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1 HISTÓRIA DA PROPAGANDA O SÉCULO DA PUBLICIDADE Meados do século XVII, Revolução Industrial – novos processos de fabricação e novos produtos. Para tornar os novos produtos conhecidos, a publicidade. Século XIX, a publicidade evoluiu como ferramenta da industrialização, anunciando novos produtos e serviços. Século XX atinge a maturidade, iniciando sua trajetória própria de transformações, evoluções e revoluções. O ciclo de produção e a comunicação (do livro Planejamento de Comunicação – Marcélia Lupetti) Invenção Aumento de Produção Criação de capitais Desequilíbrio nas fases produtivas Investimentos em novas invenções Processo Tecnológico HISTÓRIA DA PROPAGANDA NO BRASIL OS PRIMEIROS 50 ANOS Originária, a partir de 1809, dos pequenos classificados de compra e venda de imóveis, e até dos avisos nos jornais que descreviam os negros fugitivos ou vendidos, estabelecendo o preço ou a gratificação, ela já mostrava, no início do século, grandes anúncios com ilustrações. Em duas cores, o texto era de autoria de poetas. Olavo Bilac foi um deles. Os desenhos eram feitos por artistas famosos. PROPAGANDA Investimentos em novas invenções 2 Com o surgimento da Revista da Semana, em 1900, a propaganda deu início a uma nova fase, apresentando uma linguagem menos agressiva, um tom geral de atualidades e alguma preocupação literária. Em relação aos anúncios, nesta época já se iniciavam as brigas por espaço. As últimas capas das revistas, assim como atualmente, eram muito concorridas. Nos dez primeiros números do novo semanário A Lua foram veiculados anúncios alternados de Saúde da Mulher, o remédio “infalível nas moléstias das senhoras” e Bromil, “que cura tosse em 24 horas”, ou que para a tosse é “a morte da morte”. A campanha desses produtos foi diferenciada do início ao fim. A linguagem rebuscada dos anúncios foi sendo substituída pela forma mais enxuta e direta de se empregar palavras. Outro hábito que se verificou no princípio do século, foi a utilização de políticos em anúncios. Naquele tempo, a coqueluche era o emprego de homens de governo, parlamentares e candidatos de todas as frentes. Os profissionais exploravam as figuras conhecidas. Com uma boa dose de humor, faziam delas caricaturas e até criavam diálogos. A primeira agência de publicidade de que se tem notícia é a Castaldi & Bennaton, proprietária da Eclética, que se instalou em São Paulo entre 1913 e 1914, a data, na verdade é imprecisa. Apesar das dificuldades da Primeira Guerra Mundial, houve progresso nesse mercado e, após seu término, já havia cinco agências funcionando em São Paulo: a Eclética, a Pettinati, a Edanée, a de Valentim Haris e a de Pedro Didier e Antônio Vaudagnoti. Quanto aos anunciantes, o mercado ia de vento em popa. Além da Nestlé, que vendia a sua Farinha Láctea mostrando uma cena de pastagem suíça e alinhando três palavras, “força, vigor, robustez”, da Colgate-Palmolive, que promovia o Extract Vision de Fleurs (“agradável, persistente e delicioso”) e do Colgate Baby Talc Powder (“indispensável na toalete das crianças”), surgia um outro grande anunciante regular, a Bayer. A Empresa apresentava sucessivas campanhas, todas compostas de muitas peças, ilustradas quase sempre como um desenho apurado, de inegável bom gosto, para mostrar diferentes produtos. Já em 1917, foram veiculadas cinco peças chamando a atenção para a aspirina: “Depois do Baile”, “Que contraste”, “Ao belo sexo”, “Aos homens de negócios”, e uma última sem título que mostrava o desenho de pessoas sob a chuva. Em 1920 esse número mais que quadruplicou foram 23 anúncios apontando para três direções diferentes que, no entanto se completavam. Com um ritmo de negócios tão favorável, o mercado da propaganda no Brasil caminhou a passos largos, dando asas à sua imaginação. Foi assim que as novidades, que ocorrem sempre em todas as áreas, foram surgindo – como as