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2015-1 AMAMENTACAO BENEFICIOS DO LEITE HUMANO X LEITE ANIMAL

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SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO E CULTURA DE GOIÂNIA - SECG 
FACULDADE PADRÃO 
CURSO DE ENFERMAGEM 
 
 
 
 
MILENA RIBEIRO DE OLIVEIRA ALVES 
NEUSA CANDIDA MARTINS ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
AMAMENTAÇÃO: BENEFÍCIOS DO LEITE HUMANO X LEITE 
ANIMAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA, 2015 
 
 
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MILENA RIBEIRO DE OLIVEIRA ALVES 
NEUSA CANDIDA MARTINS ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMAMENTAÇÃO: BENEFÍCIOS DO LEITE HUMANO X LEITE 
ANIMAL 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de 
Graduação apresentado ao Curso de 
Enfermagem como requisito para obtenção do 
título de Bacharel em Enfermagem. 
 
 
ORIENTADORA: MSC. LEIDIANE MARIA DE SOUZA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA, 2015 
 
 
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MILENA RIBEIRO DE OLIVEIRA ALVES 
NEUSA CANDIDA MARTINS ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMAMENTAÇÃO: BENEFÍCIOS DO LEITE HUMANO X LEITE 
ANIMAL 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de 
Graduação apresentado ao Curso de 
Enfermagem como requisito para obtenção do 
título de Bacharel em Enfermagem. 
 
 
 Aprovado em: 07 de julho de 2015, por: 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
______________________________________________________ 
Prof.ª Msc. Leidiane Maria de Souza Costa - Orientadora 
Faculdade Padrão 
 
_________________________________________________________ 
Prof.ª Ms. Raquel Araujo Soares - Membro Interno 
Faculdade Padrão 
 
________________________________________________________ 
Prof.ª Adriana Caixeta Costa – Membro Interno 
Faculdade Padrão 
 
 
 
GOIÂNIA, 2015 
 
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Dedico este trabalho de conclusão de 
graduação à Deus sem o qual eu não teria 
conseguido alcançar este objetivo. À minha 
mentora espiritual pelo incentivo dado e à 
minha filha Marina, que me proporcionou 
momentos de muito amor durante a 
amamentação e me motivou a realizar este 
estudo. 
 
 
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AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradecemos primeiramente a Deus por sempre estar ao nosso lado nos 
dando sabedoria e força e o dom de cuidar. 
Agradecemos à todos os professores que estiveram do nosso lado durante 
estes quatro anos e em especial à Msc. Valéria de Oliveira Mendes Zanon, por nos 
ensinar o amor e o respeito que devemos ter com o corpo humano em qualquer 
circunstância, à Msc. Maria Socorro de Souza Melo e Rúbia Pedrosa Marques 
Mansur sobretudo pelo exemplo de amor pela enfermagem, ao Dr. Walmirton 
Bezerra D’Alessandro por nos orientar pacientemente na elaboração desta pesquisa. 
À nossa professora e orientadora Msc. Leidiane Maria de Souza Costa, por 
compartilhar conosco os seus conhecimentos com tanta dedicação e paciência 
durante a elaboração desta pesquisa. 
À minha família: pai, mãe, irmãos, tios, primos e avós que sempre me 
apoiaram para seguir em frente e enfrentar todos os obstáculos que encontraria pelo 
caminho. Aos meus amigos que sempre levantaram minha autoestima quando eu 
achava que não conseguiria. Ao meu cunhado Gicelio que me estendeu a mão 
quando mais precisei, enfim, a todos os que me ajudaram de forma direta e indireta, 
e àqueles que mesmo sem saber contribuíram para eu chegar até aqui. 
Ao meu esposo pela compreensão, companheirismo e paciência com 
minhas ausências, especialmente nesta etapa final. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Apesar dos nossos defeitos, precisamos 
enxergar que somos pérolas únicas no teatro 
da vida e entender que não existem pessoas 
de sucesso ou pessoas fracassadas. O que 
existe são pessoas que lutam pelos seus 
sonhos ou desistem deles” (AUGUSTO CURY). 
 
http://pensador.uol.com.br/autor/augusto_cury/
7 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 01: A mama, mostrando o tecido glandular e os ductos das glândulas 
mamárias........................................ ........................................................................... 15 
Figura 02: Secreção de prolactina antes e após o parto ........................................... 16 
Figura 03: Fisiologia da produção de leite e reflexo de descida ................................ 17 
Figura 04: Fluxograma da etapa de produção.......................................................... 22 
 
 
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LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 01: Diferenças do conteúdo de gordura, lactose e proteínas entre colostro, 
leite de transição e leite maduro humano .................................................................. 19 
Tabela 02: Diferenças na composição do leite entre algumas espécies animais ...... 20 
Tabela 03: comparação entre as composições do colostro, leite humano maduro e 
leite bovino maduro ................................................................................................... 21 
Tabela 04: Fórmulas lácteas industrializadas para crianças sadias no primeiro 
semestre de vida ....................................................................................................... 24 
 
 
9 
 
RESUMO 
 
O leite materno é o alimento mais completo para a nutrição da criança, devendo ser 
ofertado exclusivamente até os seis meses e até os dois anos ou mais junto com 
outros alimentos, segundo a OMS e o Ministério da Saúde. Porém esta 
recomendação nem sempre é seguida e neste processo de desmame ocorre a 
introdução do leite animal de maneira precoce. Esta pesquisa teve como objetivo 
destacar os benefícios do aleitamento humano e as consequências positivas e 
negativas do leite animal, através de uma revisão bibliográfica em base de dados 
virtuais e impressos. A introdução precoce do leite animal na dieta da criança pode 
provocar intolerâncias, alergias, baixa oferta de vitaminas e excesso de sódio, 
levando à uma sobrecarga renal, além de problemas gastrointestinais, 
especialmente a dificuldade de digestão. O estimulo à amamentação deve ser 
prioridade para a equipe de enfermagem que lida com pré-natal, parto, puerpério e 
estratégia saúde da família, pois poderá contribuir positivamente para um bom 
crescimento e desenvolvimento da criança. 
 
