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13/04/2021 Cosmetoguia - Indústria e mercado conectados https://cosmetoguia.com.br/article/read/area/IND/id/937/ 1/11 Área do usuário Clean Beauty publicado em 07/04/2021 Hamilton dos Santos Cosmetics & Toiletries Brasil, São Paulo SP, Brasil Abstract A tendência clean beauty tem foco em produtos cosméticos seguros, com formulação simplificada e que não impactem o meio ambiente. The clean beauty trend focuses on safe cosmetic products, with simplified formulation, and without impact on environment. La tendencia de la beleza limpia se centra em productos cosméticos seguros, com formulación simplificada y sin impacto em el médio ambiente. O que é um Produto Clean Beauty? Formulações Ingredientes “Proibidos” Embalagens Tendências de Clean beauty Conclusão O conceito de clean beauty surgiu na década de 1990, quando consumidores norte-americanos iniciaram a busca por produtos “naturais” e “orgânicos” na indústria de alimentos e, como consequência, começaram a abordar algumas questões sobre a origem dos ingredientes utilizados na indústria de produtos de higiene pessoal. No início dos anos 2000, ainda nos Estados Unidos, surgiu uma campanha em prol de cosméticos seguros. Essa inciativa, encampada por algumas ONGs, era focada nos riscos aparentes trazidos pelos ingredientes químicos utilizados em cosméticos. A partir daí algumas empresas começaram a banir determinados ingredientes químicos utilizados na formulação de cosméticos e a se concentrar na “naturalidade” de seus produtos. A “química verde” em cosméticos surgiu em 2013, quando algumas marcas lançaram produtos com formulações baseadas nesse conceito, visando segurança para a saúde humana e o meio ambiente. 6 https://cosmetoguia.com.br/painel/profile/ 13/04/2021 Cosmetoguia - Indústria e mercado conectados https://cosmetoguia.com.br/article/read/area/IND/id/937/ 2/11 Finalmente, em 2015 a Credo Beauty, de New York NY, lançou o primeiro produto sob o conceito de clean beauty e, a partir daí, este termo se popularizou. Hoje muitas marcas se dizem clean beauty. O que é um Produto Clean Beauty? Em princípio, não existe uma definição regulatória de produto clean beauty. O “conceito” de clean beauty pode ser entendido sob diversos ângulos. Para alguns, é sobre a segurança; para outros, é sobre a origem “natural” dos ingredientes ou sobre o pequeno número de ingredientes que compõem a formulação; ou mesmo tudo isso junto. Uma formulação clean beauty pode, portanto, ter componentes de origem animal ou sintética que não sejam prejudiciais à saúde. Esse conceito também pode compreender produtos “livres de”, os “bons para você”, ou que contenham ingredientes de “menor” risco para a saúde. E o conceito se estende para incorporar ingredientes sustentáveis ou embalagens recicláveis. Enfim, tecnicamente não existe uma definição clara que seguramente possa definir o que é um produto clean beauty. Cada fabricante adota uma definição que mais atende aos seus objetivos. Entretanto, há o consenso de que esses produtos são aqueles desenvolvidos considerando maior cuidado com a segurança do consumidor, que não contêm certos ingredientes considerados “proibidos” e que contêm apenas ingredientes funcionais imprescindíveis para sua eficácia. Formulações Considerando que o conceito de beauty clean privilegia os produtos cujo desenvolvimento foi pautado no maior cuidado com a segurança do consumidor, a abordagem que parece melhor se adequar a essas premissas de proteção seria: • usar ingredientes que tenham histórico de ser seguros; • atestar a segurança dos novos ingredientes; • certificar os níveis de uso seguro dos ingredientes; • formular o produto com o número necessário de ingredientes; • assegurar a efetividade do produto; • conhecer a atividade química e bioquímica dos ingredientes e avaliar a interação entre eles; • que os produtos não tenham sido testados em animais. Para isso, o uso de ingredientes ou de classes de ingrediente deve ser criteriosamente selecionado, respeitando-se os princípios do clean beauty. Os