Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 MARIA EDUARDA DE SÁ FARIAS-MAD Aula 6- Clélia Mota Doença de Chagas INTRODUÇÃO A tripanossomose americana ou doença de chagas é uma zoonoso do continente americano com forte indicidência no Brasil Doença infecciosa Agente etiológico: Trypanossoma cruzi (protozoário flagelado) Antropozoonose: doença natural de animais, mas que pode ser transmitida ao homem Cerca de 12 a 14 milhões de pessoas infectadas Não é uma doença exclusiva da América Latina Conhecido como barbeiro; hábitos noturnos EPIDEMIOLOGIA O ciclo do Trypanossoma Cruzi era exclusivamente silvestre Ocorria entre os hospedeiros invertebrados (vetores triatomíneos-insetos hematófagos) entre os animais silvestres Mas infelizmente com a intervenção do homem na natureza, através da destruição da fauna, flora e também a construção de habitações precárias (casas de taipa) próximas a esses ambientes, locais que facilitaram a adaptação e a colonização dos triatomíneos Com isso, o clico que era exclusivamente silvestre, passou a ocorrer de forma doméstica, acometendo o homem e seus animais domésticos HISTÓRICO A doença de chagas, ela foi descrita pela primeira vez em 1909, por um médico denominado Carlos Chagas Carlos Chagas havia se formado recentemente com a tese que falava sobre a malária. Ele logo se engajou a equipe de Oswaldo Cruz Oswaldo Cruz designou com que Carlos Chagas fosse para Lassance em MG, onde estava ocorrendo um surto de malária que impedia a construção da estrada de ferro central no Brasil. Então Carlos Chagas ao chegar em Lassance para combater esse surto de malária, chamou logo sua atenção um inseto vetor que sugava a face de algumas pessoas que ali residia e que algumas dessas pessoas se apresentavam doente depois disso. Ele sabendo da importância do inseto vetor para a transmissão de doenças, coletou alguns exemplares desses insetos, observou que no interior desse inseto, no material fecal desse inseto vetor havia um micro-organismo flagelado e isso despertou sua curiosidade. Enviou para Oswaldo Cruz esses exemplares, lá ele fez com que esses insetos sugassem o sangue de saguins criados em laboratório e, portanto, isentos de doenças. Esses saguins após terem sidos sugados pelos triatomíneos, eles apresentaram alguns dias depois doentes, Oswaldo,, portanto coletou o sangue desses saguins e observou também a presença de um micro-organismo flagelado, ele então comunicou a Carlos Chagas, que veio para o instituto e la denominaram o nome desse micro- organismo de Trypanossoma Cruzi (homenagem a Oswaldo Cruz) Então Carlos Chagas voltou para Lassance e começou a estudar, a avaliar as pessoas que haviam sido sugadas pelo inseto vetor e que apresentavam manifestações clinicas após isso, e ele se deparou com uma criança de 2 anos, chamada de Berenice, que depois de ter sido sugada pelo inseto vetor, ela apresentou febre, e edema dos membros inferiores. Então Calos Chagas no momento da febre de Berenice ele coletou o sangue e observou a presença desse micro-organismo A “tripla descoberta” Vetor- insetos hematófagos Agente Etilógico- Trypanossoma cruzi Patologia VETOR Triatomíneos- percevejos hematófagos (se alimentam de sangue) Grandes- 1 a 4 cm Gêneros de maior interesse médico: Triatoma Panstrongylus Rhodnius 2 MARIA EDUARDA DE SÁ FARIAS-MAD CLASSIFICAÇÃO Agente etiológico OBS: Cinetoplasto- mitocôndria diferenciada MORFOLOGIA Ele muda de forma de acordo com o hospedeiro em que ele se encontra, tanto no hospedeiro vertebrado como no invertebrado Tripomastigota Sanguínea Metaciclica Essas formas evolutivas são encontradas em diferentes hospedeiros Amastigota: Possui uma invaginação da membrana (bolso flagelar) Curto flagelo, mas não se exterioriza Praticamente imóvel Núcleo relativamente grande, e excêntrico Cinetoplasto Essa forma ela é intracelular, encontrada no interior das células do hospedeiro vertebrado Epimastigota: