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TCC- ENFERMAGEM UFRR (28)


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
NAYARA KALILA DOS SANTOS BEZERRA 
 
 
 
 
 
 
 
SEPSE NA EMERGÊNCIA: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO 
PRECOCE E TRATAMENTO DA DOENÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA VISTA, RR 
2020 
 
 
NAYARA KALILA DOS SANTOS BEZERRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEPSE NA EMERGÊNCIA: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO 
PRECOCE E TRATAMENTO DA DOENÇA 
 
Monografia apresentada como pré-requisito para 
conclusão do Curso de Bacharelado em Enfermagem da 
Universidade Federal de Roraima – UFRR. 
Orientadora: Profª. Drª. Raquel Voges Caldart. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA VISTA, RR 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NAYARA KALILA DOS SANTOS BEZERRA 
 
 
 
 
 
SEPSE NA EMERGÊNCIA: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO 
PRECOCE E TRATAMENTO DA DOENÇA 
 
Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do 
Curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade 
Federal de Roraima– UFRR. Defendida em 12 de dezembro de 
2020 e avaliada pela seguinte banca examinadora: 
 
 
__________________________________________ 
Profª. Dra. Raquel Voges Caldart 
Orientadora/Curso de Enfermagem-UFRR 
 
 
 
 
__________________________________________ 
Prof°. Dr. Paulo Sérgio da Silva 
Curso de Enfermagem-UFRR 
 
 
 
__________________________________________ 
Profª. Ma. Fernanda Zambonin 
Instituto Federal de Roraima- IFRR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à minha família, em 
especial aos meus pais, Regina Kátia Pereira 
dos Santos e José Edinaldo Machado Bezerra 
Júnior, que sempre acreditaram no meu 
potencial e me incentivaram ao longo dessa 
jornada, por ser a minha base e meu estimulo 
para que eu chegasse até aqui. Sou imensamente 
grata por todo apoio recebido. Dedico também 
as minhas avós maternas Rosimar Pereira dos 
Santos e Socorro Borges Bezerra, por todo 
apoio e carinho. Minha eterna gratidão! Essa 
conquista é para vocês. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, pela minha vida, por me dar força de vontade e 
coragem para superar todos os obstáculos. Agradeço também, todas as oportunidades que me 
foram concebidas no decorrer do curso, oportunidades estas que me trouxeram experiências 
incríveis e transformadoras. 
Aos meus pais, Regina Kátia e José Edinaldo Júnior que sempre me incentivarem 
nos momentos mais difíceis e nunca mediram esforços para proporcionar todo suporte que eu 
precisava ao longo do curso, com todo carinho e amor do mundo. Sem eles não seria 
impossível completar essa importante etapa. Gratidão também a minha irmã, Nathália 
Kamili por sempre torcer e celebrar minhas conquistas como se fossem suas. 
Agradeço ao meu namorado, Jonathan Kley por todo apoio, paciência e 
compreensão. Sou grata por todo cuidado, carinho e pela tranquilidade que me traz nos 
momentos difíceis. 
Às amizades que o curso me proporcionou que com certeza levarei para toda a vida. 
Jadila Tainá, Kelly Amanda, Sara Suerda, Leonardo Cunha vocês foram essenciais, 
tornaram essa caminhada mais leve, obrigada pelo companheirismo, pelos momentos alegre e 
divertidos e por toda força e apoio nas dificuldades e adversidade durante a graduação. 
Gratidão também aos professores do curso de enfermagem da UFRR que foram 
fundamentais na minha formação pessoal e profissional. Agradeço em especial à minha 
orientadora Raquel Voges Caldart, uma profissional exemplar, sempre muito disposta a 
repassar seus conhecimentos. Obrigada pela paciência comigo, pelas orientações, auxílio e 
por toda confiança e empenho dedicado à elaboração deste trabalho. 
Agradeço também a todos aqueles que direta ou indiretamente me ajudaram a 
concluir esse trabalho, vocês terão minha eterna gratidão! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem 
desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará 
com você por onde você andar.” 
(Josué 1:9) 
 
 
RESUMO 
 
Sepse é considerada um problema de saúde pública, pois acomete anualmente cerca de 30 
milhões de pessoas em todo mundo. Para a redução do número de casos dessa doença é 
fundamental que os profissionais de saúde que atue nos setores de emergência estejam aptos 
para identificar brevemente sinais e sintomas de sepse, bem como, iniciar o tratamento assim 
que o caso for identificado. A presente pesquisa teve como objetivo avaliar o conhecimento 
dos enfermeiros atuantes na emergência em um hospital de referência para adultos de 
Roraima frente à identificação e tratamento inicial da sepse. Trata-se de um estudo descritivo, 
transversal, com abordagem quantitativa. A população do estudo foi composta por 
enfermeiros da unidade de emergência que atuam na assistência direta ao paciente. A coleta 
de dados se deu por meio a aplicação de um formulário virtual (online) elaborado a partir do 
Google Forms. Os dados foram tabulados em planilha do programa Microsoft Excel® com 
auxílio do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 20.0. A 
análise dos dados foi realizada de acordo com o novo consenso Sepse-3 de 2016 e na 
atualização da Surviving Sepsis Campaign de 2018. Participaram do estudo 25 enfermeiros 
(100%) que atuavam na unidade de emergência no período da coleta dos dados, destes 64,0% 
(n=16) eram do sexo feminino, com a média de idade 37,8 anos (±6,3), com mediana de 38 
anos e variação de 29 a 53 anos; 48,0% (n=12) tinham entre 5 a 10 anos de atuação no setor 
de emergência, 84,0% (n=21) possuíam especialização e 76,0% (n=19) não receberam 
treinamento sobre sepse e não tinham conhecimento da existência de protocolos de sepse na 
instituição. As questões “definição atual de sepse” e “sinais clínicos de sepse” apresentaram o 
mesmo percentual de erro de (68,0%). Em relação ao escore Sequential Organ Failure 
Assessment Score e seus componentes, 76,0% (n=19) afirmaram não conhecer esse 
instrumento. Sobre o manejo inicial após identificar sinais e sintoma de sepse, a questão 
“tempo ideal para administrar a primeira dose do antibiótico” e “iniciar antibiótico de amplo 
espectro” foram respondidos corretamente por (88,0%; n=22) e (80,0%; n=20) dos 
enfermeiros, respectivamente. Já a questão sobre os exames a serem coletados antes da 
administração da primeira dose do antibiótico apresentou um percentual de 40,0% (n=10) de 
acerto. Quanto às outras medidas “medir o nível de lactato e medir novamente se o valor 
inicial estiver elevado (> 2 mmol/L)” foi assinalada corretamente por apenas 16,0% (n=4) dos 
participantes, “reposição volêmica agressiva e precoce em pacientes com hipoperfusão ou 
lactato (≥ 4 mmol/L)”, por 28,0% (n=7) e o “uso de vasopressores para manter a PAM ≤ 65 
mmHg”, por apenas 12,0% (n=3). Conclui-se que o conhecimento dos enfermeiros da 
emergência sobre identificação e tratamento da sepse são insuficientes, com isso, sugere-se 
que a instituição promova capacitações sobre o tema e que adote protocolos clínicos de sepse, 
para que a sepse na emergência seja identificada e tratada de forma precoce. 
 
 
Palavras-Chave: Emergência. Enfermagem. qSOFA. Sepse. 
 
 
 
 
 
 ABSTRACT 
 
Sepsis is considered a public health problem, as it affects approximately 30 million people 
worldwide every year. To reduce the number of cases of this disease, it is essential that health 
professionals working in the emergency sectors are able to quickly identify signs and 
symptoms of sepsis, as well as, start treatment of itas soon as the case is identified. This 
research aimed to evaluate the knowledge of nurses working in the emergency of an important 
hospital de Roraima regarding the identification and initial treatment of sepsis.This is a 
descriptive, cross-sectional study with a quantitative approach. The study population 
consisted of nurses from the emergency unit who work in direct patient care. The data was 
collected through the application of a virtual form (online) elaborated using Google Forms. 
The data were tabulated in a Microsoft Excel® spreadsheet with the aid of the statistical 
program Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 20.0.Data analysis was performed 
according to the new2016 Sepse-3 consensus and the 2018 Surviving Sepsis Campaign 
update. The study included 25 nurses (100%) who worked in the emergency unit during the 
period of data collection, of which 64,0% (n=16) were female, with an average age of 37.8 
years (±6,3), with a median of 38 years, ranging from 29 to 53 years; 48,0% (n=12) had 
between 5 to 10 years of experience in the emergency sector, 84,0% (n=21) had specialization 
and 76,0% (n=19) did not receive training in sepsis and were not aware about the existence of 
sepsis protocols in the institution.The questions “current definition of sepsis” and “clinical 
signs of sepsis” presented the same percentage of error (68.0%).Regarding the Sequential 
Organ Failure Assessment Score and its components, 76,0% (n=19) said they did not know 
this instrument. Regarding the initial management after identifying signs and symptoms of 
sepsis, the question “ideal time to administer the first dose of the antibiotic” and “start a broad 
spectrum antibiotic” were answered correctly by (88,0%; n=22) e (80,0%; n=20) of nurses, 
respectively. The question about the tests to be collected before the administration of the first 
dose of the antibiotic presented a percentage of 40,0% (n=10) of correctness.As for the other 
measures “measure the lactate level and measure again if the initial value is high (> 2 
mmol/L)” was correctly pointed out by only 16,0% (n=4) of the participants, “aggressive and 
early fluid replacement in patients with hypoperfusion or lactate (≥ 4 mmol/L)”, by 28,0% 
(n=7) and the “use of vasopressors to maintain MAP ≤ 65 mmHg”, by only 12,0% (n=3). It is 
concluded that the knowledge of the emergency nurses regarding the identification and 
treatment of sepsis is insufficient, therefore, it is suggested that the institution promotes 
training on the subject and adopts clinical sepsis protocols, so that sepsis in the emergency is 
identified and treat early. 
 
