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LUANA LINS ALVES DE SOUZA RESPONSABILIDADE SOCIAL INTERNA COMO FATOR COMPETITIVO NO GRUPO MORENA ROSA Monografia apresentada ao Centro Universitário de Maringá, como requisito parcial à obtenção do título de bacharelado em Administração. Orientador: Prof. Reginaldo Simpricio dos Santos MARINGÁ 2011 2 LUANA LINS ALVES DE SOUZA RESPONSABILIDADE SOCIAL INTERNA COMO FATOR COMPETITIVO NO GRUPO MORENA ROSA Monografia apresentada ao Centro Universitário de Maringá como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em administração, sob orientação do Prof. Reginaldo Simpricio dos Santos. BANCA EXAMINADORA Orientador: _________________________________________ _____ Prof. Reginaldo Simpricio dos Santos CESUMAR Membro: _____________________ Titulação, nome completo Instituição de origem Membro _____________________ Titulação, nome completo Instituição de origem 3 A minha avó, Aparecida Zamberlan, que sempre esteve ao meu lado. Te amo. A minha família e amigos. 4 AGRADECIMENTOS A Deus pelo ar que eu respiro, por ter me dado a graça de chegar até aqui, sempre me amando e me compreendendo, por ter me colocado em uma família que me ama e me apóia em tudo. A Deus por Ele ter me dado a oportunidade de fazer uma faculdade abençoada, onde tive aulas com mestres sábios e por conviver com colegas de turma maravilhosos que serão pessoas que estarão sempre comigo, pois levo um pouco deles em mim e, certamente, fica um pouco de mim neles. A Deus que é o único ontem, hoje e sempre. 5 “Quando você atravessar águas profundas, eu estarei ao seu lado, e você não se afogará. Quando passar pelo meio do fogo, as chamas não o queimarão. Pois eu sou o Eterno, o seu Deus, o Santo Deus de Israel, o seu Salvador.” (Bíblia Sagrada, Isaias, Cap.43: 2, 3) 6 RESUMO O objetivo do trabalho foi descrever o que é responsabilidade social e ação social, por meio de pesquisas em livros e revistas onde esse tema é discutido. Autores diferentes têm várias opiniões sobre o tema, mas conclui-se que responsabilidade social ocorre quando uma empresa, além de pagar seus impostos, quando obtém lucro, investe parte dele em projetos para proteger o meio ambiente e ajudar, de forma sustentável, os mais necessitados, como, por exemplo, na área da saúde, com auxilio médico, na educação, oferecendo cursos ou promovendo uma educação de qualidade. E ação social é algo mais passageiro, mas que também tem uma grande importância e faz parte da responsabilidade social de uma organização com atitudes como fazer doação de computadores, ou promover um dia de gincana com a comunidade local ou com os próprios funcionários. Procurou-se mostrar como uma organização do noroeste do Paraná localizada em Cianorte chamada Grupo Morena Rosa utiliza a responsabilidade social como fator competitivo e, para isso, foi realizada uma entrevista informal com a responsável pelo departamento de Recursos Humanos do Grupo, o que propiciou a obtenção de todas as informações necessárias para a realização desta pesquisa. Verificou-se que a empresa vale-se da responsabilidade social como fator competitivo, pois o público alvo tem ficado cada vez mais exigente para a compra de mercadorias e tem procurado investigar como aquele produto chega às suas mãos e esta empresa observa que a maior parte dos clientes tem uma preferência por organizações sustentáveis. Ela realiza projeto em diferentes áreas como esporte e lazer, educação, saúde, assistência social, artes, proteção ao meio ambiente e, dessa forma, consegue mais confiabilidade de seus funcionários, porque se sentem mais seguros por trabalharem em uma empresa que se preocupa com eles e também com a sociedade. Além disso, fator importante é que a empresa torna-se reconhecida no meio empresarial por ser ética e comprometida com os funcionários e com a sociedade. Palavras-chave: Responsabilidade Social. Sustentabilidade. Empresa. 7 ABSTRACT The objective was to describe what is social responsibility and social action through research in books and magazines where this topic is discussed. Different authors have different opinions on the topic, but it appears that social responsibility is when a company, and pay your taxes when you get profit of it invests in projects to protect and help the environment in a sustainable way, the most needy, for example, in health, with medical aid, education, courses offering or promoting quality education. And social action is something more passengers, but also has great significance and is part of the social responsibility of an organization with such attitudes make a donation of computers, or promote a day of contest with the local community or the employees themselves. It is shown how an organization located in northwestern Paraná Cianorte call Rosa Morena Group uses CSR as a competitive factor, and for this, we conducted an informal interview with the head of the department's Human Resources Group, which offered the obtaining all information necessary for this research. It was found that the company relies on social responsibility as a competitive factor, since the target audience has become increasingly demanding to buy goods and has sought to investigate how that product gets to your hands and the company notes that most customer has a preference for sustainable organizations. She performs in different project areas such as sport and leisure, education, health, welfare, arts, environmental protection and thus get more reliability from their staff because they feel safer because they work in a company that cares them and with society. Moreover, an important factor is that the company becomes known for being in business ethics and committed employees and society. Keywords: Social Responsibility. Sustainability. Company. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Pirâmide de Carroll.............................................................................24 Figura 2 - Três campos da responsabilidade social.............................................26 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ATI – Programa da Terceira Idade CNI – Confederação Nacional da Indústria ONGs – Organizações Não Governamental RSC – Responsabilidade Social Corporativa RSE - Responsabilidade Social Empresarial PAS – Programa de Assistência 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................. 12 1.1 PROBLEMÁTICA............................................................................. 14 1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................... 14 1.3 OBJETIVOS..................................................................................... 16 1.3.1 Objetivo Geral................................................................................ 16 1.3.2 Objetivo Específico....................................................................... 16 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO.............................................................. 17 2.1 INÍCIO DAS DISCUSSÕES SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL............................................................................................ 17 2.2 QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL E AÇÃO SOCIAL............. 19 2.2.1 Responsabilidade Social.............................................................. 19 2.2.2 Ação Social....................................................................................22 2.3 PIRÂMIDE DE CARROLL............................................................... 25 2.4. RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA....................................... 28 2.5 QUANTO AO AMBIENTE ORGANIZACIONAL............................... 32 2.5.1 Interno............................................................................................. 32 2.5.2 Externo............................................................................................ 35 2.5.3 Terceiro setor................................................................................. 37 2.6 SUSTENTABILIDADE...................................................................... 39 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................ 42 3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO...................................................... 42 3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA....................................................... 42 3.3 PLANOS DE ANALISE DOS DADOS.............................................. 43 4 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA.............................................. 44 4.1 INSTITUTO MORENA ROSA.......................................................... 45 4.2 PROJETOS DO INSTITUTO MORENA ROSA............................... 46 4.2.1 Educação........................................................................................ 46 4.2.1.1 Projeto Escola Construindo Saber............................................... 46 4.2.1.2 Treinamentos, palestras e cursos................................................ 46 4.2.2 Saúde Integral................................................................................ 47 4.2.2.1 Programa de Assistência (PAS)................................................... 47 4.2.2.2 Unidade Móvel de Atendimento.................................................... 47 4.2.2.3 Acompanhamento Nutricional...................................................... 47 4.2.2.4 Bem Estar Psicológico.................................................................. 48 4.2.2.5 Serviço Social................................................................................. 