Buscar

OFTALMOLOGIA - ANATOMIA E FISIOLOGIA DO OLHO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

OFTALMOLOGIA 
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO OLHO 
Tendo em vista que a oftalmologia se dedica ao estudo e ao tratamento das doenças que 
acometem os olhos e seus anexos, é imprescindível que se conheça a estrutura básica de um 
olho, a fim de que o médico oftalmologista possa realizar, com propriedade e se necessário, 
cirurgias, tratamentos e correções. 
Portanto, de início, será estudada a parte externa do olho. A parte externa do olho é 
constituída de pálpebras, pele e apêndices, conjuntiva, córnea e esclera. As pálpebras 
desempenham duas principais funções: 
• Proteção do globo ocular; 
• Secreção, distribuição e drenagem da lágrima. 
O espaço que existe entre essas pálpebras é chamado de fissura ou abertura ocular. As 
fibras do músculo orbicular formam um anel ao redor da abertura palpebral e sua contração 
leva ao fechamento da mesma. A abertura palpebral é realizada principalmente pelo músculo 
elevador da pálpebra superior, embora ainda existam túnicas fibrosas que agem na retração da 
pálpebra inferior. As pálpebras são firmemente aderidas às margens da órbita pelos 
ligamentos palpebrais medial e lateral. O movimento de piscar distribui a lágrima através da 
córnea, o que mantém uma superfície lisa, além de promover a retirada de debris (vestígios de 
células ou de tecidos mortos danificados). O reflexo palpebral do piscar é também um 
importante fator de proteção. A via nervosa aferente é composta por um ramo do trigêmeo 
(V par), e a eferente, pelo nervo facial (VII par). Os cílios também desempenham função 
protetora. 
Quanto à pele e aos apêndices, tem-se que a pele das pálpebras é fina e frouxamente 
aderida aos tecidos subjacentes, permitindo, em situações de inflamação e sangramento, a 
formação de um edema considerável. 
 
A placa tarsal é uma faixa de tecido conjuntivo denso e situa-se, posteriormente, à pele e 
ao músculo orbicular, e anteriormente, à conjuntiva palpebral. Nessa mesma placa tarsal, são 
encontradas as glândulas de Meibomius, responsáveis pela produção da camada lipídica do 
filme lacrimal (a camada gordurosa é a camada mais externa da lágrima). Elas estão alinhadas 
verticalmente na placa tarsal e se abrem junto à margem palpebral, onde se podem notar seus 
orifícios. As placas tarsais, perifericamente, apresentam continuidade com o septo orbitário 
(uma fina estrutura divisória entre a pálpebra e a órbita). Ao longo da margem palpebral, são 
encontrados os cílios, anteriormente (possuindo função protetora) e os orifícios meibomianos 
posteriormente. 
 
Na região dos terços nasais, observam-se aberturas chamadas pontos lacrimais (superior e 
inferior), sendo responsáveis pela drenagem da lágrima por meio de canalículos lacrimais. Por 
fim, é importante destacar a linha cinzenta importante estrutura na reparação das lacerações 
palpebrais, situa-se entre os cílios e os orifícios meibomianos. 
 
 
A inervação sensorial desta região palpebral da parte externa do olho tem origens do nervo 
trigêmeo (V par craniano), via divisão oftálmica (pálpebra superior) e divisão maxilar 
(pálpebra inferior). Quanto à inervação motora, temos que esta é realizada pelo nervo facial 
(VII par craniano), inervando o músculo orbicular, bem como pelo nervo oculomotor (III 
par craniano), que inerva o músculo levantador da pálpebra superior. Uma paralisia desse 
nervo leva a uma queda da pálpebra superior denominada “ptose”. 
Quanto à irrigação vascular, pode-se afirmar que as pálpebras são supridas por uma 
extensa malha vascular, formando anastomoses entre ramos originados da artéria carótida 
externa (pela face) e da artéria carótida interna (pela órbita). Dessa forma, o pós-trauma desta 
região apresenta excelente recuperação. 
Por sua vez, quanto à drenagem linfática, o fluido linfático das pálpebras superiores é 
drenado para linfonodos pré-auriculares e das pálpebras inferiores para os linfonodos 
submandibulares. Linfadenopatia é um sinal comum de infecção das pálpebras e das 
conjuntivas, principalmente por vírus. 
 
