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INTRODUÇÃO A MATERIAIS POLIMÉRICOS ENG 02004 – Materiais Poliméricos I Prof. Carlos Arthur Ferreira 2 1. HISTÓRICO Polímeros são macromoléculas constituídas por um grande número de moléculas pequenas que se repetem na sua estrutura e que são denominadas de monômeros. As reações pelas quais elas se combinam são chamadas de polimerizações. As primeiras sínteses efetuadas destinavam-se a preparar substitutos para as macromoléculas naturais (caucho, seda...); desde então desenvolveu-se uma extensa tecnologia que produz presentemente centenas de substâncias de que não existem equivalentes na natureza. Deste modo, o polímero é o primeiro material de engenharia sintético. 3 O desenvolvimento dos polímeros: • barateou enormemente bens de consumo e embalagens; • tornou viável o desenvolvimento das áreas: eletrônica, aeronáutica, espacial, automobilística, eletrodomésticos, vestuário e até médica. Além disso, os polímeros apresentam processamento fácil e econômico, reduziram peso e melhoraram a apresentação, o desempenho, a durabilidade e a segurança. Atualmente há maciço investimento em pesquisa principalmente nas áreas de polímeros com propriedades especiais como condução elétrica e cristal líquido. Por apresentarem boas propriedades físicas e químicas, os polímeros rapidamente tornaram-se substitutos de vários materiais tradicionais de engenharia. 4 POLÍMEROS NATURAIS Tempos remotos * asfalto (pré-bíblico), âmbar (Grécia), mastique de goma (Roma) * celulose, algodão, lã, seda, borracha natural * proteínas, ácidos nucléicos, queratina, cabelo 1826 Fórmula empírica da borracha natural C B5H B8 1860 Isopreno obtido por destilação destrutiva do polímero ~CH B2-C(CH B3B)=CH-CH B2~ POLÍMEROS SINTÉTICOS 1839 Polimerização do estireno ~[CHB2-CH B2-(CB6HB5B)]~ 1860 Preparação do poli(etileno glicol) ~[CH(OH)-CH(OH)]~ 1879 Polimerização do isopreno ~CH B2-C(CH B3B)=CH-CH B2~ 1880 Polimerização do ácido metacrílico ~[CHB2-C(CH3)COOH]~ 5 CIÊNCIA DE POLÍMEROS 1832 Polímeros compostos de PM múltiplos em contraposição a isômero Berzelieus 1920 Aceitação da existência de macromoléculas Staudinger 1920-1930 * grupos terminais e propriedades físicas x PM * viscosidade de soluções diluídas x PM 1930 Prêmio Nobel 1935 Estudos sobre configuração dos átomos nas cadeias 1929 - 1930 Comprovação da teoria macromolecular e dos estudos de Staudinger Carothers 1937 Elucidou o mecanismo de polimerização em cadeia Flory 1955 Existência de estereorregularidade na cadeia de polímeros vinílicos Natta 6 DESENVOLVIMENTOS DE RELEVÂNCIA INDUSTRIAL Tempos remotos Utilização da borracha natural 1839 * vulcanização da borracha * industrialização nos USA e Inglaterra 1838 Descobrimento do nitrato de celulose 1865 Descobrimento do acetato de celulose 1870 Comercialização do nitrato de celulose (explosivos, fotografias, fibras sintéticas) 1900 * produção de borracha sintética * copolimerização de estireno e dienos 1900-1910 Comercialização de acetato de Rayon e de celulose 1920 Produção de resinas de cloreto e acetato de vinila 1930 Produção de poliestireno na Alemanha e USA 1951 Patente e produção de borracha vulcanizada (Primeira Guerra Mundial) 1952 Produção de polietileno de baixa densidade 1952-1953 Descoberta dos catalisadores Ziegler-Natta (Prêmio Nobel em 1955) 1957 Produção do polietileno de alta densidade e do polipropileno 1969 Produção de Nylon (poliamida) e poliésteres (fibras e plásticos) 7 No quadro a seguir são apresentadas as datas aproximadas da introdução de alguns polímeros comerciais: ANO POLÍMERO APLICAÇÃO 1870 Nitrato de celulose Aro de óculos 1909 Fenólicos Peça de telefone 1909 Fenólicos moldados a frio Peça de aquecedor elétrico 1919 Caseína Agulha de tricotar 1919 Poli(acetato de vinila) Adesivos 1926 Alquídicas Suporte para artigos elétricos 1926 Anilina formaldeído Terminais 1927 Acetato de celulose Produtos moldados 1928 Uréia Suporte para iluminação 1931 Acrílicos Cabos de escovas, embalagens transparentes 8 ANO POLÍMERO APLICAÇÃO 1935 Etil celulose