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Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG OBJETIVOS 1. Definir gustação, caracterizando a estrutura e funções da língua, e suas vias neurológicas sensitivas. 2. Definir olfação, caracterizando a estrutura e funções do nariz, e suas vias neurológicas sensitivas. 3. Caracterizar a integração sensorial entre olfação e gustação. 4. Identificar causas para alterações dos sentidos da olfação e da gustação. 5. Discutir acerca da importância dos órgãos sensoriais para o bem-estar biopsicossocial. Percepção, consciência e emoção Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Definir gustação, caracterizando a estrutura e funções da língua, e suas vias neurológicas sensitivas. Os ser humanos faz parte de uma das classes de seres vivos que é classificada em um grupo específico de alimentação, em que pode ser tanto por plantas, quanto por animais, chamados de onívoros. Nesse sentido, para ele se adaptar a essa forma de alimentação, foi necessária uma adaptação sensível e versátil do sistema de gustação para se conseguir diferenciar novas fontes de alimentos e possíveis toxinas. Hoje em dia sabemos que alguns gostos são inatos do ser humano, como a preferência inata por alimentos doces ocasionada, principalmente, pelo leite materno. Além disso, tendemos rejeitar instintivamente alimento que são amargos, que durante muito tempo, serviu como fator de proteção, uma vez que grande parte dos venenos apresenta essa característica. Entretanto, deve-se lembrar que essa característica pode se alterar, uma vez que o indivíduo pode alterar seus instintos, como, por exemplo, a pessoa que aos poucos vai retirando o açúcar do café, com o passar do tempo o gosto do café amargo já não a incomoda. Hoje em dia se acredita que sejamos capazes de responder a 5 sabores básicos: salgado, azedo (ácido), doce, amargo e unami. O unami, que é o sabor menos conhecido, é caracterizado pelo gosto do aminoácido glutamato, que é conhecido na culinária como glutamato monossódico. Seu nome vem do japonês e quer dizer: “delicioso”. Geralmente ele sozinho não seja a ser gosto, mas combinado com outros alimentos se apresenta bastante saboroso. Um exemplo de alimento rico é unami é o molho de soja. Diante disso, como podemos perceber os inúmeros sabores dos alimentos, como o do chocolate, do morango e dos molhos? 1) Cada alimento ativo uma diferente combinação de sabores básicos, que faz com que aquele sabor seja único 2) Muitos sabores diferentes são resultado de uma soma de sabor e aroma, que são percebidos ao mesmo tempo. Um exemplo disso está no fato de que sem o olfato poderíamos confundir a mordida de uma cebola com a mordida de uma maçã. 3) Outro ponto, é que há outros aspectos que favorecem essa experiência gustativa única, como a textura, temperatura. No caso da pimenta, o elemento chave é o sentido da dor causada pelo composto da capsaicina presente nela. Órgãos da gustação A degustação está relacionada não só ao órgão da língua, mas também a outras estruturas, como boca, palato, faringe e a epiglote. Além desses órgãos, devemos lembrar que quando vamos comer algo, estamos também sentindo o aroma do alimento que passa pela faringe em direção à cavidade nasal, que é detectado pelos receptores olfativos. Diante disso, percebe-se que o processo de gustação não é realizado de forma isolada, Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG mas sim conectada à diversas estruturas, órgãos e funções do corpo. A língua apresenta uma capacidade de ser mais sensível a alguns sabores, como a ponta da língua ao doce, o fundo ao amargo e as bordas laterais ao salgado e o azedo. No entanto, não quer dizer que essa sabores estão restritos a esses locais, podendo ser sentido em qualquer região da língua, uma vez que ela é sensível a todos os sabores. A língua sem dúvida é um dos órgãos que desempenha um papel de extrema relevância na gustação. Isso por que na superfície desse órgão há uma série de projeções pequenas de estruturas que são chamadas de papilas. Elas recebem esse nome por ser uma elevação presente na superfície da língua, apresentando três tipos de formas e sendo classificada em relação a essa forma em: - Filiforme: foliadas com forma cônica e alongada. São as que estão mais presentes na nossa língua, mas apresenta pouca quantidade de botões gustativos. Ajuda na ingestão de alimentos. - Circunvaladas: com formato achatado de vale. Elas estão localizadas no fundo da língua, perto da entrada do esôfago. Ela permite com que os líquidos ingeridos flutuem facilmente por ser achatada e circular. - Fungiformes: com forma de cogumelos com base estreita e corpo dilatado, tem pouco botões gustativos e é localizado mais à ponta da língua. - Foliadas: tem forma de folhas e são menos desenvolvidas pelos seres