 
Outrossim, a conjuntiva está presente e é uma membrana mucosa que reveste, 
posteriormente, as pálpebras e cobre a superfície anterior do olho até a córnea. Superiormente 
e inferiormente, entre o globo ocular e as pálpebras, a conjuntiva forma um “fundo de saco” 
denominado fórnice conjuntival. A conjuntiva é fortemente aderida às pálpebras (conjuntiva 
palpebral), pouco aderida ao globo ocular (conjuntiva bulbar) e livre na região do fórnice, de 
modo que inflamações podem levar a edemas nas duas últimas regiões. 
Do que é composta a conjuntiva? Ela é formada por uma camada epitelial (possuindo 
células caliciformes, que secretam mucina, importante substância do filme lacrimal) e um 
estroma subjacente. Há outras glândulas que contribuem para a formação das camadas lipídica 
e aquosa do filme lacrimal. A importância da conjuntiva está em facilitar a livre 
movimentação do globo ocular, além de promover uma superfície lisa para que as pálpebras 
deslizem sobre a córnea. 
A inervação sensorial da conjuntiva é permitida pela divisão oftálmica do nervo trigêmeo. 
A vascularização da conjuntiva é predominantemente originada de ramos orbitários com 
presença de anastomoses do sistema facial. Por fim, é importante dizer que a conjuntiva tem 
um importante papel na proteção do olho contra micro-organismos. 
 
Juntas, a córnea e a esclera formam uma superfície esférica que compõe a parede externa 
do globo ocular. Embora as duas sejam muito similares, a estrutura corneana (da córnea) é 
unicamente modificada para transmitir e refratar a luz. A união entre córnea e esclera chama-
se limbo. 
Quanto à sua composição, a esclera é formada, predominantemente, por fibras colágenas. 
Relativamente acelular, é avascular, mesmo contendo vasos em sua superfície. Apesar de ser 
fina, é a esclera o ponto de inserção dos músculos extraoculares. Posteriormente, a esclera é 
perfurada pelo nervo óptico, vasos e nervos (sensoriais e motores) ao longo do globo ocular. 
Por outro lado, a córnea é formada por CINCO CAMADAS: epitélio, camada de 
Bowman, estroma (mais espessa), membrana de Descemet e endotélio (camada única de 
células hexagonais). 
 
 
Em contraste com a esclera, a córnea é extremamente sensível ao toque por conter as fibras 
nervosas originadas da divisão oftálmica do nervo trigêmeo (V par craniano). Por exemplo, na 
desepitelização, ou seja, na quebra do epitélio da córnea, o nervo fica exposto, causando 
grande dor. 
Da mesma maneira que a esclera, a córnea é avascular. Dessa forma, ela é nutrida pelo 
humor aquoso, pelo filme lacrimal e pela difusão de vasos presentes no limbo. Qual a 
consequência de uma isquemia no limbo? Afilamento corneano periférico (melting). E qual 
problema pode ocorrer devido ao uso de lentes de contato? Ulceração corneana, em virtude da 
restrição de oxigenação através do filme lacrimal. E quais são as funções da córnea? Proteção 
contra invasão de micro-organismos e transmissão e refração da luz. 
A refração da luz ocorre porque a superfície de curvatura corneana possui índice 
refracional maior que o do ar. A superfície da córnea é transparente devido ao especializado 
arranjo das fibras de colágeno presentes no estroma, as quais devem se manter em um estado 
de relativa desidratação. Isso é conseguido através de uma bomba de íons encontrada no 
endotélio (a direção do fluxo é do estroma para a câmara anterior). A perda severa de células 
endoteliais (e a conseqüente perda da bomba iônica) leva a uma hidratação excessiva (edema) 
e à perda da transparência corneana. 
 