 
Keywords: Emergency. Nursing. qSOFA. Sepsis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS 
 
CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar 
CEP Comitê de Ética em Pesquisa 
COFEN Conselho Federal de Enfermagem 
ECG Escala de Coma de Glasgow 
ESCCM European Society of Critical Care Medicine 
FT Fator Tecidual 
FR Frequência Respiratória 
ILAS Instituto Latino-Americano de Sepse 
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 
INR Tempo de Protrombina 
LAREE Liga Acadêmica Roraimense de Enfermagem em Emergência 
NO Óxido Nítrico 
NF-ΚB Fator de Transcrição Nuclear Kappa B 
PAI-1 Ativador de Plasminogênio 1 
PAM Pressão Arterial Média 
PAMP Padrão Molecular Associado ao Patógeno 
PAO2/FIO2 Fração Inspirada de Oxigênio/ Pressão Arterial de Oxigênio 
PAS Pressão Arterial Sistêmica 
PUC Hospital da Pontifícia Universidade Católica 
PVC Pressão Venosa Central 
qSOFA Quick Sequential Organ Failure Assessment Score 
SCVO2 Saturação Venosa Central de Oxigênio 
SCCM Society of Critical Care Medicine 
SDRA Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo 
SIRS Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica 
SOFA Sequential Organ Failure Assessment Score 
SSC Surviving Sepsis Campaign 
SSVV Sinais Vitais 
SUS Sistema Único de Saúde 
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
TH1 T Help Tipo 1 
TH2 T Helptipo 2 
TLR Toll- Like 
TNF-Α Fator de Necrose Tumoral Alfa 
TNF-Β Fator de Necrose Tumoral Beta 
TTPA Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada 
UFRR Universidade Federal de Roraima 
UTI Unidade de Terapia Intensiva 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Definições de sepse segundo o consenso de 1991 e 2001.................... 16 
Quadro 2 - Definições de sepse segundo o consenso de 2016................................ 17 
Quadro 3 - Critérios do escore qSOFA (Quick-SOFA).......................................... 24 
Quadro 4 - Comparativo das mudanças dos pacotes (bundles) para o manejo da 
sepse...................................................................................................... 
 
26 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Perfil demográfico dos enfermeiros da unidade de emergência de 
um hospital de referência para adultos de Roraima (n=25). Boa 
Vista – Roraima, 2020......................................................................... 
 
 
36 
 
Tabela 2 - Treinamento e conhecimento sobre o protocolo de sepse pelos 
enfermeiros da unidade de emergência de um hospital de referência 
para adultos de Roraima (n=25). Boa Vista – Roraima, 
2020...................................................................................................... 
 
 
 
41 
 
Tabela 3 - Conhecimento sobre a definição atual e identificação dos pacientes 
com sepse pelos enfermeiros da unidade de emergência de um 
hospital de referência para adultos de Roraima (n=25). Boa Vista – 
Roraima, 2020............................................................................................ 
 
 
 
43 
 
Tabela 4 - Conhecimento sobre o manejo inicial dos pacientes com sepse pelos 
enfermeiros da unidade de emergência de um hospital de referência 
para adultos de Roraima (n=25). Boa Vista – Roraima, 
2020...................................................................................................... 
 
 
 
51 
 
Tabela 5 - Conhecimento sobre o manejo inicial dos pacientes com sepse pelos 
enfermeiros da unidade de emergência de um hospital de referência 
para adultos de Roraima (n=25). Boa Vista – Roraima, 
2020..................................................................................................... 
 
 
 
52 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12 
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 14 
1.1.1 Objetivo Geral ......................................................................................................................... 14 
1.1.2 Objetivo Específico .................................................................................................................. 14 
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................... 15 
2 REFERENCIAL TEMÁTICO .............................................................................................. 16 
2.1 ASPECTOS GERAIS DA SEPSE ........................................................................................... 16 
2.2 FISIOPATOLOGIA E DISFUNÇÕES ORGÂNICAS CAUSADAS PELA SEPSE .............. 19 
2.3 IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DE SEPSE NA EMERGÊNCIA ........................................... 23 
2.4 MANEJO INICIAL DA SEPSE NA EMERGÊNCIA ............................................................. 25 
2.5 AÇÕES DE ENFERMAGEM FRENTE À SEPSE NA EMERGÊNCIA ............................... 28 
3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 32 
3.1 TIPO DE ESTUDO .................................................................................................................. 32 
3.2 LOCAL DO ESTUDO ............................................................................................................. 32 
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ..................................................................................................33 
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS .................................................................... 33 
3.5 ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................................................... 34 
3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ............................................................................................ 35 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 36 
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO ESTUDO.............................................. 36 
4.2 CONHECIMENTO SOBRE AS MEDIDAS INICIAIS DE SEPSE NA EMERGÊNCIA ..... 43 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 59 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 61 
APÊNDICES ........................................................................................................................................ 75 
APÊNDICE A ...................................................................................................................................... 75 
APÊNDICE B ...................................................................................................................................... 80 
ANEXO I .............................................................................................................................................. 82 
ANEXO II ............................................................................................................................................ 83 
 
12 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Desde 2016, a sepse passou a ser definida como síndrome da disfunção orgânica 
potencialmente fatal, causada por uma resposta desregulada do organismo a uma infecção e o 
choque séptico como a sepse mais severa acompanhada por anormalidades circulatórias, 
metabólicas e celulares que podem levar o indivíduo ao óbito (SHANKAR-HARI et al., 2016; 
SINGER et al., 2016). A sepse acomete anualmente cerca de 30 milhões de pessoas em todo 
mundo. Amortalidade global é de cerca de 30 a 40%, ultrapassando 50% em países 
emdesenvolvimento (FLEISCHMANN et al., 2016; VIANA, 2017). 
No Brasil a mortalidade por sepse e choque séptico é elevada, principalmente em 
hospitais público e privado com o percentual de óbitos que chega a 44,2% e 72,9%, 
respectivamente, e um dos principais fatores para elevada mortalidade de sepse no país, é a 
demora no diagnóstico e no início do tratamento (CONDE et al., 2013; ILAS, 2015). Ainda 
no âmbito hospitalar estudos apontam que 93% dos pacientes desenvolvem sepse fora da 
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 43,3% são admitidos no hospital com disfunção 
orgânica indicativa de sepse (BARRETO et al., 2016; BARROS; MAIA; MONTEIRO, 
2016). 
Sendo assim, é necessário que a equipe multiprofissional que atua nas emergências 
estejam aptas para identificar brevemente sinais e sintomas presumíveis de sepse, 
principalmente os profissionais de enfermagem que estão mais próximo do paciente, pois isso 
oportuniza o tratamento, aumenta as chances sobrevida do paciente, diminui o tempo de 
internação, os custos com hospitalização e o sofrimento do paciente e de seus familiares 
(BARROS; MAIA; MONTEIRO, 2016; BOECHAT; BOECHAT, 2010; PIRES et al., 2011). 
É importante destacar, que essa doença é de origem infecciosa, portanto, qualquer 
infecção pode desencadeá-la, sejam aquelas causadas por vírus, bactérias, protozoários ou 
fungos, sendo as bactérias as principais envolvidas nessas infecções (ILAS, 2015; ZONTA et 
al., 2017). Suas manifestações clínicas variam de acordo com o grau da disfunção orgânica. 
Por isso, o diagnóstico precoce da sepse ainda é um grande desafio para os profissionais de 
saúde, pois a complexidade das suas manifestações clínicas faz com que ela seja confundida 
com outras patologias (VIANA, 2017). 
Pensando em facilitar e agilizar o processo de identificação e tratamento dessa 
doença, a Societyof Critical Care Medicine (SCCM) e a European Society of Critical Care 
Medicine (ESCCM) sugerem o uso do quick Sequential Organ Failure Assessment Score 
(qSOFA) que é uma ferramenta para abordagens rápida, a beira do leito, ideal para ser 
13 
 
 
utilizada no primeiro atendimento nas unidades de emergência, pois auxiliam a identificação 
precoce de pacientescom sepse ou com suspeita de sepse (GOULART et al., 2019; 
MARTINO et al., 2018; PULS, 2016; RODRIGUEZ et al., 2018). 
Já no que se refere ao tratamento a “Surviving Sepsis Campaign” (SSC) de 2018 
recomenda o pacote de 1 hora, que deve ser instituído dentro das primeiras horas, assim que o 
indivíduo for identificado com sepse. Dentre as medidas desse pacote, tem-se: i) coleta de 
lactato; ii) coleta de hemoculturas; iii) início de antibioticoterapia de amplo espectro; iv) 
reposição volêmica; v) uso de vasopressor; vi) reavaliação da volemia e; vii) reavaliação do 
lactato (BOECHAT; BOECHAT, 2010; DUARTE, 2019; LEVY; EVANS; RHODES, 2018; 
MIRANDA; SILVA). 
Nesta perspectiva, destaca-se a unidade de emergência, na qual recebe altas 
demandas de serviço e apresenta condições complexas que são inerentes ao próprio ambiente. 
Dessa forma, a dinâmica assistencial estabelecida entre a equipe de enfermagem como dos 
demais membros da equipe de saúde, precisa ser executada de forma rápida, imediata, com 
agilidade, precisão e eficiência, para assim identificar a sepse e prevenir possíveis agravos 
(BOECHAT; BOECHAT, 2010; ROSSETTI; GAIDZINSKI; FUGULIN, 2013). 
Assim, diante do exposto, ressalta-se a importância da identificação precoce de sepse 
na emergência, pois o paciente deve chegar a UTI com a sepse já identificada, bem como o 
tratamento já iniciado, conforme recomendado pelos protocolos internacionais. Por isso, 
destaca-se a importância de instituir medidas de identificação e tratamento precoce em setores 
que não sejam a UTI, para assim contribuir com a redução do número de óbitos por essa 
afecção. Tendo em vista que para a efetivação das medidas preconizadas tanto para a 
identificação precoce quanto para o tratamento da sepse, faz necessário que o enfermeiro 
tenha conhecimento desta doença e dos instrumentos de manejo do paciente. 
 
 
 
14 
 
 
1.1 OBJETIVOS 
 
1.1.1 Objetivo Geral 
 
Analisar conhecimento dos enfermeiros atuantes na emergência de um hospital de 
referência para adultos de Roraima frente à identificação precoce e o tratamento inicial da 
sepse. 
 
