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Resumo - Acne, Rosácea e Miliária

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Dermatologia
Resumo
G a b r i e l B a g a r o l o P e t r o n i l h o 
 
Introdução - Acne 
A acne é uma doença genético -hormonal, 
autolimitada (⅔ dos casos), de localização 
pilossebácea, com presença de comedões, 
pústulas e lesões nódulocísticas. 
Segundo o Guideline de cuidados para o 
mandamento da acne vulgar , a acne é uma das 1
d o e n ç a s m a i s c o m u n s t r a t a d a p e l o s 
dermatologista. 
Epidemiologia 
Afeta mais comumente os adolescentes (80%) 
sendo mais precoce na adolescência feminina (14 
anos) e mais tardia na masculina (em torno dos 16 
anos) com regressão na vida adulta. Porém, não é 
raro de se ver em adultos. 
Cerca de 12% mulheres adultas possuem uma 
persistência da acne e, o homem, possui 
apresentação das formas mais graves. 
A acne possui um grande impacto psicossocial 
devido à questão da autoestima do paciente. 
A l é m d i s s o , e s t á r e l a c i o n a d a c o m 
hereditariedade. 
Fisiopatologia 
A fisiopatologia da acne é caraterizada por 
eventos primários e secundários, totalizando 4 
parâmetros de alteração. 
Nos folículos sebáceos é que se iniciam os 
eventos primários: ocorre um aumento da 
produção sebácea com a hiperqueratose 
folicular. 
A hiperqueratose folicular provoca uma 
descamação folicular alterada e a formação de 
comedões (comedogênese), que causará o bloqueio 
da eliminação de sebo do folículo. 
O aumento da produção sebácea, na maioria dos 
pacientes, ocorre na puberdade por conta do 
aumento da produção de andróginos que estimula 
o aumento da produção de sebo pela glândula 
sebácea. 
Após os eventos primários, os eventos 
secundários, se iniciam: a obliteração daquele 
folículo por conta da hiperqueratose estimula uma 
c o l o n i z a ç ã o b a c t e r i a n a q u e l e v a r á , 
posteriormente, à resposta imunológico e 
inflamação - caracterizando a acne. 
A principal proliferação bacteriana, na acne, é a 
da Propionibacterium acnes. Essa bactéria possui 
lipases que causam a degradação do triglicerídeos 
em ácidos graxos livres e também, a P. Acnes, faz 
liberação de enzimas extracelulares. Esses dois 
produtos (ác. Graxo livre + enzimas) são 
irritativos e responsáveis pela resposta 
imunológica e, consequente, inflamação → 
caraterística das lesões pápulo-postulosas. 
Resumindo: 
- Eventos Primários: Hiperqueratose folicular + 
hipersecreção sebácea 
- Eventos Secundários: Colonização bacteriana + 
resposta imunológica inflamação 
Forma Clínica 
A acne é uma erupção polimorfa caracterizada 
pela presença de comedões (cravos), pápulas, 
pústulas e lesões nódulo-císticas, com grau 
variável de inflamação e cicatrizes. 
Ela pode se apresentar de duas formas clínicas 
distintas: 
- Não inf lamatór ia → exc lus i vamente 
comedoniana. 
- Inflamatória → lesões pápulo-pustulosas, 
nódulo-cística e/ou conglobata. 
Quadro Clínico 
A acne, geralmente, apresenta lesões na face 
(fronte, região malar e mento) e tronco. 
Acne Comedônica 
A acne comedônica é a fase inicial não 
inflamatória. Eles são formados do sebo e da 
queratina. 
Ela possui 2 tipos de comedões: fechados 
(brancos) ou abertos (pretos - devido a oxidação). 
 https://www.jaad.org/action/showPdf?pii=S0190-9622%2815%2902614-6 1
Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
Acne, Rosácea e Miliária 
https://www.jaad.org/action/showPdf?pii=S0190-9622%2815%2902614-6
Acne Pápulo-Pustulosa 
As pápulas e pústulas dessa forma clínica da acne 
se formam devido à inflamação dos comedões. 
A seborreia sempre está presente. 
Acne Nódulo-Cística 
A acne nódulo-cística é resultado do processo de 
inflamação mais profundo do que o que acontece 
na pápulo-pustulosa. 
Acne Conglobata 
É uma forma clínica grave da acne, mais 
predominante em homens com lesões císticas, 
abcessos purulentos e outros processo 
inflamatórios intensos. 
