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UNIVERSIDADE FUMEC FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO – FEA Isabela Rodrigues Chaves TRABALHO DE CURSO II: Haras Mangalarga Marchador de Aiuruoca Dr. Reginaldo Magalhães de Almeida Belo Horizonte, Dezembro/2018 Isabela Rodrigues Chaves TRABALHO DE CURSO II: Haras Mangalarga Marchador de Aiuruoca Trabalho da disciplina Trabalho de Curso II apresentado à Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade Fumec, como requisito parcial para a conclusão do Curso – Arquitetura e Urbanismo. Dr. Reginaldo Magalhães de Almeida Belo Horizonte, Dezembro/2018 _____________________________________________________________ Isabela Rodrigues Chaves e assinatura HARAS: Mangalarga Marchador de Aiuruoca _______________________________________________________ Reginaldo Magalhães de Almeida Universidade Fumec _______________________________________________________ Prof (a). Convidado (a) Universidade Fumec _______________________________________________________ Prof (a). Convidado (a) Universidade Fumec _______________________________________________________ Róccio Rouver Rosi Pires Belo Horizonte, Dezembro/2018 RESUMO Este trabalho visa demonstrar todos os critérios a serem seguidos para o projeto arquitetônico e paisagístico de um haras agregado a um centro de eventos. Para a implantação do projeto foi escolhido o município de Aiuruoca, em Minas gerais, que além de possuir grande parte de sua economia ligada ao agronegócio, encontra- se no berço de criação do Mangalarga Marchador. No Brasil, a criação do cavalo Mangalarga Marchador cresce consideravelmente a cada ano, trazendo movimentações econômicas que ultrapassam a casa dos bilhões. O projeto visa a funcionalidade, sustentabilidade, economia e o bem-estar do animal, funcionários e usuários do local. Para realização do trabalho foram buscadas informações em bibliografias de criações e manejo dos equinos, também foram feitas visitas in loco onde foi feito o registro fotográfico de toda a área, com análise e coleta de dado que possa influenciar na implantação no projeto. Nos estudos de caso, foram analisados projetos de arquitetos nacionais e internacionais, dando ênfase na fluidez dos espaços e tipologias existentes nesse tipo de edificação, como informações técnicas e materiais utilizados. Com base nas informações coletadas o projeto arquitetônico do haras foi desenvolvido, seguindo todos os parâmetros de uso e ocupação do solo do município, além de informações técnicas que vão garantir o bem-estar das pessoas e animais, para garantir uma boa funcionalidade do espaço foi pensado numa setorização dividida em 3 setores. Palavras-Chave: Mangalarga Marchador. Centro de eventos. Funcionalidade. Sustentabilidade. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Mapa 01 – Localização de Aiuruoca em Minas Gerais, tendo como referência à cidade de Belo Horizonte ..........................................................................11 Mapa 02 – Localização do bairro Ponte Alta no município de Aiuruoca ......12 Figura 01 – Contorno do terreno no bairro Ponte Alta e acessos ................12 Figura 02 – Estrutura inadequada do Haras atual ........................................12 Figura 03 – Contabilização de Haras registrados em municípios lindeiros à Aiuruoca........................................................................................................ 15 Figura 04 – Pavilhão de baias no Complexo Humano da Ventania ............. 16 Figura 05 – Espaço de eventos no Complexo Humano da Ventania ........... 16 Figura 06 – Área de pista no Complexo Humano da Ventania .................... 17 Figura 07 – Imagens tridimensionais de diversos ângulos do terreno escolhido para realização do projeto .............................................................................18 Quadro 01 – Quadro de condicionantes Zona Rural Agrícola de Aiuruoca- Minas Gerais ................................................................................................ 21 Figura 08 – Diagrama da topografia do terreno em degradê e curvas a cada 5 metros............................................................................................................25 Figura 09 – Gestão de recursos hídricos de Minas Gerais com ênfase no Alto Rio Grande ....................................................................................................26 Figura 10 – Rede de drenagem de Aiuruoca, com ênfase na Ponte Alta .... 26 Gráfico 01 – Rosa dos Ventos ...................................................................... 27 Gráfico 02 – Variação da velocidade média do vento com a hora do dia..... 28 Figura 11 – Temperatura média anual no estado de Minas Gerais.............. 28 Gráfico 03 – Média de temperatura mensal (°C) .......................................... 29 Gráfico 04 – Gráfico de umidade relativa com média mensal em % ............ 29 Gráfico 05 – Gráfico de precipitação mensal ................................................ 30 Gráfico 06 – Pirâmide etária........................................................................... 31 Gráfico 07 – Matrículas no período de 2005 a 2015 ......................................32 Quadro 02 – Estrutura e instalações mínimas de centros equestres..............34 Figura 12 – Baias individuais para cavalos .................................................... 35 Fluxograma 01 – Sistema básico de organização funcional de um haras ..... 39 Figura 13 – Imagem aérea da implantação do Haras Aiuruoca .................... 40 Figura 14 – Diagrama de acessos ................................................................. 40 Figura 15 – Acesso ao Haras Aiuruoca ..................................................... 40 Figura 16 – Setorização do Haras Aiuruoca .............................................. 41 Figura 17 – Vista dos piquetes .................................................................. 41 Figura 18 – Desembarcador ...................................................................... 41 Figura 19 – Pomar ..................................................................................... 42 Figura 20 – Área de redondel .................................................................... 42 Figura 21 – Pista ao ar livre ....................................................................... 42 Figura 22 – Ferração .................................................................................. 42 Quadro 03 – Estimativa de áreas do haras ................................................ 42 Figura 23 – Área de lanchonete ................................................................. 43 Figura 24 – Sanitário .................................................................................. 43 Figura 25 – Área de cavalariça monstrando elementos construtivos ........ 43 Quadro 04 – Estimativa de áreas do Haras Polana ................................... 45 Figura 26 – Implantação Haras e Centro Hípico Polana ............................ 45 Figura 27 - Pista de areia com cocheiras e pavilhão ao fundo .................. 46 Figura 28 – Pavilhão de cocheiras térreo; mirante e subsolo .................... 47 Figura 29 – Planta térreo cocheiras ........................................................... 47 Figura 30 – Planta subsolo cocheiras ........................................................ 47 Figura 31 – Corte AA das cocheiras .......................................................... 48 Figura 32 – Corte BB das cocheiras .......................................................... 48 Figura 33 – Cocheiras Haras Polana ......................................................... 48 Figura 34 – Corte transversaldo pavilhão de leilões e restaurante ........... 49 Figura 35 – Pavilhão de leilões e restaurante do Haras Polana ................ 49 Figura 36 – Estábulo de Pólo Figueras e campos de pólo ........................ 50 Figura 37 – Implantação Estábulo de Pólo Figueras ................................. 50 Figura 38 – Planta baixa Estábulo de Pólo Figueras ................................. 51 Figura 39 – Maquete em planta do Estábulo de Pólo Figueras ................. 51 Figura 39 - Imagens gerais do Estábulo de Pólo Figueras ....................... 52 Figura 40 – Hípica Ibirapitanga .................................................................. 53 Figura 41 – Imagens gerais do projeto da Hípica Ibirapitanga .................. 53 Quadro 05 – Resumo dos estudos de caso .............................................. 55 Quadro 06 – Descritivo pavilhão de eventos ............................................ 57 Quadro 07 – Descritivo pavilhão de baias privadas .................................. 58 Quadro 08 – Descritivo pavilhão de baias de visitantes ............................ 59 Quadro 09 – Descritivo de segurança e apoio .......................................... 59 Quadro 10 – Descritivo das áreas externas .............................................. 59 Quadro 11 - Cálculo do consumo de capim e das áreas de capineiras .... 60 Quadro 12 – Resumo das áreas do programa .......................................... 60 Gráfico 08 – Resumo das áreas do programa .......................................... 61 Organograma 01 – Divisão dos setores principais em subsetores ........... 61 Fluxograma 02 – Haras Mangalarga Marchador ....................................... 62 Quadro 13 – Objetivos e estratégias ......................................................... 