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1 INTRODUÇÃO A glicose ocupa posição central no metabolismo de plantas, animais e muitos microrganismos. Ela é relativamente rica em energia potencial. Por meio do armazenamento da glicose na forma de polímero de alta massa molecular, como o amido e o glicogênio, a célula pode estocar grandes quantidades de unidades de hexose, enquanto mantém a osmolaridade citosólica relativamente baixa. Quando a demanda de energia aumenta, a glicose pode ser liberada desses polímeros de armazenamento intracelulares e utilizada para produzir ATP de maneira aeróbia ou anaeróbia. Ela pode ser usada de 4 principais formas: 1. Na síntese de polissacarídeos complexos direcionados ao espaço extracelular; 2. Ser armazenada nas células (como polissacarídeo ou como sacarose); 3. Ser oxidada a compostos de três átomos de carbonos (piruvato) por meio da glicólise, para fornecer ATP e intermediários metabólicos; 4. Ser oxidada pela via das pentoses-fosfato (fosfogliconato) produzindo ribose-5-fosfato para a síntese de ácidos nucleicos e NADPH para processos biossintéticos redutores. As células não fotossintéticas produzem glicose a partir de precursores simples com três ou quatro átomos de carbono pelo processo de gliconeogênese, que reverte a glicólise em uma via que utiliza muitas enzimas glicolíticas. GLICÓLISE É dividida em duas fases, a de preparação e a de pagamento. FASE DE PREPARAÇÃO Na primeira fase a glicose é fosforilada nos carbonos 1 e 6, ou seja, foram consumidos dois ATPs que deixaram um grupo fosfato na glicose, virando a frutose-1,6-bifosfato. Essa molécula vai ser quebrada em duas cadeia com 3 carbonos, a di-hidroxiacetona- fosfato e o gliceraldeído-3-fosfato. Depois de ter sido quebrada, a di-hidroxiacetona-fosfato é isomerizada em um gliceraldeído-3-fosfato. No fim, o que aconteceu nessa fase foi a fosforilação da glicose, que consumiu 2 ATPs, e a quebra da molécula fosforilada em 2 moléculas de gliceraldeído- 3-fosfato. FASE DE PAGAMENTO Nessa fase ocorre o ganho de energia das moléculas. Ou seja, os dois gliceraldeído-3-fosfato são fosforilados de novo, só que não por ATP e sim por fosfatos inorgânicos, formando o 1,3-bifosfoglicerato. Quando as duas moléculas de 1,3-bifosfoglicerato são convertidas em 2 piruvatos ocorre a liberação de energia, essa energia se direciona para 4 ADPs, que são fosforilados e geram 4 ATP, e ocorre a transferência de íons hidreto para dois NAD+, que viram 2 NADH. Como na fase preparatória foram consumidos 2 ATPs, o saldo final da glicólise por molécula de glicose que entra no ciclo é: • 2 Piruvatos. • 2 ATPs. • 2 NADH. PRINCIPAIS DESTINOS DO PIRUVATO O piruvato depois de formado na glicose ainda vai possuir 3 destinos principais. 1. Em organismos aeróbios a glicólise é só a primeira etapa de geração de energia. O piruvato vai ser oxidado, perdendo o CO2 e virando o acetil. O acetil vai ser oxidado no ciclo do ácido cítrico, os elétrons vão ser transferidos a O2 para formar H2O. Essa transferência de energia impulsiona a formação de ATP na mitocôndria. 2. Pode ser reduzido a lactato na fermentação lática, principalmente durante contração excessiva nos músculos esqueléticos. Para que aconteça a glicose e gere energia nesse musculo que estão trabalhando em hipóxia, necessita de NAD+, porém 2 só há NADH. Então o piruvato é reduzido a lactato, o lactato recebe o H- do NADH e libera o NAD+ para que aconteça a geração de energia. 3. O piruvato é convertido, em hipóxia ou condições anaeróbias, em etanol e CO2, um processo chamado de fermentação alcoólica. Além desses destinos catabólicos, o piruvato pode ter destinos anabólicos, que é a participação na síntese da alanina ou na síntese de ácidos graxos. Sob condições-padrão e sob as condições intracelulares (não padrão), a glicólise é um processo essencialmente irreversível. DETALHANDO MELHOR A GLICÓLISE Descrição das principais reação que a juliana falou que é para saber. Na fase de preparação, a primeira reação é a fosforilação da glicose, que vira glicose-6-fosfato e é catalisada pela hexocinase. Essa reação é irreversível, porém ainda não compromete 100% a molécula formada com a glicólise, já que a glicose-6-fosfato pode seguir para outros caminhos. OBS: Cinases são enzimas que fazem esse tipo de fosforilação, é meio que a família