48 4.2.2.6 Academia da terceira idade (ATI)................................................. 48 4.2.2.7 Refeitório Dona Filomena.............................................................. 48 4.2.2.8 Ações e Palestras informativas.................................................... 49 4.2.3 Cultura, esporte e lazer................................................................. 49 4.2.3.1 Projeto TOCA (Toca Orquestra Criança Amiga)......................... 49 4.2.3.2 Coral Morena Rosa........................................................................ 49 4.2.3.3 Morena Rosa Musical.................................................................... 49 4.2.3.4 Show de talentos............................................................................ 50 4.2.3.5 Campeonatos e torneios............................................................... 50 11 4.2.3.6 Conservação do Patrimônio Histórico......................................... 50 4.2.3.7 Datas comemorativas.................................................................... 50 4.2.3.8 Atletas do futuro............................................................................ 51 4.2.4 Meio Ambiente................................................................................ 51 4.2.4.1 Plantando Vidas............................................................................. 51 4.2.4.2 De olho no Óleo.............................................................................. 51 5 DIAGNÓSTICO DA EMPRESA....................................................... 52 5.1 TRÊS PROJETOS DE MAIOR IMPORTÂNCIA COMPETITIVA..... 52 5.1.1 Projeto Escola Construindo.......................................................... 52 5.1.2 Programa de assistência à saúde................................................ 52 5.1.3 Treinamentos, cursos e palestras educativas............................ 53 5.2 DIFERENÇA COMPETITIVA, ANTES E DEPOIS DOS PROJETOS SEREM IMPLANTADOS............................................. 53 5.3 INFLUÊNCIAS DESSES PROJETOS DE MANEIRA COMPETITIVA................................................................................. 53 5.4 OPINIÃO DOS FUNCIONÁRIOS NA ELABORAÇÃO DE NOVOS PROJETOS...................................................................................... 54 5.5 SURGIMENTO DO IDEAL DE INVESTIMENTO EM RESPONSBILIDADE SOCIAL......................................................... 54 5.6 PESQUISAS DE MUDANÇA DE VIDA REALIZADAS EM FUNCIONÁRIOS QUE PARTICIPAM DOS PROJETOS................. 55 5.7 FORMULAÇÃO DOS PROJETOS DO GRUPO MORENA ROSA.. 55 5.8 EXISTÊNCIA DE PROJETOS A SEREM IMPLANTADOS.............. 56 5.9 APOIO AOS FUNCIONÁRIOS A CONCLUÍREM SEUS ESTUDOS........................................................................................ 56 5.10 PARCERIAS COM INSTITUIÇÕES DE ENSINO............................ 56 5.11 CLASSIFICAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS QUE REALIZARAM CURSOS, TREINAMENTOS OU SÃO APOIADOS PARA A CONCLUSÃO DOS ESTUDOS....................................................... 57 5.12 PROJETOS NÃO DISPONIBIZADOS NO SITE DA EMPRESA...... 57 5.13 ANÁLISE.......................................................................................... 57 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................. 60 6.1 CONCLUSÃO.................................................................................. 60 6.2 RECOMENDAÇÕES....................................................................... 61 6.2.1 Projeto Escola Construindo Saber 61 6.2.2 Apoio a cursos, treinamentos e conclusão dos estudos.......... 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................... 63 12 1. INTRODUÇÃO Nos dias atuais as empresas não podem mais se preocupar apenas em produzir mais pelo menor custo, produzir e entregar no menor tempo possível, produzir com qualidade, focar a satisfação do cliente, aumentar a flexibilidade da empresa, elas precisam também investigar seus processos, saber se eles não estão danificando o meio ambiente, verificar se seus funcionários estão recebendo salário justo por seu trabalho, se ela tem colaborado com a comunidade como agente de transformação e melhoria da qualidade de vida das pessoas. Para isso, nada melhor do que realizarem ações que se configurem no que hoje é chamado de Responsabilidade Social. A idéia de um mundo melhor para todas as gerações sem prejudicar o meio ambiente é um objetivo social desejado, o que faz com que ela seja popular no mundo. (BARBIERI E CAJAZEIRA, 2009, p.66). Com tantos problemas sociais, como crianças fora da escola, idosos abandonados, adolescentes sem perspectiva de futuro promissor, entre outros nada mais justo do que as empresas participarem junto ao governo e demais segmentos da sociedade buscando solucionar problemas, mesmo que pareçam muito simples. Muita coisa há para ser feita. O fato de essas questões chamarem a atenção de empresas e órgãos não- governamentais é algo muito importante, porque, de certa forma, eles estão chamando para si a responsabilidade de um envolvimento mais próximo com a sociedade, o que certamente se reverterá em importantes benefícios não só para seus colaboradores, mas para todos. As empresas privadas têm um grande peso na economia do local onde estão estabelecidas, porque, além de empregarem muitas pessoas, gerando renda e, consequentemente, maior consumo, necessariamente geram maior desenvolvimento porque são pagadoras de impostos, o que beneficia as receitas públicos que podem ser investidas em forma de educação, saúde, saneamento básico entre outras. Muitas vezes, esses recursos gerados por impostos não são suficientes para suprir toda a necessidade e carência que uma sociedade local, aí, então, há 13 necessidadede que haja maior participação de todos especialmente de modo voluntário. Responsabilidade Social Corporativa (RSC) ou Cidadania Corporativa e Responsabilidade Social Empresarial (RSE) começa dentro da empresa, com seus funcionários, respeitando seus direitos e fazendo cumprir seus deveres, pagando um salário justo pelo seu trabalho, promovendo crescimento profissional e pessoal, oferecendo benefícios para eles e suas famílias. O próximo passo é começar a ajudar comunidades carentes, por exemplo, propiciando atividades às crianças para que não fiquem ociosas e aprendam mais, incentivando idosos a cuidar de sua saúde como forma de evitar doenças para que vivam melhor, apoiando jovens, principalmente por meio da oferta de cursos profissionalizantes. A expressão cidadania empresarial é muito utilizada para demonstrar o envolvimento da empresa em programas sociais de participação comunitária, por meio do incentivo ao trabalho voluntário, do compartilhamento de sua capacidade gerencial, de parcerias com associações ou fundações e do investimento em projetos sociais nas áreas de saúde, educação e meio ambiente (TENÓRIO, 2006 p. 29-30,). Responsabilidade Social Corporativa (RSC) ou Cidadania Corporativa e Responsabilidade Social Empresarial (RSE), também abrange a área ambiental. Empresas que poluem o meio ambiente precisam verificar se seus projetos de reestruturação ambiental estão de acordo com que a lei exige e, se possível, fazerem um pouco a mais do que a legislação determina. A realização de ações como campanhas de reciclagem de alguns tipos de materiais e reuniões para conscientização de como respeitar e conservar o local onde se vive podem melhorar muito a qualidade de vida das pessoas. Assumindo esse tipo de postura, além de estarem realizando importante trabalho de conscientização, ainda estarão ganhando créditos junto sociedade, No meio de tantas mudanças sociais, corporativas, existe no interior do Paraná, na cidade de Cianorte, vem se destacando pela iniciativa de criar e manter programas sociais para favorecimento de seus funcionários, de seus familiares e de toda a 14 comunidade, com grande sucesso. Trata-se de uma empresa conhecida internacionalmente no ramo de confecções pela qualidade e diversificação de suas marcas, denominada Grupo Morena Rosa, que existe há 17 anos e é fruto do sonho de três casais, que com muita dedicação e perseverança cresceram num mercado tão exigente e competitivo. Hoje o Grupo Moreno Rosa, é proprietário das marcas, Morena Rosa, Zinco, Maria Valentina e Joy. 1.1 PROBLEMÁTICA Empresas de todo o mundo estão se conscientizando da importância de criarem projetos sociais internos, para que os funcionários sintam-se motivados e colaborem cada vez mais para o crescimento da organização. Investimentos nesse sentido são importantes para empresas que querem ter a característica de empresas socialmente responsáveis,e, para que isso aconteça, precisam apoiar seus colaboradores para que tenham maior crescimento pessoal e profissional. Muitos são os temas pertinentes a essa questão, inclusive sobre qual o diferencial competitivo que uma empresa pode conquistar com resposta à realização desses projetos. O tema deste trabalho está baseado no questionamento: O que os projetos sociais internos influenciam na competitividade da empresa? 