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Leishmaniose: Gênero Leishmania

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Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 1 
LEISHMANIOSE 
GÊNERO LEISHMANIA: -O gênero Leishmania (Ross, 1903) 
pertence a ordem Kinetoplastida, à família 
Trypanossomatidae e agrupa espécies de protozoários 
unicelulares, digenéticos (heteroxenos), encontradas nas 
formas promastígota e paramastigota, flageladas livres ou 
aderidas ao trato digestivo dos hospedeiros 
invertebrados, e amastigota, sem flagelo livre, parasito 
intracelular. A reprodução ocorre por divisão binária 
simples em ambos os hospedeiros. 
-Como hospedeiros invertebrados são identificados, 
exclusivamente, fêmeas de insetos hematófagos 
conhecidos como flebotomíneos. 
-Os hospedeiros vertebrados incluem uma grande 
variedade de mamíferos. Embora as infecções por esses 
parasitos sejam mais comuns nos roedores e canídeos, 
são conhecidas também entre edentados, marsupiais, 
procionídeos, ungulados primitivos, felinos, primatas e, 
entre estes, o homem. 
-A transmissão do agente ocorre por meio de mecanismo 
complexo, no momento da hematofagia do inseto 
infectado. 
Morfologia: 
-AMASTIGOTAS: As amastigotas, no interior das células 
fagocitárias ou livres, dependendo da preparação, 
quando fixadas e coradas pelos métodos derivados do 
Romanovsky, aparecem a microscopia óptica como 
organismos ovais, esféricos ou fusiformes. No citoplasma, 
corado em azul-claro, são encontrados: núcleo grande e 
arredondado, ocupando as vezes um terço do corpo do 
parasito, e cinetoplasto em forma de um pequeno 
bastonete, ambos corados em vermelho-púrpura, além 
de vacúolos que podem ou não ser visualizados. Não há 
flagelo livre. 
-Quando examinadas ao microscópio eletrônico de 
transmissão o envoltório é formado por uma unidade de 
membrana, sob a qual estão dispostos, em conformação 
regular e equidistante, microtúbulos em número variável. 
Nas diferentes espécies de Leishmania, a membrana 
apresenta uma invaginação na região anterior do corpo 
do parasito formando a bolsa flagelar, onde se localiza o 
flagelo. Aí não são encontrados microtúbulos 
subpeliculares e são grandes as atividades de excreção 
e de pinocitose. 
-O núcleo possui configurações variadas, tendendo a 
esférico, ora denso, ora mais frouxo, mostrando um 
cariossomo central ou excêntrico e a cromatina com 
disposição variável. São observados na matriz 
citoplasmática o aparelho de Golgi e o retículo 
endoplasmático, ribossomos, além de vacúolos e 
inclusões. 
-PROMASTIGOTAS: As formas flageladas, promastígotas 
são encontradas no trato digestivo do hospedeiro 
invertebrado. São alongadas, com um flagelo, livre e 
longo, emergindo do corpo do parasito na sua porção 
anterior. O núcleo é arredondado ou oval, e está situado 
na região mediana ou ligeiramente na porção anterior do 
corpo. -As promastigotas apresentam uma variabilidade 
muito grande nas medidas do corpo. O flagelo apresenta 
sempre medidas iguais ou superiores ao maior diâmetro 
do corpo. 
-As promastígotas metacíclicos são as formas infectantes 
para os hospedeiros vertebrados, possuem os diâmetros 
do corpo nos menores limites apresentados pelos 
promastígotas e o flagelo muito longo, cerca de duas 
vezes o comprimento do corpo. Possuem mobilidade 
intensa e são encontrados livres nas porções anteriores do 
trato digestivo do inseto. 
-PARAMASTIGOTAS: As paramastígotas são pequenas e 
arredondadas ou ovais. O flagelo é curto, exterioriza se na 
região anterior do corpo e sua extremidade pode estar 
aderida a superfície cuticular da porção anterior do trato 
digestivo do vetor através de hemidesmossomos. O 
núcleo mantém-se na posição mediana do parasito e o 
cinetoplasto é paralelo ou ligeiramente posterior ao 
núcleo. 
-A multiplicação, por divisão binária simples, é iniciada 
pela duplicação do cinetoplasto, um dos quais mantém 
o flagelo remanescente, enquanto o outro promove a 
reprodução da estrutura flagelar. A seguir, o núcleo se 
divide e, em seguida,o corpo do parasito se fende no 
sentido antero-posterior. 
-Leishmania, nas diferentes formas evolutivas, apresenta 
em sua superfície uma variedade de moléculas muito 
importantes para a relaçao dos parasitos com os seus 
hospedeiros, determinando a virulência, infecciosidade, 
sobrevida e patogênese. As formas flageladas expressam, 
entre outras moléculas, um complexo lipofosfoglicano, o 
LPG. Dentre as proteínas, uma metaloprotease, a gp63, é 
encontrada em ambas as formas. 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 2 
CICLO BIOLÓGICO: 
-Os hospedeiros vertebrados são infectados quando 
formas promastígotas metacíclicas são inoculadas pelas 
fêmeas dos insetos vetores, durante o repasto sanguíneo. 
Estes insetos possuem o aparelho bucal curto e rígido, 
adaptado para dilacerar tecidos e vasos sangíneos do 
hospedeiro, o que proporciona a obtenção de um misto 
de linfa, sangue e restos celulares durante a alimentação. 
A saliva do inseto é inoculada neste ambiente e exerce 
papel importante como anticoagulante, vasodilatadora 
e antiagregação de plaquetas, favorecendo o fluxo de 
sangue e o acúmulo de linfa intersticial. Além destes 
efeitos, sabe-se que fatores presentes na saliva de 
flebotomíneos têm ação quimiotática para monócitos e 
imunorregulador, com capacidade de interagir com os 
macrófagos, aumentando sua proliferação e impedindo 
a ação efetora destas células na destruição dos parasitos. 
A saliva de Lutzomyia longipalpis contém o mais potente 
vasodilatador conhecido, o maxidilan, que além desta 
ação parece ser responsável pela maioria dos efeitos 
imunomodulatórios da saliva deste inseto sobre a célula 
hospedeira, durante a transmissão de Leishmania. 
-As formas promastígotas metacíclicas são resistentes a 
lise pelo complemento. Um dos mecanismos desta 
resistência é devido, em parte, a modificações estruturais 
no LPG. Após a ativação do complemento, frações como 
C3 e C3b, não se ligariam diretamente a membrana do 
parasito, devido a cobertura desta pelo LPG, e assim, o 
acesso e a inserção do complexo C5b-9 ou a formação 
de C5 convertase seriam dificultados, impedindo a sua 
lise. Por outro lado, a gp63 também preveniria a ação do 
complemento, através da clivagem de C3b em C3bi. As 
promastígotas podem ainda interagir com outras 
proteínas do soro para ativar o complemento, facilitando 
a adesão a membrana do macrófago. 