63 LISTA DE SIGLAS ABCCMM – Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador CBMMG – Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais CRMV – Conselho Regional de Medicina Veterinária FUMEC – Fundação Mineira de Educação e Cultura IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IT – Instruções Técnicas NBR – Normas Brasileiras PIB – Produto Interno Bruto PSCIP – Projeto de Segurança Contra Incêndio e Pânico SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus ZRA – Zona Rural Agrícola http://site.suframa.gov.br/ SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 1.1 Objetivos específicos ....................................................................................... 13 2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 14 3. ANÁLISE DE CONDICIONANTES LEGAIS ......................................................... 20 3.1. Plano Diretor de Desenvolvimento do município de Aiuruoca – Lei nº2210/2007 ........................................................................................................... 20 3.2. NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos .................................................................................................................. 22 3.3. Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais .................................................. 22 3.4. Haras .............................................................................................................. 23 3.5. Centro de eventos, exposições e leilões ......................................................... 24 4. ANÁLISE DE CONDICIONANTES FÍSICO-AMBIENTAIS E URBANAS............. 25 4.1. Aspectos topográficos ..................................................................................... 25 4.2. Aspectos hidrológicos e de drenagem ............................................................ 25 4.3. Aspectos climáticos ......................................................................................... 27 4.3.1. Direção dos ventos ................................................................................... 27 4.3.2. Temperaturas médias ............................................................................... 28 4.3.3. Variação de umidade ................................................................................ 29 4.3.4. Regime pluviométrico ............................................................................... 30 4.3.5. Aspectos viários ........................................................................................ 30 4.3.6. Aspectos socioeconômicos ....................................................................... 31 5. ESTRUTURA DE UM CENTRO EQUESTRE ....................................................... 33 5.1 A escolha do local ............................................................................................ 33 5.2 Medidas da propriedade .................................................................................. 33 5.3 Atividades e instalações ................................................................................... 34 5.4. Condicionantes que garantem um bom funcionamento de um centro equestre ............................................................................................................................... 34 5.5. Cavalariças ..................................................................................................... 34 5.6. Baias ............................................................................................................... 35 5.7. Tipo de piso para baias ................................................................................... 36 5.8. Local de tratamento/enfermaria ...................................................................... 37 5.9. Local de banho/limpeza e tosa........................................................................ 37 5.10. Depósitos ...................................................................................................... 38 5.11. Administração ............................................................................................... 38 5.12. Alojamento para funcionários ........................................................................ 38 5.13 Haras – Mangalarga Marchador de Aiuruoca................................................. 38 6. ANÁLISE DE SITUAÇÕES ANÁLOGAS ............................................................. 39 6.1. Obra visitada ................................................................................................... 39 6.1.1. Haras Aiuruoca ......................................................................................... 39 6.2. Referência funcional ....................................................................................... 44 6.2.2. Haras e Centro Hípico Polana .................................................................. 44 6.3. Referência arquitetônica ................................................................................. 49 6.3.3. Estábulo de Polo Figueras ........................................................................ 49 6.3.4. Hípica Ibirapitanga .................................................................................... 53 6.4. Conclusão obras análogas .............................................................................. 54 7. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 56 7.1 Conceito e partido arquitetônico....................................................................... 56 7.2 Programa de necessidades ............................................................................. 56 7.3 Organograma ................................................................................................... 61 7.4 Fluxograma...................................................................................................... 62 7.5 Quadro de objetivos/Estratégias ...................................................................... 63 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 63 9. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 64 11 1. INTRODUÇÃO Este presente trabalho, desenvolvido para a disciplina de Trabalho de Curso da Universidade Fumec, tem como objetivo desenvolver uma estrutura edílica e paisagística para proporcionar suporte à criação e exposição de equinos, e que proporcione uma boa ambiência e qualidade aos usuários e animais. O projeto contará com um centro de eventos, atendendo às necessidades da região onde se encontra e também à demanda de eventos da raça, tais como leilões e exposições. Como local de implantação do projeto, foi escolhido o município de Aiuruoca, em Minas Gerais, no berço da raça Mangalarga Marchador. Nela surgiram os primeiros exemplares e onde a criação de cavalos Mangalarga dá-se de forma natural e em grande escala. Sendo assim, tal instalação busca atender, como público alvo, moradores da região, criadores e amantes da raça Mangalarga Marchador. (MAPA 01) Mapa 01 – Localização de Aiuruoca em Minas Gerais, tendo como referência a cidade de Belo Horizonte Fonte: Adaptado de Studio Ajuru (2018). Procura-se realizar a implantação do projeto em uma área rural chamada Ponte Alta, que se encontra a 4km da área urbana de Aiuruoca. (MAPA 02) (FIG.01) 12 Mapa 02 – Localização do bairro Ponte Alta no município de Aiuruoca Fonte: Adaptado de Studio Ajuru (2018). Figura 01 – Contorno do terreno no bairro Ponte Alta e acessos Fonte: Google Earth, CNES/Airbus (2017). No local já existe um haras de criação da raça, em um terreno que possui 30ha (trinta hectares) de extensão, porém que não atende de forma adequada às necessidades de funcionalidade e fisiológicas dos equinos. Tal haras apresenta grandes problemas, que dificultam o manejo e o cuidado com os cavalos. (FIG. 02) Figura 02 – Estrutura inadequada do Haras atual. Fonte: A autora (2017). Segundo autores diversos, a tipologia arquitetônica a ser adotada no projeto do Haras, deve ser desenvolvida de forma a interferir de forma positiva na saúde do animal e na funcionalidade de manejo e cuidado com os mesmos. Busca-se modernização e fuga de padrões atuais, levando em consideração as necessidades básicas para que tal criação obtenha sucesso. Devem ser considerados, também, o clima e topografia do terreno. 13 A pesquisa bibliográfica para realização deste trabalho foi baseada em estudo de casos e em livros e sites sobre a raça e funcionalidade de um haras, conhecimento sobre hábitos dos cavalos e como trata-los. Será realizado um diagnóstico sobre Aiuruoca, a cidade de implantação das instalações, contemplando um breve histórico e um estudo sobre como se dá a economia do local. Posteriormente, depois da realização de um diagnóstico do terreno, serão apresentadas as principais premissas do projeto a ser desenvolvido. Sinteticamente, com um programa de necessidades bastante abrangente, a setorização do projeto de um haras deve ser bem definida de forma a evitar impactos negativos sobre a criação de animais, proporcionando conforto aos cavalos, funcionários e público usuário do local. Sendo assim, o projeto será dividido em setores privados (haras e administrativo) e setor público (espaço para eventos). 