humanos, mas apresentam diversos botões gustativos. Estão localizadas nas bordas da língua. É nessas papilas que encontramos centenas de botões gustativos, que são vistos somente a nível de microscópio. Nesses botões gustativos, é que encontramos cerca de 50 a 150 células receptoras gustativas, que são organizadas em forma de um gomo de laranja. Essas células receptoras gustativas constituem apenas 1% do epitélio lingual. Além dessas células, tem-se também a presença das células basais que envolvem as células gustativas associadas a um conjunto de axônios gustativos aferentes. Normalmente uma pessoa possui entre 2.000 a 5.000 botões gustativos, embora, em outros casos, possa apresentar menos de 500 ou até 20.000 As papilas apresentam um limiar de percepção, que faz com concentrações acima desse limiar de concentração sejam percebidas, pois as papilas tendem a ser sensíveis a apenas um sabor básico, ou seja, há papilas sensíveis ao azedos e papilas sensíveis ao doce. No entanto, quando as concentrações dos estímulos são muito maiores, as papilas tendem a diminuir esse reconhecimento, perdendo especificidade. As células receptoras gustativas As células receptoras gustativas possuem uma parte quimicamente sensível pequena em sua membrana, chamada de terminal apical. Esses terminais apicais possuem finas extensões, denominadas de microvilosidades, que se projetam ao poro gustativo, sendo por meio desse poro que a células gustativa é exposta aos conteúdos da boca podendo identificar os sabores expostos. Isso por que apesar de as células receptoras gustativas não serem consideradas neurônios, são elas que fazem sinapses com os terminais de axônios gustativos aferentes na base dos botões gustativos com o objetivo de passar as informações. Além disso, as células receptoras gustativas também fazem sinapses químicas e elétricas com algumas células basais, que permite a formação de um circuito simples de processamento de informações dentro do próprio botão gustativo. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG As células do botão gustativo sofrem um constante ciclo de crescimento, morte e regeneração; a vida média de uma célula gustativa é de cerca de 2 semanas. Esse processo depende da influência do nervo sensorial, porque, se o nervo for cortado, o botão gustativo degenerará. Processamento de informação O processamento de informação inicia quando os receptores gustativos são ativados por alguma substância química apropriada que muda o seu potencial de membrana geralmente por despolarização. Essa mudança na voltagem é chamada de potencial do receptor. O que acontece é o seguinte: se houver um potencial do receptor despolarizante e suficientemente grande, ele pode disparar potenciais de ação de muitos receptoresgustativos, assim como de neurônios. A despolarização da membrana do receptor promove a abertura de canais de Ca2+ dependentes de voltagem, em que o Ca2+ entra no citoplasma, promovendo a liberação de moléculas de substâncias transmissoras. Essa é a transmissão sináptica básica de um receptor gustativo para um axônio sensorial. A identidade do transmissor químico é desconhecida, mas sabemos que ele excita a região pós-sináptica no axônio sensorial e faz com que ele dispare potenciais de ação, comunicando os sinais gustativos ao tronco encefálico. É importante ressaltar que 90% das células receptoras respondem a dois ou mais sabores básicos, sendo uma minoria que responde e somente a um estímulo. Essa diferença de resposta está diretamente relacionada a um processo particular da célula que chamado de TRANSDUÇÃO, que é nada mais do que o estímulo ambiental que causa uma resposta elétrica em uma célula receptora sensorial. Mecanismo de Transdução Gustativa A transdução gustativa envolve diversos processos diferentes em que cada sabor pode usar um ou mais mecanismo de transdução, diferentemente do sistema auditivo em que é utilizado somente um único tipo básico de célula receptora com um mesmo mecanismo de transdução. Os estímulos gustativos podem ocorrer de diversas formas: 1) Podem passar diretamente através dos canais iônicos (salgado e ácido) 2) Ligar-se e bloquear os canais iônicos (ácidos) 3) Podem se ligar a receptores acoplados a proteínas G, que ativam sistemas de segundos mensageiros, que abrem os canais iônicos (doce, amargo e unami). Proteína G é uma classe de proteínas envolvida na transdução de sinais celulares. Elas são chamadas de proteínas G porque funcionam como "chaves moleculares", alternando entre um estado de ligação com uma guanosina difosfato inativa (GDP) e outro com uma guanosina trifosfato ativa (GTP). Isso leva a regulação dos processos seguintes da célula. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG • Sabor salgado O sabor do sal vem principalmente do gosto do cátion Na+ presente no composto do NaCl (cloreto de sódio), havendo um grupo de células gustativas que são sensíveis a esse sabor por meio de um canal seletivo ao Na+, que também é encontrado em outras células epiteliais que é bloqueado pelo fármaco amilorida. Esses canais sensíveis a amilorida se diferencia dos canais de Na+ dependentes de voltagem, por que eles são insensíveis a voltagens permanecendo abertos o tempo todo. O que acontece é que quando se consome um alimento salgado, ocorre um aumento na concentração de Na+ do lado externo do receptor que favorece o aumento do gradiente de Na+ da membrana. Com isso, o Na+ vai acabar se difundindo a favor do gradiente de concentração menor, ou seja, para dentro da célula, fazendo com que seja induzido a despolarização da membrana. Essa despolarização – o potencial de receptor –, por sua vez, causa abertura dos canais de sódio e cálcio dependentes de voltagem, próximo das vesículas sinápticas, desencadeando a liberação do neurotransmissor sobre o axônio gustativo aferente. Os ânions dos sais afetam o sabor dos cátions. Por exemplo, o NaCl tem um sabor mais salgado do que o acetato de sódio (CH3COONa), aparentemente porque quanto maior for um ânion, mais ele inibirá o sabor salgado do cátion. Além disso, quando os ânions se tornam maiores, tendem a impor seu próprio sabor. A sacarina sódica tem um sabor doce porque a concentração de sódio é muito baixa para provocar um estímulo salgado, e a sacarina ativa com grande potência os receptores para o sabor doce. • Sabor Azedo (ácido) O azedo dos alimentos é causado principalmente pela alta acidez presente neles, uma vez que muitas vezes são formados por ácidos como o HCl que se dissolve em água liberando íons H+. Esses íons H+ chamados de prótons pode afetar os receptores gustativos de duas formas: 1) O H+ ele pode entrar pelos canais de sódios sensíveis à amilorida, causando uma entrada de corrente de H+ que consegue despolarizar a célula. 2) Os íons de H+ pode se ligar aos canais seletivos de K+ para que eles sejam bloqueados e assim a permeabilidade da membrana diminui, o que causa despolarização. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG • Sabor Amargo Receptores para o sabor amargo são detectores de venenos. Talvez porque venenos são quimicamente diversos, há vários mecanismos para transdução do gosto amargo, além de haver mais de 30 tipos diferentes de receptores T2R para as substâncias amargas. O sistema nervoso não distingue uma substância amarga de outra, pois a mensagem que o encéfalo recebe dos 30 tipos de receptores gustativos da substância amarga é somente uma de que o gosto é ruim e não deve ser uma substância confiável. O que acontece é que quando uma substância química se liga a um receptor do sabor amargo, ele vai ativar uma proteína chamada de proteína G, que vai fazer a regulação do processo do processo seguintes da célula. Ou seja, é essa proteína que permite com que ocorra uma estimulação na enzima fosfolipase C, que só vai determinar a produção do mensageiro intracelular Inositol trifosfato (IP3). É esse IP3 que vai ser o responsável pelos processos que vão permitir a despolarização das células. Ele pode ativar um tipo especial de canal iônico específico dessas células que permite a entrada de Na+, possibilitando a despolarização. A despolarização, por sua vez, causa abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem, permitindo a entrada de Ca2+ na célula favorecendo a liberação do neurotransmissor, estimulando o axônio aferente gustativo. Além disso, o IP3 também pode logo induzir a liberação de Ca2+ dos estoques intracelulares. • Sabor doce Os estímulos doces podem ser tanto naturais, quanto artificiais, sendo dectados principalmente pela mesma proteínas receptora gustativa. Os receptores para o estímulo doce assemelham-se aos receptores para o estímulo amargo, por serem receptores acoplados a proteínas G, mas a diferença está no fato de que os receptores para o estímulo doce são formados por duas proteínas firmemente associadas, enquanto que o receptor para o estímulo amargo consiste em uma única proteína. Os receptores funcionais para o estímulo do doce dependem de dois membros muito particulares da família de receptores T1R: T1R2 E T1R3. Se por alguma motivo um desses receptores estiver ausente ou com mutação, a pessoa não consegue perceber o sabor do doce. Os conhecimentos dos processos de transdução relacionados aos sabores amargo, doce e umami tiveram um grande impulso com a descoberta de duas famílias de genes para receptores gustativos (denominados T1R e T2R), pois esses genes codificam uma variedade de receptores gustativos acoplados a proteínas G. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG A ligação de substâncias químicas ao receptor T1R2 + T1R3 (ou seja, o receptor para o estímulo doce) ativa exatamente o mesmo sistema de segundo mensageiro que os receptores para o estímulo amargo para que se possa despolarizar a célula e consequentemente entrada de Ca2+ para liberação de neurotransmissores. (Dúvida): por que não confundimos as substâncias químicas que estimulam o sabor doce com o sabor amargo? - Isso não ocorre por que as células gustativas que expressão as proteínas parao sabor doce são diferentes das células que expressam proteínas para o sabor amargo, além disso, elas ainda se conectam a axônios gustativos diferentes, tendo diferentes linhas de transmissão. • Umami (Aminoácidos) O sabor Unami é caracterizado principalmente pelos compostos aminoácidos que formam as proteínas, os quais são excelentes fontes de energia. Esses compostos são reconhecidos por receptor assim como ocorre o reconhecimento do estímulo doce e amargo. A diferença está no receptor que é formado por dois membros da família de proteínas T1R, que é o T1TR1 + T1R3, sendo diferente do receptor do estímulo doce, pois esse é formado pela proteína T1R3 mais a T1R2 e não T1R1. Isso foi comprovado principalmente por meio de experiências com camundongos, em que os que deixavam de codificar o gene para a proteína T1R1 devido a mutações por exemplo, acabavam sem reconhecer o sabor do gosto do glutamato e de outros aminoácidos, mas continuavam reconhecendo o sabor doce. Relembrando! A gente não confunde os sabores doce, amargo e umami mesmo eles ativando o mesmo sistema de segundo mensageiro por que as células receptoras gustativas expressam apenas uma classe de proteína receptora gustativa, ou seja, existe células gustativas específicas para o sabor do umami, para o doce e para o sabor amargo. Observação! Nervos cranianos Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Vias centrais da Gustação O principal fluxo de informação gustativa segue a seguinte ordem: botões gustativos → axónios gustativos primários → tronco encefálico → subindo tálamo → córtex cerebral Há três nervos cranianos que levam a informação gustativa para o encéfalo e que contém axônios gustativos primários, é o nervo craniano VII ou nervo facial, nervo craniano IX ou nervo glossofaríngeo e nervo craniano X ou nervo vago. - O nervo VII ou nervo facial envia informação de 2/3 da anterior da língua e do palato para o encéfalo. - O nervo IX ou nervo glossofaríngeo vai enviar a informação do terço posterior da língua que está faltando. - O nervo X ou nervo vago envia a informação das regiões em volta da garganta, incluindo a glote, a epiglote e a faringe. Depois de enviadas os axônios gustativos de cada região para esses nervos, eles entram no tranco encefálico e lá fazem sinapses dentro do núcleo gustativo delgado que é uma parte do tracto solitário no bulbo. Após o núcleo gustativo, é que as vias gustativas vão seguir caminhos diferentes, mas vão principalmente se direcionar ao córtex por meio do tálamo, emitindo feixes pro córtex gustativo primário Os caminhos diferentes que essas vias podem seguir são os relacionados ao controle da alimentação e da digestão, uma vez que elas podem está envolvidas em processos de deglutição, na salivação, no vômito e nas funções fisiológicas básicas. No entanto, o principal trajeto é o que os neurônios do núcleo gustativo estabelecem sinapses com um subgrupo de pequenos neurônios do núcleo ventral póstero-medial (núcleo VPM), que por último enviam axônios ao córtex gustativo primário localizada em uma área situada na parte inferior do giro pós-central. As lesões que acontecem no núcleo VPM que é a porção do tálamo que lida com informações sensorial e no córtex gustativo podem causar ageusia, que é a perda de paladar. Isso pode ser por causa de acidente vascular cerebral, entre outras causas. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Definir olfação, caracterizando a estrutura e funções do nariz, e suas vias neurológicas sensitivas. O olfato é um dos órgãos de extrema importância para o ser humano, uma vez que está relacionado tanto no reconhecimento de alimentos com aumento da satisfação deles, quanto no reconhecimento de substâncias nocivas ou situações de perigo, como o cheiro de uma comida estragada ou um possível vazamento de gás. Hoje em dia já se reconhece que apesar dos milhares de diferentes cheiros e aromas que reconhecemos, cerca de 80% são vindas de cheiros caracterizados não como “bom”, que geralmente servem para nos alertar em uma situação de perigo ou que possa colocar nossa vida em risco. Além disso, o olfato também desempenha um papel na comunicação através da liberação de substâncias químicas chamadas de feromônios que são importantes formas de sinais de comportamento reprodutivos, de identificação de indivíduos e até de indicação de agressividade. Órgãos do Olfato A cavidade nasal constitui o principal local onde encontramos os órgãos