Palavras-chave: aleitamento exclusivo, leite humano, leite animal. 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
ABSTRACT 
 
Breast milk is the most complete food for the child's nutrition and must be exclusively 
offered up to six months and up to two years or more along with other foods, 
according to WHO and the Ministry of Health. However, this recommendation is not 
always followed weaning process and this is the introduction of animal milk at an 
early stage. This research aimed to highlight the benefits of human lactation and the 
positive and negative consequences of animal milk through a literature review in 
virtual and printed database. The early introduction of animal milk in children's diets 
may cause intolerances, allergies, low supply of vitamins and excess sodium, leading 
to a kidney burden, and gastrointestinal problems, especially the difficulty of 
digestion. The encouragement of breastfeeding should be a priority for the nursing 
staff that deals with prenatal care, childbirth, postpartum and family health strategy, 
as it may contribute positively to good growth and development of children. 
 
Keywords: exclusive breastfeeding, breast milk, animal milk. 
 
 
 
 
11 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 
2. METODOLOGIA ................................................................................................... 14 
3. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 15 
3.1 Fisiologia da Amamentação ................................................................................ 15 
3.2 Composição do Leite Materno ............................................................................. 17 
3.3 Composição do Leite Animal ...............................................................................19 
3.4 Processo de Industrialização do Leite em Pó ...................................................... 21 
3.5 Processo de Industrialização do Leite Líquido .................................................... 24 
3.6 Processo de Digestão do Leite Humano ............................................................. 26 
3.7 Processo de Digestão do Leite Animal ................................................................ 26 
3.8 Consequências do Leite Animal .......................................................................... 27 
3.9 Benefícios do Leite Humano................................................................................28 
3.10 Orientações de Enfermagem no Aleitamento Materno ...................................... 28 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 32 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O leite materno é um fluido biológico com alto teor nutricional para o recém -
nascido e deve ser o único alimento para este durante um certo período de tempo 
(DOUGLAS, 2012). 
 A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde 
recomendam o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, e que após esta 
idade devem ser introduzidos outros alimentos saudáveis, porém mantendo a 
amamentação até dois anos ou mais (BRASIL, 2009). 
O leite humano apresenta algumas composições químicas que irão 
possibilitar o fornecimento adequado das necessidades nutricionais do lactente. 
Este, na sua fase inicial, colostro, é rico em proteínas e anticorpos, que é seguida 
pela secreção de um leite intermediário, antes de se obter um leite maduro 
(DOUGLAS, 2012). 
O leite animal, especialmente o de vaca, deve sofrer alterações para se 
tornar mais adequado às necessidades do lactente. Em sua composição possui uma 
quantidade três vezes maior de proteínas e o dobro de caseína que faz com que 
após a sua ingestão se forme um coágulo de difícil digestão para o bebê (LACERDA 
et al., 2006). 
Por ser da mesma espécie, o leite humano contém todos os nutrientes 
necessários para uma nutrição adequada do bebê, diminui as chances de alergias, 
reduz o risco de hipertensão, diabetes, obesidade, além de evitar diarreia e 
infecções respiratórias (BRASIL, 2009). 
Para Nascimento & Issler (2003), o aleitamento materno fortalece o sistema 
imunológico, reduzindo a probabilidade de alergias e distúrbios gastrintestinais nos 
primeiros meses de vida do bebê; favorece o desenvolvimento dos ossos da face, 
promove o desenvolvimento cognitivo e psicomotor. 
Giugliane & Victora (2000) ressaltam que o ato de amamentar o bebê ao 
seio, reduz a probabilidade de câncer de mama na mãe, promove a correta 
involução uterina e redução da hemorragia pós-parto. 
Pesquisa Nacional de Prevalência do Aleitamento Materno realizada em 
2008, aponta para a universalidade da amamentação. Cerca de 95% dos recém-
nascidos iniciam a amamentação; destes 67,7% o iniciam na primeira hora de vida. 
Segundo o UNICEF o aleitamento materno na primeira hora de vida reduz a 
13 
 
mortalidade neonatal em até 22%, além de fortalecer o vínculo mãe-filho (UNICEF, 
2013). Porém, a prevalência do aleitamento exclusivo em crianças de até quatro 
meses, segundo a pesquisa, é de apenas 51,2% (SOUZA et al., 2010). 
Diante disso é muito importante fazer uma relação entre as qualidades 
desses leites, analisar seus componentes e avaliar qual é o mais adequado e 
nutritivo para a criança. 
Considerando que a amamentação é uma prática de suma importância para 
a qualidade de vida da criança; temos em contrapartida o desmame precoce que é 
um problema de saúde pública, onde, infelizmente a mídia consegue iludir a 
população com o investimento de alimentos artificiais, que possibilitam quebrar a 
confiança das mães na sua capacidade de nutrir seus bebês exclusivamente seus 
primeiros seis meses de vida com leite materno, introduzindo assim o leite artificial 
ou animal. 
Como garantir a saúde da criança frente aos benefícios do leite humano e as 
consequências positivas e negativas da introdução do leite animal? 
Este estudo preocupou-se em destacar os benefícios da amamentação 
humana, e as consequências positivas e negativas da introdução do leite animal nos 
primeiros seis meses de vida da criança, pois ainda hoje existem muitos tabus, mitos 
e preconceitos presentes na sociedade em relação a esse fenômeno e isso pode 
influenciar negativamente na decisão da mãe em como amamentar o seu filho de 
forma segura. 
Esta pesquisa teve como objetivo destacar os benefícios do aleitamento 
humano e as consequências positivas e negativas do leite animal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
2. METODOLOGIA 
 
