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1 2 “Ser simples é complicado”. Amália Rodrigues 3 REDAÇÃO JURÍDICA INTRODUÇÃO Foi o tempo em que uma redação prolixa, com palavras difíceis e frases de efeito fazia sucesso entre os profissionais destacados no mundo do Direito. A Justiça do século XXI terá de buscar caminhos para ser mais eficiente. Um desses caminhos passa obrigatoriamente por uma mudança de postura na redação jurídica. Escrever corretamente assume no campo do Direito valor maior do que em qualquer outro setor. O advogado, que arrazoa ou peticiona, e o juiz, que sentencia ou despacha, têm de empregar linguagem escorreita e técnica. A boa linguagem é um dever do operador do direito para consigo mesmo. A linguagem é um meio de transmissão de ideias. Quanto melhor for o meio, melhor será a transmissão. No Direito, a transmissão terá que ser perfeita, a fim de alcançar seus altos objetivos. A PALAVRA DE ORDEM É: OBJETIVIDADE Síntese, clareza e objetividade: quando redigir uma peça jurídica, antes de pensar no que se quer escrever, deve-se pensar no que o destinatário daquela peça quer ler. Experimente ler uma petição inicial extensa, cheia de citações óbvias, parágrafos repetitivos e pouca organização. Você provavelmente vai ler as primeiras palavras de cada parágrafo e passará a pular para o parágrafo seguinte, numa tentativa de captar apenas o que interessa, mas correndo o risco de pular algo importante. A redação perfeita deve pautar-se pela síntese, clareza e objetividade. Síntese para dizer o necessário com o mínimo de palavras possíveis. Mas lembre-se sempre, sem ser omisso. Clareza, para que essas palavras traduzam tudo que é preciso dizer de uma forma fácil de entender. E finalmente objetividade, para que a redação fique restrita a demonstrar o que se pretende com aquela peça jurídica. 4 “O estilo há de ser fácil e muito natural". (Padre Antônio Vieira). Devemos evitar a terminologia pernóstica utilizada em textos jurídicos, procurando alcançar o conceito de precisão e objetividade na exposição do pensamento, que, necessariamente, passa pelo conceito de "boa linguagem", cujos pilares conheceremos a seguir, por meio das qualidades da boa linguagem. "Quem muito fala, muito erra e muito enfada". Se o português é essencial para qualquer área, em relação ao Direito ele é um pressuposto. A única arma do bacharel é a linguagem. Do mau conhecimento ou da inadequada utilização desse instrumento, poderão derivar vulnerações e mesmo o perecimento de direitos alheios, como a liberdade, a honra e o patrimônio das pessoas. “O operador do Direito que não consegue ter linguagem correta não consegue expressar adequadamente seu pensamento" (Teotônio Negrão). Pré-requisitos para o exercício da carreira de advogado: (Jornal do Advogado (OAB), 8/jun/ 2001, Miguel Reale). "Em primeiro lugar, saber dizer o Direito. Nos concursos feitos para a Magistratura, para o Ministério Público e assim por diante, a maior parte das reprovações são devidas à forma como se escreve. Há uma falha absoluta na capacidade de expressão. Então, o primeiro conselho que dou é aprender a Língua Portuguesa. Em segundo lugar, pensar o Direito como uma ciência que envolve a responsabilidade do advogado por aquilo que diz e defende. Em terceiro lugar, vem o preparo adequado, o conhecimento técnico da matéria". INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO: Introdução, desenvolvimento e conclusão: Qualquer pela jurídica geralmente está estruturada nessas três etapas. 5 A introdução consiste na identificação do fato: aquilo que aconteceu ou que está acontecendo e que constitui o motivo de uma providência do Ministério Público ou do pedido de tutela jurisdicional. Exemplos de fato são: a ocorrência de um dano ambiental, a prática de um crime etc. A identificação do fato e feita na fase denominada relatório. Após a descrição do fato, passa-se à fase de desenvolvimento, que é a análise, a demonstração de como aquele fato é disciplinado pela lei e dos elementos probatórios que se dispõe. Tem-se aí a fase da fundamentação. A partir dos exemplos acima, irá ser indicado como a lei disciplina a ocorrência do dano ambiental, ou como aquela conduta se enquadra em determinado tipo penal. Finalmente, após analisar o fato, é preciso demonstrar como a lei se aplica àquele fato. Cuida-se da conclusão, na qual será necessário adotar ou pedir uma providência, para aplicação da lei ao caso concreto. Com amparo nos mesmos exemplos, a providência a ser adotada no caso de dano ambiental pode ser a instauração de um inquérito civil. Para o crime a providência pode ser o pedido de condenação. Em se tratando de atuação perante o Judiciário, a providência materializa a fase do pedido. REDAÇÃO IMPESSOAL É a narrativa que se caracteriza por distanciar o autor do pensamento expresso no texto. No caso do Ministério Público, que ao se manifestar, age em nome da instituição a que pertence, e não em nome próprio. Assim, a redação impessoal reforça a ideia de atuação institucional. A redação impessoal é obtida pela conjugação do verbo na terceira pessoa do singular, e se contrapõe a redação pessoal, na qual o verbo é conjugado na primeira pessoa: Exemplo de redação pessoal: Entendo perfeitamente provada a imputação da denúncia, motivo pelo qual requeiro a condenação do acusado. (verbo na 1ª pessoa do singular) Exemplo de redação impessoal: 6 O Ministério Público entende perfeitamente provado a imputação da denúncia, motivo pelo qual requer a condenação do acusado. (verbo na 3ª pessoa do singular) Ou Estando perfeitamente provada a imputação da denúncia, requer-se a condenação do acusado. (verbo na 3ª pessoa do singular) DICA: QUALQUER QUE SEJA O ESTILO ESCOLHIDO, O TEXTO DEVE ADOTÁ-LO DO INÍCIO AO FIM, NÃO SENDO ADEQUADO MESCLAR ESTILOS. COPIAR COLAR Antes da invasão do universo jurídico pelos computadores e editores de texto, nos tempos da máquina de escrever, as petições e manifestações eram bem, mas sucintas, diante das dificuldades de produção de um texto longo. A despeito do inegável avanço trazido pelos editores de texto, não é possível negar que o vício do copiar e colar acabou contribuindo para o inchaço nas manifestações, com textos longos, repletos de citações doutrinárias e jurisprudenciais que tomam do leitor um tempo que via de regra ele não dispõe. E o que é pior: muitas vezes as longas manifestações, adaptadas como um modelo, não estão adequadas ao caso concreto e não conduzem ao resultado desejado. Por isso, o copiar e colar há de ser um recurso que facilite o trabalho do redator, mas também e principalmente, seja útil ao destinatário daquela peça jurídica, ficando restrito aos limites da síntese, clareza e objetividade. DOUTRINA E JULGADOS Quando se escreve um texto dirigido a alguém com a intenção de convencer, informar ou requerer, quanto mais o texto estiver adaptado às necessidades e preferências do leitor, maiores serão as chances de sucesso. Via de consequência, a inserção de informações óbvias tornará o texto cansativo e desinteressante. Portanto, a citação doutrinaria e/ou jurisprudencial somente deve abordar o que se presume não ser do pleno domínio do leitor, como quando se trata de matéria nova, rara, ou em caso de matéria controvertida em que se pretenda defender posição minoritária. 7 EXPRESSÕES INDESEJÁVEIS Existem algumas expressões cujo uso, a despeito de eventualmente violarem regras gramaticais, torna o texto cansativo. Ex. o mesmo ou este em substituição ao sujeito. O acusado deixou o quarto da vítima correndo. Quando o mesmo percebeu que a polícia havia chegado, pulouo muro. Neste caso, para não repetir a expressão “acusado”, “o mesmo” pode ser substituído pelo nome do réu, ou pelo pronome “ele”, mesmo que implícito. A mesma frase poderia ser escrita assim: O acusado deixou o quarto da vítima correndo. Quando percebeu que a polícia havia chegado, pulou o muro. ABREVIATURAS A sua utilização deve ser evitada, limitando-se ao emprego daquelas já consagradas pelo uso, tais como: art. = como incurso no art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal. fls. = folhas: o laudo de fls. 32. Pode-se utilizar a expressão a fls. 20 cujo significado é a 20 folhas do início. ss. = seguintes: fls. 44 e ss. c.c. = combinado com: como incurso no art. 304, c.c. art. 297. MM. = Meritíssimo (a): MM. Juíza. GRAFIA DE DATA E HORA Deve-se prestar atenção na grafia correta de data e hora. Na data, o dia, mês e ano podem vir separadas por “/” “.” Ou “-“. 21/04/2016 21.04.2016 21-04-2016 8 O primeiro dia do mês deve ser apresentado em número ordinal 1º/04/2016. A hora inteira pode ser escrita por extenso 7 horas, 2 horas ou abreviada: 7h, 2h (não há “.” Depois do “h”. Na hora não inteira, os minutos são assim grafados: 7h30min ou 7h30. DICA: No texto jurídico hora não deve ser grafada “:” separando hora e minutos: 22:51. EXPRESSÕES EM LATIM Há algumas expressões latinas que já se incorporaram ao vocabulário jurídico de maneira que sua tradução para o Português soaria estranha: Art. 121, caput e não art. 121, cabeça Neste caso, o latim é indispensável. As expressões latinas devem ser usadas com certa moderação. O emprego exagerado de expressões que fogem àquelas mais usuais tornará o texto cansativo e muitas vezes de difícil compreensão. Algumas expressões são consagradas e não há inadequação se forem utilizadas, como animus necandi (vontade de matar), animus furandi (desejo de furtar) res furtiva (coisa furtada) etc. As expressões em latim devem ser grafadas em itálico, e sem aspas. 