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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM SARHIELI ALBERTINA CHAVES DE MORAES A VISITA DOMICILIAR A PUÉRPERA E AO RECÉM-NASCIDO NA PERCEPÇÃO DO ENFERMEIRO BOA VISTA, RR 2016 SARHIELI ALBERTINA CHAVES DE MORAES A VISITA DOMICILIAR A PUÉRPERA E AO RECÉM-NASCIDO NA PERCEPÇÃO DO ENFERMEIRO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como pré-requisito para conclusão do curso Bacharelado em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde – CCS, da Universidade Federal de Roraima. Orientadora: Profa. MsC. Tárcia Millene de Almeida Costa Barreto. BOA VISTA, RR 2016 Aos meus amados progenitores Samuel Moraes da Silva e Núbia Sousa Chaves, pelo apoio e incentivo em minha formação. AGRADECIMENTOS Primeiramente ao meu Deus, que é dono de uma sabedoria inigualável e conhecimento inestimável, o qual me capacitou para que chegasse até aqui. Tenho certeza que Ele foi quem guardou e direcionou todos meus passos, me ensinando nas várias situações de vitórias e derrotas nessa caminhada universitária. Eu sei que tudo acontece debaixo da sua permissão. À minha família, meu pai Samuel Moraes da Silva, minha mãe Núbia Sousa Chaves e aos meus preciosos irmãos, Samuel, Saimon, Sarhiana, pelo cuidado, incentivo e orações sobre minha vida, sou extremamente grata por vocês existirem. Ao meu amado esposo Lucas Viana Andrade, que por diversas vezes me consolou, direcionou a mim palavras de ânimo, deu-me o alento que eu precisava para que pudesse prosseguir. À Universidade Federal de Roraima, pela oportunidade de ingresso nesse curso acadêmico, trazendo recursos necessários e de qualidade para a conclusão do mesmo. À minha prezada orientadora Profa. MsC. Tárcia Millene de Almeida Costa Barreto pelo desafio aceito de conduzir-me em minha pesquisa. Sou extremamente grata pela paciência, incentivo, ânimo e direcionamento, não somente na realização deste trabalho, mas também por esses cinco longos anos de dedicação. A todos os enfermeiros(as) participantes da pesquisa, que prontamente se disponibilizaram em responder as perguntas contidas nas entrevistas. Aos meus companheiros de curso, e também futuros enfermeiros, Bárbara Alves, Celiane Pereira, João Samuel, Lanna Rodrigues, Maria Janaina, Nathalia Faíza, Thais Pereira e Vitória Lana, que tornaram essa caminhada mais leve e mais alegre. Quero dizer que vocês também contribuíram para o meu aprendizado. Aos meus queridos professores(as) que tanto se dedicaram para minha formação, com certeza, vocês foram essenciais nessa caminhada. Posso dizer que vocês perseveraram junto comigo. E, a todos os meus amigos e irmãos que contribuíram direta e indiretamente para conclusão desse trabalho. Em especial a minha amiga-irmã Brenda Rodrigues que esteve presente de maneira importante nos últimos momentos desta pesquisa, meus sinceros agradecimentos. “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”. 2Timóteo 4.7 RESUMO O período puerperal compreende uma fase de transição e adaptação tanto para mulher, quanto para o neonato. Em vista disso, o Ministério da Saúde recomenda a realização da visita domiciliar a esse binômio com intuito de promover uma assistência qualificada. Dessa maneira, este trabalho buscou analisar a percepção e atuação do enfermeiro frente a visita domiciliar a puérpera e ao recém-nascido. Trata-se, portanto, de uma pesquisa descritiva e qualitativa, tendo a caracterização dos sujeitos da pesquisa quanto ao sexo, idade, tempo de formação, tempo de atuação na unidade e se tinham especialização ou pós graduação. A pesquisa foi realizada através de entrevista semiestruturada com enfermeiros, a qual continha duas perguntas norteadoras. A população em estudo foi constituída de 12 enfermeiros que trabalham nas Unidades Básicas de Saúde do município de Boa Vista. Após a realização das entrevistas foram realizadas as devidas transcrições, obtendo como resultado quatro categorias, onde todos os enfermeiros ressaltam ser de grande importância a realização dessa visita evidenciando os benefícios da mesma, além de enfatizarem aspectos importantes do cuidado ao binômio mãe-filho. No entanto, existem lacunas nesse nível de assistência, onde nota-se que grande parte dos enfermeiros não realizam, de maneira mais abrangente, um exame físico e ginecológico direcionado a puérpera que busque contemplar ações de inspeção, palpação e percussão quando preciso. Outra realidade encontrada está na falta de os profissionais seguirem um roteiro especifico para assistência nesse momento. Portanto, destaca-se a importância da sistematização da assistência puerperal dentro do lar na busca de promover um cuidado ampliado, além de que também é de grande relevância a realização de novos estudos que busquem averiguar em quanto tempo essa visita é realizada, uma vez que o Ministério da Saúde traz recomendações específicas quanto ao tempo de realização da mesma. Descritores: Visita domiciliar. Enfermeiro. Puerpério. Puérpera. Recém-nascido. ABSTRACT The puerperal period comprises a phase of transition and adaptation for both the woman and the newborn. In view of this, the Ministry of Health recommends conducting the home visit to this binomial in order to promote qualified care. In this way, this work sought to analyze the perception and performance of nurses in the home visit to the puerperium and the newborn. It is therefore a descriptive and qualitative research, with the characterization of the subjects of the research as to the sex, age, time of formation, time of performance in the unit and if they had specialization or post graduation. The research was conducted through a semistructured interview with nurses, which contained two guiding questions. The study population consisted of 12 nurses working in the Basic Health Units of the municipality of Boa Vista. After the interviews were carried out, the necessary transcripts were carried out, resulting in four categories, where all the nurses emphasize that it is of great importance to carry out this visit, evidencing the benefits of the same, besides emphasizing important aspects of care to the mother-child binomial. However, there are gaps in this level of care, where it is noted that most nurses do not perform, in a more comprehensive way, a physical and gynecological examination directed at the puerpera who seeks to contemplate actions of inspection, palpation and percussion when necessary. Another reality found is the lack of professionals to follow a specific roadmap for assistance at that time. Therefore, the importance of the systematization of puerperal care within the home in the search to promote extended care is highlighted, besides that it is also of great relevance the realization of new studies that look for to investigate in how much time this visit is realized, since The Ministry of Health provides specific recommendations regarding the time it takes to complete it. Keywords: Home visit. Nurse. Puerperium. Puerperal. Newborn. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 1.1 Apresentação do tema e contextualização do problema ............................... 11 1.2 Objetivos ............................................................................................................ 13 1.2.1 ObjetivoGeral .................................................................................................. 13 1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 13 1.3 Justificativa ........................................................................................................ 13 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 15 2.1 Puerpério e suas implicações fisiológicas e psicológicas ............................ 15 2.2 Aspectos culturais do puerpério ..................................................................... 17 2.3 Puerpério: visita domiciliar e o cuidado de enfermagem .............................. 19 3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 22 3.1 Tipo de estudo ................................................................................................... 22 3.2 Local do estudo ................................................................................................. 22 3.3 População em estudo ....................................................................................... 23 3.4 Procedimentos de coleta de dados ................................................................. 23 3.5 Análise dos dados ............................................................................................. 24 3.6 Aspectos éticos e legais ................................................................................... 24 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 26 4.1.1 Contexto socioeconômico e familiar ................................................................. 27 4.1.2 A visita domiciliar como uma ferramenta que auxilia no cuidado ..................... 30 4.1.3 A assistência à puérpera no domicílio .............................................................. 