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SEMINÁRIO RINORRÉIA (1)

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SEMINÁRIO RINORRÉIA 
Isabelle Marques Freire - 142 Grupo D - Otorrino 
 
CASO CLÍNICO 1 
Paciente de 24 anos, referindo rinorréia bilateral há 03 dias, odinofagia, e cefaléia difusa. 
1. O que é clinicamente uma rinossinusite. Quais são os seus sinais e sintomas. 
A rinossinusite ocorre devido a um processo inflamatório da mucosa de revestimento 
da cavidade nasal e dos seios paranasais e é caracterizada por 2 ou mais sintomas, sendo um 
deles obstrução/congestão/bloqueio nasal ou rinorreia (anterior ou posterior). Esses 
sintomas podem ou não vir acompanhados de dor/pressão facial e/ou redução ou perda do 
olfato. Além disso, pode haver a presença de sinais endoscópicos de pólipos nasais, rinorreia 
purulenta em meato médio, edema de mucosa ou obstrução primária do meato médio, 
alterações tomográficas mostrando bloqueio do complexo óstio meatal e/ou dos seios 
paranasais. 
2. Classifique os tipos de rinossinusite de acordo com o tempo de evolução e com a 
etiologia. 
De acordo com o tempo de evolução, a rinossinusite pode ser classificada em aguda 
ou crônica. Os casos de rinossinusite aguda são aqueles em que a duração é ≤ 12 semanas e 
em que o quadro desaparece completamente após o tratamento. Já os casos crônicos são 
aqueles em que a duração é maior do que 12 semanas e não há resolução completa dos 
sintomas, estando o paciente sujeito a exacerbações. 
De acordo com a etiologia, a rinossinusite pode ser classificada em: 
• Viral → duração dos sintomas ≤ 10 dias 
• Pós viral → aumento dos sintomas após 5 dias ou sintomas persistentes depois 
de 10 dias 
• Bacteriana → presença de pelo menos 3 dos seguintes sinais/sintomas: 
rinorreia purulenta (predomínio unilateral), dor facial exuberante (predomínio 
unilateral), febre (>38ºC), VHS/PCR elevadas, agravamento da rinossinusite 
após uma melhora (double sickening) 
3. Qual é o seu diagnóstico neste caso, justifique. 
Como o paciente apresenta sintomas de rinorréia e cefaleia difusa por menos de 10 
dias e sem nenhuma característica de infecção bacteriana, o diagnóstico mais provável é uma 
rinossinusite aguda viral. 
4. Qual é a sua conduta. 
Como trata-se de um caso viral, o tratamento consiste no alívio dos sintomas com 
irrigação nasal salina, descongestionantes, compostos herbais selecionados (fitoterápicos: 
Kaloba, Kungan), combinação de anti-histamínicos analgésicos-descongestionantes, brometo 
de ipratrópio, aspirina/AINE’s e acetaminofeno (paracetamol). Caso haja uma piora do quadro 
ou o paciente não tenha melhora em 10 dias de tratamento, pode-se adicionar um corticóide 
tópico. Se não houver melhora após 14 dias de tratamento, o ideal é referenciar o paciente. 
 
