................................................................................... 80 
22.2 - Gabarito ............................................................................................................................ 86 
22.3 – Questões com Comentários ............................................................................................ 86 
23 - Considerações Finais .................................................................................................... 96 
 
 
 
 
 
 
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TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
1 - CONTRATOS EMPRESARIAIS 
Os contratos celebrados sob a égide do Direito Empresarial não apresentam diferenças 
profundas em relação ao regimejurídico aplicável aos contratos civis em geral, tanto que a 
disciplina jurídica dos contratos mercantis tem como corpo legislativo principal o Código Civil. 
Mantém - se, assim, o Direito Comercial autônomo em relação ao Direito Civil, não obstante a 
unificação das obrigações, com princípios gerais comuns, mas com algumas regras especiais. 
1.1 - Princípios 
1.1.1 - Autonomia da vontade 
A valorização da supremacia da vontade como fonte de direitos e obrigações representa a 
possibilidade reconhecida às partes de adotar, em seus múltiplos relacionamentos na ordem 
privada, as estipulações que julgarem mais convenientes. 
Artigo 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do 
contrato. 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da 
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. 
Estamos diante de uma certa liberdade, pois temos algumas relativizações a seguir. 
Este princípio ainda se desdobra nos seguintes: 
a) todos são livres para contratar ou não; 
b) todos são livres para escolher com quem contratar; e 
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c) os contratantes têm ampla liberdade para estipular, de comum acordo, as cláusulas do contrato. 
1.1.2 - Princípio da supremacia da ordem pública 
Limitador do princípio da autonomia da vontade, pelo qual prevalece o interesse público dirigindo 
minimamente as relações contratuais, princípio que ganha força a partir da MP 881 da Liberdade 
Econômica, que traz o princípio da intervenção mínima. 
1.1.3 - Princípio do consensualismo 
É aquele segundo o qual o encontro de vontades é suficiente para validar o contrato. 
1.1.4 - Princípio da relatividade dos efeitos do contrato 
Em regra, o contrato somente obriga as partes contratantes, apenas irradia efeitos sobre aqueles 
que manifestaram suas vontades, não alcançando terceiros. As convenções particulares não 
podem atingir aqueles que não manifestaram suas vontades. 
1.1.5 - Princípio da obrigatoriedade dos contratos 
Representado pela assertiva de que o contrato faz lei entre as partes (pacta sunt servanda), sem, 
contudo, ter aplicação absoluta, visto que a avença pode deixar de ser cumprida no todo ou em 
parte em situações excepcionais (caso fortuito ou força maior e outras circunstâncias que 
impeçam o cumprimento do negócio jurídico ajustado). 
1.1.6 - Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva 
Diretriz que se contrapõe à obrigatoriedade dos contratos, permitindo aos contratantes, em casos 
excepcionas, pleitearem a intervenção do Poder Judiciário visando a alteração da convenção ou 
até mesmo sua resolução. 
 
 
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No direito empresarial, a aplicação da onerosidade excessiva deve ser muito cuidadosa, pois, 
em regra, tratamos com empresários que têm por característica a profissionalidade, o que lhes 
retira a ingenuidade na contratação, a não ser em casos de distinta força econômica entre um 
pequeno produtor e um grande grupo econômico. 
1.1.7 - Princípio da boa-fé objetiva 
O nosso ordenamento jurídico, no artigo 422 do Código Civil, exige, não somente durante as 
tratativas, mas também na formação e no cumprimento dos contratos, que as partes atuem com 
boa - fé, correção e honestidade (probidade). 
Artigo 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do 
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa - fé. 
Quando o homem usa de sua manifestação de vontade com a intenção precípua de gerar efeitos 
jurídicos, a expressão dessa vontade constitui - se por meio de um negócio jurídico. Os contratos 
empresariais também são regidos pela boa - fé objetiva. 
O princípio da boa - fé objetiva importa no reconhecimento de um direito a cumprir em favor do 
titular passivo da obrigação, como se houvesse uma cláusula implícita no contrato exigindo que 
se paute com honestidade as relações ali firmadas. 
Não se presume violação à boa - fé objetiva se o empresário, durante as negociações do 
contrato empresarial, preservar segredo de empresa ou administrar a prestação de informações 
reservadas, confidenciais ou estratégicas, com o objetivo de não colocar em risco a 
competitividade de sua atividade. 
Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os contratos 
empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na inexperiência. 
Princípio da função social do contrato: previsto expressamente pelo artigo 421 do Código Civil, 
que preceitua: 
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“A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do 
contrato”. 
A função social do contrato constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da 
relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do 
crédito. 
O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a direitos ou 
interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da relação negocial. 
 
 
Princípios
Autonomia da 
Vontade
Obrigatoriedade 
dos contratos
Supremacia da 
ordem pública
Revisão dos 
contratos ou 
onerosidade 
excessiva
Consensualismo
Boa - fé objetiva
Relatividade dos 
efeitos do 
contrato
Função social do 
contrato
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Da distinção dos contratos conforme o objeto transacionado na jurisprudência: 
Direito empresarial. Contratos. Compra e venda de coisa futura (soja). Teoria da 
imprevisão. Onerosidade excessiva. Inaplicabilidade. 
1. Contratos empresariais não devem ser tratados da mesma forma que contratos 
cíveis em geral ou contratos de consumo. Nestes admite - se o dirigismo 
contratual. Naqueles devem prevalecer os princípios da autonomia da vontade e 
da força obrigatória das avenças. 
2. Direito Civil e Direito Empresarial, ainda que ramos do Direito Privado, 
submetem - se a regras e princípios próprios. O fato de o Código Civil de 2002 ter 
submetido os contratos cíveis e empresariais às mesmas regras gerais não significa 
que estes contratos sejam essencialmente iguais. 
3. O caso dos autos tem peculiaridades que impedem a aplicação da teoria da 
imprevisão, de que trata o artigo 478 do CÓDIGO CIVIL/2002: (i) os contratos em 
discussão não são de execução continuada ou diferida, mas contratos de compra 
e venda de coisa futura, a preço fixo, (ii) a alta do preço da soja não tornou a 
prestação de uma das partes excessivamente onerosa, mas apenas reduziu o lucro 
esperado pelo produtor rural e (iii) a variação cambial que alterou a cotação da 
soja não configurou um acontecimento extraordinário e imprevisível, porque 
ambas as partes contratantes conhecem o mercado em que atuam, pois são 
profissionais do ramo e sabem que tais flutuações são possíveis. 
4. Recurso especial conhecido e provido (REsp 936.741/GO, 4ª Turma, Rel. Min. 
Antonio Carlos Ferreira, j. 03.11.2011, DJe 08.03.2012). 
 