33 4.1.4 A assistência ao recém-nascido no domicílio ................................................... 36 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 40 APÊNDICE A – ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA .............................................. 49 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLT . 50 ANEXO A - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP .......................................... 52 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação do tema e contextualização do problema No Brasil, de 1890 até 1923, as visitas domiciliares que eram realizadas, aconteciam por meio das chamadas visitas sanitárias que eram executadas por agentes leigos, os quais prestavam assistência à população baseados em conhecimento empírico, sem organização e controle formal (ANDRADE; LOBO, 2007). Essa realidade começou a se reestruturar, em meados da década de 20, onde ocorreu o marco da inclusão da visita domiciliar como atividade de saúde pública, pois essa iniciativa fazia parte do serviço de profilaxia da tuberculose. Concomitante a estes acontecimentos a escola de enfermagem da Cruz Vermelha foi contemplada com um curso de visitadoras sanitárias (ANDRADE; LOBO, 2007). Neste mesmo período, com o fim de modernizar a saúde pública brasileira, o país convida a fundação Rockefeller, para que por meio do departamento nacional de saúde pública (DNSP) fosse estabelecido no Brasil um processo de construção da enfermagem como uma profissão. Em vista disso, um curso de seis meses foi elaborado em condição de emergência para as visitadoras de saúde. Posteriormente ao curso, que proporcionou o reconhecimento profissional, eram então chamadas de enfermeiras visitadoras (MAZZA, 1994). Neste sentido a visita domiciliar, que faz parte do trabalho da enfermagem, passou a ser ainda mais estimulada com a criação do Programa de Saúde da Família (PSF), sendo uma atividade que representa a assistência à saúde executada juntamente com o indivíduo, família e comunidade (SANTOS; KIRSCHBAUM, 2008; MAZZA, 1994). No que diz respeito a atenção à saúde, a visita domiciliar tem se apresentado como uma prática importante para os profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF), e em particular, ao enfermeiro, na viabilidade do cuidar da família e especialmente ao binômio puérpera e recém-nascido (RODRIGUES et al., 2011). Segundo Mazzo, Brito e Santos (2014) a visita domiciliar se apresenta como uma estratégia que auxilia na continuação da assistência à mulher no ciclo gravídico-puerperal uma vez que o cuidado no pós-parto é uma das medidas que 12 previne as complicações puerperais, visto que nessa fase há possibilidade de agravos ao estado físico e psicológico da mulher, que pode repercutir ao recém- nascido e família como um todo. Portanto, a atividade de visitar o domicílio é uma ferramenta estratégica de cuidado no puerpério, pois este período é configurado por uma fase de insegurança, mesmo que aquela não seja a primeira experiência como mãe, neste sentido, é de grande valor que o profissional enfermeiro tenha sensibilidade para verificar quais são as necessidades da mulher no ambiente domiciliar (BERNADI; CARRARO; SEBOLD, 2011). É fundamental que durante a assistência de enfermagem no período puerperal, os profissionais enfermeiros se preocupem em atender tanto suas necessidades físicas como as psicossociais, uma vez que a mulher nesse período vivencia muitas dúvidas em relação aos cuidados no pós-parto, cuidados com o recém-nascido, aleitamento materno e planejamento familiar (RODRIGUES et al., 2011). Por essa razão, o enfermeiro precisa compreender como ocorre a transição na mulher em relação ao seu papel de mãe, pois nele a mulher terá de aprender a conviver com o novo ser, experimentando novas experiências e descobertas que ocorrem a todo o momento e adotando as atividades que são exigidas pelo processo puerperal. Portanto, entender esse processo de modificação da mulher facilita que o enfermeiro perceba as demandas de cuidado, o que irá auxiliar na implementação de medidas técnico-científicas e também humanizadas, influenciando significativamente em suas decisões e maneira de agir (CATAFESTA et al., 2009). A vista disso se faz necessário que ao prestar assistência a puérpera, esses tenham em mente a importância de considerar a sua história de vida, os seus sentimentos e o ambiente em que vive, desse modo é possível estabelecer uma relação de confiança, que valorize a individualidade de cada mulher (SOARES; VARELA, 2007). Diante do exposto, observa-se que o puerpério é um momento singular e complexo, tanto para a mãe, quanto para o recém-nascido e que ambos necessitam de assistência qualificada logo nos primeiros dias pós-parto. Portanto, assim como a mulher recebeu assistência de enfermagem no pré-natal e parto, o período do puerpério também precisa ser um momento de cuidado precoce e intensivo por parte dos enfermeiros das Estratégias Saúde da Família, e que para que seja precoce o 13 Ministério da Saúde preconiza a atividade da visita domiciliar puerperal. Assim a pesquisa tem o intuito de analisar a percepção e atuação do enfermeiro frente à visita domiciliar a puérpera e ao recém-nascido. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Analisar a atuação do enfermeiro na visita domiciliar a puérpera e ao recém- nascido. 1.2.2 Objetivos Específicos Conhecer a percepção do enfermeiro frente a visita domiciliar a puérpera e ao recém-nascido; Identificar as ações e procedimentos do enfermeiro frente a visita realizada a puérpera ao recém-nascido. 1.3 Justificativa Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, a mortalidade neonatal (entre 0 e 27 dias de vida) representa cerca de 60 a 70% da mortalidade infantil. E essas mortes precoces são evitáveis na maioria dos casos, pois decorrem de uma combinaçãode fatores biológicos, sociais, culturais e de falhas do sistema de saúde. Na região norte foram encontrados os índices mais altos de mortalidade neonatal, configurando 13, 5 óbitos por mil nascidos vivos no ano de 2011. Em Roraima os óbitos por causas evitáveis em menores de cinco anos apresentaram-se com uma repercussão negativa, pois em vez de diminuir os números de óbitos, no decorrer dos anos houve um acréscimo, onde no ano de 2012, foram constatados um total de 224 óbitos no estado e já em 2014 foram verificados 259 mortes por causas 14 evitáveis em menores de cinco anos (BRASIL, 2009; BRASIL, 2011; BRASIL, 2012; BRASIL, 2014). A vista disso, se não houver um acompanhamento adequado direcionado em atender a mulher e ao recém-nascido nesse momento, essa realidade ainda pode se agravar. Assim, é de grande valor que ocorra um acompanhamento adequado, com uma visão holística, investigando em que realidade esse binômio estão inseridos, além de ser fundamental iniciar a assistência logo nos primeiros dias do período pós-parto, a fim de prevenir complicações. Para tanto, a visita domiciliar a puérpera e ao recém-nascido se torna uma estratégia relevante na assistência à puérpera e ao neonato. Portanto, o desenvolvimento da pesquisa buscando a percepção e atuação do enfermeiro frente à visita domiciliar a mãe e recém-nascido, se torna de suma importância, pois é indiscutível a relevância do cuidado a esse binômio. Sabe-se que os enfermeiros são mediadores do cuidado, os quais tem grande contribuição na prevenção de complicações, e consequentemente, na redução dos elevados índices de morbidade e mortalidade materna e neonatal. O estudo também é pertinente devido à escassez de pesquisas feitas com enfermeiros da atenção básica na investigação de suas percepções e atuação na assistência domiciliar a puérpera e seu filho, além da pesquisa gerar conhecimento sobre a importância dessa atividade na visão do enfermeiro com intuito de averiguar quais os cuidados prestados por estes na visita domiciliar puerperal. 