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ÉMILE DURKHEIM FATO SOCIAL

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PENSANDO A SOCIEDADE 
138
A divisão do trabalho é, para Durkheim, o elemen-
to social que impulsiona o desenvolvimento das so-
ciedades. As funções sociais são fundamentais para 
sua análise e, por isso, a Sociologia desse autor foi 
considerada “funcionalista”. Esse foi um dos aspectos 
que influenciou os antropólogos que estudamos no 
Capítulo 3. Entretanto, para refletir sobre a divisão do 
trabalho, Durkheim desenvolveu outros conceitos im-
portantes, entre eles, o conceito de fato social, es-
sencial para definir o que é próprio ou não do campo 
sociológico.
Mulheres costuram bandeiras em fábrica localizada 
em Nova York, Estados Unidos. Foto de 1940. 
Construção da usina hidrelétrica 
Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR). 
Foto de 1981.
Com o objetivo de criar conceitos que se baseassem em 
modelos científicos reconhecidos, Durkheim entendia o 
fato social como uma coisa, um fenômeno tão apreensível 
quanto qualquer elemento físico ou biológico. Os fatos so-
ciais seriam maneiras de pensar, sentir e agir que exerce-
riam uma força externa (uma coerção) sobre os indivíduos.
Para Durkheim, a sociedade precederia os indivíduos 
e agiria sobre eles, determinando suas maneiras de ser. 
Assim, um fato social poderia ser reconhecível com base 
na coerção social imposta a um ou mais indivíduos. Seria 
considerado fato social o fenômeno que apresentasse: 
1. uma generalidade (que estivesse presente e fosse re-
conhecível em toda uma sociedade ou grupo social); 
2. uma externalidade (que fosse exterior às consciências 
sociais, isto é, que existisse independentemente da 
vontade e dos anseios do indivíduo); e 
3. uma força coercitiva externa aos indivíduos (que 
moldasse as vontades individuais ao coletivo).
Nesse sentido, a sociologia de Durkheim, além de fun-
cionalista, é também considerada estruturalista, porque 
interpreta a sociedade (a estrutura social) como fator de-
terminante das condutas individuais. 
“ASSIM FALOU... DURKHEIM[...] a divisão do trabalho [...] não serviria apenas para dotar nossas sociedades de luxo, invejável talvez, 
mas supérfluo; ela seria uma condição de existência da sociedade. Graças à divisão do trabalho, ou 
pelo menos por seu intermédio, se garantiria a coesão social; ela determinaria os traços essenciais da 
constituição da sociedade. Por isso mesmo [...] caso seja essa realmente a função da divisão do traba-
lho, ela deve ter um caráter moral, porque as necessidades de ordem, de harmonia e de solidariedade 
social são geralmente consideradas morais. 
DURKHEIM, Émile. Método para determinar a função da divisão do trabalho. 
In: RODRIGUES, José Albertino (Org.). Émile Durkheim. São Paulo: Ática, 2000. p. 66.
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UNIDADE 2 | CAPÍTULO 6
139
Exemplos de fatos sociais são as leis, a educação, a divisão do trabalho, as 
crenças religiosas e políticas, os esportes. O futebol, por exemplo, é um fato so-
cial porque está presente em toda a sociedade brasileira; é externo aos indiví-
duos, pois sua existência não depende da vontade individual; é também coercitivo, 
pois impõe aos brasileiros um padrão esportivo. Além disso, muitos meninos bra-
sileiros desejam ser, em primeiro lugar, jogadores de futebol. Esse “desejo” pode 
ser visto como coerção externa, propriamente social. 
Nos termos de Durkheim, a Sociologia é a ciência que estuda os fatos sociais. 
Aqueles fenômenos que não estiverem dentro de sua definição serão considera-
dos do domínio de outras ciências. 
3. MAX WEBER: AÇÃO SOCIAL E TIPOS IDEAIS
As principais obras de Max Weber foram escritas entre a primeira e a segunda 
décadas do século XX e estabeleceram um novo estágio para as Ciências Sociais. 
Ele também se empenhou em sistematizar a Sociologia, mas sua análise difere 
muito da de Durkheim, sobretudo no que se refere à importância do indivíduo e 
de sua ação social. Diferentemente de Durkheim, Weber não considerava a socie-
dade algo exterior e superior aos indivíduos. Para ele, a sociedade deveria ser 
analisada com base nas ações sociais.
VOCÊ JÁ PENSOU NISTO?
Nossa vida em sociedade depende de funções 
exercidas por outras pessoas. A sociedade con-
temporânea cria funções cada vez mais especia-
lizadas e das quais dependemos cada vez mais. 
Com isso, forma-se uma rede de interdependên-
cia entre os indivíduos. Dependemos do pedrei-
ro, do carpinteiro, do jornalista, que por sua vez 
depende do lojista, do comerciante, do industrial, 
que depende do vendedor de seguros, do vende-
dor de carros, do programador de software, que 
depende do pedreiro, do carpinteiro, e assim por 
diante. Ou seja: as funções sociais que desempe-
nhamos criam laços de interdependência social. 
Tente observar em sua escola como se dão essas 
relações de funcionalidade e interdependência 
profi ssional.
Nascido em Erfurt, na 
Alemanha, Max Weber 
(1864-1920) foi um dos mais 
importantes cientistas sociais 
de todos os tempos, e seus 
trabalhos tiveram grande influência sobre o estudo da 
sociedade moderna.
Embora reconhecesse, como Marx, a importância 
do trabalho e da economia sobre a vida social, Weber 
se interessou mais pelo modo como a economia era 
influenciada por outros aspectos da sociedade, em 
especial pela religião. Em sua obra mais famosa, A 
ética protestante e o espírito do capitalismo (1904-
-1905), Weber analisou a maneira pela qual algumas 
ideias do protestantismo, como a valorização do tra-
balho como sinal de predestinação à salvação, favo-
receram o desenvolvimento do capitalismo nos paí-
ses onde essa religião era mais forte. Isso não 
significaria que o capitalismo se desenvolveria ape-
nas nos países protestantes, mas que, no contexto 
europeu, algumas ideias de origem religiosa podem 
ter favorecido a formação e expansão do capitalismo.
Por outro lado, Weber via na sociedade moderna 
um processo crescente de racionalização: na econo-
mia, por exemplo, as formas tradicionais de trabalho 
foram substituídas pela fábrica e pela gestão cientí-
fica da produção; na política, a obediência à tradi-
ção foi substituída pelo respeito à lei e pela burocra-
cia. Embora todos esses aspectos favoreçam a 
eficiência, Weber temia que, com o tempo, a racio-
nalização causasse uma deterioração dos valores 
(não só religiosos, mas também os valores liberais 
ligados à liberdade individual, à democracia) que 
produziram a sociedade moderna. 
PERFIL
MAX WEBER
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