emulsificantes usados em produtos clean beauty devem ser os tradicionais e conhecidos, livres de PEG e ser derivados de ingredientes naturais. Deve-se evitar o uso de sistemas emulsificantes complexos vários componentes. Também é preciso ser rigoroso na avaliação do resultado dos testes de estabilidade do produto final. Como espessantes, devem ser usados sistemas que sejam a combinação de espessantes que se complementam e trabalhem em conjunto como polímero sintético como carbômero conjugado com um polímero natural como goma xantana É preciso se certificar 6 11,24 11 12 21 21 13/04/2021 Cosmetoguia - Indústria e mercado conectados https://cosmetoguia.com.br/article/read/area/IND/id/937/ 3/11 conjunto, como polímero sintético, como carbômero, conjugado com um polímero natural, como goma xantana. É preciso se certificar que o sistema selecionado mantém a viscosidade por longo tempo. Em sistemas tensoativos, pode ser utilizada uma combinação de sais, como cloreto de sódio e amida (como cocoamida MEA). Nas formulações de limpeza (shampoos, produtos para o corpo, limpadores faciais e sabonetes líquidos), deve-se usar uma combinação de tensoativos. Por exemplo, pode-se utilizar um tensoativo aniônico adequado, com sulfonato ou sulfato, ou usar um tensoativo glucosídeo não iônico combinado com um tensoativo anfótero, como cocoamidopropril betaína ou hidroxisultaina ou lauroanfoacetato de sódio. Quando houver necessidade de preservar a formulação, deve-se utilizar um sistema que efetivamente a proteja de bactérias gram- positivas e gram-negativas, mofos e levedura. O indicado é usar um sistema preservante otimizado que seja eficaz e seguro. O uso de extratos vegetais ou bioativos pode trazer muitos benefícios para o produto. Caso se queira utilizar mais de um extrato, deve- se atentar para que nos dois extratos seja usado o mesmo solvente, de modo a não aumentar o número de ingredientes na formulação. É necessário atentar para a efetividade do produto final. Ingredientes multifuncionais, como polímeros, devem ser considerados na formulação de um produto clean beauty. Nessa categoria estão os polissacarídeos, como a carragena, a qual tem propriedades de gelificação, espessamento, emulsificação e estabilização. Quando é aplicada à pele, a carragena aumenta a permeabilidade e a efetividade de emolientes de loções de cremes. Outros aditivos multifuncionais, como os acidulantes (ajustadores de pH), também podem atuar como agentes quelantes (o ácido cítrico) ou como agentes suavizantes (o ácido láctico). O álcool etílico, um solvente que é “demonizado”, age como um veículo para aumentar a solubilidade de numerosos ativos e como preservante. É um álcool que evapora facilmente e reduz o impacto na pele. Em produtos de uso tópico, os antioxidantes têm dupla função: protegem ingredientes da ação do oxigênio e mantêm a atividade funcional do produto durante sua estocagem. Quando são aplicados à pele, os antioxidantes aumentam as defesas antioxidantes, especialmente aquelas desafiadoras das agressões ambientais, como radiação UV e poluição, agindo para capturar radicais livres. As vitaminas preenchem muitas das funções biológicas do organismo humano, como a indução da síntese de colágeno, a restauração da forma reduzida da glutationa nas células, a despigmentação da pele e a captura de radicais livres. Óleos vegetais de oliva e de soja podem agir como o veículo de uma mistura de ingredientes benéficos para a formulação, como: esqualano, fitoesteróis, compostos fenólicos, entre outros. Também podem melhorar algumas propriedades da pele, desde sua elasticidade até sua hidratação, trazer efeitos antioxidantes adicionais e restaurar o equilíbrio lipídico da pele. Deve-se atentar que os óleos vegetais devem estar protegidos por um sistema antioxidante. Ingredientes “Proibidos” Atualmente, a indústriade cosméticos ao redor do mundo tem à sua disposição mais de 10.000 ingredientes químicos – sem contar as fragrâncias - e sabe-se que a grande maioria desses ingredientes não teve sua segurança atestada pelas agências reguladoras. Entretanto, na