Encontrada no intestino médio do inseto vetor, do hospedeiro invertebrado Forma alongada Núcleo relativamente central O cinetoplasto se localiza perto do núcleo, por esse motivo ele é chamado de justa nuclear Próximo ao cinetoplasto, emerge um flagelo que percorre parte do corpo do protozoário, aderido a membrana deste protozoário Esse flagelo só se torna livre quando ultrapassa a extremidade anterior, e forma uma pequena membrana ondulante Tripomastigota: São encontradas em diferentes locais Sanguínea: encontrada no sangue do hospedeiro vertebrado (no homem, no cão infectado) Metaciclicas: encontradas no intestino posterior do inseto vetor O cinetoplasto apresenta na extremidade posterior Apresenta-se na forma de “S” ou “C” Núcleo relativamente central O flagelo percorre todo o corpo do protozoário, formando uma grande membrana ondulante 3 MARIA EDUARDA DE SÁ FARIAS-MAD O flagelo só se torna livre quando ultrapassa a extremidade anterior ASPECTOS BIOLÓGICOS Essa imagem representa o tubo digestivo do inseto vetor Quando esse inseto ele ingere o sangue de um hospedeiro vertebrado infectado, ele vai ingerir a forma que está no sangue do hospedeiro, que é a forma tripomastigota sanguínea Quando essa forma é ingerida, ela atravessa o intestino anterior, e vai se transformando na forma epimastigota, essa forma tem capacidade multiplicação, se divide por divisão binária, originando assim várias novas epimastigotas Essas epimastigostas vão sair do intestino médio, e vão para o intestino posterior e se transformam em tripomastigota metaciclico, porque elas sofrem um processo denominado metaciclogênese OBS: Metaciclogêne- processo que transforma as tripomastigotas metaciclicas em infectantes Na ampola retal tem formas epimastigostas que ainda não se diferenciaram e vai ter também formas tripomastigotas que já sofreram metaciclogênese. Quando esse inseto vetor vai realizar o hematofaguíssimo, ele tem o hábito de defecar e urinar o local que ele realizou a picada, ele vai liberar tanto formas epimastigostas que não se diferenciaram, como também vai liberar formas tripomastigotas que sofreram metaciclogênese, por isso são infectantes As formas epimastigotas e tripomastigotas elas podem vim a alcançar o orifício da picada do inseto, e vão cair na solução de continuidade da pele. As formas epimastigotas elas são infectantes, portanto elas serão fagocitadas pelas células do nosso sistema fagocitário mononuclear da pele, principalmente pelos macrófagos e elas serão destruídas, pois não são infectantes Mas as formas tripomastigotas metaciclicas, que são fagocitadas pelos macrófagos, elas vão conseguir sobreviver e vão conseguir se transformar na forma intracelular, que é a forma amastigota, e por isso elas vão conseguir sobreviver a ação dos macrófagos CICLO BIOLÓGICO 4 MARIA EDUARDA DE SÁ FARIAS-MAD 1- O vetor infectado, ao fazer seu repasto sanguíneo, defeca e lança na pele lesada a forma tripomastigota metaciclica 2- As formas metaciclicas penetram e invadem células do hospedeiro 3- A forma tripomastigota se converte a amastigota, que se multiplica intensamente por divisão binária dentro da célula 4- O rompimento da célula parasitada causa a liberação de tripomastigotas sanguíneas 5- A forma tripomastigota no sangue circulante pode penetrar em outra célula (retornando ao passo1) ou ser ingerida pelo triatomíneo (passando para o passo 6) 6- A forma tripomastigota sanguínea chega ao estômago do triatomíneo; transformação da formatripomastigota em epimastigota no intestino posterior do inseto 7- Forma epimastigota em multiplicação por divisão binária 8- Forma epimastigota transforma-se em forma tripomastigoota metaciclica no reto do inseto; passa para as fezes do triatomíneo e torna-se apta a penetrar em células do hospedeiro mamífero e reiniciar o ciclo CICLO BIOLÓGICO NO HOSPEDEIRO Presença importante das formas tripomastigodas e amastigotas. As