Buscar

A evolução das pranchas de surf

Prévia do material em texto

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/339336285
A evolução histórica da prancha de surf e seu aperfeiçoamento tecnológico La
evolución histórica de la tecnología de tabla de surf y su perfeccionamiento
The historical evolution o...
Article · February 2020
CITATIONS
0
READS
157
8 authors, including:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Soft Power: Um olhar sobre a Utilização Estratégica dos Brics ao sediar a Copa do Mundo de Futebol da FIFA - Análise de África do Sul, Brasil e Rússia. View project
Sociology View project
Marco Antonio
National University of Colombia
85 PUBLICATIONS   64 CITATIONS   
SEE PROFILE
Marco Bettine
University of São Paulo
628 PUBLICATIONS   574 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Marco Bettine on 18 February 2020.
The user has requested enhancement of the downloaded file.
https://www.researchgate.net/publication/339336285_A_evolucao_historica_da_prancha_de_surf_e_seu_aperfeicoamento_tecnologico_La_evolucion_historica_de_la_tecnologia_de_tabla_de_surf_y_su_perfeccionamiento_The_historical_evolution_of_surfboard_technolo?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/publication/339336285_A_evolucao_historica_da_prancha_de_surf_e_seu_aperfeicoamento_tecnologico_La_evolucion_historica_de_la_tecnologia_de_tabla_de_surf_y_su_perfeccionamiento_The_historical_evolution_of_surfboard_technolo?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/Soft-Power-Um-olhar-sobre-a-Utilizacao-Estrategica-dos-Brics-ao-sediar-a-Copa-do-Mundo-de-Futebol-da-FIFA-Analise-de-Africa-do-Sul-Brasil-e-Russia?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/Sociology-3?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Marco-Antonio-39?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Marco-Antonio-39?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/institution/National_University_of_Colombia?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Marco-Antonio-39?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Marco-Bettine?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Marco-Bettine?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/institution/University-of-Sao-Paulo?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Marco-Bettine?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Marco-Bettine?enrichId=rgreq-1876c5d47b8ee26f3c77e248feb23e26-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzOTMzNjI4NTtBUzo4NTk5MzE4NDY2Mzk2MTlAMTU4MjAzNTEzNzQ3Mg%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf
 
 
 A evolução histórica da prancha de surf 
e seu aperfeiçoamento tecnológico 
La evolución histórica de la tecnología de tabla de surf y su perfeccionamiento 
The historical evolution of surfboard technology and its improvement 
 
 
Pesquisas Interdisciplinares em Sociologia do 
Esporte (PISE) 
Universidade de São Paulo, USP 
(Brasil) 
Prof. Dr. Marco Antonio Bettine de 
Almeida 
Fernanda Amaral | Matheus Tadei 
Rafael Luciano | Thiago Volcov | Wilson 
Bispo 
marcobettine@gmail.com 
 
 
 
 
Resumo 
 Nos últimos anos tem se falado muito no Brasil sobre a “História do surf” mundial. No entanto a 
escassa produção acadêmica brasileira referente ao assunto, aliada a satisfação de interesses 
empresariais de revistas "especializadas", tem esclarecido muito pouco a respeito do surf e suas 
tecnologias. Esquivando-se da complexidade inerente ao processo de gênese e desenvolvimento da 
prancha de surf pelo mundo, alguns veículos de comunicação, aliados ao mercado, têm negligenciado a 
investigação histórica do desporto, preocupando-se em destacar prancha de surf no mundo e no Brasil e 
sua evolução tecnológica, resgatando a figuras ilustres e fatos curiosos dentro de uma descrição 
positivista e evolutiva do processo. 
 Unitermos: Surf. Tecnologia. História. 
 