do sistema olfatório. A cavidade nasal está situada em cima da boca e debaixo da caixa craniana, contento órgãos do sentido do olfato, que é forrado por um epitélio secretor de muco. O órgão olfativo é formado por uma mucosa na parte superior chamada de mucosa olfativa ou amarela e na parte inferior formada por uma mucosa vermelha que é rica em vasos sanguíneas contendo glândulas que secretam muco para manutenção da região úmida. A mucosa amarela é rica principalmente em terminações nervosas do nervo olfativo, em que há uma pequena e fina camada de células chamadas de epitélio olfativo. Esse epitélio apresente três tipos de células: células receptoras olfativas, células de suporte e células basais. - As células receptoras olfativas são os locais de transdução do estímulo químico, sendo essas células os próprios neurônios com axônios próprios que entram no sistema nervoso. Sendo os cílios da células olfativas os próprio dendritos da célula. - As células de suporte são as células que são similares a da glia, oferecendo suporte e nutrição, auxiliando também na produção de muco. - As células basais são as que oferecem novos receptores. Isso por que os receptores olfativos têm um ciclo de vida de aproximadamente 4 a 8 semanas, sendo um dos poucos tipos de neurônios que são regularmente substituídos ao longo da vida. Os cornetos nasais são estruturas feitas de osso, tecido esponjoso e mucosa que ajudam a aquecer e umidificar o fluxo de ar que passa pelo nariz. O vestíbulo é uma porção da cavidade nasal, com início na narina que segue até a borda inferior da cartilagem nasal lateral, revestido por pele e forrado por pelos e glândulas sebáceas. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Além das células, o epitélio olfativo é coberto por uma fina camada de muco que é produzida e substituída a cada 10 minutos. O muco é formado por mucopolissacarídeos e proteínas, contendo anticorpos, enzima e proteínas capazes de se ligarem a estímulos químicos no ar. - Um fato importante é que os anticorpos são de grande importância por que as células olfativas pode ser uma rota direta de patógenos, como vírus e bactérias para o encéfalo, um exemplo de vírus que pode seguir esse trajeto é o próprio vírus da raiva. Curiosidade! A área da superfície do epitélio olfativo humano tem apenas cerca de 10 cm2. O epitélio olfativo de certos cães pode passar de 170 cm2, e os cães possuem 100 vezes mais receptores por centímetro quadrado do que os humanos. Neurônios Receptores Olfativos Os neurônios receptores olfativos que são o mesmo que as células receptoras olfativas possuem somente um único dendrito fino que se projeta na forma de cílios para a região externa do epitélio olfativo formada por muco. Após a passagem do corpo do neurônio, temos apresença de axônios muito fino e não mielinizado que são chamados de axônios olfativos, em que eles formam o nervo olfativo (I nervo craniano). Esses axônios formam pequenos grupos que entram em uma fina placa óssea denominada de placa cribiforme presente no osso etmóide (goteira olfatória) e depois para o bulbo olfatório, que é a sede central de elaboração das impressões olfativas. Observação! Os axônios olfativos são frágeis e, durante um traumatismo, como um soco no rosto, podem ser cortados permanentemente pelas forças entre a placa cribiforme e tecidos vizinhos. Isso causa a anosmia que é incapacidade de perceber odores. No bulbo olfatório, os axônios convergem para formar estruturas sinápticas chamadas glomérulos que se direcionam para as células mitrais e depois para o trato olfativo. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Transdução Olfativa Acredita-se que a diferentemente da via gustativa, os receptores gustativos utilizem apenas um sistema de transdução. O que acontece é o seguinte: - As substâncias odoríferas se ligam a uma proteína receptora olfatória que está localizada em um cílio olfatório. - Esse cílio estimula uma proteína da membrana chamada de proteína G, que vai ativar a enzima adenilato ciclase para formação de uma substância chamada de Monofosfato de adenosina cíclico (AMP cíclico ou cAMP). - Essa AMP cíclico vai se ligar a canais catiônicos específicos que vão abrir, permitindo a entrada de Na+ e Ca2+ e ainda, muitas vezes, aberturas de canais de cloreto regulados pelo Ca2+, que vai permitir a despolarização e com potenciais suficientemente grande permitir a propagação dos potenciais ao longo do axônio até o SNC. É importante ressaltar que para se conseguir discriminar milhares de substâncias odoríferas deve haver um grande número de proteínas receptores e hoje se sabe que nos humanos há cerca de 350 genes que codificam proteínas funcionais de receptores. Cada um desse gene possui uma estrutura única que permite que as proteínas codificadas por esses genes liguem odorantes