1.1 Objetivos específicos Evidenciar a grandeza da indústria de cavalos no Brasil e o desenvolvimento na criação de cavalos da raça Mangalarga Marchador, inserindo cada vez mais cavalos no mercado e incentivando a incentivando a sua utilização em esportes equinos. Enfatizar a importância de um espaço arquitetonicamente projetado levando-se em conta o bem-estar animal, a fim de minimizar os efeitos do confinamento sobre a saúde física e mental dos equinos estabulados; bem como a importância dos piquetes e áreas verdes planejadas para a socialização, relaxamento e exercício dos animais; locais esses que tem sido cada vez mais deixado de lado apesar de serem essenciais em se tratando de cavalos. Difundir novas ideologias sobre o bem-estar animal e o relacionamento entre homem e cavalo, baseadas no respeito, confiança, companheirismo e cumplicidade, a fim de que o homem tenha uma convivência mais harmoniosa e equilibrada com o cavalo, com a natureza e com ele mesmo. Mostrar a importância da interação com o cavalo e os benefícios obtidos pela convivência e parceria das duas espécies. 14 Mostrar como a arquitetura pode ser aplicada em busca de melhores resultados em instalações rurais e na criação de animais, incentivando seu uso nesse tipo de empreendimento. Utilizar como sistema construtivo a alvenaria convencional, buscando inovações sustentáveis no que diz respeito a economia de produtos não renováveis e aproveitamento dos elementos naturais. Desenvolver uma estrutura sustentável é aquela que economiza energia elétrica, estimula ventilação e iluminação naturais. Desenvolver um projeto paisagístico que componha de forma harmônica a estrutura do Haras, aproveitando a vegetação nativa da região. Proporcionar uma distribuição do programa que potencialize a exposição e criação dos equinos. 2. JUSTIFICATIVA A arquitetura rural brasileira constitui um universo a ser explorado. A autoria das edificações rurais, na maior parte, é dos proprietários ou de terceiros, sem formação acadêmica. Esse afastamento da academia resultou em falta de registros e relativo desconhecimento da arquitetura rural. A complexidade da Arquitetura Rural, de acordo com Mariotti (2000), corresponde à multiplicidade e à interação dos sistemas e fenômenos que compõem o mundo natural, e só pode ser compreendida por meio do pensamento complexo (sistema de pensamento aberto, abrangente e flexível) que procura enxergar as constantes mudanças da realidade sem negar as contradições, a aleatoriedade e as incertezas inerentes a qualquer contexto que se enfoca no mundo contemporâneo. Na criação de cavalos, o alto grau de especialização demanda de muito profissionalismo e rigor nas técnicas empregadas. Para tal possuir instalações bem planejadas, onde as atividades possam ser realizadas da melhor maneira possível, é uma necessidade fundamental (O PORTAL DO AGRONEGOCIO, [20--?]). A arte de projetar instalações para cavalos ainda é um tema incipiente no Brasil. Apesar dos inúmeros haras e hípicas que temos no país, alguns edificados nos mais finos acabamentos, pouco encontramos de material especializado no assunto que 15 levam em conta questões que vão desde a funcionalidade do espaço até segurança do usuário e animais. Através deste trabalho observa-se a possibilidade de especialização na área da arquitetura rural. Uma vez que, na região da cidade de Aiuruoca, encontra-se aproximadamente 300 haras registrados na ABCCMM (Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador), a maioria destes partiram de antigas fazendas que fizeram poucas ou nenhuma adaptação para receber animais da raça e os demais foram construídos e estruturados sem conhecimentos específicos sobre edificação e sua interação com o bem-estar do animal, dos usuários e de seu entorno, o que mostra a escassez de especialistas na área e a importância de sua existência. (FIG. 03) Figura 03 – Contabilização de Haras registrados em municípios lindeiros à Aiuruoca Fonte: ABCCMM (2018). Esta precariedade das estruturas leva a uma preocupação com o resultado que isso induz sobre o animal e os usuários, dificultandoo manejo, fluxos e o próprio desenvolvimento genético da raça, que é o principal objetivo dos criadores do cavalo Mangalarga Marchador. Observa-se que, apesar da grande demanda de haras registrados na ABCCMM existentes na região, há a ausência de espaços para realização de eventos da raça, sejam copas de marcha regionais, exposições ou leilões. Sendo somente um espaço destinado a este fim, em Cruzília, e tal estrutura encontra-se na contramão do que se espera de uma área para realização de eventos de grande porte como são considerados os eventos da raça. 16 No que diz respeito ao bem-estar do animal, nota-se a precariedade da estrutura de baias com piso e cobertura impróprios, dificuldade de manejo e fluxo de animais até a área de competições. Em relação a estrutura de eventos e bem-estar dos usuários, observa-se a precariedade da estrutura utilizada para leilões e exposições, onde há falta de planejamento principalmente em relação a disposição de ambientes e fluxos. Na área de pista, a arquibancada não possui cobertura, ficando totalmente exposta ao sol e muito pequena, não atendendo a demanda de público dos eventos. (FIG. 04) (FIG. 05) (FIG. 06) Figura 04 – Pavilhão de baias no Complexo Humano da Ventania Fonte: A autora (2018). Figura 05 – Espaço de eventos no Complexo Humano da Ventania Fonte: A autora (2018). 17 Figura 06 – Área de pista no Complexo Humano da Ventania Fonte: A autora (2018). A escolha do local de implantação do projeto, ocorreu sob influência histórica da raça a ser criada no haras em questão e também de sua própria história e economia. Aiuruoca é um pequeno município, situado no sul de Minas Gerais, com 6.257 habitantes (IBGE, 2014) e uma área territorial de 649.680km². Fisicamente o município encontra-se na região do Planalto Compartimentado da Serra da Mantiqueira. Com topografia bastante movimentada e temperaturas amenas durante praticamente todo o período anual, na classificação de Köppen, corresponde ao tipo “CWB” (Tropical de Altitude de Verões Suaves). No terreno escolhido para implantação do projeto existe a estrutura de um haras que não possui as funcionalidades necessárias para criação de cavalos da raça Mangalarga Marchador. Há uma considerável deficiência no que diz respeito ao manejo dos animais, fluxos cruzados e ausência de estruturas importantes, que ocasionam a falta de bem-estar dos equinos e de seus usuários, sendo totalmente descartada. O relevo da região é bastante movimentado, possui grande parte de seus terrenos com perfis acidentados e ondulados, sendo considerado plano apenas 5% de sua área. O município de Aiuruoca encontra-se em uma zona de transição entre o Planalto de Cruzília e a região da Mantiqueira. No terreno, é possível observar características de ondulação suave. Tal situação física é adequada para criação dos Mangalargas e facilita uma futura setorização e distribuição de atividades que influenciam diretamente na funcionalidade da estrutura. Nota-se proximidade com o 18 centro urbano do município e a rodovia principal que liga Caxambu a Juiz de Fora, facilitando, assim, o acesso ao mesmo. (FIG.07) Figura 07 – Imagens tridimensionais de diversos ângulos do terreno escolhido para realização do projeto Fonte: Google Earth, CNES/Airbus (2018). 19 A rede de drenagem do município é bem distribuída, faz parte da bacia do Rio Grande. O Rio Aiuruoca (cuja nascente é a mais alta do País, com 2450m de altitude e localizada no Pico do Itatiaia) tem o curso no sentido sul-norte, banhando a sede municipal. O Rio Angaí, que percorre as áreas, central e norte do município, tem como tributários principais o Ribeirão das Posses e o Ribeirão do Maia. O solo da região é formado por rochas ígneas ácidas, e que registram ocorrências de granada, titânio, calcário e fosfato. Tal característica favorece o plantio de capineiras, já que após a aração e gradagem da terra é preciso aplicar calcário, que neste caso não se faz necessária devido à pré-existência deste mineral no solo. A revista “Equestrian Quarterly” produziu uma reportagem a partir de uma entrevista realizada com os melhores arquitetos da área equestre para entender a diferença entre um empreendimento equestre bem concebido de uma estrutura simplesmente bonita. A primeira conclusão a que chegaram foi que o conceito de uma estrutura ecológica vai muito além do uso de painéis solares e reutilização de água. Uma estrutura sustentável é aquela que economiza energia elétrica, estimula ventilação e iluminação naturais. Arquitetos explicam o processo a ser seguido para ter êxito na criação do projeto de um haras. O primeiro passo é visualizar a instalação como um todo. Segundo o arquiteto John Blackburn (2013): O planejamento adequado pode reduzir significativamente os custos da obra: Menos estradas/ ruas/ acessos, menos cercas, um sistema de drenagem otimizado e a garantia de que toda a implantação, não apenas as cocheiras de cavalo, mas toda a coleção de estruturas no local, operem com eficiência e segurança. (Equestrian Quarterly, Summer 2013, Amazing barns p. 73) Logo, o planejamento eficiente economiza tempo e, portanto, dinheiro. Um bom design significa que ele requer menos passos para fazer a rotina diária, afluência, limpeza, economizando os custos do trabalho. Os estábulos devem funcionar como uma máquina e não somente como edificação. A localização geográfica é considerada o fator mais importante nas definições de materiais e métodos construtivos. Com clima tropical e temperaturas médias anuais de 20ºC, a ventilação natural deve ser privilegiada, possibilitando a ventilação cruzada 20 na cobertura e gradis vazados nas frentes das baias. A orientação da edificação de acordo com o vento e o sol deve ser levada em consideração de forma a capturar brisas de verão para produzir efeito de resfriamento. A alvenaria tem se mostrado solução com custo-benefício favorável, pois necessita de pouca manutenção e fornece maior segurança. Incialmente não é considerada a solução com custo mais baixo, porém, a longo prazo o custo é distribuído entre suas inúmeras vantagens. Este tipo de construção proporciona a possibilidade de construir diversas imagens e conseguir a aparência desejada para o projeto. O Plano Diretor vigente na cidade prevê, em cada agrovila, a criação de um espaço comunitário para reuniões e cursos de qualificação e requalificação profissional, que se ajusta à integração do projeto do haras composto por um centro de eventos amplo e completo, suprindo tal necessidade atualmente não atendida. 