 
1.1.2 Objetivo Específico 
 
● Realizar a caracterização sociodemográfica e ocupacional dos enfermeiros que 
atuam na unidade de emergência da referida instituição; 
● Verificar o conhecimento dos enfermeiros da emergência sobre as definições 
atuais de sepse; 
● Avaliar o conhecimento dos enfermeiros da emergência sobre a identificação 
precoce dos sinais clínicos de sepse; 
● Avaliar o conhecimento dos enfermeiros da emergência sobre as medidas iniciais 
após o paciente ser identificado com sepse ou suspeita de sepse. 
 
15 
 
 
1.2 JUSTIFICATIVA 
 
A motivação para a realização desta pesquisa surgiu a partir da vivência em ambiente 
hospitalar através de plantões realizados como integrante da Liga Acadêmica Roraimense de 
Enfermagem em Emergência (LAREE), no qual foi possível observar que havia muitos casos 
suspeitos de sepse que não eram identificados e passavam despercebidos pela equipe de 
enfermagem. 
Levando em considerando que a emergência é um local crítico e que os pacientes 
internados nesse setor apresentam fatores (tempo de internação, gravidade do quadro clínico, 
e uso de dispositivos invasivos) que os predispõem à infecção e contribuem para surgimento 
da sepse e que os profissionais de enfermagem em especial o enfermeiro, são fundamentais 
nesse processo, por estarem próximos ao paciente initerruptamente e, assimtendo todas as 
ferramentas necessárias para identificar precocemente e tratar a sepse. 
Essas ferramentas são preconizadas por protocolos internacionais, tanto para a 
identificação quanto para o tratamento da sepse e, para tanto, faz-se necessário que o 
enfermeiro tenha conhecimento acerca dos instrumentos de manejo do paciente. 
Embora haja uma grande quantidade de estudos sobre o tema, estes se concentram 
nas UTI’s e poucos abordam a sepse na emergência, em especial no contexto local, onde há 
poucos estudos sobre o tema. Mas é importante ressaltar que a identificação precoce de sepse 
deve ocorrer ainda na emergência, para que o paciente seja transferido a UTI, com a sepse já 
identificada e otratamento iniciado, a fim de aumentar a sobrevida dos pacientes acometidos 
por essa infecção. 
Dessa forma, acredita-se que esta pesquisa seja relevante, não só para ressaltar a 
importância do enfermeiro no reconhecimento e tratamento precoce da sepse, como também, 
a importância de instituir medidas, conforme recomendado pelos protocolos internacionais em 
setores fora da UTI. 
 
16 
 
 
2 REFERENCIAL TEMÁTICO 
 
2.1 ASPECTOS GERAIS DA SEPSE 
 
As definições de sepse passaram por diversas modificações no decorrer dos anos, 
essas mudanças ocorreram através de conferências de consenso com o intuito de melhor 
esclarecer os conceitos de sepse, bem como seus critérios diagnósticos. Até o momento, 
foram realizadas três dessas conferências ocorridas nos anos de 1991, 2001 e 2016 (AMIB, 
2019; SINGER et al., 2016). 
O consenso realizado pela American College of Chest Physicians e Society of 
Critical Care Medicine, em 1991 e 2001 respectivamente, definiram a sepse como síndrome 
da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) e mais os seguintes termos para classificação sepse, 
sepse grave e choque séptico, conforme apresentado no quadro 1, essas definições ficaram 
conhecidas como critérios de Sepse-1 e Sepse-2 (SINGER et al., 2016). 
 
Quadro 1 - Definições de sepse segundo o consenso de 1991 e 2001. 
 
Categorias 
Diagnósticas Definições 
SRIS 
 
 
 
 
Presença de pelo menos 2 dos seguintes itens: 
a) Temperatura central > 38,3º C ou < 36ºC; 
b) Frequência cardíaca > 90 bpm; 
c) Frequência respiratória > 20 rpm ou PaCO2 < 32 mmHg ou necessidade de 
ventilação mecânica; 
d) Leucócitos totais > 12.000/mm³ ou < 4.000/mm³ou presença de > 10% de formas 
jovens. 
Sepse 
 
Síndrome da resposta inflamatória sistêmica decorrente de uma infecção confirmada 
ou suspeita. 
Sepse Grave Sepse associada à disfunção orgânica, hipoperfusão ou hipotensão. 
Choque Séptico 
 
 
Estado de falência circulatória aguda caracterizada pela persistência de hipotensão 
arterial em paciente séptico, sendo hipotensão definida como PAS< 90 mmHg ou 
redução de > 40 mmHg da linha de base, ou PAM < 60, adespeito de adequada 
reposição volêmica, na ausência de outras causas dehipotensão. 
SRIS: síndrome da resposta inflamatória sistêmica; PAM: pressão arterial sistêmica média; PAS: 
pressão arterial sistólica. 
Fonte: Adaptado de AMIB, 2019; SALOMÃO, 2017. 
 
 
A Society of Critical Care Medicine (SCCM) e a European Society of Intensive Care 
Medicine (ESICM) em 2016, organizaram a terceira conferência chamada task force (força 
tarefa) para estabelecer as novas propostas de definições e critérios para Sepse-3, e assim a 
sepse passou a ser definida como síndrome da disfunção orgânica múltipla, que ameaça a 
17 
 
 
vida, desencadeada por resposta irregular do organismo à um patógeno e o choque séptico 
como a sepse mais severa acompanhada por anormalidades circulatórias, metabólicas e 
celulares que podem levar o indivíduo ao óbito (SHANKAR-HARI et al., 2016; SINGER et 
al., 2016). O quadro 2 apresenta as atuais definições de sepse estabelecidos no consenso de 
2016. 
 
Quadro 2- Definições de sepse segundo o consenso de 2016. 
Sepse Síndrome da disfunção orgânica de múltipla, que ameaça a vida, desencadeada por 
resposta irregular do organismo à uma infecção. Com aumento de 2 pontos no SOFA 
ou 2 ou 3 pontos no qSOFA. 
Choque Séptico Anormalidade circulatórias, metabólicas e celulares que pode e levar o indivíduo à 
óbito. Necessidade de vasopressores para manter pressão arterial média ≥ 65 mmHg 
e lactato ≥ 2 mmol/L após ressuscitação volêmica adequada. 
Fonte: Adaptado de AMIB, 2019; PULS, 2016. 
 
Com as novas definições de sepse estabelecida alguns termos entraram em desuso 
como sepse grave e a SIRS, visto que seus critérios eram inespecíficos e inadequados para 
sepse, além disso, foi considerado que a sepse é sempre grave, sendo assim, passou a ser 
adotado somente os termos sepse e choque séptico (CARNEIRO; PÓVOA; GOMES, 2017; 
MACHADO et al., 2016). Porém, a SIRS mesmo depois de excluída, continua sendo utilizada 
para auxiliar no diagnóstico geral de infecção, seus achados servem de complemento para 
identificar infecções específicas ou de foco infeccioso suspeito (SINGER et al., 2016; 
VIANA, 2017). 
Sobre a epidemiologia da sepse, estima-se que ocorram anualmente cerca de 20 a 30 
milhões casos em todo o mundo, com elevada mortalidade na sua forma mais grave, com a 
média mundial de óbitos em torno 37%, ultrapassando 50% dos casos em regiões menos 
desenvolvidas em decorrência de carência de leitos em unidades terapia intensiva e 
diagnóstico tardio (FLEISCHMANN et al., 2016, HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS, 2015). 
No Brasil, a cada ano surgem aproximadamente 600 mil novos casos de sepse e estes 
são responsáveis por 16,5% dos atestados de óbitos emitidos no país, ou seja, em torno de 250 
mil mortes por ano. A sepse é considerada uma das principais causas de óbito hospitalar no 
país, com a taxa de mortalidade chegando a 65%, superando à média mundial de 30 a 
40%(ILAS, 2015; VIANA, 2017). Segundo um estudo retrospectivo conduzido por Taniguchi 
e outros colaboradores (2017) ao analisar a epidemiologia das mortes por sepse no Brasil, 
entre os anos de 2002 a 2010, notou que o número de mortes por sepse aumentou de 69,5% 
para 97,8% durante o período analisado. 
18 
 
 
Já o estudo realizado por Quintano, Neira, Hamacher e Japiassú (2018), entre os anos 
2006 à2015, evidenciou um aumento anual 50,5% na incidência de sepse em hospitais 
públicos brasileiros integrados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Constatou também, que a 
taxa de mortalidade por sepse era maior nos hospitais públicos (55,5%) que nos hospitais 
privados (37,0%). 
Para Dragosavac e Araújo (2014), esse aumento da mortalidade provém da escassez 
de recursos físicos, materiais e humanos nos setores públicos, bem como a falta de 
envolvimento da equipe multidisciplinar e limitação de conhecimento dos profissionais de 
saúde sobre essa doença.Além disso, pode-se incluir o atraso na identificação da sepse e 
otratamento inadequado como um dos principais fatores para elevada mortalidade de hospitais 
públicos (CONDE et al., 2013). 
Além do impacto nas taxas de mortalidade, a sepse é uma das principais geradoras de 
custos hospitalares nos setores públicos e privados, isto ocorre devido à necessidade de 
medicamentos caros, equipamentos sofisticados e por exigir acompanhamento constante da 
equipe multidisciplinar (HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS, 2015; MIRANDA; SILVA; 
DUARTE, 2019; VIANA, 2017). 
No Brasil, os custos hospitalares estimados com internação de pacientes com sepse e 
choque séptico representam R$ 3.692.421,00 o que vale (US$ 1.649.138,40), com média de 
R$ 38.867,60 por paciente. Mais da metade do valor total do tratamento da sepse R$ 
2.215.773,50 destinou-se a pacientes que evoluíram a óbito (BARRETO et al., 2016). 
No que se refere aos fatores de risco sabe-se que qualquer pessoa pode desenvolver 
essa patologia, porém alguns fatores podem predispor o indivíduo a essa infecção, dentre eles 
estão os extremos de idade (prematuros, crianças menores de um ano e idosos acima de 65 
anos); comorbidades associadas como hipertensãoarterial e diabetes mellitus; etilismo, 
tabagismo e usuários drogas; imunodeficientes, pacientes oncológicos; vítimas de 
traumatismos, queimaduras; pós-cirúrgico; maior tempo de internação; uso de procedimentos 
invasivos (sonda vesical de demora, cateteres intravasculares, ventilação mecânica) que 
favorecem o surgimento de infecções (BARROS; MAIA; MONTEIRO, 2016; HOSPITAL 
SÍRIO LIBANÊS, 2015; MOURA et al., 2017). 
Quanto ao foco infeccioso mais frequente encontrado em pacientes sépticos, tem-se o 
foco pulmonar (pneumonia), urinário (infecção urinária) e abdominal (infecção intra-
abdominal). Qualquer infecção seja ela comunitária ou hospitalar pode desencadear um 
quadro de sepse e/ou choque séptico, além disso, o perfil de resistência do agente etiológico é 
19 
 
 
um fator relevante para determinar um prognóstico ruim (ILAS, 2015; VIANA, 2017; 
ZONTA et al., 2017). 
 