edições especiais em torno de um mesmo tema. Em 1920 foi publicado o álbum da cidade do Rio de 3 Janeiro quando da visita do rei Alberto I, da Bélgica, ao Brasil. Com um bonito formato e impressão em cores, apresentava excelente categoria gráfica. Logo depois dos retratos do rei Alberto e do presidente Epitácio Pessoa, seguiram-se 55 páginas de anúncios entremeados por belas vistas do Rio e flagrantes de cerimônias oficiais. Entre os anunciantes pode-se destacar a Casa Colombo, Bromil, Cigarros Veado, Laboratórios Silva Araújo e Biotônico Fontoura. Uma outra novidade foi o pedido do anunciante Biotônico Fontoura, que contratou Monteiro Lobato para desenvolver um briefing até então inédito: escrever a história de Jeca Tatu, um pobre caboclo que morava no mato, numa casinha de sapé e vivia na maior pobreza em companhia da mulher, muito magra e feia, com vários filhos. O Jeca, personagem de propaganda, era amarelo, fraco e doente e se transforma graças a remédios eficazes. O livro com as histórias de Jeca Tatuzinho em 1941 chegava a 10 milhões de exemplares. Na década de 20, apesar de a propaganda tratar-se de uma atividade ainda não muito conhecida, alguns anunciantes importantes procuravam fazer dela um negócio sério e profissional. A General Motors, por exemplo, que há muito vendia em nosso país seus automóveis e caminhões, tinha em 1926, um departamento de propaganda. Já nesta época se afirmava que “nenhuma campanha de propaganda pode ser eficiente se não tiver uma base, uma análise de mercado, que lhe sirva de partida.” Mídia Os meios de comunicação – rádio, jornal, revista e TV – deram um grande impulso para alavancar os negócios da propaganda. De início, desde o começo do século, foram os jornais e, posteriormente, as revistas que tiveram a maior parcela de responsabilidade pelas primeiras investidas, ainda que tímidas, dos anunciantes. O rádio foi a grande sensação dos anos 30. A primeira estação regular de a rádio Educadora, surgida no Rio de Janeiro em 1927. Em 1938, havia dez emissoras na cidade de São Paulo e 24 no interior paulista. A grade de programação das emissoras baseava-se em noticiário, música e alguma divulgação que importasse aos ouvintes. A propaganda era pouca, com simples locuções de textos, originariamente de imprensa. De início, não houve patrocínio de programas. A partir de 1933, no entanto, o quadro se transformou rapidamente. Apareceram os spots, os programas associados a marcas, os jingles. O assunto televisão era tão incipiente que nem quando a TV Tupy levou ao ar seus primeiros programas, em 1950, existiam empresas 4 especializadas em filmes e jingles. Da mesma forma, também não havia grandes anunciantes interessados no assunto, muitos não conheciam o novo veículo e poucos acreditavam nele. Um dos primeiros a encorajar- se foram Persianas Colúmbia. Os comerciais eram ao vivo ou com slides. Outros anunciantes começaram a se interessar pelo meio: Companhia Antarctica Paulista, Laminação Nacional de Metais e Moinho Santista. Evolução Em 1931, quando desembarcou por aqui a agência norte- americana, a N.W. Ayer, iniciou o conceito de serviço detalhado e completo. A agência realizou uma grande pesquisa para o Departamento Nacional do Café, esta pesquisa abrangeu 19 Estados, 12 mil consumidores e 3 mil torradores-retalhistas. Acredita-se que esta tenha sido a primeira pesquisa brasileira do setor em tão grande escala. Para tabular os resultados, a Ayer criou um departamento provisório com 16 auxiliares. Para a Gessy, a Ayer recomendou que a empresa mudasse para creme dental a designação da antiga pasta Gessy, com o acréscimo de leite de magnésia à fórmula do produto. E deu ainda as seguintes orientações à empresa: adotar uma só marca, a Gessy, para todos os seus produtos, que tinham nomes diferentes; modernizar as embalagens que a agência redesenhou, emprestando um ar de família para toda a linha; reorganizaro departamento