Prévia do material em texto
Taynara Gomes OBJETIVOS: 1. Compreender a embriogênese do sistema respiratório, destacando a maturação pulmonar. 2. Explicar a função do surfactante no sistema respiratório. REFERÊNCIAS: KNUDSEN, L.; & OCHS, M. The micromechanics of lung alveoli: structure and function of surfactant and tissue components. Histochemistry and cell biology, v. 150, n. 6, p. 661–676, 2018. MOORE, K. L.; PERSAUD, T.V.N.; TORCHIA, M.G. Embriologia Clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. OCHS, M. et al. On Top of the Alveolar Epithelium: Surfactant and the Glycocalyx. International journal of molecular sciences, v. 21, n. 9, p. 3075, 2020. SADLER, T.W. Langman Embriologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. SCHITTNY, J.C. Development of the lung. Cell and tissue research, v. 367, n. 3, p. 427–444, 2017. SCHOENWOLF, G. C. et al. Larsen Embriologia Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. OBJETIVO 1 O folheto que dará origem ao sistema respiratório é o ENDODERMA e o MESODERMA ESPLÂNCNICO. O início dessa formação ocorre durante a quarta semana. OBSERVAÇÃO i Vias aéreas superiores: tem origem no aparelho faríngeo. Os arcos faríngeos são delimitados pelas bolsas faríngeas e são revestidos externamente por ectoderma (fendas faríngeas) e internamente endoderma. i Vias aéreas inferiores: derivam do sulco laringotraqueal. Taynara Gomes No 22° dia o intestino anterior produz uma evaginação ventral chamada de DIVERTÍCULO RESPIRATÓRIO, BROTAMENTO/BROTO PULMONAR ou SULCO LARINGOTRAQUEAL, essa formação se inicia com um crescimento mediano, após dobradura do corpo do embrião. Conforme, o broto aumenta é revestido por mesênquima esplâncnico. g OBSERVAÇÃO: O aparecimento e a localização do sulco dependem do aumento do ácido retinóico que é produzido no mesoderma. O Sulco aparece no assoalho da extremidade caudal do intestino anterior primitivo (faringe primitiva). Ele se separa do intestino anterior, que por sua vez formará o esôfago. O sulco dá origem a traqueia e aos brotos brônquicos primários. A extremidade proximal (pedúnculo) forma a traqueia e a laringe, enquanto a outra parte da bifurcação vira os brotos bronquiais primários. g OBSERVAÇÃO: Os tecidos cartilaginosos, muscular e conjuntivo que compõem a traqueia e os pulmões são originados do mesoderma esplâncnico. Enquanto o epitélio e as glândulas serão derivados do endoderma. LARINGE Taynara Gomes Seu desenvolvimento se dá a partir do endoderma (epitélio) e do mesoderma (cartilagens). O mesênquima das cartilagens prolifera de modo rápido e forma o que se chama de TUMEFAÇÕES/BROTOS ARITENÓIDES. Após isso, ocorre a transformação da glote primitiva em um canal laríngeo em forma de T. Por volta da 10ª semana, ocorre a recanalização da luz da faringe (antes estava em oclusão, o que significa que ficou sem lúmen devido a rápida proliferação do epitélio). A musculatura se desenvolverá a partir do quarto e sexo par de arcos faríngeos. As pregas vocais e vestibulares são constituídas durante o processo de recanalização. EPIGLOTE: Se desenvolve da porção caudal da eminência hipofaríngea e seu crescimento é muito rápido. Enquanto a parte rostral (pontuda) da eminência forma o terço posterior da língua. g OBSERVAÇÃO: nos pescoços dos neonatos a laringe está em uma posição alta para que o posicionamento favoreça a epiglote entrar em contato com o palato mole, desse modo, facilitando a amamentação. Sua decida geralmente acontece até os 2 anos. TRAQUEIA Inicialmente o esôfago se comunica com a traqueia em formação, contudo ocorre a formação de uma prega que irá separá-los (prega/septo traqueoesofágico), esse evento geralmente acontece até o final da 5ª semana. Quando a traqueia começa a separar, pode-se observar a formação dos brônquios principais. h Endoderma: epitélio, glândulas e epitélio