PRODUÇÃO E DRENAGEM LACRIMAL. 
A glândula lacrimal secreta a maior parte do componente aquoso do filme lacrimal. Ela 
situa-se na região súpero-temporal da órbita anterior. Esta glândula é inervada por fibras 
paassimpáticas do nervo facial. 
A lágrima corre em um menisco na margem palpebral inferior, é espalhada através da 
superfície ocular pelo movimentodo piscar e é drenada nos pontos lacrimais superior e 
inferior (situados no canto nasal palpebral). Os canalículos de cada ponto lacrimal se unem 
para formar o canalículo comum que termina no saco lacrimal. Finalmente, a lágrima passa 
pelo ducto nasolacrimal e alcança a cavidade nasofaríngea através do meato inferior. Isso 
explica o desconfortável sabor que se segue após a administração de certos colírios. 
Ao nascimento, o ducto nasolacrimal pode não estar totalmente desenvolvido, causando 
lacrimejamento constante (epífora). Na maioria dos casos, o seu completo desenvolvimento se 
dá em um ano de vida. Já a obstrução adquirida do ducto nasolacrimal é uma causa 
importante de epífora em adultos. Pode ser causada por uma infecção aguda do saco lacrimal, 
a qual se manifesta por edema da região medial palpebral. 
 
Todas as estruturas vistas acima referem-se à parte externa do olho. Agora, a parte interna 
do olho possui estruturas oculares internas cuja função, basicamente, é a de refinar a imagem 
vinda da córnea e converter a energia luminosa em energia elétrica para formação da imagem 
no cérebro. Compondo a parte interna do olho, podemos citar: a úvea (composta de íris, corpo 
ciliar, ambos anteriormente, e coroide, posteriormente), além do cristalino, humor aquoso, 
vítreo, retina, nervo óptico, órbita e os nervos ópticos, músculos extraoculares, músculo 
levantador da pálpebra e vias ópticas. 
A íris, da mesma forma que o corpo ciliar, compõe anteriormente a úvea. A íris consiste 
em tecido conjuntivo contendo fibras musculares, vasos sangüíneos e células pigmentares. 
Sua superfície posterior é determinada por uma camada de células pigmentares. Em seu 
centro há uma abertura, a pupila. Sua função principal é a de controlar a entrada de luz na 
retina e reduzir a lesão intraocular causada pela luminosidade. 
A dilatação da pupila é causada por contrações de fibras musculares lisas radiais 
inervadas pelo sistema nervoso simpático. A contração pupilar ocorre quando um anel de 
fibras musculares lisas em torno da pupila se contrai. Esse anel é inervado pelo sistema 
nervoso parassimpático. 
IMPORTANTE: a pigmentação da íris reduz a lesão intraocular mediada pela luz. A 
quantidade de pigmento iriano determina a “cor dos olhos” (olhos azuis contêm menos 
quantidade de pigmento do que olhos marrons). 
O corpo ciliar, da mesma forma que a íris, compõe a úvea anteriormente. É uma estrutura 
especializada que une a íris com a coroide. O corpo ciliar é responsável pela produção de 
humor aquoso. Além disso, o corpo ciliar conecta-se ao cristalino pela zônula. 
 
Anteriormente, a superfície interna é transformada em processos ciliares, os quais são 
responsáveis pela produção do humor aquoso. 
A contração de fibras musculares presentes no músculo ciliar causa uma redução em sua 
circunferência; isso reduz a tensão na zônula, fazendo com que a elasticidade natural do 
cristalino gere um aumento em sua convexidade, propiciando um melhor foco para a visão de 
perto. Esse fenômeno é chamado “acomodação”, o qual é controlado por fibras 
parassimpáticas do nervo oculomotor (III par craniano). O relaxamento das fibras é um 
processo passivo, aumentando a tensão na zônula, de forma que aplaina o cristalino, gerando 
melhor visão para longe. A região posterior do corpo ciliar une-se à retina através da ora 
serrata. 
Por fim, compondo posteriormente a úvea, está a coróide, consistindo em vasos 
sanguíneos, tecido conectivo e células pigmentares. A coróide está localizada entre a retina 
(camada interna) e a esclera (camada externa). Sua função é dar o aporte de nutrição e de 
oxigênio às camadas mais externas da retina. Vale destacar que existe um espaço virtual entre 
a esclera e a coróide, que pode acumular sangue ou líquido seroso em algumas patologias 
oculares. 
 
