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HISTÓRIA DA PROPAGANDA Neste material, iremos abordar a história da propaganda no Mundo e no Brasil. A idéia é fazer um paralelo entre os principais acontecimentos e avanços políticos, sociais e econômicos e a evolução da publicidade no país. Desta forma, a história será contada por meio de uma linha de tempo, iniciando com a invenção da prensa mecânica por Gutenberg, mas daremos maior ênfase na história a partir do século XIX (1801 – 1900) e terminaremos no início do século XXI (2001 – atualidade). Para finalizar o tema, trataremos do futuro da propaganda no Brasil e no mundo. Século XV Foi no século XV, em data incerta, que o alemão Johannes Gutemberg, inventou a prensa de tipos móveis, que deu início à impressão de livros em larga escala. Antes disto, os monges faziam a transcrição de livros, o que os tornava escassos e caros para a maioria. Com a nova invenção de Gutemberg, surgiram os primeiros panfletos, o primeiro cartaz e as gazetas que introduzem o hábito de leitura. Curiosidades 1625 – Primeiro anúncio publicitário, de um livro, publicado no periódico inglês Mercurius Britannicus 1745 – Primeiro jornal dedicado à publicação de anúncios publicitários foi na Inglaterra e o seu nome era General Advertiser. Logo, outros jornais como este surgiram na França. Século XIX (1801 – 1900) A propaganda no mundo A primeira agência de propaganda surgiu em 1841, graças ao agenciador publicitário Volney B. Palmer na Filadélfia (EUA). Volney era filho de um dono de jornal, era corretor de espaços publicitários, ou seja, vendia às empresas espaço no jornal e recebia uma comissão por isso. A profissionalização das agências começou em 1869, com a agência de Francis Wayland Ayer, que introduziu o pagamento de uma comissão fixa, inicialmente de 12,5% e depois 15%. Desta forma as agências se transformaram, aos poucos, em prestadoras de serviço de marketing para os anunciantes, em vez de corretores a serviço dos veículos. No final do século XIX, J. W. Thompson criou a função do atendimento nas agências de propaganda, gerando especialização no setor. A segunda fase da revolução industrial (de 1860 a 1900) deu um grande impulso para o desenvolvimento do mercado publicitário, uma vez que expandiu os princípios da industrialização na França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão. A revolução industrial é caracterizada pela produção em grande escala de bens de consumo e conseqüentemente pelo crescimento da concorrência. A propaganda nesta época era utilizada para informar, formar uma imagem das marcas e provocar a concorrência. A propaganda no Brasil Introdução Segundo o professor Dr. Adolpho Queiroz, em seu artigo PRIMÓRDIOS DA PUBLICIDADE NA CIDADE DE SÃO PAULO E O PIONEIRISMO DE JOÃO CASTALDI há pelo menos cinco ciclos sobre a história da propaganda e da publicidade na cidade de São Paulo (e que podem ser extrapolado para a história da propaganda no Brasil) a compor uma história que já dura mais de 400 anos. O primeiro ciclo foi o da tradição oral, em que viajantes religiosos e comerciantes vendiam suas idéias e produtos aos cidadãos através da palavra, de músicas confeccionadas e cantadas especialmente para estas ocasiões, bem como afixavam informações e cartazes em locais apropriados, os chamados bantos. Esta tradição durou pelo menos 300 anos na cidade, que ainda não possuía outras formas de propagar idéias sobre os produtos e serviços da época. Uma postura municipal, em São Vicente, de 15 de junho de 1543, assinada por Martim Afonso de Souza já prognosticava as dificuldades de relacionamento entre os comerciantes da época e inscreve-se como pioneira no sentido de disciplinar atividades comerciais realizadas em público. No segundo ciclo, já no século XIX, com o surgimento da imprensa, vão aparecer as mensagens escritas e difundidas pelos jornais impressos. Neste período difundem-se os pequenos anúncios e surgem as primeiras ilustrações impressas. O Farol Paulistano e A Província de São Paulo pontificam de forma inovadora para a época. O terceiro ciclo surge com a chegada das emissoras de rádio no