3. ANÁLISE DE CONDICIONANTES LEGAIS 3.1. Plano Diretor de Desenvolvimento do município de Aiuruoca – Lei nº2210/2007 O Plano Diretor de Desenvolvimento do município de Aiuruoca, tem como objetivo estabelecer regularização sobre a ocupação e o uso da propriedade visando, primordialmente, o desenvolvimento humano com qualidade, e uma cidade socialmente mais justa e ecologicamente equilibrada. O território municipal é organizado de acordo com os seguintes aspectos: agrovilas e sua configuração; macrozoneamento e perímetro urbano. As agrovilas constituem-se das aglomerações de povoados em torno de um centro de serviços públicos dotado de infraestrutura equivalentes ao espaço urbano, de forma a atender às demandas. O terreno escolhido para desenvolvimento do projeto, encontra-se em um povoado chamado Ponte Alta e compõe uma agrovila juntamente com os povoados: Coivaras, Furnas de Cima e Pedros. Dentro do macrozoneamento do município, o povoado constitui-se de uma Macro-zona Rural Agrícola, ZRA, que compreende a parcela do território na qual se desenvolvem as atividades agrárias representadas pelos cultivares e pela criação extensiva de animais ou pecuária, além de se permitir a existência de instalações de 21 pequeno porte destinadasao agronegócio, sejam elas industriais, comerciais e de serviços. Nesta parte do território também se admite a implantação de atividades de silvicultura, particularmente das espécies que resultem no maior valor econômico, desde que a sua transformação ou utilização se processe no Município. (QUADRO 01) Quadro 01 – Quadro de condicionantes Zona Rural Agrícola de Aiuruoca-Minas Gerais ZONA RURAL AGRÍCOLA - AGROVILA Agronegócio Admitido Tamanho mínimo do lote (m²) 500 Quota mínima área do terreno por unidade habitacional (m²) 500 Taxa de ocupação máxima (%) 20 Coeficiente de aproveitamento máximo 0,4 Número de pavimentos máximo¹ 2 Permeabilidade mínima (%) 5 Vagas de estacionamento 1 vaga p/ cada 100 m² de área líquida construída. 1: Exclusive subsolo, garagens e pilotis. Fonte: LEI Nº 2.210/2007, Plano Diretor de Desenvolvimento de Aiuruoca, Minas Gerais, 2007. Os compartimentos cujo pé-direito exceder a 4,50m (quatro metros e cinquenta centímetros) terão sua área calculada para efeito do CA da seguinte forma: I. Pé-direito superior a 4,50m (quatro metros e cinquenta centímetros) e inferior a 5,80m (cinco metros e oitenta centímetros), a área será multiplicada por 1,5 (um e meio). II. Pé-direito superior a 5,80m (cinco metros e oitenta centímetros), a área será multiplicada por 2 (dois). As edificações destinadas a auditórios, cinemas, teatros e similares deverão atender às seguintes disposições especiais, além de outras estabelecidas nesta Lei: I. As portas terão a mesma largura dos corredores, medindo no mínimo 1,50m (um metro e cinquenta centímetros) e as de saída da edificação medirão um total correspondente a 0,10m (dez centímetros) por 10 (dez) lugares da capacidade de lotação, ou fração, e se abrirão de dentro para fora; II. Nos espaços de acomodação do público, as circulações principais terão largura mínima de 1,50m (um metro e cinquenta centímetros) e as secundárias de 1,00m (um metro); 22 III. As circulações de acesso e escoamento do público, externas ao ambiente de espetáculos, terão largura mínima de 3,00m (três metros) sendo acrescidas de 0,10m (dez centímetros) para cada 20 (vinte) lugares da capacidade de lotação, ou fração, excedente da lotação de 100 (cem) lugares; IV. As escadas terão largura mínima de 1,50m (um metro e cinquenta centímetros), sendo acrescidas de 0,10m (dez centímetros) para cada 10 (dez) lugares, ou fração, excedente de lotação de 100 (cem) lugares. V. As rampas destinadas a substituir escadas terão largura igual à exigida para elas, declividade menor ou igual a 10% (dez por cento) e seu piso será antiderrapante. 3.2. NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos Esta norma objetiva critérios e parâmetros técnicos considerando diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente, a fim de proporcionar maior qualidade às pessoas, sejam elas idosas, jovens e com ou/e sem necessidades especiais. 3.3. Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais Para o Estado de Minas Gerais, as instalações de prevenção e combate a incêndio e pânico deverão estar de acordo com o previsto no Decreto 43.805 de 17 de maio de 2004, que regulamentou a Lei 14.130 de 19 de dezembro de 2001. O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais –CBMMG - é o responsável por garantir o cumprimento das ações de trata o Decreto, que tem como objetivos: 1. Proporcionar condições de segurança contra incêndio e pânico aos ocupantes das edificações e áreas de risco, possibilitando o abandono seguro e evitando perdas de vida. 2. Minimizar os riscos de eventual propagação do fogo para edificações e áreas adjacentes, reduzindo danos ao meio ambiente e patrimônio. 3. Proporcionar meios de controle e extinção do incêndio e pânico. 4. Dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros Militar. 5. Garantir as intervenções de socorro de urgência. 23 Basicamente o CBMMG analisa e aprova a documentação que contém os elementos formais das medidas de proteção contra incêndio e pânico de edificações ou áreas de risco (PSCIP – processo de segurança contra incêndio e pânico), planeja e estuda medidas de proteção, faz vistorias para verificação do cumprimento das exigências das medidas de segurança contra incêndio, fiscaliza, multa e interdita. Arquitetos e Engenheiros devem estar muito atentos sobre as exigências contidas nas Instruções Técnicas, pois estas afetam diretamente as concepções de projeto e especificações de materiais. Especificamente para a realização deste projeto arquitetônico é fundamental a consulta das seguintes IT’s: Acesso de viaturas na Edificação e Área de Risco (IT-04) Isolamento de Riscos (IT-05) Segurança Estrutural (IT-06) Compartimentação Horizontal e Compartimentação Vertical (IT–07) Saídas de Emergência (IT-08) Sinalização de Emergência (IT-17) Heliponto e Heliporto (IT-26) Proteção contra incêndio em cozinhas profissionais (IT-32) Centros esportivos e de exibição: requisitos de segurança contra incêndio e pânico (IT-37) 3.4. Haras Haras são definidos como um espaço destinado à criação de cavalos, geralmente de uma raça específica. Normalmente são propriedades particulares e podem receber animais de terceiros por meio do aluguel de baias. Um haras costuma ser composto por piquetes, redondel, baias, casas de selas, farmácia, estocagem de feno e ração, dentre outros itens. De acordo com o Manual de Orientação e Procedimentos do Responsável Técnico da CRMV (2013), para a construção de um haras é necessário ficar atento a diversos fatores que influenciam diretamente no funcionamento da estrutura e em seu dia-a-dia. I. Planejar e executar projetos de construções rurais específicos à atividade fim; II. Estar atento às necessidades de segurança e ao bom desempenho de suas funções, principalmente no que diz respeito a atividades de manejo, práticas 24 higiênico-sanitárias, manipulação de produtos, técnicas de contenção de animais, respeito ao bem-estar e à vida animal; III. Salientar a importância do programa de higiene e saúde dos usuários; IV. Assegurar a biossegurança do empreendimento; V. Isolar o estabelecimento de possíveis contatos externos; VI. Manter rigorosamente o controle de acesso de pessoas e veículos; VII. Deve existir um plano de gerenciamento de resíduos visando a destinação de dejetos, lixo, restos de medicamentos e rações e sobre o destino adequado dos vasilhames de medicamentos, embalagens e animais mortos; VIII. Armazenamento de rações, concentrados, suplemento vitamínico e mineral, medicamentos; IX. Assegurar a prática higienização das instalações e adjacências. 3.5. Centro de eventos, exposições e leilões De acordo com a Portaria Nº 162, de outubro de 1994, elaborado pela Secretaria de defesa animal, existem requisitos referentes às instalações e às condições sanitárias do local e dos animais a serem recebidos, que devem ser cumpridos para a realização de exposições, feiras e leilões. O capítulo 6, art. 6º trata das instalações e afirma que só poderão haver eventos deste tipo em estruturas que disponham dos seguintes ambientes: I. Local para recepção de animais, com rampa de desembarque, tronco ou brete e currais; II. Local para funcionamento dos serviços administrativos e de defesa sanitária animal; III. Local para alojamento de animais; IV. Local para isolamento de animais enfermos; V. Pista para julgamento de animais; VI. Pedilúvios e rodolúvios, em todos os acessos ao parque; VII. Abastecimento de água e energia elétrica; VIII. Instalações sanitárias para uso do público visitante e de serviço; IX. Depósito de ração. Os pisos deverão ser construídos de materiais resistentes e que permitam sua limpeza completa e desinfecção. 