9 DENÚNCIA Conceito: A denúncia é a peça acusatória inicial da ação penal pública incondicionada ou condicionada. Consiste em uma exposição escrita do fato caracterizado como infração penal. É a petição inicial da ação penal pública (CPP, art. 24). É dirigida a autoridade judiciária competente, deve ser elaborada de forma objetiva, nela se consignado à imputação de um fato típico àquele que presumidamente, seja o responsável pela sua prática. Autor da denúncia: somente o Ministério Público tem legitimidade para o seu oferecimento (CF, art. 29, inc. I, e CPP, arts. 24 e 257, inc. I) Objetivo: instaurar a ação penal, levando ao conhecimento do Poder Judiciário a imputação de uma ou mais infrações penais a determinação ou determinadas pessoas físicas ou jurídicas, na hipótese de crimes ambientais (CF, art. 225, § 3º, e Lei 9.605/1998, art. 3º). Terminologia: a pessoa a quem se atribui o envolvimento (autor, coautor, partícipe ou autor mediato) na prática de uma infração penal deve ser referida na denúncia coo “denunciado”, “imputado”, são as expressões mais adequadas, alguns autores dizem que pode utilizar “indiciado”, “autor do fato”, no caso da lei 9.099/1995. As palavras “réu” e “acusado” devem ser utilizadas somente após o recebimento da denúncia. ATENÇÃO: Não devem ser usadas expressões vulgares como “larápio”, “elemento”, “meliante”, etc., muitas vezes utilizados no meio policial. Conteúdo: a denúncia deve conter a descrição da conduta típica com todas as suas circunstâncias; a qualificação ou individualização do denunciado; a classificação do crime; e, quando necessário, o rol de testemunhas (art. 1, do CPP). Pode ser rejeitada (art. 395, inc. I, do CPP) se não observar as condições previstas no art. 41, do CPP, sendo considerada inepta por não conter os elementos que demonstram sua regularidade formal. 10 IMPORTANTE: deve-se ter em mente que, como a denúncia irá traçar os limites da acusação para propiciar a defesa, seu conteúdo deve ser objetivo e claro. A denúncia deve responder às seguintes perguntas: QUANDO? Dia, mês, ano. ONDE? Indicar o lugar (endereço) com a maior precisão possível. Quando for relevante indicar inclusive o cômodo da casa. Não sendo possível saber o lugar, indicar ao menos a cidade onde o fato ocorreu. QUEM? A identificação do denunciado com todos os nomes que utiliza, o apelido, caso haja necessidade. O QUE? Descrição da conduta. A conduta deve ser descrita, eu um primeiro momento, repetindo-se tanto quanto possível o núcleo, as elementares e as circunstâncias do tipo. COMO? Descrição dos detalhes e circunstâncias da conduta: o modus operandi: Na hipótese de concurso de agentes, na modalidade de coautoria e participação, deverá a denúncia fazer menção de cada um. Nas situações de concurso de crimes (material, formal e continuado), a regra geral é a de que descreva a denúncia e forma circunstanciada e individualmente, cada um dos crimes imputados. ESTRUTURA DE UMA DENÚNCIA Em se tratando de peça objetiva, a denúncia, em regra, pode ser estruturada em cinco partes, cada qual com características próprias. Primeira parte o DESTINÁTÁRIO: indicar qual o juízo que está sendo endereçado a denúncia, está parte tem relação com a competência do juízo. Deve ter muita atenção para endereçar a denúncia ao juízo competente. Segundo parte: o parágrafo narrativa-imputação, que basicamente conterá todas as questões apresentadas acima: QUANDO? ONDE? QUEM? O QUE? 11 Terceira parte: responderá a questão COMO? É nesta parte que será descrita as circunstâncias que o evento ocorreu, materializando o modus operandi da conduta. Quarta parte: é a parte conclusiva da denúncia, deve conter a capitulação legal, descrita na segunda e terceira parte. O pedido de recebimento da denúncia, o pedido de citação do denunciado, o rito processual, o pedido de produção de provas e o finalmente o pedido de condenação. Quinta parte: nesta parte deverá constar o rol de testemunhas, se for o caso da vítima, data e assinatura do Promotor de Justiça. 12 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE UMA BOA DENÚNCIA Algumas dicas importantes: 1. Deve obedecer a uma estética que cause boa impressão. 2. Mencionar a indicação do juiz ou tribunal a que está sendo endereçada; 3. Descrever a qualificação do imputado, e a alcunha se importante. 4. Deve conter uma linguagem simples, evitando-se termos rebuscados ou de pouco conhecimento, ter precisão na utilização de termos técnicos, cuidado com a utilização de expressões em latim, preferencialmente aquelas de uso comum. 5. Deve ser evitado parágrafos demasiadamente longos, sendo que primeiro parágrafo deve-se dar ênfase a uma narrativa imputação, ou seja, se possível utilizar o núcleo verbal do tipo, data da ocorrência do fato, nome da vítima, local onde ocorreu o evento. 6. Evitar repetição de termos. 7. Não deve ser utilizado o nomem juris da infração (furto, roubo, etc). 8. Deve conter todos os elementos do tipo, principalmente o verbo do tipo, numa descrição objetiva e concisa. Não se deve confundir, objetividade com omissão. 9. Descrever as qualificadoras, se presentes. 10. Se o tipo penal imputado foi na modalidade culposa (imprudência, imperícia ou negligência), descrer a modalidade culposa presente, não basta apenas citar que o imputado agiu imprudentemente. 11. Descrever, se possível, a conduta de cada um dos imputados ou partícipes. 12. Designar o autor da infração penal de “imputado” ou denunciado”. 13 13. A classificação da infração deve ser abordada na partedispositiva ou conclusiva da denúncia, e não na sua parte inicial (parágrafo narrativa-imputação” 14. Deve conter o pedido de citação e de condenação ou pronúncia, nos casos de crimes do Tribunal do Júri. 15. Mencionar o rito procedimental. 16. Na parte dispositiva (conclusiva), na classificação do crime, deve ser utilizada a expressão “denuncio a Vossa Excelência (nome do imputado) como incurso no artigo......) e não a expressão incurso nas penas do artigo....” 17. A denúncia não deve conter citação doutrinária ou jurisprudencial. 18. Deve ao final ser datada e assinada. 19. Deve ser precedida de cota introdutória. CONCEITOS IMPORTANTES QUE DEVEM SER LEMBRADOS Apresento alguns conceitos importantes que devem ser rememorados ao elaborar uma denúncia, afinal, está peça processual é muito importante para o processo penal, pois vai basilar a defesa, quando for apresentar a resposta escrita, bem como o magistrado quando for inquerir as testemunhas, pois o que deverá ficar comprovado foi o que está descrito na denúncia, bem como no momento da prolação da sentença pelo juiz sentenciante. Princípio da correlação e princípio da consubstanciação - Mutatio libelli e Emendatio libelli. O princípio da correlação ou da congruência traduz-se como a necessidade de que a sentença se amolde ao fato descrito na denúncia ou na queixa. Em síntese, não poderá o juiz, ao decidir, ir além da narrativa inserta à inicial acusatória, sob pena, de estar julgando ultra petita ou extra petita, e, com isso, gerando a nulidade de seu pronunciamento. Em verdade, a correlação é o liame que conecta os termos da acusação e aquilo que será enfrentado pelo juiz na 14 prolação da sentença. No processo penal, o limite objetivo da lide para o magistrado está na apreciação daquilo que a acusação mencionou quando da provocação da instância penal. Tal princípio encontra sua razão de ser em outro, de igual importância, consistente no princípio da consubstanciação, segundo o qual o réu defende-se dos fatos descritos na denúncia ou na queixa-crime e não da capitulação incorporada à peça acusatória. No âmbito do Código de Processo Penal, a adoção do princípio da correlação e do princípio da consubstanciação ocorre a partir dos arts. 383 e 384, prevendo respectivamente, os institutos da emendatio libelli e da mutatio libelli. Esses dois institutos, referem-se às situações nas quais o juiz, ao proferir sentença, confere definição jurídica diversa da constante na denúncia ou na queixa ao fato imputado, diferenciando-se, contudo, pelo fato de que, no primeiro caso, a nova classificação não decorre do reconhecimento de circunstâncias em relação às quais não tenha sido oportunizada defesa ao acusado, diferentemente do que acontece no segundo, em que há esse reconhecimento. Antes de comentar Emendatio libelli (art. 383 do CPP) vamos relembrar alguns conceitos na teoria do tipo. RELEMBRANDO ALGUNS CONCEITOS: Os tipos penais descrevem as condutas ilícitas e estabelecem assim os seus elementos essenciais. Esses fatores que integram a descrição da conduta típica são as chamadas ELEMENTARES DO TIPO. Ou seja, ELEMENTARES DO CRIME são dados, fatos, elementos e condições que integram determinadas figuras típicas. Já CIRCUNSTÂNCIAS, são dados, fatos, elementos ou peculiaridade que apenas circundam o fato principal. Não integra a figura típica, podendo, contudo, contribuir para aumentar ou diminuir a pena. Para distinguir uma ELEMENTAR de uma simples CIRCUNSTÂNCIA do crime basta excluí-la, hipoteticamente, se tal raciocínio leva a descaracterização do fato como crime ou fizer surgir ouro tipo de crime, estar-se-á diante de uma ELEMENTAR. Se, no entanto, a exclusão de determinado requisito não alterar a caracterização do