Brasil, a partir de 7 de setembro de 1922. A mais antiga emissora de rádio da cidade de São Paulo é a Rádio Record, PRB-9, fundada em 1931. Ele se aperfeiçoa a partir das 12:45 horas do dia 28 de agosto de 1941, quando a Rádio Tupi de São Paulo anuncia a criação do jornal falado “Repórter Esso”, patrocinado pela multinacional do petróleo e feito sob a supervisão das agências de publicidade Mc Cann Ericson. O quarto ciclo surge pela iniciativa visionária de Assis Chateaubriand, que cria em 18 de setembro de 1950 a TV Tupi e através dela, passa a difundir anúncios pela televisão, primeiro utilizando-se das garotas propaganda e depois, com a chegada do vídeo - tape nos anos 60, a iniciar um processo de produção mais apurado. E, por fim, estamos em plena era dos anúncios virtuais, realizados pela internet. A história No ano de 1808, a família real veio para o Brasil, em busca de tranqüilidade, uma vez que na Europa estavam ocorrendo as Guerras Napoleônicas (1799 e 1815). Lembre-se que ainda éramos colônia e que, o Rio de Janeiro era a nossa Capital (antes disto era Salvador). Mas a família real não veio só, trouxe toda a corte (15.000 pessoas) e o que mais nos interessa saber, a Imprensa Régia, ou seja, a possibilidade de termos o nosso próprio jornal. A Imprensa Régia é considerada símbolo do início das Artes Gráficas no Brasil. Com a presença de Dom João VI no país, o Brasil passou a ser a sede de Portugal e não apenas mais uma colônia, o que representou um grande desenvolvimento, o Rio de Janeiro se transformou, em muitos níveis – arquitetura, pintura, habitação, novos costumes etc. No plano das relações internacionais, um dos fatos mais importantes relacionados com a presença de Dom João VI foi o reconhecimento da liberalização do comércio internacional. Então pense na situação: tínhamos um jornal (A Gazeta do Rio de Janeiro), tínhamos aumento da população na cidade, então agora tínhamos a possibilidade de termos anúncios, do tipo classificado. E nesta época o que se vendia eram (infelizmente) escravos e imóveis, além de serviços médicos e odontológicos. Figura 1 – anúncio de jornal relatando a fuga de um escravo Figura 2 – Anúncio de jornal – Médico Figura 3 – Anúncio de jornal – Imóvel Depois do jornal, surgiu outro meio de comunicação que se tornou muito popular entre as mulheres: a Revista. A maioria tratava de variedades ou trazia ensaios literários, alguns títulos eram – O Patriota (1813) e O Correio da Moda (1820). A partir de 1850, nota-se uma mudança no estilo dos anúncios, que passam a ter ilustrações feitas por artistas e textos criados por poetas como Casemiro de Abreu (precursor), Olavo Bilac, Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia, claro que eram bem diferentes do que os que conhecemos hoje, as figuras eram feitas à mão e os textos eram rebuscados e com rima. O principal anunciante desta época era a indústria farmacêutica, se é que podemos chamar assim, os produtos principais eram os elixires que curavam desde unha encravada até anemia profunda. Figura 4 – Anúncio de elixir – Honório do Prado Às vésperas da abolição, assim como da proclamação da república, surgiram muitos jornais no país, que ajudaram não apenas a disseminar idéias abolicionistas e republicanas como também a vender produtos por meio dos anúncios. Em 1900, houve outra reviravolta na maneira de se criar anúncios, o lançamento da Revista da Semana, que apresentava uma linguagem menos agressiva, um tom geral de atualidades e alguma preocupação literária. A revista fazia tanto sucesso que nesta época já se iniciavam as brigas por espaço publicitário. A linguagem rebuscada dos anúncios foi sendo substituída pela forma maisenxuta e direta de se empregar palavras. Figura 5 – Capa da Revista da Semana Vamos agora dar um pulo para o século XX. Século XX (1901 – 2000) Vou pedir um novo esforço da sua memória. O que aconteceu de importante neste século? Passamos por duas guerras mundiais, tivemos a nossa própria revolução, golpes, picos de inflação, consumo desenfreado, planos mirabolantes, milagres, realidade dura, direito a voto, direito de tirar presidente, estabilização econômica. Ufa!! Será que tudo isso tem alguma relação com a propaganda? Reflita um pouco sobre o assunto antes de continuarmos. 