Resumen 
 En los últimos años se ha hablado mucho en Brasil sobre la "Historia del Surf" en el mundo. Sin 
embargo, la limitada literatura Brasil en relación con el tema, junto con la satisfacción de intereses 
económicos de las revistas "especializadas", ha explicado muy poco sobre el surf y sus tecnologías. 
Esquivando la complejidad inherente en el proceso de génesis y desarrollo de la tabla de surf en el 
mundo, algunos medios de comunicación, aliada al mercado, han dejado de lado la investigación 
histórica de este deporte, la preocupación para resaltar tabla de surf en el mundo y en Brasil y su 
evolución tecnológica, el rescate de los hechos ilustres y curiosos en el marco de una descripción 
positivista y evolutiva del proceso. 
 Palabras clave: Surf. Tecnología. Historia. 
 
Abstract 
 In recent years there has been much talk in Brazil on the "History of Surfing" world. However the 
limited Brazil literature concerning the subject, coupled with a legitimate business magazine "specialist", 
has explained very little about surfing and its technologies. Dodging the complexity inherent in the 
process of genesis and development of the surfboard in the world, some media, allied to the market, 
have neglected the historical investigation of the sport, worrying to highlight surfboard in the world and 
in Brazil and its technological evolution, rescuing the illustrious and curious facts in a description of the 
positivist and evolutionary process. 
 Keywords: Surf. Technology. History. 
 
 
 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 
2012. http://www.efdeportes.com/ 
 
1 / 1 
Introdução 
 A pesquisa será norteada sobre a evolução do surf e buscará evidenciar métodos de 
fabricação de pranchas desde o inicio de sua historia e também os materiais evolvidos no 
processo construtivo da prancha junto a sua evolução tecnológica. Assim, será analisada a 
constituição dos primeirossubgrupos surfistas desde o surgimento do desporto. No entanto, 
eventualmente, serão conduzidos alguns apontamentos sobre a configuração sócio-econômica 
do surf no decorrer dos séculos. Para tanto, a estrutura metodológica do trabalho se constituirá 
mailto:marcobettine@gmail.com
http://www.efdeportes.com/
http://www.efdeportes.com/
num debate bibliográfico embasado, essencialmente, em obras antropológicas, sociológicas, 
tecnológicas e históricas. 
 Nesta pesquisa, pretendemos comparar a fabricação de pranchas entre diversos momentos 
desde seu surgimento, levando em conta os materiais utilizados, e na realidade sócio cultural 
em que se enquadram. Possibilitando a visualização da influência da sociedade na produção das 
pranchas. 
História do surf no mundo e no Brasil 
 O surf é uma modalidade bem antiga, possui séculos ou até milênios de idade (Alcantara, 
2007). Sua origem está diretamente ligada com uma prática dos reis havaianos, pois somente 
eles podiam desfrutar do prazer de deslizar sobre ondas (Nathanson et al., 2007). O 
nascimento do surf moderno é atribuído ao havaiano Duke Paoa Kanamoku, um atleta cujo 
renome nasceu nas olimpíadas de Stockholm (1912) por conquistar a medalha de ouro nos 
100m livres. Duke dedicava boa parte de seu tampo para fazer apresentações do surf em 
diversos locais do mundo como Estados Unidos, Austrália e Europa, fazendo com que a prática 