formas amastigotas, epimastigotas e tripomastigotas interagem com células do hospedeiro vertebrado. Entretanto, as epimastigotas não são capazes de nelas se desenvolver e multiplicar. Já a forma amastigota só se desenvolve em macrófagos, e não em células como as cardíacas, nervosas ou do TGI onsiderando o mecanismo natural de infecção pelo T. cruzi, os tripomastigotas metacíclicos eliminados nas fezes e urina do vetor, durante ou logo após o repasto sanguíneo, penetram pelo local da picada (pele íntegra não serve como porta de entrada para os tripomastigotas metacíclicos) e interagem com células do sistema mononuclear fagocítico da pele ou mucosas. Neste local, ocorre a transformação dos tripomastigotas em amastigotas, que aí se multiplicam por divisão binária simples. A seguir, ocorre a diferenciação dos amastigotas em tripomastigotas, que são liberados da célula hospedeira caindo no interstício No início da infecção do vertebrado (fase aguda), a parasitemia é mais elevada, podendo ocorrer morte do hospedeiro. Quando o hospedeiro desenvolve resposta imune eficaz, diminui a parasitemia e a infecção tende a se cronificar. Na fase crônica, o número de parasitas é pequeno na circulação, só sendo detectados por métodos especiais (xenodiagnóstico, hemocultura e inoculação em camundongos) A interação entre o parasito e a célula hospedeira ocorre em três fases sucessivas: Adesão celular: quando ambos se reconhecem e o contato membrana- membrana ocorre Interiorização: quando ocorre a formação de pseudópodes e a consequente formação do vacúolo fagocitário Fenômenos intracelulares: quando as formas epimastigotas são destruídas dentro do vacúolo fagocitário(fagolisossoma) e os tripomastigotas sobrevivem resistindo as ações das enzimas lisossômicas e desenvolvendo-se livremente no citoplasma da célula, onde se transformam em amastigotas (três horas após a interiorização) CICLO BIOLÓGICO NO HOSPEDEIRO INVERTEBRADO Presença importante das formas epimastigotas e tripomastigotas metacílicas Os triatomíneos vetores se infectam ao ingerir as formas tripomastigotas presentes na corrente circulatória do hospedeiro vertebrado durante o hematofagismo. No estômago do inseto eles se transformam em formas arredondadas (esferomastigotas) e epimastigotas. No intestino médio, os epimastigotas se multiplicam por divisão binária simples, sendo responsáveis pela manutenção da infecção no vetor. No reto, porção terminal do tubo digestivo, os epimastigotas se diferenciam em tripomastigotas metacíclicos (infectantes para os vertebrados e encontrados nos xenodiagnósticos), sendo eliminados nas fezes ou na urina. Essa é a descrição clássica adotada para o ciclo do T. cruzi no invertebrado OBS: A presença da glicoproteína GP-83 na superfície das formas tripomastigotas faz com que este protozoário tenha tropismo pelas células do sistema cardíaco, digestivo e nervoso OBS: A presença do TcTox neste protozoário faz com que ele seja capaz de formar poros e escapar do vacúolo fagocítico dos macrófagos e de suas enzimas. OBS: Os medicamentos até hoje desenvolvidos só agem na forma tripomastigota sanguínea. Porém, como a doença de Chagas é geralmente diagnosticada na sua fase crônica, os medicamentos não são eficazes contra forma sanguínea larga (presente na fase crônica) ou contra a fase metacíclica. OBS8: A reprodução assexuada do T. cruzi se dá por multiplicação binária, em que os eventos celulares, em ordem cronológica, são os que seguem: multiplicação 5 MARIA EDUARDA DE SÁ FARIAS-MAD do cinetoplasto e blefaloplasto-divisão do flagelo- Divisão do núcleo-divisão das organelas por completo TRANSMISSÃO Transmissão pelo vetor: este mecanismo de transmissão é o que tem maior importância epidemiológica. A infecção ocorre pela penetração de tripomastigotas metacíclicos (eliminados nas fezes ou na urina de triatomíneos, durante o hematofagismo) em solução de continuidade da pele ou mucosa