1.2 JUSTIFICATIVA O tema responsabilidade social tem sido de grande valia para muitas empresas, pois as ajuda a construir uma sociedade mais justa e mais humana, tanto para seus colaboradores, como para as pessoas beneficiadas por seus projetos e, também a ser bem vista por investidores, fornecedores, clientes. Tanto sua marca como seus 15 produtos conquistam maior credibilidade e são mais valorizados quando ela esta envolvida em projetos sociais. Este trabalho visa a abordar o que é responsabilidade social e dar o exemplo de como uma grande empresa como o grupo Morena Rosa vem colaborando com a sociedade. Muitas são as preocupações das empresas em relação a sua gestão e, às vezes preferem, por uma questão de ajustes financeiros, ao invés de ter toda a máquina produtiva em suas mãos, terceirizar alguns pontos estratégicos, mas isso também é preocupante, pois o consumidor e a sociedade vão analisar se essas empresas têm a mesma responsabilidade que o dono da marca que a contratou (OLIVEIRA, 2008). Este tema tem chamado a atenção de estudantes, professores, pesquisadores de várias áreas, empresários, enfim, de pessoas que estão envolvidas com empresas, porque com o passar do tempo, as pessoas não adquirem apenas os produtos, mas também estão se preocupando em como esses produtos tem chegado às suas mãos. Muitas perguntas têm sido feitas a empresários sobre o que têm feito quanto à responsabilidade social, já que na relação empregado x empregador se incluem todas as pessoas envolvidas no processo produtivo que passam pela questão do pagamento de obrigações entre outros. Para que sejam respondidos esses questionamentos, antes de mais nada é necessário saber o que é responsabilidade social e o que é ação social e depois de juntar-se a teoria à prática da empresa escolhida, saber se ela tem ou não exercido a responsabilidade social de maneira eficiente. Este trabalho pretende também servir de apoio para projetos futuros na área de responsabilidade social. 16 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo Geral Identificar como o Grupo Morena Rosa utiliza a responsabilidade social interna como fator competitivo. 1.3.2 Objetivos Específicos - Descrever o que é responsabilidade social e ação social por meio de referenciais bibliográficos; - Verificar os projetos de responsabilidade social do Grupo Morena Rosa. - Apontar as ações sociais do Grupo Morena Rosa; - Conhecer a influência de projetos de responsabilidade social sobre a competitividade do grupo Morena Rosa. 17 2. REFERÊNCIAL TEÓRICO 2.1 INÍCIO DAS DISCUSSÕES SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL No século XVI a responsabilidade social estava ligada ao poder das empresas nos EUA, sendo que quando um dono de uma empresa morria, seus herdeiros ficavam obrigados a assumir suas responsabilidades na organização. Já no século XVIII, as autoridades do governo instituíram que a responsabilidade de qualquer ônus deixado por empresários seria de responsabilidade dos acionistas e toda empresa antes de ser aberta teria que ter a comprovação que seria útil aos benefícios sociais, prestando serviços nas áreas de infra-estrutura, transporte construção (REIS E MEDEIROS, 2007). Existe a teoria polêmica de Milton Friedmam que foi um brilhante economista, também pai do liberalismo econômico e autor de importantes teorias neoclássicas, ganhador do prêmio Nobel que dizia que responsabilidade social era dar lucro para os acionistas. Essa afirmativa rendeu-lhe muitas críticas e, desde então, a discussão sobre responsabilidade social tem ganhado força dentro do mundo acadêmico e de organizações do mundo inteiro. Segundo ele, a RSC desvirtuava as empresas porque eram os donos e os acionistas que deviam decidir o que fazer com o dinheiro da empresa e não os gestores que, segundo ele, queriam fazer caridade com o dinheiro dos outros. Sua contribuição acabou sendo de certa forma positiva, pois muitos foram os esforços acadêmicos e ativistas para provar que suas teorias estavam erradas (OLIVEIRA, 2008). Surgiu nos anos cinqüenta e sessenta, após a revolução industrial e com o aperfeiçoamento dos princípios tradicionais da organização, uma nova visão das organizações: as pessoas já não deveriam ser tratadas como robôs como sugere a visão clássica, mas ser reconhecidas. Essa visão é a escola de Relações Humanas, que não deixa totalmente de lado avisão clássica, mas mudou alguns conceitos (TACHIZAWA, 2005). 18 A partir de 1988, no Brasil, com a emergência do estado civil, surge a discussão da responsabilidade social dentro das organizações. Ela gira em torno da dimensão ética, integrando as dimensões econômicas e legais. Com isso, vêm também as discussões sobre stackeholders, que são funcionários, fornecedores, clientes, enfim todos aqueles que influenciam ou são influenciados pela empresa e dos stockeholders que são os acionistas e sócios da empresa. De quem deve ser a preferência na hora de escolher os projetos de responsabilidade social, ou mesmo se deve ser feito ou não, qual interesse deve ser levado em consideração? (MACHADO E FILHO, 2006). Os primeiros estudos teóricos sobre a responsabilidade social empresarial, desenvolvidos a partir dos pressupostos conceituais da sociedade pós-industrial, surgem em 1950. Entretanto, é a partir da década de 1970 que os trabalhos desenvolvidos a respeito do tema ganham destaque (TENÓRIO, 2008, p.23). Até o século XIX, as empresas privadas funcionavam com forte pressão do estado e lutavam para expandir seus direitos e limitar suas obrigações. Existia uma rivalidade entre governo e empresas privadas. A guerra civil norte-americana (1861 – 1865) contribuiu para mudanças na legislação das empresas. Conforme as empresas lucravam e se fortaleciam, conseguiam fazer pressão sobre o governo e conquistavam maiores benefícios. Em 1919, nos EUA, com o julgamento do caso Dodge versus Ford, Ford comunicou aos outros acionistas que os lucros iriam ser reinvestidos na empresa para diminuição dos preços dos carros e expansão da empresa, causou muito discussão, Ford perdeu na justiça, mas ganhou “pontos” na questão responsabilidade sociais (REIS E MEDEIROS, 2007). Os avanços tecnológicos desde a revolução industrial têm sido imensos, quanto mais se produz, mais as pessoas compram, isso é bom para a competitividade no mundo dos negócios, mas quanto mais se produz, mais resíduos ficam na natureza de forma maléfica para o homem (FILHO, 2010). . Com o crescimento da economia, as atividades das empresas também crescem e com isso aumenta o impacto que elas produzem na natureza, por isso elas devem minimizar esses impactos, para ter uma melhor visibilidade.(WISSMANN, 2007). Existe um comentário sobre as três grandes representantes da escola clássica: Taylor, com a análise no trabalho, Fayol que estabeleceu reflexões sobre administração 19 e controle e Weber, que fez análise sobre os princípios que fundamentam organizações e contexto social. Esses pensadores falam somente sobre eficiência de pessoas no trabalho, como tornar o trabalho mais eficaz sem desperdício de tempo e outras questões que acabam tratando pessoas como verdadeiros robôs (TACHIZAWA, 2005). A visão clássica diz que o lucro da empresa é do acionista e deve ser gasto da maneira que ele achar melhor e que os gestores não devem gastar esse lucro com responsabilidade social. Ele diz que esse gasto com responsabilidade social não condiz com o objetivo da empresa que é de gerar lucro para os donos e acionistas. A visão institucional diz que é necessário integrar os elementos mercado, organizações, indivíduos e suas relações: psicológica, ética, legal e econômica, integrando tudo isso para que a organização possa realmente cumprir seu papel na sociedade (MACHADO E FILHO, 2006). . 2.2 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL E AÇÃO SOCIAL 2.2.1 Responsabilidade Social Não existe uma definição certa do que é responsabilidade social, mas acredita-se que as empresas socialmente responsáveis não rejeitam suas comunidades, seus funcionários, nem o meio ambiente e incorporam também dimensões legais e valores éticos. Às vezes essas atitudes são confundidos com ações sociais ou filantrópicas porque fazem parte da responsabilidade social (MACHADO E FILHO, 2006). A responsabilidade social é descrita de formas diferentes por autores de várias épocas e áreas diversas como ciências sociais, economia, administração e marketing. Portanto, social refere-se à sociedade, na visão filosófica diz sobre estruturas e condições. Na filosofia responsabilidade social é a escolha de fazer ou agir de alguma forma com consequências para os que estão ao redor e esse ato deve ser assumido por quem o fez (REIS E MEDEIROS, 2007). 20 Responsabilidade social se reflete na gestão do negócio, nos projetos e nas ações que são desenvolvidas pela empresa, faz parte do comprometimento de todos para um mundo melhor, fazendo com que a empresa faça parte dessa mudança (NETO E BRENNAND, 2004). Já na década de 90, a responsabilidade social ganha uma nova versão e a empresa precisa ter uma visão além de seus muros, enxerga a sociedade, a comunidade, suas dificuldades e tenta ajudar de alguma forma, isso inclui gestão ambiental e preocupações com os consumidores. Desta forma, teriam mais lucro, pois ajudariam a melhorar a imagem da empresa perante a sociedade e a aumentar seus lucros (REIS E MEDEIROS, 2007). Para uma empresa ser socialmente responsável tem que ter melhoria na condição de vida dos trabalhadores e em todas as suas áreas de abrangência, como, por exemplo, educação, ambiente de trabalho, meio ambiente, recursos naturais, além disso, deve ter um bom relacionamento com os clientes internos e externos, fornecedores, comunidade, entre outros (WISSMANN, 2007). Muitas vezes é difícil definir um conceito para responsabilidade social, sem confundir com ações sociais. Responsabilidade social, não é só beneficiar comunidades carentes, é também ter responsabilidade pagamento de impostos, com leis trabalhistas e ambientais entre outras. Apenas para citar um exemplo, caso a empresa seja poluente tem que implantar projetos (muitas vezes exigidos por lei) para não agredir a natureza. Mas uma empresa socialmente responsável vai além disso, ela valoriza seus funcionários, fornecedores