de vendas, indicando um ex-gerentes da GM para dirigi-lo; e, finalmente, reformular o sistema contábil da empresa, de modo a apurar-se o custo exato de cada produto. O desencadeamento da Revolução de 32, paralisou totalmente a propaganda. Já no final dos anos 30, o setor viveu dias de agitação com o aparecimento de muitas organizações comerciais, pequenas e médias indústrias fazendo anúncios. Outros setores também: produtos farmacêuticos, cervejas, loterias, cigarros, automóveis e lubrificantes, pneus, lâmpadas, cremes dentais. Pelas estradas eram montados painéis com molduras especiais com anunciantes: Ford, Chevrolet, Goodyear, Pirelli, Altas, Essolube, Texaco, Altantic, Frigiaire, Cinzano e Gancia. A partir daí, a competição chegou aos anúncios dos jornais em forma de discussão, réplicas e tréplicas. Alguns diziam: “Ford oferece mais pelo seu dinheiro”, A GM rebatia “Novas características que só Chevrolet oferece”. Kolynos chamava a atenção: “Jamais vi dentes tão claros como os seus”. E a Colgate: “ Os seus dentes estão brancos e seu 5 hálito agradável”. E a Lever entrava avisando: “Proteja seus dentes e gengivas”. A Segunda Guerra Às vésperas da guerra, o setor já estava mais maduro até para fazer os conhecidos anúncios de oportunidade, como o que foi publicado no jornal A Tarde, de Salvador. A ilustração era de Musolini fazendo a saudação fascista. O texto, enfático, dizia: “Se avanço, sigam-me! Se recuo, matem-me! Se tombo, vinguem-me! Se o sangue tornar-se impuro Galenogal”. O início da Segunda Guerra Mundial não chegou a assustar completamente o mercado publicitário. O panorama da mídia mostrava que as novelas iam tomando conta da programação do rádio, apesar de o noticiário ter ganho mais espaços. Só que nesta fase os anunciantes faziam questão de aparecer mais, originando ainda algumas promoções. Os programas de rádio com prêmios para o auditório generalizavam-se. Finda a guerra, começou a propaganda de imóveis. Primeiro no Rio de Janeiro, com a incorporação de edifícios e loteamentos de grandes áreas, e depois em São Paulo. Rapidamente a área imobiliária instalou-se no mercado, tomou corpo e encheu as páginas dos matutinos com as suas ofertas. A indústria continuava avançando e o comércio, crescendo cada vez mais. Foi quando surgiram as promoções de datas especiais, em que os profissionais que se dedicavam exclusivamente à publicidade das empresas usavam uma linguagem específica. Era no Natal, no carnaval, nas festas de junho, no dia das mães. Legislação A década de 40 viu surgir os primeiros esforços no sentido de disciplinar eticamente a propaganda. Era o próprio desenvolvimento do mercado publicitário, como resultante do surto de industrialização do País, que levou à necessidade de se regulamentar o exercício da propaganda. Primeiramente foi o decreto-lei que consolidou a propaganda na área médica e em estabelecimentos congêneres. Depois, foram os esforços do Conselho Nacional de Imprensa e da Associação Brasileira de Propaganda (ABA), que trataram de institucionalizar a propaganda, até mesmo no terreno da ética. Em fevereiro de 49, nasceu o convênio entre as principais agências de propaganda, de fixação de 6 normas-padrão para seu funcionamento. Tempos mais tarde surgiu, enfim, a Associação Brasileiras de Agências de Propaganda (Abap), órgão que tem relevante atuação na institucionalização da propaganda n Brasil. ANOS 50 – O INÍCIO DA MODERNIZAÇÃO Nos anos 50 ocorreu uma série de marcos importantes para a história econômica e da comunicação no Brasil. É uma época de desenvolvimento acelerado que se inicia no mandato de Getúlio Vargas, em 1950, e se encerra com a fase progressista resumida no slogan “50 anos em 5”, do presidente Juscelino Kubitschek, governante do país na Segunda metade da década. No governo Getúlio Vargas – cujo suicídio, em 1954, deu um toque dramático ao frenesi desenvolvimentista - fortalece-se o sentimento