União Europeia, mais de 1.300 ingredientes são atualmente proibidos ou de uso restrito em cosméticos. No Canadá, são cerca de 500 ingredientes e, nos Estados Unidos, são apenas 116. No Brasil, a RDC nº 83/16 lista cerca de 1.370 ingredientes que não podem ser utilizados em produtos cosméticos e a RDC nº 3/12 lista outros 130 ingredientes que podem ser utilizados em condições específicas. Ingrediente químico não é sinônimo de produto perigoso ou tóxico. O fato de haver critérios díspares de regulação de uso ocorre por conta da rigidez adotada por diversas nações. Nos Estados Unidos, a regulação atual de cosméticos data de 1938, entretanto não se pode dizer que os produtos lá fabricados não sejam seguros. Nos Estados Unidos, o Cosmetic Ingredient Review (CIR), o Toxic Substances Control Act (TSCA) e o Scientific Committee on Consumer Safety (SCCS), que contam com profissionais especialistas, estão em atividade permanente avaliando a segurança de ingredientes cosméticos. Na Europa, o Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemicals (REACH) atua no sentido de impedir a introdução, no mercado, de ingredientes químicos cuja segurança de uso pelas pessoas e cuja ausência de efeitos negativos no meio ambiente não sejam comprovados. Iniciativas semelhantes são seguidas no Japão, na Austrália e no Canadá. Poucas substâncias têm, em seu estado natural, características adequadas de difusão, aderência, aspectos cosméticos agradável, estabilidade e efeitos de longa duração sobre a pele. Além disso, não está claro se um ingrediente isoladamente aplicado à pele iria trabalhar melhor do que se estivesse misturado com outras substâncias. A formulação, ou seja, a combinação de diversos ingredientes conhecidos em proporções adequadas, vai resultar em um produto final que terá a funcionalidade e o aspecto cosmético desejados. Na formulação cada ingrediente atua com uma função específica: antioxidante, emoliente, hidratante, tensoativo, preservante, etc., garantindo a estabilidade e a efetividade do produto final. Entretanto, ao longo do tempo, alguns ingredientes utilizados em formulações de cosméticos apresentaram alguma intercorrência ou suspeita de risco que os colocaram na berlinda, como controversos ou perigosos, apesar de continuarem sendo respaldados por todas ou por muitas das regulações sanitárias em vigor. Por essa razão, alguns desses ingredientes foram incluídos na lista dos ingredientes “proibidos” ou “cancelados”, encampada pelos consumidores do mercado clean beauty. Vários são os riscos trazidos por esses ingredientes segundo alegam esses consumidores Para exemplificar quais são alguns desses 21 21 21 15 1,4 15 13/04/2021 Cosmetoguia - Indústria e mercado conectados https://cosmetoguia.com.br/article/read/area/IND/id/937/ 4/11 Vários são os riscos trazidos por esses ingredientes, segundo alegam esses consumidores. Para exemplificar quais são alguns desses ingredientes, a seguir estão suas denominações e as justificativas que respaldam seu uso no Brasil. Álcool isopropílico Pode ocasionar alergias e irritações ao entrar em contato com a pele. Se for inalado, causa sonolência, vertigem, dores de cabeça, irritação nasal e da garganta, perda de apetite, vômito e diarreia. O álcool isopropílico é usado como solvente em esmaltes de unhas e como desnaturante do álcool etílico. Quando é usado em concentrações muito baixas, não expõe os consumidores a esses riscos. Amianto Pode ocasionar problemas cutâneos e pulmonares, e até mesmo câncer. O amianto não deve ser utilizado em cosméticos. Seu uso nesses produtos é expressamente vetado pela RDC nº 83/16. BHA e BHT Podem interferir no funcionamento hormonal por serem considerados disruptores endócrinos. Além disso, o BHA é suspeito de causar câncer. O BHA (2,3-terc-butil-4-hidroxianisol) e o BHT (2,6-diterc[1]butil-p-cresol) são utilizados como antioxidantes cosméticos e também são usados em alimentos e medicamentos. Se forem usados em concentrações muito baixas, o BHA e o BHT não expõem os consumidores a esses riscos. Chumbo É prejudicial ao cérebro e aos