crime, tratar-se á de uma 15 circunstância do crime. Por exemplo, o reconhecimento de uma causa de aumento de pena, neste caso o crime continua o mesmo apenas a pena sofrerá alteração. CONCLUÍNDO, as ELEMENTARES são componentes do tipo penal, enquanto as CIRCUNSTÂNCIAS são moduladores da aplicação da pena, e são acidentais, isto é, podem ou não existir na configuração da conduta típica. As CIRCUNSTÂNCIAS, que não constituem nem qualificam o crime, são conhecidas na doutrina como circunstâncias judiciais, legais, e causa de aumento ou de diminuição da pena (Cezar Roberto Bitencourt, p. 662 e 663). Emendatio libelli Trata-se da hipótese na qual o juiz, ao condenar ou pronunciar o réu, atribui nova definição jurídica ao fato descrito, sem, porém, acrescentar a esse mesmo fato qualquer circunstância ou elementos que já não estivessem descritos na inicial e da qual o acusado, portanto, não se tenha defendido. Relativamente à sentença condenatória, dispõe o art. 383 do CPP (redação determinada pela Lei 11.719/2008): “o juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave” Por outro lado, em relação à pronúncia, regra simétrica está incorporada ao art. 418 do CPP (alterado pela lei 11.689/2008), na qual: “o juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave.” Como se vê, na emendatio libelli incorrem alterações para mais na decisão judicial quanto ao fato descrito na denúncia ou na queixa, mesmo que tenha que aplicar pena mais grave, pois não altera a descrição da conduta descrita na denúncia. Por isso mesmo é que facultam os arts. 383 e 418 do CPP ao juiz reconhecer na sentença e na pronúncia crime cuja capitulação importe em aplicação de pena mais grave independente de qualquer providência prévia relacionada, por exemplo, à concessão de novas oportunidades de defesa ao réu. Assim, duas formas de emendatio libelli são passíveis de aplicação pelo juiz diante do caso concreto: 16 a) Emendatio libelli por defeito de capitulação: situação na qual o juiz profere sentença condenatória ou decisão de pronúncia em conformidade exata com o fato descrito na denúncia ou na queixa. Reconhecendo que tal fato amolda-se a dispositivo penal distinto daquele que constou na inicial, quando capitulado pelo Ministério Público. b) Emendatio libelli por supressão de circunstância: Neste caso, o magistrado atribui nova capitulação ao fato imputado em razão da não-constatação, pelas provas angariadas na fase instrutória, de elemento ou circunstância que estejam contidos na inicial. Em suma, há aqui, modificação fática, mas não para acrescentar e sim para subtrair circunstâncias do fato descrito, importando esta simples supressão na mudança de classificação jurídica (artigo). Mutatio libelli (art. 384 do CPP) Considerações gerais Assim dispõe o artigo 384, do CPP: “Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou a queixa, no prazo de 5 (cinco) dias se em virtude desta houver sido instaurado o processo crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente”. Portanto, durante a instrução criminal, é bem possível que surjam novas provas quanto a elementos ou circunstâncias que, embora inerentes ao fato imputado na peça denúncia, não estejam contidos na denúncia ou na queixa. Se o reconhecimento desses fatores pelo juiz importar em nova definição jurídica do fato, ocorrerá a mutatio libelli, disciplinada no art. 384 do CPP. Logo, defini-se a mutatio libelli como a Situação em que o juiz atribui ao fato narrado na denúncia uma nova definição jurídica, mediante o acréscimo de circunstânciasou elementos antes não referidos, na denúncia ou queixa. Considerando que o réu se defende do fato descrito e não de sua capitulação (artigo imputado), é evidente que o reconhecimento judicial de circunstanciais ou elementos que não 17 fazem parte da narrativa inserida à inicial acarreta prejuízo concreto à sua defesa. Para evitar esse prejuízo é que ao crime originalmente descrito seja formalizado no processo por meio de aditamento da peça acusatória. Na atualidade, as regras pertinentes à mutatio alcançam também o momento do juízo de admissibilidade da acusação no procedimento do júri, conforme dispõe o artigo 411, § 3º, do CPP, para fins de pronúncia. Isto significa que, não apenas o réu não poderá ser condenado, como também não poderá ser pronunciado por crime diverso do que lhe foi expressamente descrito na denúncia ou na queixa, quando isto importar em reconhecimento de circunstâncias ou elementos não contidos naquela inicial, sem que antes sejam adotadas as medidas contempladas no precitado art. 384 da Lei Adjetiva, as quais envolvem não apenas o mencionado aditamento da inicial pelo Ministério Público, como a oitiva da defesa quanto aos termos do aditamento ministerial e a realização de fase instrutória, com o novo interrogatório do réu e a oitiva de novas testemunhas eventualmente arroladas pelas partes. 18 Para cada caso hipotético descrito abaixo elabore um parágrafo NARRATIVA- IMPUTAÇÃO, e depois escolha qualquer um e faça uma denúncia completa. 1º Caso: João da mata, no dia 14/02/2016 na companhia de seu irmão Francisco da Mata, planejaram praticar um roubo a uma casa lotérica. Armados com arma de fogo, um revólver, marca Taurus, calibre 38, oxidado, n° série 88990-04, às 14h00min, dirigiram-se até a casa lotérica denominada Boa Sorte, situada no setor Céu Azul, no município de Goiânia, para colocar o plano em ação. Como ficou combinado João entrou no estabelecimento e anunciou o assalto de arma em punho, tendo subtraído a importância de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) do caixa e dos clientes Tranquilino Má Sorte e Maria da Piedade do Socorro. Foi subtraído seus aparelhos celulares. Francisco da Mata ficou do lado de fora aguardando para dar fuga em uma motocicleta, marca CG/Honda, de cor vermelha. Após, o assalto na casa lotérica, João e Francisco fugiram do local. Policiais Militares foram comunicados do assalto através do COPOM. Três horas depois do assalto, policiais militares, que estavam em uma viatura, avistaram a motocicleta com duas pessoas com as características dos assaltantes. Iniciaram uma perseguição, logrando êxito, fazendo a prisão de João da Mata e Francisco da Mata, e com estes foram encontrados a arma utilizada para praticar o assalto municiado com 04 cartuchos. O dinheiro e os pertences das vítimas foram encontrados na casa de João da Mata. 2º Caso: Mévio Cupertino da Silveira, no dia 15/02/2016, por volta das 19h00min horas, aproveitando a ausência da Sra. Joana Divina dos Anjos, de sua residência, localizada no Jardim dos Milagres, município de Goiânia, arrombou uma janela da residência, utilizando um pé de cabra. Subtraiu um aparelho de reprodução de DVD, marca Sony, um aparelho de telefone celular, marca LG, um relógio de pulso, e a importância de R$ 500,00 (quinhentos reais) que estava guardado no armário da cozinha. A vizinha de Joana Divina, chamada Maria Cristina, presenciou quando Mévio, saindo da residência da vítima Joana Cristina. Posteriormente, no dia 19/02/2012, parte destes objetos, o aparelho de DVD e o aparelho celular foram recuperados com Tício Manoel Ferreira, proprietário de um estabelecimento que revende móveis e eletrodomésticos usados, que adquiriu os objetos sabendo da origem ilícita daqueles objetos. 3º Caso: João Ninguém e Joaquim Silvério da Silva Xavier, conhecidos por praticar pequenos furtos, caminhavam pelo Setor Mansões, no município de Goiânia-Go., no dia 03 de agosto de 2016, se encontraram e combinaram de fazer um ganha fácil para comprar substância entorpecente, já que são usuários. Quando passaram por uma residência perceberam que ela estava sem os seus moradores. Ao passarem pela residência da vítima Belarmino Boaventura. Certificaram que a casa estava sem os seus moradores, tocando a campainha. A casa não era murada. A porta da cozinha estava apenas encostada. João e Joaquim pegaram um televisor de 29 polegadas, um aparelho de videocassete, um botijão de gás, diversas roupas, e colocaram em um carrinho de mão. Um vizinho percebendo a conduta de João da Cruz e Joaquim acionou a polícia militar, que compareceu no local, saíram em diligência, e horas depois s efetuaram a prisão de João e Joaquim, que confessaram que estiveram na residência da vítima e João revelou aonde havia guardado os objetos subtraídos, próximo a uma mata. Sendo os objetos da vítima localizados e devolvidos a vítima 19 4º Caso: No dia 10 de maio de 2016, Fernando Gonçalves Neto resolveu dar uma festa para comemorar o seu aniversário, em sua residência localizada no Setor das Perdizes, município de Goiânia para. Para a comemoração foi preparado um churrasco, e convidou seus vizinhos e amigos. Por volta das 21h30min, iniciou uma discussão entre os convidados estavam Sinfrônio Leonardo de Sá e Jeremias da Piedade, por questões de futebol, sendo que os ânimos ficaram acalorados, inclusive, chegaram as vias de fato, mas naquele momento a briga foi contida pelos demais convidados. Entretanto, Sinfrônio, não se conformando, pois levou a pior na briga, e como estava portando, uma arma de fogo, tipo garrucha, de dois canos, calibre 22, aproveitando que Jeremias estava de costas, desferiu um certeiro disparo contra, atingido o coração. Jeremias da Piedade foi socorrido pelo SAMU, que demorou duas horas para chegar no local, sendo encontrado com vida, recebeu os primeiros socorros, e encaminhado para o HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, onde foi submetido a uma cirurgia, mas dois dias depois em decorrência de complicações veio a óbito. Este evento foi presenciado por várias pessoas que se encontravam na festa. 