 
 
 
 
 
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2 - REGRAS GERAIS 
Os contratos civis e empresariais presumem - se paritários e simétricos até a presença de 
elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes 
jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: 
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação 
das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; 
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; 
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. 
Os contratantes são obrigados a guardar,assim na conclusão do contrato, como em sua 
execução, os princípios de probidade e boa - fé. 
Em caso de o contrato conter clausulas que tratem do mesmo tema de forma distinta ou que se 
contrariem, devera ser adotada a clausula mais benéfica ao aderente, nos termos do artigo 423 
do Código Civil. 
Artigo 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou 
contraditórias, dever - se - á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 
Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente 
a direito resultante da natureza do negócio. 
Será ainda, lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste 
Código. 
 
Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
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2.1 - Da Formação dos Contratos 
A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da 
natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 
Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera - se 
também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação 
semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a 
resposta ao conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a 
retratação do proponente. 
A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo 
se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Pode revogar - se a oferta pela mesma via 
de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
Artigo 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao 
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, 
sob pena de responder por perdas e danos. 
A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. 
Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver 
dispensado, reputar - se - á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. 
Considera - se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao 
proponente a retratação do aceitante. 
Os contratos entre ausentes tornam - se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: 
v no caso do artigo antecedente; 
v se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
v Ise ela não chegar no prazo convencionado. 
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Artigo 435. Reputar - se - á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
3 - DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO 
O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Ao terceiro, em 
favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi - la, ficando, todavia, sujeito 
às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos 
do artigo 438 do CÓDIGO CIVIL. 
Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar - lhe a execução, 
não poderá o estipulante exonerar o devedor. 
Artigo 438. O estipulante pode reservar - se o direito de substituir o terceiro 
designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro 
contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição 
de última vontade. 
3.1 - Da Promessa de Fato de Terceiro 
Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não 
executar. 
Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da 
sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de 
algum modo, venha a recair sobre os seus bens. 
Artigo 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, 
se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. 
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4 - DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS 
A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos 
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. 
 
É aplicável as regras acerca dos vícios redibitórios às doações onerosas. 
Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, pode o adquirente reclamar abatimento no preço. 
Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; 
se o não conhecia, tão - somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. 
Artigo 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em 
poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. 
O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta 
dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na 
posse, o prazo conta - se da alienação, reduzido à metade. 
Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo será contado do 
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se 
tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
Tratando - se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos 
em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando - se o prazo dos bens móveis . 
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Não correrão os prazos do mencionados na constância de cláusula de garantia; 
mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes 
ao seu descobrimento, sob pena de decadência. 
5 - DA EVICÇÃO 
Podemos definir evicção como sendo uma perda, que pode ser parcial ou total, de um bem por 
motivo de decisão judicial ou ato administrativo que se relacione a causa preexistente ao contrato. 
 
Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. 
Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
Artigo 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a 
responsabilidade pela evicção. 
Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto 
a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele 
informado, não o assumiu. 
Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço 
ou das quantias que pagou: 
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
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II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente 
resultarem da evicção; 
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e 
proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. 
Artigo 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada 
esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. 
Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá 
- las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. 
As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção,serão pagas pelo 
alienante. 
Artigo 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas 
pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. 
Artigo 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre 
a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao 
desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. 
Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. 
6 - DOS CONTRATOS ALEATÓRIOS 
Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem 
a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe 
foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do 
avençado venha a existir. 
Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem 
a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de 
sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à 
esperada. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço 
recebido. 
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Artigo 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas 
expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a 
todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do 
contrato. 
 
A alienação aleatória poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se 
provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no 
contrato se considerava exposta a coisa. 
7 - DO CONTRATO PRELIMINAR 
O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao 
contrato a ser celebrado. 
Artigo 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no 
artigo 464 do Código Civil, e desde que dele não conste cláusula de 
arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do 
definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. 
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. 
Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte 
inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a 
natureza da obrigação. 
Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá - lo 
desfeito, e pedir perdas e danos. 
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Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá 
manifestar - se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado 
pelo devedor. 
8 - DO CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR 
No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar - se a faculdade de indicar 
a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. 
Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do 
contrato, se outro não tiver sido estipulado. 
 
A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma 
forma que as partes usaram para o contrato. 
A pessoa, nomeada adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir 
do momento em que este foi celebrado. 
O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: 
v se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá - la; 
v se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da 
indicação. 
Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá 
seus efeitos entre os contratantes originários. 
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9 - DA EXTINÇÃO DO CONTRATO 
9.1 - Do Distrato 
O distrato pode ser definido como o acordo entre as partes contratantes para extinguir o vínculo 
criado pelo contrato. 
Artigo 472. O distrato faz - se pela mesma forma exigida para o contrato. 
A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera 
mediante denúncia notificada à outra parte. Porém, dada a natureza do contrato, uma das partes 
houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá 
efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. 
9.2 - Da Cláusula Resolutiva 
A cláusula resolutiva quando expressamente estabelecida se opera de pleno direito, quando 
estabelecida de forma tácita fica depende de interpelação judicial. 
A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir - 
lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. 
9.3 - Da Exceção de Contrato não Cumprido 
Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode 
exigir o implemento da do outro. 
Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em 
seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, 
pode a outra recusar - se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete 
ou dê garantia bastante de satisfazê-la. 
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 9.4 - Da Resolução por Onerosidade Excessiva 
Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar 
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos 
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da 
sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 
Artigo 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo - se o réu a modificar 
equitativamente as condições do contrato. 
Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua 
prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade 
excessiva. 
CONTRATOS EM ESPÉCIE 
10 - COMPRA E VENDA EMPRESARIAL 
A compra e venda tem base no artigo 481 do Código Civil, sendo aquela em que uma das partes 
se obriga a transferir o domínio de determinada coisa, pela qual a outra parte deverá pagar 
determinado preço. 
Artigo 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a 
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar - lhe certo preço em dinheiro. 
A compra e venda será empresarial se as partes envolvidas forem empresários, seguindo o 
mesmo formato estabelecido para os contratos civis entre os artigos 481 a 532 do Código Civil. 
 