sistemas, circulatório e reprodutor. É cancerígeno e biocumulativo, ou seja, não é eliminado pelo corpo. O uso do acetato de chumbo é permitido como tintura capilar, conforme a RDC nº 15/13. Coal tar dyes Podem ocasionar dermatites na pele e até mesmo câncer. As coal tar dyes (tinturas de alcatrão do carvão) não são mais usadas em tinturas capilares. As fenilenodiaminas, representantes dessa classe de tinturas, hoje são sintéticas. O uso das fenilenodiaminas é aprovado pela RDC nº 3/12. DEA, MEA e TEA Esses ingredientes podem reagir com outras substâncias e for[1]mar nitrosaminas carcinogênicas. Os rumores são antigos quanto ao potencial cancerígeno desses ingredientes, entretanto autoridades, como a FDA, não endossam essas suspeitas. Formol É uma substância cancerígena e alergênica. As referências para “formol” dizem respeito ao formaldeído e ao paraformaldeído usados como preservantes e ao formaldeído usado como endurecedor de unhas. Para as condições de uso aprovadas pela RDC nº 15/13, não há evidências de sua toxicidade. Fragrâncias Podem causar dermatites de contato (alergia) e problemas respiratórios. Alguns ingredientes de fragrâncias estão relacionados ao câncer e à neurotoxicidade. De acordo com a International Fragrance Association (IFRA), “fragrâncias são compostos químicos que possuem cheiro ou odor. Esses compostos podem incluir materiais sintéticos e matérias-primas aromáticas naturais de plantas, obtidas por meio de destilação, prensagem ou extração”. Muitas dessas substâncias são sabidamente alergênicas. Por essa razão, as autoridades reguladoras de vários países, como a Anvisa, no Brasil, obrigam as empresas a mencionar essas substâncias no rótulo dos produtos quando elas estão presentes em suas formulações. Exemplos dessas substâncias são: geraniol, linalol, citronelal, citronelol, citral e benzoato de benzila. Ftalatos São associados ao câncer de mama, à desregulação hormonal e à diminuição da fertilidade masculina. A referência aqui é ao ftalato de butila, aprovado para uso em produtos para unhas e que, juntamente com o ftalato de etila e metila, é utilizado na indústria de fragrâncias. Os ftalatos não são considerados tóxicos nas concentrações de uso. Mercúrio Pode ocasionar irritações na pele e é prejudicial ao cérebro e ao sistema nervoso. Trata-se de uma referência ao tiossalicilato de etilmercúrio sódico e ao fenilmercúrio e seus sais (incluindo o borato), aprovados como preservantes pela RDC nº 29/12. Óleo mineral É um agente oclusivo que pode obstruir os poros (comedogênese) e que é proveniente de fonte não renovável 5 8 5 4 5 5 3 5 1 5 24 5 3 17 4,10 5 1 5 2 17 13/04/2021 Cosmetoguia - Indústria e mercado conectados https://cosmetoguia.com.br/article/read/area/IND/id/937/ 5/11 É um agente oclusivo que pode obstruir os poros (comedogênese) e que é proveniente de fonte não renovável. O óleo mineral (vaselina líquida) é utilizado como ingrediente de formulações de hidratantes e não é, em geral, aplicado diretamente sobre a pele. Entretanto, não haverá risco se for utilizado dessa forma. O óleo mineral também é usado como laxante. Parabenos Podem causar câncer e estão relacionados a disruptores endócrinos. Os parabenos (o ácido 4-hidroxibenzoico, seus sais e seus ésteres) têm sua segurança questionada há muito tempo, entretanto não há comprovação de sua toxicidade. Em setembro de 2018, o Cosmetics Ingredients Review (CIR) mais uma vez confirmou que os parabenos são de uso seguro. Os parabenos estão na lista dos preservantes (RDC nº 29/12). Propilenoglicol Pode alterar a camada de proteção da barreira cutânea, criando falhas em sua permeabilidade.Assim, o propilenoglicol aumenta a penetração, de forma profunda, de agentes químicos na pele, aumentando a toxicidade dessas substâncias, pois estas chegam em maior quantidade na corrente sanguínea. O propilenoglicol é utilizado como ingrediente de formulações de hidratantes e não é usado diretamente sobre a pele. Entretanto, não haveria risco se ele fosse utilizado dessa forma. O propilenoglicol é largamente utilizado em cremes