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Módulo IV - Seminário II - Gustavo de Sousa Lopes

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SEMINÁRIO II - Controle Processual da Incidência: Declaração de Inconstitucionalidade 
 
Aluno: Gustavo de Sousa Lopes 
 
1. A respeito do controle de constitucionalidade no sistema processual brasileiro, pergunta-
se: 
a) Quais as espécies de controle de constitucionalidade existentes no ordenamento jurídico 
brasileiro? 
No ordenamento jurídico brasileiro há dois tipos de controle de constitucionalidade, 
quais sejam, controle preventivo e controle repressivo. O primeiro, antes da promulgação da norma 
jurídica, ocorre tanto no âmbito do Poder Legislativo pela Comissão de Constituição e Justiça, como no 
âmbito do Poder Executivo, através do veto. O segundo, ocorre no Judiciário, após a validade da Lei, 
tendo como resultado sua retirada por meio do controle judicial difuso e concentrado. 
O controle difuso é exercido perante um caso concreto. Qualquer juiz ou tribunal pode, 
incidentalmente, declarar a inconstitucionalidade da lei, de modo que o objeto principal da ação não é 
a declaração de inconstitucionalidade, mas sim o litígio instaurado entre autor e réu, em virtude do 
cumprimento da norma eivada daquele vício. Nessa hipótese, o indivíduo pode apenas alegar a incons-
titucionalidade se estiver diretamente afetado por ela. O reconhecimento da inconstitucionalidade no 
controle difuso fica restrito às partes que integram a relação jurídica processual com efeitos ex-tunc. 
Por sua vez, no controle concentrado, não há o objetivo de tutelar direitos subjetivos, 
mas sim a própria ordem constitucional, pois é objeto de ação própria (ADIN, por exemplo), motivo pelo 
qual o efeito produzido é erga omnes. Nesse tipo de controle judicial, apesar da regra geral ser que as 
decisões proferidas retroajam à data em que ingressou no mundo jurídico a norma declarada inconsti-
tucional (ex-tunc), é estendida ao órgão julgador a possibilidade de modulação dos efeitos para não 
retroagir. 
b) Explique as diferentes técnicas de interpretação adotadas pelo STF no controle de cons-
titucionalidade (parcial com redução de texto, sem redução de texto, interpretação con-
forme à Constituição). 
A desconformidade com a Constituição do ato normativo analisado deflagra decisões 
que podem tanto retirar integralmente o ato do mundo jurídico como moldar seu alcance semântico, 
por meio das técnicas de interpretação. 
A declaração de inconstitucionalidade com redução de texto ocorre a mera redução 
sintática do espectro normativo do enunciado analisado, e não sua expulsão do sistema. 
Enquanto a redução de texto exclui toda e qualquer interpretação do enunciado que 
está sendo retirado por inconstitucionalidade, a declaração de inconstitucionalidade sem redução de 
texto acaba por declarar determinados significados como inconstitucionais, afastando sua aplicação, 
mas abrindo espaço para outras interpretações não referidas na declaração. 
A terceira técnica, interpretação conforme a Constituição, embora atue no mesmo 
plano significativo de declaração de inconstitucionalidade, dela se diferencia por não afastar significa-
 
dos, mas compelir a aplicação de uma interpretação específica, que torna o dispositivo analisado com-
patível com a Constituição. Assim, não se declara a inconstitucionalidade, sequer necessitando a cláu-
sula de reserva de plenário. 
2. A respeito da modulação de efeitos prescrita no (i) art. 27 da Lei n. 9.868/99 e no (ii) § 3º 
do art. 927 do CPC/15, responda: 
 