diferentes. Vias centrais do olfato Primeiro o reconhecimento das moléculas odoríferas se inicia nos cílios olfatórios que estão presentes no prolongamento das células olfatórias, como nós sabemos. Assim, para ocorrer a transmissão desse estímulo, o primeiro neurônio de atuação são as próprias células olfatórias, que estão localizados na mucosa olfatória situada na parte mais alta das fossas nasais e são neurônios bipolares. Esses neurônios têm prolongamentos periféricos pequenos que terminam nas próprias vesículas olfatórias, que contém receptores da olfação. Já os prolongamentos centrais desse neurônio (os axônios amielínicos), eles vão se agrupar em feixes filamentosos, que em conjunto formam o nervo olfatório, I nervo craniano. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Depois da formação desse nervo, os filamentos atravessam pequenos orifícios da lâmina crivosa do osso etmoide e terminam no bulbo olfatório onde vão fazer sinapses com o segundo neurônio. (Neurônio II) No bulbo, os neurônios II chamados de células mitrais, que contem dendritos muito ramificados, fazem sinapses com as extremidades ramificadas dos axônios das células olfatórias e formam o que é chamado de Glomérulos Olfatórios. Os axônios mielínicos das células mitrais seguem em direção ao trato olfatório e ganham estrias olfatórias lateral e medial. Esses axônios de saída dos bulbos olfatórios estendem-se através dos tratos olfatórios e se projetam diretamente para vários alvos, como áreas de conexões de memórias, emoções, afetividade e humor. Entre os alvos mais importantes estão a região primitiva do córtex cerebral, denominada córtex olfativo, e algumas estruturas vizinhas no lobo temporal. Acredita-se que os impulsos olfatórios conscientes seguem pela estria olfatória lateral e terminam na área cortical de projeção para a sensibilidade olfatória, localizado na parte anterior do uncos e do giro para-hipocampal. Ao contrário dos outros sistemas sensoriais, a informação sensorial atinge o córtex de modo direto e sem passar pelo tálamo antes. No entanto, a percepção consciente do odor parece ser mediada por uma via que é iniciada no tubérculo olfatório que, ao passar pelo núcleo frontal do tálamo, se projeta para o córtex orbitofrontal. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Caracterizar a integração sensorial entre olfação e gustação. O olfato tem um papel de extrema importância no comportamento alimentar, podendo influenciar no apetite e nas escolhas e na ingestão dos alimentos. O olfato está intimamente interligado ao paladar, e isso é comprovado, principalmente, quando alguém fica resfriado e não consegue sentir o gosto dos alimentos. O que acontece é que apesar de os sabores serem detectados sem nenhum problema a sensação de gosto é afetada. Isso ocorre porque metade do sabor é dependente do cheiro, já que, ao expirar, as moléculas odoríferas presentes no alimento são transportadas pelo fluxo de ar até a câmara olfativa, onde o cérebro reúne as informações do olfato com as das papilas gustativas, resultando no paladar. Essa combinação entre o olfato e a gustação, é denominado de olfato retronasal. No entanto, cientistas do Monell Chemical Senses Center na Filadélfia (EUA), um instituto científico sem fins lucrativos, tiveram conhecimento de que a interação entre o olfato e o paladar não começa no cérebro como se pensava, mas sim na língua. Antigamente prevalecia o entendimento de que o contato entre as duas sensações olfativas e gustativas aconteciam na região da ínsula anterior do cérebro. Porém, o novo estudo demonstra que a interação entre o cheiro e o paladar acontece nas células gustativas presentes na língua. Segundo o principal autor do estudo, o biólogo celular Mehmet Hakan Ozdener, há células olfativas presentes nessas células gustativas que podem desempenhar um papel importante na detecção do sabor de alimentos específicos, além de poder alterar as respostas do paladar, colocando as moléculas de odor como intensificadores de sabor, aumentando a percepção dos componentes voláteis dos alimentos. Enquanto muitas pessoas associam sabor exclusivamente ao paladar, o estudo comprova que o sabor característico da maioria dos alimentos e bebidas provém mais do cheiro. A pesquisa destaca que o olfato fornece informações detalhadas sobre a qualidade dos alimentos. Por meio dele, por exemplo, podemos diferenciar o sabor da banana e da cereja. O cérebro combina a contribuição do paladar, do olfato e de outros sentidos para criar a sensação de sabor multimodal. Mehmet Ozdener iniciou essa pesquisa há quase seis anos. Ele se interessou pelo assunto depois de ter sido questionado pelo filho a respeito da habilidade das cobras de sentirem o cheiro por meio da língua. Depois disso é começou a fazer testes na área e percebeu que as células de