dermatológicos. PEG Esse ingrediente pode estar contaminado por 1,4-dioxana, que pode causar câncer. É uma referência ao polietilenoglicol, com seus diferentes pesos moleculares, utilizado nas indústrias de cosméticos, farmacêutica e de alimentos. Para essas aplicações, essa matéria-prima é de uso seguro. Petrolato Obstrui os poros e, por ser um produto derivado de petróleo, pode estar contaminado por impurezas que causam câncer. O Petrolatum (ou Petroleum jelly, ou vaselina) é um derivado de petróleo que tem propriedades hidratantes e cicatrizantes. Há mais de 150 anos, o Petrolatum é utilizado em cosméticos nos Estados Unidos. Seu uso é aprovado no Brasil, como exceção da RDC nº 83/16. Plásticos e plastificantes Podem interferir no funcionamento hormonal e estão associados ao câncer. O polietileno é utilizado em cosméticos como abrasivo. Trata-se de um polímero inerte e insolúvel em água. Plastificantes derivados de ftalatos, como o DOP (dioctil ftalato), são utilizados na confecção de bolsas de sangue. Portanto, não há nada o que temer quanto ao seu uso. Silicones Podem interferir no funcionamento hormonal e causar danos ao fígado. Os silicones são ingredientes inertes e utilizados em bandagens para o tratamento de lesões da pele aprovadas pela FDA. A campanha alarmista contra o uso de silicones foi feita por causa da performance de shampoos-condicionadores nos cabelos de consumidoras de cabelos longos – as gomas de silicone de alto peso molecular, combinadas com polímeros catiônicos, deixavam os cabelos “escorridos”. Não há relatos de toxicidade causada por silicones. Essas substâncias são completamente biodegradáveis. Sulfatos Essas substâncias estariam relacionadas a dermatites e à irritação nos olhos e nos pulmões. O termo sulfato se refere aos tensoativos aniônicos sulfatados, mais especificamente aos álcoois graxos sulfatados ou aos álcoois etoxilados sulfatados (SLS – lauril sulfato de sódio, e SLES – lauril éter sulfato de sódio). São tensoativos com alto poder de detergência, podendo causar algum grau de ressecamento do couro cabeludo, principalmente de consumidoras que tiveram seus cabelos expostos a tratamentos químicos severos (alisamento químico e físico, descoloração, etc.). Entretanto, não constam registro de riscos do SLS e do SLES para a saúde quando são seguidas suas instruções de uso. Triclosan Pode interferir no funcionamento hormonal e contribuir para a formação de bactérias resistentes a antibióticos. O triclosan é o tricloro-2,4,4’hidroxi-2’ difenil éter, um agente antisséptico efetivo contra bactérias gram-negativas e gram-positivas. Também é eficaz contra fungos e bolores. É encontrado em medicamentos, sabonetes, loções e cremes dentais. Apresenta boa tolerância para uso na pele e na cavidade bucal quando em baixas concentrações. É antisséptico, bactericida, fungicida e viricida. É uma preparação à base de fenol. Soluções de triclosan são indicadas para a limpeza de ambientes e áreas críticas da pele, com pus, sangue, urina, fezes e outras secreções. Além disso, quando estão em contato com a umidade, essas soluções exercem ação antimicrobiana residual. Os usos do triclosan em cosméticos, como preservante, e em desodorantes, como agente bacteriostático, são aprovados pela RDC nº 29/12 5,17 14 2 5,17 5 5 22 4,23 5 7 1 13 1 19 19,22 1 16 2 13/04/2021 Cosmetoguia - Indústria e mercado conectados https://cosmetoguia.com.br/article/read/area/IND/id/937/ 6/11 29/12. A vigilância sobre estes e outros ingredientes, utilizados em formulações de cosméticos, é permanente. A Natura, por meio do seu Comitê Global de Segurança (formado por cientistas, gerentes e diretores de inovação), retira ingredientes de suas formulações ou monitora esses ingredientes sempre que há evidências de que estes podem causar riscos à saúde humana e/ou ao meio ambiente, ou quando identifica uma percepção negativa por parte de seus consumidor. Até o momento, a Natura: baniu 14 ingredientes de suas formulações; bloqueou 23 ingredientes, isto é, estes não serão utilizados em novos desenvolvimentos; considerou de uso restrito 