e clientes, trabalhando de modo transparente, fazendo suas negociações de modo leal e justo de forma que todos saiam ganhando, ela beneficia a comunidade onde atua, gerando emprego, renda e uma vida mais justa para os que estão em sua volta. A empresa com RSC se preocupa com várias áreas, como expectativas econômicas, filantropia, legislação e ética (OLIVEIRA, 2008). Neste cenário, pode-se dizer que a responsabilidade social era praticada pelas empresas não porque gostavam do próximo, mas porque tinham que ceder à pressão da opinião pública e desse modo, satisfaziam seus interesses econômicos, pois se tornavam mais visíveis na sociedade. Na década de 70 foram dados outros conceitos para responsabilidade social, enquanto para alguns ela era caridade, bondade com as 21 pessoas que estão à sua volta, para outros ela significa ética, obrigação legal, responsabilidade (REIS E MEDEIROS, 2007). A responsabilidade Social Corporativa é o resultado do comprometimento com a idéia de organização como conjunto de pessoas que interagem com a sociedade. Isso contempla o impacto de três esferas que compõem a dimensão empresarial, econômica, social e ambiental, tendo como resultado final o desenvolvimento sustentável (FILHO, 2010). Existem dois tipos de responsabilidade social, a direta que é o pagamento de impostos e obrigações e a indireta, que é quando a empresa se propõe a direcionar recursos para entidades, pessoas físicas ou jurídicas a fim de melhorar sua condição de sobrevivência e mudar o rumo da sua vida para melhor (WISSMANN, 2007). No ponto de vista moral, baseados na análise deontológica, na qual acionistas e donos ficassem em segundo plano e o que realmente valesse fosse a sociedade. No ponto de vista ético isso seria correto, porém onde ficaria a responsabilidade do governo em beneficio do bem estar social? Seria um problema se a sociedade começasse a olhar as empresas como supridoras delae deixasse de cobrar o governo por suas obrigações, as empresas por sua vez poderiam se beneficiar das ações sociais em relação à esfera pública, o que geraria outro problema (OLIVEIRA, 2008). Há quatro grupos de modelos de responsabilidade social. O primeiro é o produtivismo, que é a idéia defendida por Milton Friedman por volta de 1970, que afirma que a responsabilidade social da empresa é gerar lucro para seus acionistas e que independente de qual for outra destinação (para os lucros) da empresa, está errada. A segunda visão é que vê a responsabilidade social empresarial como ato de filantropia, nesta situação o alvo é fazer o bem e o interesse maior geralmente é de promover os acionistas ou os donos da empresa (OLIVEIRA, 2008). Com essas definições pode-se afirmar que a responsabilidade social é um tema que está em construção e que conforme passa o tempo vão se agregando novas definições e novos títulos como responsabilidade social corporativa ou empresarial. A responsabilidade social refere-se à questão em que as pessoas não devem estar alheias aos outros, mas deve sim dar atenção e proporcionar ajuda quando necessário (REIS E MEDEIROS, 2007). 22 O terceiro modelo é o idealismo ético. Esse modelo diz que o que se deve beneficiar são os stakeholders (São as partes interessadas no funcionamento da empresa, seja porque afetam ou porque são afetadas pela organização, ou têm interesse em saber como se comportam. São eles: financiadores, governo, consumidores, acionistas, ONGs, empregados, comunidades, fornecedores e a mídia) mesmo que, às vezes, isso possa prejudicar a empresa. E a quarta visão, chamada progressista da responsabilidade social empresarial, diz que os interesses dos stakeholders são importantes, mas também busca benefícios para a empresa em médio e longo prazo, ganhando credibilidade, evitando conflitos e ajudando em uma imagem positiva da empresa (OLIVEIRA, 2008). Outra definição para responsabilidade social é que a empresa tem um compromisso com a melhor qualidade de vida dos seus funcionários, suas famílias e a comunidade onde está instalada. Ainda outra definição de responsabilidade social, diz que ela é uma obrigação da empresa, principalmente no que diz respeito à ética, que são os valores e princípios morais que toda organização deve ter para poder enfrentar a opinião pública, não adianta a empresa pagar impostos e funcionários, se não estiver prestando atenção às questões ambientais e/ou no modo que tratam os funcionários clientes e fornecedores, por exemplo, (REIS E MEDEIROS, 2007). Existem duas motivações que levam as empresas a investir em responsabilidade social: A instrumental, que significa aumentar o valor e a lucratividade da empresa através da responsabilidade social e a moral que considera certo beneficiar a empresa independente dos benefícios que podem ser feitos para ela. (OLIVEIRA, 2008). 2.2.2 Ação Social A ação social não é individual, pois envolve o dever cívico com outras empresas, cidadãos, governos, entidades, entre outros. Trata-se de modificar a realidade ruim, transformando-a uma realidade boa, por meio de projetos contínuos que transformam a 23 vida das pessoas. Portanto, responsabilidade social é uma ação transformadora, é a soma dos esforços de todos para a melhoria continua da sociedade (NETO e FROES, 2004). [...] ação social é uma atividade voluntária realizada pela organização em áreas tais como assistência social, alimentação, saúde, educação, esporte, cultura, meio ambiente e desenvolvimento comunitário. Abrange desde pequenas doações a pessoas ou instituições até ações estruturadas com uso planejado e monitorado de recursos (ZARPELON, 2006, p. 20). Ao passo que a empresa vai respeitando os funcionários, consumidores, fornecedores, respeitando o meio ambiente e mudando a cultura internada empresa, ela vai aumentando seu nível de congruência até se tornar uma inovadora social e estar completamente dentro da responsabilidade social corporativa (NETO e BRENNAND, 2004). O ato filantrópico é muito bonito, mas se esgota no momento em que é feito a doação, podendo gerar expectativas naqueles que receberam esse ato de bondade que pode não acontecer mais (TENÓRIO, 2006). Ela se desenvolve através de ação individual do empresário, geralmente movida por uma compaixão e, muitas vezes, não repetidas por ele. A responsabilidade social vai mais além do que uma simples ajuda a uma instituição filantrópica, é o comprometimento de uma empresa bem sucedida na sociedade em que atua, é um ato de gratidão com a população que contribui para com ela (NETO e FROES, 2004). Ela pode ser do tipo privado, onde são os cidadãos que fazem parte de projetos e ações, agindo como voluntários. As pessoas que trabalham em projetos voluntários são mais felizes e isso as ajuda para um melhor equilíbrio emocional, uma boa qualidade de vida e muitos outros benefícios, eles têm a chamada remuneração psicossocial, que não é encontrada na remuneração financeira, nem em um bom desempenho profissional (ZARPELON, 2006). Ação Social faz parte da responsabilidade social, é uma ação em benefício de uma comunidade carente, ou de um lugar como uma creche ou a um lar de idosos, levando auxilio para a saúde das pessoas, cestas básicas, ou até mesmo atenção e carinho por parte de funcionários e organizadores dessas ações. Muitas organizações fazem muitas ações sociais e se denominam como empresas socialmente 24 responsáveis, isso de fato pode não ser real, pois se ela descumprir algumas leis, tiver problemas trabalhistas, não pagar seus impostos, poluir o meio ambiente, não tiver ética nas negociações, ou desrespeitar tantas outras obrigações, passa a não ser socialmente responsável (TENÓRIO, 2006). É baixo o nível de congruência com a responsabilidade social quando a empresa faz uma ação social e tem total desinteresse nos funcionários, meio ambiente e seus negócios. Pagando salários baixos, os negócios da empresa são feitos de forma que a única beneficiada é ela e não respeita a natureza, nem as leis ambientais (NETO e BRENNAND, 2004). Além de cumprir suas responsabilidades sociais direta e indireta, a empresa também deve fazer várias ações que se caracterizam como responsabilidade social, como, por exemplo, dar boas condições para os funcionários, entre elas checar a ergonomia e postura, fazer com que trabalhem em um ambiente bem climatizado, pagar salários justos, contratar deficientes físicos, não contratar menores que não tenham condições de trabalhar, ajudar na educação de carentes doando equipamentos, por exemplo, ajudar na cultura incentivando a criação de equipes de teatro, grupos folclóricos que sejam capazes de mostrar a colonização da região na qual a empresa esta inserida, na saúde, ajudando a divulgar campanhas de combate das mais diversas doenças, no saneamento, no esporte e lazer, ajudando as creches, entidades sem fins lucrativos, entre outros (WISSMANN, 2007). Algumas empresas se sentem responsáveis pela sociedade e se comprometem a levar melhorias a ela. Fazem alianças com entidades filantrópicas e outros tipos de organizações para aprimoramento de seus ideais de melhoria da realidade dos mais necessitados (ZARPELON, 2006). A filantropia é um ato gerado pela bondade das empresas em ajudar uma instituição filantrópica, é um auxílio àqueles que estão à margem da sociedade precisando de que sejam supridas suas necessidades básicas para a sua sobrevivência (NETO, 2004). Ela é realizada pelas empresas por meio de doações de recursos financeiros ou materiais e tem um caráter temporário. É a preocupação com bem-estar do próximo, materializada em atitudes, em assistencialismo (TENÓRIO, 2006). 