íntegra Transfusão sanguínea: este constitui o segundo mecanismo de importância epidemiológica na transmissão da doença de Chagas. Conduta: maior rigor no controle do sangue e hemoderivados; efetiva atuação da vigilância sanitária; considerar que não existe transfusão de sangue isenta de risco Transmissão congênita: A transmissão ocorre quando existem ninhos de amastigotas na placenta, que liberariam tipomastigotas que chegariam à circulação fetal. A transmissão é transplacentária, e pode ocorrer em qualquer fase da doença ou da gestação, até mesmo no momento do parto. O diagnóstico diferencial é feito pelo encontro do T. cruzi na placenta ou pesquisa de anticorpos IgM anti-T. cruzi no soro do recém-nascido pela RIFI ou ELISA Aleitamento materno: poucos são os casos descritos na literatura. Casos suspeitos de fissura mamária estão mais relacionados. Deve- se descartar se não houve transmissão placentária. Não contraindica a amamentação. Acidentes de laboratório: pode ocorrer entre pesquisadores e técnicos que trabalham com o parasito, seja no sangue de animais, pessoas infectadas, meios de cultura ou vetor. A contaminação pode se dar por contato do parasito com a pele lesada, mucosa oral ou ocular ou autoinoculação. Transmissão oral: pode acontecer em várias situações, como na amamentação, pois o T. cruzi já foi encontrado em leite materno na fase aguda da infecção; animais ingerindo triatomíneos infectados; canibalismo entre diferentes espécies de animais; pessoas ingerindo alimentos contaminados com fezes ou urina de triatomíneos infectados. A penetração do parasito, em todos estes casos, pode ocorrer pela mucosa da boca íntegra ou lesada. O parasita resiste à ação do suco gástrico. Há relatos desse tipo de transmissão na Paraíba (Catolé do Rocha), Rio Grande do Sul (2003) e Pará (2007). Transmissão sexual: ocorre mais comumente em casos de homem susceptível com mulher infectada em período menstrual; existem relatos de eliminação do T. cruzi no esperma de homens infectados. Transplantes: este mecanismo de transmissão pode desencadear fase aguda grave, pois o indivíduo que recebe um órgão transplantado infectado toma drogas imunossupressoras e, consequentemente, torna-se menos resistente a infecção PATOGENIA 6 MARIA EDUARDA DE SÁ FARIAS-MAD É semelhante à da fase crônica, como por exemplo a participação do T. cruzi, ele vai invadir inicialmente a pele/mucosa do hospedeiro, vai penetrar nas células na forma tripomastigota metaciclica inicialmente, mas depois várias células serão invadidas pela forma tripomastigota sanguínea. Tanto a forma metaciclica como a forma sanguínea vão se transformar dentro das células na forma amastigota, que vão se multiplicar por divisão binária e depois vão se transformar novamente nas formas tripomastigotas sanguíneas. Isso vai ocorrer inicialmente na pele, mas depois vai ocorrer nos órgãos do hospedeiro e dependendo da resposta imunológica esse processo inflamatório vai ser mais ou menos exacerbado Como ocorre a transformação das amastigotas em tripomastigotas sanguíneas e o rompimento de várias células do hospedeiro, vai haver a liberação de parasitos que se diferenciaram e esses parasitos vão invadir novas células, vai haver também a liberação de parasitos que não se diferenciaram, que também vão invadir novas célulasem menor proporção. E vão ser liberados restos celulares e metabólicos secundários Com o rompimento dessas células, liberação de parasitos do T. cruzi nas suas diferentes formas, vai haver no local o recrutamento de células imunocompetentes, ou seja, de células de defesa, de células que são capazes de produzir e liberar mediadores da inflamação (citocinas), e nesse local vai ocorrer uma resposta inflamatória, geralmente na fase aguda essa reposta é do tipo focal E nesse exsudado inflamatório vai haver uma infiltração fugaz de leucócitos polimorfonucleares Alta pasasitemia As células do hospedeiro