5º caso João Dagoberto Procópio homem caseiro, pacato, de poucas palavras, morava sozinho desde o falecimento de sua esposa Margarida Procópio, pouco saia de casa, levando uma vida reclusa. No dia 21 de fevereiro de 2016, no período matutino, saiu de casa para ir ao Supermercado Preço Baixo, localizado no Setor Campinas, e quando estacionava o seu veículo, um Chevette, de cor amarela, ano 1975. Repentinamente Quincas Bacamarte, em um veículo da marca Mercedes, de cor prata, ano 2016, adentrou no estacionamento em alta velocidade, vindo a chocar-se com o veículo de João Dagoberto este desceu para ver os danos causados ao seu veículo, neste momento Juliano também desceu do seu veículo, em visível estado de embriaguez, e de forma agressiva passou a proferir xingamentos contra João Dagoberto, ao verificar os danos causados em seu veículo. No entanto, João Dagoberto percebendo que os estragos foram de pequena monta em seu veículo, não deu atenção para Quincas Bacamarte virando-se, e indo na direção do Supermercado. Quincas Bacamarte, inconformado com a reação de João Dagoberto foi até o seu veículo, pegou um revólver calibre 38, que sempre trazia consigo, mesmo sem ter autorização para portar arma de fogo, sem proferir qualquer palavra desferiu 04 disparos que atingiram João Dagoberto nas costas, que faleceu em virtude destes ferimentos, antes da chegado do socorro médico. O evento foi presenciado por diversas pessoas. Enquanto isto, Quincas Bacamarte adentrou no seu veículo, e evadiu-se do local. Posteriormente, a polícia com as informações colhidas no local e também a filmagem do circuito interno de segurança identificou Quincas Bacamarte que foi indiciadopelo crime praticado. 6º Caso No dia 19 de setembro de 2016, por volta das 7h, Soraia Sortuda conduzia um veículo da marca Tucson, de cor preta, ano 2015 quando parou no estacionamento de sua empresa, foi surpreendida por duas pessoas, que de arma em punho, deram voz de assalto, exigindo a entrega da sua bolsa, como foi pega de surpresa Soraia se assustou deixando as chaves cair no chão, e neste momento um dos bandidos, fez um disparo, atingindo Soraia na região torácica, e os bandidos pegaram a sua bolsa e evadiram-se do local em uma motocicleta Honda CG/Titan, de cor vermelha, placa CVB-8976, de Goiânia, que foi anotada por uma testemunha. A vítima Soraia foi socorrida, passando por uma intervenção cirúrgica, vindo a recuperar-se bem. Passados dois meses do fato, Soraia estava saindo de uma consulta médica, e reconheceu um dos homens que haviam levado a sua bolsa, como sendo Juliano Pimpão e por isso, acionou a polícia militar que compareceu no local imediatamente e fez a detenção daquele, e com este foi encontrado os cartões de crédito de Soraia e o seu telefone celular, não sendo identificado o outro assaltante. Sendo instaurado um inquérito policial para apurar as circunstâncias do fato. 20 MODELOS DE DENÚNCIAS Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 7ª Vara Criminal da Comarca de Goiânia-Go. (Deixar um espaço de aproximadamente 12 cm) O Ministério Público, via de sua representante legal, infra-assinado, vem a presença de V. Exa., o oferecer DENÚNCIA em face de. WELLINGTON ROSENDO DA SILVA, brasileiro, solteiro, natural de ....., nascido na cidade de....,filho de...., residente na Rua..... Pelo fato a seguir aduzido: 1. Consta do inquérito policial, anexo, que no dia 20/01/2013, por volta das 11h20min, o imputado, mediante arrombamento, subtraiu para si, um aparelho de DVD, uma batedeira, um liquidificador, entre outras, coisas, conforme o termo de exibição e apreensão juntado nas fls. 20, da residência da vítima Franciele Gonçalves de Lima, situada no Residencial Cândido de Queiroz, neste município. 2. (narrar como acorreu o furto, as diligências da polícia, e a prisão do imputado. Em quantos parágrafos forem necessários. Utilizar espaço entre linhas 1,5, margem superior 2 cm, margem inferior 2 cm, margem direita 2 cm e margem esquerda de 2,5 cm). Ante o exposto, incorreu o imputado WELLINGTON ROSENDO DA SILVA, na figura típica prevista do art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal. O Ministério Público requer o recebimento da denúncia, seja determinada a citação do imputado para apresentar a defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, na forma do art. 396, do Código de Processo Penal, determinando seu processamento e a designação de instrução e julgamento, na forma dos artigos 400 e ss. do Código de Processo Penal, bem como se requer a intimação da vítima e das testemunhas arroladas abaixo, prosseguindo-se até final sentença condenatória. Rol de testemunhas 1. 2. Goiânia, ___/___ /______. PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA 21 Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Goiânia-Go. (Deixar um espaço de aproximadamente 12 cm) O Ministério Público, via de sua representante legal, infra-assinada, vem a presença de V. Exa., o oferecer DENÚNCIA em face de. WESLEY DE PAULA FERNANDES, brasileiro, solteiro, natural de ....., nascido na cidade de....,filho de...., residente na Rua..... Pelo fato a seguir aduzido: 1. Consta do inquérito policial, anexo, que no dia 30/01/2013, por volta das 22h30min, o imputado utilizando uma arma de fogo, tipo revólver, calibre 38, marca Taurus, número de série B12904, desferiu três disparos contra a vítima Zeferino José Macedo, não permitindo nenhuma chance de defesa, provocando a sua morte por choque hipovolêmico, conforme demonstra o Laudo de Exame Cadavérico, juntado nas fls. 2. (narrar como acorreu a colisão, principalmente enfatizando o fato de o imputado ter ingerido bebida alcoólica, que culminou com o dolo eventual, em quantos parágrafos forem necessários. Utilizar espaço entre linhas 1,5, margem superior 2 cm, margem inferior 2 cm, margem direita 2 cm e margem esquerda de 2,5 cm). Ante o exposto, incorreu o imputado WESLEY DE PAULA FERNANDES na conduta típica prevista no art. 121, § 2º, inciso IV, do Código Penal. O Ministério Público requer o recebimento da denúncia. Requer seja determinada a citação do imputado para apresentar a defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, na forma do artigo 406 e ss., do Código de Processo Penal, determinando seu processamento, na forma dos artigos 406 e seguintes do Código de Processo Penal, intimando as testemunhas arroladas abaixo, enfim, pronunciado o imputado, nos termos do artigo 413, do Código de Processo Penal, devendo o imputado ser submetido a julgamento perante o Tribunal do Júri, e afinal condenado. Rol de testemunhas 1. 2. Goiânia, ___/___ /_____. PROMOTOR (a) DE JUSTIÇA 22 RESPOSTA ESCRITA DO ACUSADO (DEFESA PRÉVIA) Trata-se a resposta escrita a defesa que o defensor do acusado faz rebatendo os termos da denúncia, antes era chamada de defesa prévia (art. 396-A, do CPP). Dito assim a resposta escrita é uma espécie de contestação. Segundo Eugênio Pacelli, a resposta escrita, cumpre importantes funções, a saber: a fixação do prazo para o oferecimento de rol de testemunhas e de prova pericial para o réu, além de apresentação das exceções (art. 95, do CPP). Ultrapassado tal prazo, ele não poderá requerer validamente a produção de prova testemunhal, a não ser para o fim de substituir testemunhas, devidamente arroladas, que não tenham sido encontradas. Não se arrolando na defesa escrita, tranca-se lhe tal faculdade processual. Conteúdo da resposta escrita: na resposta do acusado pode alegar as matérias previstas no art. 396-A, ou seja: Arguir preliminares, oferecer documentos 1 , especificar provas pretendidas, arrolar testemunhas, e tudo que for de interesse a defesa. Existem dois tipos de defesa: a) processual ou de rito; b) de mérito. No caso da defesa processual o acusado apresenta argumentos para encerrar a ação penal ou então deslocar a competência, não adentrando na acusação propriamente dita contida na denúncia. Pode ser alegado: por exemplo: arguir a prescrição, ausência de causa genérica da ação ou específica, ausência de pressuposto processual, exceção processual, como litispendência, coisa julgada, incompetência do juízo ilegitimidade de parte. No caso da defesa de mérito o acusado já adentra no mérito da acusação, podendo alegar qualquer matéria que possa conduzir a absolvição sumária (art. 397, CPP) 2 . Na resposta escrita devem ser requeridas as provas periciais que se pretende produzir, bem como arrolar testemunhas até o número de oito (art. 401 do CPP), esclarecimentos de peritos. 1 “A prova documental, pode ser produzida a qualquer tempo (art. 231, do CPP), com as ressalvas temporais do Tribunal do Júri (art. 479, do CPP), as demais provas (testemunhais e periciais, etc.) se submetem à preclusão, devendo o acusado requerê-las na defesa escrita”. (Eugênio Pacelli, p. 648). 2 Prudente, agora, que a defesa adentre nas matérias de mérito, antecipando ao magistrado toda tese defensiva, inclusive porque na etapa seguinte à fase da resposta traz a lei a possibilidade de o juiz absolver sumariamente réu em julgamento antecipado do processo (art. 397, do CPP). 