15 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO 2.1 Puerpério e suas implicações fisiológicas e psicológicas Segundo Brasil (2001) o puerpério tem seu início de uma a duas horas após a saída da placenta e está dividida nas seguintes etapas: imediato (1 ° ao 10° dia), tardio (11 ° ao 42° dia), e remoto (a partir do 43° dia) e está definido como um período do ciclo gravídico puerperal, que vai desde a dequitação da placenta até a volta do organismo materno para o estado inicial da gestação (BRASIL, 2001; COSTA, 2001). Imediatamente após o nascimento do bebê, o útero diminui consideravelmente de volume, sofrendo uma redução de 1.000g no pós-parto imediato para 500g ao final da primeira semana, sendo que com dois dias, o útero diminui de consistência, e seu fundo é palpado na cicatriz umbilical. Após três ou quatro dias, a redução se acentua e, com duas semanas, o fundo uterino é palpado na cavidade pélvica, onde pesa em torno de 200g e, com 30 dias, cerca de 100g. Isso é característica do processo de involução uterina, onde o útero retorna as condições pré-gestacionais gradativamente (COSTA, 2001; GALÃO; HENTSCHEL, 2011). Além disso, a pesquisa realizada por Liz et al. (2013) expõe as maiores dificuldades das mulheres nesse período, sendo elas, as intercorrências mamarias, como a dor, fissuras, mastites e ingurgitamento, que estão relacionado a amamentação. Além dos casos de incontinência urinaria e dores associadas a episiotomia e até mesmo o aparecimento de sintomas gastrointestinais, como constipações e timpanismo. Outras modificações que podem ocorrer estão ligadas a sexualidade, pois os fatores anatômicos, a lesão perineal ou ferida cirúrgica contribuem de forma considerável para a ocorrência da dispareunia. Nesse período, a mulher também pode referir estafa, fraqueza e privação do sono, e isso faz com que o tempo de privacidade e intimidade diminuam, o que interfere no interesse sexual da mulher (VETTORAZZI et al., 2012). Outra faceta do puerpério está na fase de adaptação emocional, pois nesse momento a mulher experimenta o confronto entre as expectativas que foram criadas 16 durante toda a gestação e a realidade que está sendo vivenciada após o parto. Nesta perspectiva, a puérpera também pode apresentar ansiedade, relacionada à sensação de perda de partes de si mesma, de algo que considera valioso e de sentir-se limitada pela necessidade de assumir novas tarefas e também de não poder realizar as atividades anteriores (PENNA et al., 2006; BRASIL, 2012). Desta forma, a mulher vem se deparar com novos desafios a serem enfrentados, que são os de cuidar de si e do bebê, neste sentido, se faz necessário o apoio de profissionais capacitados para orientarem suas dúvidas, medos e anseios uma vez que a maternidade é uma função que engloba um processo de identificação entre a mãe e o filho, que agrega tanto as vivencias reais e subjetivas da mãe como as características da própria criança (RAVELLI, 2008; ALT; BENETTI, 2008). Ressalta-se que a maioria dos conflitos emocionais acontecem de maneira inconsciente e podem não ser percebidos quando há condições favoráveis de alegria por causa nascimento do filho. Caso contrário, alguns transtornos podem ser identificados e, portanto, para que se compreendam esses transtornos puerperais é necessário fazer a distinção entre eles, pois os quadros de depressão materna se diversificam em intensidade e duração (MORAES; CREPALDI, 2011). Portanto, a chegada do bebê provoca muitas ansiedades e os sintomas depressivos são comuns, a mulher continua necessitando de cuidado e proteção, assim como ocorreu ao longo da gravidez. Dessa maneira, a assistência de enfermagem qualificada nesse período é indispensável para que esta mulher se restabeleça o mais rápido possível ao seu estado natural, e não venha se agravar e evoluir para uma possível depressão pós-parto ou psicose (SARMENTO; SETUBAL, 2003; GARCIA; LEITE; NOGUEIRA, 2013). Alguns fatores são muito relevantes para a diminuição da ansiedade nesse período de transformação da mulher, estes estão na qualidade e quantidade de informações transmitidas e também em um adequado suporte psicoemocional da equipe e também da família (FRANCISQUINI et al., 2010). Portanto, é fundamental enfatizar que o nascimento de um filho é uma experiência não somente da mulher, mas de toda família. Desse modo, para se oferecer uma atenção de qualidade no puerpério, é importante pensar não apenas em termos da mulher puérpera, mas também na família como um todo, incluindo nesse ponto de vista as várias formas de organização familiar (BRASIL, 2012). 17 2.2 Aspectos culturais do puerpério Muitas crenças e tabus estão associados ao ciclo reprodutivo, onde o período do puerpério é o que compõe a maior agregação desses tabus. Estes se baseiam em interpretações de origem social, sobrenatural e natural, cujo objetivo é evidenciar os possíveis perigos dessa fase para a mulher, visto que o período puerperal, que é denominado popularmente de dieta, resguardo ou quarentena, necessita de cuidados e restrições que visa proporcionar uma boa recuperação para à mulher (NAKANO et al., 2013) O autocuidado e o cuidado recebido no puerpério são enredados por influências, crenças e práticas, que são passadas de geração em geração. Tais influências se originam a partir de declarações de sucessos ou falhas ocorridos no pós-parto das mulheres da família. São histórias e acontecimentos que muitas vezes despertam tanta convicção, que acabam sendo compreendidas como verdades absolutas e, assim, são seguidas sem indagações (ACOSTA et al., 2012). Pesquisas mostram vários tipos de crenças relatadas por puérperas, dentre tais crenças estão a não lavagem dos cabelos no período pós-parto, pois acreditam que o processo de lavagem traz o riscode algum comprometimento mental, há também a prática de aplicar cascas de fruta nas mamas, como mamão ou banana, para curar fissuras e ingurgitamento mamário. Além disso, têm-se as restrições alimentares, pois o cuidar da alimentação ingerida precisa ser compatível com essa situação de fragilidade, portanto, precisa ser leve, sem temperos fortes, com pouca gordura. Dessa maneira, a restrição de certos alimentos visa também à prevenção de cólicas no recém-nascido (ACOSTA et al., 2012; BAIÃO et al., 2013). A privação de alimentos como, carne suína, de peixe, e ovos são executados sob a justificativa de riscos de febre, corrimento e infecções dentre outras situações, além de que a mulher pode morrer ou se tornar infértil. No que se refere à ingesta de frutas, verduras e legumes, as restrições são para as frutas ácidas porque causam inflamação. Além do mais as orientações não incluem somente os alimentos a serem restringidos, mas também aqueles que trazem benefícios à mulher nesse período, como carne de galinha sendo o único alimento bom para a mãe (NAKANO et al., 2013). 18 Portanto, é de fundamental importância entender que é no domicílio que se operam saberes, decisões e práticas que, eventualmente, entrarão em conflitos com os cuidados necessários à saúde materna. No entanto, não se deve esquecer que o ser humano tem a sua subjetividade, a sua tradição cultural, seus hábitos, crenças e valores. Nesse sentido, é preciso respeita-los, tendo cuidado de não ditar normas e regras, impondo modelos de saúde, querendo que estes cumpram um protocolo estabelecido (ICHISATO; SHIMO, 2001; ACOSTA et al., 2012). Em vista disso, é preponderante que enfermeiro saiba valorizar as crenças e experiências e venha atuar de forma influenciadora e positiva na promoção da saúde das puérperas. Para isso, se faz necessário, que o enfermeiro haja de maneira compreensiva e saiba ouvir atentamente, pois algumas puérperas demonstram medo por serem julgadas pelas suas atitudes, e isso influencia no cuidado realizado (BERNADI, 2011). Portanto, agir com consideração e respeito aos hábitos de vida, crenças, tabus, costumes e conhecimentos e atender a puérpera juntamente com outros indivíduos como o companheiro e demais familiares, considerando todo o contexto de maneira reflexiva e compreensiva, faz com que o cuidado se torne efetivo e adequado, tanto para aqueles que estão experimentando esse período, como puérpera e família, tanto aos profissionais de saúde (BERNADI, 2011). Entende-se, dessa forma, que a assistência no cuidado no pós-parto desenvolvidas e oferecidas pelos profissionais de saúde, precisa da inclusão de outros participantes, os quais também são agentes nesse processo, que são os demais membros da família. Pois, englobar o meio de relacionamento, o contexto social e as vivencias das puérperas se torna fundamental para o cuidado se torne uma realidade positiva, pois assim será possível ajustar o saber científico com o saber das puérperas (STEFANELLO; NAKANO; GOMES, 2008). Nesse segmento, é imprescindível que os profissionais de saúde conheçam quais são as práticas populares, e com isso venham incentivar as que promovem saúde e problematizar as posturas prejudiciais que põem em risco o bem-estar do binômio mãe e bebê. (ACOSTA et al., 2012). Entende-se, portanto, que a perceptiva cultural traz significativa contribuição para a prática na medida em que garante a percepção e respeito as diversidades, oferecendo oportunidade para uma relação de proximidade na assistência a mulher, 19 juntamente com suas famílias e, consequentemente, promove a realização de um cuidado mais humanizado (STEFANELLO; NAKANO; GOMES, 2007). 