17 ingredientes (depende da categoria e do modo de uso do produto); e colocou na “hot list” ingredientes que, preferencialmente, não serão utilizados em novos desenvolvimentos. Embalagens As embalagens de cosméticos clean beauty seguem as tendências gerais dos produtos de consumo. De acordo com essas tendências, as embalagens têm que ser atraentes e práticas, e, ao mesmo tempo, de baixo custo (ter um custo que não afete o preço do produto final) e amigas do meio ambiente. A primeira escolha é por embalagens tipo refil, que traz redução no consumo de materiais e componentes. As embalagens devem ser recicláveis. Pela experiência diária dos consumidores, sabe-se muitas embalagens são usadas uma única vez. As embalagens de plástico devem ser biodegradáveis, isto é, se degradar pela ação de microrganismos presentes no ambiente (bactérias, fungos, etc.) em determinado período de tempo. Ou as embalagens devem ser compostáveis, isto é, devem sofrer decomposição biológica, transformando-se em água, dióxido de carbono, compostos inorgânicos e biomassa. Esse processo não deixa resíduos tóxicos. Outra tendência é que as embalagens sejam livres de polímeros de plásticos, podendo ser de papelão ou de outro derivado de celulose, ou, ainda, de outros tipos de materiais que atendam os requisitos mencionados anteriormente. A embalagem, além de conter o produto, deve ser usada como um meio de divulgação, para o consumidor, de suas propriedades e dos cuidados que devem ser tomados durante o uso do produto. Com a adoção do QR code foram eliminadas as restrições relacionadas às embalagens pequenas e ao uso de bulas adicionais. Tendências de Clean beauty As tendências do mercado clean beauty são os produtos com formulações minimalistas – com menos ingredientes que tragam mais benefícios. Esses produtos devem ter menor teor de água e podem ser sólidos ou semissólidos. Ou esses produtos serão vendidos na forma concentrada e deverão ser diluídos pelo consumidor no momento do uso. Os produtos deverão ser multifuncionais, ou seja, devem existir várias funcionalidades no mesmo veículo. Isso significa menor número de produtos e menos tempo necessário para sua aplicação. Finalmente, outra tendência é o upcycling – que é o reaproveitamento. Também denominado movimento slow fashion ou movimento maker, o upcycling é uma tendência de inovação lançada nos anos 1990 que só recentemente chegou no Brasil. De acordo com o upcycling, um subproduto que seria descartado ganha uma nova função. Essa tendência já é muito aplicada na indústria de ingredientes químicos. Ela diminui a demanda por novos materiais e o custo das matérias-primas. Conclusão No passado, os consumidores eram leais aos produtos com boa performance e baixo custo. Hoje, eles estão interessados em preservar sua saúde e o meio ambiente. A tendência dos cosméticos clean beauty significa o retorno às origens, quando os produtos eram mais simples nas suas formulações e nas embalagens. Hoje, como resultado da evolução tecnológica, os formuladores têm uma gama variada de ingredientes oriundos de diferentes plataformas. Isso pode significar produtos com índices de performance mais elevados, mais seguros, mais sustentáveis e que não agridem o meio ambiente. Quanto às formulações, a inclusão ou exclusão de ingredientes químicos, também, deve ser baseada em evidências científicas. Hamilton dos Santos é o publisher da revista Cosmetics & Toiletries Brasil 18 12 20 189 26 13/04/2021 Cosmetoguia - Indústria e mercado conectados https://cosmetoguia.com.br/article/read/area/IND/id/937/ 7/11 Este artigo foi publicado na revista Cosmetics & Toiletries Brasil, 33(2): 12-17, 2021. Referências bibliográficas 1. Anvisa. RDC 3/12 - Listas de substâncias que os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes não devem conter exceto nas condições e com as restrições estabelecidas. Disponível em: http:// antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_03_2012_. pdf/95b6b4b1-2209-477e-8c8a-d98d19cb18be. Acesso em: 1/3/2021 2. Anvisa. 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