a) Explique há distinção entre a espécie de controle de constitucionalidade em que a modu-
lação dos efeitos pode ser consagrada, considerando o teor de cada um dos dispositivos em 
análise? 
Como visto acima, a regra geral em controle de Constitucionalidade concentrado é que 
os efeitos da decisão são erga omnes e ex tunc. Com o advento da Lei n. 9.868/99, a vigente regra de 
que é nula a lei declarada inconstitucional em controle de constitucionalidade (teoria da nulidade) e, 
consequentemente retroagir desde quando fora criada, encontra-se atualmente com a ressalva legal 
estabelecida pelo art. 27 para que os efeitos da decisão seja ex nunc ou outro momento, por razões de 
segurança jurídica ou de excepcional interesse nacional, desde que seja julgada por maioria qualificada 
de dois terços dos membros do STF. 
A análise da constitucionalidade de uma norma tributária pelo STF através de recurso 
extraordinário se dá pela via difusa. Em que pese seja efeitos inter-partes e ex-tunc, por meio de reso-
lução (art. 52, X, CF), pode o Senado ampliar o resultado judicial da decisão dotada com esse efeito a 
todos que se encontram na mesma situação, todavia, com efeitos ex-nunc. No exercício de sua função 
de controle de constitucionalidade pela via difusa, pode o STF, editar súmula vinculante com efeitos 
erga omnes, nos termos do procedimento regulamentado pela Lei 11.417/16. 
Esses casos de decisões em recurso extraordinário com efeito vinculante consolida a 
jurisprudência e segurança jurídica, vincula toda administração pública, devendo ser observado pelos 
juízes e tribunais, nos termos do art. 927, III do CPC. 
b) há identidade entre os fundamentos apontados em cada um dos dispositivos para que 
seja convocada a modulação dos efeitos da decisão proferida em controle de constituciona-
lidade? Identifique-os. 
Enquanto no art. 927, §3.º do CPC exige-se uma alteração da jurisprudência dominante 
dos tribunais superiores e do Supremo Tribunal Federal, o art. 27, da Lei 9.868/99 identifica como fun-
damento para modulação dos efeitos de uma decisão de inconstitucionalidade a mera presença de “ra-
zões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social”. Portanto, não há identidade entre os 
fundamentos. 
3. Os conceitos de controle concreto e abstrato de constitucionalidade podem ser equipa-
rados aos conceitos de controle difuso e concentrado, respectivamente? Que espécie de 
controle de constitucionalidade o STF exerce ao analisar pretensão deduzida em reclamação 
(art. 102, I, “l”, da CF)? Concreto ou abstrato, difuso ou concentrado? Explique no que con-
siste a nominada abstratização do controle difuso? Quais os fundamentos jurídicos para a 
abstratização (anexo II)? 
 