se tornasse mais popular. (Mendez-Villanueva & Bishop, 2005). 
 Os primeiros eventos amadores e profissionais do surf na era moderna ocorreram na década 
de 60, na Austrália, na Califórnia, e no Havaí (Nathanson et al., 2007) tendo o primeiro 
campeonato realizado no ano de 1964 em Manly, Austrália (Lowdon 1987). Atualmente o surf 
passou pelo processo de burocratização, deixando a realização das competições nas mãos de 
organizações administrativas como: a Associação de Surfista Profissionais (ASP), a Associação 
Internacional de Surfistas (ISA), além da federação própria de cada país. Hoje o esporte é 
praticado por aproximadamente 7milhões de pessoas (Frisby & Mckenzie, 2003), e existe um 
sistema com duas séries de competições, o WCT e o WQS, ambos organizados pela ASP 
(Mendez-Villanueva & Bishop, 2005). 
 No Brasil dois momentos são considerados importantes para o nascimento do surf. O 
primeiro foi em 1938 na praia de Santos, onde Osmar Gonçalves construiu a primeira prancha 
de surf usando uma revista americana que ensinava passo a passo como se montar. No verão 
de 1939, Osmar e seu amigo Juá eram os únicos surfistas brasileiros na Praia do Gonzaga, em 
Santos. Somente na década de 50 depois da 2ª Guerra Mundial, o surf voltou a se impulsionar 
no Brasil. Desta vez o alvo eram as praias cariocas, um local perfeito para os turistas e os 
jovens que voltaram dos EUA praticarem o esporte, difundindo a o surf pelo litoral do Rio de 
Janeiro (Petri, 2003). 
 Na década de 70 houve a primeira impulsão do esporte com as primeiras indústrias e 
competições nacionais, mas foi somente na década de 80 que com o apoio da mídia, e a 
mudança da imagem do surf para uma atividade mais séria e profissional, que o esporte 
realmente se expandiu. Atualmente o Brasil é a terceira maior potência do surf mundial, atrás 
somente dos EUA e a Austrália, com atletas de altíssimo nível. (Petri, 2003). 
Pranchas de surf no mundo e no Brasil 
 O surf consiste em executar manobras com graus de dificuldade variável em cima de uma 
prancha, tentando acompanhar de forma harmoniosa a movimentação das ondas; o surf tem 
colecionado cada vez mais adeptos e praticantes, estando em constante evolução. A origem 
do surf é controversa: peruanos e polinésios reclamam ser os precursores do esporte, ainda 
que as suas motivações possam ter assumido naturezas diferentes. Uma das teorias mais 
difundidas sustenta que o surf terá nascido há cerca de 450 anos, na ilha peruana de Uros, por 
via das circunstâncias, já que as atividades pesqueiras constituíam um dos principais meios de 
sobrevivência dos nativos, o que os sujeitava a lançarem-se ao mar com regularidade para 
garantirem o seu peixe, regressando a terra flutuando sobre os seus barcos rudimentares 
(Marcus, 2007). No entanto, foi nas Ilhas Polinésias, nomeadamente no Hawai, que esta prática 
desportiva (He’e Nalu) se desenvolveu; nesta região, o surf já não era apenas encarado como 
forma de assegurar alimento e produtos marinhos para posteriormente comercializar, mas 
começava também a assumir-se como atividade de lazer. 
 Na Figura podem observar-se praticantes de He’e Nalu (denominação do surf por parte dos 
hawaianos), prestando uma homenagem à natureza, nomeadamente ao mar. 
 