2.3 Puerpério: visita domiciliar e o cuidado de enfermagem Para que o enfermeiro entenda a importância da visita domiciliar durante o puerpério e obtenha bons resultados na prática, se faz necessário que desde o processo de formação profissional haja comprometimento, flexibilidade entre conhecimento científico e popular, ética, planejamento e entusiasmo, pois o cuidado no domicílio pode oferecer mais conforto e oportunidade para que a mulher exponha a sua realidade e condição de vida, o que permite ao enfermeiro associar essa realidade com as necessidades observadas bem como os cuidados de enfermagem necessários e possíveis de serem desempenhados (BERNARDI, 2011). Portanto, a assistência à mulher e ao recém-nascido no puerpério imediato e nas primeiras semanas após o parto é fundamental para a saúde materna e do neonato. Desta maneira, é preconizado uma visita domiciliar na primeira semana após a saída da mãe e recém-nascido da maternidade. Porém, se o bebê foi classificado como de risco, essa visita terá de acontecer mais precocemente, nos primeiros três dias após a alta hospitalar (BRASIL, 2012). O enfermeiro deve ser o encarregado por realizar essas visitas e também orientar os agentes comunitários de saúde (ACS) para que a façam, monitorando a ação (ANDRADE et al., 2015), pois esse momento representa um período de novos acontecimentos na vida da puérpera, que necessita por um suporte profissional preparado para atender as suas expectativas, responder suas dúvidas como também desempenhar atividades de cuidado voltado para a autoconfiança necessária na atividade materna. Sendo assim, essa atividade se apresenta como meio de providenciar a continuação da assistência à mulher no ciclo gravídico- puerperal (MAZZO, 2014). No âmbito da Rede Cegonha, é preconizada a realização da “Primeira Semana de Saúde Integral” (PSSI), esta é uma estratégia em saúde, na qual são executadas atividades na atenção à saúde puerperal e neonatal, onde tais ações cooperam para a redução da mortalidade infantil. Nesta perspectiva é preconizado que a maternidade, no momento da alta, comunique à equipe de atenção básica, à 20 qual a mãe e seu bebê estão ligados, que estes estão retornando para casa, com a finalidade de que a equipe se prepare para a realização da visita, de modo que esta seja realizada em tempo adequado (BRASIL, 2012) O objetivo da assistência a puérpera e ao neonato na visita domiciliar está em avaliar o estado de saúde da mãe e do recém-nascido, orientar e apoiar amamentação, repassar quais são os cuidados básicos com o bebê, avaliar vínculo mãe-filho, identificar precocemente risco e intercorrências e direciona-las, conversar sobre o planejamento familiar e agendar consulta puerperal. Neste momento deve- se também indagar-lhe sobre condições de gestação, possíveis intercorrências na hora do parto, fazer considerações sobre a alimentação, sono, atividade, dor, sangramento, febre, orientar sobre cuidado com as mamas, verificar se foram aplicadas no recém-nascido as vacinas BCG e hepatite B, dentre outras atividades (BRASIL, 2012). A visita domiciliar no puerpério se faz necessária para que também possa evitar o uso de práticas culturais que não são apropriadas ou diferentes das que são recomendadas nas propostas de cuidados, como por exemplo, do aleitamento através de mamadeira, o uso de fumo mascado em cicatriz umbilical, a mulher passar o puerpério sem a realização da higiene intima, dentre outras (NETO et al., 2012). Portanto, a assistência de enfermagem tendo o cuidado como sua essência vem incorporando sua prática na atenção à saúde da mulher no ciclo gravídico- puerperal, e abrange diversos sentidos que variam desde a abordagem simplesmente tecnicista até a prática que irá envolver uma atenção mais individualizada e humanizada, centrada na totalidade do ser humano, a partir de suas necessidades biofisiológicas e psicossociais (RODRIGUES et al., 2006). Para um desenvolvimento do plano de cuidados na visita domiciliar com a mãe, filho e com a família, o enfermeiro deve agregar uma variedade de conhecimentos, que vão desde os básicos de anatomia, fisiologia e patologia,obstetrícia, neonatologia, passando pelo conhecimento de saúde pública e saúde coletiva, até ao conhecimento dos cuidados mais complexos de abordagem e articulação comunitária (NETO et al., 2012). Neste âmbito, o cuidado de saúde surge como base para a prevenção das complicações, por meio do um apoio físico, psicoemocional, social e também informacional, este último procurando reforçar orientações que possibilitem à mulher 21 condições para cuidar de si e do seu bebê, envolvendo ações voltadas para avaliação e recuperação da puérpera e recém-nascido (RODRIGUES, 2014; PEREIRA; GRADIM, 2014). Dentre as diversas atividades que são executadas pelas mães nesse período, percebe-se que o cuidado com o filho é o principal, e prover a alimentação deste ser tão dependente é um fator que leva as mulheres a se preocuparem (PEREIRA; GRADIM, 2014). Portanto, destaca-se que no puerpério as mamas sofrem fortes alterações, no qual, se as mulheres não forem adequadamente orientadas e esclarecidas, o simples ato de amamentar poderá tornar-se dolorido, incômodo, levando sofrimento para a mãe, o qual deixa de ser um momento de alegria e realização. Neste sentido a educação em saúde torna-se uma prática fundamental, minimizando riscos no desmame precoce, onde a mulher deve ser acompanhada nas suas dificuldades, para evitar que os obstáculos físicos e psicoemocionais apareçam, pois a continuidade da amamentação dependerá da boa interação da mãe com recém- nascido e profissional de saúde (COSTA, 2001; RAVELLI, 2008). A mulher no período puerperal precisa receber atenção humanizada, integral e holística e que evidencie ações que promova o autocuidado. Dentre essas ações na visita puerperal, destaca-se ainda a observação da loquiação e orientação quanto aos cuidados com a episiorrafia ou com a incisão cirúrgica e isso não deve ser esquecido, no sentido de ofertar a mulher condições necessárias para o cuidado de si na prevenção de possíveis complicações. Dentre esses cuidados também estão a investigação e caracterização do fluxo sanguíneo, a fim de identificar alguma condição sugestiva de infecção, uma vez que as infecções puerperais estão entre as cinco principais causas de morte materna (BRASIL, 2009; PEREIRA, 2014; COSTA, 2001). Portanto, na assistência dirigida a puérpera, o períneo também deve ser observado cautelosamente, pois a região deve está livre de anormalidades e a cicatrização da episiotomia e laceração, quando houver, precisam evoluir sem exsudato ou dor local, investigando se há deiscência de sutura (COSTA, 2001). 22 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Tipo de estudo Trata-se de um estudo de análise descritiva e qualitativa, desenhada para avaliar a atuação do enfermeiro na visita domiciliar a puérpera e ao recém-nascido no município de Boa Vista – RR. As pesquisas descritivas tem o objetivo de descrever as características de um grupo, fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma das características significativas desse tipo de pesquisa é a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados (GIL, 2012). A pesquisa qualitativa se caracteriza como uma tentativa da compreensão minuciosa dos significados e características que são apresentados pelos entrevistados no lugar de produzir medidas quantitativas de tais comportamentos e significados (RICHARDSON, 2010). Além disso a pesquisa qualitativa busca os resultados mais fidedignos possíveis, tem o intuito de descrever, compreender e explicar. Esta busca a precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno. Tem a característica de observar as diferenças entre o mundo social e o mundo natural, respeitar o caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009). 3.2 Local do estudo A pesquisa foi realizada em Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município de Boa Vista-RR. Atualmente Boa Vista conta com 32 UBS, sendo estas compostas por 55 equipes multidisciplinares. Estas UBS estão divididas em seis macro áreas, onde todos os bairros estão divididos nestas macro áreas havendo total cobertura. A Macro área 1.0 ( Jardim Floresta, Caranã, Cauamé, Bairro União, Cidade Satélite), Macro Área 2.0 (São Vicente, Mecejana, Paraviana, São Pedro, 31 de Março) Macro Área 3.0 (Cambará, Asa Branca, Caimbé), Macro Área 4.0 (Buritis, 13 de Setembro, Pricumã, Liberdade, Cinturão Verde, Centenário), Macro Área 5.0 (Santa Tereza, 23 Tancredo Neves, Dr. Silvio Leite, Equatorial, Alvorada, Santa Luzia), Macro Área 6.0 ( Dr. Silvio Botelho, Senador Hélio Campos, Senador Hélio Campos, Nova Cidade, Raiar do Sol, Conjunto Cidadão). 3.3 População em estudo A população em estudo foram os enfermeiros atuantes nas Unidades Básicas de Saúde do munícipio. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, totalizam 55 enfermeiros, onde estes estão distribuídos nas 55 equipes multidisciplinares da Estratégia Saúde da Família (ESF). Critérios de inclusão: Os profissionais enfermeiros que tenham no mínimo um ano de atuação na ESF. Critérios de exclusão: Todos os profissionais enfermeiros que não estiverem presente no dia da pesquisa incluindo aqueles que se encontrarem de férias, licença ou afastamento. Assim, a população foi estabelecida de acordo com os critérios de inclusão, exclusão e no esgotamento de novas percepções, ou seja, quando os discursos dos enfermeiros tornaram-se repetitivos o objetivo do estudo foi atingido. 3.4 Procedimentos de coleta de dados Primeiramente, foi realizada a visita nas UBS, após anuência da Secretaria de Saúde do município de Boa Vista-RR, onde foi feita a abordagem ao diretor da unidade para apresentação da ideia da pesquisa e também para solicitar a autorização e apoio deste na realização da entrevista com o enfermeiro(a) da equipe. A coleta de dados aconteceu no período de agosto a outubro de 2016, no local de trabalho dos sujeitos, de forma individual utilizando-se de entrevista semiestruturada, com duração média de vinte minutos. A entrevista continha perguntas norteadoras a respeito da atuação do enfermeiro na visita domiciliar a puérpera e ao recém-nascido juntamente com suas percepções, ações e procedimentos frente esta visita (Apêndice A). 