pulmonar. h Mesoderma esplâncnico: cartilagem, tecido conjuntivo e músculos. A fusão incompleta das pregas traqueoesofágicas ocasionam a formação de um septo traqueoesofágico defeituoso e de uma fistula entre traqueia e esôfago. OBSERVAÇÃO: uma das más formações mais comuns associadas a atresia de esôfago é a fístula traqueoesofágica que afeta 1 a cada 3000 nascidos vivos. A atresia é uma divisão incompleta que afeta a parte cranial do intestino anterior (parte respiratória e esofágica). BRÔNQUIOS E PULMÕES Também inicia na 4ª semana e é originado das evaginações (brotos brônquicos primários), originados do broto traqueal – divisão em 2 tumefações. Taynara Gomes Os brotos crescem lateralmente para os canais pericardioperitoneais (primórdio das cavidades pleurais pelo crescimento lateral). Juntos com o mesênquima esplâncnico circundante, se diferenciam nos brônquios e ramificações nos pulmões. BB Primário > BB Principal – direito e esquerdo > BB Secundário ou lobar > BB Terciário ou Segmentado s Broto brônquico principal: o direito é ligeiramente maior que o esquerdo, sendo que essa relação persiste no adulto, estando ainda mais verticalmente. s Broto brônquico secundário: forma os ramos lobares que se divide em segmentares (originam os intrassegmentares). OBSERVAÇÃO: Os brotos primários formam três brotos secundários direitos e dois esquerdos ao logo da 5ª semana (lobos primordiais). Cada um dos secundários dará origem a dez brotos terciários em cada lado. s Brotos brônquicos terciários: são os chamados segmentares (ocorre com 28 dias a primeira segmentação). OBSERVAÇÃO: os brotos brônquicos lobares correspondem aos lobos pulmonares (42 dias, é perceptível). OBSERVAÇÕES PONTUAIS Controle: Na parede ventral do embrião, o tubo irá induzir pela secreção de ácido retinóico a formação de fatores de crescimento fibroblásticos (FGF 10) específicos para determinar as formações mencionadas. Quando o estímulo é considerável, ocorre inibição do FGF10, estimulando produção de BMP4, fazendo com que o broto pare de crescer longitudinalmente, porém lateralmente ele continua crescendo, existindo FGF10. Um dos órgãos que mais influencia essa inibição de fatores é o coração. Taynara Gomes Desenvolvimento da Pleura: A pleura parietal é derivada do mesoderma somático, enquanto a pleura visceral provém do mesênquima esplâncnico, assim como vasos e musculatura lisa. Desenvolvimento do Diafragma: O septo transverso acompanha o dobramento do embrião, ele ocupa a região separando as estruturas da cavidade torácica e da abdominal. O diafragma é formado pela fusão do septo e migração das células da região da parede. 5ª semana: Ð Aumento do diâmetro do broto brônquico para formar o brônquio principal. Ð Ramificações do broto brônquico: principal. Secundário (lobares), segmentares e intrassegmentares. 10ª semana: Ð Início do desenvolvimento dos brônquios segmentares, sendo acompanhado pelo crescimento do mesênquima esplâncnico (primórdio dos segmentos broncopulmonares). 26ª semana: Ð Formação dos bronquiolos respiratórios. 32ª semana: Ð Desenvolvimento de 7 gerações de vias respiratórias. Ð Membrana alveolocapilar delgada. Até 8 anos esse desenvolvimento para aumentar capacidade pulmonar é decorrente. MATURAÇÃO DOS PULMÕES Algumas literaturas consideram o período embrionário que verifica a formação do broto até a 4ª semana. Estágio Pseudoglandular (5ª à 16ª semana) Amadurecimento do epitélio e do parênquima ao longo da evolução. O Pulmão se assemelha a uma glândula pois possui epitélio espesso com predomínio de bronquíolos terminais. Ainda não se desenvolveram elementos para trocas gasosas. Taynara Gomes Estágio Canalicular (16ª a 26ª semana) Aproximação dasestruturas terminais dos bronquíolos e formação de vasos sanguíneos (angiogênese). Nascimento com indução de corticoterapia para maturação (pneumócitos I