2.2 FISIOPATOLOGIA E DISFUNÇÕES ORGÂNICAS CAUSADAS PELA SEPSE 
 
A sepse é desencadeada por uma resposta irregular do mecanismo de defesa do 
indivíduo a um agente infeccioso. Essa resposta ocorre através da ativação dos mecanismos 
pró-inflamatórios e anti-inflamatórios, com intenção de eliminar e controlar a invasão do 
agente etiológico e contribuir para a recuperação dos tecidos lesados, por outro lado, na busca 
de combater o microrganismo e restaurar a homeostase do organismo, esses mecanismos 
inflamatórios acabam entrando em desequilíbrio resultando nas disfunções orgânicas 
(SALOMÃO, 2017; VIANA, 2017). 
Vale destacar que a resposta específica à infecção irá depender de fatores tanto 
intrínsecos ao paciente, tais como idade, genética e comorbidades preexistentes quanto 
extrínsecos pertencentes ao agente invasor como o tipo de microrganismo, quantidade inóculo 
e virulência do agente infectante (ANGUS; VAN DER POL, 2013; FOCACCIA, 2015). 
A fisiopatologia da sepse é um processo complexo e tem como principais 
componentes a resposta inflamatória sistêmica, a disfunção imunocelular, a hipóxia tecidual, e 
as alterações da coagulação e fibrinólise (VIANA, 2017). Esses componentes serão 
apresentados com mais detalhe a seguir. 
Os microrganismos (fungos, bactérias, vírus) apresentam em sua parede celular 
moléculas específicas que se ligam aos receptores de reconhecimento padrão presentes nas 
células imunes do hospedeiro, como os receptores toll-like (TLR), que detectam o padrão 
molecular associado ao patógeno (PAMP) e estimulam a resposta imune inata, responsável 
pelo processo inflamatório inicial da sepse (DRAGOSAVAC; ARAÚJO, 2014; SALOMÃO, 
2017). 
Desse modo, inicia-se uma cascata eventos sinalizados dentro da célula, com a 
liberação do NF-κB (fator de transcrição nuclear kappa B) que desencadeia os mediadores 
inflamatórios primários chamados de pró-inflamatórios, tais como interleucinas (IL-1 e IL-6), 
TNF-α (fator de necrose tumoral alfa) e TNF-β (fator de necrose tumoral beta), esse 
processogera agressão ao endotélio que provoca uma resposta inflamatória secundária 
liberando oxidantes, proteases, leucotrienos, prostaglandinas (TAVARES; MARINHO, 
2015). 
20 
 
 
Após a resposta imune inata ativar a célula e liberar os mediadores inflamatórios, 
ocorre à ativação da resposta imune adaptativa (celular e humoral), que liberam células 
específicas de defesa, ampliando a resposta imune inata. As principais células envolvidas 
nesse processo são os linfócitos B, que facilitam a apresentação de antígenos para as células 
natural killers e aos neutrófilos; os linfócitos T help tipo 1 (TH1) que secretam citocinas pró-
inflamatórias TNF-α e IL-1 e os T help 2 (TH2) que secretam as citocinas anti-inflamatória 
IL-4, 10, IL-10 e IL-13 (DRAGOSAVAC; ARAÚJO, 2014). 
Os neutrófilos além de destruir os microrganismos, acabam promovendo o aumento 
da permeabilidade vascular, ocasionando o edema tecidual. As células endoteliais lesionadas 
aumentam sua atividade enzimática realizando a síntese e liberação do óxido nítrico (NO), um 
potente vasodilatador que tem papel chave no choque séptico. A vasodilatação promovida 
pelo NO provoca o acúmulo e transbordamento do líquido para o espaço da lesão endotelial, 
contribuindo para a hipóxia e/ou hipoperfusão tecidual. O aumento da permeabilidade pode 
promover o agravamento da disfunção orgânica, mas isso dependerá da intensidade e do local 
ocorrido (SALOMÃO, 2017). 
Além da inflamação, ocorre também ativação da cascata da coagulação que se inicia 
através da expressão (concentração) do Fator Tecidual (FT) que ativa os fatores VIIIa e Va 
levando a formação de trombinas (converte fibrinogênio em fibrina). A fibrina se liga as 
plaquetas as quais se ligam às células endoteliais, formando trombos microvasculares. Esse 
trombo intravascular bloqueia o fluxo sanguíneo impedindo a chegada de oxigênio nos órgãos 
e tecidos, ocasionando a hipóxia tecidual, isquemia distal e a indução de mediadores 
inflamatórios que promovem a ampliação da lesão endotelial (SIQUEIRA-BATISTA et al., 
2011; TAVARES; MARINHO, 2015). 
Na sepse o agravamento do quadro trombótico ocorre pela redução da fibrinólise que 
é responsável pela remoção de coágulos, isso acontece devido à baixa síntese dos fatores 
anticoagulante, tais como as proteínas C e S, antitrombina III, trombomodulina e o inibidor da 
via do fator tecidual que são mediados dos pelo TNF-α que promove a inibição da produçãode 
fibrinas e do ativador do plasminogênio 1 (PAI-1) interrompendo a fibrinólise 
(DRAGOSAVAC; ARAÚJO, 2014; SIQUEIRA-BATISTA et al., 2011). 
Resumidamente, na fisiopatologia da sepse ocorrem diversos distúrbios celulares, 
circulatório sistêmico e na microcirculação. Na circulação sistêmica observa-se o aumento 
dapermeabilidade capilar e da vasodilatação, que contribuem para os quadros de hipovolemia 
e hipotensão. Na microcirculação, podemos ressaltar a redução de densidade capilar, 
trombose e modificação tanto da viscosidade como da composição das células sanguíneas. 
21 
 
 
Todos esses eventos favorecem a diminuição da oferta de oxigênio para o tecido o que 
resultará no aumento do metabolismo anaeróbio e da hiperlactatemia. Além disso, com à 
baixa oferta de oxigênio as células irão sofrer apoptose e hipoxemia citopática o que levará a 
disfunção orgânica (VIANA, 2017). Essa disfunção orgânica é o estágio mais grave da sepse, 
quanto maior o número de órgãos acometidos, maior a possibilidade de óbito (AMIB, 2019). 
As principais disfunções que acometem o organismo são apresentadas a seguir. 
A disfunção cardiovascular é representada pela hipotensão arterial e apresentam 
várias alterações hemodinâmicas, como taquicardia, hipertensão pulmonar, baixa resistência 
vascular sistêmica, diminuição de retorno venoso devido à hipovolemia; depressão miocárdica 
estimulada pelos mediadores inflamatórios que ocasiona diminuição da contratilidade 
cardíaca; elevação da permeabilidade capilar e formação de microtrombos. Esse conjunto de 
fatores compromete a perfusão, que está associada à redução da oferta tecidual de oxigênio. 
Na falta de oxigênio os tecidos passam a produzir metabolismo anaeróbico o que eleva os 
níveis de lactato, ou seja, causando a hiperlactatemia que é o sinal mais grave do quadro sepse 
(SILVA; OTHERO, 2004; VIANA, 2017). 
A disfunção respiratória decorre do acúmulo de líquidos nos pulmões ocasionado 
pelo aumento permeabilidade alvéolo-capilar e a diminuição de surfactantes, isso levará a um 
colapso alveolar, redução da complacência e a ampliação do espaço morto, causando 
insuficiência respiratória, dificultando as trocas gasosas e consequentemente a oxigenação 
sanguínea (hipoxemia, cianose), essa série de eventos geram lesões pulmonares graves 
levando ao desenvolvimento da síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA), sinais 
que podem ser observado no paciente através das trocas gasosas inadequada (relação 
PaO2/FiO2 abaixo de 300), taquipnéia e dispnéia (SILVA; OTHERO, 2004; VIANA;WHITAKER, 2011). 
Na disfunção neurológica é comum o paciente apresentar rebaixamento de nível de 
consciência e manifestar-se confuso, desorientado, desatento, por vezes sonolento e agitado 
que são sinais característicos do delirium, além de apresentar polineuromiopatias. Essas 
alterações são causadas pela resposta inflamatória e estão associadas ao rompimento da 
barreira hematoencefálica, que permitirá a translocação de moléculas neurotóxicas 
responsáveis pela degeneração do axônio, atingindo as fibras sensitivas e motoras, portanto o 
indivíduo apresentará hiporreflexia, fraqueza e atrofia muscular, comprometendo a retirada do 
ventilador mecânico. Mesmo que o paciente sobreviva a sepse irá desenvolver sequelas que 
dificultaram o processo reabilitação (SIQUEIRA-BATISTA et al., 2011; VIANA, 2017). 
22 
 