Trata se de uma revisão bibliográfica em base de dados virtuais e 
impressos. De acordo com Lima (2008), pesquisa bibliográfica é a “atividade de 
localização e consulta de fontes diversas de informação escrita orientada pelo 
objetivo explícito de coletar materiais mais genéricos ou mais específicos a respeito 
do tema”. 
Para levantamento dos artigos foi realizado busca online na Biblioteca Virtual 
de Saúde (BVS), usando os seguintes descritores de saúde (Decs): aleitamento 
exclusivo, leite humano, leite animal. Os critérios de inclusão foram artigos dos 
últimos dez anos, disponíveis em português, na íntegra e gratuitamente. 
Para destacar os benefícios e malefícios do aleitamento humano e as 
consequências positivas e negativas da introdução do leite animal, foi realizado um 
estudo bibliovirtual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
3. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
3.1 Fisiologia da Amamentação 
 
As mamas são estruturas glandulares, pares, localizadas entre a terceira e a 
sétima costelas da parede torácica anterior e possuem um suprimento nervoso, 
vascular e linfático comuns. Durante a puberdade, a liberação de FSH, LH e 
prolactina pela hipófise, estimula o ovário a produzir e liberar estrogênio ocorrendo 
assim o crescimento e a proliferação dos ductos. A massa mamária é sustentada 
pelos músculos grande peitoral e peitoral menor (PORTH, 2002). 
Segundo Guyton & Hall (1998), durante a gestação, a placenta secreta 
grande quantidade de estrogênios, HGH e prolactina, fazendo com que os ductos 
mamarios cresçam e se ramifiquem. A seguir a progesterona estimula o crescimento 
dos lóbulos, o brotamento dos alvéolos e o desenvolvimento de caracteristicas 
secretoras nas células alveolares. Segundo Porth (2002, p.966), 
 
cada lobo consiste em aglomerados tipo cacho de uvas, alvéolos e 
glândulas interligadas por ductos. Sob condições hormonais apropriadas, os 
alvéolos são capazes de produzir leite. A via de descida do leite e outras 
secreções mamárias é dos alvéolos para um ducto, para ductos 
intralobares, daí a ducto reservatório lactífero, bem como para o mamilo. 
 
 
Figura: 01. A mama, mostrando o tecido glandular e os ductos das glândulas mamárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: (PORTH, 2002, p. 966). 
 
16 
 
Em humanos, a secreção copiosa do leite se dá apartir de dois a quatro dias 
após o parto. Nesse período ocorre a secreção de um líquido amarelado que 
representa um dos tipos de leite, o colostro. Trata-se de uma secreção rica em 
Imunoglobulina A secretória (IGA) e leucócitos, que é seguida pela secreção de um 
leite intermediário, antes do leite maduro (LACERDA et al., 2006). 
O início da lactação (lactogênese) se dá num ambiente relativamente alto - 
porém em declínio – de prolactina, embora baixa em estrógenos e progesterona. A 
galactorréia é um termo caracterizado pela ejeção e esvaziamento de leite que se dá 
através dos ductos galactóforos para sua saída do mamilo (DOUGLAS, 2012). 
 
Figura 02: Secreção de prolactina antes e após o parto. Os picos correspondemesquematicamente 
aos períodos de amamentação. 
 
 
Fonte: (DOUGLAS, 2012, p. 1211). 
 
 
Segundo Lacerda et al., (2006, p.16), 
 
ao sugar o seio, o recém-nascido estimula as terminações nervosas do 
mamilo, enviando estímulo à hipófise, cujo lobo anterior libera prolactina e o 
lobo posteriorlibera ocitocina, hormônio que atua contraindo as células 
mioepiteliais que rodeiam os alvéolos, provocando o reflexo de ejeção e de 
descida do leite. 
 
 
17 
 
Figura 03: Fisiologia da produção de leite e reflexo de descida. HLP= hormônio de liberação da 
prolactina. 
 
 
Fonte: (KATHLEEN, 2002, p. 178). 
 
 
3.2 Composição do Leite Materno 
 
O leite humano é um fluído biológico altamente nutritivo e com a composição 
adequada para suprir as necessidades energéticas e nutricionais que o bebê 
necessita. Além desse fator, este leite leva ao crescimento da flora simbiótica, no 
trato digestivo e no intestino, transmitindo assim, a imunidade passiva, tornando o 
bebê apto a sobreviver (DOUGLAS, 2012). 
A mãe pode produzir até 1,5 litro de leite diariamente e para que a mesma 
não venha a sofrer com a perda de nutrientes, é necessario que tenha uma dieta rica 
em cálcio, fosfato, vitamina D, além de leite. Nessa fase as glândulas paratireóides 
aumentam de tamanho para suprir a perda de cálcio e fosfato e ocorre 
descalcificação progressiva dos ossos (GUYTON & HALL, 2002). 
A maior fração protéica encontrada no leite humano são representadas pelas 
proteínas do soro. As mais importantes são a lactoferrina, IgA, lisozima, que atuam 
como antiinfecciosos; a Alfa-Lactalbumina, que é importante na síntese de lactose e 
18 
 