-Durante o processo de endocitose do parasito, por 
causas fisiológicas, a célula hospedeira aumenta 
intensamente a sua atividade respiratória. Os produtos 
liberados deste processo, com a formação de óxido 
nítrico, dos radicais livres óxidos, hidroxilas, hidróxidos e 
superóxidos (O-, OH-, H+e H202), são conhecidos por 
serem altamente lesivos para membranas celulares. Os 
parasitos necessitam da utilização de mecanismos de 
escape a este ataque. Novamente o LPG aparece como 
uma molécula protetora contra a ação destes radicais. 
Além disto, a saliva do inseto, presente neste ambiente, 
exerce ação inibidora da estimulação dos macrófagos, 
reduzindo a capacidade destas células de produzir Óxido 
nitrico. Entretanto, a internalização é também um 
mecanismos de defesa. 
-A internalização de Leishmania se faz através da 
endocitose mediada por receptores na superficie do 
macrófago. As promatígotas metacíclicas utilizam a 
opsonização com C3b e C3bi para se ligarem a CR1 e 
CR3 no macrófago. Estes receptores promovem a 
fagocitose, sem estimular o aumento da atividade 
respiratória da célula e a consequente geração de 
radicais livres. Através deles, o parasito pode ser 
prontamente internalizado pelas células de Langerhans 
da derme, embora não se reproduzam aí. A rápida 
transformação em amastígotas é outra forma de evadir 
ao ataque do hospedeiro. 
-Após a internalização, o promastigota metacíclico é 
encontrado dentro do vacúolo parasitóforo. Ocorre, 
então, ofenômeno de toque entra o vacúolo que 
contém o parasito e os lisossomos, que permite a 
passagem de enzimas para o fagossomo sem, no 
entanto, ocorrer a fusão. O LPG do parasito pode retardar 
este toque, para sua adaptação as condições do novo 
ambiente. A promastígota transforma-se em amastígota, 
capaz de desenvolver e multiplicar no meio ácido 
encontrado no vacúolo digestivo. Nestas condições, a 
gp63, protease, atua degradando as enzimas lisossomais. 
-Mantendo o controle das condições ambientais internas 
do vacúolo, a amastígota inicia o processo de sucessivas 
multiplicações. Na ausência do controle parasitário pela 
célula hospedeira, esta se rompe e as amastígotas 
liberadas serão, por mecanismo semelhante, 
internalizadas por outros macrófagos. Este ciclo 
(multiplicação da forma asmastigota dentro do 
macrófago) acontece tanto na LTA quanto na LV. A 
diferença é a seguinte: 
• LTA: o ciclo ocorre nos macrófagos residentes na pele 
e/ou mucosas. 
• LV: o ciclo ocorre em órgãos linfoides (medula óssea, 
baço, linfonodos) e nas vísceras. 
-A infecção para o hospedeiro invertebrado ocorre 
quando da ingestão, no momento do repasto sanguíneo 
em indivíduo ou animal infectado, das formas 
amastígotas que acompanham o sangue e/ou a linfa 
intersticial. 
O alimento, no intestino médio do inseto, é rapidamente 
envolvido por uma membrana quitinosa, secretada pelas 
células epiteliais do intestino, a matriz peritrófica. No 
interior desta matriz, após cerca de 18-24 horas, as 
amastígotas se transformam em flagelados pequenos, 
ovóides, pouco móveis. Após aproximadamente três e 
quatro dias de multiplicação intensa, ocorre a 
transformação em formas promastígotas delgadas e 
longas. 
-As moléculas de superfície de Leishmania, como o LPG e 
gp63, entre outras, exercem papel importante nos 
eventos que se seguem. 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 3 
-O LPG reveste o parasito de forma a protegê-lo da ação 
enzimática digestiva no interior da matriz peritrófica. Por 
outro lado, a gp63, com sua ação enzimática, exerce 
papel importante na ruptura da matriz e conseqüente 
liberação dos parasitos, antes que o bolo alimentar siga 
seu percurso intestinal. 
-As formas liberadas, também por ação do LPG, se ligam, 
através do flagelo, as microvilosidades intestinais do 
inseto, garantindo a sua permanência e desenvolvimento 
naquele local. 
-Por volta de três a cinco dias o alimento é digerido e 
excretado. Neste tempo, já são encontradas formas 
flagelas migrantes na porção torácica do intestino médio. 
(Esta migração é acompanhada pela transformação dos 
parasitos em (1) promastígotas curtas e largas livres na luz 
intestinal, (2) paramastígotas arredondadas, fixadas pelo 
flagelo a cutícula através de hemidesmossomos e (3) 
promastígotas metacíclicos.) 
-A colonização de Leishmania, para algumas espécies, é 
restrita A porção média e anterior do intestino. Para 
outras, ocorre no triângulo posterior do intestino, onde os 
parasitos são encontrados aderidos a cutícula da parede 
intestinal, através de hemidesmossomos, ou livres no 
lúmen, em processo de multiplicação. Em todas as 
espécies, os parasitos migram para as porções anteriores 
do aparelho digestivo do inseto 
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA: 
-A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma 
doença de caráter zoonótico que acomete o homem e 
diversas espécies de animais silvestres e domésticos, 
podendo se manifestar através de diferentes formas 
clínicas. 
-É considerada uma enfermidade polimórfica e espectral 
da pele e das mucosas. 
- As principais manifestações observadas nos pacientes 
com LTA podem ser classificadas de acordo com seus 
aspectos clínicos, patológicos e imunológicos. 
• A forma cutânea localizada é caracterizada por lesões 
ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas; 
• A forma cutaneomucosa é caracterizada por lesões 
mucosas agressivas que afetam as regiões nasofaríngeas; 
• A forma disseminada apresenta múltiplas úlceras 
cutâneas por disseminação hematogênica ou linfática; 
• A forma difusa com lesões nodulares não-ulceradas. 
-Agente etiológico: 
A leishmaniose tegumentar americana é uma doença 
causada por parasitos do gênero Leishmania Ross, 1903. 
Este é um protozoário digenético que tem seu ciclo 
biológico realizado em dois hospedeiros, um vertebrado 
e um invertebrado (heteroxeno). 
• Os hospedeiros vertebrados incluem grande variedade 
de mamíferos: roedores, edentados (tatu, tamanduá, 
preguiça), marsupiais (gambá), canídeos e primatas, 
incluindo o homem. • Os hospedeiros invertebrados são 
pequenos insetos da ordem Diptera, família 
Psychodidade, subfamília Phlebotominae, gênero 
Lutzomya. Nestes insetos ocorre parte do ciclo biológico 
do parasito. 
-Reprodução: O processo de reprodução das leishmania 
é feito por divisão binária 
Ciclo biológico: 
1. Ciclo no vetor: 
 -A infecção do inseto ocorre quando a fêmea pica o 
vertebrado e juntamente com o sangue ingere o 
macrófago parasitado por formas amastigotas. Durante o 
trajeto pelo trato digestivo anterior, esses macrófagos vão 
ser rompidos e vão liberar a forma amastigota, elas vão 
sofrer uma divisão binária e vão se transformar na forma 
promastigota. Após a digestão no sangue a membrana 
peritrófica se rompe e a forma promastigota será livre. 