1901 – 1910 Nesta década, não havia no Brasil agência de propaganda, mas algumas empresas realizavam anúncios por contra própria nas revistas e jornais da época. Dentre os principais anunciantes encontramos a Loteria de São Paulo, Antarctica, Vinho Baruel, Charutaria do Comércio, Polytheama, Papelaria Duprat, entre outros. Como você pode notar apenas a Antarctica existe nos dias de hoje. Figura 6 – Anúncio do Guaraná Antarctica Quanto à criação dos anúncios, era comum a utilização de políticos como garotos- propaganda com o objetivo de associar um nome de peso ao produto anunciado. Mais tarde incluem-se outras figuras conhecidas na propaganda (na forma de caricaturas). Este subsídio foi utilizado até o ano de 1918. 1911 – 1920 Foi nesta década que surgiu a primeira agência de publicidade de que se tem notícia foi a Castaldi & Bennaton, proprietária da Eclética, que se instalou em São Paulo entre 1913 e 1914, a data, na verdade é imprecisa. A Eclética era um modelo de agência integrada, ou seja, através dos departamentos próprios eram realizados os serviços que hoje são prestados por organizações especializadas. Anunciava nos principais meios de comunicação (revistas, jornais, outdoors e mala-direta), tendo como principais clientes a Ford Motor Co., a Texaco Co., Kolynos, Palmolive, Aveia Quaker, Sabonete Eucalol, Biscoitos Aymoré, entre outros e era responsável pela organização dos Classificados do jornal ""O Estado de São Paulo"", ajudando também no caderno Turismo. Segundo Júlio Cosi Filho, “os pequenos anúncios eram levados especialmente aos balcões de anúncios do Estadão, de forma pouco controlada. Foram o Castaldi e o Benaton que resolveram alugar um espaço para agenciar estes anúncios, dando-lhes forma redacional mais adequada e cobrando por isso, livrando o jornal do ônus de uma produção sem uniformidade nas páginas dos pequenos anúncios. Com o sucesso da investida, eles passaram também a oferecer os serviços de agenciamento e criação de forma mais profissional.” Neste período ocorreu a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) que abalou bastante a Europa, e acabou criando dificuldades para o Brasil, que dependia da importação de produtos. Mas houve progresso no mercado publicitário e, após seu término, já havia cinco agências funcionando em São Paulo: a Eclética, a Pettinati, a Edanée, a de Valentim Haris e a de Pedro Didier e Antônio Vaudagnoti. Os principais anunciantes eram a Nestlé, que vendia a sua Farinha Láctea mostrando uma cena de pastagem suíça e alinhando três palavras, “força, vigor, robustez”, a Colgate-Palmolive, que promovia o Extract Vision de Fleurs (“agradável, persistente e delicioso”) e do Colgate Baby Talc Powder (“indispensável na toalete das crianças”), surgia também outro grande anunciante regular, a Bayer. A Empresa apresentava sucessivas campanhas, todas compostas de muitas peças, ilustradas quase sempre como um belo desenho para mostrar diferentes produtos. Já em 1917, foram veiculadas cinco peças chamando a atenção para a aspirina: “Depois do Baile”, “Que contraste”, “Ao belo sexo”, “Aos homens de negócios”, e uma última sem título que mostrava o desenho de pessoas sob a chuva. Em 1920 esse número mais que quadruplicou foram 23 anúncios apontando para três direções diferentes que, no entanto se completavam. Figura 7 – Anúncio da Farinha Láctea Nestlé Figura 8 – Anúncio do Sabonete e Talco Colgate 1921 – 1930 Você sabe qual novo meio de comunicação foi introduzido no Brasil nesta década? Isso mesmo foi o companheiro para todas as horas, o rádio. A primeira transmissão experimental foi em 7 de setembro de 1922, no centenário da Independência. Foi no ano de 1923, que o Professor Roquete Pinto fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e a partir daí várias outras emissoras foram se espalhando por todo o Brasil. Claro, no começo tinham pouca abrangência, pois apenas os mais ricos podiam comprar um aparelho de recepção. E tinha mais, até 1931 era proibido fazer propaganda em