a seroalbumina. Possui taurina e cistina em abundância que são importantes para o 
desenvolvimento do sistema nervoso central (CARRAZZA, 1991). 
Segundo Guyton & Hall (2012), o leite materno é um importante protetor 
contra infecções. Juntamente com os nutrientes são secretados também vários tipos 
de anticorpos e vários tipos de leucócitos, como neutrófilos e macrófagos, que são 
capazes de destruir a Escherichia coli, que provoca diarreia letal em recém-nascidos 
com elevada frequência. 
Crianças amamentadas com leite materno tem no sistema gastointestinal um 
meio ácido produzido pelo crescimento intenso de bactérias Lactobacillus bífidus e 
estas interferem no crescimento de micorganismos patogênicos (KATHLEEN & 
ESCOTT-STUMP, 2002). 
Lacerda et al., (2006) aponta que “o fator bifidus presente no leite humano 
favorece o crescimento dos Lactobacillus bífidus, que transformam a lactose em 
ácido acético e ácido lático, acidificando o intestino e reduzindo a proliferação 
bacteriana”. 
Segundo Silva et al., (2007), cerca de 50% das calorias presentes no leite 
materno provém da gordura, fonte de colesterol, ácidos graxos essenciais e 
vitaminas lipossolúveis. Este leite contêm cerca de 3 a 5% de lipídios; destes 98% 
são triglicerídeos, 1% fosfolipídeos e 0,5% de esteróis. 
O leite do dia do parto até o 5º dia é chamado colostro. Este é rico em 
proteínas e pouca concentração de lipídeos. O leite de transição, do sexto até o 
décimo dia, já possui menor teor de proteínas e aumento na concentração de 
lipídeos; a partir do décimo dia o leite já é considerado maduro, porém ainda pode 
apresentar caracteristicas do leite de transição até o final do primeiro mês. O teor de 
gordura e proteínas varia de acordo com o momento da mamada. No início possui 
baixos teores de gordura e proteínas, já o leite do final da mamada possui três vezes 
mais gordura e o dobro de proteínas em relação ao início (CARRAZZA, 1991). 
 
 
19 
 
Tabela 01: Diferenças do conteúdo de gordura, lactose e proteínas entre colostro, leite de transição e 
leite maduro humano 
 
 
 
 
 
 
í 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: (DOUGLAS, 2012, p. 1216) 
 
O principal açúcar presente no leite é a lactose que tem a função de fornecer 
energia, promover a absorção de cálcio e desenvolver uma flora microbiana 
intestinal adequada. O teor de ferro é de cerca de 0,2 a 0,5 mg por litro, se 
apresenta ligado à lactoferrina e apresenta boa biodisponibilidade (OLIVEIRA & 
OSÓRIO, 2005). 
Carrazza (1991) afirma que estando a mãe em bom estado nutricional, o seu 
leite também terá todas as vitaminas necessárias à criança, com exceção das 
vitaminas D e K, que deverão ser administradas sob a forma de medicamento, 
porém a reposição de vitamina D só será obrigatória se a criança viver em local 
onde a exposição solar for impossivel ou escassa. 
 
3.3 Composição do Leite Animal 
 
O leite dos mamíferos possuem diferenças em sua composição para 
fornecer adequadamente os nutrientes necessários ao filhote de cada espécie. No 
caso da criança não fazer uso do leite materno, quer seja por intolerância ou devido 
ao desmame, em grande parte é introduzido o leite animal, em especial o leite de 
vaca. Porém este leite apresenta diferenças que podem não ser adequadas ao 
consumo humano (DOUGLAS, 2012). 
As proteínas do leite de vaca fornecem cerca de 20% e a lactose 30% da 
energia deste leite. A composição de proteínas do soro é de 20% e 80% de caseína. 
Essa caseína forma um coágulo duro, difícil de ser digerido pelo bebê. Os lipídios 
20 
 
fornecem os demais 50% da energia deste leite. O leite de vaca possui vitaminas do 
complexo B em quantidade adequada, porém pouca vitamina C e em geral é 
fortificado com 400 UI/L de vitamina D (KATHLEEN & ESCOTT-STUMP, 2002). 
Segundo Cardoso (2006) as vitaminas do complexo B apesar de estar 
presente no leite em quantidades adequadas, com a diluição e o processo térmico 
que o leite “in natura” sofre, torna o leite deficiente em relação a estas vitaminas. 
O leite de vaca, assim como o humano também é pobre em ferro, a sua 
concentração neste é de cerca de 0,2 a 0,5 mg/l e devido à baixa quantidade de 
vitamina C e alto teor de cálcio e fósforo, a sua absorção é reduzida (OLIVEIRA, 
2005). 
Segundo Cardoso (2006) o ferro possui alta relevância na dieta da criança 
pequena e a introdução precoce ou inadequada de alimentos pobres deste mineral 
levam a uma anemia carencial com importante proporção mundial, além de retardo 
no desenvolvimento neuropsicomotor e intelectual. 
Os eletrólitos presentes no leite de vaca é 3 a 4 vezes maior que o leite 
humano. Associado ao alto teor de proteínas pode levar à sobrecarga renal. As 
vitaminas neste leite podem estar presentes em quantidade mais elevada que no 
humano, porém a exposição à luz e ao ar inativam a sua maioria (LACERDA et al., 
2006). 
Carrazza (1991), enfatiza que “se em condições de equilíbrio metabólico 
pode ocorrer retenção ureica; em condições de distúrbio hidroeletrolítico, como a 
desidratação pode ocorrer hipernatremia e hipercalemia”. 
O ácido graxo predominante nos leites é o ácido oléico; o ácido linoléico 
fornece 1% de energia no leite de vaca; a quantidade de colesterol neste leite é de 
10 a 35 mg/dl (KATHLEEN & ESCOTT-STUMP, 2002). 
 
Tabela 02: Os valores são expressos em g/dl de leite; a caseína é expresssa como porcentagem de 
proteínas. 
 