25 4. ANÁLISE DE CONDICIONANTES FÍSICO-AMBIENTAIS E URBANAS 4.1. Aspectostopográficos A topografia da região é caracterizada por um relevo bastante movimentado, o que não se faz diferente na área onde se encontra o terreno, que possui declividade considerável. (FIG. 08) Figura 08 – Diagrama da topografia do terreno em degradê e curvas a cada 5 metros. Fonte: A autora (2018). 4.2. Aspectos hidrológicos e de drenagem Rede de drenagem de Aiuruoca é bem distribuída, a cidade faz parte da bacia do Rio Grande. A Bacia Hidrográfica do Alto Rio Grande está inserida na mesorregião do Campo das Vertentes e possui uma área de drenagem de 8.804 km². A bacia abrange 21 sedes municipais e apresenta uma população estimada de 101.855 habitantes. O clima da bacia é classificado como semiúmido, apresentando de quatro a cinco meses secos por ano, e a disponibilidade hídrica se situa entre 10 e 20 litros por segundo por quilômetro quadrado. O principal fator de pressão sobre os recursos hídricos da bacia é o lançamento de esgotos sanitários nos rios Aiuruoca e Capivari. (FIG. 09) Figura 09 – Gestão de recursos hídricos de Minas Gerais com ênfase no Alto Rio Grande 26 Fonte: Adaptado de IGAM (Instituto Mineiro de Gestão de Águas, 2010. O Rio Aiuruoca (cuja nascente é a mais alta do País, com 2.450 metros de altitude e localizada no Pico das Agulhas Negras) tem o curso no sentido sul-norte, banhando a sede municipal. Seus principais afluentes são os ribeirões do Tamanduá, da Água Preta e do Papagaio além do Córrego dos Nogueiras e o Córrego do Cangalha. O Rio Angaí, que percorre as áreas, central e norte do município, tem como tributários principais o Ribeirão das Posses e o Ribeirão do Maia. (FIG.10) Figura 10 – Rede de drenagem de Aiuruoca, com ênfase na Ponte Alta Fonte: Adaptado de Studio Ajuru (2018). https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Aiuruoca https://pt.wikipedia.org/wiki/Pico_das_Agulhas_Negras 27 O terreno escolhido para execução do projeto não possui áreas de nascentes e nem Áreas de Preservação Permanente (APP), possui somente uma área de aproximadamente 3 hectares de vegetação nativa que deverá ser preservada. 4.3. Aspectos climáticos 4.3.1. Direção dos ventos O gráfico da rosa dos ventos mostra as estatísticas sobre o vento, reunidas ao longo do tempo. Essas medições incluem velocidade do vento, direção e frequência. Estas informações são importantes medidores para estudar e prever as condições do vento em sua área. A chuva acompanha o sentido dos ventos, por isso o projeto deve prever artifícios ou elementos impedidores da penetração dela e da proteção das paredes. O uso de grandes beirais ou varandas e o posicionamento das aberturas contrárias ao sentido da chuva nos telhados são algumas opções de elementos ou artifícios a serem empregados. Atenção especial também ao deslocamento natural do ar sem muita perda de energia. Obstáculos no seu caminho devem ser removidos. Na região onde será implantado o projeto, a direção dos ventos se dá predominantemente no sentido Norte/Sul, com velocidade média entre 0 e 4 m/s. (GRÁFICO 01) (GRÁFICO 02) Gráfico 01 – Rosa dos Ventos Fonte: Site Projeteee (2016). 28 Gráfico 02 – Variação da velocidade média do vento com a hora do dia Fonte: Cemig - “Estudos sobre Aproveitamento de Energias Solar e Eólica em Minas Gerais”[51]. Dados coletados entre 1968 e 1983 em postos anemométricos com instrumentos situados entre 10 e 12 m de altura. Atlas eólico Minas Gerais (2010). 4.3.2. Temperaturas médias O clima do município de Aiuruoca corresponde, na classificação de Köppen, ao tipo “CWB” (Tropical de Altitude de Verões Suaves) e apresenta as seguintes temperaturas: do mês mais quente 32ºC, do mês mais frio até 3ºC e média anual em torno de 19ºC. (FIG. 11) (GRÁFICO 03) Figura 11 – Temperatura média anual no estado de Minas Gerais Fonte: Cemig - “Estudos sobre Aproveitamento de Energias Solar e Eólica em Minas Gerais”[51]. Dados coletados entre 1968 e 1983 em postos anemométricos com instrumentos situados entre 10 e 12 m de altura. Adaptado de Atlas eólico Minas Gerais (2018). 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 V EL O C ID A D E D O V EN TO E M M /S HORA DO DIA Aiuruoca 29 Gráfico 03 – Média de temperatura mensal (°C) Fonte: Site Projeteee (2016). 4.3.3. Variação de umidade A umidade relativa do ar é a relação entre a quantidade de água existente no ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima que poderia haver na mesma temperatura (ponto de saturação). Em locais com umidade alta há desconforto térmico com sensação de abafamento e dificuldade de evaporação do suor e redução da temperatura corporal. Outra consequência da alta umidade é a baixa amplitude térmica, fazendo com que nestas regiões o calor se mantenha durante as noites. Em regiões com baixa umidade acontece o oposto: dias muito quentes e noites muito frias. Em Aiuruoca, a umidade relativa do ar se mantém acima de 80% durante aproximadamente metade do ano. Tendo os meses do inverno com menor índice de umidade e os de verão com os maiores índices. (GRÁFICO 04) Gráfico 04 – Gráfico de umidade relativa com média mensal em % 30 Fonte: Site Projeteee (2016). 4.3.4. Regime pluviométrico A reutilização da água e os sistemas de captação de água pluvial são alternativas para enfrentar a carência do recurso. Dimensionar o reservatório de armazenamento de água de chuva de forma correta é essencial para a implantação do sistema, já que seu tamanho influencia diretamente nos custos de implantação do sistema. Conhecer como é a distribuição da precipitação pluviométrica e a quantidade de chuva são de extrema importância no dimensionamento deste reservatório, pois quanto mais homogêneas forem as chuvas, menor será o seu volume. O dimensionamento do reservatório também depende diretamente da área de captação, seja ela o telhado da edificação ou superfícies pavimentadas em m². Precipitação Média Anual: 2 100 milímetros por ano. O período mais chuvoso corresponde aos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, enquanto as menores precipitações ocorrem em abril, maio, junho e julho. (GRÁFICO 05) Gráfico 05 – Gráfico de precipitação mensal Fonte: Site Projeteee (2016). 4.3.5. Aspectos viários Por se tratar de uma zona rural, a região escolhida para implantação do terreno não possui grande fluxo de veículos e até mesmo de pedestre, nota-se poucas residências nos terrenos com seus limites ligados ao haras. A principal via de acesso ao terreno é a variante da BR-267, que é ligada a via calçada chamada Ponte Alta. 31 Por se tratar de uma cidade com um número relativamente baixo de habitantes, não possui transporte coletivo. 4.3.6. Aspectos socioeconômicos Aiuruoca é uma cidade localizada na região Sul do estado de Minas Gerais, de acordo com a última estimativa realizada pelo IBGE, em 2017, sua população é de 6.209 pessoas e sua densidade demográfica é de 9,48 hab./km². (GRÁFICO. 06) Gráfico 06 – Pirâmide etária Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA. Em 2015, o salário médio mensal era de 1.8 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 11.6%. Na comparação com os outros municípios do estado, ocupava as posições 242 de 853 e 477 de 853, respectivamente. Já na comparação com cidades do país todo, ficava na posição 3020 de 5570 e 2916 de 5570, respectivamente. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 35.2% da população nessas condições, o que o colocava na posição 513 de 853 dentre as cidades do estado e na posição 3528 de 5570 dentre as cidades do Brasil. O PIB per capta em 2015 era de R$12.227,09. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares realizadaentre 2002 e 2003, é possível notar que há considerável desigualdade entre a população, uma vez que o índice GINI registrado é 0,42 e o índice de pobreza encontrado é de 25,84%. 32 No que diz respeito à educação, a taxa de escolarização em 2010 (para pessoas de 6 a 14 anos), foi de 99,3% o que demonstra que a maioria da população em época de escola foi devidamente matriculada. (GRÁFICO 07) Gráfico 07 – Matrículas no período de 2005 a 2015 Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA. Apresenta 46.4% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 21.3% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 48.6% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio). Quando comparado com os outros municípios do estado, fica na posição 605 de 853, 774 de 853 e 148 de 853, respectivamente. Já quando comparado a outras cidades do Brasil, sua posição é 2386 de 5570, 5083 de 5570 e 474 de 5570, respectivamente. Por tratar-se de uma área rural, a região onde encontra-se o terreno é composta por pequenos sítios e fazendas, muitos destes localizados no entorno do terreno, devido à proximidade existente com a rodovia que dá acesso ao perímetro urbano do município de Aiuruoca. 