-Nesta etapa do ciclo, as promastigotas permanecem se 
reproduzindo por divisão binaria, podendo seguir dois 
caminhos, dependendo da espécie do parasito. No 
primeiro, as formas promastigotas das espécies 
pertencentes ao subgênero Viannia dirigem-se para o 
intestino onde se colonizam nas regiões do piloro e íleo. 
Nestes locais ocorre a transformação das promastigotas 
em paramastigotas que permanecem aderidas pelo 
flagelo ao epitélio intestinal onde ainda se dividem. 
Novamente ocorre transformação em promastigotas que 
migram através do estômago em direção à faringe do 
inseto. 
-Durante o processo de migração no trato digestivo do 
vetor, há uma mudança da expressão, esse processo é 
chamado de metaciclogênese, onde as promastigotas 
migram para a parte anterior do tubo digestivo do vetor 
e atingem um estágio infectivo, ou seja, se transformam 
em formas metacíclicas infectantes. A principal 
transformação bioquímica observadas ocorre com a 
variação do tamanho das porções glicídicas da molécula 
de lipofosglicano (LPG) ancoradas na superfície das 
membranas das promastígotas. 
-No segundo, as formas promastigotas das espécies 
pertencentes ao subgênero Leishmania multiplicam-se 
livremente ou aderentes às paredes do estômago. Em 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 4 
seguida, ocorre migração dos flagelados para a região 
anterior do estômago onde transformam-se em 
paramastígotas, colonizando no esôfago e na faringe. 
Neste local, diferenciam-se novamente em pequenas 
promastígotas metacídicas, semelhantes ao 
desenvolvimento anterior. O tempo necessário para que 
o ciclo se complete varia entre três e cinco dias para 
diferentes espécies. 
2.Ciclo no vertebrado: 
- Durante a alimentação do flebotomíneo é que ocorre a 
transmissão do parasito. 
-Na tentativa de ingestão do sangue as formas 
promastigotas são introduzidas no local da picada e entre 
um período de 4h a 8h esses promastigotas são 
interiorizados pelos macrófagos teciduais. 
-A saliva do flebotomíneo possui neuropeptideos 
vasodilatadores que atuam facilitando a alimentação do 
inseto e ao mesmo tempo imunossuprimindo a resposta 
do hospedeiro vertebrado; desta forma, exerce 
importante papel no sucesso da infectividade das 
promastigotas metacíclicas. 
 -O macrófago estende pseudópodos que envolvem o 
parasito, introduzindo-o para o seu interior, envolto pelo 
vacúolo fagocitário. Rapidamente as formas 
promastigotas se transformam em amastigotas que sãoencontradas 24 horas após a fagocitose. 
- Dentro do vacúolo fagocitário dos macrófagos, as 
amastigotas estão adaptadas ao novo meio fisiológico e 
resistem a ação destruidora dos lisossomas, multiplicando-
se por divisão binária até ocupar todo o citoplasma. 
Esgotando-se sua resistência, a membrana do macrófago 
se rompe liberando as amastigotas no tecido, sendo 
novamente fagocitadas, iniciando no local uma reação 
inflamatória. 
- O curso da infecção nos animais, incluindo o homem, é 
altamente variável, sendo dependente da espécie de 
Leishmania que o parasita, de características genéticas e 
da resposta imune do hospedeiro, o que origina diferentes 
quadros clínicos. 
Transmissão: 
-A transmissão ocorre pela picada de insetos 
hematófagos pertencentes ao gênero Lutzomyia 
conhecidos no Brasil por birigui, mosquito-palha. Ao 
exercer o hematofagismo, a fêmea do flebotomíneo 
corta com suas mandíbulas o tecido subcutâneo logo 
abaixo da epiderme, formando sob esta um afluxo de 
sangue, onde são inoculadas as formas promastígotas 
metacídicas provenientes das regiões anteriores do trago 
digestivo: faringe e esôfago. 
Interação parasito-célula hospedeira: 
-A saliva contribui efetivamente na infecciosidade das 
formas promastígotas, por meio de substância 
vasodilatadora (Maxidilan). Essa substância 
imunossupressora parece inibir a apresentação de 
antígenos de Leishmania pelos macrófagos. Além disso, o 
maxidilan exerce um papel de imunomodulador da 
resposta imune, inibindo a secreção de citocinas tipo I 
(IL12 e INFy). Desta forma, citocinas tipo IL4 e IL10 agem 
suprimindo a resposta imune celular favorecendo o 
sucesso da infecção. 
 -As diversas espécies de Leishmania são capazes de 
ativar o complemento tanto pela via clássica como pela 
via alternativa. Os fatores do complemento, 
principalmente o C3 e seus produtos de clivagem 
favorecem a fagocitose, uma vez que macrófagos 
possuem receptores específicos para os mesmos. O 
complexo lítico final do complemento é capaz de aderir 
a superfície dos promastígotas e provocar a lise dessas 
formas. Entretanto, os LPs (lipofosfossacarídeos) dos 
parasitos interferem na inserção do complexo C5-9, 
provavelmente por impedimento estérico produzido pelo 
espessamento da LPG (lipofosfoglicano). 
 -Além do LPG, a glicoproteína gp63 e alguns 
carboidratos estão envolvidos com a ligação do parasito 
com a célula hospedeira.A penetração na célula por 
meio de receptores para estes ligantes resulta em uma 
forma de escape da Leishmania, uma vez que dessa 
forma o mecanismo microbicida de explosão respiratória 
dos macrófagos não será ativado. No interior do 
fagossoma as promastígotas transformam-se em 
amastigotas que sobrevivem e se multiplicam dando 
início à infecção. 
Resposta imune: 
-Na modulação da resposta imune, o macrófago 
apresenta os antígenos aos linfócitos T CD4+, que podem 
ser subdivididos em pelo menos duas subpopulações: Th1 
e Th2. Essa variação no padrão de resposta tem sido 
constatada nas diferentes formas clínicas, resultando na 
existência de formas extremas da doença tal como na 
hanseníase. 
A resistência do hospedeiro está associada a ativação 
seletiva e diferenciação de células efetoras T helper CD4+ 
(Thl), as quais secretam um padrão de citocinas 
específicas, IL-2, INFy, IL-12 e TNF-a, conhecidos como 
citocinas pró-inflamatórias. Por outro lado, a 
suscetibilidade a infecção está relacionada com a 
resposta de células CD4+ (Th2), que secretam citocinas 
específicas do tipo IL-4, IL-5, IL-6, IL-10,TGF-p, dentre outras. 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 5 
-Na forma cutânea, observa-se uma correlação com a 
resposta do tipo Th1, caracterizada histologicamente por 
um processo granulomatoso tipo tuberculoide, com 
proliferação linfocitária e plasmocitária marcada por 
ausência ou escassez de parasitos. A imunidade celular é 
facilmente detectada, mas, ao contrário do que ocorre 
nas formas auto-resolutivas, a doença progride, podendo 
evoluir para a forma cutaneomucosa, a qual apresenta 
expressão simultânea de citocinas Thl e Th2 (ou seja, um 
padrão Th0). 