He’e Nalu: o surf como tributo ao oceano 
 Há cerca de 450 anos, nos primórdios do surf (embora para fins não competitivos, mas como 
meio de facilitar a subsistência dos habitantes ou atividade de lazer), os peruanos serviam-se 
de jangadas arcaicas, construídas em palha e ráfia, enquanto os havaianos cavalgavam sobre 
as ondas apoiados nas suas barquetas de madeira. Mais tarde, cerca de 1920, os norte-
americanos George Freeth e Duke Kahanamoku conceberam as primeiras pranchas de surf, 
ainda numa versão muito simples, usando a madeira como matéria-prima. Em finais da década 
de 40 do século passado, Bob Simmons criou a primeira prancha de fibra de vidro (Waves 
Longboard, 1999). A produção em laboratório de poliuretano, a partir dos anos 1950, veio 
revolucionar a indústria das pranchas de surf e, conseqüentemente, os resultados alcançados 
pelos atletas; o primeiro torneio da competição remonta ao ano de 1953. Efetivamente, os 
equipamentos sofreram diversas alterações, tanto internas como externas, o que pode verificar-
se abaixo, atentando na Figura. 
 
Evolução das pranchas de surf, entre as décadas de 20 e 80 do século XX 
 A evolução de disciplinas como a Química, a Física, a Hidrodinâmica, a Aerodinâmica e as 
Ciências dos Materiais proporciona uma evolução contínua nos métodos de fabricação das 
pranchas de surf, extraindo de cada material as suas melhores potencialidades e permitindo ao 
surfista alcançar resultados de topo. 
 Os materiais que constituem os aparelhos influenciam decisivamente as performances dos 
atletas. Quando o surf nasceu, utilizavam-se balsas de palha artesanais. Contudo, este material 
depressa foi substituído por madeira. As razões eram evidentes: a palha degrada-se com 
rapidez, não é suficientemente rígida nem consistente e para, além disso, absorve água com 
facilidade; daí resultava o aumento do peso da prancha, principal entrave à movimentação do 
surfista. Simultaneamente eram utilizadas jangadas e barcos de madeira e, mais tarde, em 
1920, surgiram as primeiras pranchas feitas deste mesmo material; todavia, porque a madeira 
é altamente degradável em presença da água e sofre umedecimento, logo se iniciou a procura 
de componentes que pudessem porventura melhorar os resultados. Em 1950, a comercialização 
de pranchas fabricadas em espuma de poliuretano veio abrir uma nova era: os resultados 
obtidos pelos surfistas foram significativamente incrementados devido aos novos materiais 
criados por via sintética (Barracuda, 2009). As pranchas de poliuretano eram leves, resistentes 
e já possibilitavam excelentes performances aos atletas. 
 Nos nossos dias, as pranchas utilizadas pelos surfistas que atingem os melhores resultados 
são formadas por núcleos de poliestireno e por resina epóxi. Na Figura, pode constatar-se um 
exemplar ainda em fase de acabamentos. 
 
Acabamentos de uma prancha epóxi com núcleo de poliestireno 
 À primeira vista, o poliestireno presente nos núcleos das pranchas de surf poderá parecer 
um plástico demasiado frágil. Porém, sob a forma de espuma, é o mais utilizado na formação 
das partes centrais das pranchas, visto que pode ser facilmente convertido em qualquer tipo de 
molde e está disponível a preços reduzidos. Estematerial pode ainda ser obtido em densidades 
muito baixas, o que faz com que a impulsão da prancha por parte da água seja maior, não 
comprometendo a segurança do surfista. O Styrofoam, a espuma de poliestireno mais 
dispendiosa e também a menos leve, é no entanto a mais forte e a que melhor responde em 
matéria de isolamento térmico, minimizando as variações de temperatura e impedindo que esta 
se torne demasiado baixa, o que condicionaria o desempenho muscular do atleta, com prejuízo 
para os resultados desportivos (Arias, Marcelo e Andreatta, Romeu, 2003) . 
 A utilização de espumas de densidades distintas na formação dos núcleos pretende 
estabelecer uma relação de proporcionalidade direta entre resistência necessária e carga por 
unidade de área, com o objetivo de maximizar o rendimento da performance através do 
estabelecimento de um equilíbrio. A consolidação destes núcleos deverá ser obtida através do 
sistema de resina epóxi, de modo a formar uma camada que previna as lesões dos calcanhares 
provocadas pelas forças de compressão, em particular quando o surfista salta e se encontra 
novamente a alta velocidade e sob grande aceleração sobre a superfície da prancha, o que 
sucede na execução da manobra aéreo, ilustrada na Figura. 
 
