Buscar

Dom Casmurro de Machado de Assis (fichamento)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Página | 1 
 
DOM CASMURRO 
 
MACHADO DE ASSIS 
 
 
 
 
 
 
O estilo de Machado tem muito do escritor britânico do século 18 
Laurence Sterne, especialmente sua obra "Tristram Shandy", da 
qual Machado era admirador declarado. Aqui, as firulas shandyanas 
de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" vão rareando. O autor 
ainda fala com o leitor, duvida do que escreve, questiona-se sobre 
se deve usar tal ou qual palavra, escolhe uma e conclui com um "vá 
essa mesmo" &c. Mas é muito menos 
 
Neste, Bento Santiago, o Bentinho, desde criança namora (até os 15 
anos sem sequer o saber, quando José Dias, agregado de sua casa, 
nota) Capitolina, a Capitu. Ela é mais evoluída, pronta para 
dissimular, flexível, esperta. Isso atrai Bentinho, mas, desde o 
início, é uma atração perigosa, pois sempre fica a dúvida de fundo: 
"estará ela alguma vez usando dessas armas de dissimulação 
comigo"? O amor responde que não, pelo menos enquanto pode. 
Bentinho, por promessa materna, é dirigido à carreira eclesiástica. 
Mas tem dúvidas e, quando descobre que ama Capitu, 
definitivamente não quer mais ser padre. 
 
A solução que aparece é ir estudar leis em São Paulo, assim que sair 
 
Página | 2 
do seminário. Tudo o que cerca Bentinho é interesse mesquinho. 
José Dias, que vive meio de esmola em sua casa, com mais a mãe 
do menino, Glória, viúva, o tio dela, Cosme, e a irmã dela, Zulmira, 
primeiro quer mandar Bentinho para o seminário, para bajular dona 
Glória. Depois, tenta livrar Bentinho, para, de certa forma, 
continuar, no futuro, sob os favores deste, mas não sugere uma 
carreira nas leis, antes sugerindo que o menino estude na Europa, o 
que o tornará acompanhante. Os pais de Capitu, Pádua e Fortunata, 
são mais pobres, meio servis, e talvez sonhem com uma união 
entre sua filha e o rapaz vizinho e rico. O grande amigo de 
Bentinho no seminário, amigo e futura nêmese, é Escobar. Para 
demonstrar a Bentinho suas capacidades aritméticas, pede a este 
que lhe dê detalhes das rendas de sua família. Escobar visita a casa 
de Bentinho, acha a mãe deste moça (ela tem cerca de 40 anos 
quando a história começa, o que, para o século 19, não era uma 
idade que poderia ser ligada a qualquer ideia de juventude) e pensa 
a sério em se casar com ela. Sonho de adolescente, mas certamente 
de adolescente interesseiro. 
 
Bentinho não é diferente, pois sempre coloca seus interesses em 
primeiro lugar, para logo depois dizer de si para si que se 
arrepende. Enfim, todo o enredo, da descoberta de que Bentinho 
amava Capitu, até a ida deste para o estudo em São Paulo, dois 
anos e pouco portanto, ocupa quase 3/4 do livro. Depois vêm o 
casamento, o casamento de Escobar com a melhor amiga de 
Capitu, Sancha, o filho deste casal e a falta que Capitu e Bentinho 
sentem de também ter um seu, os negócios conjuntos, as visitas 
&c. Até que um dia, talvez meio abruptamente, como acontece a 
loucura de Rubião no "Quincas Borba", Bentinho tem certeza de 
que seu filho, a custo conseguido, Ezequiel, é, de fato, de Escobar. 
Encontra traços comuns, vai tendo ojeriza à criança, esfria as 
relações com Capitu, pensa em matá-la, depois, em se matar e, 
 
Página | 3 
ainda, em matar o filho. Escobar morre, Sancha e sua filha saem do 
Rio e Bento acha uma fórmula de viver com aparência de dignidade: 
deixa Capitu e Ezequiel na Suíça. Lá morre ela, e Ezequiel, formado 
em (ou ainda estudando) arqueologia, vai para o Rio, para rever o 
pai, que o recebe cordialmente. Ezequiel vai daí para o Egito, onde 
morre pouco depois. Bentinho continua a levar a vida, como um 
casmurro, tendo alguns divertimentos efêmeros, amigas e a certeza 
de que a traição de sua melhor amiga e esposa com seu melhor 
amigo existira mesmo. Não é certeza e não há no livro elementos 
para decidir. Nem Machado quereria, pois ora coloca coincidências 
um tanto triviais (o pai de Sancha diz a Bento que Capitu se parece 
com a falecida mãe de sua filha), que militam contra a hipótese de 
a semelhança entre Ezequiel e Escobar querer dizer alguma coisa e, 
ora, coloca encontros furtivos (como Bento que volta para casa 
mais cedo e encontra Escobar à porta, ou como um aperto de mão 
mais forte entre Sancha e Bento, que este interpreta como 
sedução), que militam a favor da hipótese. Na verdade, é o que 
menos interessa, embora seja sempre o assunto principal quando se 
discute esse livro. Capitu, como Sofia (de "Quincas Borba") e 
Virgília (das "Memórias Póstumas..."), é esperta. Bento, como 
Rubião (também de "Quincas Borba") e Brás, um bobo. 
 
 
 
Edição usada: 
Machado de Assis - Dom Casmurro, W. M. Jackson Editores, 1950, 
436 p. 
 
 
fichamento por Vittorio Pastelli

Continue navegando