As lesões predominam no tronco, face e podem 
acometer região de nádegas, abdome, pescoço, 
ombros e braços. 
Acne Cicatricial 
É o resultado secundária das lesões da acne, 
causando c icatr izes que afetam mu ito 
negativamente o paciente. 
Muitas vezes, ela causam prejuízo emocional até 
maior do que as próprias lesões inflamadas per se. 
Acne Fulminans 
É a forma súbita e catastrófica da doença, porém, 
extremamente rara. 
Possui sintomas sistemáticos, como febre, 
artralg ia , aumento de VHS, mal estar, 
leucocitose, etc. 
Há presença de lesões que ulceram e deixam 
enormes cicatrizes. 
Afeta mais os homens. 
Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
Comedões Fechado 
Comedões Aberto 
Alimentação 
Poucas evidência demonstram que limentos como 
leite e derivados podem influenciar na formação 
de acne. 
Além disso, alimentos com alto índice glicêmico, 
Whey protein também estão incluídos nesse grupo 
de influenciadores. 
A gordura saturada e o chocolate ainda são 
inconclusivos com discussões sobre a sua 
influência. 
Leite e Derivados → Liberação de Insulina → 
IGF-1 (Somatomedina C) → Aumenta 
Testosterona e Aumenta SHBG (Globulina 
ligadora dos hormônios sexuais). 
Contudo, ainda não existem evidência relevante 
para confirmar que uma dieta específica pode 
ajudar no manejamento da acne. 
Tratamento 
O tratamento da acne, como todas as outras 
patologias, deve ser feito pensando na totalidade 
do paciente, portanto, o tratamento além do 
farmacológico também é necessário. 
Agora, abordando o tratamento farmacológico, 
segundo o Guideline: 
Formas Leves → tratamento apenas tópico; 
Formas Moderadas → tratamento combinado 
(tópico + sistêmico); 
Formas Graves → tratamento combinado ou 
monoterapia sistêmica com isotretinoína oral. 
Em mulheres, pode-se associar anticoncepcionais 
antiandrogênicos ou espironolactona. 
Fármacos Tópicos 
- Peróxido de Benzoíla → é efeito na prevenção 
de resistência bacteriana e é recomendado 
para pacientes em tratamento tópico ou 
sistêmico com antibióticos. 
- Ácido Azeláico → é útil no tratamento 
adjuvante da acne e é recomendado para 
t r a tamento da desp i gmentação pó s -
inflamatória. 
- Retinóides → é importante na retenção do 
desenvolvimento e manutenção da acne e é 
recomendado como sonoterapia em acne 
comedônica principalmente ou em combinação 
com antimicrobiano tópico ou oral para 
pacientes com lesões mistas ou acne inflamada. 
Exemplos: Tretinoína, isotretinoína e 
adapaleno. 
- Antibióticos → são efetivos no tratamento da 
acne, porém, não são recomendados como 
monoterapia pelo risco de resistência 
bacteriana . Exemplos: eritromicina e 
clindamicina. 
- Combinações → Peróxido de Benzoíla + 
Clindamicina ou Peróxido de Benzoíla + 
Eritromicina são efetivos no tratamento da 
acne e recomendados como monoterapia em 
graus moderados ou em conjunto com retinóide 
tópico ou antibiót ico s istêmico, para 
tratamento de acne moderada à severa. 
Tretinoína + Clindamicina podem também ser 
assoc iados para tratamento de acne 
inflamatória principalmente. 
Fármacos Sistêmicos 
- Antibióticos → antibióticos sistêmicos são 
recomendados para o manejamento de acne 
moderada ou severa e formas inflamatórias que 
resistiram ao tratamento tópico. Exemplos: 
Ciclinas → tetracicl inas, l imecicl ina, 
minociclina e doxiciclina. As tetraciclinas 
devem ser consideradas a primeira linha de 
tratamento na acne moderada para severa. A 
minociclina e doxiciclina mostraram-se mais 
efetivas do que a tetraciclina, mas não há um 
melhor que o outro entre os dois. 
Macrolídeos → são antibióticos utilizados para 
tratamento da acne em pacientes que não 
podem utilizar tetraciclinas como primeira 
opção - mulheres grávidas ou menores de 8 
anos. Exemplos: eritromicina e azitromicina. 