25 Quando uma empresa começa a ter atitudes de preservação do meio ambiente, a tratar com dignidade seus funcionários, a conduzir negócios com justiça, elapassa a ter uma maior visibilidade na sociedade. Se ela tiver projetos de responsabilidade social e esses forem bem sucedidos, melhor ainda, então ela passa a ser uma empresa bem vista pela sociedade, seus produtos passam a ter uma melhor visibilidade pelos consumidores e consequentemente passa a vender mais (NETO e BRENNAND, 2004). 2.3 PIRÂMIDE DE CARROLL Carrol (2006, p. 25) propõe uma pirâmide que vai da base ao ápice. Na base está a responsabilidade econômica, a empresa tem que ter lucro para beneficiar outras pessoas porque nenhuma empresa consegue ser socialmente responsável e ficar no prejuízo. Responsabilidade legal é o cumprimento de leis, tanto trabalhistas como as outras. Nenhuma empresa socialmente responsável pode agredir seus funcionários de maneira alguma, mas eles, em contrapartida, devem ser responsáveis por suas atitudes e corresponder às exigências de seu cargos. As empresas devem ainda ser corretas no pagamento de impostos, porque sonegar impostos é um ato de total irresponsabilidade social e pode resultar em punições severas (OLIVEIRA, 2008). Figura 1: Pirâmide de Carroll Fonte: Elaborado pela autora (2011), adaptado de pirâmide de Carroll, Machado Filho, p. 25, 2006. 26 Machado e Filho (2006) afirmam que existem quatro campos dentro da pirâmide de Carroll: Responsabilidade econômica, que envolve tarefas que serão rentáveis e produtivas para a empresa e está ligada ao mundo dos negócios e, nessa faixa, as pessoas precisam estar atualizadas com o que acontece no mundo. Responsabilidade Legal, que corresponde à empresa atingir as expectativas no campo legal, pagar os direitos dos funcionários em dia, os impostos entre outros. Responsabilidade Ética que é ter um comportamento responsável dentro da cultura em que está inserida, respeitando a sociedade (MACHADO E FILHO, 2008). O trabalho desenvolvido por Carroll [...] E propõe a pirâmide de responsabilidade social empresarial. Em seu modelo, Carroll vai além da responsabilidade pública, sugerindo um conjunto de dimensões e relações interdependentes entre as companhias e a sociedade. Em sua visão, a responsabilidade social empresarial é composta pelas dimensões econômica, legal, ética e filantrópica (TENÓRIO, 2008, p. 23). Mas existem críticas em relação à pirâmide de Carroll. Para alguns críticos existia uma hierarquia entre os diferentes níveis que geravam muita confusão ao afirmarem que uma responsabilidade era mais importante que outra. Outro problema é que ela não identifica ligação entre as responsabilidades e não representa bem os pontos de conflito entre uma e outra (Barbieri e Reis, 2008). Por isso, foram desenvolvidos três campos em forma de círculos para uma melhor visibilidade, contemplando três domínios são eles: econômico, legal e ético (BARBIERI E CAJAZEIRA, 2009). A Responsabilidade Ética envolve práticas que exemplarem o modo como fazer negócios sem que ninguém saia prejudicado, o respeitar à ética e à moral da sociedade, não visando só ao seu bem, mas ao bem de todos os envolvidos, trabalhar com transparência em relação aos seus funcionários, valorizá-los, respeitá-los, pagar salário justo e digno, mas também exigir que ele trabalhe de acordo com as normas e ética da empresa. Apresentar essas normas para ele é muito importante, para que ele saiba que esta trabalhando em uma empresa eticamente responsável e que visa lucro sim, mas que respeita clientes, fornecedores e acionistas (OLIVEIRA, 2008). 27 Responsabilidade discricionária (filantropia) é quando a empresa está envolvida com a sociedade em que está inserida, comprometendo-se com a melhoria do ambiente social. Pode ser considerada uma extensão da responsabilidade ética. Essa responsabilidade dá a certeza de que a empresa não vai apenas fazer uma ação filantrópica e se beneficiar com isso, mas que vai ser um agente de transformação na sociedade, não deixando de levar em consideração questões relacionadas ao meio ambiente (MACHADO E FILHO, 2008). Ela orienta que se deve valorizar seu fornecedor fazendo negociações justas, estabelecendo prazos cabíveis para que ele possa cumprir o prazo de entrega, realizando os pagamentos em dia para que ele tenha toda a matéria prima necessária pra fornecer um produto de qualidade. Deve ser estabelecida uma relação de honestidade com os clientes, colocando um preço justo no produto, oferecendo uma mercadoria de qualidade, para que ele possa se tornar fiel à empresa e não comprar aquele produto uma vez só e se decepcionar e, ainda, tecer comentários prejudiciais à moral e credibilidade da empresa prejudicando a marca (OLIVEIRA, 2008). Assim, os campos deixam de ser específicos, pois, muitas vezes, não dá para distinguir questões éticas e filantrópicas. Muitas empresas praticam filantropia por questões econômicas, mas não se pode esquecer que as empresas são uma unidade, não funcionam separadamente e sim como um elo, com muitos setores que precisam funcionar juntos para não ocorrer um colapso em sua estratégia e prejudicar seu funcionamento (BARBIERI E CAJAZEIRA, 2009). Responsabilidade discricionária é a participação voluntária da empresa em projetos sociais como tirar crianças da ociosidade da rua e colocá-las em uma atividade em que o tempo pode ser preenchido de uma forma saudável, levar mantimentos de forma contínua e/ou auxílio saúde para idosos carentes, entre outras, sempre ajudando a resolver problemas da comunidade onde está alocada (OLIVEIRA, 2008). 28 Figura 2 – Três campos da responsabilidade social Fonte: Elaborado pela autora (2011), adaptado de No modelo dos três domínios da RSE, de Barbieri e Cajazeira, p.57, 2009. 2.4. RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA Ética e Responsabilidade social, andam juntas nas empresas e quando os gestores percebem isso passam à aplicação, na empresa, de algumas estratégias como investimentos em projetos sociais, elaboração, adoção e divulgação de princípios e compromissos éticos, maior respeito aos funcionários, parceiros, comunidade, investidores e acionistas, transparência na gestão, respeito às leis e ao meio ambiente. Adotando esse tipo de atitudes poderão sentir vantagens na competitividade em relação às empresas que não têm esses diferenciais. As empresas socialmente responsáveis têm por obrigação de incluir a ética em seus negócios porque a responsabilidade social sem ética é falsa e ética sem responsabilidade social é falha (NETO e BRENNAND, 2004). Uma empresa para ser considerada com responsabilidade social tem que agir de forma ética na sociedade, nos seus negócios, mas também tem que se preocupar, por exemplo, em não poluir o ambiente. Para o Instituto Ethos, alguns princípios básicos para uma empresa atuar com ética são a adoção de valores e trabalho com transparência, valorização dos colaboradores, envolvimento de parceiros e 29 fornecedores, proteção aos clientes e consumidores, promoção da comunidade e comprometimento com o bem comum (FILHO, 2010). Em um artigo, o mesmo autor cita vários casos de pessoas que sofreram agressão verbal ou moral dentro das empresas que trabalhavam por causa de sua cor, opção sexual, idade entre outros. Essas formas de preconceito que não deveriam existir dentro de um ambiente organizacional que prima pela responsabilidade social, antes, elas devem ajudar a comunidade em que vivem, respeitar seus clientes internos e externos, fornecedores, credores, pois se não fizer isso, sua credibilidade diminui perante essas pessoas, tornando-a mal vista pela sociedade (STURION, 2002). Segundo Barbieri e Cajazeira (2009) existem três padrões éticos e para Oliveira (2008) existem três escolas sobre a visão ética empresarial: Padrão convencional são normas e padrões considerados aceitos por todos os envolvidos dentro da organização, mas como alguns padrões e éticas são diferentesdependendo da região ou país que se localiza a empresa, é necessário fazer-se um padrão de normas a ser seguido em cada lugar onde ela estiver instalada. Para o Padrão consequencialista as ações são decididas pelas suas consequências, quanto maior lucro e menor esforço, melhor para a empresa. Não se pode deixar de colocar na “balança” também o bem social suas ações podem gerar. Já no Padrão deontológico, as ações devem ser motivadas pelas obrigações e deveres (BARBIERI E CAJAZEIRA, 2009). Neste devem ser consideradas as normas universais que devem ser sempre seguidas, independente de suas consequências. Deontológica, que seriam as normas universais que devem ser sempre seguidas, independente de suas conseqüências. Teleológica o que importa é a conseqüência das atitudes. O Utilitarismo se encontra neste pensamento, onde o que é correto é o que leva a mais utilidade. Relativismo ético, na qual a ética respeita a cultura, crença, contexto do povo. Por exemplo, em algumas culturas matar uma das crianças quando nascidas gêmeas é o correto, nesta escola isso seria ético neste contexto, nesta cultura (OLIVEIRA, 2008). Para obter a sustentabilidade, a empresa precisa ser capaz de atender às necessidades do momento presente, mas, ao mesmo tempo, preservar a natureza para as gerações futuras. As empresas precisam estar cientes de sua importância 30 econômica para o mundo, mas não podei deixar de unir economia, responsabilidade social e ambiental utilizando o que há no mundo de forma responsável, com a consciência que esses recursos são finitos (FILHO, 2010). O resultado da contribuição prestada por uma empresa por meio de programas que incluem as pessoas na sociedade, ou dão oportunidade de aprenderem uma nova atividade ou profissão, retorna para a própria sociedade