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Regulação da Temperatura Corporal, Febre e Hipertermia

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Fisiologia 
Regulação da temperatura 
corporal, febre e hipertermia 
• Temperatura corporal: 
Enquanto que a temperatura central (mais interna) do 
organismo tende a permanecer constante apesar das 
condições externas, a temperatura da pele é mais 
variável, sofrendo interferência da temperatura 
externa, além de ser importante para indicar a 
capacidade do indivíduo de perder calor para o 
ambiente. 
A temperatura central varia de acordo com cada 
pessoa, mas estima-se que a temperatura central 
média oral esteja entre 36,5°C e 37°C e a retal, cerca 
de 0,6°C mais alta. Apesar desses valores, a 
temperatura do corpo varia também por causa de 
atividades físicas, de fatores ambientais e até mesmo 
ao longo do dia – em um exercício, a temperatura 
pode, temporariamente, chegar até 40°C e em 
ambientes muito frios, a temperatura pode ser menor 
que 36, 6°C. 
→ Controle da temperatura: 
a) Perda/produção de calor: a temperatura do corpo é 
mantida a partir do equilíbrio entre perda e produção 
de calor. Quando a produção supera a perda, a 
temperatura corporal aumenta e quando a perda é 
maior que a produção, a temperatura diminui. A 
regulação da temperatura, então, é resultado da 
termogênese (produção metabólica de calor). 
A produção de calor é, especialmente, resultado do 
metabolismo, sendo influenciado por: atividades 
físicas, efeitos termogênicos dos alimentos, 
intensidade do metabolismo basal, liberação de calor 
durante a contração muscular, efeito de hormônios 
sobre a célula (principalmente, a tiroxina), efeito da 
adrenalina, noradrenalina e estímulos simpáticos 
sobre a célula. Além da produção interna de calor, o 
organismo também está exposto à entrada de calor 
através da radiação e da condução. A radiação ocorre 
através da absorção da energia emitida em 
comprimentos de onda da luz visível ou 
infravermelha. Já a condução de calor acontece pela 
transferência de calor através do contato. 
A perda de calor ocorre através de 4 mecanismos, 
sendo eles: condução, radiação, convecção e 
evaporação. Na condução, a temperatura é reduzida 
a partir do contato de um objeto mais frio com um 
mais quente, fazendo com que o corpo/objeto mais 
quente perca calor. A perda de calor por radiação 
acontece porque qualquer corpo com temperatura 
acima de zero absoluto é capaz de emitir radiação. 
No caso da convecção, o calor é perdido pela 
movimentação do ar aquecido (correntes de ar), que 
sobe e resfria a pele (as roupas de frio evitam a ação 
das correntes de ar convectivas e impedem a perda 
de calor). A evaporação retira o calor do corpo, pois 
é um processo endotérmico e requer energia, obtida 
do organismo. 
* Quando as temperaturas do ambiente são maiores 
que a temperatura corporal, o corpo passa a receber 
calor e, para regular isso, ocorre a perda de calor por 
meio de evaporação. 
Grande parte do calor produzido pelo organismo é 
proveniente de órgãos profundos, como cérebro, 
músculos, fígado e coração. O calor passa dessas 
regiões profundas do corpo para a pele e da pele, 
passa para o meio externo. A perda de calor, diante 
disso, depende tanto da velocidade de condução de 
calor do tecido profundo à pele e da velocidade de 
transferência de calor da pele para o ambiente. 
Além desses 4 mecanismos, a sudorese também 
auxilia no processo de perda de calor, a partir da 
estimulação da área pré-óptica-hipotalâmica anterior 
do cérebro. Em sua regulação pelo sistema nervoso 
autônomo, a sudorese pode ocorrer tanto por via de 
sinais elétricos, como pelo excesso de calor.. As 
glândulas sudoríparas são inervadas por fibras 
nervosas colinérgicas (secretam acetilcolina, 
passando pela inervação simpática junto com fibras 
adrenérgicas) e podem ser estimuladas, de um certo 
modo, pela adrenalina e pela noradrenalina.. 