que faz essa função. A hexocinase é uma enzima que faz a fosforilação de hexoses, que no caso é a glicose. OBS2: Duas ou mais enzimas que catalisam a mesma reação, mas são codificadas por genes diferentes, são chamadas de isoenzimas. A segunda reação é a conversão de glicose-6-fosfato em frutose-6-fosfato, essa reação é reversível, pois é uma polimerização só. A terceira reação é a fosforilação da frutose-6- fosfato em frutose-1,6-bifosfato, que é catalisada pela enzima PFK-1. Essa reação é irreversível e compromete o produto formado com a via glicolítica. OBS: A PFK-1 está sujeita a uma modulação alostérica, ela é estimulada quando há baixo suprimento de ATP, ela é inibida quando a célula está bem suprida de ATP. DIABETES MELITO TIPO 1 Após a alimentação o sangue fica cheio de glicose e essa glicose é levada para dentro das células pela família GLUT de proteínas, que normalmente fica na superfície das células. Em músculos esquelético, cardíaco e tecido adiposo a principal molécula que faz isso é o GLUT4, que não fica na superfície, ele fica em vesículas no interior da células e só chega na membrana por um estimulo de insulina. A insulina é produzida pelas células beta do fígado. Pessoas com diabetes melito tipo 1 tem uma deficiência das células beta do figado, o que diminui drasticamente a produção da insulina. Sem a insulina, o GLUT4 não é ativado e a glicose não consegue entrar nas células musculares cardíacas, estriadas e nem no tecido adiposo. Sem a glicose, essas células utilizam os ácidos graxos que estão armazenados nos triglicerídeos. No figado, esses ácidos graxos são convertidos em corpos cetônicos para ir para outros tecidos para serem utilizados como combustível. Por exemplo o encéfalo, que em falta de glicose precisa utilizar os ácidos graxos, mas eles não passam na barreira hematoencefálica, então chegam lá por meio dos corpos cetônicos. O aumento da quantidade de corpos cetônicos no sangue causa a redução do pH sanguíneo, conhecida como cetoacidose, que pode ser letal. Além da cetoacidose, como a glicose não consegue ser captada do sangue, o indivíduo fica com hiperglicemia. GLICOGENÓLISE Muitos carboidratos, além da glicose, encontram seus destinos catabólicos na glicólise, após serem transformados em um dos intermediários glicolíticos. Os mais significativos são os polissacarídeos de armazenamento, glicogênio e amido, contidos nas células (endógenos) ou obtidos da dieta; os dissacarídeos maltose, lactose, trealose e sacarose; e os monossacarídeos frutose, manose e galactose. 3 POLISSACARÍDEOS E DISSACARÍDEOS DA DITEA Os polissacarídeos e os dissacarídeos da dieta são hidrolisados até monossacarídeos. Isso começa na boca, onde a amilase salivar hidrolisa as ligações glicosídicas alfa1-4, produzindo fragmentos curtos de polissacarídeos ou oligossacarídeos. No estômago a amilase pancreática é quem continua esse processo, gerando maltose e maltotriose (os di e trissacarídeos de glicose) e oligossacarídeos, esses possuem ramificações (caracterizadas pelas ligações alfa1-6), que são quebradas até a glicose nas células epiteliais das microvilosidades intestinais. GLICOGÊNIO ENDÓGENO E AMIDO Esses são degradados a glicose por meio de fosforilação. A glicogênio-fosforilase (amido-fosforilase em vegetais) é quem faz esse processo. Ela vai fazendo a fosforólise (como se fosse uma hidrolise, que quebra e adicionaágua, essa quebra e adiciona fosfato) sobre as ligações glicosídicas, ou seja, sobre as ligações alfa1-4. Quando ela faz isso ela libera glicose-1- fosfato. A ação dessa enzima para quando ela chega perto de uma ramificação dessas moléculas. Nessas ramificações (que são ligações alfa1-6) a enzima desrramificadora age sobre. Ela pega as glicoses da ramificação e vai transferindo para a cadeia principal para que sejam quebradas pela glicogênio-fosforilase em glicose-1-fosfato. Porém, ela não tira todas da ramificação, ela deixa uma glicose (que tem a ligação alfa1-6 com a cadeia principal), e nessa ela faz uma hidrólise, quebrando essa ligação e liberando uma glicose livre. OBS: Essa glicose livre pode ter alguns destinos, como ir para a degradação quando estamos em jejum, podendo ir para o musculo em situações de contração muscular ou para outros tecidos. Depois disso, a glicose-1-fosfato produzida pela glicogênio-fosforilase é convertida