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Seminário II Controle Processual da Incidência: Declaração de Inconstitucionalidade Nome: Juliany Fraga Turma: T3 Questões: 1. Quais as espécies de controle de constitucionalidade existentes no ordenamento jurídico brasileiro? Explicar as diferentes técnicas de interpretação adotadas pelo STF no controle de constitucionalidade (parcial com redução de texto, sem redução de texto, interpretação conforme à Constituição). Explicar a modulação de efeitos prescrita no art. 27 da Lei nº 9868/99. Quais os impactos da atribuição de efeitos erga omnes ao recurso extraordinário repetitivos nos termos do CPC/2015 sobre o controle de constitucionalidade? O controle de constitucionalidade tem como objetivo a verificação das lei e atos normativos, a fim de apurar se são compatíveis com a Constituição Federal, visto que é esta que rege todas as outras espécies normativas. Para a realização do controle, existem algumas divisões: Pode ser um controle de constitucionalidade preventivo, quando é analisado um projeto de lei em que este é enquadrado como inconstitucional, evitando, dessa forma, que nasça uma lei incompatível com a CF; e pode ser repressivo também, que é quando a lei analisada já está em vigor. O controle repressivo se divide em difuso e concentrado. O controle difuso é exercido por qualquer Juiz ou Tribunal em um determinado caso concreto, a fim de verificar a compatibilidade da lei com a CF, sem que – declarar a inconstitucionalidade da lei - seja o objeto principal da ação. Já no concentrado se busca a verificação da inconstitucionalidade independente de um caso concreto, pois o objeto principal da ação é a invalidade da lei. A referida inconstitucionalidade é analisada pelo STF, através de ações judiciais específicas para tal fim. A declaração parcial da inconstitucionalidade sem redução do texto é para os casos em que a norma se torna inconstitucional quando aplicada em determinadas situações. Entretanto, quando há redução do texto, a parte ilegal será retirada do ordenamento jurídico pelo seu caráter inconstitucional. O art. 27 da Lei nº 9868/99 disciplina a modulação dos efeitos da inconstitucionalidade em consonância com a segurança jurídica e interesse social, permitindo que a eficácia da decisão seja postergada para o momento que vier a ser fixado pela corte julgadora. No que se refere aos recursos extraordinários repetitivos julgados pelo STF, estes servem de base para os demais recursos de situações semelhantes, devendo os mesmos serem julgados nos mesmos parâmetros já decididos pelo Tribunal nos recursos repetitivos. 2. Os conceitos de controle concreto e abstrato de constitucionalidade podem ser equiparados aos conceitos de controle difuso e concentrado, respectivamente? Que espécie de controle de constitucionalidade o STF exerce ao analisar pretensão deduzida em reclamação (art. 102, incisco I, alínea l, da CF)? Concreto ou abstrato, difuso ou concentrado? Não há equiparação nos referidos controles de constitucionalidade visto que as modalidades se diferenciam quanto aos aspectos. O controle difuso e o concentrado referem-se a legitimidade julgadora e o direito subjetivo, se aquela norma será suprimida do ordenamento jurídico ou se apenas deixará de ser aplicada em determinados casos concretos. Já o controle concreto e abstrato estão relacionados ao aspecto formal ou ao pedido. Ao analisar a ação ADIN ou ADI o STF está exercendo um controle de constitucionalidade concreto e concentrado. 3. Que significa afirmar que as sentenças produzidas em ADI e ADC possuem efeito “dúplice”? As decisões proferidas em ADI e ADC sempre vinculam os demais orgãos do Poder Executivo e Judiciário? E os orgãos do Poder Legislativo? O efeito vinculante da Súmula referida no art. 103- A da CF, introduzido pela EC nº 45/04, é o mesmo da ADIN? Justifique sua resposta. As ações ADI e ADC têm, em sua decisão, o efeito dúplice, visto que, se declarada a constitucionalidade de uma norma, eventual ADI proposta referente ao mesmo texto legal será desconstituída. O mesmo vale para uma ação que julga a inconstitucionalidade, a ADC restará prejudicada. Os efeitos das decisões proferidas em ADI e a ADC vinculam o Poder Executivo e o Poder Judiciário de forma vinculante, conforme art. 102, parágrafo 2º da CF. O referido dispositivo não menciona o Poder Legislativo, o que dá margem, segundo doutrinadores, a possibilidade do legislativo aprovar uma lei com entendimento oposto do STF, em nome da separação dos poderes, visto que não se poderia cercear o poder de legislar. Até porque, nada impede que uma lei já apreciada pelo STF tenha seu entendimento modificado, em razão das mudanças sociais. Atinente ao efeito vinculante da súmula referida no art. 103-A da CF, entendo ser o mesmo entendimento que o de uma ADIN. A referida súmula produz efeitos nos âmbitos executivo e judiciário, sendo que esta também, porventura, poderá ser modificada ou alterada, nos mesmos parâmetros de uma decisão de ADIN. 4. O STF tem a prerrogativa de rever seus posicionamentos ou também está inexoravelmente vinculado às decisões por ele produzidas em controle abstrato de constitucionalidade? Se determinada lei