rádio. Os anunciantes passaram a desenvolver uma nova técnica de venda usando a publicidade, eram os anúncios combinados (1926), ou seja, anúncios de dois produtos diferentes que se completam ou têm alguma relação específica entre si. Em 1926, o grande escritor Monteiro Lobato, recebe uma encomenda dos Laboratórios Fontoura, escrever a história de Jeca Tatu, personagem que faria a propaganda dos produtos Fontoura e protagonizaria as campanhas de conscientização do Laboratório. Jeca era um pobre caboclo que morava no mato, numa casinha de sapé e vivia na maior pobreza em companhia da mulher, muito magra e feia, com vários filhos. O personagem era amarelo, fraco e doente e se transforma graças a remédios eficazes. Figura 9 – Folheto que acompanhava o Biotônico Fontoura Em 1931, quando desembarcou por aqui a agência norte-americana, a N.W. Ayer – aquela que foi fundada em 1869, lembra? - iniciou o conceito de serviço detalhado e completo. A agência realizou uma grande pesquisa para o Departamento Nacional do Café, acredita-se que esta tenha sido a primeira pesquisa brasileira do setor em tão grande escala. Para a Gessy, a Ayer recomendou que a empresa mudasse para creme dental a designação da antiga pasta Gessy, com o acréscimo de leite de magnésia a formula do produto. E deu ainda as seguintes orientações à empresa: adotar uma só marca, a Gessy, para todos os seus produtos, que tinham nomes diferentes; modernizar as embalagens que a agência redesenhou, emprestando um ar de família para toda a linha; reorganizar o departamento de vendas, indicando um ex-gerente da GM para dirigi-lo; e, finalmente, reformular o sistema contábil da empresa, de modo a apurar-se o custo exato de cada produto. Como você pode perceber, esta era uma agência completa que orientava seus clientes não apenas na área de comunicação, mas também na de marketing. Figura 10 – Anúncio do Creme Dental Gessy 1931 – 1940 Nesta década ocorreu no Brasil um acontecimento político muito importante, você lembra qual foi? Isso mesmo, a Revolução de 1932, que levou Getúlio Vargas – após um golpe – à presidência do Brasil, acabando com a política do café com leite (Paulistas e Mineiros). O desencadeamento da Revolução de 1932 paralisou totalmente a propaganda. Só no final dos anos 1930, o setor viveu dias de agitação com o aparecimento de muitas organizações comerciais, pequenas e médias indústrias fazendo anúncios. Outros setores também: produtos farmacêuticos, cervejas, loterias, cigarros, automóveis e lubrificantes, pneus, lâmpadas, cremes dentais. Pelas estradas eram montados painéis com molduras especiais com anunciantes: Ford, Chevrolet, Goodyear, Pirelli, Altas, Essolube, Texaco, Altantic, Frigiaire, Cinzano e Gancia. O meio rádio viveu nesta década a sua era de ouro, principalmente por causa da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, controlada pelo governo federal. Nesta época houve o desenvolvimento de diversos jingles famosos e que contagiavam os consumidores. Você sabe o que é um Jingle? Palavra publicitária originada da canção Jingle Bells e que identifica propaganda gravada que contém música e texto. Comercial musicado para rádio. Vamos parar um pouco nossa viagem... De volta para a história A continuaçãoda história da propaganda no Brasil, a era de ouro do rádio, as primeiras transmissões da TV e as dificuldades que a propaganda enfrentou na década de 1980. Nesta aula iremos continuar a nossa viagem para conhecermos um pouco da história da propaganda no Brasil. O ponto de partida será a década de 1940, em que o meio rádio reinava absoluto, depois passaremos para a década de 1950, em que o nacionalismo era a “bola da vez” e em seguida mostraremos o início do Golpe militar e sua influência no mercado da comunicação. Passaremos em duas décadas do milagre econômico (1970) a década perdida (1980). E enfim a última década do século, 1990, em que a economia e a política dão uma reviravolta. Vamos partir, faça uma boa viagem! Retomando o assunto passado: Olá, então pensou no assunto proposto em nossa última aula? A que conclusão você chegou? Vamos discutir em sala. Vamos avançar um