CASO CLÍNICO 2 
Paciente de 43 anos, apresentando rinorréia amarelada bilateral há 3 semanas, congestão 
nasal, febre baixa e tosse. Refere início após “gripe” que não melhorou. 
1. Qual é a sua hipótese diagnóstica? 
Rinossinusite aguda pós viral. 
2. Quais são os sinais e sintomas potenciais para uma rinossinusite aguda bacteriana. 
Os sinais e sintomas potenciais para uma rinossinusite aguda bacteriana são: rinorréia 
purulenta (predomínio unilateral), dor facial exuberante (predomínio unilateral), febre acima 
de 38º C, VHS/PCR elevadas ou agravamento da rinossinusite após uma melhora (double 
sickening). Basta a presença de 3 ou mais destes sinais e sintomas para caracterizarmos uma 
rinossinusite aguda bacteriana. 
3. Baseado nesta hipótese, qual seria a conduta? 
A conduta ideal é realizar um alívio sintomático com corticoesteroides tópicos por 7 a 
14 dias, além de irrigação nasal salina, compostos herbais selecionados (fitoterápicos: Kaloba, 
Kungan), aspirina/AINE’s e acetaminofeno (paracetamol). Se após 14 dias não houver 
melhora, o paciente deve ser referenciado para um especialista. 
4. Descreva a forma grave de rinossinusite fúngica invasiva. 
A rinossinusite fúngica (RSF) corresponde à inflamação da mucosa nasossinusal 
causada por diferentes espécies de fungos, sendo mais prevalentes em diabéticos ou 
imunocomprometidos. As infecções fúngicas das cavidades paranasais podem ser 
comumente divididas em duas categorias distintas: não invasivas e invasivas; Rinossinusite 
Fúngica Invasiva Aguda (Fulminante) (RFIAF); Rinossinusite Fúngica Crônica Invasiva (RFCI); 
Rinossinusite Fúngica Granulomatosa Invasiva (RFGI). A forma grave de rinossinusite fúngica 
invasiva é a RFIAF, tendo como característica principal a apresentação aguda e início muito 
agressivo e progressão rápida dos sintomas, ou seja, em menos de 4 semanas, sendo 
comumente visto em imunodeprimidos, crianças com neutropenia, neoplasias 
hematológicas, diabetes descontrolado, quimioterapia ou imunossupressão para receptores 
de órgãos transplantados. O exame histopatológico mostra invasão de hifas nos vasos 
sanguíneos, o que leva à vasculite, hemorragia e infarto. Os microorganismos mais 
comumente identificados são o Aspergillus sp, ou fungos da classe zigomicet. O tratamento 
baseia-se na retirada cirúrgica do material necrótico (desbridamento cirúrgio), anfotericina B 
intravenosa (antifúngico sistêmico) e controle da doença de base. 
 
CASO CLÍNICO 3 
Paciente de 10 anos é atendido por você em UPA com quadro iniciado há 2 dias de febre, 
inchaço e vermelhidão em pálpebra superior esquerda, exoftalmia, visão dupla, rinorréia 
bilateral e febre alta. Mãe relata que ele apresenta obstrução nasal e tosse produtiva 
noturna há cerca de 4 semanas. 
1. Quais são suas hipóteses diagnósticas? 
A principal hipótese é um caso de rinossinusite aguda severa, provavelmente 
bacteriana com sinais de complicação (edema e eritema periorbitário, exoftalmia e diplopia) 
2. Qual seria sua conduta neste caso? 
A conduta ideal para este caso seria a referência imediata para o hospital com serviço 
de otorrinolaringologista devido a potencial de complicações da Rinossinusite Aguda, que 
necessitam de avaliação e tratamento imediato por otorrinolaringologista e, eventualmente, 
por oftalmologista, pediatra e neurocirurgião. 
3. Quais são os critérios para a referência imediata segundo o Epos ? 
Os critérios para referência imediata são: edema/eritema periorbital, exoftalmia, 
diplopia (visão dupla), oftalmoplegia, redução da acuidade visual, cefaleia severa unilateral 
ou frontal bilateral, edema frontal e sinais meníngeos ou sinais neurológicos. 
4. Qual seria sua atitude caso atendesse esta criança em um hospital terciário com 
serviço de Otorrinolaringologia. 
A conduta correta nesse caso seria a hospitalização da criança, realização de 
endoscopia nasal, cultura com antibiograma, exames de imagem (TC) e antibióticos 
endovenosos (Amoxicilina + ácido clavulânico 875/125mg por 10 dias ou Axetilcefuroxima 
250 mg por 10 dias, macrolídeos como a Azitromicina 500mg 3 dias ou Claritromicina 500mg 
por 14 dias e quinolonas como Moxifloxacina 400mg por 7dias ou Levofloxacina 750mg por 5 
dias). É necessário também associar com corticoides tópicos e lavagem nasal com solução 
salina. Se esse paciente não evoluir bem em 24/48 horas, pode ser necessária a realização de 
uma cirurgia.

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