serão invadidas, de forma mais lenta, e menor proporção já que o número de parasitos é menor, isso vai ocorrendo ao longo dos anos. Por isso, que o indivíduo só apresenta sintomas da fase crônica da doença 10 anos depois que ele se infectou O T. cruzi tem tropismo pelo sistema cardíaco e pelo sistema digestório Vai se transformar em amastigotas, vão se multiplicar por divisão binária, originando novas amastigotas. E antes dessas células serem destruídas, essas formas vão se diferenciar na Tripomastigota sanguínea. Quando as células se rompem, as formas sanguíneas irão infectar novas células adjacentes, ou de outros órgãos. Vai destruindo lentamente o tecido cardíaco, do intestino, do esôfago As amastigotas podem invadir também novas células e continuar o ciclo evolutivo Levando o recrutamento de células imuocompetentes, com liberação de mediadores da inflamação e consequentemente promovendo uma reação imunológica que vai prosseguir com fenômenos degenerativos, e consequentemente com surgimento de fibrose Maior capacidade fibrosante do tecido Presença de exsudato inflamatórios-mesmo de forma lenta- com a presença de monócitos e linfócitos Baixa parasitemia 7 MARIA EDUARDA DE SÁ FARIAS-MAD ASPECTOS CLÍNICOS Fase aguda: sintomática ou assintomática Sintomática Primeira infância: morte (10%) Manifestações locais: 4 a 10 após a picada Regredindo em um ou dois meses Aparecem em 50% dos casos agudos Outros pacientes eles apresentam manifestações mais discretas, manifestações locais, que são chamadas de “sinais de porta de entrada”, e ocorre no local onde houve a penetração do protozoário, ou seja, durante a transmissão vetorial, quando o inseto vetor ele defeca e libera as formas infectantes do parasita, no local que esse protozoário penetrou o indivíduo pode apresentar manifestações inflamatórias, dependendo do local, se ocorrer na pele é chamado de chagoma de inoculação; se ocorrer na conjuntiva é chamado de sinal de romanã Manifestações locais: Chagoma de inoculação: Quando o inseto realiza o hematofaguíssimo e defeca em uma área da perna do indivíduo, podem apresentar uma resposta inflamatória do tipo aguda, promovendo hiperemia, edema, aquecimento do local, depois vai haver uma formação de uma crosta, ressecamento. Esse processo inflamatório ele compromete desde a epiderme até a hipoderme. E é observado também o comprometimento de linfonodos satélites, formando um complexo cutâneo linfonodal Sinal de Romanã: Quando o protozoário entra no globo ocular/conjuntiva. O indivíduo pelo ato de coçar acaba levando o protozoário para o olho, e ele penetra na conjuntiva podendo promover um processo inflamatório, ocorrendo um edema unilateral, edema bi palpebral, congestão conjuntival e também existe a possibilidade de comprometimento dos linfonodos satélites, principalmente dos pré-auriculares e dos linfonodos submandibulares. A uma formação do complexo conjuntivo-linfnodal Manifestações gerais: Febre intensidade variável Edema local e generalizado Hepatomegalia/Esplenomegalia Insuficiência cardíaca Perturbações neurológicas Fase crônica: Assintomática/ Indeterminada Positividade de exames sorológicos Ausência de sintomas e/ou sinais Eletrocardiograma normal Coração, esôfago e colón radiologicamente normais Sintomática Forma cardíaca Forma digestiva Forma cardiodigestiva OBS: Geralmente as crianças que vem a óbito em decorrência de uma miocardite extremamente grave, ou ainda de meningoencefalite, em consequência da infecção DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Os exames realizados para diagnóstico na fase aguda são: Exames parasitológicos: utilizado no intuito de encontrar a forma tripomastigota do tipo sanguíneo no sangue do hospedeiro. Método direto:Exame de sangue a fresco com gota de sangue colocada entre lâmina e lamínula. Exame de sangue em gota espessa:Este método tem mais chances de detectar o parasito do que o método