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O contrato de consumo está excluído da hipótese empresarial. 
É natural que essa seja uma modalidade bastante utilizada na área empresarial, em vista da 
necessidade de fornecimento e aquisição de insumos para os diversos empreendimentos que se 
desenvolvem no mercado. 
Artigo 482. A compra e venda, quando pura, considerar - se - á obrigatória e 
perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço. 
Artigo 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste 
caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das 
partes era de concluir contrato aleatório. 
Artigo 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, 
entender - se - á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades quea elas 
correspondem. 
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver 
contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no 
contrato. 
Esse é um contrato que será utilizado em determinada situação momentânea ou regular, como é 
o caso do contrato de compra e venda empresarial para o fornecimento. 
Trata - se de um contrato consensual, bilateral e oneroso. Os contratantes chegam a um consenso 
no que tange ao preço e à coisa, o que, de regra, explica a onerosidade. 
Artigo 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os 
contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar 
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a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os 
contratantes designar outra pessoa. 
Artigo 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou 
de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. 
Artigo 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, 
desde que suscetíveis de objetiva determinação. 
Artigo 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a 
sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende - se que as partes 
se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor. 
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, 
prevalecerá o termo médio. 
Artigo 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio 
exclusivo de uma das partes a fixação do preço. 
A bilateralidade se relaciona às contraprestações e ao fato de que o contrato precisa cumprir a 
função de ser vantajoso para ambas as partes. 
 
 
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O contrato de compra e venda, sinalagmático que é, gera direitos e deveres para ambas as 
partes, sendo que a mais elementar obrigação do comprador é pagar o preço correspondente à 
coisa comprada assegurando - lhe o respectivo direito de recebê - la. De outra parte, cabe ao 
devedor a obrigação de entregar a coisa vendida, bem como o direito de receber o preço dela. 
Compra e 
venda 
empresarial
Empresários
Consensualida
de, 
bilateralidade 
e onerosidade
Fornecimento 
e aquisição de 
isumos
 
 
 
 
 