 O cristalino possui formato discóide e é compreendido por uma massa de células 
alongadas, denominadas fibras cristalinianas. No centro, essas fibras cristalinianas estão 
compactadas em um núcleo duro envolto por uma densidade menor de fibras, o córtex. Toda 
essa estrutura está envolvida por uma cápsula elástica e é capaz de se deformar para realizar a 
acomodação. A perda da elasticidade da cápsula e o enrijecimento do cristalino, por conta da 
idade (presbiopia) deterioram a acomodação do cristalino. Entre as características do 
cristalino, pode-se afirmar que o cristalino é relativamente desidratado e suas fibras contêm 
proteínas especiais que garantem a transparência do cristalino. Relembrando, a opacidade do 
cristalino, seja adquirida ou congênita, consiste na catarata. 
 
O humor aquoso preenche as câmeras anterior e posterior. O espaço entre a córnea e a íria 
corresponde à câmara anterior, já a câmara posterior situa-se atrás da íris e anteriormente ao 
cristalino. Existe uma comunicação entre a câmara anterior e a câmara posterior, a pupila. 
O humor aquoso, também conhecido como aquoso somente, é produzido pelo corpo ciliar 
através de ultrafiltração e secreção ativa. Sua composição é estritamente regulada para excluir 
proteínas de alto peso molecular e células, mas contém glicose, oxigênio e aminoácidos para a 
córnea e o cristalino. 
 
 
 
Como mostrado nas imagens acima, o aquoso, ou humor aquoso, circula da câmara 
posterior para a câmara anterior pela pupila, deixando o olho pela malha trabecular. Esta, 
por sua vez, é um tecido especializado, localizado no ângulo da câmara anterior, entre a íris e 
a córnea, parecida com uma peneira. Por meio da malha trabecular, o aquoso é coletado pelo 
Canal de Schlemm, o qual circunda o olho no limbo corneoescleral, drenando-se, então, para 
as veias episclerais. A produção e a drenagem do aquoso são controladas para manter uma 
pressão intraocular adequada. 
Já o vítreo, também conhecido por humor vítreo ou corpo vítreo, é composto por 99% de 
água, mas também, vitalmente, apresenta fibras de colágeno e de ácido hialurônico, 
garantindo uma consistência gelatinosa e coesão. Com o avançar da idade, o humor vítreo 
sofre liquefação progressiva, degenerando-se (podendo causar tração e descolamento da 
retina). O vítreo é aderido à retina em pontos específicos: como o nervo óptico e a ora serrata. 
Funções do humor vítreo: auxiliar no amortecimento do globo ocular e tem um menor papel 
como fonte de metabólitos. 
 
A retina, por sua vez, converte a imagem luminosa em impulsos nervosos. É 
compreendida pela retina neurossensorial e pelo epitélio pigmentar retiniano (EPR). O raio 
luminoso tem que passar através da retina interna para alcançar os fotorreceptores (cones e 
bastonetes), os quais convertem a energia luminosa em elétrica. 
 