-A leishmaniose cutâneo-difusa está correlacionada com 
a resposta do tipo Th2, na qual existe uma infiltração 
dérmica de macrófagos, habitualmente vacuolizados, 
repletos de amastigotas e com escassez de linfócitos, 
caracterizando um padrão de suscetibilidade em 
humanos. A resposta imune celular é variável conforme o 
quadro clínico, estando presente nos pacientes 
acometidos pela forma cutânea, exacerbada nos casos 
de lesões mucosas e usualmente suprimida nos casos de 
leishmaniose difusa. 
-A resposta imune humoral está normalmente presente 
em todas as manifestações clínicas de LTA. Os níveis de 
anticorpos observados nos casos de leishmaniose difusa 
são elevados. Nos casos de leishmaniose cutâneo e 
cutaneomucosa, os níveis de anticorpos são baixos ou 
discretamente aumentados quando ocorre 
acometimento de mucosa. 
- Após cura clínica, os títulos de anticorpos decrescem, 
deixando de ser detectados alguns meses após a cura 
em alguns casos. - Estudos recentes demonstram uma 
variação no padrão de resposta humoral de anticorpos 
da subclasse IgG, conforme as diferentes formas clínicas 
da leishmaniose tegumentar. 
- Observa-se um aumento dos níveis de anticorpos IgG1 e 
IgG3 nas formas clínicas cutânea e cutaneomucosa, 
enquanto na forma cutâneo difusa observa-se um 
aumento nos níveis de IgG4 e IgG1. 
Patogenia: 
- No início da infecção, as formas promastígotas são 
inoculadas na derme. As células destruídas pela 
probóscida (apêndice alongado) do inseto e a saliva 
inoculada atraem para a área células fagocitárias 
mononucleares, os macrófagos. Certos macrófagos são 
capazes de destruir os parasitos diretamente. Ao serem 
fagocitadas, as promastígotas transformam-se em 
amastigotas e iniciam reprodução por divisões binárias 
sucessivas; mais macrófagos são atraídos ao sítio, onde se 
fixam e são infectados. A lesão inicial é manifestada por 
um infiltrado inflamatório composto principalmente de 
linfócitos e de macrófagos na derme, estando estes 
últimos abarrotados de parasitas. 
-Período de incubação: O período de incubação pode 
ser de 2 semanas até 3 meses 
Evolução: As lesões iniciais são semelhantes 
independente do parasito e essa forma pode estacionar, 
regredir ou evoluir para um nódulo dérmico chamado de 
“histiocitoma”, localizado sempre no centro de onde foi a 
picada do vetor. Nos estágios iniciais, histologicamente a 
doença é caracterizada pela hipertrofia do extrato 
córneo e da papila com acumulo de histiócitos, onde o 
parasito se multiplica. 
• Gradualmente vai se formar um infiltrado celular que vai 
circundar a lesão, consistindo em pequenos e grandes 
linfócitos. Com resultado ocorre a inflamação do tipo 
tuberculoide. Ocorre necrose resultando na 
desintegração da epiderme e da membrana basal que 
culmina com a formação de uma lesão úlcero-crostosa. 
• Após a perda da crosta, observa-se uma pequena 
úlcera com bordas ligeiramente salientes e fundo 
recoberto por exsudato seroso ou seropurulento. Esta 
lesão progride, desenvolvendo-se em uma típica úlcera 
leishmaniótica que, por seu aspecto morfológico, pode 
ser reconhecida imediatamente. Trata-se de uma úlcera 
de configuração circular, bordos altos, cujo fundo é 
granuloso, de cor vermelha intensa, recoberto por 
exsudato seroso ou seropurulento, dependendo da 
presença de infecções secundárias. 
• As lesões podem assumir. entretanto, outras formas 
menos características: seca e hipercerastósica, com 
exsudato seropurulento. Simultaneamente, ou em 
seguida ao aparecimento da lesão inicial, pode ocorrer 
disseminação linfática ou hematogênica, produzindo 
metástases cutânea, subcutânea ou mucosa. 
• Seguido a um tratamento com sucesso, forma-se no 
local, emsubstituição a úlcera, uma cicatriz 
característica. Em geral a área cicatricial está 
despigmentada, com uma leve depressão na pele, com 
uma fibrose sob a epiderme, que está fina. 
Formas clínicas: 
1. Leishmaniose cutânea 
-A leishmaniose cutânea é caracterizada pela formação 
de úlceras únicas ou múltiplas confinadas na derme, com 
a epiderme ulcerada. Resultam em úlceras 
leishmanióticas típicas, ou, então, evoluem para formas 
vegetantes verrucosas ou framboesiformes. A densidade 
de parasitos nos bordos da úlcera formada é grande nas 
fases iniciais da infecção, com tendência a escassez nas 
úlceras crônicas. 
-Leishmaniose braziliense: Provoca no homem lesões 
conhecidas por úlcera-de Bauru, ferida brava, ferida seca 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 6 
e bouba. As lesões primárias são usualmente únicas, ou 
em pequeno número, mas frequentemente de grandes 
dimensões, com úlceras em forma de cratera. O curso da 
infecção é geralmente irregular e crônico; e a tendência 
para cura espontânea, que depende em parte do tipo e 
da localização das lesões, varia grandemente de uma 
região geográfica para outra. Esta espécie é responsável 
pela forma cutânea mais destrutiva dentre as demais 
conhecidas 
-A leishmaniose cutâneo-disseminada é uma variação da 
forma cutânea e geralmente está relacionada com 
pacientes imunossuprimidos (AIDS). 
2. Leishmaniose cutaneomucosa 
-Um dos aspectos mais típicos da doença causada pela 
L. braziliensis é a frequência com que o parasito produz, 
meses ou anos após a lesão inicial primária, lesões 
destrutivas secundárias envolvendo mucosas e 
cartilagens. Trata-se de um processo lento, de curso 
crônico. Estas lesões secundárias podem ocorrer por 
extensão direta de uma lesão primária ou então através 
da disseminação hematogênica. 
-As regiões mais comumente afetadas pela disseminação 
metastásica são o nariz, a faringe, a boca e a laringe. O 
primeiro sinal de comprometimento mucoso manifesta-se 
por eritema e discreto infiltrado inflamatório no septo 
nasal, resultando em coriza constante e posteriormente 
em um processo ulcerativo. Atinge depois o vestíbulo, as 
asas do nariz, o assoalho da fossa nasal, o palato mole e 
a úvula, daí descendo para a faringe, podendo 
comprometer a laringe e a traqueia. A destruição do 
septo provoca mudança anatômica e aumento do 
órgão, que se constitui no chamado nariz de anta. Em 
muitos casos ocorre completa destruição de toda a 
estrutura cartilaginosa do nariz. 
-O processo ulcerativo pode atingir os lábios e se 
propagar pela face. Estas graves mutilações criam ao 
paciente dificuldades de respirar, falar e se alimentar. São 
frequentes, nesta fase, complicações respiratórias por 
infecções secundárias, podendo levar o paciente ao 
óbito. 
3. Leishmaniose Cutânea Difusa -Caracteriza-se pela 
formação de lesões difusas não ulceradas na pele, 
contendo grande número de amastigotas. 