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As despesas de escritura e registro ficam a cargo do comprador, e as da tradição ficam a cargo 
do vendedor, salvo cláusula em contrário. O vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes 
de receber o preço, salvo na venda a crédito. 
Artigo 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro 
a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. 
Artigo 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a 
coisa antes de receber o preço. 
Os riscos da coisa correm por conta do vendedor até o momento da tradição, e os riscos do preço 
correm por conta do comprador. A tradição da coisa vendida será realizada no lugar onde ela 
se encontrava, ao tempo da venda, salvo estipulação em contrário. 
Artigo 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do 
vendedor, e os do preço por conta do comprador. 
§ 1 o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar 
coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, 
e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. 
§ 2 o Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se 
estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e 
pelo modo ajustados. 
Artigo 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar - se 
- á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda. 
Artigo 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, 
por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá - la, 
salvo se das instruções dele se afastar o vendedor. 
Nos contratos de compra e venda há uma interdependência entre as várias atividades, seja por 
meio da compra e venda específica, seja pela compra e venda sucessivas e regulares (contratos 
de fornecimento), ou, ainda, pela compra e venda que ocorre internacionalmente por meio de 
importações e exportações. Trata - se de um contrato complexo. 
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O contrato de compra e venda mercantil tem como características pontuais: ser celebrado entre 
empresários (empresários individuais ou sociedades empresárias); a insolvência do comprador 
(antes da entrega da coisa); a formulação do contrato de fornecimento (contratos de compra e 
venda que se sucedem no tempo); e os termos de comércio internacional (incoterms). 
Atendido o princípio da especialidade, o vendedor, ainda que tenha conhecimento do estado de 
insolvência do comprador ao fechar o negócio, não poderá atrasar a entrega das mercadorias 
vendidas. 
Artigo 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição 
o comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da 
coisa, até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado. 
Artigo 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros 
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. 
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa - se o consentimento do cônjuge 
se o regime de bens for o da separação obrigatória. 
A constituição dos contratos de compra e venda, em regra, não depende do cumprimento de 
formalidades na sua execução, salvo o contrato de compra e venda de imóvel, caso em que se 
faz necessária a instrumentalização em documento escrito e regular registro, conforme dispõe o 
artigo 108 do Código Civil: 
“Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos 
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia 
de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário 
mínimo vigente no País”. 
Quanto ao prazo para cumprimento das obrigações nos contratos de compra e venda mercantil, 
a execução pode ser imediata, quando as partes devem cumprir as obrigações imediatamente 
depois da conclusão do contrato; pode ser diferida, quando as partes marcam para o futuro 
o cumprimento das obrigações (como o contrato sobre uma safra); e pode continuar quando se 
subdivide no tempo em sucessivos e diversos atos (contrato de fornecimento). 
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Observe - se, porém, que, no contrato de compra e venda de coisa futura, este não produzirá 
efeitos se essa coisa não existir, salvo se vendedor e comprador tiverem celebrado um contrato 
que envolva o risco e quem o assumiu arcará com os prejuízos. 
Todavia, no que diz respeito ao agronegócio, trata - se de estratégia plausível ao produtor de 
safra futura o hedge, que nada mais é do que um seguro de preço, no qual se prevê um lucro 
mínimo, já calculados todos os custos de produção, ou seja, antecipa - se um lucro esperado, 
protegendo - se de eventual prejuízo se a safra for inferior aos custos de produção. 
O contrato de fornecimento é contrato de compra e venda mercantil com cláusula especial 
relacionada a períodos que se repetem no tempo, ou seja, trata - se de uma sucessão de 
contratos de compra e venda mercantil na qual há uma colaboração entre comprador e vendedor, 
empresários ou sociedades empresárias, pois a regularidade dos contratos garante o estoque do 
comprador, assim como a meta de produção do vendedor. 
O contrato estimatório é o contrato de compra e venda futura que ocorre quando o 
proprietário entrega a coisa para terceiro vendê - la, estipulando - se um prazo para a conclusão 
da venda ou, em caso negativo, para a sua restituição, não se exonerando da obrigação de pagar 
o preço sea restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a 
ele não imputável. 
É o que explicita o artigo 534 do Código Civil: 
“Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, 
que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se 
preferir, no prazo estabelecido, restituir - lhe a coisa consignada”. 
10.1 - Cláusulas especiais do contrato de compra e venda 
 A cláusula especial de retrovenda nos contratos de compra e venda de bem imóvel é aquela 
que assegura ao vendedor o direito de recobrar o bem vendido no prazo máximo de três 
anos, após a venda. 
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Artigo 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar - se o direito de recobrá-la 
no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e 
reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de 
resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de 
benfeitorias necessárias. 
No caso de o comprador não querer receber o dinheiro, colocando empecilhos para a recompra 
do bem, caberá ao vendedor recorrer ao Judiciário efetuando o depósito judicial do valor. 
Artigo 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o 
vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente. 
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o 
vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente 
pago o comprador. 
Essa possibilidade de recompra do bem também se estende aos sucessores do devedor, 
podendo ser exercido esse direito inclusive contra um terceiro adquirente. 
Artigo 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e 
legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente. 
No caso de existir mais de um direito de recompra sobre o mesmo bem imóvel, há prevalência 
em favor de quem efetuou o depósito integral. 
Artigo 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo 
imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele 
acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, 
contanto que seja integral. 
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10.2 - Venda a Contento e da Sujeita a Prova 
A venda a contento é a cláusula especial do contrato de compra e venda feito sob condição 
suspensiva e está condicionada ao agrado do comprador em relação à mercadoria adquirida, 
uma vez que o contrato só se aperfeiçoa quando o comprador manifesta o seu contentamento 
com a mercadoria, a essa regra se sujeita também a venda a prova. 
Artigo 509. A venda feita a contento do comprador entende - se realizada sob 
condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará 
perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado. 
Contudo, o comprador deve manifestar - se em determinado prazo a ser estipulado no contrato. 
Todavia, em não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá 
direito a intimá - lo, judicial ou extrajudicialmente, para que se manifeste em prazo improrrogável. 
Artigo 510. Também a venda sujeita a prova presume - se feita sob a condição 
suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja 
idônea para o fim a que se destina. 
Artigo 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob 
condição suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto 
não manifeste aceitá-la. 
Artigo 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o 
vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça 
em prazo improrrogável. 
10.3 - Da Preempção ou Preferência 
A preempção ou preferência é a cláusula especial do contrato de compra e venda que 
assegura ao vendedor o chamado direito de prelação, segundo o qual, o comprador que quiser 
vender ou dar em pagamento o bem que adquiriu do vendedor, tem que oferecer a este, nas 
mesmas condições de preço, o direito de preferência, não podendo ser cedido ou passado a 
herdeiros, pois se trata de um direito exclusivo do vendedor. 
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Artigo 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de 
oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para 
que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. 
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder 
a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel. 
O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador, quando lhe 
constar que este vai vender a coisa. 
Artigo 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado 
a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado. 
Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se 
exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subsequentes à 
data em que o comprador tiver notificado o vendedor. 
Artigo 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais 
indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se 
alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, 
poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita. 
Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência 
do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se 
tiver procedido de má - fé. 
Artigo 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, 
ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for 
utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de 
preferência, pelo preço atual da coisa. 
Artigo 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros. 
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10.4 - Da Venda com Reserva de Domínio 
A venda com reserva de domínio é cláusula especial do contrato de compra e venda que 
assegura ao vendedor a reserva de domínio sobre a coisa vendida, até que o comprador pague 
integralmente o preço ajustado. Essa cláusula é válida quando o bem objeto do contrato for 
móvel e deve ser expressamente prevista no contrato, além de ser registrada em cartório no local 
do domicílio do comprador. 
Artigo 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a 
propriedade, até que o preço esteja integralmente pago. 
Artigo 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende 
de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros. 
É imprescindível que o bem móvel seja suscetível de caracterização perfeita. 
Artigo 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa 
insuscetível de caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na 
dúvida, decide - se a favor do terceiro adquirente de boa - fé. 
Artigo 524. A transferência de propriedade ao comprador dá - se no momento em 
que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o 
comprador, a partir de quando lhe foi entregue. 
No caso de inadimplemento do comprador, o vendedor tem duas saídas: cobrar as prestações 
com as devidas correções e juros; ou tomar o bem de volta. 
O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o 
comprador em mora mediante protesto do título ou interpelação judicial. Se o vendedor optar 
por tomar o bem de volta, deverá restituir ao comprador as prestações eventualmente pagas 
por ele. 
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Artigo 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de 
domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou 
interpelação judicial. 
Artigo 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele 
a competente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que 
lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida. 
Artigo 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor 
reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as 
despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido 
ao comprador; e o que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual. 
Contudo, é facultado ao vendedor reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a 
depreciação da coisa, as despesas e o mais de direito que lhe for devido, sendo que o excedente 
será devolvido ao comprador e o que faltar será cobrado deste. 
Artigo 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, 
mediante financiamento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá 
exercer os direitos e ações decorrentes do contrato, a benefício de qualquer outro. 
A operação financeira e a respectiva ciência do comprador constarão do registro 
do contrato. 
10.5 - Da Venda Sobre Documentos 
A venda sobre documentos é cláusula especial do contrato de compra e venda permitida pelo 
artigo 529 do Código Civil: 
“Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do 
seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no 
silêncio deste, pelos usos. Achando - se a documentação em ordem, não pode o 
comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado 
da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado”. 
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Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na data e no lugar da 
entrega dos documentos. 
Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro que cubra os riscos 
do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao ser concluído o contrato, tivesse 
o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa. 
Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá a este efetuá-lo 
contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela qual não 
responde. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a efetuar o 
pagamento, poderá o vendedor pretendê - lo, diretamente do comprador. 
11 - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA 
A alienação fiduciária em garantia representa a venda em garantia de um bem financiado, por 
meio do qual passam as partes a desfrutar de situação jurídica peculiar, outorgando - se ao 
fiduciário o domínio resolúvel e a posse indireta, independentemente de tradição, e ao 
devedor (o financiado ou fiduciante), a posse direta do bem e o respectivo depósito. 
Essa mixagem permite um extenso elenco de garantias ao capital investido, eis que as 
responsabilidades sobre o uso e a conservação competem ao fiduciante. 
Em se tratando de bens móveis, a alienação fiduciária em garantia é regida pela Lei nº. 
4.728/1965 e, quanto aos bens imóveis para casos de financiamento imobiliário, pela Lei nº. 
9.514/1997. 
A dinâmica do contrato de alienação fiduciária exige a compreensão de dois termos de extrema 
importância, quais sejam, o mútuo, que significa empréstimo; e fidúcia, que significa confiança. 
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O mutuário fiduciante aliena ao mutuante - fiduciário a propriedade de um bem de seu patrimônio. 
Mútuo Empréstimo
Fidúcia Confiança
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Essa alienação se faz em fidúcia, sendo que o credor tem apenas o domínio resolúvel e a posse 
indireta da coisa alienada e o devedor fica como seu depositário e possuidor direto. Com o 
pagamento da dívida, temos a devolução do dinheiro emprestado e o fiduciante volta a titularizar 
a plena propriedade do bem dado em garantia. 
Neste sentido a Súmula 28 do STJ: 
O contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já 
integrava o patrimônio do devedor. 
Para que o contrato de alienação fiduciária possa alcançar o seu objetivo, é necessário que se 
realize uma compra e venda, como a que acontece na aquisição de um automóvel. 
Partes
mutuário 
fiduciante 
devedor
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fiduciário 
credor
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O vendedor receberá a quantia, que representa o valor do automóvel, diretamente do banco, em 
vista de um segundo contrato. Nesse caso, temos o contrato de alienação fiduciária, em que o 
devedor comprador aliena em fidúcia o automóvel ao banco. 
 