e, consequentemente, para a empresa pessoas que são aceitas e incluídas nos meios sociais seja saindo da criminalidade e/ou da ociosidade geram renda para elas mesmas e para sua família e, por conseqüência, ocorre à geração de emprego, melhoria da renda e aumento do dinheiro circulante no mercado. Tudo é um ciclo, se a empresa colaborar com um projeto hoje, amanhã, sem dúvida, estará recebendo o retorno (STURION, 2002). Duas teorias incorporam a ética e são conflituosas entre si, são elas consequencialista, na qual os fins justificam os meios, portanto não importa o que se faça e a não-consequencialista que considera que os fins não justificam os meios, que a ética trata de juízos e valores, muito além de pagar impostos e seus funcionários em dia, ou seja, vai além das exigências feitas por lei (MACHADO E FILHO, 2006). Michael Porter foi um dos primeiros a pesquisar sobre a busca da vantagem competitiva para que as empresas tivessem sucesso. No começo o foco era resultados e lucro e a marca da empresa era conhecida apenas pela qualidade dos produtos e o apelo era que se comprassem aquele produto, teriam status. Com o tempo isso não deixou de existir, mas mudou, o que a empresa busca é ser mais ética, com pessoas éticas trabalhando e gerindo as organizações e o foco passou a ser os clientes que exigem com bons produtos, bons serviços e preço baixo (NETO E BRENNAND, 2004). Outra questão importante dentro das empresas é o domínio ético, que diz respeito às responsabilidades que a empresa tem em relação às expectativas da sociedade, clientes, fornecedores, enfim a todos que estão a sua volta (BARBIERI E CAJAZEIRA, 2009). Uma ferramenta utilizada para avaliar a ação da empresa nas questões motivação, contexto e valor da empresa é a matriz da virtude. A matriz da virtude tem quatro lados, dois inferiores e dois superiores. Os inferiores estão relacionados à fundação cívica e engloba escolha e cumprimento. O lado cumprimento diz respeito às 31 leis e regulamentos, se estão sendo cumpridos ou não. O lado escolha indica costumes e normas de uma sociedade, por exemplo, uma empresa ocidental em um país mulçumano respeita os funcionários e os deixa orar cinco vezes por dia (OLIVEIRA, 2008). Empresas também devem investir em seus funcionários dando treinamento e permitindo que eles se especializem em suas profissões e no que fazem para se sentirem valorizados e dar bons resultados. Isso favorece um alto retorno financeiro, mas para que os resultados sejam significativos, os funcionários têm que trabalhar satisfeitos e com a certeza que serão recompensados pelos seus esforços (STURION, 2002). Muitos estudos estão sendo feitos sobre a comprovação, de que fazer responsabilidade social dentro da empresa traz lucro e benefícios, mas o que se sabe é que tudo depende muito do contexto. É importante para a empresa obter um excelente padrão ético, respeitando funcionários, comunidade, meio ambiente, para que ela seja conhecida como uma boa empresa, pois, do contrário, ela pode correr o risco de sair do mercado, por uma má reputação (MACHADO E FILHO, 2006). Dentro da visão consequencialista existem duas categorias, egoísmo e utilitarismo. Egoísmo considera uma atitude moralmente correta se essa atingir os interesses do gestor em longo prazo. Já utilitarismo diz que, em uma ação, todos são atingidos: gestores, funcionários, proprietários, clientes, por isso, ela deve ser tratada de uma forma onde ninguém saia prejudicado, os direitos e as responsabilidades individuais são ignorados e se dá maior importância para o coletivo (MACHADO E FILHO, 2006). Voltando à matriz da virtude de Oliveira (2008), vale a pena lembrar que as superiores falam sobre fronteiras que são ações sociais que podem ou não ser lucrativas para a empresa a longo prazo. No lado estratégico esta estratégia visa lucro para os donos e acionistas e pode levar a reações positivas de governos, clientes e empregados. No lado estrutural está relacionada a fazer o bem, independente de suas consequências, são motivações morais e intrínsecas. Às vezes ela pode ser prejudicial ao dono da empresa, mas 32 muitas vezes se faz uma ação por moral e ética que se transforma em estratégica gerando lucro e visibilidade para a empresa. 2.5 QUANTO AO AMBIENTE ORGANIZACIONAL. 2.5.1 Interno Organizações éticas que têm responsabilidade social treinam seus funcionários, oferecem meios para que eles possam se expressar e mostrar suas opiniões, trabalham para que eles se envolvam em projetos de voluntariado, se preocupam com o bem- estar, saúde, ergonomia, higiene, segurança entre outros, e também adotam políticas de contratação, remuneração, avaliação, além de outros incentivos (NETO E BRENNAND, 2004). Há uma constante preocupação com os funcionários, cuidando para que sejam tratados com respeito, pagando salários dignos para que possam cuidar de suas famílias, da saúde e levarem uma vida saudável, dentro e fora da organização (ZARPELON, 2006). Muitos são os estudos que tratam das mudanças das organizações, principalmente as que ocorrem nas áreas políticas e econômicas em todo o mundo. Estudiosos da área afirmam que novos profissionais, empresários, trabalhadores, executivos entre outros, precisam ter integração entre suas equipes e serem capazes de trabalhar sem o conceito de controle, hierarquia e comando e que quanto às organizações é necessário ter uma visão inovadora para trabalhar com a nova realidade (TACHIZAWA, 2005). O bem mais precioso da empresa é o capital humano, pois é com as pessoas que se consegue levantar um patrimônio empresarial. Pessoas qualificadas, treinadas e valorizadas como profissionais e como pessoas rendem mais para as empresas. Para isso os recursos humanos devem estar atentos as dificuldades, reclamações e carências de seus colaboradores para que eles possam ter maior eficiência e eficácia no trabalho (QUEIROZ, 2005). 33 Projetos sociais internos constituem-se em importante ferramenta para os colaboradores se sentirem motivados e valorizados e issopode ser feito por meio do oferecimento de cursos e treinamentos para produzir e aumentar o conhecimento dos funcionários, possibilitando o crescimento profissional deles. Desse modo, ele se sentirá mais valorizado e crescerá dentro da empresa (ZARPELON, 2006). Profissionais bem capacitados, antes de fechar contrato com a empresa, verificam se é bom o ambiente, se a organização, oferece desafios a esses profissionais, plano de carreira e se os valores éticos e comportamento social resultam na instalação de um bom ambiente de trabalho. Diante do enfraquecimento do poder sindical e em conseqüência do grande número de pessoas que estão à procura de emprego, as empresas têm que negociar contratos e regimes de trabalho mais flexíveis. Isso é ocasionado pelo estreitamento da margem de lucro, competição e volatilidade entre os mercados (TACHIZAWA, 2005). Empresas de sucesso têm como regra treinar seus funcionários de todos os setores. Mas é necessário observar o treinamento que está sendo dado, o colaborador enviado para treinamento, o cargo em que cada pessoa é colocada, se tem perfil para aquela vaga. O treinamento por si só é vago, ele precisa ter fundamento e depois de ser realizado ser avaliado pela empresa, para saber se realmente teve mudança efetiva na qualidade de serviço das pessoas e se vai ser útil para a empresa (ZACHARIAS, 2010). Existem ferramentas para isso, a primeira é a disponibilidade, vontade e sensibilidade daqueles que cuidam do capital humano, da formação das pessoas, a outra é adquirir softwares ou programas por internet que possam ser colocados para os funcionários em forma de teste, para que eles possam responder e assim expor seus problemas em relação à organização, também quanto ao ambiente de trabalho, dúvidas, elogios e tudo que esta em torno dele que o aflige (QUEIROZ, 2005). Um novo modelo de gestão de pessoas está surgindo, baseado em um núcleo central composto de pessoal estratégico e de pessoal complementar constituído de mão-de-obra não especializada. Esse novo modelo gera reflexos no processo de gestão ambiental e de responsabilidade social, demandando novas necessidades em termos de: higiene e segurança no trabalho, treinamento de desenvolvimento de 34 pessoal, planejamento de carreira, estratégia de cargos e salários e clima organizacional e qualidade de vida (TACHIZAWA, 2005 p.63). Todos os empregados devem ser vistos como pessoas capazes de resolver pequenos e grandes problemas. O RH não deve fazer apenas funções voltadas à remuneração, férias entre outros, mas também com investimentos no seu bem mais valioso o capital humano. Com a concorrência das empresas e os avanços tecnológicos, fica cada vez mais evidente que o que faz a diferença é a pessoa que trabalha nela (QUEIROZ, 2006). Existem também tendências a novos tipos de empregos, executivos e pessoas especializadas, que são pessoas do “alto escalão”, têm bons salários, plano de carreira entre outros benefícios estarão diminuindo, E dois subgrupos, um deles com menos oportunidade de crescimento, com salário médio e período de trabalho integral, no qual a rotatividade se torna grande pelo fato de o trabalho ser repetitivo e maçante (TACHIZAWA, 2005). Sustentabilidade social trata da consolidação de processos que promovem a equidade na distribuição dos bens e da renda para melhorar substancialmente os direitos e condições de amplas massas da população e reduzir as distâncias entre os padrões de vida das pessoas. (BARBIERI E CAJAZEIRA, 2009, p.67) O outro grupo seria de pessoas que não têm segurança nenhuma no trabalho, com contratos temporários, tempo parcial, subcontratados entre outros. Ele cita também