Diferenças na composição do leite entre algumas espécies animais 
Espécie Proteínas Caseína (% das 
proteinas 
Gordur
a 
Lactose Sólidos 
totais 
Cinzas 
Humana 1,0 40 3,8 7,0 12,4 0,2 
Bovina 3,4 82 3,7 4,8 12,7 0,7 
Ovina 5,5 84 7,4 4,8 19,3 1,0 
 
Fonte: (Douglas, 2012, p. 1214). 
21 
 
Tabela 03: Comparação entre as composições do colostro, leite humano maduro e leite bovino 
maduro. 
 
 
 
Fonte: (DOUGLAS, 2012, p. 121). 
 
3.4 Processo de Industrialização do Leite em Pó 
 
O processo de fabricação do leite em pó se dá a partir do leite de vaca e 
segue algumas etapas determinadas pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento 
22 
 
do governo brasileiro, através do decreto 1812, de 08 de fevereiro de 1996 
(NICOLINI, 2008). 
 A fabricação deste leite ocorre em laticínios. Para garantir boa qualidade o 
laticínio seleciona os produtores de leitede vaca observando as condições de 
higiene, resfriamento e transporte adequado deste leite, em caminhões isotérmicos 
com temperatura inferior a 10ºC, processo este que deve ser avaliado desde sua 
produção até a chegada no laticínio (REZENDE et al., 2014). 
As etapas de produção estão descritas no fluxograma a seguir: 
 
Figura 4: Fluxograma da etapa de produção 
 
 
Fonte: (REZENDE et al., 2014). 
23 
 
É realizado o teste do Alizarol para avaliar a acidez do leite ainda nas 
fazendas; sendo aprovado, realizam-se as análises visando avaliar a presença de 
antibióticos, descartando-o se apresentar resíduos deste (REZENDE et al., 2014). 
Para transformar o leite “in natura” em leite e pó são realizados três 
processos: a clarificação, que remove partículas estranhas e impurezas contidas 
neste leite; a pasteurização, que elimina as bactérias patogênicas e a atividade 
microbiana do leite, evitando assim a transmissão de doenças através de sua 
ingestão e por último a padronização, que padroniza o teor de gordura em cada tipo 
de leite (REZENDE et al., 2014). 
Após estas etapas, o leite passa por um processo de evaporação, que irá 
eliminar a água do produto por ebulição. Nesse processo, são utilizados 
evaporadores de múltiplo efeito, com água a temperatura de 50ºC para impedir o 
crescimento de microrganismos e reduzir os efeitos do calor nas propriedades do 
leite. Neste processo é retirado cerca de 85% da água do leite à vácuo (NICOLINI, 
2008). 
O próximo passo é a secagem. Esta é realizada em grandes câmaras que 
pulverizam o leite contra o fluxo de ar a alta temperatura, causando a evaporação da 
água, sem degradar o produto. Ao final desta etapa está pronto o leite em pó. Este é 
transportado para silos onde aguardarão a verificação de qualidade. Se aprovado, é 
envazado, embalado e armazenado (REZENDE et al., 2014). 
Atualmente existe uma preocupação especial em tentar aproximar essas 
fórmulas preparadas de leite em pó ao leite materno. Com isso ocorre a adição de 
ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa, como o ácido araquidômico e ácido 
decosaexaenoico (DHA), pois estes são encontrados no leite materno e são 
ausentes no leite de vaca (KATHLEEN & ESCOTT-STUMP, 2002). 
Segundo Hockenberry (2006), acredita-se que os ácidos graxos de cadeia 
longa, poliinsaturados DHA e ácido araquidônico melhoram a função cerebral. E 
reforça o que disseram Kathleen & Scott-Stump sobre a base de toda fórmula de 
leite em pó ser o leite de vaca e complementam que as fórmulas modificadas para 
aproximar ao máximo ao leite humano, sendo retirada a gordura, reduzindo o 
conteúdo proteico e adicionando óleo vegetal e carboidratos. 
As fórmulas infantis são reguladas por um rigoroso código de composição, o 
Codex Alimentarius FAO/OMS, o Brasil como membro da Organização Mundial de 
Saúde adotou as recomendações contidas neste código. Segundo este, as fórmulas 
24 
 
infantis são denominadas “leites modificados para alimentação infantil”, e devem 
conter 100 kcal, vitaminas, minerais, colinas, proteínas, gorduras e linoleato e devem 
ser modificadas a partir do leite animal para se aproximar qualitativamente ao leite 
humano (CARDOSO, 2006). 
A tabela a seguir mostra a composição de algumas destas fórmulas infantis 
e os critérios de diluição para as mesmas. 
 
Tabela 04: Fórmulas Lácteas 
 
 
Fonte: (LACERDA et al., 2006, p. 40). 
 
 
3.5 Processo de Industrialização do Leite Líquido 
 
O Brasil é um dos principais produtores de leite do mundo, ocupando a 5ª 
posição, com 5,3% do total da produção de leite. No ano de 2012, produziu cerca de 
33,054 bilhões de litros. Deste total mais de 70% é destinado à industrialização, na 
fabricação de queijos, leites longa vida, em pó, condensado e fermentado, dentre 
outros produtos lácteos (SANTOS et al., 2013). 
Luis Pasteur foi pioneiro na busca dos motivos que levavam um alimento a 
se contaminar com microrganismos. Em 1837 ele provou que o leite azedava devido 
à microrganismos e em 1860 usando o calor conseguiu destruir microrganismos 
presentes nos alimentos. A este processo dá-se o nome de pasteurização 
(ALMEIDA, 2006). 
25 
 