 
A disfunção renal pode estar relacionada à hipoperfusão, lesões ou necrose tubular, 
comprometendo a filtração glomerular. É caracterizada pelo aumento dos níveis de uréia, 
creatinina > 2,0 mg/dℓ e diminuição do débito urinário < 0,5 mℓ/kg/h por pelo menos duas 
horas. Mesmo após reanimação volêmica o paciente pode apresentar oligúria, anúria, uremia, 
e evoluir para uma para insuficiência renal (TAVARES; MARINHO, 2015; VIANA; 
WHITAKER, 2011). 
A disfunção do trato gastrointestinal é bem frequente e por vezes subestimada no 
caso de sepse, no entanto é responsável pelo maior tempo de internação e elevados custos no 
tratamento. Apresenta-se por motilidade gastrintestinal diminuída, íleo paralítico, constipação, 
gastroparesia e atrofia da mucosa, que prejudica suporte nutricional. A mucosa pode ser 
lesionada devido à isquemia provocando hemorragia digestiva. Através dessa mucosa lesada 
pode ocorrer translocação bacteriana da luz intestinal para o sistema linfático ou para os vasos 
sanguíneos agravando o quadro séptico (AMIB, 2019; VIANA, 2017). 
A disfunção hepática caracterizada por colestase que ocorre devido um desajuste da 
excreção da bilirrubina pelos canais biliares do fígado (bilirrubina total > 2,0 mg/dℓ) elevando 
as enzimas fosfatase alcalina e gamaglutamiltransferase, o paciente pode apresentar icterícia, 
prurido, colúria e acolia. Há um aumento discreto das transaminases, em alguns casos pode 
ocorrer coagulopatias, encefalopatias e depressão imune (TAVARES; MARINHO, 2015; 
SILVA; OTHERO, 2004). 
Na disfunção hematológica o processo inflamatório inicial do quadro séptico acaba 
alterando o coagulograma aumentando o tempo de tromboplastina parcial e reduzindo a 
atividade de protrombina (INR > 1,5 ou TTPa> 60 s). Há uma diminuição das plaquetas 
(plaquetopenia) < 100.000/mm3 ou queda de 50% ou mais nas últimas 72 horas, associada 
disfunção da medula óssea e diminuição da produção de trombopoetina que é responsável 
pela regulação e síntese de plaquetas. Pode ocorre leucocitose com aumento do número de 
bastonetes (>10%) e linfopenia. A anemia é o sinal mais frequente, decorrente da perda de 
sangue por procedimentos invasivos, hemólise, diminuição de eritropoietina e bloqueio da 
medula (ILAS 2015; VIANA, 2017). 
Na disfunção endócrina o distúrbio glicêmico mais comum é a hiperglicemia que é 
ocasionada pela resposta inflamatória e está associada à resistência periférica à insulina e 
aoaumento da produção de glicose pelo fígado. O estresse metabólico promove a disfunção 
suprarrenal levando a diminuição da produção de hormônios pelas glândulas adrenais 
(aldosterona, cortisol,adrenalina e noradrenalina), por isso podem favorecer a vasodilatação e 
23 
 
 
hipotensão. Há também a diminuição dos hormônios tireodinanos T3 e T4 que são 
responsáveis pela regulação do metabolismo (AMIB, 2019; VIANA 2017). 
 
2.3 IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DE SEPSE NA EMERGÊNCIA 
 
Sendo a sepse uma doença, potencialmente fatal, considerada uma emergência 
clínica é de suma importância sua identificação precoce e tratamento imediato antes mesmo 
que o paciente seja admitido na UTI (BOECHAT, BOECHAT, 2010; PIRES et al., 2011; 
VIANA, 2017). As manifestações clínicas apresentadas na sepse são inespecíficas e 
decorrentes do foco infeccioso, da resposta inflamatória e variam de acordo com o grau de 
evolução da disfunção orgânica, tornando-se um desafio para o enfermeiro emergencista a 
identificação precoce (TAVARES; MARINHO, 2015). 
Para avaliar o paciente em quadro séptico são necessárias ferramentas específicas 
que permitam identificar, analisar e quantificar o grau de disfunção orgânica. O consenso de 
2016 (Sepse-3) recomenda a utilização do Sequential Organ Failure Assessment Score 
(SOFA), que é um escore complexo que requer exames laboratoriais, sendo este mais 
utilizado nas unidades de terapia intensiva para avaliar em pacientes sépticos o grau de 
disfunção orgânica e a probabilidade de óbito (SINGER et al., 2016). 
Já o escore quick Sequential Organ Failure Assessment Score (qSOFA) ou 
quickSOFA é uma versão simplificada do escore SOFA, elaborado para ser utilizado fora das 
UTIs, em abordagens mais rápida, à beira do leito; como método de triagem logo no primeiro 
atendimento nas unidades de emergência e pronto atendimento, com o intuito de facilitar a 
identificação de pacientes com suspeita de sepse (GOULART et al., 2019; MARTINO et al., 
2018; PULS, 2016; SEYMOUR et al., 2016). 
A vantagem do qSOFA em relação ao SOFA é decorrente da sua praticidade e da não 
utilização de resultados de exames laboratoriais como parâmetros para diagnostico, sendo 
assim, permite uma abordagem mais rápida dos pacientes sépticos ou com suspeita de sepse, 
possibilitando o início do tratamento precoce aumentando assim as chances de um bom 
prognóstico (COLS et al., 2018; SINGER et al., 2016; VIANA 2017). 
Os parâmetros usados no qSOFA são frequência respiratória (FR), alterações 
neurológicas avaliadas através da escala de coma de Glasgow (ECG) e pressão arterial 
sistólica (PAS). Cada uma dessas variáveis tem pontuação um (01) no escore, a pontuação 
varia de 0 a 3 pontos, pacientes que obtiverem pontuação maior ou igual a dois com suspeita 
ou confirmação de infecção apresentam os critérios de definição de sepse, além disso, 
24 
 
 
resultados positivos no qSOFA também são sugestivos de infecção em pacientes não 
reconhecidos com infecção anteriormente (MARTINO et al., 2018; MOURA et al., 2017; 
PULS, 2016). O quadro 3 apresenta as variáveis do escore qSOFA. 
 
Quadro 3 - Critérios do escore qSOFA (Quick-SOFA). 
 
Variáveis Valores de referência 
Frequência respiratória ≥ 22 mrpm 
Nível de consciência ECG <15 
Pressão arterial sistólica ≤ 100 mmHg 
ECG: Escala de Coma de Glasgow. 
Fonte: Adaptado PULS, 2016; SINGER et al., 2016. 
 
 
O choque séptico, por sua vez, é definido pela evolução do quadro séptico e por mais 
três parâmetros que são, a pressão arterial media (PAM) <70 mmHg (hipotensão), com 
necessidade de uso de drogas vasopressoras para aumentar a pressão arterial e níveis séricos 
de lactato >2 mmol/L com necessidade de uso de drogas vasopressoras após reanimação 
volêmica adequada. O lactato sérico é um indicativo de diminuição da perfusão tecidual, por 
isso pode estar associado ao maior risco mortalidade com taxa 40% (MACHADO et al., 2016; 
SHANKAR-HARI et al., 2016; SINGER et al., 2016). 
Diante do exposto, é fundamental que a equipe multiprofissional que atua nas 
unidades de emergência esteja apta para identificar brevemente sinais e sintomas do quadro 
séptico, principalmente os enfermeiros que estão mais próximo do paciente, desde o primeiro 
momento que este adentra ao serviço. Além de identificar a doença o enfermeiro pode instituir 
medidas para o tratamento precoce e planejar a assistência, de acordo com as necessidades do 
paciente (BONFIM; BÁBARA; CARVALHO, 2013; DUTRA et al., 2014). 
É importante enfatizar que as medidas de identificação são simples, de fácil 
aplicação, não requer altas tecnologias e não demandam muito tempo, de acordo com qSOFA 
asvariáveis que devem ser avaliadas são FR, PAS e ECG que está dentro da rotina 
doenfermeiro, tendo em vista que a avaliação dos sinais vitais (SSVV) é procedimento de 
competência da enfermagem (COFEN, 2016; COLS et al., 2018; MOURA et al., 2017). 
Além disso, é necessário na unidade de emergência tenha protocolos padronizados 
para identificação precoce dos casos de sepse com base nas recomendações internacionais, 
com vistas a padronizar as condutas entre os enfermeiros da equipe e assim possibilitando a 
identificar precocemente os casos (BOECHAT; BOECHAT, 2010; GARRIDO et al., 2017). 
25 
 
 
Com base nas definições para sepse foi criado um algoritmo para organizar e auxiliar 
os critérios clínicos para diagnóstico de sepse e choque séptico e utiliza os resultados obtidos 
no qSOFA e SOFA, conforme demonstrado na figura 1 (PULS, 2016). 
 
 
Figura 1 - Algoritmo dos critérios clínicos para diagnóstico de sepse e choque séptico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: PULS, 2016 
 
 
2.4 MANEJO INICIAL DA SEPSE NA EMERGÊNCIA 
 
Até o momento, foram estabelecidas cinco diretrizes para tratamento de sepse, a 
primeira foi publicada em 2004, sendo atualizadas nos anos 2008, 2012, 2016 e a mais recente 
em 2018. Essas diretrizes foram lançadas através de Campanhas de Sobrevivência à Sepse 
“Surviving Sepsis Campaign” (SSC) realizadas pelas sociedades Society of Critical Care 
Medicine (SCCM), European Society of Critical Care Medicine (ESCCM) e International 
Sepsis Forum, com o apoio do Instituto Latino Americano para Estudos da Sepse (ILAS) 
como objetivo desenvolver diretrizes para melhorar as práticas assistenciais e reduzir a 
mortalidade por sepse (LEVY; EVANS; RHODES, 2018; VIANA, 2017). 
Visto que as medidas iniciais devem ser tomadas de forma imediata, dentro das 
primeiras horas, após a identificação da sepse, a SSC desenvolveu os pacotes (bundles) de 
sepse que são grupos de intervenções baseadas em evidências científicas, que quando 
aplicadas em conjunto potencializam o resultado, obtendo-se uma maior eficácia do que 
26 
 
 
quando implementadas individualmente. Esses pacotes servem para melhorar a abordagem da 
sepse, simplificando os processos complexos de atendimento do paciente séptico tornando-se 
umaimportante aliada no combate à doença (BOECHAT; BOECHAT, 2010; CARNEIRO; 
PÓVOA; GOMES, 2017; LEVY; EVANS; RHODES, 2018). 
Nas novas diretrizes da SSC de 2018, os pacotes de 3 horas e 6 horas passaram por 
mudanças nas quais foram incorporados em um único pacote de 1 hora, como demonstrado no 
quadro 4. A intenção de criar um pacote único de 1 hora foi pensando em abordagens mais 
rápidas, para agilizar o início do tratamento, a fim de que seja instituído imediatamente, nas 
primeiras horas, assim que o paciente for identificado com sepse. Uma das vantagens desse 
pacote é que os pacientes hipotensos não precisam mais esperar por um período prolongado 
para que sejam instituídas as medidas de ressuscitação volêmica e administração de drogas 
vasopressoras, pois essas medidas terão início imediato (LEVY; EVANS; RHODES 2018). 
 