a glicose-6-fosfato pela fosfoglicomutase. Nessa reação, essa enzima pega o grupo fosfato que está no carbono 1 e coloca no carbono 6, essa reação é reversível. Tanto o figado quanto as células musculares possuem a enzima fosfoglicomutase, então logo depois de quebrarem a glicose em glicose-1-fosfato, ela é convertida em glicose-6-fosfato, que é a molécula precursora da glicose (que vai sofre a ação da hexocinase). No músculo essa glicose-6-fosfato vai para a glicólise para a produção de energia para a contração muscular. O figado possui uma enzima exclusiva que se chama glicose-6-fosfatase, ela tira o fosfato da glicose-6-fosfato, liberando glicose livre, isso ocorre por que o nosso corpo não possui transportadores de glicose-6-fosfato, mas de glicose livre sim, então essa glicose livre ligada a um transportador segue para algum tecido. OBS: Se a glicose-6-bifosfato for para a glicólise, o rendimento final vai ser diferente, pois ela já chega na glicólise com 1 carbono fosforilado, ou seja, vai gastar menos 1 ATP. DESTINOS DO PIRUVATO EM CONDIÇÕES ANAERÓBIAS: FERMENTAÇÃO Resumo do lehninger (achei suficiente). O NADH formado na glicólise deve ser reciclado para regenerar NAD1, necessário como receptor de elétrons na primeira etapa da fase de pagamento. Em condições aeróbias, os elétrons passam do NADH para o O2 na respiração mitocondrial. Em condições anaeróbias ou de hipóxia, muitos organismos regeneram NAD1 pelo transporte de elétrons do NADH para o piruvato, formando lactato. Outros organismos, como as leveduras, regeneram NAD1 pela redução de piruvato em etanol e CO2. Nesses processos anaeróbios (fermentações), não ocorre oxidação ou redução líquida dos carbonos da glicose. Uma grande variedade de microrganismos pode fermentar o açúcar de alimentos frescos, resultando em mudanças de pH, sabor e textura, protegendo os alimentos da deterioração. As fermentações são usadas na indústria para produzir uma ampla variedade de compostos orgânicos comercialmente valiosos a partir de matérias-primas baratas. GLICONEOGÊNESE O suprimento de glicose a partir de estoques não é sempre suficiente; entre as refeições e durante períodos de jejum mais longos, ou após exercício vigoroso, o glicogênio se esgota. Nesses momentos há um método para sintetizar glicose a partir de precursores que não são carboidratos. Isso é realizado por uma via chamada de gliconeogênese (“nova formação de açúcar”), que converte em glicose o piruvato e os compostos relacionados, com três e quatro carbonos. Os precursores importantes da glicose em animais são compostos de três carbonos como o lactato, o piruvato e o glicerol, assim como certos aminoácidos. O piruvato vem de fonte de carboidratos que estariam esgotadas na situação em que a 4 gliconeogênese aconteceria, então, as principais moléculas utilizadas na gliconeogênese são: 1. Glicerol: que vem por meio da degradação dos triglicerídeos. 2. Lactato: que vem da fermentação. 3. Aminoácidos: que vem da degradação de proteínas. A gliconeogênese é como se fosse o inverso da glicólise, pois leva do piruvato para a glicose, porém, há 3 reações irreversíveis que marcam a gliconeogênese, ou seja, 3 reações com enzimas diferentes da glicólise: 1. Conversão do piruvato em fosfoenolpiruvato: O piruvato é primeiro transportado do citosol para a mitocôndria ou é gerado dentro da mitocôndria a partir da transaminação da alanina. A seguir, a piruvato-carboxilase, uma enzima mitocondrial que requer a coenzima biotina, converte o piruvato a oxaloacetato, que não possui transportador na membrana mitocondrial, portanto, é reduzido a malato pela enzima malato-desidrogenase. Quando chega no citosol ele volta a se tornar oxaloacetato, e depois é convertido a PEP pela fofosenolpiruvato-carboxicinase. OBS: A piruvato-carboxilase tem sua modulação positiva em presença de acetil-CoA, pois, esta é produzida na degradação de ácidos graxos, e seu acúmulo sinaliza a disponibilidade de ácidos graxos como combustíveis. Esse PEP é convertido em fosfoenolpiruvato pela enzima PEP-carboxicinase, continuando na via. 2. Conversão de frutose-1,6-bifostato a frutose-6- fosfato: Quem faz essa reação pe a enzima frutose-1,6-bifosfatase. 