A eritromicina deve ter seu uso restrito 
devido ao aumento do risco de resistência 
bacteriana. 
Sulfonamidas → sulfametoxazol (SMZ) + 
trimetoprima(TMP). SMZ é um bacteriostático 
que bloqueia a síntese de ácido fólico da 
bactéria e o TMP é um análogo de ácido fólico 
que faz a inibição da enzima ‘dihydrofolate 
reductase’. Os dois juntosatuam no bloqueio 
de síntese de nucleotídeos e aminoácidos. 
Antibióticos sistêmicos devem ser utilizados 
pelo menor tempo possível com reavaliação 
Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
entre 3-4 meses para possível resistência 
bacteriana. Além disso, a monoterapia com 
os mesmos não é recomendada. 
- Isotretinoína → é recomendado para 
tratamento de acne nodular severa, acne 
moderada resistente ao tratamento ou 
manejamento de acne que está produzindo 
cicatrizes ou estresse psicossocial. Ela inibe a 
formação de sebo, normaliza a queratinização, 
diminui a ação inflamatória e diminui 
proliferação de P. acnes. Doses baixas de 
isotretinoína podem ser utilizadas com eficácia 
no tratamento da acne e redução dos efeitos 
colaterais relacionados ao medicamentos. 
Porém, doses intermitentes do mesmo não são 
recomendadas. 
- Anticoncepcionais Orais e Espironolactona → 
AC VO combinados com androgênio são 
efetivos e recomendados para o tratamento 
inflamatório da acne em mulheres. 
A esp i r o n o l a c t o na p o s s u i a t i v i d a d e 
antiandrogênica, porém, ainda não existem 
estudos suficientes para comprovar a eficácia 
do mesmo no tratamento da acne. Ela não é 
aprovada pelo FDA para o tratamento em 
mulheres com acne, porém, médicos utilizam 
em mulheres ‘selecionadas’ como tratamento 
Off-Label. 
Introdução - Rosácea 
Rosácea é uma desordem crônica inflamatória da 
unidade pilossebácea associada a alteração 
vascular superficial da pele do rosto caraterizada 
por períodos de exacerbação e remissão. 
A rosácea apresenta diversas formas clínica, 
conforme predomínio das lesões. 
Epidemiologia 
Nos estudos epidemiológicos com indivíduos 
brancos mostrou afetar cerca de 10% desses 
pacientes e em relação a população global, cerca 
de 5.5% . 2
As mulheres são mais acometidas do que os 
homens (3F:1H) e é mais ev idente em 
descendentes europeus. Geralmente, ocorre 
entre 30-50 anos, podendo ter início precoce aso 
20 anos. 
Fisiopatologia 
A fisiopatologia da rosácea parece ser uma 
predisposição genética devido a uma resposta 
vascular anormal que causa o eritema e rubor 
(‘flushing’). 
Pressupõe-se que haja uma resposta inflamatóri à 
espécies reativas de oxigênio. 
Além disso, a densidade de Demodex folliculorum 
em pacientes com rosácea é maior do que os sem 
a patologia. Estuda-se, ainda, a possível relação da 
rosácea com a hiperproliferação bacteriana no 
intestino delgado. 
Fatores desencadeastes: álcool, tabaco, 
cosméticos, sabonetes, frio, calor, sol, pimenta, 
chocolate, cafeína, alimentos quentes, fatores 
emocionais, exercício físico e alteração hormonal. 
Ou seja, agentes tópicos, ambientais e 
emocionais. 
Formas Clínicas 
A rosácea se apresenta de maneira clássica por 
um eritema e rubor com foco centrofacial 
(‘flushing’). 
Além da forma clássica, a rosácea, pode 
expressar outros sinais, como telangectasia, 
pápulas, pústulas, fimas, edema, ressecamento, de 
acordo com a sua forma clínica. 
 https://doi.org/10.1016/J.JAAD.2020.01.077 2
Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
https://doi.org/10.1016/J.JAAD.2020.01.077
Diagnóstico Diferencial 
O diagnóstico da rosácea é basicamente clínico 
por meio da observação das lesões e história 
clínica do paciente. 
Alguns diagnóstico diferenciais da rosácea são: 
- Acne vulgar 
- Lupus eritematoso 
- Dermatite seborreica 
- Dermatite perioral 
- Fotodermatoses 
Tratamento 
A rosácea não possui cura, porém, pode ser 
controlada e atenuada por meio de tratamento 
tópico, oral e utilização de luzes de acordo com a 
severidade. 
