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Posteriormente ao evento da gastrulação, o corpo do embrião sofre dobramentos formando o intestino anterior na extremidade cranial, o que delimita o tubo interno da estrutura corporal em um tubo inserido em outro. No 22º dia de desenvolvimento, surge uma invaginação no intestino anterior – o divertículo respiratório, que formará o pulmão. Esse brotamento envolvido por uma cobertura derivada do mesoderma da esplancnopleura dará origem aos vasos que suprem os pulmões, o tecido conjuntivo, cartilaginoso e muscular da estrutura dos brônquios. Aproximadamente no 27° dia, esse brotamento que foi se desenvolvendo sofre uma bifurcação, gerando os brotamentos bronquiais primários esquerdo e direito, dos quais resultarão nossos dois pulmões. Durante a 5° semana de desenvolvimento, há uma nova onda de ramificações, que resulta em 3 brotamentos bronquiais no lado direito e 2 no lado esquerdo – surge, então, os primórdios dos lobos pulmonares. Há formação de novas bifurcações e, por volta da 28° semana, são formados os bronquíolos terminais – 16° etapa da ramificação, que se bifurcarão ainda mais formando os bronquíolos respiratórios. Próximo do final da gestação, aproximadamente na 36° semana, os bronquíolos respiratórios se associam a capilares sanguíneos, formando os sacos terminais ou alvéolos primitivos que, até o nascimento, sofrerão maturação. Alvéolos adicionais continuam a ser produzidos na vida pós natal, durante a infância. Primórdio respiratório • Nosso sistema respiratório tem início com o crescimento mediano – sulco laringotraquial na extremidade caudal do intestino primitivo anterior. Essa estrutura se desenvolve caudalmente ao 4º par de bolsa faríngeas revestidos de endoderma, que dará origem ao epitélio do pulmão e glândulas da faringe, traqueia e brônquios. Já o mesoderma esplânico dará origem ao tecido conjuntivo, a cartilagem e o músculo liso dessas estruturas. • No final da 4° semana o sulco laringotraquial sofre uma projeção, formando um broto pulmonar saculiforme, localizado ventralmente. • Esse broto à medida que se desenvolve, é envolto por mesênquima esplânico e sua extremidade distal se dilata de tal maneira a formar um broto respiratório globular, de onde se originará a árvore respiratória. • O divertículo se separa da faringe primitiva, mantendo apenas uma comunicação. Posteriormente, as pregas traqueoesofágicas longitudinais se fundem, formando uma divisão. Assim, a porção cranial do intestino a anterior agora apresenta uma região ventral, que dará origem aos pulmões e uma região dorsal, que originará o esôfago. • O broto pulmonar vai se desenvolvendo na extremidade caudal do divertículo laringotraquial durante a 4° semana e dá origem a 2 invaginações – embriologia os brotos brônquicos primários, que crescem lateralmente para dentro dos canais pericardioperitoneais. Os brotos vão se desenvolvendo e sofrem diferenciação, formando brônquios e suas ramificações. • Na 5° semana de desenvolvimento, são formados os primórdios do brônquio principal, que é maior e mais vertical no lado direito que no esquerdo. Esse brônquio principal, então é dividido e dá origem ao brônquio secundário que forma os ramos lobares. Assim, cada brônquio lobar suprirá um lobo – 3 no lado direito e 2 no esquerdo. • Cada brônquio lobar sofrerá progressivas ramificações e formará os brônquios segmentares. A partir da 24ª semana, os bronquíolos respiratórios se desenvolveram. • À medida que os brônquios se desenvolvem, placas de cartilagem se desenvolvem do mesênquima esplâncnico ao redor. O mesmo ocorre com o músculo liso e o tecido conjuntivo dos brônquios, o tecido conjuntivo pulmonar e os capilares. • Assim, no final do seu desenvolvimento, os pulmões adquirem uma camada de pleura visceral derivada do mesênquima esplâncnico. • Ademais, os pulmões e a cavidade pleural crescem caudalmente para o mesênquima da parede corporal, se aproximando do coração. A parede torácica corporal é revestida por pleura parietal derivada do mesoderma somático e a região entre a pleura parietal e a visceral é chamada de cavidade pleural. Maturação dos pulmões • O processo de maturação dos pulmões pode ser dividido em 4 etapas de variações histológicas. Estágio pseudoglandular (5ª a 17ª semana) • Nessa etapa do desenvolvimento os principais componentes do pulmão já foram formados, com exceção daqueles relacionados ao processo de hematose. • A respiração nesse período ainda não é possível, o que faz com que fetos nascidos nesse período não sobrevivam. Histologicamente, o pulmão se assemelha a uma glândula exócrina. Estágio canalicular (16 a 26 semana) Nessa etapa o desenvolvimento do segmento cranial dos pulmões amadurece mais rápido do que o segmento caudal. Assim, o lúmen dos brônquios e dos bronquíolos terminais se desenvolve e há maior vascularização do tecido pulmonar. A partir da 24ª semana, cada bronquíolo terminal forma bronquíolos respiratórios, que se dividirão para formar os ductos alveolares primitivos. Assim, ao final do estágio canicular a respiração se torna possível, já que o tecido apresenta alta vascularização e alguns alvéolos primitivos se desenvolvem no final dos bronquíolos respiratórios. Nessa etapa o feto já pode