Surfista executando a manobra aéreo 
 Além disso, o complexo resina epóxi trata de minimizar o atrito, embora não possa esquecer-
se que este é também necessário para restringir o número de quedas por parte do atleta, 
favorecendo a sua prestação. As pranchas que incorporam este tipo de resina apresentam 
estabilidade ao efeito da luz (isto é, boa resistência térmica) e respondem adequadamente a 
impactos, dado que os cristais obtidos quando da solidificação do material asseguram uma 
rigidez/dureza assinaláveis. Anteriormente, as resinas utilizadas na fabricação de pranchas 
de surf eram de poliéster, mais baratas que as epóxi. Embora já reagissem bem às dificuldades 
próprias deste esporte, sofriam desgaste rápido e maior absorção de água; o peso da prancha 
aumentava e o surfista adquiria menor velocidade, tendo alguma dificuldade em atingir a crista 
da onda. Nas pranchas que contêm resinas epóxi e espumas de poliestireno no núcleo, é 
possível a ausência de longarina central, peça responsável pela resistência e rigidez longitudinal 
(Barracuda, 2009). 
 Nos restantes tipos de prancha, a longarina é fabricada em madeira, como é indicado 
na Figura, (apenas em pranchas com uso superior ao normal), podendo também ser formada 
por fibras de vidro ou carbono (método bastante eficaz na minimização da compressão sofrida 
pela prancha, mas que exige a participação de espumas de alta densidade enquanto reforços, 
dado que o peso das fibras em nada influencia o peso da prancha) ou ainda por PVC; todos 
estes materiais são extremamente duros, permitindo que o equipamento se torne mais forte e 
que o surfista domine melhor as ondas, adaptando-se de modo natural aos movimentos 
ondulatórios (Conway, John, 1993). 
 
Longarina central em madeira 
 As fibras que envolvem o núcleo, quando orientadas segundo uma determinada direção, 
visam aumentar a resistência em zonas específicas da prancha; caso estejamos perante tecidos 
de vidro ou de carbono unidirecionais, pretende-se conferir-lhe a leveza necessária. Nas 
pranchas maiores e de alta competição intervêm espumas de alta densidade, como a de 
polietileno, mas também núcleos de Divinycell ou Klegecell, variantes de PVC responsáveis pela 
sua grande resistência a impactos, às alterações térmicas e químicas e ainda redutoras da 
absorção de água. Um acabamento antiderrapante de qualidade mostra-se também essencial, 
impondo-se que o surfista não caia amiúde durante a execução das manobras; o mais eficaz 
(denominado Peel Ply) é um tecido de nylon sem silicone que não adere à resina epóxi. 
Contrabalançando o efeito antiderrapante que deverá ser obtido na parte superior da prancha, 
na área inferior pretende-se uma superfície lisa (de parafina, por exemplo) que permita a 
minimização do atrito entre o aparelho e a água, no intuito de aumentar a velocidade e dar 
mais fluidez a execução das manobras (Barracuda,2009). Atualmente, as preocupações com o 
meio ambiente estão cada vez mais em voga; não obstante a eficácia dos processos de 
fabricação já citados. Trata-se apenas de produtos sintéticos, a poluição não é desprezível, já 
que falamos muitas vezes de plásticos e similares. Por isso, começam agora a vulgarizar-se as 
pranchas de madeira de agave, apenas extraída após a morte da planta, propiciando aos 
surfistas resultados semelhantes aos conseguidos com acessórios de poliuretano. As vantagens 
desta prancha “amiga do ambiente”, ilustrada na Figura, radicam na sustentabilidade ecológica 
que a sua produção apóia e culminam na sua durabilidade, cerca de 5 vezes superior às suas 
homólogas de resina. 
 