Fisiologia 
* Secreção de suor: a glândula sudorípara é 
composta por uma porção enovelada secretora e por 
um ducto que passa pela derme e pela epiderme. As 
células do epitélio da parte secretora liberam a 
secreção primária, a qual passa por alterações 
enquanto percorre o ducto glandular. Essa secreção 
precursora/primária é secretada a partir de um 
estímulo de fibras nervosas simpáticas colinérgicas. 
Inicialmente, a composição do suor é semelhante ao 
plasma (exceto pela ausência de proteínas 
plasmáticas) e, ao longo do ducto, essa secreção é 
modificada, especialmente, por causa da reabsorção 
de íons sódio e de íons cloreto – dependendo da 
intensidade da sudorese. Caso uma pessoa não esteja 
aclimatada a ambientes mais quentes, ocorre uma 
maior perda de cloreto de sódio e de água.. 
* Aclimatação ao calor: até que uma pessoa se 
adapte a regiões mais quentes, ela começa a 
aumentar a produção de suor para perder calor de 
forma mais rápida. Isso ocorre por causa de 
mudanças nas glândulas sudoríparas, para que elas 
possam ter sua capacidade de produção aumentada. 
Outro fator que influencia a aclimatação é a “maior 
redução” da concentração de cloreto de sódio no 
suor, isso para que o sal seja mantido no organismo. 
Esse processo é desencadeado, principalmente, por 
uma maior secreção de aldosterona nas glândulas 
adrenocorticais. Esse hormônio reduz a concentração 
de cloreto de sódio tanto no líquido extracelular, 
como no plasma. 
A região central do organismo possui um sistema de 
isolamento, o que permite a manutenção da 
temperatura interna central mesmo com algumas 
variações do meio externo. Dentre os componentes 
desse sistema, estão a pele, o tecido subcutâneo e o 
tecido adiposo. Apesar desse isolamento, os vasos 
sanguíneos que permeiam o organismo permitem a 
transferência de calor. O fluxo sanguíneo nesses 
vasos conduz o calor do centro do corpo para as 
regiões periféricas até chegar na pele. A velocidade 
desse fluxo pode ser alterada, como em situações de 
variações da temperatura ambiente, sendo que, 
quanto mais frio estiver, menor será a condutância de 
calor e, quanto mais quente o ambiente for, maior a 
velocidade do fluxo sanguíneo. 
A velocidade do fluxo sanguíneo dos órgãos/tecidos 
mais profundos para a pele depende da 
vasoconstrição de arteríolas e de anastomoses 
arteriovenosas (suprem plexos venosos). A 
constrição vascular é dependente, principalmente, do 
sistema nervoso simpático, como resposta à variação 
da temperatura corporal e da temperatura do 
ambiente. 
b) Hipotálamo: normalmente, o controle autonômico 
da termorregulação central corporal é entendido 
como uma das funções do hipotálamo. Essa 
regulação ocorre, em grande parte, por meio de 
feedbacks neurais, em centros regulatórios de 
temperatura no hipotálamo. Para que haja a 
manutenção da temperatura, existem neurônios 
sensoriais tanto em regiões periféricas, como em 
regiões centrais. Os termorreceptores detectam as 
possíveis variações na temperatura e enviam essas 
informações ao centro termorregulador 
hipotalâmico. 
Na região pré-óptica hipotalâmica anterior (centro da 
perda de calor), existe uma grande quantidade de 
neurônios sensíveis a variações de temperatura, tanto 
ao calor, como ao frio. Quando essa região passa por 
aquecimento, toda a pele começa a produzir suor e 
os vasos sanguíneos se dilatam (para que a área de 
contato para condução de calor fique mais perto da 
epiderme e seja liberado mais rapidamente). Sendo 
assim, a temperatura corporal é, em grande parte, 
controlada por sinais transmitidos pelos 
termorreceptores do hipotálamo. 