e II). A luz dos brônquios e bronquíolos se torna maior. O epitélio prismático vai se tornando pavimentoso. Estágio Sacular Terminal (24ª ou 26ª semana até o final do período fetal) Formação dos bronquíolos respiratórios e aproximação dos capilares (possibilidade de troca caso haja nascimento). O epitélio se torna mais delgado, e as células estabelecem contato íntimo com capilares sanguíneos e linfáticos (barreira hematoaérea). TIPOS CELULARES: pneumócitos I e II. Tipo I: faz as trocas. Tipo II: produz a substância surfactante. Estágio Alveolar (Do final do período fetal aos 8 anos) É um período pós nascimento, no qual o epitélio se torna mais delgado ainda e ocorre uma região bem intima entre os capilares. Alvéolos maduros típicos só se formam depois do nascimento, após delgar. OBJETIVO 2 O pulmão é um conjunto de 500 milhões de bolhas que são naturalmente instáveis. Assim, para que os alvéolos não murchem nem entrem em colapso, a presença do surfactante que reduz a tensão superficial, viabilizando o Taynara Gomes transporte é necessária. Logo, é o tensoativo natural produzido pelos pneumócitos tipo II. Ð Composição: 80% fosfolipídios, 8% lipídios e 12 % proteínas. A classe de fosfolipídios predominante é a dipalmitoilfosfatidilcolina (DPPC), contudo podem ser encontradas: fosfatidilcolina insaturada, fosfatidilglicerol e fosfatidilinositol. As proteínas representam cerca de 10% da massa do surfactante, sendo reconhecidas quatro proteínas: SP-A, SP-B, SP-C e SP-D. i SP-A: hidrossolúvel e mais abundante, apresenta papel de defesa imune (bactérias e vírus). i SP-B: hidrofóbica e fundamental, pois sua ausência representa incompatibilidade com a vida. Tem como função formar e organizar a mielina tubular do alvéolo. Além disso, ajuda na adsorção da fosfatidilcolina. i SP-C: hidrofóbica, possui funções semelhantes à SP-B. i SP-D: hidrossolúvel, com função anti-infecciosa. OBSERVAÇÃO: proteínas SP-B e SPC são sintetizadas no RER. FOSFOLIPÍDIO: estrutura química similar a tensoativos, apresentando extremidade/cabeça polar (fosfato) e duas caudas apolares. Ð Função: diminuir a tensão superficial da camada de revestimento alveolar. A principal função dos fosfolípides é a de atuar como uma molécula que reduz a tensão superficial na interface ar-líquido do interior do alvéolo. Ele atua: s Manutenção da abertura dos alvéolos; s Diminuição da força necessária para a expansão dos pulmões; s Estabilização do tamanho dos alvéolos Taynara Gomes OBSERVAÇÕES PONTUAIS n O surfactante começa a ser produzido em torno da 26ª semana. n É no pneumócito tipo II que existe o receptor ECA II (membrana plasmática). n O que faz com que o ar entre em alvéolos de diferentes tamanhos é o fato de o surfactante pulmonar reduzir mais a tensão superficial nos alvéolos menores que nos maiores. n Sem o surfactante: alvéolos menores colapsam e alvéolos maiores hiperinsuflam. n COLABAR: “grudar” as paredes do alvéolo, para encher precisa de uma força maior. n A quantidade de surfactante diminui com a idade, mas não de modo gritante. MEMBRANA RESPIRATÓRIA ALVEOLAR 1. Camada de líquido contendo surfactante que reveste o alvéolo e reduz a tensão superficial do líquido alveolar. 2. Epitélio alveolar, composto por células epiteliais finas. 3. Membrana basal epitelial. 4. Espaço intersticial delgado entre o epitélio alveolar e a membrana capilar. 5. Membrana basal capilar que, em muitos locais, se funde com a membrana basal do epitélio alveolar. Taynara Gomes 6. Membrana endotelial capilar No pulmão normal, quando há quantidades adequadas de surfactante, a tensão superficial é grande o bastante para afastar o líquido da parede com uma pressão média de -3mmHg. Na ausência de surfactante, essa força pode elevar-se até -10 ou -20mmHg, suficiente para causar filtração maciça de líquido dos capilares para dentro dos alvéolos