 
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 Pagamento 
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Na alienação fiduciária, o caráter transitório se evidencia de maneira que a propriedade do 
bem dado em garantia seja transferida ao credor fiduciário até o momento em que o devedor 
fiduciante satisfaça todas as prestações assumidas na aquisição do bem alienado fiduciariamente. 
Mutuário fiduciário (credor) Mutuário fiduciante (devedor) 
Vendedor 
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Dessa forma, o credor, que tinha a propriedade resolúvel e posse indireta do bem, reverte - o ao 
devedor depositário e possuidor direto do bem. 
O contrato de alienação fiduciária em garantia é contrato bilateral, real, oneroso e comutativo. 
O contrato de alienação fiduciária é bilateral, porque estabelece obrigações recíprocas entre os 
contratantes, quais sejam, cabe ao credor - financiador a transferência da posse direta do bem 
objeto do contrato e ao devedor - fiduciante a obrigação de pagar a dívida contraída junto ao 
credor - financiador. 
Classifica - se como contrato real, pois se realiza com a transferência do domínio resolúvel e a 
posse indireta do bem alienado. 
É oneroso e comutativo porque as partes do contrato sabem preliminarmente que ele prevê 
proveito e ônus para ambas, ou seja, o credor - financiador deverá entregar do valor corresponde 
a aquisição do bem alienado e o devedor - fiduciante deverá transferir o bem e o pagar o 
respectivo financiamento. 
A alienação fiduciária de bem imóvel é regulamentada pela Lei nº. 9.514/1997, e trata - se o 
negócio jurídico, pelo qual o devedor - fiduciante, com o intuito de garantia, contrata a 
transferência ao credor - fiduciário, da propriedade resolúvel de coisa imóvel. 
A propriedade fiduciária de coisa imóvel é constituída mediante registro do contrato que lhe serve 
de título, no competente Registro de Imóveis. Assim, o fiduciante torna - se possuidor direto e o 
fiduciário torna - se possuidor indireto da coisa imóvel. 
O contrato supramencionado conterá: 
a) o valor do principal da dívida; 
b) o prazo e as condições de reposição do empréstimo ou do crédito do fiduciário; 
c) a taxa de juros e os encargos incidentes; 
d) a cláusula de constituição da propriedade fiduciária, com a descrição do imóvel objeto 
da alienação fiduciária e a indicação do título e modo de aquisição; 
 
 
 
 
 