Os termorreceptores periféricos estão mais 
associados a detecção de temperaturas mais baixas, 
sinalizando o frio, pois existem mais “sensores” para 
frio que para calor. Alguns estudos indicam que um 
Fisiologia 
grupo de receptores de potencial transitório de 
canais catiônicos de neurônios somatossensoriais e 
de células epidérmicas está associado à sensação 
térmica e à detecção de variação da temperatura. 
No frio, o organismoemite reflexos para evitar a 
perda de calor e para produzir calor.. Esses 
mecanismos podem ser: calafrios, inibição da 
sudorese e vasoconstrição periférica. Alguns 
receptores são localizados mais internamente e 
percebem alterações na temperatura central, sendo 
encontrados na medula espinal, nas vísceras e 
próximos a grandes veias no abdome e no tórax. 
A parte hipotalâmica posterior (centro da 
conservação do calor) é estimulada por sinais 
provenientes de receptores periféricos e também 
pelos sinais da porção pré-óptica anterior do 
hipotálamo. Na porção posterior, esses sinais são 
integrados e permitem o controle e a manutenção da 
temperatura corpórea. 
→ Mecanismos de termorregulação: 
a) Alterações no sistema circulatório: o fluxo 
sanguíneo da pele regula a perda/produção de calor. 
Os vasos superficiais captam o calor do ambiente por 
meio da convecção e o levam ao centro do corpo e 
também podem perder o calor para o ambiente. 
Quando o calor deve ser mantido no organismo, o 
fluxo sanguíneo é de zero ou bem próximo disso. Já 
quando a temperatura corporal está muito alta, os 
vasos sanguíneos cutâneos podem ter seu fluxo em 
cerca de 1/3 do débito cardíaco. A regulação desse 
fluxo pode até ocorrer de forma local (por 
vasodilatadores endoteliais – óxido nítrico, por 
exemplo), mas é predominantemente por meio do 
controle neural. 
* Quando a temperatura reduz, o hipotálamo ativa 
neurônios simpáticos presentes nas arteríolas da 
pele, as quais se contraem, aumentam sua resistência 
ao fluxo de sangue e desviam esse fluxo para vasos 
de menor resistência – os centros simpáticos do 
hipotálamo posterior são estimulados. Dessa forma, 
o sangue nas regiões centrais não entram em contato 
com as superfícies mais frias e isso evita a perda de 
calor. 
Quando a temperatura está elevada, as arteríolas 
cutâneas se dilatam, para aumentar o fluxo sanguíneo 
e para se aproximar da superfície da pele, 
desencadeando a perda de calor. Grande parte dessa 
vasodilatação ocorre por ação de neurônios 
colinérgicos simpáticos – que secretam acetilcolina e 
outras moléculas com ação vasodilatadora. 
Substâncias como o óxido nítrico, a histamina e as 
prostaglandinas também participam no processo de 
vasodilatação para perda de calor. Em temperaturas 
mais altas, os centros simpáticos no hipotálamo 
posterior (levam à vasoconstrição) são inibidos. 
b) Sudorese: quando o suor evapora, há aumenta da 
perda de calor pela superfície do corpo. Nosso 
organismo possui ceca de 2-3 milhões de glândulas 
sudoríparas, mais concentradas na testa, no couro 
cabeludo, nas axilas, nas palmas das mãos e nas solas 
dos pés. A produção do suor é regulada, 
especialmente, pelos neurônios simpáticos 
colinérgicos. O resfriamento do corpo ocorre pela 
evaporação da água do suor, sendo que, em 
ambientes mais secos, o suor evapora mais 
eficientemente. 
c) Produção de calor regulada: é responsável por 
manter a homeostasia da temperatura corporal em 
ambientes mais frios. Essa produção pode ser 
classificada em termogênese com tremor e 
termogênese química. Na condição de termogênese 
com tremor, o músculo estriado esquelético se 
contrai e produz tremores rítmicos conhecidos como 
calafrios. Essa contração se inicia a partir de sinais 
do centro termorregulador do hipotálamo. 