nacionalista que alcançaria as décadas seguintes e seria responsável pelo surgimento de estatais com a Petrobras. Depois, acentua-se a chegada das grandes indústrias multinacionais, especialmente montadoras: datas de 1958 a instalação da primeira fábrica de automóveis do país, montada pela Volkswagen. E é na década de 50 que efetivamente se pode começar a falar na existência, no Brasil, de estratégias de marketing, no sentido de integração de esforços múltiplos como propaganda, promoção e pesquisa de mercado – para a consecução das metas de vendas dos fabricantes de produtos (o setor de serviços ainda é bastante incipiente). Surgem as principais responsáveis por essa tendência, as multinacionais: se havia então uma preocupação com o marketing em empresas como General Motors e Ford, é na década de 50 que se consolidariam, pelos esforços conjugados, marcas até hoje fortíssimas: lâminas Gillette, leites Ninho e Moça, sabonetes Palmolive e Maizena, entre outras. Emblematizando essa década de desenvolvimento da economia e do marketing, exatamente em seu início surge a TV brasileira, que começa a operar oficialmente em 19 de setembro de 1950, com a PFR-3 – TV Tupi de São Paulo. Na ocasião, foram colocados cerca de 300 televisores em pontos estratégicos da capital paulista. Seria difícil prever que aquele aparelho logo substituiria o rádio das salas das residências, e que a TV brasileira chegaria ao fim do século se valendo inicialmente de formatos e talentos já consagrados no próprio rádio, consumidos por quase 100% da população. Se na época de sua inauguração ela começou trabalhando com formatos comerciais tecnicamente indefinidos, denominados “contratos de apoio”, a TV nacional se aproximaria do final do século garantindo para si quase 60% de todas as verbas publicitárias do país. Estima-se que já em 1956 as então três 7 emissoras de TV existentes em São Paulo conseguiam uma arrecadação publicitária similar à das treze rádios da cidade. Institucionalização e ensino Na década de 50 se fortalece também o meio revista. O Cruzeiro, por exemplo chega a seu auge, e na edição com a morte de Getúlio Vargas atinge uma tiragem de 700 mil exemplares. A inserção em suas capas era disputada com até um ano de antecedência. Paralelamente, nasce a revista Manchete, com uma qualidade gráfica que forçaria a concorrência a novos padrões. E em 1950 nascia a Editora Abril, inicialmente publicando o singelo título Pato Donald. Crescendo como negócio, nos anos 50 a comunicação brasileira busca ainda sua institucionalização. Assim, em outubro de 1957 realiza- se o I Congresso Brasileiro de Propaganda, promovido pela Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap). Entre as resoluções do evento, algumas permanecem até hoje dando rumos à publicidade nacional. Por exemplo, ali foi elaborado o Código de Ética dos Profissionais da Propaganda, e foi recomendada a criação do Instituto Verificador de Circulação (IVC), para a confirmação das reais circulações de mídia impressa. O Ibope começou a medir a audiência da TV brasileira quatro anos depois de sua criação, e em 1958 é colocado no mercado o primeiro estudo Marplan. Na Segunda metade da década, surgem algumas agências que depois se situariam entre as maiores do país. Em 1956 é criada a Alcântara Machado, que desembocaria na atual AlmapBBDO. E no ano seguinte nasce no Rio Grande do Sul a MPM, que logo se expandiria por todo o país, e em 1975 assumiria a condição de maior agência nacional, permanecendo assim até 1990, quando foi comprada pela Lintas (que depois foi Ammirati Puris Lintas e hoje fundiu-se com a Lowe) Batizado inicialmente como Escola de Propaganda do Brasil, o curso de propaganda foi inaugurado em outubro de 1951. Dele nasceria , em 1970 a Escola Superior de Propaganda e Marketing. Em 1953 a Fundação Getúlio Vargas já incluíra em sua pós- graduação o curso de marketing. ANOS60 – LEI N.