Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Leishmaniose Visceral e Tegumentar O termo Leishmaniose tem como referência as doenças que são causadas por protozoários do gênero Leishmania. A doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito flebótomo, de acordo com a região, vários animais e até o homem pode se tornar o reservatório do protozoário. As manifestações clínicas da Leishmaniose variam de acordo com a patogenicidade do parasita – que se difere entre as espécies existentes – e a resposta imune celular geneticamente determinada pelo hospedeiro humano, podendo variar de assintomáticas e autolimitadas à comprometimento da pele e mucosas. O agente etiológico é a Leishmania Chagasi. É resumido pela picada de um flebotomíneo infectado em um ser humano ou outro reservatório, mais comum o cão, os infectando com promastigotas de Leishmania que apresentam a capacidade de invadir macrófagos e sobreviver deles. A forma visceral – também conhecida como Kala-azar, de origem indiana, que significa “febre negra”, e que fez a doença ser conhecida como Calazar no Brasil – é endêmica em 88 países, inclusive países das África, Ásia, Europa e América Latina. No Brasil, os estados com maiores prevalências de Leishmaniose Visceral são Minas Gerais, Bahia, Ceará, Piauí e o estado do Maranhão. A doença predomina no meio periurbano. É adquirida quando uma fêmea de flebotomíneo inocula promastigotas em uma área exposta da pele, que pode formar um nódulo cutâneo, úlcera ou não ter nada – na maioria dos casos. A maioria das infecções serão assintomáticas e autolimitadas, e a menor parte evolui para a leishmaniose visceral clássica - ou calazar. No caso de pacientes sintomáticos dividimos em forma aguda e forma crônica. Basicamente, diz respeito ao tempo de evolução da doença. Na forma aguda, os sintomas mais comuns apresentados pelos pacientes são febre alta, calafrios, diarreia (pode ser do tipo disenteria) e esplenomegalia até 5 cm do rebordo costal esquerdo (RCE). A forma crônica é a mais comum (conhecida como Calazar clássico), onde as manifestações podem ser: febre, mal-estar, perda ponderal, aumento do volume abdominal, esplenomegalia, hepatomegalia, epistaxe, além de edema e ascite. Em virtude da alta prevalência da esplenomegalia nos pacientes com Leishmaniose Visceral, esse é um dos principais sintomas para o diagnóstico. A forma tegumentar é endêmica na América Latina. O Brasil, Peru e Bolívia são responsáveis por cerca de 90% dos casos. No brasil, a maior incidência é na região Norte e Nordeste. O exame histopatológico revela inflamação crônica e aguda. Os pacientes apresentam reação de hipersensibilidade do tipo tardio. Na lesão, parece haver um equilíbrio entre uma imunidade celular protetora e uma gravidade da doença. Por fim, as células T com resposta pró-inflamatória predominam e ocorre a cura da lesão, deixando uma cicatriz atrófica no local. O período de incubação da Leishmania tegumentar é de 1 a 3 meses. A leishmaniose cutânea inclui diversas formas de variação, como cutânea difusa, caracterizada por lesões cutâneas nodulares disseminadas, contendo um grande número de macrófagos infectados com amastigotas. Essas lesões nodulares não evoluem para úlceras, se manifestam na forma de lesões destrutivas crônicas. E também as lesões típicas, que são úlceras indolores únicas, sendo que o mesmo paciente pode apresentar apenas uma ou múltiplas lesões cutâneas. - Os fatores de risco para infecção entre os moradores das áreas endêmicas incluem: Idade menor que 5 anos; Coinfecção pelo HIV ou outra forma de imunodeficiência; Desnutrição. A anfotericina B lisossomal é a droga que apresenta maior eficácia e segurança terapêutica como monoterapia no tratamento da Leishmaniose Visceral. Há ainda a opção de uso da anfotericina B desoxicolato, no entanto, essa opção apresenta mais efeitos colaterais, com destaque para a nefrotoxicidade. Drogas pentavalentes antimoniais como o glucantime e pentostan foram usadas por muito tempo como a primeira linha de tratamento para Leishmaniose, no entanto, devido a menor toxicidade da anfotericina, o papel dessas drogas como primeira escolha na monoterapia tem caído.
Compartilhar