Suporte para flash 1936 Poli(cloreto de vinila) Capa de chuva 1938 Poli(acetato de vinila) Camada intermediária de vidro de segurança 1938 Polivinil butiral Vidro de segurança 1938 Poliestireno Artigos domésticos 1938 Acetato-butirato de celulose Adornos 1938 Poliamidas Fibras 1939 Poliamidas pós moldadem Engrenagens 1939 Melaminas Artigos de mesa 1939 Poli(cloreto de vinilena) Capas para assento de carro 1942 Carboneto de diglicol alila Chapas fundidas 1942 Polietileno Garrafas comprimíveis 1942 Poliésteres Plásticos reforçados para barcos 9 ANO POLÍMERO APLICAÇÃO 1943 Silicones Isolamento de motores 1943 Teflon Juntas 1945 Propionato de celulose Canetas 1947 Organose e plastificação de polivinila Revestimentos, espumas 1947 Epoxis Compostos de potes e adesivos 1948 Acrilonitrila-butadieno- estireno Imitação de couro para malas 1948 Poli(clorotrifluoretileno) Juntas e acentos de válvulas 1953 Poliuretanos Chapas, espumas 1955 Poliuretanos Revestimentos 1957 Poli(metilestireno) Artigos domésticos 1958 Poliacrilamida Artigos domésticos 1958 Óxido de polietileno Embalagens 10 2. ÁTOMOS CONSTITUINTES Os polímeros são macromoléculas constituídas basicamente de átomos de Carbono (C) e de Hidrogênio (H). Assim sendo o polímero é considerado um hidrocarboneto o qual pode ser classificado ainda de acordo com os tipos de ligações entre os átomos de carbono. Entretanto, às vezes é possível a presença de outros átomos ligados à cadeia polimérica como Oxigênio (O), Nitrogênio (N), Cloro (Cl) e Flúor (F). neste caso, deixamos de ter apenas hidrocarbonetos e conforme o tipo de ligação e a posição destes átomos, podemos classificar os polímeros em diferentes funções (exemplo: ésteres, ácidos carboxílicos...) 11 Eventualmente alguns destes podem se encontrar inseridos dentro da cadeia mas então como heteroátomos. 12 3. MOLÉCULAS POLIMÉRICAS São moléculas gigantescas quando comparadas a outros compostos orgânicos e por isso é que se usa o termo Umacromoléculas U; Formadas por cadeias longas e flexíveis; Consistem em ligações de unidades de monômeros repetida sucessivamente, sendo referida como unidade repetitiva, ou Umero U; Uma representação em 3D das ligações entre os átomos de carbono que dão origem ao esqueleto da cadeia polimérica seria: 13 3.1 Nomenclatura de Polímeros • A nomenclatura de polímeros pode divergir bastante, muitos são nomeados de acordo com o monômero de origem (sistema baseado na fonte); • Nomenclatura IUPAC – utilizada em livros, onde para estruturas muito complexa utiliza-se o nome dos monômeros envolvidos: polímero de fenol- formaldeído. 14 3.1.1 Polímeros Vinílicos: Utiliza-se prefixo poli antes do nome do monômero correspondente. Exemplo: • Se o monômero é formado de um nome composto ou se é precedido de uma letra ou número, o seu nome vem entre parêntese. Por exemplo: 15 A Nomenclatura IUPAC recomenda que o nome seja derivado da estrutura da unidade básica, ou a unidade repetitiva constitucional (URC) de acordo com: • identificação da unidade estrutural (URC); • assinalamento da URC‚ baseado no ponto de ligação e é escrita com prioridade da esquerda para a direta; 16 Os substituintes são numerados da esquerda para a direta. O nome é colocado entre parênteses ou entre e colchetes quando necessário, com o prefixo poli Por exemplo: Poliestireno = Poli(1-feniletileno) Nome da fonte Nome da IUPAC Polietileno Poli(metileno) Politetrafluoretileno Poli(difluormetileno) Poliestireno Poli(1-feniletileno) Poli(ácido acrílico) Poli(1-carboxilatoetileno) Poli(a-metilestireno)Poli(1-metil-1feniletileno) Poli(1-penteno) Poli[1-(1-propil)etileno) 17 3.1.2. Polímeros Diênicos: Monômeros diênicos quando polimerizados sofrem adições 1,2 e 1,4 produzindo dois tipos de unidades repetitivas no caso do butadieno: Nome da fonte Nome da IUPAC Adição 1,2: Polibutadieno 1 ,2 Poli(1-vinileteno) Adição 1,4: Polibutadieno 1,4 Poli(1-butenileno) 18 Os prefixos cis e trans são usados para os polímeros 1,4, conforme a sua configuração: CIS H2C CH CH CH2 H2C CH CH CH2 ( ) TRANS 19 3.1.3. Copolímeros