Quadro 4 - Comparativo das mudanças dos pacotes (bundles) para o manejo da sepse. 
 
Recomendações Anteriores Elementos do Pacote 
Pacote de 3 horas 
 
 
Medir o nível de lactato; 
Coletar as hemoculturas antes da administração da antibioticoterapia; 
Administrar antibiótico de amplo espectro; 
Reposição volêmica com 30ml/kg de cristaloides para hipoperfusão ou 
lactato ≥ 4 mmol/L; 
Pacote de 6 horas 
 
 
 
 
 
Iniciar vasopressores caso o paciente não responda a reposição volêmica 
inicial para manter a PAM ≥ 65 mmHg; 
No caso de hipotensão persistente, mesmo após a reposição volêmica inicial 
a (PAM) estiver < 65 mmHg ou se o lactato inicial foi ≥ 4 mmol/L, reavalie 
a volemia e a perfusão tecidual, pela mensuração da pressão venosa central 
(PVC) ou da saturação venosa central de oxigênio (ScvO2); 
Medir novamente os níveis de lactato se o paciente apresentar 
hiperlactatemia inicial; 
Novas Recomendações Elementos do Pacote 
Pacote de 1 hora 
 
 
 
 
Medir o nível de lactato e medir novamente se o lactato inicial for >2 
mmol/L; 
Coletar as hemoculturas antes da administração da antibioticoterapia; 
Administrar antibiótico de amplo espectro; 
Ressuscitação volêmica com 30ml/kg de cristaloides para hipoperfusão ou 
lactato ≥ 4 mmol/L; 
Iniciar vasopressores se o paciente estiver hipotensão durante ou após a 
ressuscitação volêmica para manter a PAM ≥ 65 mmHg; 
Fonte: Adaptado de LEVY; EVANS; RHODES, 2018; VIANA, 2017. 
 
 
É importante ressaltar que essas medidas são iniciais, ou seja, referem-se apenas às 
primeiras horas de atendimento, consideradas “horas de ouro”, para garantir um bom desfecho 
é necessário que o atendimento realizado seja adequado e de qualidade durante todo o período 
27 
 
 
de internação. Para que haja a continuidade do tratamento, esses pacientes devem ser 
transferidos para unidades de terapia intensiva na primeira oportunidade (BOECHAT; 
BOECHAT, 2010; LEVY; EVANS; RHODES, 2018; MIRANDA; SILVA; DUARTE, 2019). 
Para melhor entendimento da importância das medidas iniciais de tratamento cada item do 
pacote será abordado de forma mais detalhada a seguir. 
Verificação do nível sérico de lactato: essa medida é importante, pois seu aumento 
representa hipóxia tecidual, que ocorre devido ao metabolismo anaeróbio, secundário à má 
perfusão tecidual ou pode estar associada a outras causas como a redução da depuração 
hepática e hipoxemia citopática (JONES et al., 2010). O lactato sérico é utilizado como 
marcador de hipoperfusão tecidual, se o valor inicial estiver elevado (> 2 mmol / L), deve ser 
medido novamente em 2 a 4 horas para conduzir a terapêutica de ressuscitação volêmica para 
normalizar os valores do lactato (BAKKER, 2017; JANSEN et al., 2010). 
Coleta de sangue para hemocultura: esta medida deve ser realizada de preferência 
antes do início terapia antimicrobiana com o objetivo de identificar o agente causador da 
infecção, bem como, seu respectivo perfil de sensibilidade aos antibióticos, no entanto, é 
importante ressaltar que o início da antibioticoterapia não deve ser atrasado para obtenção da 
hemocultura. Devem ser coletados pelo menos dois conjuntos de amostras para hemocultura 
anaeróbia e aeróbia (LEVY; EVANS; RHODES, 2018). 
Outras amostras podem ser coletadas a depender da suspeita do foco infeccioso, a 
exemplo das secreções das vias respiratórias, urina, líquor, secreções de abcessos, pontas de 
cateteres e outros fluidos corporais. Importante ficar atento com a antissepsia da pele e 
técnicas adequadas na hora da coleta para evitar contaminação da amostra (BOECHAT; 
BOECHAT, 2010; SIQUEIRA-BATISTA et al., 2011). 
Antibioticoterapia: após a coleta adequada da cultura deve-se iniciar 
imediatamentea antibioticoterapia de amplo espectro com um ou mais antimicrobianos, por 
via intravenosa, com descalonamento após recebimento do resultado do exame. O uso de 
antibióticos inadequados, assim como, a utilização tardia está relacionada com o aumento da 
mortalidade. Sendo assim, não se deve aguardar a identificação do agente infeccioso para 
instituir a terapêutica e assim que seu padrão de sensibilidade for definido a terapia antibiótica 
deverá ser reavaliada diariamente, visando aperfeiçoar a atividade, prevenir o 
desenvolvimento de resistência e reduzir toxicidade e custos (BOECHAT; BOECHAT, 2010; 
LEVY; EVANS; RHODES, 2018; SALOMÃO, 2017). 
Ressuscitação volêmica: realizada por meio da administração precoce de fluidos, 
éum componente essencial no tratamento da sepse, é um procedimento eficaz para a 
28 
 
 
estabilização da hipoperfusão tecidual induzida pela sepse ou choque séptico. Deve ser 
iniciada imediatamente logo após o reconhecimento de um paciente com sepse e/ou 
hipotensão e hiperlactatemia. As diretrizes recomendam a reposição com30ml/kg de 
cristaloides intravenosa tendo em vista que os colóides não apresentaram bons resultados 
(ACHEAMPONG; VINCENT, 2015; RHODES et al., 2017; VIANA, 2017). 
Administração de vasopressor: devem ser infundidos por meio de cateter venoso 
central quando o paciente permanece hipotenso durante ou após a ressuscitação volêmica, seu 
o objetivo é manter a pressão arterial média (PAM) de ≥ 65 mmHg. Os fármacos de primeira 
escolha nesses casos podem ser tanto a noradrenalina como a dopamina, mas se a hipotensão 
for persistente, deve-se recorrer a agentes mais potentes como adrenalina ou 
vasopressina.Assim que houver a correção da hipotensão os vasopressores devem ser 
retirados (BOECHAT; BOECHAT, 2010; LEVY; EVANS; RHODES, 2018). 
Para reduzir o número de óbitos por sepse, é importante que não só o enfermeiro, 
masque a equipe de enfermagem tenha conhecimento sobre o processo de identificação, 
cuidado e tratamento ao paciente séptico. Vale ressaltar, que a adesão às diretrizes da SSC, 
ajuda a agilizar o reconhecimento e o tratamento, diminuindo assim, as taxas de mortalidade 
por sepse (BOECHAT, BOECHAT, 2010; REINHART; DANIELS; MACHADO, 2013). 
 
2.5 AÇÕES DE ENFERMAGEM FRENTE À SEPSE NA EMERGÊNCIA 
 
A unidade de urgência e emergência é um setor hospitalar considerado crítico, onde 
os atendimentos devem ser feitos de forma precisa, ágil e sistematizada, a fim de evitar óbitos 
e reduzir danos (FREITAS JUNIOR et al., 2014). É destinada a prestar assistência aos 
usuários, com ou sem risco de morte, cujos agravos à saúde necessitam de atendimento 
imediato (BRASIL, 2002). 
Sendo uma das principais portas de entrada do hospital deve manter seu 
funcionamento 24 horas por dia, estando estruturado e equipado, de modo a acolher os 
pacientes, avaliar e estabilizar as situações de urgências e emergências encaminhando os 
pacientes considerados graves para o setor correspondente à sua complexidade clínica ou à 
alta hospitalar, para isso possui apenas de leitos de observação (BRASIL, 2002; GARLET et 
al., 2009). 
Conforme a Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2.077/14, que dispõe 
sobre a normatização do funcionamento dos Serviços Hospitalares de Urgência e Emergência, 
estabelece que o tempo máximo para permanência nesses serviços é de até 24h, devendo o 
29 
 
 
paciente ter alta, receber internação ou transferido, e fica vetada a internação desses usuários 
nos serviços hospitalares de urgência e emergência. 
Porém, esta não é a realidade encontrada nas emergências do país, incluindo o 
hospital de referência para adultos de Roraima, pois de acordo com estudo realizado por 
Zambonin e colaboradores (2019), constatou que o tempo de permanência no setor de 
emergência variou de um a 36 dias de internação, sendo que essa longa permanência dos 
usuários no setor descaracteriza as unidades de emergência como porta de entrada e unidade 
de estabilização de pacientes. Esse fato está relacionado a baixa oferta de leitos nas unidades 
de terapia intensiva, o que acarreta elevada taxa de ocupação de leitos, baixa qualidade nos 
cuidados prestados, altos índices de eventos adversos relacionados à assistência e uma elevada 
carga de trabalho aos profissionais de enfermagem. 
Segundo o Conselho Federal de Medicina (2016), deve haver de 1 a 3 leitos de UTI 
para cada 10 mil habitantes, em Roraima observa-se que essa oferta é desproporcional a 
demanda, pois dispõe de 0,94 leitos do SUS para esse quantitativo populacional (AMIB, 
2016). Em consequência disso, tem-se o setor de urgência e emergência superlotado, com 
elevada demanda de pacientes em cuidados intensivos e semi-intensivos, aguardando 
transferência para unidade de terapia intensiva. Porém, quando conseguem uma vaga, chegam 
na UTI em situações ainda mais críticas de saúde e, por vezes, com quadro de infecção já 
instalado (PAIXÃO et al., 2015; ZAMBONIN; CALDART, 2017). O estudo de Rodrigues e 
Caldart (2018) evidenciou uma demora na transferência dos pacientes para UTI quando 
destacou que 80,0% do total desses pacientes foram a óbito, tinham sidos hospitalizados por 
mais de 72 horas antes de serem admitidos na UTI. 
Observa-se que os usuários mais frequentes do serviço de emergência, são idosos e 
portadores de doenças crônicas agudizadas ou exacerbada (BRASIL, 2002). Com relação às 
principais causas de admissão predominam-se as doenças do aparelho circulatório, as causas 
externas (acidentes automobilísticos, quedas, agressões e homicídios), seguido por doenças 
infecciosas e parasitárias e doenças associadas ao aparelho respiratório e digestório 
(ACOSTA; LIMA, 2015; ZONTA et al., 2017). 
Várias pesquisas confirmam que essas condições associadas ao tempo de internação 
hospitalar favorecem o surgimento ocorrência de eventos adversos relacionados à assistência 
em saúde, principalmente em se tratando de infecções hospitalares e da sepse e estas podem 
ser desencadeadas pela gravidade do quadro clínico do paciente, pela maior frequência de 
procedimentos invasivos, ou pelo aumento da resistência bacteriana (BARROS; MAIA; 
30 
 