que diante de um mercado econômico com tantas mudanças, as exigências em relação à escolaridade das pessoas e experiências anteriores está sendo cobrado até de vagas para estagiários (TACHIZAWA, 2005). É importante que o RH consiga definir estratégias de mudanças segundo os rumos da globalização, definir perfis para cada área com responsabilidade, clareza e autoridade. O colaborador precisa entender não só do setor de RH, mas também dos negócios da empresa, para contratar pessoas preparadas para desempenhar com eficiência as funções a que foram designadas (QUEIROZ, 2006). Responsabilidade social interna também pode ser chamada de direta ou operacional. O ambiente interno é influenciado e influência as atividades que se 35 relacionam diretamente com atividades das empresas. Existem os dirigentes e os empregados, que de formas diferentes fazem a empresa “funcionar”. Os empregados prestam serviços em troca de um salário e os dirigentes procuram gerir a empresa, da melhor forma possível, tomando o cuidado de não errar nas suas decisões para o cumprimento de metas. Não deixa de levar em conta também os investidores e acionistas que estão mais preocupados com os lucros, dividendos e retorno dos seus investimentos (KAKOTLI E ARAGÃO, 2005). Por meio de pesquisas, pode-se melhorar o ambiente em que se trabalha, mudar a cultura organizacional para que os objetivos da empresa sejam concretizados. Pode- se também saber quantas pessoas têm vícios e fazer campanhas dentro das organizações, ajudando seus colaboradores a se libertarem deles, tornando-se pessoas mais felizes. Para a mudança de cultura é imprescindível o uso de técnicas para se descobrir em que ponto se deve melhorar (QUEIROZ, 2005). 2.5.2 Externo São as atitudes que a empresa têm em relação à sociedade, atos filantrópicos, projetos assistencialistas para a melhoria e evolução da sociedade (ZARPELON, 2006). A empresa Alcoa, que pelo nono ano consecutivo integra o índice Dow Jones de sustentabilidade primava por essa conquista, mesmo antes que essa palavra existisse, ou seja, antes mesmo que ela fosse exigida. Quando perguntada sobre quais são seus projetos, ela sita que em Juruti no estado do Pará, onde tem uma obra acontecendo, eles têm programas que integram a empresa com o poder público, a comunidade e mais algumas instituições que garantem a sustentabilidade da obra no local onde está instalada (GUTIERRES, 2010). É importante a organização ter consciência, não só de responsabilidade social, mas também das questões ambientais que envolvem as organizações. Dados da confederação Nacional da Indústria (CNI), revelam que 68% dos consumidores 36 brasileiros comprariam produtos mais caros se esses não comprometessem o meio ambiente nas suas atividades (TACHIZAWA, 2005). Vale citar que a empresa Alcoa tem em todas as suas obras esse perfil de sustentabilidade, gerando benefícios aos clientes, funcionários, acionistas, fornecedores e as comunidades onde ela atua. Com essas atitudes a Alcoa garante benefícios em longo prazo, não só a ela, mas também aos parceiros que colaboram com ela. Em 2009 inaugurou dois projetos, a mina de Bauxita de Juruti no estado do Pará e a expansão da refinaria de Alumínio de São Luiz, no estado do Maranhão e continuou com suas parcerias, construindo duas usinas hidrelétricas que fornecerão 70% das necessidades de energia elétrica do Brasil (GUTIERRES, 2010). Segundo pesquisas realizadas por institutos renomados no Brasil, boa parte dos entrevistados prefere os produtos ou serviços de empresas que estejam envolvidas em atividades de RS, ambiental, em países bem desenvolvidos, essa porcentagem aumenta ainda mais em países desenvolvidos (NETO E BRENNAND, 2004). Fornecedores são aqueles que fornecem matéria-prima ou qualquer produto necessário para o andamento das funções empresariais, inclusive dinheiro. Concorrentes são aqueles que competem para conseguir os mesmos clientes, para abrir um diferencial para os consumidores, inclusive abrindo canais de comunicação com eles, para que esses possam expressar suas opiniões (KAKOTLI E ARAGÃO, 2005). A empresa Alcoa busca também não prejudica tantoo meio ambiente, buscando desenvolver suas atividades de forma inteligente e proativa. Sobre resíduos, efluentes e emissões a Alcoa tem a seguinte posição: Assinou uma carta, onde se compromete voluntariamente com esforços na redução dos impactos, mas mudanças climáticas (GUTIERRES, 2010). Uma tendência de mercado interessante neste tema, é que muitas empresas, ao invés de fazerem todas as funções que antes faziam, têm a necessidade de contratar, outras para que isso seja feio. Isso leva à necessidade de novas empresas no mercado, mas não faz com que a empresa deixe de ter que se preocupar com as questões de responsabilidade social e ambiental, pois se as empresas contratadas, também não estiverem adequadas à responsabilidade social e ambiental, pode prejudicar sua 37 imagem no mercado e ser mal vista por seus clientes e consumidores (TACHIZAWA, 2005). No ambiente externo encontram-se consumidores, concorrentes, fornecedores, governos, enfim, tudo que atinge a empresa, mas não está dentro dela e isso é chamado de mercado (KAKOTLI E ARAGÃO, 2005). A empresa Alcoa, também participou e participa de projetos e debates envolvendo as mudanças climáticas e vem trabalhando em seus projetos, tentando reduzir ao máximo os efeitos negativos ambientais, além de tratar com muita atenção as questões socioeconômicas e ambientais das comunidades com que trabalha. Foram desenvolvidas doze metas sobre questões ambientais e sociais, elaboradas a partir do âmbito mundial, a estratégia global de 2010, onde se contempla a redução do consumo de água e de energia, reaproveitamento e reciclagem de resíduos e a diminuição das emissões de gases (GUTIERRES, 2010). Recentemente, a Nike pressionou seus fornecedores a obedecerem os padrões pelo esforço em monitoramento e inspeção [...] São inspeções pré-produção nas fábricas para ver se eles estão de acordo com os padrões Nike para um local de trabalho limpo e saudável, relações respeitosas entre trabalhadores e gerência, salários dignos e condições de trabalho, além da idade mínima para trabalhar (OLIVEIRA, 2008, p. 89). Essas mudanças no comportamento das empresas são causadas pelas alterações de valores da cultura empresarial e pelas mudanças de pensamento. Antes o crescimento econômico era o mais importante, hoje a ideologia de sustentabilidade está se incorporando nas organizações (TACHIZAWA, 2005). 2.5.3 Terceiro setor O terceiro setor não se contrapõe ao governo nem ao mercado e é muito lucrativo porque gera emprego e movimenta recursos. A economia social, como ele cita, gera visibilidade na empresa e, conseqüentemente, mais venda e mais lucro. Essas 38 organizações que na verdade são do segundo setor têm características peculiares como trabalho voluntário, desenvolvimento sustentável e parcerias com ONGs, entidades entre outras (NETO e BRENNAND, 2004). O terceiro setor são empresas sem fins lucrativos que contam com empresas do primeiro setor (governo) e segundo setor (empresas privadas) para desenvolverem trabalhos que envolvam as áreas política, econômica, social e cultural no meio em que se localizam. Às vezes empresas privadas além de assumirem o papel de empresas do terceiro setor em países subdesenvolvidos, por causa do desinteresse do governo, também apoiam entidades existentes. Tanto em países subdesenvolvidos como em países desenvolvidos, associações, fundações e ONGs ajudam a sociedade a se desenvolver. Mas o governo também tem sua responsabilidade em fiscalizar leis, executá-las, criar e implantar projetos para o bem geral da sociedade (ZARPELON, 2006). Terceiro setor são ONGs e organizações sem fins lucrativos que servem para ajudar os mais necessitados. Primeiro setor seria o estado, segundo setor, são as empresas privadas. (GOMES e MORETTI, 2007) Associações são organizações cuja finalidade é defender os interesses se seus membros, associações de moradores, por exemplo (OLAK e NASCIMENTO, 2008). Para Szazi (2003), associação é a criação de uma pessoa jurídica que vem de união de pessoas e suas idéias sem fins lucrativos e sociedade civil tem finalidade de lucro e é formada por pessoas que regulamentam profissões como a de advogado, por exemplo. O código civil não faz diferença entre sociedade civil e associação. Fundações privadas são uma categoria de conotação essencialmente legal. A criação de uma fundação se dá, segundo o código civil brasileiro, pelo instituidor, que, através de uma escritura ou testamento, destina bens livres, especificando o fim a ser alcançado (OLAK e NASCIMENTO, 2008). Associação é a constituída sem fins lucrativos quando ligada ao terceiro setor, porém pode ter atividades econômicas, sendo o lucro aplicado na própria instituição. Já as fundações empresariais são chamadas também de “cidadania empresarial” ou “filantropia empresarial”. São chamadas assim, pois são ligadas a alguma empresa e consideradas do terceiro setor (ALBUQUERQUE, 2006). 39 Instituto não é de espécie jurídica, pode ser governamental e não governamental, com ou sem fins lucrativos e pode ser fundação ou associação. Quando usado em forma de instituto geralmente está ligado a educação e pesquisa ou produção científica (SZAZI, 2003). 