pouco mais na história, hoje iremos até a década de 1990. E deixaremos os dias atuais e o futuro para a próxima aula. 1941 – 1950 Esta década foi bem complicada devido aos acontecimentos mundiais. Você lembra o que aconteceu? Exatamente a Segunda Guerra Mundial que começou em 1939 e se estendeu até 1945. Às vésperas da guerra, o setor já estava mais maduro até para fazer os conhecidos anúncios de oportunidade, como o que foi publicado no jornal A Tarde, de Salvador. A ilustração era de Musolini fazendo a saudação fascista. O texto, enfático, dizia: “Se avanço, sigam-me! Se recuo, matem-me! Se tombo, vinguem-me! Se o sangue tornar-se impuro Galenogal”. O início da Segunda Guerra Mundial não chegou a assustar completamente o mercado publicitário. O panorama da mídia mostrava que as novelas iam tomando conta da programação do rádio, apesar de o noticiário ter ganho mais espaços. Só que nesta fase os anunciantes faziam questão de aparecer mais, originando ainda algumas promoções. Os programas de rádio com prêmios para o auditório generalizavam-se. Finda a guerra, começou a propaganda de imóveis. Primeiro no Rio de Janeiro, com a incorporação de edifícios e loteamentos de grandes áreas, e depois em São Paulo. Rapidamente a área imobiliária instalou-se no mercado, tomou corpo e encheu as páginas dos matutinos com as suas ofertas. A indústria continuava avançando e o comércio, crescendo cada vez mais. Além disso, o fim da guerra fez o preço das importações subir, uma vez que a Europa estava arrasada. Para não ter que importar, o Brasil promulgou a Lei do Licenciamento, que pregava: “Quem não fabricar aqui não vende”. Esta medida provocou um crescimento de 10% ao ano para o mercado publicitário e verbas em milhões de dólares. Em fevereiro de 1949 acontece um convênio entre as principais agências para a fixação de normas padrão para a regulamentação da propaganda, resultando no surgimento da Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap). A Televisão aparece no Brasil em 1950, no dia 18 de setembro vai ao ar o primeiro programa de TV, graças à Assis Chateaubriand, que fundou a TV Tupi (SP). O primeiro programa contou com a participação de Aurélio Campos, Lolita Rodrigues, Mazzaropi e Walter Foster. Neste dia havia cerca de 250 receptores de TV no país. E claro, no início os anunciantes não tinham muito interesse neste novo meio, uma vez que o rádio apresentava maior penetração. Mas como você sabe, tudo mudou. 1951 – 1960 Nos anos 1950 ocorreu uma série de marcos importantes para a história econômica e da comunicação no Brasil. É uma época de desenvolvimento acelerado que se inicia no mandato de Getúlio Vargas, em 1950, e se encerra com a fase progressista resumida no slogan “50 anos em 5”, do presidente Juscelino Kubitschek, governante do país na segunda metade da década. No governo Getúlio Vargas fortalece-se o sentimento nacionalista que alcançaria as décadas seguintes e seria responsável pelo surgimento de estatais com a Petrobrás. Depois, acentua-se a chegada das grandes indústrias multinacionais, especialmente montadoras: datas de 1958 a instalação da primeira fábrica de automóveis do país, montada pela Volkswagen. O mercado, nesta época estava aquecido, por isso a ordem era vender ou vender. No início o rádio e o jornal eram os principais meios que os anunciantes usavam para aproveitar o mercado comprador. Foi só no ano de 1960 que a TV ganhou impulso, neste ano já havia 598.000 receptores de TV nas casas. Os intervalos comerciais tinham de 10 a 15 minutos e até 1960 eram feitos ao vivo, o vídeo tape chegou e os comerciais passaram a ser gravados. Aproveitando a alta demanda, a agência Standard criou o dia das mães. 1961 – 1970 Os anos 1960 foram agitados em todo o mundo, no Brasil não foi diferente. O que aconteceu nesta década? Você lembra? O início da ditadura militar em 1964. Será que isso prejudicou ou favoreceu a publicidade no país? Vamos continuar a nossa viagem para que você tire as suas conclusões. Apesar da conturbação política dos anos 1960 – com a renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961, o golpe militar de 1964, e seu Ato Institucional n.