Fisiologia 
Na região hipotalâmica posterior, existe o centro 
motor primário para os calafrios, estimulado pelos 
sinais de frio provenientes da pele e da medula 
espinal e inibido pelos sinais de calor advindos da 
região hipotalâmica pré-óptica anterior. Os sinais 
para calafrio são encaminhados pelo tronco 
encefálico e pela medula, até chegar aos neurônios 
motores. 
Na termogênese química, a produção de calor pode 
ocorrer por meio do tecido adiposo marrom, a partir 
do desacoplamento mitocondrial, em que a energia 
passa pelo transporte de elétrons, em vez de produzir 
ATP. Esse mecanismo ocorre sob influência dos 
hormônios tireoidianos e da resposta simpática sobre 
o tecido marrom. Outro modo pelo qual a 
termogênese química acontece é por um aumento do 
estímulo simpático e/ou da circulação de adrenalina 
e de noradrenalina – levando ao aumento da 
atividade metabólica. 
Quando a área hipotalâmica anterior pré-óptica 
esfria, o hipotálamo aumenta a produção e secreção 
do hormônio liberador de tireotropina, que é 
encaminhado para a hipófise anterior, levando à 
liberação do hormônio estimulador da tireoide. Esse 
processo afeta a secreção de tiroxina pela tireoide, 
que causa o aumento do metabolismo celular. 
d) Piloereção: a resposta simpática contrai os pelos 
dos folículos pilosos e os deixam eretos. Espécies 
com grande quantidade de pelos são beneficiados por 
esse processo, pois eles conseguem reter uma 
camada isolante de ar, reduzindo a perda de calor. 
→ Pontos de ajuste na termorregulação: permitem a 
manutenção da temperatura corporal no nível crítico 
estipulado nesse ponto. É importante que a 
temperatura central não sofra variações drásticas, 
apesar das constantes variações de temperatura no 
ambiente. 
Esse ponto de ajuste se determina pela transmissão 
de sinais dos receptores de calor da área hipotalâmica 
pré-óptica anterior. Apesar disso, as informações 
provenientes de regiões periféricas também 
influenciam e alteram o ponto de ajuste de 
temperatura central. Quando a temperatura periférica 
está menor, o ponto de ajuste da temperatura central 
aumenta, para evitar que haja mecanismos de perda 
de calor como a sudorese. Isso auxilia no controle da 
temperatura ideal para determinada situação, seja em 
frio ou em calor. As possíveis variações são 
“observadas” pelo hipotálamo e ele evita as 
mudanças abrutas na temperatura central – o 
organismo “prevê” algumas mudanças que podem 
ocorrer e, a partir disso, ele se ajusta para manter a 
temperatura estável. 
→ Controle comportamental da temperatura: a 
sensação térmica influencia na ação do organismo 
em relação a isso. Em temperaturas mais elevadas, 
tendemos a sair de ambientes quentes. Já no frio, 
podemos reagir de forma a usarmos roupas mais 
quentes e nos encolhermos para reduzir a área de 
contato com temperaturas frias. Acredita-se que o 
hipotálamo atue em regiões corticais para que esses 
comportamentos motivacionais ocorram. 
• Febre: 
→ Fisiologia: a febre é caracterizada por um 
aumento da temperatura do corpo, que se torna maior 
que a variação normal do organismo. Ela acontece 
associada a uma mudança no ponto de ajuste do 
centro termorregulador no hipotálamo. Quando o 
ponto de ajuste aumenta, os neurônios do centro 
vasomotor são estimulados e levam à 
vasoconstrição. A constrição dos vasos ocorre, 
inicialmente, nas regiões periféricas (mãos e pés), 
pois o sangue é redirecionado a órgãos centrais. Isso 
reduz a perda de calor e causa a sensação de frio. A 
vasoconstrição e a produção de calor por meio da 
termogênese auxiliam a alcançar a temperatura 
crítica do novo ponto de ajuste. Quando a 
temperatura é alcançada, o hipotálamo a mantém no 
nível febril. A febre pode ocorrer por alterações no 
cérebro ou por substâncias tóxicas que mudam o 
centro termorregulador no hipotálamo. 