Vinílicos: • Terminologia baseada na fonte: Por exemplo: Copolímero de estireno - butadieno Copolímero de estireno e metacrilato de metila: Copolímero de estireno-metacrilato de metila; A terminologia IUPAC recomenda nomenclatura baseada na fonte - podendo ser nomeado de duas formas: uma mais sistemática e ou mais concisa; 20 Sistemática: Poli[estireno-co-(metacrilato de metila)] Poli[estireno-alt-(metacrilato de metila) Poliestireno-bloco-poli(metacrilato de metila) Poliestireno-grafl-poli(metacrilato de metila) Poli[estireno-co-butadieno-co-(acetato de vinila)] Concisa: Copolímero(estireno/metacrilato de metila) Alt-copolímero(estireno/metacrilato de metila) Bloco- copolímero(estireno/metacrilato de mentia) Grafl- copolímero(estireno/metacrilato de mentia) Copolímero(estireno/butadieno/acetato de vinila) 21 3.1.4. Polímeros Não Vinílicos ou de Policondensação: • Polímeros obtidos, principalmente, por polimerizações em etapas; • Nomeados de acordo com o grupo funcional presente na unidade: poliamidas, poliéteres, poliésteres, poliuretano, etc.; • O nome é dado pelo prefixo seguido do nome entre parêntese do grupo funcional estrutural, Por exemplo: 1. Polímero formado pelo hexametileno diamina e o ácido sebáceo sebacamida de hexametileno; 2. Polímero formado pelo etileno glicol e ácido tereftálico tereftalato de etileno. 22 Poliamidas: Utiliza-se o nome náilon ou Nylon seguido de dois números que corresponde ao N° de átomos de carbono do ácido e da amina, quando formada a partir destes; ou de um N° quando formada a partir de um aminoácido ou da lactama correspondente. Por exemplo: Nylon 6,6 ou Nylon 66 = poli(adipamida de hexametileno) Nylon 6 = poli(-caprolactama) ou poli(ácido 6-amino-capróico) 23 4. MASSA MOLECULAR DE POLÍMEROS • influencia diretamente na maioria das propriedades mecânicas dos polímeros; • quanto maior a massa molecular, mais resistente mecanicamente o polímero e maiores as dificuldades no seu processamento; • a massa molecular ótima para determinado material dependerá da sua estrutura química e da aplicação a qual ele se destina; 24 Massa molecular pode ser calculada de diferentes maneiras: I. MASSA MOLECULAR NUMÉRICA MÉDIA (Mn): • determinada por propriedades coligativas como depressão do ponto de fusão, elevação do ponto de ebulição, pressão osmótica e abaixamento da pressão de vapor; • é o peso total w de todas as moléculas em uma amostra de polímero dividida pelo número total de moles presentes: i ii i n N MN N w M 25 II. PESO MOLECULAR PONDERAL MÉDIO (Mw): • é a soma das frações m peso de cada espécie vezes o seu peso molecular; ii 2 ii w MN MN M • obtido através de medidas de espalhamento de luz. 26 III. PESO MOLECULAR VISCOSIMÉTRICO MÉDIO (Mv): • está relacionado com o PM através da viscosidade intrínseca []; 1 1 ii ii v MN MN M • obtido através de medidas de viscosidade: onde é uma constante relacionada com o comportamento do polímero em solução e é dependente do solvente e da temperatura. Normalmente varia de 0,5 a 0,8. Se = 1, tem-se Mw = Mn. 27 IV. PESO MOLECULAR Z MÉDIO (Mz): ii ii Z MN MN M 3 É definido como: V. PESO MOLECULAR (Z+1) MÉDIO (M z+1): É definido como: 3 4 1 ii ii Z MN MN M 28 Cálculo da massa molecular média de um polímero Polímero: polietileno 29 Distribuição da massa molecular do polímero anterior 30 DISTRIBUIÇÃO DO PESO MOLECULAR (POLIDISPERSÃO): É a razão entre o peso molecular numérico médio, Mn, ou o peso molecular ponderal médio, Mw, e fornece uma noção das diferenças de peso molecular das moléculas de um determinado polímero. Este poderá ter uma distribuição larga ou estreita. A distribuição é dada por: n w M M DPM GRAU DE POLIMERIZAÇÃO: Este resultado fornece o número de meros presentes no polímero obtido. DP = Mn / mo mBo = massa molecular do monômero 31 Devido a polidispersidade, cada método de determinação fornece um valor médio de PM diferente: MÉTODO PESO MOLECULAR Dosagem de grupos terminais Mn Osmometria e pressão de vapor Mn Espalhamento de luz Mw Viscometria em solução diluída Mv Cromatografia de permeação em gel Mn e Mw