33 5. ESTRUTURA DE UM CENTRO EQUESTRE 5.1 A escolha do local De acordo com Rezende, Frazão (2012) a escolha do local onde se pretende implantar um haras de criação, comercialização e realização de cavalos deve seguir alguns critérios de suma importância para garantir conforto aos animais e usuários. Primeiro ponto a ser seguido para a escolha do local é obedecer aos instrumentos e leis de ordenamento do solo. Segundo, as instalações não devem ficar em locais que são grandes geradores de ruídos como, rodovias, fábricas, aeroportos, áreas de transporte e energia, entre outras. O local deve ter vias de acesso para que os veículos utilizados para o trabalho possam se locomover facilmente pelo local, o centro equestre deve proporcionar um local para estacionamento e área de manobras para os diversos tipos de veículos como passeio, serviço, caminhões e de emergência. A maioria dos centros equestres se localiza em zonas rurais onde proporciona melhores condições de trabalho com o cavalo garantindo sempre o bem-estar do animal e das pessoas envolvidas no meio. 5.2 Medidas da propriedade O tamanho da propriedade destinada à criação e competição de cavalos deve seguir alguns parâmetros relacionados à quantidade de animais, levando em consideração a unidade de medida utilizada o Hectare: 10.000 m². Instalações para 20 cavalos: área de 1,5 hectares no mínimo; Instalações de 20 a 60 cavalos: área de 3 hectares no mínimo; Instalações com mais de 60 cavalos: mínimo de 3 hectares, acrescentando 1 hectare a cada 20 cavalos. Como esses locais não possuem o mesmo objetivo, o número de animais não dever ser o único critério utilizado, sendo consideradas outras diretrizes como o relevo, clima, acessos e alojamento para pessoas (REZENDE, FRAZÃO, 2012). 34 5.3 Atividades e instalações Os espaços de atividades e instalações de um centro equestre devem variar muito levando em consideração tamanho e objetivos determinados como descritos no (QUADRO 02). Quadro 02 – Estrutura e instalações mínimas de centros equestres ESTRUTURA GERAL INSTALAÇÕES Área de atividades Picadeiro/pista/campo de treino Piquetes Redondéis Campos diversos/espaços verdes Tribunas Área de estábulo Baias Baias de isolamento para cavalos doentes Zonas de: enfermaria e tratamento, banho e limpeza, tosquia e ferração. Armazém de forragens e rações Depósito de selas Estrumeira Recepção e administração Salas para serviços de administração Sala para monitores e tratadores Vestiários e instalações sanitárias Alojamento para funcionários e residentes Instalações de apoio aos praticantes Área social Vestiários e instalações sanitárias Estacionamento Estacionamento geral Estacionamento para veículos de transporte de cavalos Fonte: Rezende. Frazão (2012 p.5-6). Adaptado pelo autor. 5.4. Condicionantes que garantem um bom funcionamento de um centro equestre Manejo Conforto e qualidade do espaço Segurança Infraestruturas Atividades e instalações para equinos Picadeiros Piquetes bem dimensionados (1 hectare por cavalo) Cercas Redondel 5.5. Cavalariças Considerada uma das instalações mais importantes de um haras, possuindo espaços e serviços que vão garantir o seu bom funcionamento, equilíbrio e saúde do animal. 35 As instalações da cavalariça devem seguir alguns parâmetros para garantir total segurança e boa funcionalidade; segundo REZENDE E FRAZÃO (2012). Projeto de prevenção e combate a incêndios; Ventilação adequada para remoção da humanidade e eliminar o excesso de gás carbônico, cheiro da urina, suor e fermentação dos alimentos; Iluminação natural e artificial; Abastecimento de água para atender os cavalos e lavagem das instalações e animais; Pavimentação com revestimento rígido e antiderrapante, com boa drenagem; Aparelhos para proteção do cavalo contra insetos. 5.6. Baias As baias devem possuir dimensões que proporcionem melhor acomodação, maior liberdade de movimento ao cavalo. Devem ter no mínimo 3 x 4 m, sendo o ideal 4 x 4 m podendo variar de acordo com a raça e porte do animal. Os corredores devem proporcionar que o animal saia livremente de seus alojamentos, as dimensões podem variar sendo 2,40 m o conveniente para estábulos simples e 4,50 m para estábulos duplos. O beiral da cobertura deve possuir no máximo 2 m no intuito de proteger as baias da chuva, vento e sol, com altura de 2,50 m no mínimo do chão para evitar que ocorra algum acidente (TORRES, 1992). (FIG. 12) Figura 12 – Baias individuais para cavalos Fonte: Arquitetura e Decoração Indaiatuba, Diana e Katia Brooks. 2017. http://dianabrooks.com.br/ 36 5.7. Tipo de piso para baias Duas categorias principais definem os tipos de piso: Permeáveis e Impermeáveis. Ao optar pela primeira categoria deve-se levar em conta uma fundação com areia/ carvão/ cascalho entre outros materiais para ajudar no movimento da água para baixo. Na segunda opção, deve-se ter um sistema de drenagem auxiliar com inclinações e drenos para que a urina/água possa correr para fora da baia. Dentre as características do piso ideal para baias, é possível citar: ser confortável para as pernas do animal, ajudar a diminuir a tensão nos pés e tendões; seco, enxuto, sem segurar a umidade; não deve reter odor; antiderrapante, para incentivar o cavalo a se deitar sem medo de escorregar; durável, resistente aos impactos do casco do animal; baixa manutenção e fácil de limpar. Piso natural– A princípio esta parece ser a solução mais prática e econômica. Porém, é preciso ser cauteloso, pois drenagem e durabilidade dependem das propriedades do terreno. Alguns tipos de solo podem resistir drenagem e resultar na lama ou poças enquanto outros podem tornar-se secos e poeirentos. Um betão pode ser usado na porta da baia para “desencorajar” buracos. Piso com brita e bidim – São colocadas duas camadas de brita, a primeira a 90cm abaixo do nível do piso com 30cm de brita n°03, a segunda camada logo acima com 30cm de brita n°02, após a segunda cama segue uma manta de bidim e para finalizar 30cm de areia e terra na proporção 1:2. Certifique-se de que todas as camadas estão bem compactadas. Há que se ter cuidado ao fazer este piso, se não compactado corretamento podem desenvolver desníveis (buracos) e misturar pequenas pedras com a cama. Piso com carvão vegetal – Semelhante ao piso coma brita, também deve ser escavado em 90cm, seguindo a ordem de 30cm de brita n° 03 (para drenar), 20cm de carvão vegetal (que ajuda a evitar o mal cheiro), e 40cm de areia lavada bem campactada. Após a execução é recomendável molhar completamente o chão compactando-o novamente e deixar secar por 24 horas, após este tempo verificar se ainda existem quaisquer buracos ou depressões e preenche-los. Piso de concreto- Este tipo de piso é um dos mais comuns, devido a sua durabilidade e fácil manutenção. Ao optar pelo concreto é necessário se 37 atentar para que não seja muito liso a ponto do animal escorregar e nem tão rugoso a ponto de se tornar abrasivo. Deve ser acompanhado de uma inclinação para sistema de drenagem. Entre suas desvantagens estão a retenção de urina (não absorve) na cama, forte impacto nos tendões dos cavalos, precisa de mais quantidade de cama para se tornar confortável. Piso de borracha- Variam de acordo com o fabricante em espessura, durabilidade, textura, etc. É um material nobre que não tem produz poeira, traz um conforto maior para as pernas dos animais e tem as propriedades antiderrapantes que deixam a baia mais segura. Porém, os animais tendem a se sentir mais ambientados com produtos naturais, encontrados nos campos e pastos. 5.8. Local de tratamento/enfermaria Local equipado com tronco de isolamento para imobilizar o animal com dimensões de 4 x 5 m, para serem realizados procedimentos veterinários, podendo ser de madeira ou metal. Esse espaço deve ser equipado com bancada de trabalho, pia com água quente/fria, tomadas elétricas para ligar equipamentos e armários para guardar medicamentos. Deve possuir área mínima de 35m², em centros equestres maiores possui uma antessala chamada de farmácia, onde são guardados os medicamentos. O local deve possuir boa iluminação natural e artificial. Nas paredes e pisos deve haver a preocupação com revestimentos que devem ser de fácil limpeza e desinfecção (REZENDE, FRAZÃO, 2012). 5.9. Local de banho/limpeza e tosa Espaço destinado à limpeza do animal devendo ser protegida do vento, chuva, equipada com ponto de água quente/fria. Deve haver a preocupação com tipo de pavimentação que deve ser antiderrapante, evitando assim acidentes com os animais e funcionários, deve possuir um sistema de drenagem eficiente. A tosquia normalmente é realizada no inverno, época que o animal costuma ficar mais “peludo”, procedimento feito para manter o animal mais bonito e evitar doenças de pele. São realizados em locais que dispõem de boa iluminação natural e artificial, deve possuir tomada para os aparelhos de tosquia (REZENDE, FRAZÃO, 2012). 38 5.10. Depósitos Os depósitos são de extrema importância para garantir o bem-estar e saúde do animal, sendo que todos os centros equestres devem possuir um local para armazenar alimentos, camas, arreios e outros acessórios com largura mínima das portas de 2,20m para permitir a circulação de veículos de carga e transporte (CINTRA, 2011). Tipos de depósitos necessários são os depósitos de feno, depósito de ração, depósito de camas, depósito de arreios e estrumeira. Todos, exclusive a estrumeira, devem ser bem ventilados e protegidos da ação direta do sol e chuva, afim de manter boas condições de umidade ao ambiente. A estrumeira deve ser localizada na direção dos ventos dominantes e com boa distância das áreas sociais, possuindo uma via de acesso fácil para retirada dos dejetos. 5.11. Administração A administração de um centro equestre não possui muitas diferenças com outros tipos de empresa. O local é destinado aos funcionários da área administrativa, proprietário e gerente do local. O projeto arquitetônico deve levar em consideração a funcionalidade do espaço para que atenda de maneira eficiente suas necessidades, deve ser um local bem agradável com banheiros e salas separadas de acordo com a função de cada um, com recepção e banheiros para atender os clientes e usuários (REZENDE, FRAZÃO, 2012). 