º 5, que submeteria o país a uma feroz ditadura -, a publicidade brasileira apresentou avanços significativos nesse período, muitas vezes graças até a sua proximidade com os novos donos do poder. A década se encerraria com a crença ufanista no “Brasil potência” ou “País do Futuro”, delineado pelo “Milagre Econômico” que se fortaleceria nos anos seguintes. A TV expandiu-se por diversas regiões do país, em 1964 surge a Rede Globo. As agências conseguiram a Lei n.º 4.680, que lhes assegurava margens estáveis de remuneração. Tal lei permaneceria até recentemente como um dos últimos instrumentos reguladores de relações mercadológicas no país (foi oficialmente extinta em 1997). A Lei n.º 4.680 foi aprovada em 1965, depois de um poderoso lobby das agências. Sua regulamentação deu-se um ano depois com o Decreto n.º 57.690. Ela fixava taxa de remuneração sobre os investimentos em mídia em 20%; antes, tal taxa situava-se próxima a 17,65%. Além disso, ela incorporava algumas resoluções do mercado publicitário, como o Código de Ética e um conjunto de normas-padrão para prestação de serviços pelas agências. O regime militar não beneficiou as agências só com a Lei n.º 4.680, ciente do poder da comunicação de massa, esse governo – e as empresas criadas por ele para gerir setores importantes da economia – também se tornou um grande anunciante. E as regras para a contratação das agências responsáveis por seu atendimento praticamente excluíam as multinacionais. Começaram a se destacar também grandes agências nacionais, como Standard, Alcântara Machado e Denison. Nessa década, são formadas duas agências que logo assumiriam posições de destaque na publicidade brasileira, a Salles, e a DPZ, esta última buscando implantar um formato no qual a criatividade era matriz do diferencial mercadológico. 1971 – 1980 O “milagre brasileiro” do início dos anos 1970 elevava as classes média e alta a patamares de consumo antes inimaginados. Nem mesmo a primeira crise do petróleo, em 1973, foi capaz de abalar esse fenômeno de desenvolvimento econômico, no qual o país obteve taxas de crescimento do PIB próximas dos 10% anuais. Mas a estrutura desse crescimento tinha bases frágeis, como o crescente financiamento externo e a execução de obras faraônicas. Passou-se ao estímulo da poupança e com isso desenvolveram-se os serviços financeiros. Na segunda metade da década, com a retração da demanda gerada pelo fim do “milagre”, as grandes empresas passaram a empregar o marketing em um sentido mais moderno, no qual os esforços, antes de visarem metas de vendas, deveriam buscar atender às necessidades do consumidor. Cresce então a utilização das pesquisas de mercado. Em 1972 ocorre a compra da Standard pela Ogilvy & Mather. O Grupo Young & Rubicam chegou ao país em 1974. Em1975 apareceu a Leo Burnett, com a compra da Companhia de Incremento de Negócios. No ano seguinte, o Grupo Interpublic, em 1975 a BBDO. O consumidor torna-se cada vez mais arredio, e com o insucesso de um modelo de crescimento das agências a partir de escritórios regionais e internacionais, estas começaram a se preocupar com a oferta de um leque cada vez mais amplo de comunicação, surgindo a discussão sobre o modelo full service, ou seja um serviço completo em comunicação. O meio TV seguiu sua expansão, em 1972 inaugurou-se a cor na televisão brasileira. E a Globo já no ano seguinte exibiu a primeira novela em cores do país: O Bem Amado. Naquela época mais de 20% da população já era atingida pelo meio. O meio rádio ganhou a opção FM, e o outdoor, que vivia um momento de declínio acentuado de sua participação no total de verbas publicitária, resolveu organizar-se na Central de Outdoor, reduzindo o número de placas e padronizando-as. 1981 – 1990 Desempenhos medíocres dos indicadores econômicos e sociais do Brasil nos anos 1980 – que levam muitos analistas a descrever tal período como a “década perdida” -, obviamente afetaram o desempenho da indústria da comunicação. Assim, nos anos 1980, a comunicação teve momentos em que foi relegada a um papel secundário, pois alguns planos criaram explosões de consumo que deixavam