Ultracentrifugação M Bz+1 Equilíbrio de sedimentação Mz 32 EFEITO DO AUMENTO DO PESO MOLECULAR NAS PROPRIEDADES DOS POLÍMEROS: PROPRIEDADES VARIAÇÃO Cristalinidade ↓ Resistência à tração ↓ Alongamento na ruptura ↑ Resistência ao impacto ↑ Fluidez ↓ Viscosidade ↑ 33 5. MORFOLOGIA DOS POLÍMEROS • relacionada com o arranjo estrutural e a forma física das moléculas; • cadeias podem assumir uma conformação com múltiplas curvas, cuja distância de uma extremidade até a outra é muito menor que esta distância caso a cadeia polimérica esteja estendida; • este fenômeno deve-se à interação entre os átomos de uma cadeia com os de uma cadeia vizinha e é responsável por imenso número de propriedades dos polímeros como por exemplo a grande deformação que sofrem os elastômeros; 34 Características morfológicas: - Amorfo: * total falta de ordem das moléculas do polímero * característicos de todos os polímeros acima de sua temperatura de fusão - Cristalino: * ordenamento e alinhamento da estrutura cristalina * regularidade estrutural, com ou sem ramificação, grupos polares com fortes interações dipolo-dipolo Quanto aos arranjos estereorregulares, os polímeros podem ser caracterizados como: • Isotático: centros pseudo quirais tem a mesma configuração • Sindiotático: centros pseudo quirais com configurações opostas • Atático: ausência de estereorregularidade 35 6. ESTRUTURA MOLECULAR DE POLÍMEROS Pode-se classificar os polímeros quanto a suas estruturas moleculares em: LinearesU: • meros ligados do início até o final da cadeia de forma linear; • cadeias muito flexíveis; • entre as cadeias lineares prevalecem forças do tipo van der Waals. URamificadosU: • presença de ramificações ligadas à cadeia principal; • as ramificações resultam de reações paralelas que ocorrem durante a síntese do polímero; • resultam em polímeros de baixa densidade. 36 UCrosslinkedU: * cadeias adjacentes ligadas uma a outra por ligações covalentes; * deve-se a reações que ocorrem durante a síntese polimérica ou a reações irreversíveis, sob altas temperaturas, após a polimerização. UReticulados U: * obtida a partir de meros trifuncionais; * forma uma rede tridimensional; * propriedades mecânicas e térmicas distintas. 37 7. COPOLÍMEROS Homopolímero: polímero constituído de uma única unidade de monômero Copolímero: cadeia constituída de mais de um tipo de monômero Quanto aos tipos de copolímeros, temos: • AlternadoU: as unidades monoméricas encontram-se regularmente alternadas ao longo da cadeia polimérica; • UAleatórioU: as unidades monoméricas estão dispersas de forma variada ao longo na cadeia; • Em BlocoU: meros idênticos estão ligados formando blocos que por sua vez estão ligados a outro bloco constituído de outros meros idênticos entre si; 38 • Enxertado U/Graftizado: meros idênticos estão ligados entre si formando uma cadeia principal tal como no caso de homopolímeros, entretanto a esta cadeia encontram-se ligadas outras cadeias, como se fossem ramificações, construídas de outros meros idênticos entre si, mas diferentes daqueles que deram origem à cadeia principal. Alternado Aleatório Em bloco Graftizado/enxertado 39 8. CRISTALINIDADE DE POLÍMEROS A cristalinidade é diferente da cristalinidade dos compostos de baixo PM pois ela aparece em regiões da matriz polimérica junto com as regiões amorfas; Os domínios cristalinos não possuem a mesma forma regular de um cristal normal e estão inseridos na região amorfa sem nenhum limite da região cristalina e amorfa; 40 A estrutura cristalina pode ser especificada em termos de unidade de célula, parâmetro este bastante complexo. No exemplo que segue vemos o caso do PE e sua relação com a estrutura molecular da cadeia; 41 Muitos polímeros cristalinos obtidos formam esferulitas que crescem de forma a tentar obter a forma esférica. Consistem em cadeias curvadas cristalinas que formam lamelas de aproximadamente 10 nm entre um centro da curvatura e outro e que são separadas entre si por regiões amorfas como pode ser visto: 42 Ao contrário dos polímeros amorfos, os cristalinos são mais resistentes