anterior, por concentrar maior quantidade de sangue em um mesmo espaço. Esfregaço sanguíneo corado pelo Giemsa: Este método oferece vantagem por permitir observar a morfologia do parasito, mas só será possível em casos de parasitemia muito elevada. Xenodiagnóstico e a hemocultura: são métodos muito sensíveis na fase aguda. Baseia-se na coleta do sangue do hospedeiro com as formas tripomastigotas sanguíneas através do replasto sanguíneo do próprio barbeiro: por meio de uma tela contendo esses triatomíneos, aplica-se sobre o membro do paciente e permite o replasto desse artrópode. Cerca de 30 dias depois, faz-se a pesquisa parasitológica das fezes do barbeiro, no intuito de encontrar tripomastigotas metacíclicas. A desvantagem é a demorados resultados 8 MARIA EDUARDA DE SÁ FARIAS-MAD Exames Sorológicos (imunológicos): Reação de imunofluorescência indireta (RIFI): Apresenta alta sensibilidade a partir do 15o dia de infecção, detectando anticorpos da classe IgM, que raramente ocorrem na fase crônica da doença, mas que são constantes na fase aguda, com títulos elevados. Enzime-linked-immunosorbent-assay (ELISA): Esta técnica também detecta classes específicas de anticorpos e, portanto, é indicada para o diagnóstico de fase aguda da doença, utilizando-se conjugado anti-IgM. Na fase crônica, são realizados os seguintes meios para diagnóstico: Exames parasitológicos: Xenodiagnóstico: Em geral, realiza-se nos pacientes o xenodiagnóstico natural, colocando-se os triatomíneos para sugar o braço do paciente. Para que o xenodiagnóstico dê bons resultados, há necessidade de se empregar espécies de triatomíneos bem adaptados as cepas locais do T. cruzi. Em geral, as espécies de barbeiros que apresentam melhor susceptibilidade são: Triatoma infestans, Panstrongylus megistus, T. braziliensis e T. pseudomaculata. Hemocultura: este método, quando realizado em paralelo com o xenodiagnóstico, pode apresentar maior sensibilidade, dependendo da técnica utilizada. Exames sorológicos (imunológico) Reação de hemaglutinação indireta (RHA) Reação de imunofluorescência indireta (RIFI) Enzime-linked-immunosorbent-assay (ELISA) OBS: Testes imunológicos positivos podem indicar ainda uma reação cruzada com a Leishmania. PROFILAXIA Melhoria das habitações rurais; Controle do doador de sangue; Combate ao barbeiro com organização de campanha (uso de inseticidas); Levantamento das espécies implicadas; Controle da transmissão congênita TRATAMENTO Na doença de Chagas, o tratamento é baseado em drogas antiparasitárias, para aniquilar o parasita, e no controle dos sinais e sintomas da infecção. O tratamento tem como objetivo a supressão da parasitemia, com o intuito de reduzir a velocidade de acometimento do sistema nervoso parassimpático. Os distúrbios autonômicos provocados pela doença podem resultar, eventualmente, em megaesôfago, megacolón e miocardiopatia dilatada acelerada Nifurtimox: age contra as formas sanguíneas e parcialmente contra as formas teciduais. É administrado via oral, sob a forma decomprimido na dose 8 a 12mg/kg por dia, até 90 dias. Os efeitos colaterais (que aumentam com doses mais prolongadas) são anorexia, emagrecimento, náuseas, vômitos, alergia cutânea, parestesias irreversíveis, polineuropatia. Esta droga foi recentemente retirada do mercado. Benzonidazol: possui efeitos apenas contra as formas sanguíneas. Os efeitos colaterais observados são: anorexia, perda de peso, vertigens, dermatites urticariformes, cefaleia, sonolência e dores abdominais, hiperexcitabilidade, depressão medular, polineuropatia (mais frequente em idosos e de efeito cumulativo). As doses são: Adulto: 5 mg/kd/dia; Criança: 5 – 10 mg/kg/dia Lactentes: 10 mg/kd/dia Vale salientar que o tratamento só é indicado na fase aguda da doença. Na fase crônica, faz-se apenas controle das sequelas (tratamento sintomático). 2 doses diárias, por 90 dias 9 MARIA EDUARDA DE SÁ FARIAS-MAD
Compartilhar