23 MODELO DE RESPOSTA ESCRITA Excelentíssimo Senhor, Doutor Juiz de Direito da ______Vara Criminal da Comarca de Goiânia- GO. Processo nº “Y”, qualificado a fls. ______, por seu advogado, nos autos da ação penal que lhe move o Ministério Público do Estado de Goiás, vem respeitosamente, à presençade Vossa Excelência, nos termos do art. 396-A do Código de Processo Penal, apresentar a RESPOSTA ESCRITA O acusado nega a (as) imputação (ões) descritas na denúncia, sustentando que no decorrer da instrução provará a sua inocência, demonstrando que os fatos articulados não ocorrerão da forma descrita na peça acusatória. Nesta oportunidade, junta os seguintes documentos:____________. Por outro lado, oferece, ainda, o seu rol de testemunhas, que deverão ser intimadas para comparecer na audiência de instrução e julgamento oportunamente designada por Vossa Excelência. Rol de testemunhas: 1. 2. Goiânia, 14 de janeiro de 2017. .___________________________ ADVOGADO (A) OAB-GO Nº______ 24 Modelo de Resposta Escrita com enfrentamento do mérito Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 8ª Vara Criminal da Comarca de Goiânia-GO. Alcindo Galcindo, por seu advogado que esta subscreve, nos termos do art. 396 e 396-A, Todos do Código de Processo Penal, no prazo legal, vem à presença de Vossa Excelência para oferecer a RESPOSTA ESCRITA nos autos do processo-crime, que lhe é movido pelo Ministério Público por infração ao art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal, arguindo preliminar e formulando pedido de absolvição sumária, sem prejuízo dos requerimentos abaixo articulados, com apresentação do rol das testemunhas que devem depor durante a instrução criminal.. I – PRELIMINAR INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO Conforme depoimento da vítima João José que esclareceu que recuperou a res furtiva no município de Guapó-GO. Neste local, portanto,, se fosse verdadeira a acusação é que o reu teve a posse mansa e tranquila dos objetos. De fato, conforme ponderou o réu em suas declarações à autoridade policial, ao deixar a casa da vítima, foi diretamente para sua residência em Guapó-GO (fls. 16). Neste local, pois, se deu a consumação do delito (CPP, art. 69, I). Impõe-se, dessa forma, o reconhecimento da incompetência, com a remessa dos autos ao juízo competente (CPP, art. 109). 25 II – MÉRITO A bem da verdade, o réu não praticou o delito que lhe foi imputado. Alcindo Galcindo e João José, no passado, foram amigos e, nessa condição, foram sócios num pequeno comércio, sendo que, terminada a sociedade, Alcindo passou a ter um crédito de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com João José, representado exatamente pelos objetos descritos na denúncia, que ficaram com a vítima João José. O réu Alcindo Galcindo 15 (quinze) dias, depois de muito insistir e cobrá-lo com frequência, obteve de João José a promessa de que quitaria a dívida no dia 15/10/2016, quando recebesse uma dívida proveniente da venda de um veículo.. Chegou a data aprazada e a vítima não honrou a promessa e nem se justificou, deixando o acusado em péssima situação financeira, pois precisava honrar compromissos financeiros assumidos anteriormente. Situação que além de aborrecê-lo, trouxe-lhe a pecha de mau pagador. Diante da situação criada pela vítima, o réu não teve outra alternativa. No dia do fato, por conta própria, entrou na residência daquela e dela retirou os objetos que, por direito, lhe pertenciam. O depoimento da esposa do réu é nesse sentido (fls. 121). A conduta praticada pelo réu, à evidência, não tipifica o delito que se lhe imputou. Não agiu com animus de subtrair. Poder-se-ia argumentar que o réu praticou, então, exercício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345). Esse delito, contudo, só é previsto na modalidade culposa e o réu não agiu com dolo, quando muito com culpa, não podendo, portanto, ser responsabilizado. No mais, esse delito é de ação penal privada, cujo prazo para oferecimento da queixa é de 6 (seis) meses, a contar da data em que a vítima veio saber quem foi autor do delito, prazo que há muito se esgotou, uma vez que o fato ocorreu em 05 de janeiro de 2016, e a vítima soube da autoria logo em seguida. Assim, ainda que possível fosse a imputação pelo crime citado, em relação a ele já teria ocorrido a extinção da punibilidade do réu, pela superveniência da decadência, art. 107, IV, 2ª figura, do Código Penal. 26 Nenhuma das testemunhas ouvida infirmou essa versão apresentada pelo réu e por sua esposa. A vítima, por interesses óbvios, não a confirmou. Contudo, sua palavra é de ser recebida com cautela, não podendo justificar o processo, com as suas perversas consequências ao réu. Diante do exposto, a defesa requer a Vossa Excelência: a) O acolhimento da preliminar de incompetência do juízo, com a autuação da exceção em apartado, se for o caso, conforme art. 396-A. § 1º, do CPP. b) A absolvição sumária do réu, com fundamento no artigo 397, III (o fato narrado não constitui crime), ou IV (extinção da punibilidade do agente). Não sendo acolhida a preliminar ou o pedido de absolvição sumária, a defesa, forma os seguintes requerimentos: 1. Seja requisitada cópia da folha de antecedentes da vítima. 2. Sejam juntados, aos autos, os documentos inclusos. 3. Sejam intimados a vitima e as testemunhas arroladas do rol abaixo, para serem ouvidas na instrução ROL DE TESTEMUNHAS: 1. 2. 3. 4. Goiânia, 24 de novembro de 2016. ___________________________________ Advogado – OAB-GO Nº 27 MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS Da prisão Provisória e sua posição constitucional A prisão provisória sempre foi tratada pela doutrina como uma exceção, devendo ser adotada nos estritos limites estabelecidos na legislação. A Lei n. 12.403/2011 veio acompanhando as mudanças legislativas a respeito da prisão provisória como já procuramos demonstrar linhas acima. Contudo, sua inspiração vem justamente da nossa lei maior, nos consagrados dispositivos previstos no art. 5º. Inciso LXII, que diz: “Ninguém será levado a prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”. Igual disposição encontra-se no artigo 5°, inciso LXI, que dispõe: “Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, salvo no caso de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.” Sobretudo, devido à constitucionalização do princípio da inocência contida no artigo 5°, inc. LVII, que dispõe: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença condenatória”. O mestre Tourinho Filho ao mencionar o fundamento da prisão provisória pontuou: “Já sabemos que toda e qualquer prisão que anteceda à decisão definitiva do Juiz é medida drástica, ou, como dizia Bento Faria, é uma injustiça necessária do Estado contra o indivíduo, e, portanto, deve ser reservada para casos excepcionais. Embora seja necessária, não é menor a necessidade de ser ela restringida, limitando-se aos casos indispensáveis, pelo mal irreparável que causa àqueles declarados inocentes no final da instrução.” 28 Requisitos para aplicação das medidas cautelares. Requisitos genéricos para imposição das medidas cautelares As medidas cautelares, sendo verdadeiramente excepcionais, devem ser impostas somente quando preenchidos alguns requisitos imprescindíveis à sua decretação, são eles: o fumus comissi delicti e o periculum libertatis: Fumus comissi delicti A expressão fumus comissi delicti equivale, no âmbito do processo penal, ao fumus boni iures (fumaça do bom direito), exigido nas medidas cautelares de natureza cível, embora esta associação não mais é aceita pelos doutrinadores. Todavia no ramo processual penal, o genérico (fumus boni iures) consiste especificamente no juízo apriorístico de viabilidade e probabilidade da ação penal, bem como de provável condenação. Em resumo, devem ser constatados os indícios de autoriae a razoável suspeita da ocorrência do crime. Ou seja, exige-se a presença de um lastro probatório mínimo sobre a existência de crime e do elemento subjetivo dele (dolo). Periculum libertatis O periculum libertatis, advindo do periculum in mora presente nas medidas cautelares de natureza extrapenal, consiste na demonstração do efetivo risco da liberdade ampla e irrestrita do agente, assegurando-lhe o resultado prático do processo. Note-se que o periculum libertatis deve ser grave o suficiente para exigir a imposição da medida de prisão. No entanto, se demonstrado que a liberdade do agente não é empecilho, mas, que, todavia, devem ser impostas algumas restrições ou vedações, é justificável a imposição de medidas cautelares. Significa que a demonstração do efetivo risco da liberdade irrestrita que possa comprometer o resultado do processo. Se o risco for grave para a garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal, e a garantia da 29 aplicação da lei penal, neste caso, impõe a prisão preventiva. Contudo, se a liberdade não for empecilho, podem ser aplicadas medidas cautelares diversas da prisão (art. 319, do CPP). IMPORTANTE!!! Portanto, a presença do fumus comissi delicti e o periculum libertatis, em tese (deve ser observado ainda outros requisitos, previstos no artigo 282, inciso I e II, do CPP, como será visto oportunamente), torna possível a imposição da medida cautelar. Frise-se que a existência de apenas um dos requisitos não justifica a imposição das medidas, de modo que ambas devem estar cumulativamente presentes no caso em tela. Pressupostos específicos das medidas cautelares previstos na Lei n. 12.403/2011: O chamado “Pressuposto Material” do princípio da proporcionalidade como juízo escalonado. A partir dos dispositivos previstos no artigo 282, I e II e artigo 312 “caput” e parágrafo único, do CPP, toda é qualquer restrição a direitos individuais, além da exigência de ordem escrita e fundamentada do juiz, levará em conta a necessidade e a adequação da medida, a serem aferidas a partir da: a) garantia da aplicação da lei penal; b) conveniência da investigação ou da instrução criminal. Eugênio Pacelli de Oliveira adverte: “No que nos interessa mais de perto aqui, o juízo de proporcionalidade na aplicação das medidas cautelares deverá também se orientar por tais perspectivas, e, de modo mais sensível, naquelas atinentes a proibição de excesso e da adequação da medida”. A Lei 12.403/2011 previu requisitos específicos para aplicação de qualquer medida cautelar, ou em outras palavras, requisitos diretamente mencionados no texto legal. O art. 282, caput, do CPP, alterado pela Lei 12.403/2011, prevê três pressupostos que vindo sob a rubrica de dois incisos viabilizam a aplicação das medidas cautelares previstas no rol do art. 319, do CPP, alterados pela Lei n. 12.403/2011. Estes nada mais são do que sub-requisitos do método de interpretação conhecido como princípio da proporcionalidade. 