A retina então tem que ser transparente. Neurônios conectores (interneurônios) modificam 
e passam o impulso elétrico para as células ganglionares, cujos axônios correm ao longo da 
superfície retiniana e entram no nervo óptico. 
1 
Uma região da mácula é responsável pela visão central. Em seu centro existe uma área 
altamente especializada denominada “fóvea”, a qual é responsável pela visão de alta 
qualidade. O restante da retina é responsável pela visão periférica. 
Os cones estão concentrados na mácula e constituem-se de seis a sete milhões. Eles são 
responsáveis pela acuidade visual e pela apreciação de cores, além da visão no claro. Os 
bastonetes estão relacionados com a visão em baixos níveis de luminosidade e com a 
detecção de movimento, estando distribuídos por toda a retina (ou seja, concentrados na 
periferia da retina). O número de bastonetes é superior a cem milhões, mais precisamente 
entre 110 e 130 milhões. 
Os fotorreceptores contêm pigmentos visuais, como o retinol (vitamina A), ligados à 
proteína (opsina). A absorção luminosa causa uma mudança estrutural e química que resulta 
na hiperpolarização elétrica do fotorreceptor. Externamente à retina neurossensorial, encontra-
se o EPR, uma camada única de células pigmentadasque são essenciais na fisiologia dos 
fotorreceptores. As células do EPR reciclam a vitamina A para formação do fotopigmento, 
transportam água e metabólitos, renovam os fotorreceptores e ajudam na redução do dano 
luminoso. Prejuízo na função do EPR, que pode ocorrer com a idade e em muitos estados 
patológicos, pode levar a uma perda da função retiniana e, consequentemente, da visão. 
O suprimento sangüíneo da retina é derivado da artéria central da retina e da coróide. 
Ambos os sistemas são necessários para o funcionamento normal da mesma. Os vasos 
retinianos entram e saem do olho através do nervo óptico e correm sob a camada de fibras 
nervosas. Um ramo calibroso de artéria e veia forma uma “arcada”, a qual nutre cada 
quadrante da retina. A barreira hematorretiniana, que consiste nas tight junctions entre as 
células endoteliais dos vasos retinianos e as células do EPR, isola a retina da circulação 
sistêmica. A quebra dessa barreira, que ocorre na retinopatia diabética, por exemplo, leva a 
um edema retiniano e a acúmulo de proteínas e de lipídeos, causando perda da transparência 
retiniana e diminuição da acuidade visual. 
 