sobreviver, sob cuidados intensivos. Mas fetos prematuros muitas vezes morrem, porque além do sistema respiratório, alguns outros ainda não se desenvolveram completamente. Estágio de saco terminal (24° semana ao nascimento) • Nesse momento, muitos alvéolos primitivos já se desenvolveram. O epitélio dos sacos alveolares se torna mais fino e os capilares da região, mais protuberantes. • O íntimo contato entre o epitélio e as células endoteliais estabelece a barreira hematoaérea, responsável pelo adequado processo de troca dos gases. • Na 26ª semana, os sacos terminais são revestidos principalmente por pneumócitos do tipo I - células epiteliais pavimentosas de origem endodérmica, que permitem a troca gasosa. • Dispersas elas estão os pneumócitos do tipo II - células epiteliais arredondadas que secretam o surfactante pulmonar, uma mistura complexa de fosfolipídios e proteínas. • Entre a 26ª e a 28ª semana, o feto já apresenta presentes sacos alveolares e surfactante suficientes para permitir a sobrevivência de bebês nascidos prematuramente. Estágio alveolar (nascimento aos 8 anos) • Nessa etapa, os sacos terminais semelhantes aos alvéolos estão presentes na 32ª semana. O epitélio de revestimento desses sacos se torna mais delgado, o que faz com que os capilares adjacentes se projetem para os sacos alveolares. • Ao final do período fetal, a membrana respiratória é fina o suficiente para a realização de trocas gasosas. Assim, os pulmões já estão desenvolvidos e prontos para realizar sua função assim que o embrião nasce. • A transição da dependência da placenta na troca gasosa para a troca gasosa autônoma é precedida pela produção de surfactante nos sacos alveolares, mudança na função pulmonar – deixam de ser secretores e se tornam responsáveis pela troca gasosa – e estabelecimento das circulações sistêmicas e pulmonar em paralelo. • Cerca de 95% dos alvéolos maduros se desenvolvem na vida pós-natal. Após o nascimento, à medida os pulmões sofrem expansão, os alvéolos primitivos se ampliam. • Aos 3 anos de idade, os alvéolos estão quase completamente desenvolvidos. No entanto, novos alvéolos surgirão até os 8 anos. Isso porque os alvéolos imaturos possuem o potencial para formar alvéolos primitivos adicionais. Mecanismo molecular • Segundo estudos, o desenvolvimento pulmonar é controlado por vias de sinalização regulados por uma expressão sequencial de genes altamente conservados. • Fatores de crescimento, como: citados o ácido retinóico, TGF‑β, Shh, Wnt, FGFs, EGF, PDGF, IGF e o TGF‑α estão envolvidos no crescimento e diferenciação dos pulmões. • Estudosrecentes sugerem que o fator de transcrição SOX17 e a sinalização Wnt7b do epitélio regulam a proliferação mesenquimal e a formação dos vasos sanguíneos nos pulmões. • Na morfogênese primária, Wnt estabelece a região caudal e seus antagonistas as regiões mais anteriores. • A especificação de progenitores a partir da região ventral, gera brotamentos que darão origem aos pulmões. • Sox2+, NkX2.1low e Nkx2.1high, Sox 9+, Id2+– para o sistema respiratório • Células mesodérmicas excretam Wnt, que é importante para especificação de progenitores respiratórios • Na morfogênese secundária, há secreção de SONIC e BMP inibe FGF, o que impede o brotamento. Só epitelio distal se mantem indiferenciada • Celulas precisam proliferar para gerar brotamentos. As celulas mais distais (que vao gerar pneumocitos) precisam estar em constante pRoiliferação (se entra em G0 ficam diferenciadas e não é o que queremos). • A expressão de FGF gera o diverticulo (brotamento) – células do mesenquima secretam FGF e qundo chega nas celulas, induz o brotamento. Nas células em roxo há presença de BMP e Shh, o que impede a resposta proliferativsa. • Estratégias genéticas associadas a geração projetada de mutações com perda de função (genes knockouts) e de transgênicos com ganho de função, forneceram importantes informações acerca dos fatores que controlam desenvolvimento pulmonar. Dentre esses fatores, N‑myc, o regulador de transcrição Gata6 e o fator Lhx4 com homeodomínio Lim. Ademais, foi observado também que o fator de transcrição Nkx2.1 contendo homeodomínio e os fatores de transcrição em hélice alada Foxa1 e Foxa 2 são necessários para a regulação de genes de células pulmonares, incluindo a síntese do surfactante. • A partir de um transgene que apresentava uma mutação no receptor de FGF ausente de sequência quinase foi injetado em camundongos, foi observado que a formação de um receptor funcional de FGF necessita da dimerização de dois monômeros normais da proteína FGF. Assim, a dimerização da proteína mutante com a proteína endógena selvagem resultou em receptores inativos no pulmão, de forma que a árvore respiratória não se desenvolveu. Ao invés disso, foram formados tubos epiteliais alongados incapazes de sustentar a função respiratória normal ao nascimento. • Já o ácido retinóico morfogênico regula o Hox a5, b5 e c4 que são expressos no pulmão em desenvolvimento. E PDGF‑A é necessário para a formação pós‑natal de septos alveolares que contêm miofibroblastos. • De modo semelhante ao Nkx2.1 e ao Foxa1/a2, citocinas, glicocorticoides e tiroxina estimulam a síntese de surfactante antes do nascimento.
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