Apesar de ter entendimento que são conceitos diversos, vejo ser possível equiparar os 
conceitos de controle concreto e abstrato aos de controle difuso e concentrado. Acredito estar direta-
mente relacionado o critério formal da classificação de controle em concreto ou abstrato ao critério 
subjetivo da classificação de controle em concentrado e difuso. 
Assim, o critério formal do controle concreto (pedido principal não é a inconstituciona-
lidade da norma) está relacionado com o critério subjetivo do controle difuso (pode ser julgado por 
qualquer juiz no exercício de sua competência). 
Por sua vez, o critério formal do controle abstrato (objeto do pedido principal é o pró-
prio exame da constitucionalidade da norma) está relacionado com o critério subjetivo do controle con-
centrado (é analisado apenas pelo STF). 
Sendo assim, o STF ao analisar a pretensão deduzida em reclamação (Art. 102, I, “I”, CF) 
está exercendo o controle de constitucionalidade concentrado, vez que utiliza de procedimento espe-
cífico com objeto do pedido principal acerca do exame da constitucionalidade da norma ou do ato, 
medida a ser realizada exclusivamente perante o STF, ou seja, abstrato. 
4. Que significa afirmar que as sentenças produzidas em ADI e ADC possuem “efeito dú-
plice”? As decisões proferidas em ADI e ADC sempre vinculam os demais órgãos do Poder 
Executivo e Judiciário? E os órgãos do Poder Legislativo? O efeito vinculante da súmula re-
ferida no art. 103-A, da CF/88, introduzido pela EC n. 45/04, é o mesmo da ADI? Justifique 
sua resposta. 
Em linhas gerais, o que se objetiva na ADIN é a declaração de inconstitucionalidade da 
norma, enquanto na ADECON é a declaração de constitucionalidade da norma perante a Constituição 
Federal. Assim, afirmar que as sentençasproduzidas em ADIN e ADECON possuem efeito dúplice quer 
dizer que a procedência da ADIN equivale à improcedência da ADECON e a improcedência da ADIN 
corresponde à procedência da ADECON, nos termos do art. 24 da Lei 9.868/99. 
Nos termos do parágrafo único do art. 28 da Lei n. 9.868/99, que apenas reitera o que 
está disposto na Constituição Federal, art. 102, §2º, e na esteira da jurisprudência do STF, a decisão de 
mérito em ADIN e ADECON tem efeito vinculante, ou seja, os órgãos das outras instâncias do Poder 
Judiciário e os demais órgãos do Poder Executivo devem se portar de acordo com a decisão do STF. 
Os órgãos do Poder Legislativo, por sua vez, não estão vinculados por não haver menção 
e também em detrimento sua função primordial de legislar que poderá, inclusive, editar nova lei em 
sentido contrário, o que não quer dizer que este poder poderá legislar inconstitucionalidades, sob pena 
de sofrer controle de constitucionalidade preventivo e repressivo. 
Em que pese a súmula vinculante ter origem no controle de constitucionalidade difuso 
e a ADIN no controle concentrado, o efeito vinculante desencadeado por ambas é o mesmo, como visto 
alhures. 
5. O STF tem a prerrogativa de rever seus posicionamentos ou também está inexoravel-
mente vinculado às decisões por ele produzidas em controle abstrato de constitucionali-
dade? Se determinada lei tributária, num dado momento histórico, é declarada constituci-
onal em ADC, poderá, futuramente, após mudança substancial dos membros desse tribunal, 
 
ser declarada inconstitucional em ADI? É cabível a modulação de efeitos neste caso? Anali-
sar a questão levando-se em conta os princípios da segurança jurídica, coisa julgada e as 
disposições do art. 927, § 3o, do CPC/15. 
O STF está inexoravelmente vinculado às decisões por ele produzidas em controle abs-
trato de constitucionalidade, sob pena de pôr em cheque a segurança jurídica. De forma excepcional, 
só poderá rever seus posicionamentos nos casos de significativa mudança das circunstâncias fáticas ou 
em face de relevante alteração das concepções jurídicas dominantes. 
Deste modo, se determinada lei tributária, num dado momento histórico, é declarada 
constitucional em ADECON, a mudança substancial dos membros desse tribunal, exclusivamente, não 
tem o condão de ser declarada inconstitucional em ADIN. 
Dispõe o art. 927 §3º do CPC que na hipótese de alteração de jurisprudência dominante 
do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos 
repetitivos, poderá haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança 
jurídica. 
A modulação dos efeitos é cabível em neste caso, pois é um instrumento que impede, 
em determinados contextos, que os efeitos da ADIN ou ADECON seja prejudicial ao próprio sistema-
jurídico-constitucional. 
Em linhas gerais, a mutação desenfreada do posicionamento do STF frente a questões 
de ordem nacional, sem a observação da significativa mudança das circunstâncias fáticas ou em face de 
relevante alteração das concepções jurídicas dominantes e a necessidade ou não da modulação dos 
efeitos geraria grave ferimento a segurança jurídica do país e a coisa julgada. 
6. O art. 535, §5º, do CPC/15 prevê a possibilidade de desconstituição, por meio de impug-
nação ao cumprimento de sentença, de título executivo fundado em lei ou ato normativo 
declarados inconstitucionais pelo STF ou em aplicação ou interpretação tidas por incompa-
tíveis com a Constituição Federal em controle concentrado ou difuso. Pergunta-se: (a) É ne-
cessário que a declaração de inconstitucionalidade seja anterior à formação do título exe-
cutivo? (b) E se for posterior, poderá ser alegada? Se sim, por qual meio? Há prazo para esta 
alegação? 
O art. 535, §5º do CPC/15 prevê a possibilidade de desconstituição, por meio de impug-
nação ao cumprimento de sentença, de título executivo fundado em lei ou ato normativo declarados 
inconstitucionais pelo STF ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição 
Federal tanto por meio de controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. Logo, são decisões 
que operam efeitos ex-tunc, salvo casos de modulação dos efeitos. 
Sendo assim, não é necessário que a declaração de constitucionalidade seja anterior à 
formação do título executivo, vez que seus efeitos retroagem à data da edição da lei inconstitucional. 
Neste caso, a parte cujo título se opõe poderá objetivar sua desconstituição em detri-
mento da inconstitucionalidade por meio de ação rescisória com prazo de 02 anos a contar do trânsito 
em julgado da ADIN, em face da sentença que instituiu o título executivo, conforme art. 535 §8 do CPC. 
Após esse prazo nada poderá ser feito, por estar sob o manto da coisa julgada pós tran-
sito em julgado. 
 