-Essa entidade mórbida envolve amplas áreas da pele, 
particularmente extremidades e outras partes expostas, 
onde numerosas lesões papulares ou nodulares não 
ulceradas são vistas. 
-O curso da infecção inicial se processa com a formação 
de uma única ulcera. A multiplicidade das lesões ocorre 
por conta do resultado metastático do parasito de um 
sítio para outro através de vasos linfáticos ou migração de 
macrófagos parasitados. 
-A LCD está associada a uma deficiência imunológica do 
paciente, em que a resposta imune celular está 
deprimida com relação a antigenos de Leishmania, 
levando-o a um estágio de anergia imunológica frente à 
infecção estabelecida. A doença caracteriza-se pelo 
curso crônico e progressivo por toda vida do paciente, 
não respondendo aos tratamentos convencionais. 
Diagnóstico: 
-Diagnóstico clínico: O diagnóstico clínico da LTA pode 
ser feito com base na característica da lesão que o 
paciente apresenta, associado a anarnnese, na qual os 
dados epidemiológicos são de grande importância. Deve 
ser feito o diagnóstico diferencial de outras dermatoses 
granulomatosas que apresentam lesões semelhantes à 
LTA e que podem ser confundidas, como tuberculose 
cutânea, hanseníase, infecções por fungos (blastomicose 
e esporotricose), úlcera tropical e neoplasmas. 
-Diagnóstico laboratorial: A demonstração do parasito 
pode ser feita do material obtido da lesão existente 
através de: 
• Exame direto de esfregaços corados. 
• Exame histopatológico. 
• Cultura de fragmentos do tecidos 
-Os métodos imunológicos são feitos por meio do Teste de 
Montinegro que avalia a resposta celular mediante a 
ativação dos linfócitos. O teste consiste no inóculo de 0,1 
ml de antígeno intradermicamente na face interna do 
braço. No caso de reações positivas, verifica-se o 
estabelecimento de uma reação inflamatória local 
formando um nódulo ou pápula que atinge o auge em 
48-72 horas, regredindo então. Os resultados do exame 
podem ser: reação negativa (ausência de qualquer sinal 
no local de inoculação) ou reação positiva (presença de 
nódulo com diâmetro variado). 
• Pacientes com Leishmaniose tegumentar cutânea 
apresentam geralmente resultados positivos. 
• Pacientes com Leishmaniose tegumentar cutânea-
mucosa apresentam geralmente resultados positivos. 
• Pacientes com Leishmaniose tegumentar cutâneo-
difusa, por se tratar de uma resposta Th2, o teste pode 
fornecer resultado falso negativo, sendo um método 
limitado para diagnóstico desse tipo de leishmaniose. 
Tratamento: 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 7 
- O tratamento da LTA foi introduzido pelo médico 
brasileiro Gaspar Vianna, em 1912, com o uso do 
antimonial tártaro emético. Esta droga durante muitos 
anos se constituiu na única arma terapêutica em todo o 
mundo. Atualmente utiliza-se um antimonial 
pentavalente, Glucantimeo. 
- O esquema terapêutico varia muito no Brasil, mas 
usualmente os resultados são excelentes utilizando-se o 
seguinte esquema: 17mg Sb5+/kg peso/dia, durante dez 
dias. Faz-se um intervalo de dez dias e novamente inicia-
se outra série de tratamento durante dez dias. A dose 
máxima por injeção deve ser de 10 ml, independente do 
peso do paciente. O número de séries necessárias varia 
de acordo com o processo de cura da lesão. 
Recomenda-se a continuação do tratamento até 
completa cicatrização da úlcera. 
- A via de administração é geralmente intramuscular, mas 
também pode ser feito endovenoso ou local. A droga 
não deve ser utilizada em pacientes cardíacos e nem em 
mulheres grávidas, pois o antimônio pode provocar 
alterações eletrocardiográficas e também é abortivo. 
- No entanto, o Ministério da Saúde preconiza o uso de 
20mgSb5+/kg pesoldia, durante 20 dias, para a 
leishmaniose cutânea e 30 dias para leishmaniose 
cutaneomucosa. Todavia, em nossas experiências 
clínicas observamos um alto índice de recidivas neste 
esquema de tratamento. (Essse antimonial é indicado 
para o tratamento de todas as formas de LT, embora as 
formas mucosas exijam maior cuidado, podendo 
apresentar respostas mais lentas e maior possibilidade de 
recidivas.) - As lesões ulceradas podem sofrer 
contaminação secundária, razão pela qual devem ser 
prescritos cuidados locais como limpeza com água e 
sabão e se possível compressas com KMn04 
(permaganato de potássio) 
-Imunoterapia: No Brasil, a imunoterapia vem sendo 
realizada em pacientes com LTA, em diferentes esquemas 
de tratamento, utilizando como antígeno uma vacina 
preparada para imunoprofilaxia obtendo excelentes 
resultados. Esta vacina representa uma alternativa na 
terapêutica de casos "resistentes" aos antimoniais ou com 
contra-indicação ao seu uso, como cardiopatas, 
nefropatas, mulheres grávidas, idosos etc. 
Também se mostra como uma medida de redução de 
custos, tanto diretos como indiretos, no tratamento da 
doença. 
-A imunoterapiapode ser feita com vários esquemas 
medicamentosos, a depender da indicação do 
paciente. 
Profilaxia: O controle de leishmaniose tegumentar 
americana é dificil nas vastas áreas florestais do Brasil e, 
no presente momento, é insolúvel. O uso, em larga escala, 
de inseticidas nas florestas tropicais não é somente 
altamente antieconômico mas representa, 
principalmente, perigo do ponto de vista biológico, com 
a destruição da população de pequenos mamíferos, 
afetando seriamente a fauna. Em áreas endêmicas do 
Sudeste do Brasil, a dedetização do ambiente domiciliar 
e peridomiciliar também não reduz a incidência da 
doença. 
-Em algumas situações é possível evitar a picada dos 
flebotomíneos através de proteção individual, com a 
utilização de repelentes e utilização de mosquiteiros de 
malha fina, 
-A solução ideal para o controle da leishmaniose 
tegumentar, particularmente no Brasil, é a produção de 
uma vacina.A busca de uma vacina efetiva contra a LTA 
é realizada atualmente em vários países, incluindo o Brasil. 
LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR): 
-Nas Américas, Leishmania chagasi é a espécie 
responsável pelas formas clínicas da leishmaniose visceral. 
-A leishmaniose visceral ou calazar é uma doença 
infecciosa sistêmica, de evolução crônica, caracterizada 
por febre irregular de intensidade média e de longa 
duração, esplenomegalia, hepatomegalia, 
acompanhada dos sinais biológicos de anemia, 
leucopenia, trombocitopenia, hipergamaglobulinemia e 
hipoalbuminemia. (Acomete os aparelhos viscerais). 
-O emagrecimento, o edema e o estado de debilidade 
progressiva contribuem para a caquexia e o óbito, se o 
paciente não for submetido ao tratamento específico. 