 
Anatomia & fisiologia 
Quanto ao nervo óptico, os axônios das células ganglionares presentes na camada de fibras 
nervosas da retina chegam ao nervo óptico através do disco óptico. Este não possui 
fotorreceptores e corresponde, portanto, a uma mancha cega fisiológica. A maioria dos 
discos ópticos tem uma cavidade central, denominada “escavação”, a qual é pálida em 
comparação com a coloração rósea das fibras nervosas que a circundam. A perda das fibras 
nervosas, que ocorre no glaucoma e em outras patologias, resulta em um aumento dessa 
escavação. 
Há, aproximadamente, um milhão de axônios no nervo óptico. Atrás do globo ocular, esses 
axônios tornam-se mielinizados e o nervo óptico é revestido pelo fluido cerebroespinhal do 
espaço subaracnóideo, sendo protegido por uma bainha contínua com as meninges cerebrais. 
Cada olho repousa dentro de uma cavidade óssea (a órbita), que o protege em todas as 
direções, com exceção da sua parte anterior. Os músculos que movem o olho unem-se no 
ápice orbitário formando o cone muscular. Dentro da órbita ainda encontramos os nervos 
motores, sensoriais e autonômicos do olho e de estruturas associadas. O espaço orbitário é 
preenchido por gordura e por uma complexa malha de tecido conjuntivo que ajuda na 
sustentação do globo ocular e na interação com os músculos extra-oculares. 
O campo e a qualidade de visão são gerados pelos dois olhos conjuntamente. Os nervos 
ópticos de cada olho são coordenados e conectados a outras áreas em nível cortical cerebral; 
disso resulta a visão. Determinados centros motores, núcleos cranianos e conexões interligam 
os dois olhos (como as rodas da frente de um carro) para manter a visão binocular sem 
diplopia. 
A órbita tem paredes ósseas (dos ossos frontal, zigomático, lacrimal, maxilar, esfenoidal e 
etmoidal) que constituem uma estrutura piramidal, cuja parede medial e assoalho são 
estruturas finas. Na ocorrência de traumas sobre a órbita, sua descompressão, proporcionada 
pelas fraturas do assoalho ou pela parede medial, auxilia a reduzir os danos ao globo ocular. 
Porém, é importante considerar que infecções nos seios maxilares e etmoidais podem 
acometer, posteriormente, a órbita. 
No ápice orbitário, o forame orbitário leva o nervo óptico, posteriormente, para o 
quiasma óptico intracraniano, e a artéria oftálmica, anteriormente, para a órbita. Lateralmente, 
ao forame, existem duas fissuras: a fissura orbital superior e a fissura orbital inferior. 
Pela fissura orbital superior, passam os nervos lacrimal, frontal e nasociliar (todos 
originados da divisão oftálmica do nervo trigêmeo, o V par craniano), além dos nervos 
troclear (IV par craniano), abducente (VI par craniano) e oculomotor (III par craniano) e a 
veia oftálmica superior. 
Por fim, pela fissura orbital inferior, permite-se a saída da veia oftálmica inferior e a 
entrada da divisão maxilar do V par craniano, o nervo trigêmeo. 
Os quatro músculos retos extra-oculares (medial, superior, lateral e inferior) deixam o 
ápice da órbita para se inserir no globo ocular de 5 a 7 mm atrás da junção córneo-escleral. 
Eles formam um cone, cujo interior possui nervos sensoriais e autonômicos, artérias do globo 
ocular, nervo óptico e nervos motores para todos os músculos extra-oculares, com exceção do 
músculo oblíquo superior. Portanto, a compressão do ápice orbitário por um tumor, por 
exemplo, pode resultar na perda da sensibilidade corneana, na redução dos movimentos 
oculares e no prejuízo da função visual, assim como num deslocamento anterior do globo 
ocular (proptose). A completa anestesia ocular, por injeção local, requer que o anestésico seja 
injetado ou difundido para esse espaço intraconal. 
 
 
Quanto aos músculos extraoculares, vale considerar que os quatro músculos retos 
(superior, inferior, medial e lateral) têm uma adesão posterior comum no anel de tecido 
conjuntivo (ânulo de Zinn ou anel tendíneo comum) que circunda o canal óptico e que divide 
a fissura orbitária superior em dois compartimentos. 
• Reto lateral: é inervado pelo VI par craniano (abducente). Sua contração move o olho 
lateralmente e, portanto, sua paralisia gera um desvio para dentro (convergente). 
• Reto medial: é inervado pelo III par craniano (oculomotor). Sua contração move o olho 
nasalmente (adução). 
• Reto superior e inferior: esses músculos não só movem o olho para cima e para baixo, 
respectivamente, mas também têm ações adicionais, ajudando na adução (movimento em 
direção ao nariz) e na rotação. Eles também são inervados pelo nervo oculomotor. 
 
Quanto aos músculos oblíquos, existem dois: o músculo oblíquo inferior e o músculo 
oblíquo superior. O músculo oblíquo superior se origina na região posterior da órbita, sofre 
um desvio em um tipo de polia (tróclea) situada atrás da rima orbitária súpero-nasal, e é então 
direcionado para trás, para se inserir no globo ocular. É inervado pelo IV par craniano 
(troclear). Age principalmente na rotação do olho, mas também contribui para o movimento 
lateral (abdução) e para alguma depressão ocular. O músculo oblíquo inferior origina-se na 
rima orbitária inferior próximo à parede medial e passa lateralmente, e, posteriormente, para 
se aderir ao globo próximo à topografia da mácula. Como o oblíquo superior, ele roda o olho 
e ajuda na elevação e na abdução. É inervado pelo nervo oculomotor. 
 