24 A realização da pesquisa ocorreu por meio de gravação, que segundo Gil (2010) é um dos modos mais confiáveis de reproduzir com precisão a resposta, além de ser a melhor estratégia na preservação do conteúdo da entrevista. Portanto, a vantagem da gravação está na possibilidade de ouvir a conversa quantas vezes for necessário, e então estuda-la. Assim o material gravado constitui uma boa representação dos acontecimentos (LADEIRA, 2007). 3.5 Análise dos dados A análise se deu por meio de análise de conteúdo que diz respeito a um conjunto de técnicas de análise de comunicações, o qual visa obter, por procedimentos objetivos e sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que irão permitir a conclusão de conhecimentos relativos às condições de elaboração dessas mensagens, além disso, através da análise de conteúdo pode-se encontrar respostas para as questões formuladas (BARDIN, 2010; MINAYO, 2012). A análise de conteúdo abrange três fases, a primeira diz respeito a organização do material a ser analisado, por meio da leitura compreensiva do material e posteriormente a montagem de uma estrutura que servirá como base para a interpretação onde é definido trechos significativos e categorias, a segunda diz respeito a exploração do material, onde se identifica ideias explicitas e implícitas, nessa fase pode ser preciso fazer várias leituras de um mesmo material. E a terceira fase é definida pela elaboração de síntese interpretativa, ou seja, a interpretação propriamente dita caracterizada por desvendaro conteúdo subjacente que já está sendo manifesto, onde se busca ideologias, tendências, e outras características dos fenômenos que está sendo analisado (MINAYO, 2012). Portanto, na análise de conteúdo, o texto é o meio pelo qual o sujeito se expressa, onde o pesquisador busca categorizar as unidades de texto, os quais podem ser palavras ou frases que se repetem, alcançando uma expressão que as representem (CAREGNATO; MUTTI, 2006). 3.6 Aspectos éticos e legais 25 O projeto de pesquisa proposto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Roraima (CEP- UFRR), conforme Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012, tendo sido aprovado pelo parecer de n° 1.625.176. Posteriormente a esse trâmite foi solicitada autorização da Secretaria Municipal De Saúde de Boa Vista - RR para realização das visitas as Unidades Básicas De Saúde. As entrevistas só foram realizadas após a autorização dos pesquisados por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B), uma vez que, o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) é um documento que tem a finalidade de proteger a autonomia dos participantes, no qual atestam estar cientes das condições como sujeitos da pesquisa. Desta maneira, este se faz um instrumento amplamente utilizado na pesquisa com seres humanos (OLIVERA; PIMENTEL; VIEIRA, 2010). Além disso, todos os participantes tiveram suas identidades protegidas, através do uso de abreviação da profissão seguida pela numeração de ordem das entrevistas. 26 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram realizadas 12 entrevistas e diante dos dados sociodemográficos dos enfermeiros verificou-se que a maiorias dos profissionais são do sexo feminino e a faixa etária de idade destes varia entre 25 a 57 anos. Em relação ao tempo de atuação da unidade, a maioria dos entrevistados trabalham há 03 anos na unidade em que estão atuando, sendo que é de 09 anos o maior tempo encontrado de atuação na mesma unidade. O tempo de formação como profissional enfermeiro varia de 03 a 20 anos, sendo que 04 destes tem tempo de formação maior que 10 anos (Quadro 1). Com relação a especialização ou pós graduação, verificou-se um bom número nos resultados, pois dos 12 enfermeiros entrevistados, 11 relataram ter algum tipo de especialização ou pós graduação, sendo “saúde da família” a especialização mais citada, conforme o quadro 1. Quadro 1 – Perfil sociodemográfico dos enfermeiros. Entrevistados Sexo Idade (anos) Tempo de atuação na unidade (anos) Tempo de formação (anos) Contém especialização ou pós graduação Enf. 1 F 25 03 03 Educação em Saúde para preceptores do SUS Enf. 2 F 25 03 03 Educação em Saúde para preceptores do SUS Enf. 3 F 35 03 03 Não contem Enf. 4 F 52 03 10 Ginecologia e obstetrícia Enf. 5 F 27 03 03 Saúde coletiva e obstetrícia Enf. 6 F 49 5 20 Saúde da família; saúde coletiva e preceptoria do SUS 27 Enf. 7 F 28 03 6 Saúde da família e saúde do trabalhador Enf. 8 F 43 09 17 Saúde da família, obstetrícia, gestão dos sistemas dos serviços de saúde Enf. 9 M 45 03 17 Urgência e emergência Enf. 10 F 42 03 05 Enfermagem do trabalho Enf. 11 F 51 01 15 Saúde da família, saúde pública, saúde do idoso e gestão hospitalar Enf. 12 M 57 03 20 Saúde da família, obstetrícia, gestão do SUS Fonte: Autor (2016). Após a realização das entrevistas e a transcrição íntegra dos discursos dos enfermeiros, foi realizada a análise do conteúdo com base na metodologia proposta. Dessa maneira, chegou-se em quatro categorias, sendo elas: contexto socioeconômico e familiar; a visita domiciliar como uma ferramenta que auxilia no cuidado; a assistência à puérpera no domicílio; a assistência ao recém-nascido no domicílio. Portanto, logo abaixo serão descritas cada uma delas. 4.1.1 Contexto socioeconômico e familiar Quando se perguntou sobre a percepção dos profissionais frente à visita domiciliar ao binômio mãe-filho, alguns dos entrevistados referiram que a visita se torna importante por oferecer a eles uma abrangência de conhecimento no que diz respeito ao contexto socioeconômico e familiar em que a puérpera e seu filho estão inseridos. A avaliação da estrutura física do ambiente, bem como do contexto familiar e social é realizada logo quando o profissional chega ao domicílio. 28 “A gente primeiro avalia o ambiente que aquele bebê está, que aquele recém-nascido e aquela puérpera estão, depois a gente começa avaliar a paciente em si [...]” (Enf. 4). “[...] é lá que gente consegue ver o contexto familiar que aquele bebe está inserido né?! É... A questão da estrutura física, o lugar que aquele bebe está dormindo, onde ele está tomando banho, como que está a estrutura, quem que está com a mãe” (Enf. 1). “[...] e lá durante essa visita a gente já começa a ter a visão, a percepção de qual é o estilo de vida [...]” (Enf. 11). Conhecer as condições do meio referente à saúde, como moradia e saneamento, são de extrema relevância para que sejam estabelecidas medidas de promoção da qualidade de vida do indivíduo, família e comunidade (AZEREDO et al., 2007). Convergindo a este assunto Drulla (2009) relata que um olhar sobre os diferentes aspectos do cuidado juntamente com a compreensão de todo o espaço domiciliar possibilita a elaboração de intervenções que estejam direcionadas a atender às reais demandas do indivíduo e, portanto o cenário do domicílio, também traz a possibilidade de tornar manifesto as relações sociais, pois estas relações podem fortificar a qualidade de vida, e, consequentemente promover saúde, ou, ao contrário disto, contribuir no processo de adoecimento destes. Corroborando com este pensamento Andrade et al. (2015) referem que a visita domiciliar no puerpério permite conhecer de forma eficaz as dificuldades e necessidades que a puérpera está vivenciando, considerando os aspectos biopsicossociais, visando a promoção da saúde da mulher, recém-nascido e família, e assim seja alcançado um nível elevado de saúde. Em vista disso, verifica-se que não é possível obter um cuidado satisfatório sem se envolver, desta forma, é indispensável que o enfermeiro demonstre interesse e preocupação, traçando objetivos voltados ao benefício da puérpera de forma compartilhada entre o profissional e a paciente em seu contexto familiar (BERNARDI; CARRARO; SEBOLD, 2011). Em relação a esse contexto familiar Prates, Schmalfuss e Lipinski (2014) discorrem que a família tem sido verificada como essencial no processo da prática em saúde, no que se refere a questões de apoio, aconselhamento e cuidados básicos com a mulher e com recém-nascido. Nessa questão verificou-se que o profissional procura identificar como aquela mãe e o seu filho estão sendo assistidos 29 pela família. Portanto, verificar o comportamento familiar, observando a maneira que esse novo membro está sendo recebido na família é importante. Além de ser um momento oportuno para analisar se a puérpera está obtendo apoio necessário, e de que forma esse apoio está sendo desenvolvido. “[...] como é a questão dela familiar né?! quem é que mora com ela? ela tá sendo assistida por alguém? Tá a mãe? Tá a cunhada? Tem alguma irmã ajudando?” (Enf. 3). “[...] Comportamento familiar também, como é que a família tá se comportando é... no cuidado, quem tá cuidando dessas duas pessoas [...]” (Enf.8). Durante