Entretanto, há evidências de que muitas pessoas que 
contraem a infecção nunca desenvolvem a doença, se 
recuperando espontaneamente, ou mantendo equilíbrio 
da infecção e se apresentando sempre como 
assintomáticas. 
-A doença é crônica, grave, de alta letalidade se não 
tratada. 
-Os fatores de risco para o desenvolvimento da doença 
incluem a desnutrição, o uso de drogas 
imunossupressorase a co-infecção com HIV. 
Ciclo Biológico: 
-A infecção do inseto por Leishmania chagasi ocorre 
quando as fêmeas, hematófagas, se alimentam em 
hospedeiro vertebrado infectado, e ingerem com o 
sangue macrófagos e monócitos parasitados. No interior 
do intestino médio, rapidamente ocorre a ruptura das 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 8 
células liberando as formas amastigotas que, após divisão 
binária, se transformam em promastigotas arredondadas 
e de flagelo curto, que se dividem intensamente, ou 
alongadas com um flagelo longo e cujo processo de 
divisão é bem menos intenso. 
-Quando a matriz peritrófica se rompe, cerca de 48 a 72 
horas após o repasto alimentar, as formas promastígotas 
livres migram para o intestino anterior. Na válvula 
estomadeo, no esôfago, na faringe são encontradas: 
paramastigotas, fixadas ao epitélio pelo flagelo através 
de hemodesmossomos, em reprodução intensa; 
promastigotas longas com o flagelo também longo, em 
processo de multiplicação de pouca intensidade; e 
promastigotas curtas, dotadas de flagelo longo, ágeis na 
movimentação e que nunca foram vistas em processo de 
divisão. Estas formas, as promastigotas metaciclicas, são 
infectantes para o hospedeiro vertebrado. 
-A transmissão do parasito ocorre quando as fêmeas 
infectadas se alimentam em vertebrados susceptíveis. 
Durante a alimentação, a saliva é inoculada com as 
formas do parasito. Dentre outros fatores, a presença do 
maxidilam, um dos mais potentes vasodilatadores 
conhecidos, parece ser muito importante para os eventos 
que se seguem na modulação da resposta imune, 
determinantes da infecção. 
-Para escapar ao ataque do sistema imunológico do 
hospedeiro vertebrado, as formas promastigotas 
metacíclicas são rapidamente internalizadas, através de 
fagocitose mediada por receptores, por células do SMF, 
principalmente os macrófagos. Dentro do fagossomo, no 
interior destas células, o parasito se diferencia em 
amastigota para a sua sobrevida fisiológica e inicia o 
processo de sucessivas divisões binárias. Quando os 
macrófagos estão densamente parasitados, rompem-se 
liberando as amastigotas que irão parasitar novos 
macrófagos tornando o hospedeiro infectado. 
Transmissão: 
-O principal mecanismo de transmissão, nas condições 
naturais, é a picada da fêmea do mosquito L. longipalpis. 
-Pode ocorrer também por meio de transfusões 
sanguíneas e uso de drogas injetáveis, acidentes de 
laboratório, e a transmissão materno-fetal que ocorre ou 
pela placenta pela passagem de células do sistema 
imune infectadas, ou pelo contato com o sangue da mãe 
durante o parto. 
Relação hospedeiro-parasito: (Imunidade) 
-Na infecção por Leishmania sabe-se que a multiplicação 
dos parasitos dentro dos macrófagos depende de 
mecanismos imune regulatórios, como a capacidade da 
célula de prevenir a apoptose, estimular o complexo 
maior de histocompatibilidade classe I1 (MHC 11), 
modular a expressão de citoquinas do próprio macrófago 
e sua ação sobre os linfócitos T. 
-Macrófagos parasitados e outras células apresentadoras 
de antígeno apresentam antígenos de Leishmania aos 
linfócitos T do tipo CD4+. Estes linfócitos são estimulados a 
produzir interleucinas e dependendo do perfil estimulado, 
ocorre o desenvolvimento de duas subpopulações de 
linfócito TH. TH1 secreta grande quantidade de TNF-y 
associado a produção de citocinas pró inflamatórias, 
enquanto TH do tipo 2 produz grande quantidade de IL-4 
associada citocinas promotoras da produção de 
anticorpos produzidos por linfócitos B. Também foi 
caracterizado nesse modelo que a resposta THI está 
associada a capacidade do hospedeiro em controlar a 
infecção e a resposta TH2, mais correlacionada com o 
processo progressivo da doença. 
-A indução preferencial das células THI ou TH2 depende 
de alguns fatores, como a dose infectante, o mecanismo 
de apresentação pela APC, a via de inoculação e o 
padrão genético do hospedeiro. Algumas das citocinas 
produzidas pela resposta do tipo THl ou TH2 possuem 
caráter regulador, favorecendo ou inibindo a expansão 
celular de um ou outro grupo. 
-A leishmaniose visceral é caracterizada pela 
incapacidade do macrófago em destruir as amastigotas. 
Nos doentes, tem sido observada a produção de níveis 
elevados de IL-10. O aumento de IL- 1 O em sinergismo 
com IL-4 parece ser fundamental na progressão da 
doença, desde que ambas são capazes de inibir: a 
ativação de macrófagos pelo INF-y produzido pelas 
células TCD4+; a transcrição do TNF-a; e a produção de 
H2O2. -A produção de anticorpos, principalmente IgG, é 
muito elevada. Entretanto, como a ativação de LB é 
policlonal, a maioria das imunoglobulinas são 
inespecíficas. A presença de anticorpos específicos 
contra Leishmania é importante, principalmente para o 
diagnóstico. 
-Esses eventos perpetuam a infecção, tomando a 
doença progressiva e eventualmente letal, se não 
controlada. O curso da infecção é dependente, ainda, 
da capacidade do hospedeiro em estabelecer uma 
resposta imune mediada por células. 
Patogenia: 
-A L. chagasi é um parasito de células do SMF, 
principalmente do baço, fígado, linfonodo e medula 
óssea. Entretanto, no curso da infecção outros órgãos e 
tecidos podem ser afetados, como intestino, sangue, 
pulmões, rins e pele. 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 9 
-A pele é a porta de entrada para a infecção. A 
inoculação das formas infectantes é acompanhada da 
saliva do inseto vetor, que é rica em substâncias com 
atividade inflamatória. Esta atividade é muito importante 
para o aumento de células fagocitárias neste local e 
crucial para a instalação da infecção. O sinal de porta de 
entrada é transitório e representadopela ação 
inflamatória que determina a formação de um nódulo 
chamado de leishmanioma. No entanto, na infecção por 
Leishmania chagasi, o local da inoculação dos parasitos 
normalmente passa desapercebido. 
- O processo pode evoluir para a cura espontânea ou, a 
partir da pele, ocorrer a migração dos parasitos, 
principalmente para os linfonodos, seguida da migração 
para as vísceras. 
-Nas vísceras, os parasitos induzem uma infiltração focal 
ou difusa de macrófagos nãoparasitados, além de 
infiltrado de linfócitos e células plasmáticas, com focos de 
plasmacitogênese. As alterações mais particulares são 
descritas nos tecidos esplênico, hepático, sanguíneo, 
pulmonar e renal. 