Pasteurização é um procedimento que consiste em aquecer o leite a uma 
temperatura por determinado tempo e a seguir resfriar o mesmo. O aquecimento 
visa eliminar microrganismos, como bactérias patogênicas e o resfriamento visa 
aumentar a vida útil do leite (SANTOS et al., 2013). 
A Organização Mundial da Saúde, através do Codex Alimentarius, define o 
objetivo da pasteurização: reduzir os riscos à saúde, provocados por 
microrganismos patogênicos presentes no leite, sem que para isso haja alterações 
nas características do produto (ALMEIDA, 2006). 
A autora supracitada refere que se a pasteurização não destruir todos os 
microrganismos, reduz o seu nível de modo a não provocar riscos à saúde. Este 
processo age como higienizante, aumentando sua conservação e vida útil. 
Existem dois tipos de pasteurização: a lenta e a rápida. Na primeira, o leite é 
aquecido, em tanques próprios, sob agitação constante a uma temperatura de 65º C 
por 30 minutos, neste processo utiliza-se água quente circulando na parede do 
tanque, e em seguida circula água gelada, a 4-5º C. na pasteurização rápida, o leite 
é aquecido de forma semelhante à da pasteurização lenta à temperatura de 71 a 75º 
C por 15 segundos e a seguir resfriado a 2-3º C com água gelada na parede do 
tanque (SANTOS et al., 2013). 
A temperatura definida para cada tipo de pasteurização foi definida tomando 
como base os microrganismos de maior termorresistência, sendo estes o Bacilo de 
Koch (Mycobacterium tuberculosis) e o Coxiellaburnetti causador da febre Q. Ao final 
do processo obtém-se uma eficiência bacteriológica de 98%, restando apenas os 
esporos, desde que respeitados o tempo e a temperatura definidas (ALMEIDA, 
2006). 
Após este processo o leite é homogeneizado, envasado e armazenado 
resfriado entre 2 e 5º C, devendo assim permanecer até o seu consumo total e este 
consumo deve ser rápido (SANTOS et al., 2013). 
Outra forma de leite líquido encontrado no mercado é o UHT (Ultra - Alta 
temperatura, UAT). Neste processo, o leite é aquecido a uma temperatura entre 
130–150ºC durante 3–4 segundos e imediatamente resfriado a 32º C, sendo 
envasado sob condições assépticas em embalagens estéreis, hermeticamente 
fechadas e armazenadas em temperatura ambiente por um prazo maior que o 
produto pasteurizado (MUCIDAS, 2010). 
 
26 
 
3.6 Processo de Digestão do Leite Humano 
 
Segundo Douglas (2012), após a ingestão do leite, em todas as espécies de 
mamíferos, ocorre a formação de um coágulo, diferindo entre si no tamanho, 
firmeza, textura e estrutura conforme a sua origem. No leite humano, por possuir 
menor teor de caseína e mais lactoproteínas, as micelas de caseína formam um 
coágulo mais leve, em flocos, o que facilita a digestão destas proteínas. 
A grande diferença no processo de digestão entre o leite humano e o de 
vaca é na estrutura deste coágulo. No leite de vaca a quantidade de caseína é de 
80% e no humano é de 40%. Esta caseína forma um coágulo duro, de difícil 
digestão para o bebê que usa o leite de vaca em substituição ao leite humano 
(KATHLEEN & ESCOTT-STUMP, 2002). 
O leite humano é rico em lactoproteínas, que são proteinas originarias da 
albumina, transferrina e ceruloplasmina, e sua principal função é na biossintese da 
lactose (DOUGLAS, 2012). 
Escolher qual alimento introduzir na dieta do bebê quando for necessário 
complementação ou substituição do leite materno, seja por decisão da mãe ou 
quando sua ingestão for inadequada ao bebê, exige avaliação clínica individualizada 
(CARDOSO, 2006). 
 
3.7 Processo de Digestão do Leite Animal 
 
Mesmo sabendo que não é recomendado a ingestão de leite de vaca em 
bebês menores de um ano, muitos pais fazem a substituição do leite materno por 
fórmulas que contenham leite de vacaquando o bebê está entre cinco e nove meses 
de idade (KATHLEEN & ESCOTT-STUMP, 2002). 
O leite de vaca passa a sofrer adaptações para suprir as necessidades do 
lactente, passando por um processo de diluição que tem como principal objetivo 
diminuir a carga de proteínas e solutos, modificando assim a estrutura do coágulo de 
caseína (LACERDA et al., 2006). 
A ingestão calórica do bebê provém em sua maioria do leite, especialmente 
no primeiro ano, sendo aos seis meses em torno de 75%, aos doze meses cerca de 
35%, sendo o restante complementado por alimentos sólidos não lácteos 
(CARDOSO, 2006). 
27 
 
Segundo Kathenn & Escott-Stump (2002), bebês que são alimentados com 
leite de vaca integral possuem ingestão menores de ferro, ácido linoleico e vitamina 
E além de ingestão excessiva de sódio, potássio e proteína. 
Ao substituir o leite humano pelo leite de vaca para alimentar o lactente, o 
leite de vaca passa a ter pouca valia, isto deve-se a adaptações que o mesmo sofre 
para tornar-se mais adequado e assim reduz bastante o seu valor energético 
(GUYTON, 1998). 
Segundo Lacerda et al., (2006), a reconstituição energética é feita 
adicionando-se à fórmula carboidratos simples e complexos tendo estes a função de 
abrandar a estrutura dos coágulos, melhorando a digestão. É de muita valia que 
realize a fervura, pois este processo reduz o tamanho dos coágulos, sendo estes 
menores que o do leite cru, facilitando assim a digestão do leite de vaca. No entanto, 
para que as taxas proteicas e eletrolíticas se aproximem do leite materno é feito a 
diluição do leite que o torna mais tolerado. 
 