o período puerperal tanto a mulher quanto os demais componentes da família compartilham da experiência da chegada de um novo ser nesse convívio, estes, por sua vez sofrem um desgaste físico e psíquico, sendo de extremo benefício e relevância a formação de uma rede de apoio familiar (MARTINS et al., 2008). Segundo um estudo realizado por Martins et al. (2008) as avós se apresentam com papeis significativosno contexto familiar nesse período, por conta da sua experiência, conhecimento e do seu auxilio na realização das atividades domésticas e no cuidado com o recém-nascido. Porém, Angelo e Bousso (2001) salientam que a assistência nesse período compete em conhecer como cada família se preocupa e detecta seus pontos fortes, identifica suas dificuldades e sua energia para que, então, se compartilhe as responsabilidades. Dessarte que, com base nas informações coletadas e na realização de observações do contexto familiar, o enfermeiro tem o poder de implementar a melhor assistência possível. Diante disso, indaga-se também que a família não pode ser vista apenas como um grupo que cumpre as atividades estabelecidas pelo profissional. O enfermeiro precisa considerar as opiniões, as dúvidas e a atuação da família na promoção da saúde, reconhecendo que esta também tem o direito de responder pela saúde dos seus membros (ANGELO; BOUSSO, 2001). Verifica-se, portanto, que a junção de um ambiente familiar saudável com as intervenções e ações de saúde realizadas no puerpério dirigidas a mulher, ao 30 recém-nascido e a família acabam por promover saúde e bem-estar (ANDRADE et al. 2015). 4.1.2 A visita domiciliar como uma ferramenta que auxilia no cuidado Com essa categoria identifica-se que a visita domiciliar é vista como uma estratégia propiciadora no cuidado. Nas falas abaixo, pode-se perceber essas afirmações, quando estes expressam suas percepções sobre esta visita domiciliar puerperal. Uma das vantagens da visita que também foi mencionada pelo profissional está na facilidade do recebimento dessa assistência, uma vez que, muitas puérperas não têm condições de buscar a unidade, e por sua vez, a visita facilita esse cuidado. “[...] muitas puérperas não tem condições de procurar a unidade de saúde por vários motivos e dentre os quais a visita domiciliar se torna bastante importante nesse caso, né” (Enf. 9). Segundo Cruz e Bourget (2010) a visita domiciliar também tem a vantagem de evitar o deslocamento dos usuários até a unidade de saúde para que sejam atendidos em situações em que se encontram impossibilitadas de dirigir-se a unidade por eventual desconforto, doença ou falta de tempo. Nesse sentido, verifica- se que o período do puerpério é um momento de impossibilidade, por ser um fase de limitação da mulher, que está passando por um processo de adaptação física, emocional e de novas responsabilidades no cuidado de si e do seu filho, portanto a assistência no domicilio, será uma ferramenta que irá promover maior conforto à puérpera. Outro benefício está no oferecimento de informações e esclarecimento das dúvidas das pacientes no momento da visita, pois muitas vezes algumas informações importantes deixaram de ser repassadas, ou surgiram novas dúvidas após o nascimento do filho. “Então, é importante pra passar alguma informação que durante as consultas de pré-natal passou despercebida, entendeu?” (Enf. 5). 31 Nesse contexto, Minasi et al. (2013) revalidam esse assunto quando referem que a visita domiciliar se torna eficaz no preenchimento desses espaços vazios que se encontram quando não há um esclarecimento pertinente realizado nas consultas de pré-natal e também na internação, o que intensifica a relevância de sua realização. As informações prestadas na visita domiciliar no puerpério tem o poder de minimizar os medos e anseios da paciente e família, promovendo um ambiente favorável para adaptação física e emocional (RODRIGUES et al., 2011). Além disso, Andreatta et al. (2011), evidenciam em sua pesquisa a falta de conhecimento das mães em relação aos cuidados básicos com o recém-nascido, mostrando, nesse quesito, que o enfermeiro precisa agir como facilitador, fornecendo as devidas informações e cuidado. Outra vantagem da visita domiciliar que foi relatada é referente à detecção precoce das complicações puerperais, que poderão acometer a mulher e/ou ao recém-nascido nesse período, para tanto a visita domiciliar torna-se uma estratégia na prevenção de agravos. “É de suma importância essa visita domiciliar por conta da gente fazer a detecção precoce né, se tem alguma alteração tanto com a puérpera, quanto o recém-nascido [...]” (Enf. 7). [...] Porque nós temos que observar ela nesse início por conta dos sangramentos né, e... Porque tem pessoas que pode desenvolver uma infecção, ai ela tá em casa, ai acaba indo pra maternidade, então se nós fizer a assistência domiciliar, evita isso [...]” (Enf. 10). Sabe-se que o período puerperal compreende um conjunto de preocupações e cuidados pertinente ao nascimento de um novo ser e também no conjunto de situações que acontece no corpo da puérpera, portanto, é evidente que nessa fase a grande possibilidade de ocorrer riscos e agravos ao estado físico e psicológico da mulher, onde isso pode repercutir ao recém-nascido (MAZZO; BRITO; SANTOS, 2014). Para tanto o profissional enfermeiro tem habilidades técnicas e científicas suficientes para desenvolver todos os cuidados na busca da recuperação e prevenção de complicações, oferecendo informações referentes a mudanças 32 ocorridas no puerpério e, como resultado, buscar reduzir a morbimortalidade materna (BARROS et al., 2011) Segundo Rodrigues et al. (2006) a primeira consulta do pós-parto, na sua maioria das vezes, acontece de maneira tardia, entre o 42º ao 45º dia após o parto, tempo o bastante para o surgimento de complicações obstétricas e alterações relacionada a lactação, ocasionando o desmame precoce. Portanto, Garcia, Leite e Nogueira (2013) demostram que a realização da visita domiciliar vem a ser uma atividade de extrema importância para a detecção e prevenção de alterações que afetam a evolução normal do puerpério, o que nem sempre pode ser identificado nas consultas puerperais. Diante disso, Mazzo, Brito e Santos (2014), trazem em sua pesquisa que os cuidados puerperais dispensados no domicílio são considerados um momento de oportunidade para que sejam desenvolvidos procedimentos que previnam essas possíveis complicações. Além disso, é evidente que o reconhecimento da assistência recebida pela mulher nesse período tem extrema contribuição para que as mesmas adotem ações e cuidados que contribuam para seu bem-estar como mulher e mãe. Nesse sentido, entende-se que a mulher no período do pós-parto precisa receber uma atenção que também evidencie o autocuidado, principalmente no que se refere aos cuidados com alimentação, sono e repouso, episiorrafia ou incisão cirúrgica. Isso precisa ser bem enfatizado, no sentido de oferecer à mulher as devidas condições para o cuidado de si e para a prevenção de agravos (PEREIRA; GRADIM, 2014). Em vista disso, é evidente que a assistência domiciliar no pós-parto permite que o enfermeiro identifique essas alterações, realize as devidas intervenções de forma imediata para que, consequentemente, haja a resolução dos problemas detectados, e assim ocorra a prevenção das alterações relacionadas à puérpera e recém-nascido (ROCHA; CORDEIRO, 2015). A visita domiciliar também foi mencionada como uma boa ferramenta na criação de vínculo entre profissional e paciente, e consequentemente, esse momento se torna uma forma de realizar a humanização e o acolhimento no âmbito domiciliar. 33 “Então, quando a gente entra na casa da puérpera a gente consegue estabelecer esse vínculo [...]” (Enf. 2). “[...] além do vínculo que a gente cria, é o acolhimento que também a gente traz para essa puérpera, tanto o acolhimento quando vou na casa, como ela vem na unidade depois” (Enf.11). Souza et al. (2011) destacam que o acolhimento ao binômio mãe-filho é uma estratégia fundamental na atenção à saúde da mulher e da criança, e esta estratégia está dentro das possibilidades de atuação do enfermeiro, onde este pode agir com autonomia, prestandoum atendimento humanizado, baseado também na resolução de problemas. Nessa ótica, a partir do conhecimento da realidade das mães e recém-nascidos, o enfermeiro pode atuar na promoção da saúde e prevenção de agravos nos primeiros dias pós-parto, visando uma melhor qualidade de vida a esse grupo. É de grande valor prestar uma assistência bastante singular e especifica em cada período do puerpério, de modo a reconhecer a individualidade de cada puérpera, na busca em oferecer um atendimento de enfermagem humanizado (BARROS et al., 2011). Por conseguinte, Souza et al. (2008) destacam que o acolhimento e a formação de vínculos são essenciais para a equipe multiprofissional e, particularmente, ao enfermeiro, que necessita construir esse vínculo nas diversas dimensões do viver e fazer saúde. Portanto, Minasi et al. (2013) consentem com isto quando expõem que a assistência oferecida no domicílio