os anunciantes sem produtos e sem interesse em anunciar. Já nas épocas de acirramento da inflação, era impossível pensar em planejamento de mídia, sendo priorizada sua negociação em virtude da corrosão das verbas dos anunciantes. O mote da década foi Diretas Já. E em 1989 fomos às urnas escolher o presidente, fato que não acontecia deste o Golpe Militar. Como fato positivo, houve a consumação da abertura política, com as eleições presidenciais de 1989. Apesar da conjuntura complicada, surgiram muitas agências nesse período. Se em 1978 havia em todo o país 300 agências em 1987 esse número superava a casa das 2 mil. Surgiram: 1980 – Talent (foco em planejamento), 1986 – W/Brasil (foco na criatividade). E, enquanto em meados da década de 1980 acentuava-se internacionalmente o processo de globalização da comunicação, no Brasil os clientes pressionavam cada vez mais por formas de remuneração diferenciadas. Destaca-se neste período a criação do CONAR (Conselho Nacional de Auto- Regulamentação Publicitária). Em 1989, chega o primeiro canal por assinatura do Brasil, inicialmente através do Canal +. 1991 – 2000 A globalização da comunicação consolidava-se internacionalmente desde a primeira metade da década de 1980, mas intensifica-se no Brasil nos anos 1990 com o aumento do apetite das multinacionais da comunicação pelo mercado local. Em meados da década já atuavam aqui praticamente todos os grandes grupos internacionais do setor. Em 1997, das dez agências incluídas no ranking das maiores do país apenas duas não tinham a participação do capital internacional. Os anunciantes, diante de um mercado cada vez mais competitivo, exigem agilidade crescente de suas agências. Desaparecem houses de anunciantes como Antarctica, Pão de Açúcar e Transbrasil. E impõe-se com força, a partir do êxito de agências como W/Brasil e DM9, o modelo das agências comandadas por profissionais, especialmente criativos. Tal tendência ganha ênfase no meio da década quando surgem diversas agências comandadas por criadores, muitas vezes em associação com grupos multinacionais: F/Nazca S&S, Lowe, Loducca, Carillo Patore Euro RSCG, CaliaAssumpção, entre outras. Em 1994, a indústria brasileira da comunicação inicia um processo de recuperação, e no ano seguinte experimenta seu melhor desempenho em muitos anos, elevando seus negócios em 51% e movimentando US$ 4,5 bilhões, em 1998 esse número chega a US$8,4 bilhões. Com o Plano Real, grande parte da população engrossa o seu poder de consumo e com esse crescimento do mercado as empresas passam a se preocupar mais com o consumidor, criando serviços de atendimento ao cliente. A década de 1990 começa com a consolidação da TV por assinatura e com a veiculação da MTV, primeira emissora segmentada do país, através do Grupo Abril. No meio impresso, os jornais apostam na técnica de itens colecionáveis para aumentar as vendas, e de fato geram resultados: em 1994, a Folha de S. Paulo ultrapassa a marca de 1 milhão de exemplares vendidos. Em 1995 os brasileiros estavam começando a descobrir o meio de comunicação do futuro: a Internet. Desde o surgimento deste veículo, a propaganda vem tentando encontrar formas mais eficientes de anunciar na World Wide Web: além de anúncios de sites na televisão e nas rádios, existem banners, botões e mensagens pop-up que capturam a visão do internauta e o direcionam às páginas dos anunciantes. Em 1999 a Internet conta com mais de 2,5 milhões de usuários no Brasil. Em junho de 1997 é oficialmente extinta a Lei n.º 4.680. Na medida em que essa lei foi perdendo sua validade, acentuou-se o processo de fusão de agências, por meio de compra por parte de grupos multinacionais comprando outras menores. Atualmente (a partir de 2001) o CENP (Conselho Executivo de Normas-Padrão) regulamenta as relações entre agência, anunciantes e veículos de comunicação. Século XXI (primeiros anos) O Brasil entrou no novo século com a economia mais descentralizada, com indústrias de grande porte instaladas principalmente na região Sudeste e com o agronegócio produzindo safras recordes, o que garantiram balanços positivos na conta das exportações. Em 2001 