tributária num dado momento histórico declarada constitucional em ADC poderá futuramente, após mudança substancial dos membros desse tribunal ser declarada inconstitucional em ADI? É cabível a modulação de efeitos neste caso? Analisar a questão levando- se em conta os princípios da segurança jurídica, coisa julgada e as disposições do art. 927, parágrafo 3º do CPC/2015. O STF pode rever seus posicionamentos, pois o Direito é dinâmico e pode mudar a qualquer momento, como realmente acontece. Assim, o julgador interpreta a norma observando as mudanças sociais. Pode sim ser julgada inconstitucional a lei tributária, caso os ministros entendam que houve uma mutação constitucional, tornando-a incompatível com a Constituição Federal. Quanto à modulação dos efeitos, estes poderão ser aplicados pela Corte julgadora observando a segurança jurídica e o interesse social. 5. O art. 535, parágrafo 5º do CPC/2015 prevê a possibilidade de desconstituição, por meio de impugnação ao cumprimento de sentença, de título executivo fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo STF ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal em controle concentrado ou difuso. Pergunta-se: (i) É necessário que a declaração de inconstitucionalidade seja anterior à formação do título executivo? E se for posterior, poderá ser alegada? Se sim, por qual meio? Há prazo para esta alegação? A declaração de inconstitucionalidade não precisa ser proferida antes da formação do título executivo, visto que, em regra, os efeitos modulatórios são erga omnes com efeitos ex tunc. Entretanto, é sempre necessário verificar os efeitos da decisão no caso concreto. Se após proferida sentença com trânsito em julgado, à época em que o título executivo tinha caráter constitucional, vier a ser reconhecida a inconstitucionalidade do mesmo, poderá o requerente ingressar com ação rescisória, contando-se o prazo decadencial de dois anos a partir do trânsito em julgado da decisão do STF 6. Contribuinte ajuíza ação declaratória de inexistência de relação jurídico- tributária que o obrigue em relação a tributo cuja lei instituidora seria, em seu sentir, inconstitucional (porque violadora do princípio da anterioridade). Paralelamente a isso, o STF, em ADIN, declara constitucional a mesma lei, fazendo-o, contudo, em relação a argumentodiverso. Pergunta-se: a) Como deve o juiz da ação declaratória agir: examinar o mérito da ação ou extinguila, sem julgamento de mérito (sem análise do direito material) por força dos efeitos erga omnes da decisão em controle de constitucionalidade abstrato? b)Se o STF tivesse se pronunciado sobre o mesmo argumento veiculado na ação declaratória (violação do princípio da anterioridade), qual solução se colocaria adequada? c) Se a referida ação declaratória já tivesse sido definitivamente julgada, poder- se-ia falar em ação rescisória com base no julgamento do STF (art. 966 CPC/2015)? Qual o termo inicial do prazo para ajuizamento da ação rescisória? E se o prazo para propositura dessa ação (2 anos) houver exaurido? Haveria alguma outra medida a ser adotada pelo Fisco objetivando desconstituir a coisa julgada, diante desse último cenário (exaurimento do prazo de 2 anos da ação rescisória)? Vide art. 505, I do CPC/2015. a) Entendo que o Juiz deveria analisar o mérito da ação declaratória, visto que o argumento do processo é diverso daquele discutido nos autos da ADIN, razão pela qual não seria perda de objeto. b) Se o objeto da ADIN no STF fosse a discussão da violação do princípio da anterioridade, entendo que o Juiz deveria apreciar a ação declaratória, julgando o mérito nos termos decididos na ADIN. c) Entendo que caberia ação rescisória, com fulcro no inciso V do art. 966 do CPC, sendo que o termo inicial seria o trânsito em julgado da decisão proferida pelo STF. Se, passados os dois anos, a ação rescisória não tenha sido ajuizada, considerando o que disciplina o art. 505, I do CPC, entendo que poderia o Fisco, ainda assim, requerer a revisão do que já foi decidido. 7. Observados os mecanismos de controle de constitucionalidade existentes é possível admitir que atualmente consagram-se duas formas (meios) de provocação do Supremo Tribunal Federal para exercer o controle de constitucionalidade (controle e difuso), mas que a decisão proferida por esse órgão é dotada dos mesmos efeitos independentemente do meio de sua provocação (erga omnes)? A rigor, uma norma analisada constitucionalmente pelo controle difuso teria efeito inter partes. Assim, declarada a inconstitucionalidade de uma lei pelo controle difuso, esta não teria efeito vinculante e produziria efeitos apenas entre as partes e interessados do processo. Entretanto, o STF modificou a interpretação do art. 52, X da CF, disciplinando que, mesmo que seja declarada a inconstitucionalidade de forma incidental, esta deverá ter efeitos erga omnes e poder vinculante, cabendo ao STF apenas comunicar ao Senado para que a referida casa legislativa dê publicidade àquela referida decisão. Assim, concluo que atualmente, independente da forma de provocação ao STF, os efeitos da decisão de controle de constitucionalidade serão erga omnes.
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