7. Contribuinte ajuíza ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária que 
obrigue em relação a tributo cuja lei instituidora seria, em seu sentir, inconstitucional (por-
que violadora do princípio da anterioridade). Paralelamente a isso, o STF, em ADIN, declara 
constitucional a mesma lei, fazendo-o, contudo, em relação a argumento diverso. Pergunta-
se. 
a) Como deve o juiz da ação declaratória agir: examinar o mérito da ação ou extingui-la, sem 
julgamento de mérito (sem análise do direito material), por força dos efeitos erga omnes da 
decisão em controle de constitucionalidade abstrato? 
O reconhecimento da inconstitucionalidade em detrimento do ferimento do princípio 
da anterioridade se dará através da ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária pela 
via difusa, isto é, o pedido principal é a declaração de inexistência de relação jurídico tributária e não a 
declaração da inconstitucionalidade. 
Considerando que o STF, em ADIN (controle concentrado), declarou constitucional a 
mesma lei, fazendo-o, contudo, em relação a argumento diverso (causa de pedir diversa), vejo que o 
efeito erga omnes não opera em face à ação declaratória, motivo pelo qual o juiz não poderá extingui-
la, sem julgamento do mérito (sem análise do direito material) com base na referia decisão. 
Nesse caso, o juiz verificando a existência de norma tributária inconstitucional por vio-
lação do princípio da anterioridade, poderá reconhecer a inconstitucionalidade incidentalmente ar-
guida, para em seguida apreciar o mérito da ação, julgando-a improcedente ou não. 
b) Se o STF tivesse se pronunciado sobre o mesmo argumento veiculado na ação declaratória 
(violação do princípio da anterioridade), qual solução se colocaria adequada? 
Se o STF tivesse se pronunciado sobre o mesmo argumento veiculado na ação declara-
tória estaria o juiz sob efeito vinculante e erga omnes da matéria já tratada, devendo extinguir a ação 
com resolução do mérito. 
c) Se na referida ação declaratória já tivesse ocorrido o trânsito em julgado de decisão de 
procedência (acolhendo o pedido do contribuinte), qual o comportamento deverá adotar a 
Advocacia Pública a luz do entendimento consagrado no RE 955227 (Tema 885) e RE 949297 
(Tema 881)? 
No caso de controle difuso asseverando a inconstitucionalidade da norma por feri-
mento ao princípio da anterioridade, conflitando posteriormente com o reconhecimento da constituci-
onalidade em controle concentrado, haveria sim possibilidades de ação rescisória com base no julga-
mento do STF, no prazo de 2 anos, a contar do trânsito em julgado da sentença, requerendo nova norma 
individual e concreta com efeito revogatório para desconstituir a decisão anteriormente proferida. 
Exaurido o prazo de 2 anos nada poderá ser feito pelo Fisco, todavia, ainda poderá, 
posteriormente, obstar, para o futuro, os efeitos da citada decisão, com base no reconhecimento da 
constitucionalidade da lei, por ser relação de trato sucessivo, nos termos do art. 505, I, do CPC.

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