 
MONTEIRO, 2016; OLIVEIRA; KOVNER; SILVA, 2010; OLIVEIRA; PEREIRA; 
FREITAS, 2016; RUFINO et al., 2012). 
Sabe-se que o enfermeiro presta cuidados diários e ininterruptos aos pacientes, 
principalmente àqueles que são considerados graves e que necessitam de monitorização 
constante. Nesta perspectiva, destaca-se a unidade de emergência na qual recebe altas 
demandas de serviço e apresenta condições complexas que são inerentes ao próprio ambiente 
de emergência. Desta forma, a dinâmica assistencial estabelecida entre o enfermeiro com os 
demais membros da equipe de saúde, precisa ser executada de forma rápida, imediata, com 
precisão e eficiência, o que torna um desafio para o enfermeiro emergencista (ROSSETTI; 
GAIDZINSKI, FUGULIN, 2013). 
Segundo Montezelli, Peres e Bernardino (2011) e Presotto e colaboradores (2014),a 
função que o enfermeiro emergencista desempenha dentro da unidade de saúde é pautada em 
quatro dimensões que funcionam de forma interligada: a assistencial, caracterizada pelo 
cuidado direto prestado ao paciente, como base científica que assegura tal atuação e o uso de 
novas tecnologias na prática; a dimensão administrativa, que proporciona o ato de gerenciar e 
assim organizar o serviço e os recursos humanos; a educativa, que contribuem para 
qualificação na formação dos profissionais enfermeiros; e a pesquisa que fundamenta todo o 
processo do cuidar, tornando-o mais holístico, seguro e humanizado. 
Conforme o Conselho Federal de Enfermagem (2009), é obrigatório à presença do 
enfermeiro em todas as unidades de serviços nas quais prestam assistência de enfermagem, 
sendo privativos ao enfermeiro os cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com 
risco de vida, cuidados de maior complexidade que exijam conhecimento científico para ser 
executados. 
Além da capacidade de tomar decisões imediatas, como integrante da equipe de 
saúde cabe ao enfermeiro à responsabilidade de manter a vigilância continua e sistemática dos 
pacientes, participar do planejamento, execução e avaliação da assistência de enfermagem, 
através da elaboração de um plano de cuidado, com o intuito de aplicar todas as etapas do 
processo de enfermagem (coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, planejamento de 
enfermagem, implementação e avaliação de enfermagem), garantir o suprimento dos recursos 
humanos, materiais e de equipamentos, bem como a execução de normas e rotinas 
estabelecidas pela instituição, além de coordenar e distribuir a equipe de enfermagem, a fim 
de oferecer uma assistência integral estabelecendo uma relação de confiança com o paciente e 
seus familiares (COFEN, 2009; CUNHA, NUNES, 2017). 
 
31 
 
 
Diante do exposto, fica evidente que os enfermeiros possuem competência necessária 
para prestar a assistência adequada ao paciente séptico, sobretudo o enfermeiro emergencista,que é um profissional capaz de orientar, direcionar e treinar sua equipe para prevenção de 
infecção, assim como identificar sepse e prevenir possíveis agravos (BOECHAT, BOECHAT, 
2010; BONFIM; BÁBARA; CARVALHO, 2013; DUTRA et al., 2014). 
Nota-se, também que os enfermeiros são extremamente capacitados por seus 
conhecimentos em emergência, mas sem experiência na identificação e controle da sepse. Por 
este motivo, torna-se necessário que esses profissionais busquem mais conhecimento sobre 
essa doença, por meio da educação continuada, para que a assistência de enfermagem ao 
paciente séptico seja adequada e de melhor qualidade. Além disso, o enfermeiro pode 
compartilhar seus conhecimentos para a equipe multiprofissional e assim tentar promover a 
implementação dos pacotes da sepse, protocolos e condutas para que as ações sejam 
realizadas de maneira uniforme (GARRIDO et al., 2017; GOULART et al., 2019). 
 
 
 
32 
 
 
3 METODOLOGIA 
 
3.1 TIPO DE ESTUDO 
 
Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa. A 
pesquisa descritiva procura conhecer, descrever e explicar com exatidão as características, os 
fatos e fenômenos de uma determinada população (LEITE, 2008; ZANELLA, 2013). O 
estudo transversal, por sua vez, é aquele que ocorre em determinado momento, em um curto 
intervalo de tempo, ou seja, em um ponto no tempo. A causa ou o fator estudado estão 
presentes na ocasião ou no momento da pesquisa (FONTENELLES et al., 2009). No que se 
refere a abordagem quantitativa, essa é caracterizada por trabalhar dados numéricos e 
emprega recursos estatísticos para classificar e analisar as variáveis, tais como a porcentagem, 
a média, o desvio padrão, permitindo a coleta de informações e dados, por meio formulários, 
entrevistas, entre outros, com objetivo de mensurar e quantificar os resultados (LAKATOS, 
MARCONI, 2019; ZANELLA, 2013). 
 
3.2 LOCAL DO ESTUDO 
 
O estudo foi desenvolvido no setor emergência de um hospital de referência para a 
população de Roraima, situado na capital Boa Vista. A referida instituição é caracterizada por 
ser de grande porte, integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Possui 318 leitos e está sob 
administração do governo estadual de Roraima. É um hospital de referência para a população 
adulta da capital e do interior do estado, bem como para população indígena provenientes dos 
Distritos Sanitários Especiais Indígenas Yanomami e Ye’Kuana (DSEI-Y) e Leste de Roraima 
(DSEI-L) e pacientes oriundos da região fronteiriça da Venezuela e Guiana. 
O pronto socorro Francisco Elesbão atende emergências traumatológicas, clínicas e 
cirúrgicas e está dividido em três áreas: Vermelha, Amarela e Sala de Reanimação. A Área 
Vermelha subdivide-se em Vermelha 1 e 2, sendo a primeira responsável por receber, avaliar 
e prestar atendimento imediato aos pacientes que adentram o serviço e tem como objetivo de 
estabilizar as situações de urgências e emergências e é uma área com alta rotatividade de 
pacientes. Já a segunda mantém e presta assistência aos pacientes graves que estão sob regime 
de internação. 
Quanto a Área Amarela, esta se subdivide em Amarela 1 e 2. Amarela 1 é destinada 
a pacientes já estabilizados, mas que ainda necessitam de cuidados especiais ou observação 
33 
 
 
direta e a Área Amarela 2 funciona como uma unidade de terapia semi-intensiva prestando 
atendimento a pacientes críticos e semi-críticos que estão em processo de estabilização. Por 
fim, a Sala de Reanimação é reservada a observação e realização de procedimentos invasivos 
em pacientes com e sem potencial de gravidade, onde poderão permanecer no máximo 24 
horas. 
 
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA 
 
O setor de emergência do hospital que sediou o estudo contava, no período de coleta 
dos dados, com 25 enfermeiros que atuam na assistência direta ao paciente, os quais 
compõem as 6 equipes de enfermagem que estão distribuídas em três turnos de trabalho 
(manhã, tarde e noites I, II, III e IV). Foram incluídos no estudo todos os 25 enfermeiros que 
atuam na emergência da instituição que sediou o estudo e que aceitaram participar 
voluntariamente do estudo. Participaram do estudo todos os 25 enfermeiros. 
 
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 
A pandemia do novo coronavírus (covid-19) impossibilitou que a coleta dos dados 
ocorresse de forma presencial em campo. Sendo assim, seguindo as recomendações de 
segurança para o enfrentamento a covid-19 proposta pela Organização Pan-Americana da 
Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS), a coleta de dados do referido estudo 
se deu por meio de um questionário virtual (online), disponibilizado através de um link, por 
meio de um formulário web (apêndice A) elaborado a partir do Google Forms (aplicativo do 
Google que permite a criação de compartilhamento e disponibilização de formulários na web) 
e encaminhado aos enfermeiros que atuam na emergência do hospital, por meio de uma 
multiplataforma de mensagens instantâneas, o Whatsapp (aplicativo que permite o 
compartilhamento de imagens, vídeos, documentos, troca mensagens de texto e voz, através 
de uma conexão com a internet). 
Os profissionais foram convidados a participar da pesquisa, respondendo-a em 
momento oportuno e de acordo com a sua disponibilidade de horário. Vale ressaltar que os 
números de telefone dos profissionais foram disponibilizados pela Coordenação de 
Enfermagem do setor de emergência do hospital que também autorizou o compartilhamento 
do link da pesquisa pelos grupos de Whatsapp e nas conversas individuais (privado). 
34 
 
 
O questionário estruturado aplicado aos enfermeiros foi adaptado de Goulart e 
colaboradores (2019) e continha questões relacionadas ao conhecimento desses profissionais 
sobre a identificação precoce e as primeiras intervenções quando o paciente é identificado 
com sepse ou suspeita de sepse conforme o Consenso Internacional de Definições Sepse-3 
(SINGER et al., 2016) e na atualização da SSC (LEVY; EVANS; RHODES 2018). 
Sendo assim, o instrumento de coleta de dados foi composto por: i) questões 
referentes aos dados sociodemográficos e ocupacionais dos profissionais, contendo as 
seguintes variáveis: sexo, idade, grau de instrução, tempo de formação em enfermagem, 
tempo de atuação na emergência, treinamento sobre sepse e conhecimento de algum protocolo 
de sepse na instituição; ii) questões de múltipla escolha sobre conhecimento teórico acerca das 
medidas iniciais de identificação da sepse: (definição de sepse, sinais clínicos, escore qSOFA 
e seus componentes) e; iii)questões referentes ao tratamento da sepse: (tempo ideal para a 
administração da primeira dose de antibiótico, exames que devem ser coletados antes da 1ª 
dose de antibiótico e as primeiras medidas a serem adotadas ao identificar sinais de sepse). A 
coleta dos dados foi realizada durante no período de 14 a 28 de maio de 2020. 
 