5.12. Alojamento para funcionários O cuidado com os animais requer assistência de 24 horas por dia, então é necessário que haja alojamentos destinados a todos os funcionários fixos e passageiros, equipado com toda infraestrutura para garantir total conforto para eles, contendo quartos, banheiros, cozinha e refeitório. (REZENDE, FRAZÃO, 2012). 5.13 Haras – Mangalarga Marchador de Aiuruoca O haras proposto neste trabalho é disposto de todas as instalações citadas neste capítulo, que garantam acima de tudo a saúde do animal e boa funcionalidade do espaço, sendo construída e adaptada levando em consideração a dimensão do haras, a região de implantação, o clima, solo e facilidade de acesso a determinado material. Devendo sempre haver a preocupação com a ventilação natural dos espaços e projetar ambientes que sigam as medidas adequadas para garantir total conforto ao animal e aos funcionários e usuários do centro. 39 A partir do fluxograma do sistema básico de organização funcional de um haras, de acordo com as informações citadas anteriormente, é possível concluir a importância da funcionalidade de um projeto desta dimensão, observando atentamente aos fluxos internos e externos ao haras. (FLUXOGRAMA 01) Fluxograma 01 – Sistema básico de organização funcional de um haras Fonte: Rezende, Frazão (2012, p.7). Adaptado pela autora (2018). 6. ANÁLISE DE SITUAÇÕES ANÁLOGAS 6.1. Obra visitada 6.1.1. Haras Aiuruoca O Haras Aiuruoca, de criação e comercialização de cavalos da raça Mangalarga Marchador, está localizado em uma das áreas rurais da cidade de Aiuruoca, no sul de Minas Gerais, às margens da variante da BR-267. Possui uma 40 extensão de aproximadamente 4 hectares. Não possui projeto arquitetônico realizado por arquiteto e foi desenvolvido pelo próprio proprietário. (FIG. 13) Figura 13 – Imagem aérea da implantação do Haras Aiuruoca Fonte: Google Earth, CNES/Airbus (2017). O empreendimento possui fácil acesso pela variante da rodovia BR-267, que dá acesso à rua Ponte Alta. Muito embora tenha tais pontos positivos, seu acesso único se dá em uma via muito estreita, de piso inadequado e dificuldade de acesso para caminhões. (FIG. 14) (FIG. 15) Figura 14 – Diagrama de acessos Figura 15 – Acesso ao Haras Aiuruoca Fonte: Google Earth, CNES/Airbus (2017). Fonte: A autora (2018). 41 Considerado como um haras de porte pequeno, o estabelecimento apresenta infraestrutura que comporta 6 piquetes, uma pista de 50 x 50 metros e um redondel ao ar livre, currais de apoio, possui 7 baias individuais sendo: 4 de 3 x 4 metros e 3 de 3 x 3 metros, desembarcador, escritório, sanitário, depósito de selas, de rações e de feno, área de lanchonete, local para ferração e tosquia, e para banho, pomar e casa sede. Não há planejamento para o descarte de dejetos dos animais. (FIG. 16) (FIG.17) (FIG.18) (FIG.19) (FIG.20) (FIG.21)(FIG.22) Figura 16 – Setorização do Haras Aiuruoca Fonte: Google Earth, CNES/Airbus (2017). Figura 17 – Vista dos piquetes Figura 18 – Desembarcador Fonte: A autora (2018). Fonte: A autora (2018). 42 Figura 19 – Pomar Figura 20 – Área de redondel Fonte: A autora (2018). Fonte: A autora (2018). Figura 21 – Pista ao ar livre Figura 22 - Ferração Ao analisar a setorização é possível notar fluxos cruzados indesejados de animais, clientes, funcionários e carga/descarga por haver somente um acesso e não existirem divisões planejadas da setorização do estabelecimento. A ausência de vias internas dificulta o acesso a determinados ambientes como o de redondel e pista que muitas vezes são forçados a serem feitos por dentro dos piquetes. Devido a inexistência de um projeto arquitetônico, foi realizada a partir da visita uma estimativa de dimensionamento dos ambientes do Haras.(QUADRO 03) Quadro 03 – Estimativa de áreas do haras QUANTIDADE AMBIENTE ÁREA UNIDADE (M²) ÁREA TOTAL (M²) 4 Baias 3x4 metros 12,0 48,0 3 Baias 3x3 metros 9,0 27,0 6 Piquetes 4.000 24.000,0 1 Pista ao ar livre 50x50 metros 2.500,0 2.500,0 1 Redondel d= 11 metros 95,0 95,0 43 Quadro 03 – Estimativa de áreas do haras 1 Depósito de ração e feno 24,0 24,0 1 Depósito de selas 6,0 6,0 8 Lanchonete 32,0 32,0 1 Escritório 6,0 6,0 1 Sanitário 2,5 2,5 1 Pomar 1.000,0 1.000,0 1 Local para ferração e tosquia 16,0 16,0 1 Desembarcador 5,0 5,0 TOTAL 23.755,5 Fonte: A autora (2018). No geral, o dimensionamento dos ambientes foi feito de maneira correta, porém existem ambientes que se tornam inutilizados no dia-a-dia como a área de lanchonetes que não é usual. O sanitário existente possui um problema de acessibilidade, com um degrau muito alto em sua entrada e não existe diferenciação de sanitário feminino e masculino. (FIG. 23) (FIG. 24) Figura 23 – Área de lanchonete Figura 24 - Sanitário Fonte: A autora (2018). Fonte: A autora (2018). O sistema construtivo utilizado para construção do haras é bastante tradicional, utilizando de alvenaria para vedações, telhado em telha cerâmica e estruturas em madeira de eucalipto, o piso de todo o estabelecimento é de pedra são tomé. Possui estrutura e acabamentos bem conservados e duradouros. (FIG. 25) Figura 25 – Área de cavalariça monstrando elementos construtivos Fonte: A autora (2018). 44 Observa-se no programa, a ausência de iluminação e ventilação natural das baias; o subdimensionamento do depósito de ração e feno, que se encontra numa área de sobra da edificação. 6.2. Referência funcional 6.2.2. Haras e Centro Hípico Polana O Centro Hípico Polana foi projetado em 2001 pelo escritório Mauro Munhoz Associados e as pistas de areia, pela empresa francesa Toubin e Clément, especializada em superfícies de provas equestres de qualidade internacional. Foi fundado em 2004 e localiza-se entre Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí, na divisa de São Paulo e Minas Gerais; possuindo um terreno de 205.700 m² e área construída de 2.260 m². O haras mantém um plantel de cerca de 70 animais, tanto de clientes como dele próprio; sedia importantes provas de hipismo nacionais e oferece serviços de hospedagem, treinamento, criação e venda de cavalos, aulas de equitação, além de hospedagem para pessoas e aluguel do espaço para eventos. As 58 edificações do Centro Hípico Polana incluem o seguinte programa: (SERAPIÃO, 2005; POLANA 2017). 28 baias de alvenaria 4 selarias 1 farmácia veterinária 1 pavilhão de leilão e restaurante 1 pista de areia aberta 1 redondel 1 pista de areia coberta 20m x 40m 1 esteira rolante para cavalos 1 área para Ferrageamento 1 escritório com 2 quartos de estoque 1 lavanderia para materiais dos animais 1 casa de hóspedes 2 banheiros sociais 1 playground 1 pônei clube 1 cozinha industrial 1 quarto de estoque para eventos 1 depósito de feno 1 depósito de serragem 1 depósito de jardim/manutenção/diesel 1 depósito de ração 2 casas de funcionários 3 platôs para montagem de baias móveis 11 piquetes 5 pastos grandes 1 trator com 2 carretas e 2 lâminas 1 estacionamento 45 Quadro 04 – Estimativa de áreas do Haras Polana QUANTIDADE AMBIENTE ÁREA TOTAL (M²) 28 Pavilhão de baias 1700,0 1 Pista de areia coberta 800,0 1 Pista de areia 2800,0 1 Casa de hóspedes 200,0 1 Pavilhão leilão e restaurante 1100,0 2 Casa de funcionário 200,0 1 Estacionamento 375,0 1 Redondel 706,5 TOTAL 7175,0 Fonte: A autora (2018). Através da implantação é possível se observar que o projeto foi desenvolvido em blocos separados, o que foi feito a fim de se obter grandes áreas planas com a menor movimentação de terra, pelo terreno ser bastante acidentado. A pista de areia foi posicionada em local estratégico, em uma porção mais baixa do terreno, com vista 59 para o vale; logo atrás, em uma cota mais elevada, estão localizadas as cocheiras com um pátio gramado e um mirante com vista para a pista de areia e o vale. As cocheiras estão divididas entre quatro pavilhões paralelos, com uma angulação de 45 graus entre si, que formam um trapézio por conta da geometrização das curvas de nível existentes no local. Os platôs são áreas planas utilizadas para a montagem de baias temporárias em dias de competições. (FIG.26) (FIG.27) Figura 26 – Implantação Haras e Centro Hípico Polana Fonte: Mauro Munhoz Arquitetura, adaptado pela autora (2018). 46 Figura 27 - Pista de areia com cocheiras e pavilhão ao fundo; vista para a pista e vale Fonte: Hipismo and co. (2009). Mauro Munhoz Arquitetura (2005). O arquiteto Munhoz procurou quebrar os paradigmas das tipologias tradicionais desse tipo de construção. O projeto inovou ao ter meias paredes de alvenaria nas divisórias das cocheiras, o que segundo o arquiteto, deve-se ao fato do cavalo ser um animal de planícies, cuja “única arma é correr”, e, portanto, se sentir melhor tendo um plano de visão mais amplo. As paredes de alvenaria possuem 1,4 m de altura e acima delas há um fechamento com barras de aço cortén para garantir a transparência e segurança dos animais. Outra novidade são portas de correr nas baias, presas pela parte superior, que parecem flutuar. Na circulação coberta se fez o uso de um piso especial emborrachado para absorver os impactos dos cascos dos animais e evitar escorregões. Já as pistas de areia foram projetadas com o auxílio do especialista francês Francis Clemont, com uma camada de brita e solo-cimento para formar a base para a impermeabilização, e acima uma camada de poliéster, betonita e areia, que conferem elasticidade e absorção de impactos (SERAPIÃO, 2005). O pavilhão de cocheiras abriga 25 baias regulares (3x4m), 2 baias maternidade (6x4m), 4 selarias (3x4m), duchas, e bretes. Os bretes são estruturas em aço utilizadas para a contenção do animal durante atividades como a inseminação, medicação, coleta de sangue, cirurgias, castração, aplicação de vermífugos por via oral, marcação, testes de prenhes, casqueamento, limpeza, e outros tratos. (FIG. 28) (FIG.29)(FIG.30)(FIG.31)(FIG.32)(FIG.33) 47 Figura 28 – Pavilhão de cocheiras térreo; mirante e subsolo Fonte: Mauro Munhoz Arquitetura (2005). Figura 29 – Planta térreo cocheiras Fonte: Mauro Munhoz Arquitetura (2005). Figura 30 – Planta subsolo cocheiras Fonte: Mauro Munhoz Arquitetura (2005). 