3.8 Consequências do Leite Animal 
 
O leite de vaca integral possui uma grande fração proteica, destas proteínas 
a lactoalbumina e lactoglobulina são as grandes responsáveis pelas alergias e 
intolerâncias no lactente (CARDOSO, 2006) 
O autor supracitado (2006) afirma que: 
 
“a utilização do leite de vaca pelo lactente, mesmo que diluído, é um dos 
mais sérios erros alimentares e que sua prescrição não deveria ser 
realizada nem sob a alegação de ser o alimento de menor custo, para as 
famílias, quando não for possível o aleitamento materno, especialmente 
devido à sobrecarga renal para o lactente”. (p. 5) 
 
Segundo Lacerda et al., (2006): 
 
“o alto teor de eletrólitos associado ao alto teor proteínas do leite de vaca, 
pode levar a uma sobrecarga renal, causando retenção de sódio, 
hiperosmolaridade e aumento da sensação de sede no lactente, podendo 
esta sede ser interpretada como fome e mais leite ser oferecido à criança”. 
(p. 18). 
 
Para Hockenberry (2006) as consequências de leite em pó para a nutrição 
do bebê são a baixa quantidade de ferro, vitamina C, vitamina A e D e excesso de 
sódio, fósforo e gordura de difícil digestão. 
28 
 
3.9 Benefícios do leite humano 
 
 O leite humano possui todos os nutrientes necessários para a alimentação 
adequada do bebê, não sendo necessário complementar com outros alimentos e 
nem ingerir agua. Evita alergias, anemias, otites, diarreias, infecções respiratórias, 
melhora o desenvolvimento mental do bebê, é mais bem digerido, fortalece o vínculo 
afetivo entre a mãe e o bebê, promove a correta formação dos ossos da face e dos 
dentes (LACERDA, et al. 2006). 
 Ao bebê amamentado exclusivamente ao seio é transmitida a imunidade 
passiva, evitando assim diversas doenças à criança (DOUGLAS, 2012). 
 Amamentar o bebê exclusivamente é importante para a mãe, pois reduz o 
sangramento pós-parto e promove a correta involução uterina, inibe a ovulação, 
agindo assim como agente contraceptivo, reduz a possibilidade de câncer de mama 
(BRASIL, 2009). 
 
3.10 Orientações de Enfermagem no Aleitamento Materno 
 
A lactogênese pode ser retardada devido a um trabalho de parto difícil, 
porém o apoio da família, do pai e da enfermeira é fundamental para auxiliar a mãe 
neste momento, melhorando sua atitude em relação à amamentação (KATHLEEN & 
ESCOTT-STUMP, 2002). 
Os profissionais de enfermagem devem estimular e orientar a mãe e a sua 
família para a prática da amamentação, tendo o cuidado de não produzir estresse 
emocional a esta mãe, por exemplo ao afirmar que se a mesma quiser e se esforçar, 
a amamentação se torna eficaz. Deve-se antes de tudo levar em conta os fatores 
sociais, culturais e, sobretudo do período de adaptação mãe-bebê (CHAUD et al., 
1999). 
Os dez passos para o sucesso da amamentação segundo recomendações 
da OMS/UNICEF são descritos por Murta, (2009): 
 
“ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, devendo ser transmitida 
à toda equipe periodicamente; treinar toda a equipe de cuidados à saúde, 
capacitando-os para implementar esta norma; informar todas as gestantes 
atendidas sobre as vantagens e a pratica da amamentação; ajudar às mães 
a iniciar a amamentação até meia hora após o parto; mostrar às mães como 
amamentar e como manter a lactação, mesmo que tenham que ser 
separadas de seus filhos; não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento 
29 
 
ou bebida além do leite materno, a não ser por indicação médica; praticar o 
alojamento conjunto 24h; encorajar a amamentação sob libre demanda; não 
dar bicos artificiais ou chupetas as crianças amamentadas; encorajar a 
criação de grupos de apoio à amamentação, encaminhando as mães a 
estes na alta hospitalar” (p. 226). 
 
Durante o pré-natal, o enfermeiro deverá esclarecer todas as dúvidas da 
gestante em relação à gestação, parto, aleitamento e outras que se fizerem 
necessárias. Deverá também fazer a avaliação das mamas e dos mamilos, 
orientando a gestante sobre o preparo a ser realizado durante toda a gestação. Se a 
gestante apresentar mamilo protuso a criança terá mais facilidade de sugar, porém 
se o mamilo for plano deverá ser preparado antes do parto, com exercícios para 
induzir a profusão (CHAUD et al., 1999). 
Segundo Carvalho (2011), a mama deve ser observada diariamente, devem 
ser realizados exercícios todos os dias para fortalecer e aumentar a elasticidade do 
mamilo e da aréola e no caso de mamilos invertidos, existem massagens como 
puxá-los delicadamente, friccionar o mamilo e a auréola levemente com esponja 
vegetal macia para deixá-los fortalecidos. 
Para Murta (2009), os profissionais de enfermagem, com suas orientações, 
podem prevenir problemas tardios nas mamas das nutrizes, ensinando-lhes o 
preparo adequado das mamas, a pega correta do mamilo e auréola pelo bebê, se o 
mamilo estiver dolorido, estes podem orientar a mãe a melhorar o posicionamento 
do bebê, aplicar leite materno nos mamilos após as mamadas para reduzir as 
fissuras, aplicar compressas quentes sobre as auréolas antes das mamadas pois 
estimula o leite, causando menos quando o bebê sugar. Poderá ainda ensinar a 
nutriz a realizar massagens suaves para desobstruir ductos que possam estar 
bloqueados, causando retenção do leite e dor mamaria e a retirar o excesso de leite 
que o bebê não conseguir sugar durante as mamadas, para prevenir mastite. 
A assistência de enfermagem à gestante em relação ao preparo da mama é 
de fundamental importância, evitando assim que ocorra fissura que quase sempre 
são acompanhadas de dor nos mamilos, problema este que fazem com que as mães 
interrompam precocemente a amamentação. A mãe deve ser bem orientada quanto 
à importância da higienização da mama. O recomendado é lavar com água e sabão 
apenas uma vez por dia, o sabão pode deixar o mamilo ressecado causando 
fissuras (CARVALHO, 2001). 
30 
 