influencia no desenvolvimento de um bom relacionamento entre enfermeiro, puérpera e família, propiciando um ambiente mais favorável para que a mesma exponha suas dificuldades. Além disso o profissional usufrui de um tempo maior do que na unidade. Portanto, segundo Drulla (2009), a visita ao domicílio é uma estratégia que abre margem para construção de vínculos, pois vem a oferecer um ambiente e tempo emocional proficiente para um atendimento mais humanizado que vai além de orientações, e tem a intenção de promover saúde, garantindo maior qualidade de vida. 4.1.3 A assistência à puérpera no domicílio 34 Esta terceira categoria retrata os cuidados com a puérpera que os enfermeiros mais realizam no domicílio. As falas apresentadas abaixo revelam que uma das principais ações realizadas são as orientações. Vem-se, no entanto, a falta de um exame físico mais detalhado nos relatos de alguns dos entrevistados, mostrando que, em muitas situações, a assistência no domicílio se resume em observações e perguntas direcionadas a puérpera. “Então, seriam essas orientações, seriam as avaliações, seriam os cuidados mesmo de contínuo, entendeu?” (Enf.5). “Nós praticamos a orientar a puérpera nos cuidados gerais tanto com o recém-nascido, como propriamente dela né. E baseado em cima de informações mesmo, maior seriam as orientações” (Enf. 9). “[...] e os cuidados são orientações pra puérpera [...]. Na puérpera a gente observa também a questão do sangramento, se foi cesariana o parto, a gente olha a questão de infecção” (Enf. 2). “Eu pergunto se tá sangrando ainda, como que tá o sangramento, quando é possível eu olho, quando não, não olho” (Enf. 1). “A puérpera a gente verifica né, o tipo de parto, dar as orientações em relação a cada parto [...]” (Enf. 7). Sabe-se que as orientações de enfermagem são extremamente importantes nesse período, e vão influenciar nas situações positivas e negativas que poderão ocorrer com mulher, porém, isso deve ocorrer juntamente com os cuidados (FRANCISQUINI et al., 2010). Em sua pesquisa, Mazzo, Brito e Santos (2014), mostram que segundo relato de puérperas, houve unanimidade de discursos que referiram a ausência de exame físico e ginecológico na visita domiciliar. Portanto, reforçam que na assistência a mulher no puerpério, o profissional deve amparar a paciente não somente com orientações, mas também com a execução de um exame físico e ginecológico, protegendo inclusive, o biopsicossocial da mesma. Ainda relatam que o exame físico e ginecológico no puerpério atribui-se a uma atividade executada pela equipe, mas principalmente pelo enfermeiro no momento da assistência no domicílio. Destaca-se também que o exame físico é uma etapa muito importante para o planejamento do cuidado do enfermeiro. Portanto, este exame tem o intuito avaliar o paciente através de sinais e sintomas na busca por alterações que podem sugerir 35 problemas no processo de saúde e doença. O exame físico deve ser realizado de maneira sistematizada através de uma avaliação minuciosa de todos os segmentos do corpo utilizando as técnicas necessárias (SANTOS; VELGA; ANDRADE, 2009). Nos discursos dos depoentes também se percebeu, que durante a visita quase a totalidade dos enfermeiros seguem uma avaliação própria que é estabelecida naquele momento, a qual contempla algumas ações como observar a questão emocional, o vínculo mãe-filho, integridade do mamilo, sangramento, entre outras, e, portanto, verifica-se que não se segue um roteiro de cuidado pré- estabelecido nessa assistência no domicílio. Logo esta ferramenta poderia ser uma conduta muito efetiva, uma vez a sistematização da assistência poderá reduzir possíveis lacunas que venham a existir no cuidado domiciliar. “Quando é a mãe eu presto atenção na questão emocional da mãe, como que ela tá, se ela aparenta tristeza, como que é o vínculo com o bebe, eu presto atenção se o peito dela tem boa produção de leite, se o mamilo tá íntegro, se não tá” (Enf.1). “A assistência nesse momento é orientação sobre fissuras mamárias, orientações em relação o período de sangramento, o acompanhamento do sangramento em si, né? Por que, conforme o tempo gradativo vai diminuindo e a gente tem que acompanhar, só assim ela vai saber identificar se tá bom ou não, então você tem que orientar, são as orientações né? se for parto Cesária, acompanhar toda a cicatriz né, e orientar em relação o tempo de retirar os pontos [...]” (Enf. 10). “De ver como é que tá a amamentação, como é que tá o sangramento, ferida operatória se foi Cesária, se não foi Cesária, como é que tá sendo a evolução desse pós parto dela, o bebê está tendo boa pega? Ela está conseguindo amamentar? Ela consegue descansar também? [...]” (Enf. 3). Os cuidados de enfermagem precisam ser identificados, planejados e implementados juntamente com a visão holística sobre o paciente, e então, a assistência irá acontecer de maneira adequada (BERNADI, 2011). O planejamento do cuidado garante que as ações do enfermeiro tenham visibilidade e sejam mais especificas. Ao realizar um roteiro para a assistência, as ações de enfermagem tornam-se mais efetivas e com maior qualidade, e isso facilita a adaptação da puérpera para o autocuidado, para os cuidados com o recém- nascido e consequentemente maior sucesso na diminuição de complicações (ALMEIDA; FERNANDES; ARAUJO, 2004). 36 Agregando-se a este assunto, Pereira e Grandim (2014) ressaltam que a aplicação de um roteiro especifico ao binômio mãe-filho traz grande contribuição para que o enfermeiro desempenhe uma assistência mais ampla, além de orienta-lo no processo assistencial. Estes ainda explanam que o uso de um instrumento exclusivo para essa atividade torna-se fundamental para uma assistência efetiva a puérpera. 4.1.4 A assistência ao recém-nascido no domicílio Esta última categoria descreve a visão geral e holística dos enfermeiros em relação à assistência ao recém-nascido, na qual se observou que o cuidado ao neonato se torna mais minucioso e detalhado em comparação com a avaliação da mãe. Convergindo com este assunto, Mazzo, Brito e Santos (2014) evidenciam por meio dos depoimentos de puérperas, que os enfermeiros valorizam mais o exame do recém-nascido durante a visita, não dando a devida importância as demandas da mulher em relação ao próprio corpo. Portanto, no presente estudo, verificou-se que avaliação do recém-nascido acontece de maneira muito mais ampla, contemplando vários aspectos do cuidado. “E pro bebe eu observo, geralmente o coto umbilical, se ainda tá lá, ou se não, a ferida umbilical, a cicatriz umbilical, observo a amamentação, como que ele tá pegando, como que tá ele fisicamente, se ele tem sinais de maus tratos, de higienização inadequada, oriento pra higienizar a boca [...]” (Enf.1). “O recém-nascido a gente avalia tudo né, avalia a vista, avalia a situação do ambiente, se esse neném vai tá bem acolhido, se tá bem acolhido pelospais, se ele sofre algum risco por causa de um irmãozinho menor ou não, faz as medições de perímetro cefálico, continua observando é... a coloraçãozinha da pele, explica do aleitamento materno, ver se a pega está correta, orienta em relação as cólicas, dorezinhas que o beber possa vir a sentir [...]” (Enf.4) Pereira e Grandin (2014) afirmam que a avaliação do recém-nascido pelo enfermeiro é de extrema relevância, pois essa atitude transfere para a mãe segurança e tranquilidade em relação ao desenvolvimento e crescimento de seu filho. Dessa forma, o modo, o tipo e a qualidade do amparo recebido nessa fase, são fatores que podem contribuir para adaptação mais satisfatória do papel materno. 37 Além disso, a identificação, a busca e o monitoramento do neonato, representa um desafio sempre presente para englobar no modelo de assistência voltada e embasada nos princípios de prevenção, promoção da saúde no âmbito da atenção básica (SLOMP et., al, 2006). Portanto, Brasil (2012) salienta os cuidados gerais dispensados ao recém- nascido que contemplam as avaliações do peso, atividade, características do crânio, olhos, abdome, juntamente com a observação do coto umbilical, genitália, dentre outras diversas observações e cuidados. Diante dos depoimentos dos enfermeiros verificou-se também que as verificações da situação vacinal e dos exames básicos do recém-nascido também ficaram bem enfatizadas como sendo uma atividade na assistência ao neonato no domicílio. “Como também se essa criança, esse RN iniciou as vacinas da maternidade, a questão da consulta do teste do pezinho, do teste do olhinho, do teste da orelhinha, se foi previamente agendado, se não foi, já orientar que a mãe tem que procurar logo na primeira semana pra fazer o teste do pezinho no posto conosco [...] (Enf. 6) “Já no recém-nascido a gente verifica os exames básicos, né! as vacinas, as básicas e... verifica algumas outras alterações maiores é... em relação a diurese, evacuação, ganho de peso, o crescimento” (Enf. 7) “Quanto a criança a gente olha o coto umbilical, ver se tá cicatrizado, as vacinas BCG e hepatite, se foram feitas nas 12 primeiras horas de vida, ver se a criança tem boa pega, se tá com as funções