Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
4 1 INTRODUÇÃO O solo é constituído, em diversas proporções, por partículas minerais de dimensões muito variadas e também por matéria orgânica resultante da transformação dos resíduos da vegetação que se instala desde o começo da meteorização da rocha. Estas frações minerais e orgânicas apresentam constituição e propriedades muito variadas e raramente ocorrem isoladas, antes interatuando entre si de modo a formar conjuntos de partículas designadas por agregados. Os espaços vazios existentes entre as partículas elementares ou agregadas constituem os chamados poros do solo, que são preenchidos por água e ar em proporções variáveis e são tão importantes para o funcionamento do solo quanto os respetivos constituintes sólidos. As características do solo resultam da atuação dos chamados fatores de formação do solo (clima, rocha mãe, vegetação e outros organismos, incluindo os seres humanos, relevo e tempo), cuja influência relativa nos processos de formação do solo varia de local para local e determina a enormíssima variedade de solos existentes. De um ponto de vista morfológico, os processos de formação do solo traduzem-se geralmente na diferenciação em profundidade de diversas camadas com características distintas, às quais se dá o nome de horizontes que, no seu conjunto, constituem o perfil do solo. Estes horizontes, que podem ser observados num corte vertical efetuado num solo, são camadas sensivelmente paralelas à superfície do terreno, separadas umas das outras por limites mais ou menos evidentes, que se distinguem umas das outras através de características como a cor, a textura, a estrutura (agregação), a consistência e a densidade das raízes que nelas ocorre. Para recolha de um perfil de solo utiliza-se um talude ou abre-se uma cova no terreno, com as dimensões pretendidas de forma a obter uma secção vertical que contenha todos os horizontes do solo desde a superfície até à rocha mãe. O perfil é retirado com ajuda de uma caixa de madeira ou metal, na qual o perfil é transportado para o laboratório. A preparação de um monólito de solo envolve numerosas operações, que incluem a sua colheita no terreno, o afeiçoamento e impregnação com resinas da superfície a exibir. Estas operações são geralmente morosas e dispendiosas, mas resultam muito compensadoras pelo valor acrescido que fornecem no ensino da pedologia uma vez que um monólito permite o contato visual direto com exemplares de solos colhidos na natureza. http://rce.casadasciencias.org/art/2018/045/ http://rce.casadasciencias.org/art/2018/074/ http://rce.casadasciencias.org/art/2015/144/ 5 2 MATERIAIS E MÉTODOS Os materiais usados para a escavação do perfil do solo foram uma enxada, e uma pá para a retirada solo escavado. Uma fita métrica foi utilizada para a definição de cada camada do solo em questão. Primeiro, efetuou-se as medidas de comprimento e largura para as devidas marcações no solo. Em seguida foram tiradas fotos do perfil do solo e do local para registro do ambiente. Para melhor observação da transição e quantificação entre as camadas, foi utilizado um umedecedor para a verificação da diferença de coloração com o solo umedecido. Para a produção da maquete do perfil do solo, foi usado um recipiente de vidro, uma colher de pedreiro para auxiliar na retirada do material que estava em recipientes separados e identificados, para o recipiente a ser usa do na maquete em si. As descrições dos horizontes foram feitas com papel e fita adesiva cujas marcações foram feitas à mão. 3 ÁREA DE ESTUDO A descrição do perfil de solo a campo foi realizada na Fazenda São Francisco, próximo ao Povoado de Mocambo, zona rural do município de Santa Maria da Vitória/BA, na microrregião da Bacia do Rio Corrente, oeste baiano, na data de 25/01/2021, no às margens da estrada vicinal que dá acesso ao povoado, com dimensões 1,5 m de comprimento, 1,5 m de largura e 2,0 m de profundidade. 4 DESCRIÇÃO GERAL PERFIL 1 DATA: 25/01/2021 CLASSIFICAÇÃO: Argilossolo LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS: Fazenda São Francisco, zona rural do município de Santa Maria da Vitória/BA. LATITUDE: - 13° 22' 23'' Sul, Longitude: 44° 11' 25'' Oeste. ALTITUDE: 455m. LITOLOGIA: arquenas e proterozoicas parcialmente recobertas por rochas siliciclásticos cretáceas do Grupo Urucuia e pelos seus produtos erosivos FORMAÇÃO GEOLÓGICA: rochas pelito -carbonáticas do Grupo Bambuí RELEVO REGIONAL: Depressão do Alto-Médio Rio São Francisco e Baixadas dos Rios Jacaré/Salitre, Chapadas do Rio São Francisco e Patamares dos Rios São Francisco/Tocantins e Serra da Saudade. VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: cerrado variando de porte arbóreo denso a gramíneo-lenhoso, geralmente com plantas apresentando troncos retorcidos e sinuosos, de casca espessa e cortiçosa. PEDREGOSIDADE: pedregosa EROSÃO: aparente DRENAGEM: Imperfeitamente drenado 5 