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e) a cláusula assegurando ao fiduciante, enquanto adimplente, a livre utilização, por sua 
conta e risco, do imóvel objeto da alienação fiduciária; 
f) a indicação, para efeito de venda em público leilão, do valor do imóvel e dos critériospara a respectiva revisão; 
g) a cláusula dispondo sobre os procedimentos a serem adotados na hipótese de 
ocorrência de leilão público. 
A propriedade fiduciária do imóvel é resolvida com o pagamento da dívida e seus encargos por 
parte do devedor - fiduciante, de maneira que a propriedade do bem imóvel é passada 
definitivamente ao devedor. 
Do contrário, uma vez vencida e não paga, no todo ou em parte, a dívida, terá o devedor, 
ainda, a chance de satisfazê - la no prazo de quinze dias após a intimação pelo oficial do 
competente Registro de Imóveis. 
Não ocorrendo a satisfação da dívida, será o fiduciante constituído em mora e a propriedade do 
imóvel será consolidada em nome do credor - fiduciário que, no prazo de trinta dias, contados da 
data do registro da averbação de consolidação da propriedade, promoverá público leilão para a 
alienação do imóvel. 
O montante arrecadado com a venda do bem no leilão servirá para satisfação da dívida em relação 
ao credor fiduciário, e o sobejar será devolvido ao devedor - fiduciante. 
A alienação fiduciária de bem móvel é regulamentada pelo artigo 66 - B da Lei nº. 4.728/1965 
e pelo Decreto - lei nº. 911/1969. 
A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da 
coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tornando - se o alienante 
ou devedor em possuidor direto e depositário do bem. 
Ocorrendo inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais garantidas mediante 
alienação fiduciária, o proprietário fiduciário ou credor poderá vender a coisa a terceiros, 
independentemente de leilão, hasta pública, avaliação prévia ou qualquer outra medida judicial 
ou extrajudicial, devendo aplicar o preço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas 
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decorrentes e entregar ao devedor o saldo apurado, se houver, com a devida prestação de contas, 
salvo disposição expressa em contrário prevista no contrato. 
Contudo, se o credor, no caso de inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais, preferir 
pela busca e apreensão, não pode depois vir à via executiva cobrar quantia do devedor 
remanescente, isso porque não existe mais título para fundamentar tal intento. 
Ainda assim, cabe ação monitória conforme o Enunciado sumular 384 do Superior Tribunal de 
Justiça: 
“Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda 
extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia”. 
De acordo com o artigo 4º do Decreto - lei nº. 911/1969, 
“se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse 
do devedor, fica facultado ao credor requerer, nos mesmos autos, a conversão do 
pedido de busca e apreensão em ação executiva”. 
Com relação ao artigo 4o do citado Decreto - lei, há um histórico interessante envolvendo os 
tribunais superiores. Antes de a Lei nº. 13.043/2014 alterar a redação do referido artigo, era 
possível converter a busca e apreensão frustrada, ou seja, aquela quando não se encontra o bem 
alienado ou não se acha em posse do devedor, em ação de depósito tentando tornar o devedor 
em depositário infiel. Contudo, em várias decisões, o STJ entendeu não ser possível, pois nos 
contratos de alienação fiduciária em garantia não havia contrato de depósito verdadeiramente, e 
sim um depósito ficto. 
Assim, a suprema corte entendeu ser possível a prisão civil do devedor - fiduciante, enquadrando 
- o como depositário infiel nos contratos de alienação fiduciária em garantia, afastando, assim, a 
aplicação do Pacto de São José da Costa Rica, que vedava essa espécie de prisão civil. 
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Jurisprudência correlata: 
Habeas corpus. Alienação fiduciária em garantia. Prisão civil do devedor como 
depositário infiel. – Sendo o devedor, na alienação fiduciária em garantia, deposi 
- tário necessário por força de disposição legal que não desfigura essa 
caracterização, sua prisão civil, em caso de infidelidade, se enquadra na ressalva 
contida na parte final do artigo 5o, LXVII, da Constituic ̧ão de 1988. – Nada interfere 
na questão do depositário infiel em matéria de alienação fiduciária o disposto no 
§ 7o do artigo 7o da Convenção de San José da Costa Rica. Habeas corpus 
indeferido, cassada a liminar concedida (HC 72.131, Tribunal Pleno, Rel. Min. 
Marco Aurélio, Rel. p/ acórdão Min. Moreira Alves, j. 23.11.1995, DJ 01.08.2003, 
p. 103, Ement. vol - 02117 - 40, p. 8650). 
Contudo, o próprio STF alterou seu posicionamento ao entender pela inconstitucionalidade da 
prisão civil do devedor - fiduciante nos contratos de alienação fiduciária em garantia, assim como 
em qualquer hipótese de depositário infiel, tendo em vista que os tratados internacionais que 
versam sobre direitos humanos ingressam em nosso ordenamento com status de norma 
supralegal, ou seja, abaixo da Constituição e acima das Leis, uma vez que o Pacto de São José da 
Costa Rica restringe a prisão civil por dívidas aos casos de descumprimento inescusável de pensão 
alimentícia. 
Assim destaca a Súmula Vinculante 25: 
 “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do 
depósito”. 
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Jurisprudência correlata: 
Prisão civil. Depósito. Depositário infiel. Alienac ̧ão fiduciária. Decretac ̧ão da 
medida coercitiva. Inadmissibilidade absoluta. Insubsistência da previsão 
constitucional e das normas subalternas. Interpretação do artigo 5o, inc. LXVII e §§ 
1o, 2o e 3o, da CF, à luz do artigo 7o, § 7, da Convenção Americana de Direitos 
Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Recurso improvido. Julgamento 
conjunto do RE no 349.703 e dos HCs no 87.585 e no 92.566. É ilícita a prisão civil 
de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito (RE 466.343, 
Tribunal Pleno, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 03.12.2008, DJe - 104, divulg. 04.06.2009, 
public. 05.06.2009, Ement. vol - 02363 - 06, p. 1106, RTJ vol - 00210 - 02, p. 745, 
RDECTRAB v. 17, n. 186, 2010, p. 29 - 165). 
 
Ressalta - se ainda que o Informativo do STJ 599, julgado em 22/2/2017 determinou que: 
“Nos termos da lei, para que o bem possa ser restituído ao devedor livre de ônus, 
é necessário que ele quite integralmente a dívida pendente. Assim, mostra - se 
incongruente impedir a utilização da ação de busca e apreensão pelo simples fato 
de faltarem poucas prestações a serem pagas, considerando que a lei de regência 
 
 
 
 
 
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do instituto expressamente exigiu o pagamento integral da dívida pendente, não 
cabendo por isso inclusive a purgação da mora; 
Sua aplicação representaria um incentivo ao inadimplemento das últimas parcelas 
contratuais, considerando que o devedor saberia que não perderia o bem e que o 
credor teria que se contentar em buscar o crédito faltante por outras vias judiciais 
menos eficazes; 
Se fosse aplicada a teoria do adimplemento provocariam Juros mais elevados, pois 
haveria um enfraquecimento da garantia prevista neste instituto fazendo com que 
as instituições financeiras começassem a praticar juros mais elevados a fim de 
compensar esses riscos, prejudicando Isso seria a economia nacional e os 
consumidores em geral.” 
12 - ARRENDAMENTO MERCANTIL 
O contrato de arrendamento mercantil assemelha - se a um contrato de locação, podendo o 
arrendatário, entretanto, no término do contrato, comprar o bem locado. O contrato de leasing 
encontra - se regulado pela Lei nº. 6.099/1974 e pela Resolução do Banco Central 2.309/1996, 
que define: 
Considera - se, para os efeitos desta lei, arrendamento mercantil o negócio jurídico 
realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou 
jurídica, na qualidade de arrendatária e que tenha por objeto o arrendamento de 
bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e parauso próprio desta. 
O arrendatário, no final do contrato, poderá escolher entre adquirir o bem, prorrogar o contrato 
ou devolvê - lo. 
A Súmula 293 do STJ é no sentido de que, inclusive, é possível antecipar o valor residual garantido 
sem descaracterizar o contrato de arrendamento mercantil. 
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Súmula 293 – STJ A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não 
descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil. 
O arrendamento mercantil puro ou financeiro se caracteriza pela inexistência de resíduo 
expressivo, e, para o exercício da opção de compra, o arrendatário desembolsa uma importância 
de pequeno valor, devendo a soma das prestações correspondentes à locação ser suficiente para 
a recuperação do custo do bem e o retorno do investimento da arrendadora. 
O tempo de duração do leasing financeiro não pode ser inferior a dois anos, caso a vida útil do 
bem atinja até cinco anos; e não pode ser inferior a três anos, se a vida útil for de maior prazo. 
É importante ressaltar a matéria da Súmula 369 do STJ: 
“No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula 
resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí 
- lo em mora”. 
Outra modalidade é o arrendamento mercantil operacional, em que o arrendatário dá assistência 
técnica, propondo até mesmo a substituição dos bens arrendados. A soma do valor das 
prestações não pode ultrapassar 75% do custo do bem arrendado. O tempo de duração 
mínimo do contrato de leasing operacional não pode ser inferior a 90 dias. 
Ainda temos o lease-back, contrato pelo qual a pessoa proprietária de um bem o vende para, em 
seguida, recebê-lo do comprador em arrendamento; e o self leasing, operação realizada entre 
empresas coligadas, uma arrendadora e outra arrendatária. 
 