-A via de disseminação de Leishmania pode ser a 
hematogênica elou linfática. 
-Alterações esplênicas: Esplenomegalia é o achado mais 
importante e frequente no calazar. Na fase inicial da 
doença, a esplenomegalia pode não ocorrer ou ser 
pouco acentuada, mas na doença estabelecida e 
crônica toma-se uma característica invariável. 
-Alterações hepáticas: Hepatomegalia é outra 
característica marcante no calazar. O órgão mantém 
consistência firme e ocasionalmente mostra congestão 
passiva. Ocorre hiperplasia e hipertrofia das células de 
Kupffer, em geral densamente parasitadas. É frequente a 
presença de infiltrado difuso de células, plasmáticas e 
linfócitos, intraparenquimal. Podem ser observadas fibrose 
septal e portal, leve ou moderada, ao longo do infiltrado 
inflamatório. 
-Alterações no tecido hemocitopoético: A medula óssea 
é em geral encontrada com hiperplasia e densamente 
parasitada. A eritropoese e granulopoese são normais no 
início do processo infeccioso. Durante as fases mais 
adiantadas da infecção, ocorre desregulação da 
hematopoese, caracterizada pela diminuição da 
produção celular, com reflexo no quadro hematológico 
em períodos sucessivos: hiperplasia no setor histiocitário; 
hipoplasia no setor formador de sangue e, por fim, aplasia 
(desenvolvimento imperfeito de um órgão). A anemia é o 
achado mais frequente 'nos indivíduos doentes. As 
contagens de eritrócitos nesses casos são muito baixas, 
entre 2 e 3 milhões/mm3 de sangue 
-Alterações renais: A principal alteração que ocorre nos 
rins está relacionada com a presença de 
imunocomplexos circulantes. Em muitos casos ocorre 
glomerolonefrite proliferativa e nefrite intersticial. Estudos 
a microscopia eletrônica e imunofluorescência revelam o 
espessamento da membrana basal e proliferação das 
células mesangiais como achados mais frequentes. 
-Alterações dos linfonodos: Os linfonodos encontram-se 
frequentemente aumentados. Ocorre reatividade nos 
centros germinativos dos folículos linfóides, reflexo do 
aumento na celularidade perifolicular. Na zona 
paracortical há depleção de células T e presença de 
plasmócitos e macrófagos parasitados. 
-Alterações pulmonares: Nos pulmões ocorre, com 
relativa frequência, pneumonite intersticial com o 
espessamento dos septos pulmonares, devido a 
tumefação endotelial e proliferação das células septais, 
as vezes com fibrose septal, e de linfócitos e células 
plasmáticas. As amastigotas são raras ou ausentes no 
pulmão. 
Quadro clínico: A doença pode ter desenvolvimento 
abrupto ou gradual. Os sinais sistêmicos típicos estão 
associados a febre intermitente, palidez de mucosas, 
esplenomegalia associada ou não a hepatomegalia, e 
progressivo emagrecimento com enfraquecimento geral 
do hospedeiro. 
 • Fase assintomática: Os indivíduos podem desenvolver 
sintomatologias pouco especificas que se manifestam por 
febre baixa recorrente, tosse seca, diarréia, sudorese, 
prostração e apresentar cura espontânea ou manter o 
parasito, sem nenhuma evolução clínica por toda a vida. 
• Fase aguda: febre alta, palidez de mucosas e 
hepatoesplenomegalia discretas. Muitas vezes o 
paciente apresenta tosse e diarréia. Clinicamente, é 
confundida com febre tifóide, malária, esquistossomose, 
doença de Chagas aguda, toxoplasmose aguda, entre 
outras doenças febris agudas que apresentam 
hepatoesplenomegalia. Os pacientes apresentam IgG 
anti-leishmania e o parasitismo é mais frequente no fígado 
e baço e menos frequente na medula. 
• Forma sintomática ou calazar clássico: febre irregular e 
agravamento de sintomas. O emagrecimento é 
progressivo e conduz o paciente para desnutrição 
protéico-calórica, caquexia (enfraquecimento) 
acentuada, mesmo com apetite preservado. A 
hepatoesplenomegalia, associada à ascite determinam 
o aumento do abdome. É comum edema generalizado, 
dispneia, cefaleia, dores musculares. É uma doença de 
caráter imunodepressor, consequentemente aumenta as 
infecções bacterianas oportunitas como pneumonia, 
tuberculose. 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 10 
*Leishmaniose Dérmica Pós-Calazar: A leishmaniose 
dérmica pos-calazar (LDPK) é uma manifestação 
cutânea da leishmaniose causada pela Leishmania 
donovani, que ocorre após o tratamento da forma 
visceral. A LPDK é mais frequente em pacientes na India e 
no Sudão, onde aparece de 6 meses a 6 anos depois da 
cura clínica do calazar. 
Diagnóstico: 
-A rotina do diagnóstico da leishmaniose visceral baseia-
se nos sinais e sintomas clínicos, em parâmetros 
epidemiológicos, e na grande produção de anticorpos. 
-Diagnóstico clínico: baseia-se nos sinais e sintomas 
apresentados pelos pacientes associados a história de 
residência em área endêmica. Em particular, nos 
pacientes com AIDS, os sintomas mais relatados são as 
lesões de pele, manifestações hemorrágicas 
gastrointestinais e respiratórias, por vezes, na completa 
ausência de febre e esplenomegalia. É necessário, por 
muitas vezes (principalmente na região Nordeste), realizar 
diagnóstico diferencial com esquistossomose. 
-Diagnóstico laboratorial: Pesquisa do parasito: baseia-se 
na observação direta do parasito em preparações de 
material obtido de aspirado de medula óssea, baço, 
fígado e linfonodo, através de esfregaços em lâmina de 
vidro, corados pelo Giemsa, inoculados em meio de 
cultura NNN ou em animais de laboratório. A punção de 
medula óssea é a técnica mais simples e representa 
menos risco para o paciente. No adulto, é realizada na 
medula do esterno, no nível do segundo espaço 
intercostal e em crianças, na crista ilíaca. A biópsia 
hepática oferece resultados questionáveis, em virtude da 
menor expressão do parasitismo do fígado. A punção do 
baço apresenta riscos, podendo levar a ruptura do órgão 
e a hemorragias fatais. Métodos imunológicos: uma 
característica clínica imunológica marcante do calazar é 
a hipergamaglobulinemia, decorrente da expansão 
policlonal de linfócito B, que caracteriza a resposta 
especifica, através da produção de imunoglobulinas G 
(IgG e IgM), com grande produção de proteínas 
inespecíficas. Outras técnicas são: RIFI (Reação de 
Imunofluorescência Indireta), ELISA (Ensaio 
Imunoenzimático) e a Reação de Fixação do 
Complemento 
Tratamento: 
-O arsenal terapêutico contra a leishmaniose visceral é 
limitado. Os antimoniais pentavalentes antimoniato de N-
metilglucamina e o estibogliconato sódico são, na 
maioria dos países, a primeira opção terapêutica. No 
Brasil, a droga de escolha é o Glucantimea, que é de 
distribuição gratuita na rede de saúde pública. O 
Ministério da Saúde recomenda a dose de 20mg de 
Sb5+kg/diap, or via endovenosa ou intramuscular, 
durante 20 dias e, no máximo, por 40 dias. 