3. Conversão de glicose-6-fosfato em glicose: Desfosforilação da glicose-6-fosfato para formar glicose, ou seja, é o inverso da reação da hexocinase, essa reação é realizada pela enzima glicose-6-fosfatase. A glicose produzida pela gliconeogênese no fígado, nos rins ou ingerida na dieta é entregue a esses outros tecidos, inclusive o cérebro e os músculos, pela corrente sanguínea. Para cada molécula de glicose formada a partir do piruvato, seis grupos fosfato de alta energia são consumidos, quatro na forma de ATP e dois na forma de GTP. Além disso, duas moléculas de NADH, ou seja, a síntese de glicose a partir de piruvato é um processo relativamente dispendioso, porém necessário. OBS: Intermediários do ciclo do ácido cítrico com quatro, cinco e seis carbonos, como citrato, isocitrato, a-cetoglutarato, succinil-CoA, succinato, fumarato e malato podem sofrer oxidação a oxaloacetato para entra na via de gliconeogênese. Aminoácidos que podem ser convertidos em glicose são chamados de glicogênicos, a exemplo temos a alanina e a glutamina. OBS2: Os humanos não conseguem utilizar os ácidos graxos como matéria prima para a gliconeogênese. A degradação de ácidos graxos gera acetil-CoA, porém, não temos enzimas que transformem essa molécula em piruvato. Mas, podemos usar uma pequena quantidade de glicerol nessa via. VIA DAS PENTOSES FOSFATO É uma via alternativa de oxidação de glicose, quando o balanço energético, ou seja, a quantidade de ATP na célula está grande e não há necessidade de deslocar a glicose-6-fosfato para a glicólise, então ela vai para essa via. Essa via é dividida em duas fases, a fase oxidativa e a fase não oxidativa, além disso, seus produtos são 2 NADPHs e uma molécula de ribose-5-fosfato. OBS: NADPH é um substrato para a síntese de lipídios, sendo eles ácidos graxos, colesterol e esteróide. OBS: A ribose-5-fosfato é importante para a formação de nucleotídeos e coenzimas. Então, a via das pentoses fosfato ocorre em tecidos que realizam processos ligados a produção de algum desses componentes lipídicos. A fase oxidativa começa com a primeira reação da via das pentoses fosfato é a oxidação da glicose-6-fosfato em 6-fosfogliconato pela enzima glicose-6-fosfato- desidrogenase. Essa molécula pe convertida em ribulose-5-fosfato pela enzima 6-fosfogliconato- desidrogenase. 5 Cada reação dessa gera um NADPH, ou seja, no fim desse primeiro processo temos a formação de 2 NADPH. Essa ribulose-5-fosfato é convertida por uma isomerase em ribose-5-fosfato. A fase não oxidativa está relacionada comalgumas enzimas que vão fazer o rearranjo dos carbonos da ribulose-5-fosfato, transformando-a em outros carboidratos que são intermediários de outros processos do metabolismo. OBS: células cancerígenas tem a via das pentoses fosfato muito ativa, pois há uma grande produção de ribose para a formação de material genético. OBS: O NADPH vai ter uma função muito importante contra os efeitos deletérios do oxigênio reativo. Esses são conhecidos popularmente como os radicais livres, esses radicais livres são instáveis e podem reagir com outras moléculas (lipídios, proteínas e ácidos nucleicos) provocando mutações e/ou perda de função (são um dos motivos ligados a velhice). O que combate esses radicais livres que são produzidos naturalmente no nosso corpo são os antioxidantes, que tem a capacidade de devolver a estabilidade a esses radicais livres instáveis e o NADPH tem essa função. Como isso ocorre? O NADPH (que é a forma reduzida), é oxidado por uma enzima que ao mesmo tempo que oxida o NADPH, reduz a glutationa. A glutationa reduzida reage com o peróxido de hidrogênio, formando água, que é um produto não tóxico. Se não houvesse a reação dessa glutationa reduzida com o peróxido de hidrogênio, haveria a formação de radicais livres por esse peróxido, por isso o NADPH é importante nessas ocasiões. MODULAÇÃO: O acumulo de ATP freia a via principal de oxidação da glicose, que é a glicólise, e estimula a via alternativa que é a via das pentoses, ou seja, o acumulo de ATP influencia positivamente na via das pentoses fosfato. O excesso de NADPH modula negativamente a via das pentoses fosfato. Não temos NADP+ infinitos, então, se muitos deles se encontram reduzidos na forma de NADPH, quer dizer que reações que dependem de um NADP+ como aceptor não vão ocorrer perfeitamente, então é necessário que pare de ser produzido o NADPH, por isso modula negativamente.
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