3.5 ANÁLISE DOS DADOS 
 
A análise dos dados foi realizada com base no Consenso Internacional de Definições 
Sepse-3 de 2016 e na atualização da SSC de 2018. Para análise das ações de identificação 
precoce foram consideradas as respostas relacionadas as variáveis do qSOFA (ECG, FR e 
PAS). A análise das intervenções foi feita com base no pacote de 1h (medir o nível de lactato 
e medir novamente se o lactato inicial for >2mmol/L; coletar amostras de sangue para 
hemoculturas antes da administração da antibioticoterapia; administrar antibiótico de amplo 
espectro e realizar descalonamento; ressuscitação volêmica com 30ml/kg de cristaloides para 
hipoperfusão ou lactato ≥4 mmol/L; iniciar vasopressores se o paciente estiver hipotensão 
durante ou após a ressuscitação volêmica para manter a PAM ≥ 65 mmHg) (LEVY; EVANS; 
RHODES, 2018; SINGER et al., 2016). 
A fim de facilitar à análise e a compreensão dos dados da questão 7, que apresentava 
mais de uma alternativa de resposta correta, as opções de respostas foram categorizadasem 
“SIM” para alternativas corretas e “NÃO” para as incorretas e assim foram calculadas e 
analisadas individualmente. 
Os dados foram tabulados em planilhas eletrônicas no programa Microsoft® Excel, e 
posteriormente, receberam tratamento estatístico por meio do programa SPSS versão 20.0. A 
35 
 
 
análise descritiva dos dados foi realizada por meio de frequências relativas e absolutas, bem 
como medidas de tendência central (média e mediana) e dispersão (mínimo e máximo e 
desvio padrão). 
 
3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS 
 
Primeiramente, solicitou-se autorização do setor responsável do hospital que sediou o 
estudo, para desenvolvimento da pesquisa por meio da carta anuência (anexo I), somente 
iniciando a coleta de dados mediante a emissão do referido documento pelo hospital. 
Posteriormente, essa pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa 
envolvendo seres humanos da Universidade Federal de Roraima (CEP/UFRR) (anexo II) sob 
parecer nº 3.921.354, conforme a resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466∕12. 
Os números de telefone dos profissionais foram fornecidos pela Coordenação de 
Enfermagem do setor de emergência que também autorizou o compartilhamento do link da 
pesquisa. Vale ressaltar, que o contato telefônico dos participantes do estudo foi somente 
utilizado para fins desta pesquisa. 
A pesquisadora deste estudo assume o compromisso de manter o sigilo e a 
confidencialidade de todas as informações prestadas, bem como somente empregar os dados 
para fins propostos nesta pesquisa.Além disso, foi incorporado junto ao instrumento de coleta 
de dados o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (apêndice B) para 
confirmação do consentimento de participação voluntária na pesquisa. 
36 
 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Os resultados e discussão estão organizados em dois tópicos, sendo o primeiro sobre 
o perfil sociodemográfico e ocupacional dos enfermeiros da unidade de emergência do 
hospital que sediou esta pesquise o segundo referente ao conhecimento destes profissionais 
sobre a identificação e tratamento inicial da sepse. 
 
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO ESTUDO 
 
Um total de 25 enfermeiros participou do estudo, correspondendo a 100% dos 
enfermeiros que atuam na unidade de emergência do hospital que sediou o estudo, no período 
analisado. A tabela 1 apresenta o perfil sociodemográfico dos enfermeiros participantes do 
estudo. 
 
Tabela 1 – Perfil sociodemográfico dos enfermeiros da unidade de emergência de um hospital 
de referência para adultos de Roraima (n=25). Boa Vista – Roraima, 2020. 
Variável N % 
Sexo 
 Feminino 16 64,0 
Masculino 9 36,0 
Total 25 100,0 
Idade 
 20 a 29 anos 1 4,0 
30 a 39 anos 14 56,0 
40 a 49 anos 8 32,0 
Acima de 50 anos 2 8,0 
Total 25 100,0 
Titulação 
 Especialista 21 84,0 
Graduado 4 16,0 
Total 25 100,0 
Tempo de formação em enfermagem 
 0 a 5 anos 3 12,0 
5 a 10 anos 12 48,0 
Mais de 10 anos 10 40,0 
Total 25 100,0 
Tempo de atuação no setor de emergência 
 0 a 5 anos 10 40,0 
5 a 10 anos 12 48,0 
Mais de 10 anos 3 12,0 
Total 25 100,0 
Média de idade (anos) e desvio padrão 37,9 (±6,3) 
 Fonte: a autora (2020). 
37 
 
 
Conforme demonstrado na tabela 1, a maioria dos enfermeiros (64,0%; n=16) eram 
do sexo feminino. Segundo a pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Enfermagem 
(COFEN) em 2015, existem cerca de 1.804.535 profissionais de enfermagem atuantes em 
todo o Brasil, deste 23,0% (do total de 414.712) representa a categoria de enfermeiros, os 
quais 86,2% correspondem ao sexo feminino e 13,4% ao sexo masculino o que demonstra que 
a enfermagem é predominantemente composta por mulheres em todo o país. 
Esse dado pode ser encontrado em outros estudos como o de Oliveira et al. (2019), e 
Silva et al. (2017), que registraram uma maior prevalência de profissionais do sexo feminino 
entre os entrevistados (80,0% e 85,0%), respectivamente, assim como há predominância de 
profissionais do sexo feminino no estudo conduzido por Paula, Gusmão e Maia (2017), que 
apontou o maior percentual de mulheres correspondente a 92,0% na instituição público e 
64,0% na instituição privada dentre os trabalhadores do pronto socorro da cidade de 
Carapicuíba – São Paulo. 
Esse predomínio pode ser explicado pela relação histórica entre o sexo feminino com 
a prestação do cuidado, quando desde a divisão social do trabalho, na organização familiar 
das antigas civilizações, foi atribuída à mulher a responsabilidade de cuidar das crianças, 
idosos e doentes (GEOVANINI et al., 2019; GUEDES; DAROS, 2009). 
Então, as bases da enfermagem, desde seus primórdios, foram majoritariamente 
desenvolvidas por mulheres, reconhecidas como pioneiras e responsáveis por sua criação e 
sistematização (FORMIGA; GERMANO; VILAR; DANTAS, 2005), em destaque Florence 
Nightingale que fundou a enfermagem moderna e desde então, empoderou o trabalho das 
mulheres no âmbito hospitalar e fez com que a profissão fosse exercida quase que 
exclusivamente por elas (LOPES; SANTOS, 2010). 
Sendo assim, já é de muitas décadas, que a saúde é, tanto estruturalmente como 
historicamente feminina e a enfermagem por tradição e cultura, contribuiu para essa 
feminilização na profissão (MACHADO et al., 2016; SALES et al., 2018; SANTOS et al., 
2017). 
No entanto, apesar de haver um maior quantitativo de mulheres na enfermagem em 
todo o país, Roraima é um dos estados que têm maior proporção de profissionais do sexo 
masculino em comparação aos outros estados brasileiros (COFEN, 2011). Isso mostra que na 
enfermagem está se firmando uma tendência a masculinização da categoria, com o crescente 
aumento de 14,4% do contingente masculino na sua composição; dado que vem sendo 
registrado desde o início da década de 1990 (COFEN, 2015; SANTOS et al., 2017). 
38 
 
 
Com relação à idade dos participantes do estudo, obteve-se uma média de 37,8 anos 
(±6,3), com mediana de 38 anos e variação de 29 a 53 anos de idade. Quando classificado por 
faixa etária, observou-se um elevado percentual de profissionais na faixa etária entre 30 a 39 
anos (56,0%; n=14), seguida pela faixa etária de 40 a 49 anos (32,0%; n=8). O COFEN 
(2015) registrou que (40,0%) dos profissionais apresentam idades entre 36-50 anos e (38,0%) 
entre 26-35 anos o que significa dizer que a enfermagem é uma profissão predominantemente, 
composta por pessoas mais jovem. E isso é compartilhado por outros autores como Paula, 
Gusmão e Maia (2017), que registraram uma maior porcentagem de enfermeiros com idades 
de 22 a 30 anos sendo 56,0% na rede pública e 55,0% na rede privada, assim como, 
Luchtemberg e Pires (2015), que destacaram o predomínio (73,0%) dos enfermeiros na faixa 
etária de 31 a 50 anos de idade. 
Neste contexto, Machado e colaboradores (2016),caracterizaram as “fases” da vida 
profissional, levando em conta a idade e a o tempo de formação até a sua inserção no mercado 
de trabalho. Segundo ele as pessoas com idade entre 26-35 anos estão na fase denominada 
“formação profissional” nesta etapa os enfermeiros buscam se qualificar para os serviços, 
através de uma pós-graduação (lato sensu) e essa busca por especialização está diretamente 
ligado à expectativa de inserção no mercado de trabalho em função da exigência de maior 
complexidade e destreza. Pode-se dizer que essa é a fase da busca da identidade profissional, 
período de preparação que guiaram as escolhas profissionais definitivas. 
Já na fase classificada de “maturidade profissional” estão às pessoas com idade entre 
36-50 anos, nela encontram-se os profissionais que já adquiriram capacitação técnicas e 
práticas de enfermagem e passam a ter domínio de suas habilidades e destrezas. Estes estão 
preparados e devidamente qualificados, a serem inseridos, no mercado de trabalho. No 
entanto, esse estágio pode ser considerado das certezas, na qual há uma afirmação da 
identidade profissional (MACHADO

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