Sobre o músculo levantador da pálpebra, inervado pelo nervo oculomotor (III par 
craniano), projeta-se anteriormente na forma de uma ampla aponeurose, ligando-se na placa 
tarsal superior e na pele da pálpebra superior. Associadas a ele encontram-se fibras de 
músculo liso inervadas pelo sistema nervoso simpático. A função do músculo levantador é a 
de elevar a pálpebra superior. 
Sobre os nervos da órbita, é importante considerar que, além dos nervos motores dos 
músculos extraoculares, a órbita contém nervos sensoriais e autonômicos (Figura 6). O 
principal nervo sensorial é o nervo óptico (II par craniano), envolto por uma membrana 
contínua com as meninges intracranianas, sendo que o espaço subaracnóideo estende-se até o 
globo ocular. O suprimento sangüíneo é dado por numerosos vasos derivados da artéria 
oftálmica. Na porção final dessa artéria (próximo ao globo), não existem anastomoses, de 
forma que um processo isquêmico, como arteriosclerose ou arterite de células gigantes, 
tipicamente leva a uma perda visual severa. 
Ramos da divisão oftálmica do nervo trigêmeo fornecem a inervação sensorial para o 
globo ocular (especialmente a córnea), para a conjuntiva e para a pele das pálpebras, com 
extensão para a fronte e o occipício. O nervo nasociliar dirige-se ao globo ocular, mas não 
termina nele. O nervo passa pela órbita junto à parede medial e emerge ao lado do nariz. O 
herpeszoster ocular geralmente encontra-se associado a lesões cutâneas nasais. 
 
As fibras parassimpáticas do corpo ciliar (acomodação) e do músculo constritor da íris 
seguem o trajeto do terceiro nervo. Há uma sinapse entre as fibras pré e pós-ganglionares no 
gânglio ciliar próximo ao nervo óptico. 
As fibras parassimpáticas da glândula lacrimal possuem um trajeto complexo, passando 
pelo nervo facial e então seguindo o trajeto da divisão maxilar do trigêmeo. 
As fibras sensoriais e parassimpáticas chegam ao globo ocular via nervos ciliares curtos e 
longos, que atravessam a esclera posteriormente. Fibras simpáticas pós-ganglionares 
emergem do gânglio cervical superior no pescoço, unem-se à artéria carótida interna e 
percorrem um longo trajeto, entrando no crânio, passando através do seio cavernoso e 
finalmente chegando à órbita. Além de exercerem vasoconstricção arteriolar, tais fibras 
inervam o corpo ciliar (produção do aquoso) e o músculo dilatador da pupila. Dilatação 
pupilar máxima pode ser conseguida pela administração tópica de um inibidor do sistema 
parassimpático (como a tropicamida e o ciclopentolato) ou de um agonista do sistema 
simpático (fenilefrina). 
Sobre as vias ópticas, é importante dizer que os nervos ópticos unem-se no quiasma óptico 
sobre a sela túrcica do osso esfenóide. A glândula pituitária projeta-se inferiormente atrás do 
quiasma. As fibras nervosas da retina nasal (campos visuais temporal ou lateral) cruzam para 
o lado oposto do quiasma, sendo que as fibras pós-quiasmáticas do lado esquerdo representam 
o campo visual do lado direito de ambos os olhos (e vice-versa). 
O trato óptico estende-se do quiasma até o corpo geniculado lateral, onde nervos que 
começaram como fibras na superfície da retina formam sinapses com neurônios, os quais 
seguem pela radiação óptica para alcançar o córtex visual no lobo occipital. A pressão sobre o 
quiasma por um tumor hipofisário leva a uma hemianopsia bitemporal. Atrás do quiasma, 
uma lesão unilateral causa uma hemianopsia no lado oposto. 
O trato óptico e suas radiações são supridos por ramos da artéria cerebral média, e o córtex 
visual, pela artéria cerebral posterior. Cada mácula é representada por uma área cortical em 
ambos os pólos occipitais, e tem um duplo suprimento sangüíneo (artérias cerebrais média e 
posterior). Como resultado, a oclusão do suprimento arterial do córtex visual causa uma perda 
de campo bilateral, com preservação da visão central (campo macular).

Continue navegando