Substâncias pirogênicas, como metabólitos proteicos 
e toxinas de lipossacarídeos das membranas 
celulares de bactérias são capazes de causar febre nas 
patologias. Isso causa o aumento do ponto de ajuste 
do centro de regulação. As substâncias pirogênicas 
podem ser tanto exógenas (produtos de MO, toxinas 
e MO), como endógenas (IL-1, IL-6, TNF, IFN). 
Fisiologia 
A febre não é parte apenas da resposta a uma 
infecção, mas é parte da resposta imune normal do 
organismo, presente em processos inflamatórios, 
traumatismo, necrose tecidual, presença de 
imunocomplexos. 
Existem substâncias pirogênicas que podem tanto 
atuar de forma direta e imediata no hipotálamo, como 
também de formaindireta.. Durante a resposta 
imune, células fagocitárias digerem os 
patógenos/metabólitos celulares e passam a secretar 
citocinas, que podem ser pirogênicas, como a IL-1, 
IL-6, IFN e TNF. Essas citocinas entram na corrente 
sanguínea, chegam ao cérebro e induzem a síntese de 
prostaglandinas (PGE2) tanto no cérebro como em 
tecidos periféricos (na periferia, as prostaglandinas 
podem causar mialgias e artralgias). O aumento da 
concentração de PGE2 no cérebro atua nos 
receptores presentes (principalmente o EP-3) no 
hipotálamo e muda o ponto de ajuste da temperatura 
central. A PGE2 estimula receptores nas células da 
glia, levando ao aumento de AMPc., que interfere no 
set point térmico. 
Além de citocinas que percorrem a circulação 
sistêmica até o SNC, a micróglia e, possivelmente, 
os neurônios também começam a produzi-las, tendo 
um papel principal na elevação do ponto de ajuste. 
As citocinas secretadas pelo SNC são, normalmente, 
resultado de hiperpirexias relacionadas a 
traumatismos, hemorragia ou infecção direta ao 
SNC. 
→ Conduta: grande parte dos casos de febre ocorrem 
por causa de infecções e a forma de tratamento mais 
comum é pelo uso de antipiréticos. Em infecções 
bacterianas, o uso de antipiréticos pode dificultar o 
diagnóstico e o tratamento dessas patologias. 
* É importante lembrar que não se sabe ao certo o 
papel da febre, mas é possível que ela aumente a 
atividade de leucócitos e impeça a multiplicação de 
alguns patógenos, como o Streptococcus 
pneumoniae e o Treponema pallidum. 
→ Características: 
a) Início: pode ocorrer de forma súbita ou gradual. 
Quando é súbita, a febre é acompanhada pelos sinais 
e sintomas de síndrome febril (astenia, inapetência, 
cefaleia, taquicardia, taquipneia, dor no corpo, 
oligúria, calafrio, sudorese, náuseas, convulsões). 
b) Intensidade: são medidos os valores, tomando por 
referência a aferição axilar – febre leve/febrícula (até 
37,5°C), febre moderada (37,6°C – 38,5°C) e febre 
alta/elevada (acima de 38,6°C). 
c) Duração: a febre pode ter sido instalada há pouco 
tempo ou há mais de uma semana, considerada como 
febre prolongada. 
d) Modo de evolução: pode ser febre contínua 
(permanece acima do normal, sem grandes 
oscilações – febre tifoide, pneumonia), febre 
irregular/séptica (picos altos e temperaturas baixas 
ou apirexia – septicemia), febre remitente (altas 
temperaturas ao longo do dia, com variações de mais 
de 1°C – pneumonia, tuberculose), febre intermitente 
(febre interrompida por períodos de temperatura 
normal – pode ser cotidiana, terçã, quartã – malária, 
linfomas) e febre recorrente/ondulante (período de 
temperatura normal interrompido por fases de 
temperaturas elevadas). 
e) Término: pode ocorrer com uma crise 
(desaparecimento súbito – com sudorese profusa e 
Fisiologia 
prostração) ou com uma lise (desaparecimento 
gradual). 