Pranchas em madeira de agave 
 A avaliação perfeita das virtualidades do seu equipamento compete, em primeira linha, aos 
praticantes da modalidade. São estes que melhor conhecem o ambiente marinho que vão 
enfrentar, as necessidades de ergonomia pessoal, as suas características morfológicas 
individuais. Como seria natural, e à parte de outras considerações como o preço ou a produção 
mais ou menos artesanal, as pranchas de surf são escolhidas pelo atleta, que intui no seu 
próprio equipamento a aptidão para proporcionar os resultados sonhados. Nessa medida, não é 
desprezível escutar as opiniões de alguns surfistas, designadamente no que respeita às 
qualidades que exigem do seu material e ao grau de satisfação com os componentes mais 
modernos das suas pranchas (Conway, John, 1993). 
Considerações finais 
 Se pensarmos na fabricação e no desenvolvimento das pranchas de surf, percebemos que 
estas características não passam de um reflexo da sociedade em que se encerem. As pranchas 
acompanham a tendência industrial ao utilizarem de materiais mais sofisticados para sua 
fabricação, e também na dicotomização das funções exercidas por cada prancha. Na medida 
em que as pranchas vão evoluindo seu desempenho também aumenta juntamente com uma 
maior especificidade. A evolução dos equipamentos utilizados no surf deixa evidente que o 
esporte passa por medidas de modernização, de especificação, e de crescimento tecnológico, 
acompanhando as tendências sociais. Ao possuir fatores ligados ao desenvolvimento limpo na 
produção das pranchas de surf modernas, podemos verificar como são utilizados recursos 
tecnológicos na adequação das características de um esporte perante conceitos difundidos 
socialmente. 
 De pranchas artesanais, para pranchas que podiam ser feitas em casa, e por fim pranchas 
que exigem um acervo tecnológico para serem criadas. A evolução tecnológica das pranchas 
não provocou somente uma alteração no desempenho dos praticantes, mas sim um novo 
conceito para o esporte. A competição surge na medida em que manobras possam a ser 
executadas com freqüência, possibilitadas apenas pelo desenvolvimento de suas pranchas. 
Passamos a compreender que a criação do esporte, o qual conhecemos como “surf” acontece 
somente pela evolução de seu material, criando uma competitividade. 
Referências bibliográficas 
 ALCANTARA, C. P. A. Análise do Equilíbrio em Surfistas. Universidade de São 
Paulo, 2007 
 ARIAS, Marcelo e Andreatta, Romeu. São Paulo: Surf Gênese - A história da 
evolução do surf, 2003 
 BARRACUDA. 2009. Técnicas de construção de pranchas de surf & windsurf. 
 LOWDON, B. J.; PITMAN, A. J.; PAEMAN, N. A.; ROSS, K. Injuries to 
International competitive surfboard riders. J Sports Med Phys Fitness, v.27, n.1, 
p.57-63, 1987 
 MARCUS, Ben. São Paulo: A história das pranchas de surf, 2007 
 MENDEZ-VILLANUEVA, A.; BISHOP, D. Physiological Aspects of Surfboard 
NATHASON, A.; BIRD, S.; DAO, L.; TAM-SING, K. Competitive Surfing Injuries: 
A Prospective Study of Surfing- Related InjuriesAmong Contest 
Surfers. American Journal of Sports Medicine, v. 35, p. 113-7, 2007; 
 PETRI, F.C. Surf e Windsurf – Parte I. in. COHEN, M ABDALLA, R.J. Lesões nos 
Esportes Diagnósticos, Prevenção e Tratamento. São Paulo: Revinter, 2003. p. 
886 – 903; Riding Performance. Sports Med., V.35, n.1, p.55-70, 2005; 
Sites consultados 
 http://www.mfpranchaepoxi.com.br/epoxi.htm&usg= 
 http://cclsurf.blogspot.com/2008/12/novos-modelos-de-pranchas-com-
longarina.html 
 http://atitudesustentavel.uol.com.br/blog/2010/08/24/pranchas-de-surf-sao-
feitas-de-agave-e-nao-poluem/ 
 http://waves.terra.com.br/surf/noticia/a-pre-historia-do-surf/5379 
 TBC- http://www.pranchastbc.com.br/as-pranchas 
 Construa sua Própria Prancha. http://barracudatec.com.br/pdf/Surf.pdf 
 Waves Longboard. A comunidade virtual do surf. 1999. A pré-história do surf. 
Outros artigos em Portugués 
http://www.efdeportes.com/indicbr.htm
 
 
Buscar
 
 
Búsqueda personalizada 
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 169 | Buenos Aires, Junio de 2012 
© 1997-2012 Derechos reservados 
 
 
 
View publication statsView publication stats
http://www.efdeportes.com/
https://www.researchgate.net/publication/339336285

Continue navegando