-Os critérios de cura são clínicos e devem ser observados 
os seguintes aspectos: curva térmica normal, redução da 
hepatoesplenomegalia e melhora nos parâmetros 
hematológicos. O retono a normalidade nas alterações 
protéicas séricas e a redução dos títulos de anticorpos são 
gradativos e lentos. O estado geral melhora 
progressivamente com o retomo do apetite. A cura é 
completa com a negativação do parasitismo. 
-Imunoquimioterapia:Em algumas situações tem sido 
usado em pacientes com leishmaniose visceral aguda ou 
refratários aos antimoniais pentavalentes, drogas 
imunorreguladoras, como rHINFg (interferon-gama 
humano recombinante) em associação os antimoniais. 
Este tipo de medicação é ainda de alto custo, portanto 
seu uso tem sido restrito. 
Profilaxia: 
-A profilaxia do calazar humano, desde a década de 
1960, quando se estabeleceu o papel do cão como 
reservatório doméstico e de Lutzumyia longipalpis como 
vetor, tem como base a tríade: 
• diagnóstico e tratamento dos doentes; 
• eliminação dos cães com sorologia positiva; 
• combate às formas adultas do inseto vetor. 
LEISHMANIOSE NO CÃO: 
-Do ponto de vista epidemiológico, o calazar canino, no 
Brasil, é considerado mais importante que a doença 
humana, pois além de ser mais prevalente, o grande 
contingente de animais infectados com parasitismo 
cutâneo, servindo como fonte de infecção para o inseto 
vetor L. longipalpis, caracteriza o cão como o principal 
elo doméstico na cadeia de transmissão da doença. 
-Em áreas endêmicas, entre os cães inoculados pelos 
insetos há uma população assintomática e uma 
população que evoluiu para a cura. 
-Após a inoculação dos parasitos sabe-se que alguns 
animais podem controlar a infecção por muitos anos sem 
evolução da doença, ou ainda, evoluir para a cura 
espontânea. Outros apresentam evolução aguda e 
doença grave, ou curso progressivo que conduz 
inexoravelmente a morte. 
-Os mecanismos determinantes da susceptibilidade ou da 
resistência dos cães não são ainda bem esclarecidos. 
Entretanto, é conhecido que alguns animais desenvolvem 
resposta imune mediada por linfócitos T, que produzem 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 11 
INFy, TNFa, entre outras citocinas. Estes animais são 
capazes de controlar a infecção e permanecerem 
assintomáticos de forma semelhante ao que ocorre com 
o homem. 
-O período de incubação da leishmaniose visceral canina 
varia de três a vários meses, possivelmente até dois anos. 
Em alguns casos pode ocorrer a formação de 
leishmanioma no local do inóculo, caracterizado por 
nódulo, área de alopecia, às vezes úlcera, que 
desaparece posteriormente. O exame histológico dessa 
lesão revela um infiltrado crônico produtivo local com 
tendência à formação de granulomas. 
-Os animais infectados são incluídos em duas categorias 
clínicas: assintomáticos e sintomáticos 
• Assintomáticos: Nos animais assintomáticos a presença 
da infecção é determinada pela resposta sorológica 
positiva na pesquisa de anticorpos, principalmente IgG, e 
por vezes pela detecção do parasito em levantamento 
epidemiológicos ou na clínica. 
-São cães clinicamente normais, saudáveis e ativos. 
 -Apresentam, quase sempre, baixos níveis de anticorpos, 
entretanto o exame parasitológico de pele (extremidade 
da oreha) revela parasitismo em cerca de 60% destes 
animais. 
-Entre os cães assintomáticos, um porcentual apresenta 
cura espontânea, caracterizada pela negativação dos 
testes sorológicos e a presença da resposta imune celular. 
• Sintomático:Os animais sintomáticos podem apresentar 
desde sintomas discretos, principalmente relacionados 
com a pele, passando por quadros de crescente 
comprometimento do organismo, até o estado final de 
caquexia e morte. 
-O emagrecimento é progressivo e a linfoadenopatia 
generalizada é frequente. 
- O crescimento das unhas é anormal. -Ocorre 
comprometimento ocular, muitas vezes em associação a 
dermatite facial, como blefarites, ceratoconjuntivite e 
opacificação das cómeas. 
-Na evolução do processo, registram-se edema de patas, 
paresia das patas posteriores, ascite, epistaxes, 
hemorragia gastrointestinais, diarréia, onicogrifose e 
úlceras de decúbito. 
- Os dois últimos sinais são, em geral, decorrentes da 
apatia do animal, que aos poucos se toma quieto, não 
respondendo a estímulos externos 
Diagnóstico: 
 -O diagnóstico é realizado considerando-se a origem 
epidemiológica do cão e o conjunto de sintomas 
apresentados. 
-O diagnóstico parasitológico é o método de certeza e se 
baseia na demonstração do parasito, que é abundante 
nos órgãos linfóides 
Tratamento: 
-Há um arsenal limitado de drogas para o tratamento da 
leishmaniose visceral, e para o tratamento canino existem 
ainda vários esquemas terapêuticos relatados na 
literatura. Para os antimoniais pentavalentes, há 
recomendação explícita da OMS e do Ministério da 
Saúde para a não-utilização isolada do fármaco no 
tratamento de animais, principalmente em decorrência 
das recaídas, que por serem imprevisíveis poderiam 
determinar o desenvolvimento de cepas do parasito 
resistentes a este medicamento. No Brasil, esta 
recomendação baseia-se também na ineficiência do 
tratamento como medida de controle da transmissão. 
-Outro aspecto a ser considerado nesse contexto são os 
relatos de permanência, em alguns animais, de 
amastigotas em macrófagos da pele íntegra capazes de, 
após o tratamento, ainda infectar o inseto vetor. Este fato 
é controverso na literatura e por não se ter definição clara 
de que animais e após qual esquema terapêutico ou qual 
fármaco isto acontece, é preciso cercar de cuidados 
especiais o animal submetido a tratamento. 
Profilaxia: 
-Considerando que a principal forma de transmissão do 
parasito entre os animais é através da picada do 
flebotomineo, as medidas de controle da infecção 
devem ser voltadas para o transmissor -Medidas de 
proteção do ambiente onde vivem os animais, através do 
uso de inseticidas residuais, devem ser eficazes. 
-As medidas de controle dos insetos centradas no próprio 
animal podem ser mais eficazes, como uso de coleiras 
impregnadas com inseticidas, banhos periódicos ou 
ainda uso de produtos pour on com bases inseticidas 
e/ou. 
-A vacinação contra a infecção por Leishmania será, sem 
dúvida, a forma mais eficaz de proteção para esses 
animais 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em 
Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. 
Leishmaniose visceral:recomendações clínicas para 
redução da letalidade. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 
78 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). 
Doenças relacionadas a Agressão ao Meio Ambiente (DRAMA) 
 
Raquel Rogaciano 12

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