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS 6 A textura predominante dos solos, na maior parte dos horizontes e perfis estudados, é argilosa tendendo a muito argilosa, resultado esperado visto o desenvolvimento da maioria destes a partir de litologias argilosas e carbonáticas. Os solos predominantes na área são formados por processos de podzolização com translocação de argila do horizonte A para o B bem marcada, inclusive refletida na presença comum de cerosidade. Mas na maioria dos perfis analisados não apresentam gradiente textural que os classifiquem como argissolos, desta forma, estes solos foram agrupados neste estudo como nitossolos/argissolos. São solos bem desenvolvidos, em geral de coloração avermelhada, com o horizonte A proeminente, escuro, com espessuras sempre superiores a 20 cm. O horizonte B nítico ou textural tem espessura acima de 60 cm, por vezes apresentando pedregosidade. Em sua composição mineralógica predominam quartzo, caolinita e ilita e/ou montmorilonita. Estes solos, em geral, evoluem de cambissolos que ocorrem nas porções mais elevadas das encostas e gradam para nitossolos, argissolos, até os chernossolos nas regiões mais rebaixadas. A: 0-30 cm; vermelho-escuro (10 YR 5/2, seca); vermelho-escuro (10 YR 3/2, úmida); textura franco-arenosa, se m agregados granulares, consistência macia, muito friável, não plástica, pegajosa; transição gradual e plana; presença de poros e muito pequenos; presença de cerosidade; presença de cimentação; visto pouca presença de raízes finas e muito finas. B: 70-100 cm; coloração variegada, composta de (10 YR 10/8, s eca matriz; 10 YR, úmida matriz), textura franco-argilosa, com agregados angulares, grandes, de grau forte; consistência dura, muito friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição gradual e plana; presença de vários poros e muito pequenos; presença de cerosidade; ausência de nódulos e concreções minerais; visto rara presença de raízes muito finas. C: 100-150 cm+ ; coloração variegada, amarelado (10 R 3/6, seca matriz); amarelado (10 R 3/6 úmida matriz); muito claro-acinzentado ( 10 YR 7/3, seca de fundo); amarelado (10 YR 5/4 úmida de fundo), textura franco-argilosa, com agregados angular es, grandes e muito grandes, de grau forte; consistência dura, muito friável, ligeiramente plástico e pouco pegajoso; presença de poros e muito pequenos; presença de cerosidade, de cimentação e de nódulos e concreções minerais; visto rara presença de raízes muito finas. 6. DESCRIÇÃO DAS AMOSTRAS Figura 01. barranco da estrada Figura 02. Trecho da estrada Figura03. Escavação 7 Figuras 04, 05, 06 e 07. Coleta das amostras dos horizontes Figura 08. Confecção da maquete do perfil do solo e m andamento. Figura09. Maquetepronta 8 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalho não foi apontar a potencialidade, nem delimitar áreas alvos para mineralizações, e sim de ratificar a importância de conhecer e considerar o solo como matriz amostral, considerando suas peculiaridades. Dessa maneira, a realização da análise do perfil do solo em questão ajudou a fixar e reforçar o que vem muitas vezes como teoria. Durante a descrição do solo foram retratadas as etapas do processo, como a verificação inicial das medidas do solo, corte e raspagem da parte a ser descrita, separação e identificação dos horizontes. Assim, foi possível classificar o solo analisado como nitossolo/argissolo. Na análise de solo é fundamental a descrição do perfil para aplicação do manejo de solo correto para fins desejáveis. 9 10 11 12 REFERÊNCIAS EMBRAPA, Os solos do Brasil, disponível em https://www.embrapa.br/tema-solos-brasileiros/solos-do-brasil > acesso em 29/01/2021 FONSECA, M., (2019) O que é um perfil de solo?, Rev. Ciência Elem., V7(2):021 SANTOS, Caroline Couto, MOBILIDADE DE ELEMENTOS QUÍMICOS NO PERFIL DE SOLO E SEU CONTROLE NA PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA: APLICAÇÃO NA REGIÃO DE SANTA MARIA DA VITÓRIA, BA, Universidade de Brasília, 2014, disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/17758 > acesso em 29/01/2021 FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Geografia do Brasil. Região Nordeste. Rio d e Janei ro: SERGRAF, 1977. Disponível em 1 CD. perfil do sol o in Infop édia [em linha]. Po rto: P orto Editora, 2 003-2020. [ consult. 2020-11-14 01:28:00]. Disponível em: https://www.infopedia.pt/$perfil-do-solo > acesso em 25/01/2021 SANTOS, R. D. dos; LEMOS, R. C. de; SANT OS, H. G. do s; KER, J. C.; ANJOS, L . H. C. dos. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 5. ed. Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2005 BRASIL. Mini stério das Minas e Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL: Folha SC. 1 9. Rio Branco, 1976. 464 p. (Levantamento de Recur sos Naturais, v. 12). https://www.embrapa.br/tema-solos-brasileiros/solos-do-brasil https://repositorio.unb.br/handle/10482/17758 https://www.infopedia.pt/$perfil-do-solo
Compartilhar