 
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Jurisprudencia correlata: 
Processual civil. Tributário. Agravo interno no recurso especial. Código de Pro - 
cesso Civil de 2015. Aplicabilidade. Argumentos insuficientes para desconstituir a 
decisão atacada. Recurso especial provido. Veículo objeto de contrato de leasing. 
Transporte clandestino de mercadorias estrangeiras. Pena de perdimento do bem. 
Possibilidade. Acórdão em confronto com a jurisprudência desta corte. 
I – Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 
09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do 
provimento juris - dicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplica - se o Código 
de Processo Civil de 2015 no julgamento do Agravo Interno. 
•Duração não inferior a 2 anos: bem com vida útil 
de até 5 anos
• Duração não inferior a 3 anos: bem com vida útil 
maior que 5 anos
Leasing puro ou financeiro
•Duração não inferior a 90 dias
•Duração máxima de 75% da vida útil do bem 
arrendado
Leasing operacional
 
 
 
 
 
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II – O acórdão recorrido está em confronto com o entendimento desta Corte, se - 
gundo a qual reconhece a validade da aplicação da pena de perdimento a veículo 
submetido a contrato de arrendamento mercantil (leasing) e alienação fiduciária. 
III – O Agravante não apresenta, no agravo, argumentos suficientes para descons 
- tituir a decisão recorrida. 
IV – Agravo Interno improvido (AgInt no REsp 1.240.899/SC, 1a Turma, Rel. Min. 
Regina Helena Costa, j. 17.11.2016, DJe 30.11.2016). 
Arrendamento mercantil e processual civil. Recurso especial. Decisão monocrática 
do relator, na origem, confirmada pelo colegiado. Ofensa ao artigo 557 do 
CPC/1973. Inexistência. Mora ex re. Inadimplemento ocorre no vencimento da 
prestação contratual. Notificação. Decreto - lei n. 911/1969. Demonstração da 
mora. Pode ser feita mediante protesto, por carta registrada expedida por 
intermédio do Cartório de Títulos ou Documentos, ou por simples carta registrada 
com aviso de recebi - mento. Evolução do entendimento jurisprudencial, para se 
amoldar às alterações promovidas pelo legislador. 
1. A mora é causa de descumprimento parcial dos contratos de arrendamento 
mercantil e verifica - se quando o devedor não efetua pagamento no tempo, ou 
lugar convencionados. Com efeito, a mora constitui - se ex re, isto é, decorre auto 
- maticamente do vencimento do prazo para pagamento, motivo pelo qual não 
cabe qualquer inquirição a respeito do montante ou origem da dívida, para a 
aferição da configuração da mora. 
2. Orienta o enunciado da Súmula 369/STJ que, no contrato de arrendamento 
mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notifi 
- cação prévia do arrendatário para constituí - lo em mora. Contudo, cumpre 
ressaltar que essa notificação é apenas, a exemplo dos contratos garantidos por 
alienação fiduciária, mera formalidade para a demonstração do esbulho e para 
propiciar a oportuna purga da mora (antes do ajuizamento da ação de reintegração 
de posse). 
 
 
 
 
 
 
 
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3. Por um lado, a própria redação atual do artigo 2o, § 2o, do Decreto - Lei n. 
911/1969 é expressa a respeito de que a mora decorre do simples vencimento do 
prazo para pagamento. Por outro lado, conforme a atual redação do mencionado 
dispositivo, promovida pela Lei n. 13.043/2014, o entendimento até então 
consagrado pela jurisprudência do STJ, acerca da necessidade de notificação via 
cartório, foi con - siderado, por própria opção do legislador, formalidade 
desnecessária. 
4. Consoante a lei vigente, para a comprovac ̧ão da mora, basta o envio de 
notificação por carta registrada com aviso de recebimento, não se exigindo que a 
assinatura constante no referido aviso seja a do próprio destinatário. Com efeito, 
como não se trata de ato necessário para a caracterização/constituição da mora – 
que é ex re –, não há impossibilidade de aplicação da nova solução, concebida 
pelo próprio legislador, para casos anteriores à vigência da Lei n. 13.043/2014. 
5. Com efeito, a demonstração da mora em alienação fiduciária ou leasing – para 
ensejar, respectivamente, o ajuizamento de ação de busca e apreensão ou de 
reintegração de posse – pode ser feita mediante protesto, por carta registrada 
expedida por intermédio do cartório de títulos ou documentos, ou por simples 
carta registrada com aviso de recebimento – em nenhuma hipótese, exige - se que 
a assinatura do aviso de recebimento seja do próprio destinatário. 
6. Recurso especial provido (REsp 1.292.182/SC, 4a Turma, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, j. 29.09.2016, DJe 16.11.2016). 
13 - FRANQUIA 
A franquia ou franchising surgiu em 1860 nos Estados Unidos, por iniciativa da sociedade 
empresária Singer Sewing Machine, que resolveu expandir seus negócios por diversos pontos do 
território de seu país, por meio de credenciamento de agentes cedendo a eles a utilização de sua 
marca, publicidade, técnicas de vendas, know - how e produtos. 
Porém, em escala mundial, foi a rede de lanchonetes McDonald’s, criada em 1955, que 
evidenciou a franquia. 
 