mecanicamente, mais rígidos, mais opacos, mais resistentes a solventes e possuem maior densidade; Sofrem fusão em uma faixa bastante estreita de T; A tendência para cristalizarem implica em: - regularidade estrutural das cadeias; - livre movimento de rotação e vibração das cadeias; - presença de grupos específicos que produzem ligações intermoleculares laterais fortes com arranjos periódicos e regulares de tais grupos; - ausência de substituintes volumosos espaçados irregularmente que inibem os segmentos de cadeia de se enquadrarem na rede cristalina e previnem os grupos ligantes laterais de se aproximarem. 43 10. COMPORTAMENTO MECÂNICO E TERMOMECÂNICO A aplicação de polímeros está relacionada ao seu comportamento mecânico, isto é, o comportamento do polímero quando se aplica uma força de tensão causando uma deformação até o ponto onde ocorrerá a ruptura. 10.1 Tensão x Deformação • A informação mais importante fornecida por este tipo de ensaio é o UlimiteU do material em termos de resistência mecânica, limite este que nem sempre será a tensão de ruptura; 44 Conforme verificado na figura, há basicamente três tipos de curvas para polímeros num ensaio tensão x deformação: Curva A: polímero com deformação elástica apenas Curva B: polímero com deformação elástica e plástica Curva C: elastômero Estruturalmente: - A: caso de polímeros altamente orientados, polímeros reticulados e polímeros ensaiados em uma T < Tg onde a deformação plástica não é observada. - B: polímero com características plásticas, baixa orientação e baixa cristalinidade; neste caso num primeiro momento há deformação elástica até o atingir o ponto de escoamento a partir do qual ocorre deformação plástica seguida de um processo final de orientação e cristalização responsável pelo incremento de resistência mecânica até a ruptura. Ex.: termoplásticos lineares e ramificados ensaiados em uma T > Tg. - C: polímero totalmente elástico, como é o caso de elastômeros vulcanizados, onde há uma grande região de deformação elástica sob aplicação de baixos valores de tensão. 45 - C: polímero totalmente elástico, como é o caso de elastômeros vulcanizados, onde há uma grande região de deformação elástica sob aplicação de baixos valores de tensão. Características mecânicas de alguns polímeros (T ambiente) 46 Uma idéia errada, porém muito difundida, é que os polímeros são materiais que possuem baixa resistência mecânica. Levando-se em consideração seu peso específico, os polímeros são materiais que possuem boa resistência à tensão, conforme pode ser visto na tabela a seguir: NOME PESO ESPECÍFICO RESISTÊNCIA À TRAÇÃO (103P) RESISTÊNCIA À TRAÇÃO / PESO ESPECÍFICO(103P) Liga de magnésio 1,81 46 25,4 Inox 7,85 185 23,6 Madeira compensada 1,30 30 23 Aço Cr-Mo 7,85 180 22,9 Liga de alumínio 2,80 62 22,1 Nylon 1,10 11 10 Papel laminado 1,33 12,5 9,4 Policarbonato 1,20 9 7,5 Laminados de tecido 1,33 1,5 7,1 Resina fenólica reforçada com serragem 1,36 8,5 6,2 Laminados de papel asbestos 1,80 10 5,5 Resina fenólica moldada 1,38 7,5 5,4 Tecido de lã de vidro 1,50 14 3,9 47 10.2 Temperatura na Tensão x Deformação • Observando-se a figura a seguir, conclui-se que à medida em que a temperatura aumenta, ocorre uma diminuição drástica no valor do módulo de elasticidade, bem como um (lógica) diminuição na tensão de escoamento e aumento na deformação de escoamento. • Exemplo de ensaios de PMMA (Tg = 85PoC) • A resistência mecânica é perdida acima da Tg para polímeros amorfos e acima da Tm para os cristalinos. 48 10.3 Cristalinidade na Tensão x Deformação O mecanismo de deformação plástica é melhor descrito pela interação entre as lamelas e pela intervenção da região amorfa em resposta a uma tensão aplicada; Pelo processo a seguir, pode-se observar: (a) duas regiões lamelares separadas por uma região amorfa, antes da deformação; (b) estágio inicial da deformação com deslizamentos das cadeias na forma lamelar, umas sobre as outras, enquanto há extensão da região amorfa; (c) nesta etapa ocorre a inclinação das lamelas a fim de que elas se alinhem com o sentido da tensão axial; 49 (d) ocorre a separação em blocos cristalinos mas que permanecem ligados entre si por algumas cadeias; (e) tanto os blocos quanto as cadeias tornam-se orientados à tensão axial. Pode-se concluir que a tensão de deformação sobre polímeros semicristalinos produz uma estrutura altamente orientada. 