sabor cultivadas podiam responder a moléculas odoríferas. O trabalho ainda não está concluído, mas os resultados obtidos até o momento comprovaram que, por meio do cheiro do alimento, é possível distinguir o sabor doce do amargo. Além disso, outrostestes dos cientistas do Monell Chemical Senses Center evidenciaram que uma única célula do paladar pode conter receptores gustativos e olfativos. Os pesquisadores envolvidos no estudo acreditam que os resultados obtidos até o momento poderão ser usados para a manipulação do sabor de alimentos. Eles querem desenvolver modificadores de paladar baseados em odor, que vão ajudar as pessoas a deixarem de ingerir sal, açúcar e gordura em excesso, o que contribuirá para o combate de doenças, como a obesidade e a diabetes. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Identificar causas para alterações dos sentidos da olfação e da gustação. • Anosmia/Hiposmia Anosmia é a ausência da sensação do odor enquanto que a hiposmia é a redução dessa percepção; as causas de disfunção olfatória podem ser divididas em condutivas ou sensitivo/neurais. - Condutivas: ocorre quando há obstrução ao fluxo aéreo para a fenda olfatória, incluindo rinossinusite crônica com polipose, desvio septal, rinites e tumores. - Sensitivas/neurais: ocorrem devido lesão ou alteração da sinalização em qualquer ponto da via olfatória desde os neurônios receptores até os centros processuais altos no cérebro. Exemplos incluem hiposmia devido infecção do trato respiratório superior ou trauma de crânio, além de esclerose múltipla e demência de Alzheimer • Envelhecimento O envelhecimento é a principal causa de disfunção olfativa, uma vez que envolve uma série de alterações estruturais do neuroepitélio e nervo olfativo e de regiões cerebrais envolvidas no processamento de informação olfativa. Além disso, a perda da capacidade regenerativa do nervo olfativo pode predispor a uma maior suscetibilidade a infeções virais, q também podem reduzir essa função olfativa. A perda de memória olfativa e de nomeação de odores são as capacidades mais afetadas pelo envelhecimento, particularmente na sétima e oitavas décadas de vida, que poderão estar relacionadas com o estado cognitivo e os centros cerebrais superiores. • Processos infecciosos Estima-se que 18-45% de todos os casos de diminuição do olfato decorram após uma infeção das vias aéreas superiores, podendo afetar cerca de 11 a 40% destes indivíduos. Geralmente, estas alterações são temporárias, decorrendo do edema da mucosa nasal e da diminuição da passagem do fluxo aéreo. Contudo, em uma pequena percentagem de doentes, o défice é permanente devido, por exemplo, a uma lesão do neuroepitélio olfativo periférico e alterações degenerativas das vias olfativas centrais, após a invasão vírica. • Perturbações Depressivas Deve se lembrar que as impressões olfativas estão ligadas às emoções e ao seu processamento cortical superior, partilhando substratos anatómicos. Como temos na depressão, alterações ligadas às emoções, as perturbação depressiva pode existir diminuição na capacidade de deteção, identificação e discriminação dos odores, e alteração hedónica dos mesmos, havendo maior risco de parosmia ou fantosmia. Parosmia\Disosmia: distorção de odores, interpretação errônea de uma sensação olfatória, perverção do olfato, ocorre em neuropatas, neurite gripal, aura epilética. O indivíduo refere que "nada cheira certo" ou que "tudo tem o mesmo cheiro". Fantosmia: sensação de odores que não existem, intermitente ou constante, os odores são geralmente descritos como pútridos (ovos podres ou fezes). Pode surgir como aura de epilepsia ou em portadores de neurite gripal. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG • Substâncias tóxicas Quando há exposição do sistema olfatório a substâncias tóxicas, a perda olfatória pode ocorrer em dias ou anos, podendo ser reversível ou permanente. O grau de lesão parece estar relacionado ao tempo de exposição e à concentração e toxicidade do agente, comumente associado ao tabaco. São exemplos de drogas que afetam a olfação: anfetaminas, antibióticos (aminoglicosídeos, tetraciclina), cocaína, derivados de petróleo, dióxido sulfúrico, etanol, formaldeido, metais pesados, metanol, monóxido de carbono, nicotina, solventes orgânicos, sulfa-to de zinco (tópico) e tetracloreto de carbono • Medicamentos Os medicamentos costumam afetar mais a gustação que a olfação. Na maior parte das vezes a olfação retorna com a suspensão da medicação, mas existem relatos de lesão permanente. Drogas que afetam a composição do muco podem alterar a olfação, como os beta- adrenérgicos, colinérgicos e agentes peptidérgicos. • Alterações do Paladar O paladar pode ser afetado em casos de lesões do nervo facial proximais à saída da corda timpânica. No caso de distúrbios gustativos permanentes, estes podem sobrevir após paralisia facial de Bell. Disfunções do paladar e do olfato frequentemente ocorrem juntas, pois as anormalidades do paladar se devem geralmente a disfunção olfativa. Disgeusia, ou seja, distorção persistente no paladar, pode ser um efeito direto ou indireto de condições malignas. Hipergeusia (aumento da percepção do sabor) e parageusias (sentir o sabor errado de um alimento) podem ocorrer em psicoses e no transtorno de conversão. Os traumas na cavidade oral podem causar atrofia das papilas gustativas do dorso da língua ou em casos de queimaduras uma destruição temporária delas, que pode causar tanto ageusia quanto hipogeusia. Covid Hipóteses para alterações de gostos e cheiros. 