Formas Leves → pode ser utilizado somente 
medicamentos tópicos. Exemplos de terapia 
tópica: metronidazol, peróxido de benzoíla e 
ácido azeláico. 
Formas Moderadas a Severas → tratamento 
combinado com fármacos tópicos + sistêmico. 
Exemplo de terapia sistêmica: tetraciclina, 
doxiciclina e metronidazol. 
Formas Recalcitrantes → utiliza-se isotretinoína 
oral. 
P a r a o t r a t a m e n t o d o e r i t e m a e d a s 
telangectasias recomendação a terapia com LIP - 
Luz intensa pulsada. 
Introdução - Miliária 
A miliária é um condição que ocorre devido a 
obstrução do ducto sudoríparo e consequente 
refluxo do suor, para derme ou epiderme, e 
ruptura desse ducto dentro da pele. 
Esse refluxo de suor causa uma erupção cutânea 
com formação de pequenas bolhas sobre a pele 
preenchidas pro suor. 
Os tipos de miliária são classificados de acordo 
com a profundidade do acometimento cutâneo: 
- Estrato Córneo → Miliária Cristalina 
- Estrato de Malpighi → Miliária Rubra 
- Junção Dermoepidérmica ou Abaixo → 
Miliária Profunda ou Pustulosa. 
Epidemiologia 
A miliária é frequente em neonatos ocorrendo em 
cerca de 15% e também em indivíduos sofrendo 
aumento de suor e que vivem em locais quentes e 
úmidos. 
De qualquer maneira, a miliária pode afetar todas 
as faixas etárias, raças e sexo, sendo cada tipo 
da mesma mais predominante em um tipo 
populacional. 
Fisiopatologia 
A miliária ocorre por conta da obstrução do ducto 
de glândulas sudoríparas e refluxo do suor, como 
dito anteriormente. Porém, essa obstrução pode 
ser tanto por conta de detritos cutâneos, quanto 
bactérias, como Staphylococcus epidermidis com 
formação de seu biofilme no ducto. 
A obstrução do ducto leva à super-hidratação, 
inchaço e posterior ruptura do ducto. 
Clínica 
A apresentação clínica clássica da miliária 
(miliária cristalina) no neonato (mais novos que 2 
semanas) é a presença de vesículas superficiais, 
não inflamadas e assintomáticas. A parte superior 
do tronco, pescoço e cabeça são os principais 
locais acometidos. 
A irritação na pele com as vesículas aparecem 
dentro de alguns dias após a exposição aos 
fatores desencadeantes. 
Porém, a miliária rubra é a forma mais 
predominante da apresentação na população em 
geral, a qual há pápulas eritematosas, pruriginosas 
e pústulas devido resposta inflamatória de 
camadas mais profundas da pele. 
A miliária profunda, devido acometimento mais 
profundo da pele, possui pápulas da cor da pele e 
não centradas em torno de folículos. Ela é, 
geralmente, observada em pacientes com muitos 
episódios anteriores de miliária rubra. 
Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
Os principais fatores desencadeantes da miliária 
é a sudorese aumentada ou intensão devido: 
- Ambientes quentes e úmidos 
- Agasalhamento excessivo 
- Febre 
- Banhos prolongados 
- Exercício físico 
Tratamento 
Considerando que o principal fator desencadeante 
é o suor e/ou calor , podemos fazer o 
manejamento por meio de medidas que diminuam o 
estímulo do suor no paciente, como permanecer 
em ambientes frescos, utilizar roupas arejadas, 
esfoliar a pele quando possível, remover objetos 
que oculam a pele (Band-aids ou outros adesivos) 
e controle da febre, quando presente. 
O tratamento farmacológico é feito de acordo 
com o tipo de miliária presente. 
A miliária cristalina não necessita de intervenção 
farmacológica, já que ela é autolimitada e com 
resolução dentre 24 horas. 
Quando necessário, pode-se uti l izar de 
tratamento: 
- Pasta d’água → óxido de zinco, talco, glicerina 
e água de cal. 
E, muito eventualmente, para tratamento da ação 
inflamatória da miliária rubra, pode-se utilizar 
corticoides tópico de baixa a média potência : 3
triancinolona 0,1% de 1 a 2 semanas. 
 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK537176/ 3
Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK537176/

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