50 10.4 PM na Tensão x Deformação Para PM relativamente baixos, a resistência mecânica aumenta com o aumento do PM; Na figura abaixo observa-se o estado físico do PE em função do grau de cristalinidade e do PM: 51 11. TEMPERATURAS DE TRANSIÇÃO VÍTREA (Tg) E DE FUSÃO (Tm) 11.1 Temperatura de Transição Vítrea (Tg) Caso de polímero amorfo que retém sua estrutura amorfa no estado sólido ao ser resfriado (vitrificação); No estado amorfo sólido as moléculas estão restritas a poucos movimentos de rotação e vibração enquanto que no estado fundido há um aumento considerável dos movimentos segmentais e liberdades conformacionais que são provenientes da rotação em torno da ligação química; A temperatura na qual o polímero perde sua condição vítrea e assume o estado fundido é denominada temperatura de transição vítrea. 52 11.2 Temperatura de Fusão (Tm) Ao contrário dos polímeros amorfos, os polímeros cristalinos fundem em uma faixa bem estreita e a temperatura é chamada temperatura de fusão cristalina. Na tabela abaixo estão ilustradas Tg e Tm de alguns dos polímeros mais conhecidos: 53 O gráfico a seguir mostra como varia o volume específico de polímeros com diferentes estruturas quando aquecidos: - Curva A: polímero 100% amorfo - Curva B: polímero semicristalino - Curva C: polímero 100% cristalino O fator que mais afeta a Tg de polímeros é a flexibilidade da cadeia polimérica: quanto maior, menor a Tg. A rigidez da cadeia é fortemente aumentada quando grupos com anéis aromáticos são introduzidos na cadeia polimérica e, portanto, fibras apresentam cadeias rígidas e elastômeros cadeias flexíveis. 54 O fator que mais afeta a Tm de polímeros é a simetria que é necessária para formação de regiões cristalinas estáveis pois requer fácil arranjo das cadeias num empacotamento em três dimensões e mudança favorável da energia interna durante o processamento. Quanto maior o grau de simetria, maior será a Tm. 5555 12. VISCOELASTICIDADE Caso de polímeros amorfos que podem comportar-se como vidro a baixas T, borracha sólida a T intermediárias e líquidos viscosos a T maiores. Viscoelasticidade é a condição em que apresenta-se a borracha sólida oriunda da combinação das características mecânicas dos dois extremos: pequenas deformações a baixas T e viscosidade a altas temperaturas. 5656 (a) curva carga x tempo instantânea (b) resposta instantânea e totalmente elástica: recuperação total da deformação (c) deformação elásticainstantânea seguida de uma deformação viscosa (d) comportamento totalmente viscoso: deformação não recuperável 5757 13. FADIGA Processo que ocorre com polímeros que rompem sob condição de carga cíclica. Ocorre com níveis de tensão abaixo da tensão aplicada; Alguns polímeros apresentam fadiga limite que independe do número de ciclos aplicados (PMMA); O comportamento apresentado é dos mais variados para diferentes polímeros. 5858 14. ADITIVOS Apresentam como principal função a modificação das propriedades mecânicas, ou químicas, ou físicas, alterando a estrutura molecular do polímero tornando-o mais aplicável. Os principais tipos de aditivos são: Filler ou cargaU: melhoram a resistência à tensão e compressão, à abrasão, aumentam a dureza e a estabilidade térmica; substituem em algum volume a maioria dos polímeros de custo mais elevado, diminuindo o preço do produto final; exemplos: talco, vidro, calcário, sílica... 5959 Plastificante U: O termo plastificação refere-se ao processo que torna um material mais suscetível ao fluxo plástico. O fluxo plástico pode ser obtido pelo aumento da temperatura ou pela adição de compostos orgânicos de baixo PM denominados plastificantes. Melhoram a flexibilidade, ductilidade e a tenacidade dos polímeros além de reduzirem a sua dureza. As moléculas de plastificantes ocupam posições dentro da cadeia polimérica aumentando a distância entre cadeias adjacentes e reduzindo a intensidade das ligações secundárias intermoleculares, causando um abaixamento na Tg e na Tm do polímero pelo aumento da flexibilidade da cadeia polimérica. 