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Microbiologia Protozoários 2 TRYPANOSOMA CRUZI E A DOENÇA DE CHAGAS INTRODUÇÃO o Está entre as 20 doenças tropicais mais negligenciadas. o Predomínio na América Latina. o Os vetores são insetos hemípteros hematófagos da família Reduviidae (barbeiro). → Os principais são Triatoma infestans, Rhodius prolixus e Triatoma dimidiata. ASPECTOS BIOLÓGICOS o Epimastigota: capazes de se dividir, mas não de infectar células. o Tripomastigotas metacíclicos: infectantes, mas sem capacidade de se dividir. o Esferomastigota: capaz de replicação sem flagelo aparente. o No hospedeiro mamífero, predominam os amastigotas (principal estágio reprodutivo) no interior de células nucleadas e os tripomastigotas na corrente sanguínea. CICLO DE VIDA o Ciclo digenético (hospedeiro mamífero e inseto). o Em ambos os hospedeiros, observa-se alternância entre estágios reprodutivos não infectantes e estágios infectantes não reprodutivos. 01. Inseto pica mamífero infectado com tripomastigotas circulantes no sangue. 02. Tripomastigotas sanguícolas se diferenciam em epimastigotas no intestino médio do inseto. 03. Epimastigotas se reproduzem e colonizam o intestino do inseto. 04. Epimastigotas se aderem às células epiteliais e se diferenciam em tripomastigota metacíclico. 05. Os tripomastigotas metacíclicos perdem a aderência ao epitélio intestinal e são eliminados nas fezes do inseto (que defeca durante o repasto sanguíneo.) 06. Tripomastigotas metacíclicos penetram na pele através de lesões ou escarificações. 07. Ao penetrar na célula, diferenciam-se em amastigota e começam a se replicar. 08. Depois de um certo número de divisões, voltam a se diferenciar em tripomastigotas, que rompem a membrana plasmática da célula e são liberados. TRANSMISSÃO o Picada do inseto infectado. o Ingestão de bebidas (açaí, buriti, caldo de cana) ou carnes de caça crua ou malcozidas infectadas. o Aleitamento materno. o Transfusão sanguínea. o Via transplacentária. o Transplante de órgãos / acidentes laboratoriais. ASPECTOS CLÍNICOS o Fase aguda: inicia-se no momento da infecção e só é grave em 1 a 5% dos casos (miocardite e meningoencefalite). → A maior parte é assintomática. → Febre baixa e mal-estar. → Linfadenopatia e hepatoesplenomegalia. → Sinais eletrocardiográficos de miocardite. → Sinal de Romanã: edema bipapebral unilateral (penetração do parasito). → Chagoma de inoculação: lesão cutânea eritematosa e endurecida (penetração do parasito). o Fase crônica: pode ser indeterminada ou sintomática. → Insuficiência cardíaca congestiva. → Em casos avançados, cardiomegalia. → Arritmias complexas e morte súbita são comuns. → Disfagia, regurgitação, dor epigástrica, constipação intestinal, distensão abdominal. o As formas digestivas são menos comuns que as cardíacas (fase crônica) DIAGNÓSTICO LABORATORIAL o Exame de sangue. o Xenodiagnóstico (alimentação de ninfas de triatomíneos com o sangue de pacientes. TRATAMENTO o Fase aguda: benzonidazol. o Fase crônica: controle das complicações tardias, cardíacas e digestivas. PREVENÇÃO E CONTROLE o Eliminação de vetores domiciliados (inseticidas, repelentes). o Controle de transfusões sanguíneas. o Garantir higiene e inocuidade dos alimentos que servem de meio para a infecção. o Interromper aleitamento materno durante a fase aguda da doença. LEISHMANIA E A LEISHMANIOSE INTRODUÇÃO o Pode ser tegumentar ou visceral. o Distribuída na América, África, Ásia e Europa. o Homem é hospedeiro acidental. o Leishmania (Viannia) braziliensis: agente etiológico da leishmaniose tegumentar no Brasil. o Leishmania infantum chagasi: agente etiológico da leishmaniose visceral no Brasil. ASPECTOS BIOLÓGICOS o Os hospedeiros são diversos vertebrados mamíferos silvestres ou domésticos. o Os mais infectados são roedores e canídeos. o As leishmanias são transmitidas pela picada do flebotomíneo fêmea (Lutzomyia, Nyssomyia e Psychodopygus). CICLO DE VIDA o Heteroxeno: envolve um hospedeiro mamífero e um inseto. 01. A infecção do flebotomíneo fêmea ocorre mediante a ingestão de sangue contaminado (forma amastigota). 02. Os parasitos ingeridos se diferenciam em promastigotas procíclicos, que começam a se multiplicar no meio extracelular. 03. Os promastigotas procíclicos se nutrem de glicose e prolina presentes no intestino do inseto. 04. Diferenciação dos promastigotas procíclicos em promastigotas metacíclicos (incapaz de se multiplicar no inseto). 05. Promastigotas metacíclicos vão para o esôfago do inseto, onde podem ser secretados pela saliva. 06. O flebotomíneo infectado pica o ser humano, injetando saliva com promastigotas metacíclicos. 07. Fatores inflamatórios presentes na saliva do inseto tornam o promastigotas metacíclico mais “apetitoso” para células fagocitarias. 08. Neutrófilos fagocitam o parasito e tem sua fisiologia alterada, tornando-se incapazes de destruir o parasito. 09. Macrófagos fagocitam os neutrófilos em processo de apoptose (infectados) e os parasitos ficam no seu interior. 10. Dentro dos macrófagos, os promastigotas metacíclicos se transformam em amastigotas. 11. Amastigotas se multiplicam até romper a célula e serem liberados para o meio extracelular, onde podem ir para órgãos ou ser fagocitados novamente. ASPECTOS CLÍNICOS o Muitos casos completamente assintomáticos. o Leishmaniose tegumentar: → Lesão cutânea papular, ulcerada, bordas elevadas e infiltradas, indolor, não pruriginosa (cratera de vulcão). → Pode ocorrer lesões bacterianas secundarias (purulenta, com edema, rubor e calor locais). → Progressão da doença aumenta a lesão. → Lesões polipoides, nodulares, verrucoides e impetigoides. → Leishmaniose cutâneo difusa: lesões demoram para ulcerar e evoluem como nódulos, podendo ter perda de tecido por necrose (forma grave e rara). → Leishmaniose cutâneo mucosa: lesões em mucosa oral e nasal indolores que podem causar necrose. o Leishmaniose visceral (forma grave e fatal): → Febre alta e irregular, mal-estar, astenia e perda de peso. → Hepatoesplenomegalia. → Anemia, leucopenia e plaquetopenia. → Invasão de vísceras que contêm macrófagos (baço, fígado). → Disseminação nos linfonodos. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL o Leishmaniose tegumentar: biopsia, punção ou escarificação de lesões (procurar por amastigotas). o Leishmaniose visceral: aspiração da medula óssea, dos linfonodos ou biopsia do fígado. o Reação de Montenegro: antígenos de promastigotas são injetados no paciente e, após 48h, observa-se se houve lesão superior a 5mm (leishmaniose tegumentar). o Nos cães: detecção de anticorpos específicos. TRATAMENTO o Antimoniais pentavalentes: antimoniato de meglunina. o Anfotericina B – nefrotoxidade. PREVENÇÃO E CONTROLE o Uso de repelentes, janelas teladas e mosquiteiro com inseticida. o Tratamento dos doentes e sacrifício dos cães infectados. o Utilização de coleiras impregnadas com repelentes em cães domésticos.
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