30 A rigor, o “princípio da proporcionalidade”, constitui-se metodologicamente como um “superprincípio” balizador de decisões, ressurgindo, pois, como método interpretativo solucionador de impasses criados pela chamada “colisão de direitos” ou de “princípios”. Assim, partindo da doutrina e da aceitação jurisprudencial, primeiro ganhou precisão legislativa com a atual redação do art. 156, I, do CPP (trata a produção antecipada de provas) e agora, literalmente, prevê no art. 282, caput, do CPP, os subprincípios: a) Necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou instrução criminal, e nos casos expressamente previstos para evitar a prática de infrações penais. Por força dele, entende-se que, dentre várias medidas restritivas de direitos fundamentais idôneos a atingir o fim proposto, deve ser escolher a menos gravosa, ou seja, aquela que causa menor interfirência no direito de liberdade e que ainda seja capaz de proteger o interesse público para o qual foi instituída. b) Adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. Neste caso deve ser observado que deve haver uma relação de meio e fim, devendo se questionar se o meio escolhido contribui para obtenção do resultado pretendido. Por exemplo, nada justificaria prender alguém preventivamente para garantir a futura aplicação da lei penal se, em virtude do crime praticado, sendo que a provável pena a ser imposta ao final do processo não seria privativa de liberdade ou, sendo privativa, permaneceria suspensa ou substituída por penas restritivas de direitos. O meio, a prisão, não se revelaria adequado ao fim a ser objetivado com o processo, pois dele não resultaria privação de liberdade (Renato Brasileiro, Nova prisão cautelar). Conforme se depreende da análise dos pressupostos, existe um juízo escalonado e sucessivo para apreciação das medidas cautelares. Tais medidas pautar-se-ão pelo binômio necessidade/adequação, em um primeiro momento, vez que devem ser suficientes para evitar a prática de infrações penais e, ao mesmo tempo, assegurar a aplicação da lei penal, bem como devem ser adequadas à finalidade para que sejam instituídas. 31 c) proporcionalidade estrita: Seguidamente ao juízo de adequação deve se questionar a respeito da gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado, evitando medidas desproporcionais e desarrazoadas. Logo, não se fala exatamente em binômio, mas “trinômio” de requisitos. Assim, impõe um juízo de ponderação entre o ônus imposto e o benefício trazido, a fim de se constatar se se justifica a interferência na esfera dos direitos dos cidadãos. É a verificação da relação de custo-benefício da medida, ou seja, da ponderação entre os danos causados e os resultados a serem obtidos. Assim, por força do princípio da proporcionalidade em sentido estrito, entre os valores em conflito, o que demanda a adoção de medida restritiva e o que protege o direito individual a ser violado -, deve preponderar o de maior relevância. Há de se indagar, pois se o gravame imposto ao titular do direito fundamental guarda relação de proporcionalidade com a importância do bem jurídico que se pretende tutelar (Roberto Brasileiro). No quadro abaixo está demonstrado da análise do art. 282, inciso I e o art. 312, todos do Código Penal que trata do subprincípio da necessidade: NECESSIDADE Art. 282, inciso I Art. 312 Necessária para aplicação da lei penal Segurança quanto à aplicação da lei penal Necessária para a investigação e a instrução criminal Por conveniência da Instrução criminal Necessária para evitar a prática de infrações penais Garantia da ordem pública e econômica Com relação o subprincípio da adequação prevista no artigo 282, inciso II, do CPP, pode ser visto da seguinte forma: ADEQUAÇÃO À gravidade do crime À circunstância do fato As condições pessoais do indiciado ao acusado 32 NECESSIDADE ADEQUAÇÃOPROPORCIONALIDADE EVENTUAIS RISCOS DO PROCESSO GRAVIDADE E CIRCUNSTÂNCiAS DO FATO PROIBIÇÃO DO EXCESSO JUÍZO DE PONDERAÇÃO NENHUMA PROVIDÊNCIA CAUTELAR PODE SER SUPERIOR AO RESULTADO FINAL DO PROCESSO REQUISITOS – ART. 282, I E II, DO CPP Isso significa que a medida cautelar não pode ser mais gravosa que a pena a ser aplicada ao final do processo. Como a prisão cautelar é um instrumento para tutelar o resultado final do processo, seria um contrassenso que, ao final, se aplicasse medida não privativa de liberdade. Se isto ocorresse, não haveria qualquer equilíbrio entre a medida cautelar e o resultado final do processo. A medida cautelar teria sido mais grave que a própria pena final, perdendo o seu caráter acessório e instrumental parase transformar em inconstitucional medida autônoma de antecipação de pena 3 . “Resumidamente, pode-se dizer que uma medida é adequada, se atinge o fim almejado, exigível, por causar o menor prejuízo possível e finalmente, proporcional em sentido estrito, se as vantagens que trará superam as desvantagens” (Willis Santiago). DA PRISÃO PREVENTIVA A prisão preventiva é a prisão cautelar mais típica de nosso ordenamento jurídico. A prisão preventiva é estabelecida, com o intuito de tutelar valor relacionados à persecução penal (intraprocessual) e assim como interesses da sociedade (metaprocessuais), que poderiam sofrer risco caso o autor do delito permanecesse em liberdade. 3 Andrey Borges de Mendonça, Prisão e outras medidas cautelares, pág. 233. 33 Conceito: Prisão Preventiva é uma modalidade de “prisão cautelar de natureza processual decretada pelo juiz durante o inquérito policial ou processo formal, antes do trânsito em julgado, sempre que estiverem preenchidos os requisitos legais e ocorrerem os motivos autorizadores” (Capez, pág 277). Consoante o conceito acima, quando se diz „prisão cautelar” significa que esta tem a finalidade de garantir o êxito do processo. E quando menciona a “natureza processual” significa que a medida visa garantir o bom andamento do processo. Eis as razões de sua aplicação. Natureza Jurídica: Trata-se de uma espécie de prisão provisória, possuindo natureza tipicamente cautelar. É uma medida excepcional devendo ser aplicada quando necessária, e presentes o periculum libertatis e o fumus comissi delicti. Momento para decretação da prisão preventiva: A prisão preventiva visa proteger a persecução penal (persecutio criminis). Justamente por isso, a preventiva pode ser decretada durante qualquer dos momentos daquela, ou seja, desde a suposta prática do delito até o trânsito em julgado da sentença condenatória. Nesse sentido, o artigo 311, do CPP, menciona que a prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal. Mas, em verdade, mesmo sem investigação policial é possível à decretação da prisão preventiva, desde que existam outros elementos que permita comprovar seus pressupostos e fundamentos. Assim, se o Promotor de Justiça recebe representação de determinado órgão noticiando a prática de um delito grave e estando presentes os fundamentos da prisão preventiva, nada impede que o juiz decrete a preventiva anda que sem inquérito policial a pedido do Ministério Público. Pressupostos da prisão preventiva: podem ser identificados também como requisitos. O fumus comissi delicti, são eles: a) Prova da existência do crime (prova da materialidade); b) indícios suficientes de autoria 4 . 