6060 A ação do plastificante é como a de um lubrificante, onde moléculas pequenas facilitam o movimento das cadeias poliméricas pela separação das mesmas, atuando através de um processo de solvatação, o que permite que o polímero seja facilmente moldado. Os plastificantes são em geral compostos orgânicos não poliméricos com alto ponto de ebulição (Te > 300ºC) e alta Tg (~ -50 a 150ºC). São muito usados na formulação de compostos de PVC. Na indústria de borracha são chamados agentes extensores. Aplicações: filmes, tubos, capas de chuva, cortinas...uma vez que abaixam os valores de Tg e o módulo aumentando a flexibilidade do polímero. 6161 Estabilizantes térmicos e contra a radiação UV: Utilizados para o caso de polímeros que sofrem grande efeito das condições ambientais do seu local de aplicação. Evitam, principalmente, a deterioração em termos de integridade mecânica pela exposição à radiação, tal como a ultravioleta, e pela oxidação do polímeros pela reação com moléculas de oxigênio. Pigmentos e corantes: São responsáveis pela coloração do polímero. Pigmentos: não se dissolvem no polímero, permanecendo como fase separada. Consistem de partículas de pequeno tamanho. Corantes: solúveis no polímero, não afetam a transparência dos polímeros amorfos 6262 Retardantes de chama: Aumentam a resistência à chama de polímeros através de: interferência no processo de combustão na fase gasosa; iniciação de uma reação química que causa o resfriamento e o fim da chama. Aplicação: brinquedos infantis, indústria têxtil... Exemplos de retardantes: óxidos hidratados (Al2O3.3H2O), compostos halogenados, compostos organofosforados, compostos de silicone (POSS) Outras aplicações: Tintas intumescentes: função de proteger o substrato sobre os quais forem aplicadas da ação do calor e do fogo gerado por um incêndio. Agem formando uma camada isolante térmica que evita que o calor da chama atinja o substrato. 63 15. CLASSIFICAÇÃO DE POLÍMEROS 15.1 TERMOPLÁSTICOS: grau moderado a alto de cristalinidade ampla faixa de Tm e Tg moderado a alto módulo elástico baixas densidades grande escala de produção processamento fácil e baixas temperaturas de processamento boa fluidez do material fundido grande variedade de polímeros e de propriedades permite o uso de cargas e reforços baixo custo 64 Exemplos de polímeros termoplásticos: Poliolefinas Polietileno (PEAD e PEBD) Polipropileno (PP) Poli(1-buteno) Poli(4-metilpenteno) Copolímeros de etileno (PELBD) Blendas e ligas poliolefínicas Fluorpolímeros Poli(tetrafluoretileno) (PTFE ou TEFLON) Poli (clorotrifluoretileno) (PCTFE) Poli(fluorvinilideno) (PVDF) Copolímeros fluorados Poliésteres Poliésteres alifáticos Poliésteres aromáticos (PET, PBT) Policarbonatos (PC) Poliamidas Poliamidas alifáticas Poliamidas imídicas (PAI) Polimidas (PI) Plásticos de Engenharia Poli(sulfeto de fenileno0 (PPS) Poli(arilacetonas) (PEEK, PEK) Policristais líquidos (LCPS) (Vectra) Poli(óxido de fenileno) (PPO) Outros Poli(cloreto de vinila) (PVC) Poliestireno Poli(metacrilato de metila) 65 15.2 TERMORRÍGIDOS OU TERMOFIXOS alta resistência à deformação alto módulo e baixa elongação amorfos com cadeias muito rígidas extensivo número de ligações cruzadas permitem o uso de cargas e reforços permitem a fabricação de peças de grande porte (piscinas, carrocerias, cascos de barcos...) necessitam de etapa de cura para atingirem estrutura final muitas vezes são reforçados com fibras (vidro, carbono, Kevlar) 66 Exemplos de polímeros termorrígidos: Epoxies Poliésteres Poliésteres insaturados Acrílicos Poliuretanos Resinas Formaldeídicas Resina fenol-formaldeído Resina uréia-formaldeído Resina melamina-formaldeído Termofixos de alta performance Politriazinas Bismaleimidas (BMI) Poli (p-xileno) 67 15.3 ELASTÔMEROS Polímeros amorfos com baixos valores de Tg: forças secundárias fracas e alta mobilidade; Utilizados em T>Tg; Deslizamentos de segmentos de moléculas e não umas sobre as outras; Deformação reversível de 500 a 1000% com baixo grau de reticulação; Deformação elástica obtida através da vulcanização; Matéria-prima: látex, borrachas artificiais (sintéticas); Elongação muito grande e reversível a baixas tensões (baixo módulo); Alta mobilidade das cadeias: - amorfo com Tg baixa; - forças secundárias relativamente fracas. 