1 - Especialistas da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, descobriram que o coronavírus ataca as células que fornecem suporte metabólico e estrutural aos neurônios sensoriais, bem como certas células-tronco e vasos sanguíneos. O estudo, publicado na revista científica Science Advances, indica que o vírus altera o sentido do olfato nos pacientes não infectando diretamente os neurônios, mas afetando a função das células de suporte. 2 - Sugere-se que, o principal motivo pelo qual ocorre esta diminuição do olfato e paladar, ou sua perda transitória, seria a utilização da ECA2, pelo SARS-CoV-2, em conjunto com a TMPRSS2, para ligar-se e penetrar nas células epiteliais nasais e orais, respectivamente, comprometendo assim esses estímulos sensoriais. - O sars-cov-2 usa a enzima conversora de angiotensina (ECA2) pra aderir e penetrar na célula hospedeira e conseguir ser expressa no epitélio olfativo e nas células epiteliais da mucosa da cavidade oral; - O ECA2 age como um receptor para a covid e permite que o vírus se ligue na superfície das células alvo por meio da glicoproteína S do envelope viral; - O TMPRSS2 é uma proteína de superfície celular que cliva a glicoproteína S e permite a fusão da membrana celular e a entrada do vírus; - As células, ao serem infectadas, induzem mudanças transitórias na percepção do odor, devido à resposta inflamatória desencadeada pelo sistema imunológico; https://advances.sciencemag.org/lens/advances/early/2020/07/28/sciadv.abc5801 https://advances.sciencemag.org/lens/advances/early/2020/07/28/sciadv.abc5801 Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG - No entanto, os neurônios sensoriais olfativos e os neurônios do bulbo olfativo, os quais são responsáveis pela transmissão da informação sensorial ao cérebro, não expressam estes receptores, o que justificaria o retorno da olfação, ao final do processo infeccioso. Discutir acerca da importância dos órgãos sensoriais para o bem-estar biopsicossocial. O olfato é um órgão que desempenha um importante papel na percepção do mundo exterior e também no bem estar do indivíduo. Pesquisadores reuniram um grupo de idosos suecos, com idade média de 75 anos, eapresentaram a cada um dos indivíduos do grupo três conjuntos de 20 sinais de memória. Esses sinais eram compostos por palavras, figuras e também aromas, e o resultado do estudo foi surpreendente. De acordo com os pesquisadores, os sinais escritos, ou seja, compostos por palavras, e os sinais visuais tinham a capacidade de trazer à tona memórias da adolescência e juventude. Enquanto isso, os sinais aromáticos conseguiam resgatar lembranças da primeira infância, ou seja, período anterior aos 10 anos de idade. Ainda, segundo os pesquisadores envolvidos, os idosos descreviam essas lembranças com riquezas de detalhes e emoção, como se estivessem revivendo aquele exato momento em que o cheiro foi sentido pela primeira vez, muitas décadas atrás. Sabendo da importância do olfato no bem estar, temos algumas essências que além de perfumar, conseguem promover o bem-estar físico e mental dos indivíduos. • Especiarias – estimulante cerebral O cheiro de especiarias está entre os principais grupos aromáticos e envolve a fragrância de canela, cravo, pimenta e suas variações. De acordo com estudos feitos pela Universidade Jesuíta Wheeling, o principal benefício desse aroma ao bem-estar é a capacidade de agir como um estimulante cerebral, permitindo a melhora das funções cognitivas, incluindo memória e foco. • Lavanda De acordo com um estudo realizado com 42 pessoas, a essência de lavanda foi responsável por resultados satisfatórios no sono e até na melhora da depressão. • Amadeirados A família dos amadeirados engloba o aroma de pinho e cedro, e seu principal benefício é a redução dos efeitos provocados pela ansiedade. Essa conclusão é de um estudo japonês. Esse estudo foi realizado por meio de participantes que caminharam em florestas de pinheiros, depois das caminhadas eles relataram uma melhora nos sintomas da depressão e também do estresse.
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