4 Note-se que, nessa fase, não se exige prova plena, bastando meros indícios, isto é, que se demonstre a probabilidade do réu ou indiciado ter sido o autor do fato delituoso. A dúvida, portanto, milita em favor da 34 E o periculum libertatis: significa que a demora nas investigações ou do processo poderá comprometer o resultado final do processo, são as hipóteses previstas no artigo 312, do CPP. Hipóteses em que pode ser decretada a prisão preventiva. São as hipóteses alinhadas no art. 312, do CPP. São elas: a) Garantia da ordem pública: Esta hipótese para determinar a decretação da prisão preventiva é duramente criticada pela doutrina, com exemple Aury Lopes Junior que diz, no seu livro Prisões Cautelares: “Garantia da ordem pública por ser um conceito vago, indeterminado, presta- se a qualquer senhor, diante de uma maleabilidade conceitual.....Não sem razão, por sua vagueza e abertura, é o fundamento preferido, até porque ninguém sabe ao certo o que quer dizer... Nessa linha, é recorrente a definição de risco para a ordem pública como sinônimo de “clamor público”, de crime que gera abalo social, uma comoção na comunidade, que perturba a sua “tranquilidade”. De igual modo Tourinho Filho lança a seguinte crítica: “Ordem pública é expressão por demais fluída, a tranqüilidade no meio social. Assim, se o indiciado ou réu estiver cometendo novas infrações penais, sem que se consiga surpreendê-lo em estado de flagrância; e se estiver fazendo apologia de crime, ou incitando crime, ou se reunindo em quadrilha ou bando, haverá perturbação da ordem pública” (Manual de Processo Penal, pág. 572). Por fim, conceitua-se a Garantia da ordem pública da seguinte maneira: “Entende-se justificável a prisão preventiva para a garantia da ordem pública quando a permanência do acusado em liberdade, pela sua elevada periculosidade, importar em intranqüilidade social em razão do justificado receio de que volte a delinqüir”. (Norberto Avena, pág. 804). sociedade, e não do réu (princípio in dúbio pro societate). (Capez, pág. 279). Nesse sentido: “Não se pode exigir para a prisão preventiva a mesma certeza que se exige para a condenação. O in dúbio por reo vale ao ter o juiz que absolver ou condenar o réu. Não, porém, ao decidir se decreta ou não a custodia provisória. ” (RT 554/386) 35 b) Garantia da ordem econômica 5 : “Fundamenta a prisão preventiva em delitos perpetrados em detrimento do patrimônio de instituições financeiras ou de órgãos públicos, mormente naquelas hipóteses de desvios de vultosas quantias” (Norberto Avena, pág. 806). c) Conveniência da instrução criminal: “Trata-se de prisão preventiva decretada para impedir que o agente, em liberdade, venha a aliciar testemunhas, forjar ou deturpar provas, destruir elementos que possam servir de base à futura condenação, visando, assim, furtar-se à responsabilização criminal pelo fato objeto da investigação ou do processo”.(Norberto Avena, pág. 806). d) Segurança quanto à aplicação da lei penal: é baseada no receio justificado de que venha o investigado, indiciado ou réu a evadir-se do distrito da culpa, impedindo, caso venha a ser condenado, inviabilizar futura execução da pena. UMA QUESTÃO QUE CAUSA MUITA DÚVIDA: As condições pessoais do investigado, indiciado ou acusado interferem na decretação da prisão cautelar? Em relação às condições pessoais do indivíduo, as de caráter favorável ao indiciado ou acusado – tais como: primariedade, bons antecedentes, residência fixa, etc., não significa qualquer impedimento para a decretação ou manutenção da prisão preventiva, desde é claro, presentes as hipóteses, os pressupostos da medida cautelar. No entanto, se as condições pessoais forem desfavoráveis, nada impede seja estas agregadas aos demais fundamentos da medida constritiva para justificar a sua decretação. Hipóteses de admissibilidade para decretar a prisão preventiva (art. 313, do CPP). a) Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; b) Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64, do Código Penal; 5 A lei Antitruste, Lei nº 8.884/1994, em seu artigo 86, alterou a redação do art. 312, do CPP, para incluir, como circunstância autorizadora da prisão preventiva, a garantia da ordem econômica (Tourinho, pág. 674). 36 c) Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra mulher, criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. d) Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientespara esclarecê-la, devendo ser o preso colocado em liberdade imediatamente após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida (art. 313, parágrafo único, do CPP). Hipóteses em que é inadmissível para decretação preventiva De acordo com a regra incorporada no CPP, permite chegar à conclusão de não ser admitida a decretação judicial da prisão preventiva, nas seguintes hipóteses: a) nas contravenções penais6; b) nos crimes dolosos punidos com pena igual ou inferior a 04 anos, desde que as outras medidas cautelares se mostrem suficientes e adequadas. A Lei n. 9.714/98 alterou radicalmente o âmbito de aplicação das penas alternativas à prisão, passando a admitir a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito para condenações de até quatro anos, no caso de crimes dolosos cometidos sem violência ou grave ameaça e sem limite no caso de crimes culposos. Devendo observar mais dois requisitos: que o réu não seja reincidente em crime doloso e que as circunstâncias judiciais sejam suficientes para prevenir e reprimir a infração penal. c) Quando houver evidências ter o agente praticado o fato acobertado pelas excludentes da ilicitude (art. 314, do CPP). d) Nos crimes culposos, pois o inciso I do artigo 313 menciona “crimes dolosos”, portanto, os crimes culposos seja qual for a pena não pode ser decretada a prisão preventiva Fundamentação – art. 315, CPP. Nos termos do art. 315, do CPP c/c art. 93, IX e art. 5º, LXI, da CF/88, o decreto da prisão preventiva deve ser fundamentado quanto aos pressupostos ensejadores da medida cautelar. Sob pena, de ser atacada por via de habeas corpus. 6 O art. 313, do CPP, menciona “crime” devendo ser interpretado estrito sensu. 37 A par disso, os artigos 283, 310, 387, § 1º, art. 413, § 3º, todos do Código de Processo penal são enfáticos no sentido da necessidade de fundamentação, motivação do decreto de prisão preventiva. Por isso, se conclui pela imprescindibilidade de cuidadosa exposição de motivos pelo juiz quando da imposição de medidas cautelares. Oportuna é a manifestação de Aury Lopes Jr., quando diz: “É imprescindível um juízo sério, desapaixonado e, acima de tudo, calcado na prova existente nos autos. A decisão que decreta a prisão preventiva deve conter um primor de fundamentação, não bastando a invocação genérica dos fundamentos legais, Deve o juiz demonstrar, com base na prova trazida aos autos, a probabilidade do fumus comissi delicti e do periculum libertatis” (Prisões Cautelares, p. 96). Prisão Temporária – Lei 7.960/89 Introdução A prisão temporária é uma prisão provisória que tem com finalidade nuclear e primordial auxiliar a investigação em crimes graves. É uma das três espécies de prisão provisória admissível em nosso ordenamento, conforme a nova redação do artigo 283, caput, do CPP. A prisão temporária foi introduzida no ordenamento jurídico brasileiro pela lei nº 7.960/89. Como o nome indica, implica a detenção do indivíduo pelo prazo previamente demarcado na lei que a institui. Com o advento dessa forma de coação, procurou o legislador propiciar à polícia, de forma legal, o retorno da chamada prisão para averiguações. Portanto, pode ser conceituada como: Medida restritiva da liberdade de locomoção, decretada por tempo determinado, destinada a possibilitar as investigações de crimes considerados graves, durante o inquérito policial. Prisão temporária nos crimes graves Por força dos diplomas legislativos, a prisão temporária tem incidência sobre crimes que podem ser denominados graves, cujo elenco encontra-se na Lei n. 7.960/89, e sobre os crimes hediondos, cujo rol está especificado na Lei n. 8.072/90, alterada pela Lei nº 8.930/94, e os equiparados a hediondos, tais como, tráfico de drogas, terrorismo, e crime de tortura. 38 Assim, temos então: 1) Crimes graves: Estão previstos na Lei nº 7.960/1989 2) Crimes hediondos: A relação está descrita na Lei nº 8.072/90. 3) Crimes equiparados a hediondos: São os previstos como Tráfico de Drogas, na Lei nº 11.343/2006; os crimes de terrorismo, regulamentado pela Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016, e o crime de tortura, previsto na Lei nº 9.544/97. Permissivos legais Como toda prisão anterior à sentença condenatória acobertada pelo manto da res iudicata formal, mesmo que tenha ela caráter predominantemente investigatório ou policial, é excepcional por excelência, cumpre à lei que a instituiu estabelecer as situações permissivas de sua ordenação. Portanto, o legislador, ao dispor da prisão temporária, nos cânones da Lei n. 7.960/89, elencou as hipóteses permitidas para sua decretação. Trata-se de numerus clausus. Somente naquelas circunstâncias legais e nos delitos previamente fixados, a temporária guarda incidência. Por se cuidar de medida coativa da liberdade física individual, não se admite aplicação extensiva. Esses permissivos são: a) objetivos: A prisão temporária deve ser decretada quando for imprescindível para as investigações, devendo ficar demonstrada a sua necessidade, e nós crimes previstos em lei (periculum in mora); b) subjetivos: A prisão temporária deve ser decretada quando o investigado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao estabelecimento da sua identidade (fumus boni iures). Sendo que estes requisitos, mencionados acima, devem ser vistos de forma isolada e não cumulada, inclusive, a prisão temporária pode ser decretada a quem tenha identidade definida e possuir residência fixa, desde que seja imprescindível às investigações. c) A decretação da prisão temporária deve ser baseada em fundadas razões, em qualquer prova admitida em direito, probabilidade de autoria ou participação, nos crimes elencados na legislação. 