68 A altas elongações pode cristalizar; Tm das regiões cristalinas deve ser inferior a T de uso; Mistura dos aditivos; Determinação do tempo de cura; Conformação; Permite o uso de cargas e reforços. Quando se fala em elastômeros é importante salientar o processo de cura. Neste processo ocorre introdução de pontes com átomos de enxofre ao acaso entre as cadeias dos polímeros de dienos, formando uma estrutura reticulada. As pontes formadas entre as cadeias poliméricas podem ser: Pontes de di ou poli-sulfetos Pontes de carbono Pontes com óxidos metálicos Pontes com substâncias orgânicas contendo enxofre na molécula. 69 A vulcanização é a reação entre ligas duplas de cadeias de dienos polimerizados. Quando borracha natural reage com 0,5 a 5% de enxofre, ela fica vulcanizada, parcialmente saturada, adquirindo a elasticidade típica da borracha. Quando reage com 32% de enxofre, transforma-se numa substância completamente saturada, dura, semelhante a um plástico, denominada Ebonite. No quadro comparativo a seguir pode-se observar a diferença de propriedades apresentadas pela borracha natural (poli(isopreno)) antes e após a vulcanização: 70 PROPRIEDADE CRUA VULCANIZADA Resistência à tração 300 3000 Elongação de ruptura (em %) 1200 800 Deformação permanente grande pequena Rapidez de retração boa muito boa Absorção de água grande pequena Resistência a hidrocarbonetos solúvel intumesce 71 15.4. FIBRAS Alta resistência a deformação Alto módulo e resistência Altamente cristalino Cadeias polares com forças secundárias fortes Estiramento mecânico utilizado para aumentar a cristalinidade da fibra Resistência à abrasão e a ruptura Presença de módulo inicial ( resistência ao estiramento) Tenacidade (tração: 1 a 10 denier = m/9000m) Extensibilidade de 2 a 50% ( 20 a 200 denier) PM relativamente alto 72 Cadeia simétrica com presença de emaranhamentos Tg e Tm adequados Exemplos: fibras Kevlar, de carbono, têxteis (poliéster, Nylon) Aplicação: indústria têxtil No gráfico observa-se a variação da elongação com a tensão aplicada sobre a fibra Kevlar conforme sua preparação. 73 Processo de fiação 74 Propriedades mecânicas de algumas fibras 75 16. APLICAÇÕES DE POLÍMEROS 16.1 FILMES Pequena espessura (25 e 125 mm); Baixa densidade; Alta flexibilidade; Boa resistência ao rasgo; Resistência a umidade e ao ataque químicos; Baixa permeabilidade a gases (especialmente vapor d’água); Exemplos: PE, PP, celofane, acetato de celulose... Aplicação: embalagens de alimentos, produtos têxteis... 76 16.2. ESPUMAS Materiais porosos, processados por expansão; Tanto termoplásticos quanto termofixos podem dar origem a expandidos pela adição de agentes expansores, que quando aquecidos decompõem-se liberando gases; Bolhas de gases são formadas ao longo de toda a massa não- fluida que aparece como poros quando resfriada; Este efeito também pode ser obtido pela adição de um gás inerte enquanto o material se encontra no estado fundido ou utilizando gás liberado durante o processo de polimerização; Exemplos: PU, borracha, PS, PVC, PE... Aplicação: estofamento de automóveis, isolamento térmico... 77 16.3. ADESIVOS Utilizados com a finalidade de manter unidas duas superfícies; As forças de ligação entre o adesivo e a superfície são de natureza eletrostática, similar as forças das ligações secundárias presentes entre as cadeias nos polímeros termoplásticos; Exemplos: termoplásticos, termofixos, elastômeros, adesivos naturais... Aplicação; metal - metal, metal - plástico, metal - cerâmicos...
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