fisiológicas presentes, tudo isso ai é importante, tem que observar” (Enf.12). [..] e o recém-nascido, principalmente por causa do teste, saber se o teste do pezinho foi colhido, teste da orelhinha, teste do olhinho foi feito E... é como te falei, é uma caixinha de surpresa né?! [...] (Enf. 4). Diante disso, Brasil (2012) vem trazer que dentro das ações relacionadas aos cuidados com o recém-nascido, ainda está a importância de verificar se foram aplicadas as vacinas BCG e de hepatite B na maternidade, caso não tenham sido aplicadas, o enfermeiro deve se encarregar desse papel, juntamente com a realização do teste do pezinho no recém-nascido. Outra observação realizada mediante os relatos dos enfermeiros, é que estes além de prestarem esses cuidados no momento da visita, também procuram 38 observar e ensinar as mães como se deve cuidar do recém-nascido nas diversas situações que ocorrem no dia-dia. Até na hora do banho também, já aconteceu casos da gente é... acompanhar na hora do banho, na banheira ali a gente tá observando, tá orientando, tá mostrando pra elas, enfim assim, são uma série de orientações e observações que a gente faz né? e sempre assim, procurando observar o cuidado de ver o que se precisa melhorar, acrescentar mais informações, a gente vai fazendo isso. E sempre reforçando também o lado positivo delas né?” (Enf.11). “[...] fazer orientações em relação aos cuidados com o umbigo, observar e conversar com a mãe sobre a amamentação, orientar sobre amamentação, a forma de amamentar, sobre a higiene da criança, os cuidados com a higiene, tudo isso que nós praticamos na visita domiciliar” (Enf. 10). Nesse quesito, a pesquisa de Pereira e Grandin (2014) revela que, segundo depoimentos de enfermeiras, observou-se que estas buscam reforçar as orientações sobre os cuidados dispensados ao recém-nascido. Em vista disso, Melo et., al (2011) evidenciam que nas ações de educação em saúde dentro do período puerperal, o enfermeiro precisa apontar quais são as necessidades de um recém- nascido, orientando as mães a maneira correta no cuidado desse novo ser de maneira que venha destacar os principais aspectos do cuidar (MELO et., al, 2011). Nas entrevistas os enfermeiros também deram ênfase na observação e orientação do aleitamento materno, na busca de situações que poderão ocasionar o desmame precoce. Observa-se, dessa maneira, que a visita vem a ser uma ferramenta para também prevenir essa situação, promovendo saúde ao neonato. É onde a gente reforça o aleitamento materno, que onde a gente consegue ter uma maior adesão do aleitamento materno é nos primeiros dias minha filha, porque se depois que a vó mandar dar chá e leite pra você consegui tirar, você até consegue, mas quanto mais precoce for essa introdução reafirmando o aleitamento materno [...] (Enf.1). [...] a gente procura ir logo nos primeiros cinco a dez dias pra orientar justamente a importância do aleitamento materno, os cuidados com o seio, a parte higiene dela e ver se ela tem algum tipo de comprometimento que possa agravar o impedimento de amamentar [...](Enf. 12) 39 A questão da amamentação, perguntar se a mãe tem alguma dúvida sobre amamentação, se ela tá fazendo a pega correta, se ela faz a higienização da mama [...] (Enf. 6). Prates, Schmalfuss e Lipinski (2014) frisam que conhecer e buscar entender as experiências em amamentação no ambiente familiar, abre oportunidade para que o profissional reflita quanto à necessidade de novas estratégias na organização de suas ações e análise para que, consequentemente, venha a decidi o melhor plano na redução ou prevenção do desmame precoce. Para tanto, é fundamental que o profissional conheça os valores e tradições presentes no contexto social da mulher, de modo que venha a identificar as situações que podem desfavorecer a amamentação. Um estudo realizado por Fonseca-Machado et al. (2012), revela que através dos depoimentos de profissionais de enfermagem, percebeu-se a unanimidade quando estes referem à abordagem ao aleitamento materno nas ações incorporadas na assistência à saúde da mulher e da criança. Orientar de maneira efetiva sobre amamentação demanda tempo, algo que nas consultas raramente acontece. Pois esse momento requer disponibilidade para que essas mulheres sejam ouvidas, com intuito que elas contem suas crenças e experiências anteriores, pois isso é muito relevante para o futuro da próxima amamentação. Esse tem sido um dos papeis essenciais do enfermeiro (AMORIM; ANDRADE, 2009). Portanto, o trabalho do enfermeiro de orientação à mãe nesse período é de fundamental importância, pois pode ocorrer a introdução de alimentos complementares, que não seja o leite materno, e isso simboliza um risco elevado de doenças e desnutrição, pois os alimentos que estão sendo administrados podem está contaminados (AMORIM; ANDRADE, 2009). 40 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na tentativa de verificar a percepção do enfermeiro frente a visita domiciliar a puérpera e ao recém-nascido, analisou-se como este atua no cuidado ao binômio mãe-filho no âmbito domiciliar. Para isso utilizou-se um questionário semiestruturado com intuito de investigar as ações e procedimentos desse profissional no cuidado à esse grupo. Dessa maneira, constatou-se que para todos os enfermeiros entrevistados a visita no domicílio a puérpera e ao neonato é de fundamental importância. Isso é identificado quando os profissionais relatam as diversas vantagens e benefícios que essa ação traz tanto para o bom resultado profissional destes, quanto para promover a saúde da mãe, recém-nascido e família. Diante disso,é evidente que a visita leva o enfermeiro a se adentrar a realidade do binômio, e isso traz grande contribuição para que se desenvolva uma assistência de qualidade, pois esta será estruturada com base nas observações do contexto familiar, econômico e social. Na categoria a visita domiciliar como uma ferramenta que auxilia no cuidado, a visita (vistoria ou visitação) é notada como uma oportunidade de passar e repassar informações importantes desse período, além disso, é uma estratégia para detecção precoce de agravos recorrentes na puérpera e neonato. Também é um excelente recurso para a criação de vínculos entre o profissional, pacientes e família. Já em relação à assistência domiciliar à puérpera, os enfermeiros afirmaram realizar várias orientações, no entanto, deixam a desejar a realização do exame físico da mãe, que é tão importante nesse período de fragilidade. Logo comparando o cuidado que esses profissionais dispensam ao recém-nascido, pode-se afirmar, diante dos relatos, que este último recebe mais atenção do que a puérpera. No entanto, essa conduta é prejudicial, pois nesse período a mulher passa por diversas transformações e adaptações, nas quais se não houver uma atenção minuciosa, poderá repercutir em complicações à mesma. Nos cuidados com recém-nascido os enfermeiros enfatizam a importância do aleitamento materno, expondo a preocupação na ocorrência da introdução de alimentos complementares e do desmame precoce. Além disso, também há grande interesse na averiguação da situação vacinal e realização dos exames básicos do neonato. 41 Diante do exposto, é possível afirmar que a assistência domiciliar dos enfermeiros no cuidado ao binômio mãe-filho no período puerperal abrange aspectos importantes. No entanto, existem lacunas nesse cuidado, principalmente quando se refere a assistência prestada a puérpera, para isso se faz necessária a sistematização da assistência nesse momento da chegada ao lar, pois seguir um roteiro de cuidado buscando abranger os vários aspectos da anamnese e exame físico, irá repercutir beneficamente a saúde do binômio, uma vez que a assistência se dará de maneira muito mais ampla, além de promover mais vínculo e confiança entre paciente e profissional. Sugere-se, então, que a visita seja guiada por um instrumento que norteie essa assistência e que direcione o momento da visita de maneira que evite situações em que, cuidados que são indispensáveis, deixem de ser realizados. Destaca-se ainda que são necessários novos estudos com intuito de verificar em qual espaço de tempo, geralmente, essa visita é realizada, uma vez que o Ministério da Saúde preconiza a realização da visita em até uma semana após a alta hospitalar. 42 REFERÊNCIAS ACOSTA, D. F. et al. Influências, crenças e práticas no autocuidado das puérperas. Revista da escola de enfermagem da USP, São Paulo, v. 46, n. 6, p. 1327-1333, mai. 2012. ALMEIDA, N. A. M.; FERNANDES, A. G.; ARAÚJO, C. G. Aleitamento materno: uma abordagem sobre o papel do enfermeiro no pós-parto. Revista eletrônica de enfermagem, Goiás, v. 06, n. 03, p. 358-367, jul./dez. 2004. ALT, M. S.; BENETTI, S. P. C. Maternidade e depressão: impacto na trajetória de desenvolvimento. Revista psicologia em estudo, Maringá, v. 13, n. 2, p. 389-394, abr./jun. 2008. AMORIM, M. M.; ANDRADE, E. R. Atuação do enfermeiro no PSF sobre aleitamento materno. Revista perspectivas online, Rio de Janeiro, v. 3, n. 9, p. 93-110, 2009. ANDRADE, R. 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