→ Consequências: a febre pode levar a situações 
como calafrios, crise/rubor e choque térmico. 
a) Calafrios: durante a febre, o ponto de ajuste 
térmico aumenta rapidamente e, por isso, o sangue 
passa a ficar numa temperatura menor que a esperada 
no hipotálamo. Sendo assim, o organismo responde 
como se estivesse com frio, causando calafrios e 
sensação de frio, por causa da vasoconstrição e das 
contrações musculares, até que se atinja a nova 
temperatura crítica. 
b) Crise/rubor: ocorre quando o fator pirogênico é 
eliminado e o ponto de ajuste térmico volta ao 
normal. Com isso, o sangue que estava mais 
aquecido desencadeia um processo de sudorese e 
vasodilatação. 
c) Choque térmico: caracterizado por choque 
circulatório e/ou pela perda de líquidos e eletrólitos 
através da sudorese. Possui sintomas como 
desorientação, vômitos, delírios, perda de 
consciência. 
→ Locais de aferição: oral, retal, timpânico, axilar, 
arterial pulmonar, esofágico, nasofaringiano e 
vesical. No Brasil, é comum aferir a temperatura 
axilar. A membrana timpânica é o local utilizado e 
indicado para medir a temperatura central. Cada 
local de aferição pode apresentar pequenas variações 
nos valores, sendo que a temperatura normal axilar é 
35,5°-37°C, a bucal 36°C-37,4°C e a retal 36°C-
37,5°C. 
• Hipertermia: 
É caracterizada por um aumento da temperatura, em 
que o organismo possui maior capacidade de 
produzir calor do que de perdê-lo, sem que haja 
alteração no centro termorregulador hipotalâmico. 
No caso da hipertermia, não há ação de moléculas e 
compostos pirogênicos. A exposição ao calor do 
ambiente e a produção interna de calor excessivo são 
fatores que desencadeiam o aumento da temperatura 
interna corporal. 
A hipertermia pode acontecer de várias formas, 
como: exaustão por calor (temperatura central 
elevada, com depleção de água e de sódio – ocorre 
quando há ingestão inadequada de líquido), choque 
por calor, insolação (pode ocorrer pela temperatura e 
umidade elevadas ou por esforço). Outras formas de 
hipertermia são a intermação (aumento da 
temperatura central, com pele seca e ruborizada, 
podendo causar desnaturação de proteínas, enzimas 
e risco de choque térmico) e a hipertermia maligna 
(condição geneticamente determinada, por um 
defeito nos canais de cálcio, com alta liberação desse 
íon no citoplasma. Com isso, transportadores 
celulares tentam levar o cálcio de volta para as 
mitocôndrias e para o retículo sarcoplasmático e esse 
processo libera calor, aumentando a temperatura 
corporal). 
Nos casos de hipertermia, o uso de antipiréticos não 
é eficaz. Por isso, são utilizados tratamentos como 
resfriamento rápido e reposição de eletrólitos. 
• Aumento da temperatura e reações 
biológicas: 
Altas temperaturas corporais, como na febre, 
aumentam a velocidade do metabolismo, o que causa 
a elevação da perda de peso, do trabalho e da 
frequência cardíaca. Além disso, com a sudorese que 
acompanha temperaturas mais altas, pode ocorrer 
perda de líquidos e de sais. 
A hiperpirexia pode levar a hemorragias locais e à 
degeneração do parênquima de diversos tecidos, 
especialmente o cérebro, no centro termorregulador 
hipotalâmico.

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