2.6 SUSTENTABILIDADE Macieira, em uma reportagem, fala sobre como conquistar os clientes e fazer com que voltem sempre a sua empresa e uma das questões é responsabilidade social. Consumidores estão cada vez mais exigentes com as empresas, não compram de empresas que, por exemplo, exploram a mão de obra infantil ou têm parte com corrupção. Em uma organização responsável percebe-se que seus clientes tendem a levar outros clientes, prestam menos atenção na concorrência, enfim, voltam sempre. (MARCIEIRA, 2002) Um bom exemplo de uma empresa sustentável é a BASF, que está há cinco anos entre as 150 melhores empresas para se trabalhar. Isso acontece porque busca uma gestão de recursos humanos baseada no desenvolvimento das pessoas e no diálogo. O capital humano tem que se auto-desenvolver e essa organização faz de tudo para isso. O colaborador é preparado para crescer e se desenvolver profissional e pessoalmente (GUTIERRES, 2011). Cidadania é a prerrogativa do cidadão de ter direitos e estes são regulamentados por leis que regem o comportamento das pessoas, uma conquista que vem sendo melhorada a cada dia e que remonta aos tempos bíblicos. As pessoas em sua maioria investem no social por motivos humanitários, mas, geralmente, o presidente de grupos de instituições, fundações e empresas, convence as empresas ou a maioria delas a investir em responsabilidade social, por causa dos benefícios fiscais que são muitos tanto os aprovados, quanto aos que estão em faze de aprovação (GOMES E MORETTI, 2007). 40 As empresas têm buscado, por causa das pressões da sociedade e diante da escassez de recursos naturais, investimentos em um crescimento sustentável de maneira que todos saiam ganhando, por meio de maneiras menos agressivas de se utilizar o solo, da promoção da inclusão social, trazendo pessoas à realidade do mundo econômico, transformar as cidades em lugares habitáveis, envidando esforços para a produção de energias limpas e alternativas, realizando mais investimentos na educação, para a obtenção de um melhor crescimento sustentável ambiental, econômico e social. (FILHO, 2010) Sustentabilidade é primordial para a BASF, e esse tema esta incutido em seus valores e princípios. Atualmente foi organizado um comitê para o Brasil, para se discutirem ações. Responsabilidade social corporativa, sucesso econômico e proteção ambiental fazem parte do diferencial da empresa, o mundo está mudando e a exigência dos consumidores também e isso faz com que com o passar do tempo a cultura de sustentabilidade vá se incorporando às organizações. (GUTIERRES, 2011). A Kapeh cosméticos, é um exemplode empresa sustentável brasileira, que com muita garra e determinação conseguiu, através de uma idéia inovadora, se transformar em uma reconhecida empreendedora mundial. Suas fazendas de café têm uma produção estratégica, contando com uso sustentável dos recursos, para obtenção do melhor produto e ter competitividade, além de se preocupar com a proteção ao meio ambiente, não prejudicando espécies em extinção, plantando árvores e respeitando todo o meio ambiente que está em volta do processo produtivo. Além disso, dedica grande respeito ao ser humano, cuidando das famílias dos trabalhadores, garantindo seus direitos trabalhistas e dando-lhes boas condições de trabalho (KAPEH COSMÉTICOS, on line, 2011). A sustentabilidade ecológica refere-se ás ações para aumentar a capacidade de carga do planeta e evitar danos ao meio ambiente causados pelos processos de desenvolvimento, por exemplo, substituindo o consumo de recursos não-renováveis, reduzindo as emissões de poluentes, preservando a biodiversidade, entre outras. (BARBIERI E CAJAZEIRA, 2009, p.67) Empresa como negócio é caracterizada como uma instituição sem preocupação com o social, o importante é o lucro. Empresa como organização social começa a ser 41 identificada no momento que ela começa a entender que não está sozinha, ou seja, que existem stakeholders e que ela precisa conviver harmoniosamente com todos. Empresa cidadã é aquela que incorpora a idéia de constituir instituto ou fundação como meio de apoiar a comunidade e que o lucro é um ganho por sua eficácia. Esta modalidade de empresa, além dela ser cidadã se preocupa com os resultados que está tendo em relação à sociedade (IOSCHPE, et al, 2000). 42 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO O propósito do projeto irá descrever o que é responsabilidade social, o que é ação social, relacionar com este tema, ética, sustentabilidade e responsabilidade social interna que é o que uma empresa do ramo de confecção em Cianorte no Paraná, esta fazendo na questão de responsabilidade social, descrever seus projetos e ações sociais internos. Para isso estará sendo feita a busca constante e exaustiva em bibliografias, que possam dar base para a explanação do tema, assim como sites de pesquisa e periódicos. 3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA Segundo Gil (2006) a pesquisa que irá ser realizada se enquadra na pesquisa de campo, pois estará se escolhendo um setor específico da empresa no caso, recursos humanos para se fazer uma entrevista informal com o responsável dessa área e extrair dele as respostas para os questionamentos feito, descritiva, pois estarão descrevendo como essa empresa realiza atividades de cunho de responsabilidade social interna, ou seja, voltada para seus colaboradores e como isso é usado como fator competitivo para a empresa, tanto em treinamento como em qualidade de vida e qualitativa, pois a material colhido para análise será as respostas adquiridas desta entrevista, onde a técnica de análise será através de conteúdo que será respondido nesta entrevista. As perguntas serão abertas onde o entrevistado terá a possibilidade de estar respondendo as questões, caso acha necessidade, poderá estar consultando outras áreas do grupo Morena Rosa, para estar respondendo a alguma questão que achar mais complexa, isso é uma entrevista de profundidade, segundo Roesch, Becker e 43 Mello (2009), se enquadra também na pesquisa qualitativa, onde a analise de dados será feito através das respostas adquiridas. 3.3 PLANOS DE ANALISE DOS DADOS As respostas adquiridas serão analisadas uma a uma e assim será feito uma analise para saber se a algo a ser mudado, melhorado e também será elogiado quando a verificação feita for satisfatória e existir uma excelência na atividade exercida. 44 4. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA Morena Rosa é uma empresa de confecção localizada no noroeste do Paraná, na cidade de Cianorte, emprega 1,7 mil funcionários diretos e produz 200 mil peças mensalmente, com quatro marcas: Morena Rosa, Maria Valentina, Zinco e Joy. Foi fundada em 1993 e nesses 17 anos vem crescendo como empresa com bons resultados financeiros e também como empresa cidadã, pagadora de impostos e remunerando com responsabilidade seus colaboradores, com os quais mantém um bom contato, além de valorizar seus fornecedores e clientes. Mostra-se também preocupada com questões ambientais e já foi ganhadora de prêmio como uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil. É hoje uma potência brasileira e motivo de orgulho para os paranaenses. Empresa com valores e conceitos, tem como Negócio: Moda com elegância, jovialidade, brasilidade e ousadia através de produtos diferenciados. MISSÃO Tem como missão garantir sucesso aos nossos clientes, oferecendo produtos e serviços com qualidade e conforto a um preço competitivo, obtendo lucratividade através de colaboradores motivados e qualificados. VISÃO Ser o melhor e mais rentável grupo de moda do Brasil, atuando com postura ética e responsabilidade social. 45 VALORES Ambiente de respeito ao indivíduo e ao profissional, valorização dos recursos humanos, responsabilidade social, compromisso com o desenvolvimento comunitário, elevados padrões de ética, competência e seriedade e satisfação dos funcionários, fornecedores e clientes (GRUPO MORENA ROSA, on line, 2010.) 4.1 INSTITUTO MORENA ROSA O Instituto Morena Rosa é uma idéia do grupo Morena Rosa para dar sustentabilidade às suas ações. Foi fundada em 2006 em forma de associação sem fins lucrativos em Cianorte (PR). Esse Instituto recebeu o ”título de Utilidade Pública Municipal e a qualificação federal de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). MISSÃO Atuar na comunidade de maneira responsável, criando um ambiente propício para o desenvolvimento humano. NOSSA VISÃO Ser referência de ética e orgulho na comunidade, promovendo a transformação da sociedade como um todo. 46 VALORES Ética, humildade, excelência, respeito e responsabilidade no empreendedorismo (INSTITUTO MORENA ROSA, on line, 2011). 4.2 PROJETOS DO INSTITUTO MORENA ROSA O instituto Morena Rosa, que faz parte do Grupo Morena Rosa, tem vários programas de responsabilidade social que abrangem saúde integral, educação, cultura, esporte e lazer e, por fim, meio ambiente. 4.2.1 Educação 4.2.1.1 Projeto Escola Construindo Saber É uma escola que atende crianças de um ano e seis meses a seis anos, em período integral, onde além de fornecerem um ensino de conformidade com orientações do MEC, oferece lanche, esporte, cultura, enfim, tudo o que é necessário para o bom desenvolvimento dessas crianças. Filhos de funcionários e comunidade carente fazem parte do quadro de alunos. São oferecidas 75 vagas. 4.2.1.2 Treinamentos, palestras e cursos Para funcionários e familiares o Instituto Morena Rosa, juntamente com o setor de recursos humanos do grupo Morena Rosa oferecem cursos das mais diversas áreas, possibilitando assim um crescimento profissional e pessoal a todos os participantes. 47 4.2.2 Saúde Integral 4.2.2.1 Programa de Assistência (PAS) O PAS é um programa de saúde que oferece às pessoas associadas direito a uma boa orientação, consultas e exames nas várias áreas da medicina, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida. 4.2.2.2 Unidade Móvel de Atendimento É um ônibus adaptado onde acontecem consultas
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