o “apagão” balançou alguns setores, mas não foi suficiente para desestabilizar a economia. Vamos ficar de olho na situação energética neste ano de 2008. A publicidade brasileira encanta o mundo, prova disto são os prêmios internacionais conquistados por agências como W/Brasil, FischerAmérica e AgênciaClick. Com o CENP estabelecendo critérios das melhores práticas na área da qualidade e da prestação de serviços, o mercado publicitário brasileiro chega à maturidade, por meio de investimento em pesquisa e na padronização da remuneração. Segundo dados do próprio CENP, em 2001 havia 2.777 agências cadastradas pela entidade, ou seja, que receberam a certificação. Cerca de 80% destas agências tinham receita bruta anual de R$ 500 mil. A estabilidade econômica favorece o investimento de grandes conglomerados de agências de comunicação internacional no Brasil, só para citar alguns: Fallon/PMA, Neograma e BBH e da mega fusão de agências Publicis Salles Norton. Novos grupos de comunicação publicitária são consolidados como o caso do Ypi (DM9DDB, África e MPM). Com esta internacionalização, as agências passam a adotar a comunicação integrada, oferecendo não apenas propaganda, mas um conjunto completo de serviço em comunicação como: planejamento/organização de eventos, apoio à promoção e merchandising e construção/consolidação de marcas. Todo este esforço foi reconhecido, em 2003, segundo uma pesquisa do projeto Inter- Meios, a publicidade brasileira movimentou quase R$15 bilhões (US$ 5 bilhões). Os veículos de comunicação, por meio de uma Medida Provisória em 2002, puderam receber investimento de capital estrangeiro. Segundo a MP, sócios estrangeiros poderiam adquirir até 30% das empresas de mídia no país. Em 2004 o Grupo Abril vendeu 13,8% de suas ações para um grupo de investidores internacionais. Mesmo após a queda das ações em bolsa das empresas da Internet, o meio não deixou de crescer, e a tendência aponta para uma provável expansão embasada pelo uso crescente do meio pelas agências de propaganda. Segundo a pesquisa realizada pelo IBOPE em 2007, o Brasil tem mais de 21 milhões de internautas residenciais. Outro setor em crescimento é o de mídia exterior - outdoor e mobiliário urbano, mas em 2007 na cidade de São Paulo houve proibição do uso deste meio pelo Prefeito Cassab, o que causou turbulência no mercado.Na TV, o destaque fica por conta dos reality shows. Em relação à TV por assinatura, em 2006, o sinal da TV por Assinatura por Cabo e MMDS, cobria 475 municípios que representam 64% do IPC – sem contar a cobertura por satélite, que atinge a todo o Brasil. O que significa que novos 400 mil domicílios, somente em 2006, passaram a ter acesso à TV por Assinatura. São aproximadamente 1.4 milhão de novos espectadores que procuram uma televisão diferente, com mais alternativas de programação. O faturamento do mercado das operadoras de TV por Assinatura em 2006 cresceu 42%, atingindo um novo recorde: 5,5 bilhões. Isso envolve basicamente as mensalidades e o pay-per-view. O consumo da TV por Assinatura começa de cima para baixo. E praticamente 70% da classe A assistem TV por Assinatura. mais qualidade. Existe ainda um novo canal de comunicação em que as agências devem prestar atenção, o varejo, empresas como Carrefour, Wal Mart, Casas Bahia, servem como canais de informação e venda para a indústria. Algumas agências atentas a este novo canal, criaram displays, móbiles, quiosques entre outras novidades para atrair a atenção do consumidor no momento da compra. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DESTE TEMA MARCONDES, Pyr. Uma história da propaganda brasileira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. ASSOCIACAO BRASILEIRA DE AGENCIAS DE PROPAGANDA-ABAP Historia da propaganda brasileira. Editora.:ABAP. 2005 CADENA, Nelson. Brasil: 100 anos de propaganda Editora.: REFERENCIA SAO PAULO 2001. Revista Propaganda Revista Marketing Jornal Propaganda e Marketing Jornal Meio e Mensagem Site: www.memoriadapropaganda.org.br www.cenp.com.br http://www.memoriadapropaganda.org.br/ http://www.cenp.com.br/
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