Para Rodrigues & Gomes (2014) o enfermeiro e/ou qualquer profissional de 
saúde que assiste à mulher deve ter conhecimentos sobre a amamentação e ter 
habilidade em aconselhar, pois pode ajudá-la a tomar decisões, desenvolver 
confiança e encorajá-la a iniciar e prosseguir com o aleitamento natural. 
Após o parto, o enfermeiro deverá promover o contato do bebê com a mãe o 
mais precoce possível, ainda nos primeiros minutos, este fato fará com que o 
aleitamento naturalse estabeleça com mais eficácia. Nesta oportunidade o 
enfermeiro ensina a posição correta para a pega e observa a forma como o bebê 
suga (CHAUD et al., 1999). 
Carvalho (2011) afirma que ainda na sala de parto é fundamental que a 
equipe de saúde enfatize e promova a primeira amamentação logo na primeira meia 
hora de vida, proporcionando benefícios para mãe e filho, assim fortalecendo seus 
vínculos e evitando infecções hospitalares. 
Segundo Rodrigues & Gomes (2014) a visita domiciliar à nutriz é uma ótima 
maneira de promover o aleitamento materno. Nesta oportunidade o enfermeiro pode 
reconhecer os riscos existentes devido às condições de moradia, fatores 
socioeconômicos, fatores ambientais, de saneamento, podendo realizar ações de 
promoção à saúde e prevenção de doenças. 
O leite pode diminuir a quantidade, devido a estresse e cansaço maternos, 
uso de chupetas, mamadeiras, redução do número de mamadas, estabelecimento 
de horários fixos para o bebê mamar, dentre outros. Neste momento o enfermeiro 
deve encorajar a mãe a acreditar que a quantidade de leite retornará ao normal, 
sendo possível amamentar o bebê. É importante orientá-la e incentivá-la a oferecer 
a mama várias vezes ao bebê, aumentar sua ingesta alimentar e hídrica; se for o 
caso suspender o uso de chupetas e mamadeiras e descansar nos momentos em 
que o bebê estiver dormindo (MURTA, 2009). 
Segundo Chaud et al., (1999) a mãe deve ser orientada e estimulada a 
amamentar em regime de livre demanda, pois assim a produção de leite é 
estimulada, fazendo alternância entre as mamas, sendo que as duas devem ser 
oferecidas. Primeiramente a que o bebê mamou por último, para assim aproveitar o 
leite posterior, rico em gorduras e a seguir a outra mama para completar sua 
refeição. 
A mãe deve estar bem orientada sobre o aleitamento exclusivo e estar 
realizando o mesmo na alta hospitalar, estando o enfermeiro sempre à sua 
31 
 
disposição para possíveis dúvidas ou problemas que possam surgir. Segundo 
Chaud et al., (1999) “a falta de atuação do enfermeiro nestes momentos de dúvidas, 
propicia o desmame precoce e a torna vulnerável à propaganda dos substitutos do 
leite humano”. 
 
 
32 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Para garantir a saúde da criança, os pais e familiares devem ser bem 
orientados quanto aos benefícios do leite humano, sendo frisadas as diferenças 
nutricionais existentes entre este e o animal e assim cabe a eles tomarem uma 
decisão. 
Durante a realização desta pesquisa, observou-se que quase a totalidade 
dos artigos e livros que abordam o tema destacam os benefícios e priorizam em 
orientar as lactantes sobre a importância da amamentação humana no 
desenvolvimento da criança. 
Os benefícios da amamentação humana são reconhecidos mundialmente e 
defendido por órgãos internacionais de atenção à saúde, como a OMS e o UNICEF. 
O leite humano favorece o desenvolvimento do sistema nervoso central, a correta 
formação dos ossos da face e dentição, atua como antiinfeccioso, promove a 
imunidade passiva, evita otites, diarreias, possui nutrientes e gordura na quantidade 
certa para a nutrição e o fornecimento de energia para a criança, evita anemias, 
devido à melhor biodisponibilidade do ferro, além de contribuir para a formação 
emocional do bebê, pois este recebe todo o afeto e atenção da mãe durante as 
mamadas, o que contribui para a formação da sua auto - estima e fortalecimento do 
vínculo com sua mãe. 
Quanto ao leite animal, os malefícios são a ingestão inadequada de calorias 
e nutrientes, podendo levar à obesidade infantil, anemia carencial de ferro, 
dificuldade de digestão, intolerâncias, alergias, retardo no desenvolvimento 
neuropsicomotor e intelectual, retenção ureica, ingestão excessiva de sódio, 
potássio e proteínas podendo levar à uma sobrecarga renal, além de reduzir a 
possibilidade de formação de vínculo entre mãe - filho. Eis o desafio das políticas 
públicas de saúde em sensibilizar as mães e familiares a fornecerem apenas o leite 
materno para a criança pelo menos nos primeiros seis meses de vida. 
Portanto é fundamental que a equipe de enfermagem que acompanha a 
gestante, priorize as orientações focando nos benefícios do aleitamento exclusivo e 
a correta introdução de novos alimentos na idade apropriada e a incentive a expor 
suas dúvidas, sanando-as, contribuindo assim, para a formação nutricional da 
criança. 
 
33 
 
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