39 Imprescindibilidade para as investigações O art. 1º, I, da Lei n. 7.960/89 é enfático ao prever decretação da prisão temporária quando for ela imprescindível para as investigações. Logo, se não for indispensável, se não for absolutamente necessária às investigações, a medida estudada não pode ser empregada, o que deve ser rigorosamente demonstrado por quem provocou a adoção dessa medida limitativa da liberdade individual. Nenhuma prisão temporária será decretada sem que se demonstre sua necessidade à elaboração do inquérito policial. Diante disso, antes de ordená-la, o magistrado deve verificar sua essencialidade para os fins persecutórios criminais, o que deverá constar na fundamentação da decisão que a impuser. Assim, podendo a autoridade policial e seus agentes proceder, com sucesso, às investigações do inquérito, mesmo estando o autor do delito em liberdade, a prisão temporária fica proibida. Indiciado sem residência fixa ou que deixe de fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade Os pressupostos estão previstos no artigo 1º, II, da lei 7.960/89. Do ponto de vista exegético, cada permissivo deve ser visto de forma isolada e não cumulativa. Diante disso, havendo imprescindibilidade para as investigações, tanto faz, para a decretação da prisão, que o indivíduo, denominado pela lei indiciado, tenha residência fixa e possa facilmente ser identificado. Isso porque as causas prováveis que conduzem à indispensabilidade das investigações, conforme asseverado, tanto podem ser levadas a efeito por quem tenha ou não residência fixa, ou possa ou não se identificar. Crimes que a comportam e prova de autoria e participação O legislador ordinário, de modo criterioso, alinhou os crimes que comportam a prisão temporária. A relação apresentada pelo legislador deve ser obedecida de forma rigorosa, o que impossibilita a decretação dessa medida que afeta a liberdade corpórea do agente emoutros delitos não previstos na lei estudada. Se isso ocorrer, evidente será o constrangimento ilegal, 40 amparável por writ of habeas corpus, uma vez que faltará justa causa para imposição da medida coativa. Os crimes, consumados ou tentados, previstos no Código Penal, que admitem a prisão temporária, levando-se em consideração a revogação operada primeiramente pela Lei n. 8.072/90 e, posteriormente, pela Lei n. 8.930/94, nos termos do artigo 1º, III, da Lei n. 7.960/89. São considerados crimes graves, previstos na Lei 7.960/89, são: art. 121, caput, art. 148, caput, art. 157, caput, e § 1º e 2º, art, 158, caput e § 1º. Art. 219 c/c art. 223, art. 288, todos do Código Penal. Na legislação extravagante, por força da lei abordada, o crime contra o sistema financeiro (Lei n. 7.492/86), também integrou o rol daqueles que comportam essa prisão, conforme o art. 1º, alínea “0”, da Lei 7.960/89, bem como o envenenamento de água potável. São considerados crimes hediondos: Art. 121, § 2º, art, 157, § 3º, art. l58, § 3º, art. 158, caput, §§ 1º, 2º, 3º, art. 213, art. 217-A, art. 267, § 1º, art, 273, e crime de genocídio. Portanto, como já afirmado, não basta somente a ocorrência de algum dos delitos precitados, mas deve haver “fundadas razões”, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado naqueles eventos típicos. É o que reza o artigo 1º, III, da predita Lei. Portanto, a imposição dessa prisão de natureza investigatória exige somente a probabilidade suficiente de autoria. Por expressa disposição legal, tal probabilidade tem de estar rigorosamente provada por intermédio de regulares meios probatórios, como prova testemunhal, documental ou pericial, obtida por meios lícitos, já que o legislador, acertadamente, faz menção a “qualquer prova admitida em direito”. Igualmente, não basta haver prova no sentido da existência das fundadas razões quanto à autoria ou participação delitiva para a ordenação da prisão temporária, mas que a ela se junte outro atributo: imprescindibilidade para as investigações que serão acondicionadas no inquérito policial. 41 Provocação da prisão temporária Ao contrário do que acontece com a prisão preventiva, o juiz não pode decretar de ofício a prisão temporária. Não existe previsão legal a respeito. Somente estão legitimados para provocá-la a autoridade policial e o Ministério Público. É o preceituado no art. 2º, caput da Lei 7.960/89. Decisão fundamentada e prazo A decisão do Juiz deverá ser fundamentada na esteira do normatizado no art. 2º, § 2º, da Lei nº 7.960/89. A previsão infraconstitucional é dispensável; pois, a decisão, por força constitucional, deve ser motivada, já que pressupõe ordem escrita da autoridade judiciária competente (art. 5º LXI), aliada que seja a outro preceito maior ancorado no artigo 93, IX, da CF/88, que obriga a fundamentação de todas as decisões provindas dos órgãos do Poder Judiciário. Portanto deve conter: a) comprovação de indícios suficientes de autoria ou participação; b) comprovação da existência de crime, entre as infrações penais que a medida comporta; c) demonstrar a imprescindibilidade para as investigações. d) se o investigado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos para o estabelecimento de sua identidade. Nesse caso, não é requisito essencial. Da mesma maneira, a decisão deverá embasar-se em provas concretas quando a circunstância elementar da decretação recair sobre o indiciado que não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade. Não basta simples afirmação do representado ou requerente 7 . O juiz também pode de ofício solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial, conforme prevê o artigo 2º § 3º, da Lei telada. 7 Com relação aos requisitos subjetivos como visto alhures, não possuir o indiciado residência fixa o elementos com relação a sua identificação, são somados a imprescindibilidade, mas mesmo tendo residência fixa e não havendo dúvidas com relação a identidade do acusado, pode ser decretada a prisão temporária. 42 O prazo demarcado pela lei para que seja prolatada a decisão é de 24 horas, contado a partir da hora do recebimento da representação ou do requerimento, salvo se o magistrado entender que deve ser realizada alguma diligência, oportunidade na qual esse espaço temporal terá início em sua conclusão. Prisão, duração e colocação do preso em liberdade. Uma vez decretada a prisão temporária, deverá ser expedido mandado de prisão, contendo, no que couber, os requisitos alinhados no art. 285, do CPP. Essa ordem deverá ser expedida em duas vias, sendo certo que uma delas deve ser entregue ao preso logo após sua prisão, servindo como nota de culpa (art. 2º, § 4º, da Lei n. 7.960/89). O objetivo primário da lei determinando que o mandado de prisão sirva de nota de culpa é justamente poder propiciar ao preso o uso de meios de defesa quanto a sua liberdade física, motivo pelo qual a ordem deve ser bastante clara ao apontar o motivo de sua prisão temporária. A duração da prisão temporária nos crimes graves é de cinco dias, contados da data em que se verificou a detenção do indiciado. Esse prazo poderá ser prorrogável 8 por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade para as investigações (art. 2º, § 7º, da lei n. 7.960/89). Ainda, a Lei extravagante objeto de considerações doutrinárias, determinou o acréscimo do art. 4º, I da Lei n. 4.898/65, que tipifica as condutas alusivas ao crime de abuso de autoridade, ameaçando de pena a autoridade policial que “prolongar a execução de prisão temporária..” Igualmente, a colocação em liberdade somente verificar-se-á caso não tenha sido decretada a prisão preventiva. Se isso acontecer, a nova prisão do indiciado deve ser formalizada conforme os requisitos legais e mediante apresentação de mandado específico. Prisão temporária nos crimes hediondos e naqueles a eles equiparados 8 A prorrogação deve ser através de nova decisão da autoridade judiciária. 43 A vigente Constituição Federal estabeleceu, no artigo 5º, XLIII, os crimes hediondos, cabendo ao legislador infraconstitucional regulamentá-la, sendo editada a Lei n. 8.072/90, dispondo sobre os delitos dessa natureza no art. 1º e seu parágrafo único, da Lei n. 8.072/90, elencou as figuras típicas como hediondas. Posteriormente, foi promulgada a Lei n. 8.930/94 dando nova redação do Diploma por último citado, estabelecendo um novo rol de crimes tido como hediondos, no artigo 1º. Na legislação especial, o crime de genocídio consumado ou tentado, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889/56, também é considerado hediondo. São crimes hediondos por equiparação: I - a prática de tortura; II – o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e III – terrorismo. Nestes casos, para a decretação da prisão temporária deve serem observados, além do crime os requisitos já estudados. Prisão temporária nos crimes hediondos e sua duração O prazo para o cumprimento da prisão temporário no caso de crimes hediondos ou os crimes a ele equiparados a lei que instituiu estabeleceu um prazo mais dilatado para a prisão temporária: trinta dias, prorrogável por idêntico período (art. 2°, § 4º). A exemplo da prorrogação da prisão temporária nos crimes elencados na Lei n. 7.960/89, nos delitos que estão sendo alvo de estudo, deve haver também a demonstração da extrema e comprovada necessidade da dilatação da detenção sob pena de ficar caracterizada sua ilegalidade. A prisão não pode ultrapassar os sessenta dias, pois pode acarretar constrangimento ilegal, devendo o indiciado
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