48 Figura 31 – Corte AA das cocheiras Fonte: Mauro Munhoz Arquitetura (2005). Adaptado pela autora (2018). Figura 32 – Corte BB das cocheiras Fonte: Mauro Munhoz Arquitetura (2005). Adaptado pela autora (2018). Figura 33 – Cocheiras Haras Polana Fonte: Mauro Munhoz Arquitetura (2005). O pavilhão que abriga o espaço de leilões, restaurante, escritório e uma biblioteca destaca-se pela sua cobertura com estrutura de madeira em laminado colado de eucalipto e balanço de 12 metros. A obra é de 2010 e também foi projetada pelo mesmo arquiteto, que projetou os outros blocos do haras, concluídos em 2004. (FIG. 34)(FIG.35) 49 Figura 34 – Corte transversal do pavilhão de leilões e restaurante Fonte: Ebramem (2015), adaptado pela autora (2018). Figura 35 – Pavilhão de leilões e restaurante do Haras Polana Fonte: Ita Construtora (2010). Buscando a mesma inspiração projetual, o projeto descrito servirá de base para este trabalho destacando-se pela sua funcionalidade, devido a maneira como as edificações se distribuem no terreno tendo todas as atividades programáticas interligadas, se preocupando com o uso das pessoas e dos animais, além de revelar a integração entre arquitetura rural e recursos tecnológicos; e pela sua tipologia, devido ao modo como ocorre a divisão dosblocos que estão espalhados por todo o terreno e pelo princípio da horizontalidade encontrado nos mesmos. 6.3. Referência arquitetônica 6.3.3. Estábulo de Polo Figueras O Estábulo de Polo Figueras, que teve projeto desenvolvido por Juan Ignácio Ramos e Ignácio Ramos, do Estúdio Ramos, está localizado em uma província de Buenos Aires, na Argentina. Nesta província, encontra-se em uma região chamada “La Pampa”, uma palavra indígena que significa planalto ou planície, o projeto busca referenciar este tema através da horizontalidade. (FIG.36) 50 Figura 36 – Estábulo de Pólo Figueras e campos de pólo Fonte: Archdaily (2017). O projeto possui 44 baias para cavalos, com uma dimensão de 3850 m² e uma longitude de 180 metros. É composto por dois volumes e muros articuláveis, que criam diferentes espaços e situações. (FIG.37) Figura 37 – Implantação Estábulo de Pólo Figueras Fonte: Archdaily (2017). O térreo conta com dois setores bem diferenciados por suas funções. Um possui um programa social e está voltado ao campo de Pólo, enquanto o outro, orientado ao fundo da propriedade, abriga as instalações de trabalho e habitações dos funcionários. Os volumes com vista para o campo de Pólo estão parcialmente escondidos por trás de extensos muros e desníveis do terreno que não somente conferem privacidade aos estábulos, como também reduzem sutilmente o impacto do 51 edifício na paisagem. Somente o centro da edificação fica visível, onde se localiza um grande espelho d'água, terraços exteriores e o celeiro principal do estábulo. (FIG.38) (FIG.39) Figura 38 – Planta baixa Estábulo de Pólo Figueras Fonte: Archdaily (2017). Adaptado pela autora (2018). Figura 39 – Maquete em planta do Estábulo de Pólo Figueras Fonte: Archdaily (2017). A totalidade do projeto foi construída utilizando dois materiais básicos: concreto aparente e madeira nativa, materiais escolhidos por suas propriedades estéticas, pouca manutenção e um nobre envelhecimento. 52 Uma conexão muito especial e íntima é criada entre os cavalos e seus treinadores que são responsáveis pelo seu tratamento. O objetivo do projeto foi desenhar os estábulos como espaços que contém e nutrem essa relação. (FIG.39) Figura 39 - Imagens gerais do Estábulo de Pólo Figueras Fonte: Archdaily (2017). Estúdio Ramos (20--?). 53 6.3.4. Hípica Ibirapitanga A Hípica Ibirapitanga, é projeto do arquiteto Yuri Vital para a Reserva Ibirapitanga, em Santa Isabel, no interior de São Paulo. O terreno possui uma extensão de 19.361 m², com projeto baseado na modulação de 4m x 4m, devido à dimensão das baias dos cavalos. (FIG.40) Figura 40 – Hípica Ibirapitanga Fonte: Pini Web Arquitetura (2012). De acordo com o memorial de descrição do projeto, as áreas técnicas ficarão próximas às baias para garantir rapidez no atendimento. Este espaço será reservado para a área de administração, medicamentos, enfermaria, armazenagem de equipamentos, sala de ferraduras, vestiários e policiamento. O local também terá espaços de convívio entre os visitantes, com bar e restaurante com vistas para a reserva florestal da Mata Atlântica. Já um anexo isolado das baias de cavalo terá salas de capim, serragem, feno e ração. A separação foi feita para afastar os animais de roedores e ruídos de automóveis. (FIG.41) Figura 41 – Imagens gerais do projeto da Hípica Ibirapitanga 54 Fonte: Pini Web Arquitetura (2012). 6.4. Conclusão obras análogas Os estudos apresentados auxiliarão no desenvolvimento dos serviços a serem oferecidos e no projeto arquitetônico do haras, cuja principal proposta abordará a criação, comercialização, treinamento e, a exposição e vendas de cavalos. Como referencial funcional, o Centro Hípico Polana possui área, número de cavalos e instalações semelhantes ao programa a ser utilizado no projeto, contando com cocheiras com meias paredes que propiciam o bem-estar animal. Destaca-se também 55 a estrutura em madeira laminada colada do pavilhão de leilões, pelo grande vão e beleza. O Estábulo de Pólo Figueras e a Hípica Ibirapitanga inovam quanto à tipologia e materiais empregados, principalmente ao utilizar coberturas de concreto planas e coberturas verdes no pavilhão de cocheiras e resolve o desnível do terreno de forma simples, com a divisão em três níveis: cocheiras, área social e serviços. (QUADRO 05) Quadro 05 – Resumo dos estudos de caso OBRA ANÁLOGA PONTOS RELEVANTES OBSERVADOS Haras Aiuruoca Utilização de madeira nativa (eucalipto) Piquetes bem dimensionados Baias bem dimensionadas Acesso fácil Bom aproveitamento do espaço Haras e Centro Hípico Polana Fluidez espacial das baias Estrutura em madeira e concreto A ventilação cruzada nas baias Distribuição dos espaços pelo terreno, favorecendo o fluxo e manejo Área de eventos bem estruturada com vista para picadeiro Estábulo de Pólo Figueras Uso da topografia a favor do projeto Ventilação e iluminação natural nas baias Divisão da edificação por setores Uso de madeira e concreto Materiais de pouca manutenção e belo envelhecimento Muros articuláveis Redução do impacto do edifício na paisagem, utilizando cobertura verde Hípica Ibirapitanga Áreas técnicas próximas as baias para garantir facilidade de manejo Uso de madeira e concreto Espaços de convívio entre visitantes e animais Modulação 4x4 metros, acompanhando o tamanho das baias Fonte: A autora (2018). 56 7. CONCLUSÕES 7.1 Conceito e partido arquitetônico A proposta do presente trabalho é a elaboração de um projeto arquitetônico de um haras aliado a um espaço para eventos, visando à empregabilidade de conceitos voltados para a funcionalidade de funcionamento do empreendimento. O conceito utiliza a sustentabilidade e busca alternativas viáveis para promover o bem-estar das pessoas, construindo com menor impacto ambiental, levando em consideração todo o ciclo devido da edificação, incluindo seu uso e sua manutenção. O partido arquitetônico foi elaborado com os princípios da adição e subtração, cuja volumetria é baseada no princípio da horizontalidade. Optou-se também em dividir os volumes pelo terreno interligando-os pela sua funcionalidade. Assim, os blocos serão implantados dividindo-se em duas áreas: uma onde ficará implantado o setor do haras; e outro, onde ficará o setor de eventos. A divisão é feita pelo setor de administração e atendimento, que busca atender as duas áreas mencionadas. Assim, essa concepção de separação dos setores contribui para que os animais não sejam perturbados pela movimentação do setor de eventos e não ocasione muitos ruídos e transtornos aos mesmos. Além disso, o emprego de vegetação por todo o terreno age como barreira contra os ruídos externos que poderiam atingir os equinos, e ainda eleva a permeabilidade do solo, controla a temperatura e a umidade do ar, intercepta a água da chuva, proporciona sombra, age como barreira contra a alta luminosidade nas edificações, diminuía poluição do ar, sequestra e armazena carbono e proporciona bem-estar psicológico. 7.2 Programa de necessidades Para desenvolver um anteprojeto de um haras aliado a um espaço para eventos na cidade de Aiuruoca, Minas Gerais, houve a necessidade de criar um programa de necessidades que auxiliasse na elaboração do projeto, atendendo a todas as demandas e expectativas do local. Dessa forma, o programa foi dividido por setores para melhor entendimento. São três setores no total: pavilhão de eventos, pavilhão de baias privadas e pavilhão de baias de visitantes. 57 O projeto foi pensado de forma a abrigar cerca de 60 cavalos, sendo 20 deles em cocheiras e entre 20 e 40 animais no campo em piquetes de pastejo rotacionado e no pasto restante. O local também irá sediar provas de marcha, ministrar cursos, palestras,
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