 
 
 
 
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A franquia é uma opção de o franqueador expandir os negócios de forma mais econômica, pois 
não terá despesas com estruturação de filiais, além do que, com o aumento das compras com 
seus fornecedores, possibilitará uma melhor negociação de preços. 
Ainda, complementa a jurisprudencia (STJ. 3ª Turma. REsp 1602076 - SP) ao dizer que a franquia é 
um contrato empresarial e, em razão de sua natureza, não está sujeito às regras protetivas 
previstas no CDC. A relação entre o franqueador e o franqueado não é uma relação de consumo, 
mas sim de fomento econômico com o objetivo de estimular as atividades empresariais do 
franqueado. O franqueado não é consumidor de produtos ou serviços da franqueadora,mas sim 
a pessoa que os comercializa junto a terceiros, estes sim, os destinatários finais. 
De outra parte, aproveitando a fama da rede franqueadora e outras vantagens decorrentes, o 
franqueado empreendedor reduz os riscos inerentes à atividade empresarial, uma vez que o 
produto ou serviço já foi testado no mercado. 
Disciplinado pela Lei nº. 8.955/1994, o contrato de franquia ou franchising é aquele por meio 
do qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao 
direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, 
também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema 
operacional, desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou 
indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. 
Artigo 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao 
franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de 
distribuição exclusiva ou semi - exclusiva de produtos ou serviços e, 
eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e 
administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo 
franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique 
caracterizado vínculo empregatício. 
O contrato de franquia é consensual, bilateral e oneroso. Deve ser sempre escrito e assinado 
na presença de duas testemunhas e terá validade independentemente de ser registrado em 
cartório ou órgão público. 
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Artigo 6º O contrato de franquia deve ser sempre escrito e assinado na presença 
de 2 (duas) testemunhas e terá validade independentemente de ser levado a 
registro perante cartório ou órgão público. 
Contudo, o registro é necessário para que o contrato seja oponível contra terceiros, daí por 
que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é competente para o registro de 
contratos que impliquem transferência de tecnologia, contratos de franquia e similares. 
O contrato de franquia deverá prever a remuneração devida ao franqueador, que geralmente se 
dá por meio de taxas de ingresso à rede franqueada e pelo pagamento de royalties incidentes 
sobre o faturamento do franqueado, além de outras formas que podem vir previstas no contrato. 
O contrato de franquia se desdobra em três outros contratos, a saber: 
a) engineering: o franqueador orienta o franqueado no processo de montagem e 
planejamento de seu estabelecimento; 
b) management: o franqueador orienta o franqueado sobre o processo de treinamento 
de sua equipe de funcionário e gerência; 
c) marketing: o franqueador orienta o franqueado sobre divulgação e promoção dos 
produtos. 
Uma classificação que é adotada pela doutrina destaca a franquia de marca e de produto e a 
business format franchising: 
a) franquia de marca e de produto: concessão do uso de marca para venda de produto 
de forma exclusiva; 
b) business format franchising: concessão da marca e formatação minuciosa do 
negócio, como normas operacionais, técnicas e de procedimento. 
Outra classificação adotada pela doutrina leva em conta o tipo de atividade desenvolvida pelo 
franqueador: 
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a) de serviços: franqueador oferece forma original de prestação de serviços mediante 
padrões determinados; 
b) de produção: franqueador produz os produtos que serão comercializados pelos 
ranqueados; 
c) de distribuição: franqueador determina os produtos fabricados por terceiros que 
serão distribuídos pela rede franqueada; 
d) de indústria: franqueador disponibiliza a tecnologia necessária para a 
industrialização de produtos; 
e) mistas: combinam dois ou mais tipos de atividade. 
De acordo com o artigo 3º da Lei nº. 8.955/1994, se o franqueador tiver interesse na implantação 
de sistema de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar - se franqueado 
uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, contendo 
informações de várias ordens, tais como balanços e demonstrações financeiras da empresa 
franqueadora, relativos aos dois últimos exercícios; descrição detalhada da franquia; descrição 
geral do negócio e das atividades que serão desempenhadas pelo franqueado; perfil ideal do 
franqueado no que se refere à experiência anterior, nível de escolaridade e outras características 
que o franqueado, obrigatória ou preferencialmente, deve ter. 
Artigo 3º Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de franquia 
empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar - se franqueado uma circular de 
oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, contendo 
obrigatoriamente as seguintes informações: 
I - histórico resumido, forma societária e nome completo ou razão social do franqueador e 
de todas as empresas a que esteja diretamente ligado, bem como os respectivos nomes 
de fantasia e endereços; 
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II - balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora relativos aos dois 
últimos exercícios; 
III - indicação precisa de todas as pendências judiciais em que estejam envolvidos o 
franqueador, as empresas controladoras e titulares de marcas, patentes e direitos autorais 
relativos à operação, e seus subfranqueadores, questionando especificamente o sistema 
da franquia ou que possam diretamente vir a impossibilitar o funcionamento da franquia; 
IV - descrição detalhada da franquia, descrição geral do negócio e das atividades que 
serão desempenhadas pelo franqueado; 
V - perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência anterior, nível de escolaridade 
e outras características que deve ter, obrigatória ou preferencialmente; 
VI - requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e na 
administração do negócio; 
VII - especificações quanto ao: 
a) total estimado do investimento inicial necessário à aquisição, implantação e entrada em 
operação da franquia; 
b) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia e de caução; e 
c) valor estimado das instalações, equipamentos e do estoque inicial e suas condições de 
pagamento; 
VIII - informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo 
franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas 
bases de cálculo e o que as mesmas remuneram ou o fim a que se destinam, indicando, 
especificamente, o seguinte: 
 
 
 
 
 
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a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca ou em troca dos serviços 
efetivamente prestados pelo franqueador ao franqueado (royalties); 
b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial; 
c) taxa de publicidade ou semelhante; 
d) seguro mínimo; e 
e) outros valores devidos ao franqueador ou a terceiros que a ele sejam ligados; 
IX - relação completa de todos os franqueados, subfranqueados e subfranqueadores da 
rede, bem como dos que se desligaram nos últimos doze meses, com nome, endereço e 
telefone; 
X - em relação ao território, deve ser especificado o seguinte: 
a) se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferência sobre determinado território 
de atuação e, caso positivo, em que condições o faz; e 
b) possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de seu território 
ou realizar exportações; 
XI - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de adquirir 
quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à implantação, operação ou administração 
de sua franquia, apenas de fornecedores indicados

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