º 4.680, A GRANDE CONQUISTA Apesar da conturbação política dos anos 60 – com a renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961, o golpe militar de 1964, e seu Ato Institucional n.º 5, que submeteria o país a uma feroz ditadura -, a publicidade brasileira apresentou avanços significativos nesse período, muitas vezes graças até à sua proximidade com os novos donos do 8 poder. A década encerraria-se com a crença ufanista no “Brasil potência” ou “País do Futuro”, delineado pelo “Milagre Econômico” que se fortaleceria nos anos seguintes. A TV expandiu-se por diversas regiões do país. E as agências conseguiram a Lei n.º 4.680, que lhes assegurava margens estáveis de remuneração. Tal lei permaneceria até recentemente como um dos últimos instrumentos reguladores de relações mercadológicas no país (foi oficialmente extinta em 1997). A Lei n.º 4.680 foi aprovada em 1965, depois de um poderoso lobby das agências. Sua regulamentação deu-se um ano depois com o Decreto n.º 57.690. Ela fixava taxa de remuneração sobre os investimentos em mídia em 20%; antes, tal taxa situava-se próxima a 17,65%.Além disso, ela incorporava algumas resoluções do mercado publicitário, como o Código de Ética e um conjunto de normas-padrão para prestação de serviços pelas agências. O regime militar não beneficiou as agências só com a Lei n.º 4.680, ciente do poder da comunicação de massa, esse governo – e as empresas criadas por ele para gerir setores importantes da economia – também se tornou um grande anunciante. E as regras para a contratação das agências responsáveis por seu atendimento praticamente excluíam as multinacionais. Começaram a destacar-se também grandes agências nacionais, com Standard, Alcântara Machado e Denison. Nessa década, são formadas duas agências que logo assumiriam posições de destaque na publicidade brasileira. Surgiram também: Salles, e a DPZ, esta última buscando implantar um formato no qual a criatividade era matriz do diferencial mercadológico. Avanços na mídia Os anos 60 assistiram também a um enorme desenvolvimento técnico da mídia no Brasil. Em 1967, chegou dos Estados Unidos a técnica do GRP, e em meados da década, agências como a McCannErickson conseguiram implantar definitivamente o conceito de comunicação integrada em sua mídia; antes , nas grandes agências brasileiras esse departamento ainda era separado para os segmentos de mídia impressa e eletrônica. É organizado em 1969 o Grupo de Mídia, entidade que até hoje assume papel relevante na evolução do setor n Brasil. O aparecimento de novos e significativos veículos: 1968 – Revista Veja, 1964 – transmissões da Rede Globo no Rio de Janeiro e em 1965 em São Paulo. A criação também teve seus momentos marcantes nos anos 60. Em meados da década surgem na Alcântara Machado as duplas de 9 criação, implementadas por Alex Periscinotto, que as havia conhecido na DDB norte-americana. Tal sistema facilitou à propaganda a ascensão à era do posicionamento, na qual o foco principal da comunicação saía da informação objetiva e passava para um conceito que unia, intrinsecamente, texto e imagem, e associava a marca à psicologia do consumidor. ANOS 70 – O AVANÇO DO CONSUMIDOR O “milagre brasileiro” do início dos anos 70 elevava as classes média e alta a patamares de consumo antes inimaginados. Nem mesmo a primeira crise do petróleo, em 1973, foi capaz de abalar esse fenômeno de desenvolvimento econômico, no qual o país obteve taxas de crescimento do PIB próximas dos 10% anuais. Mas a estrutura desse crescimento tinha bases frágeis, como o crescente financiamento externo e a execução de obras faraônicas, e 1973 pôde ser também citado como o último ano desse “milagre”. Ensaiava-se uma obrigatória abertura política, passou-se ao estímulo da poupança e com isso desenvolveram-se os serviços financeiros. Na Segunda metade da década, com a retração da demanda gerada pelo fim do “milagre”, as grandes empresas passaram a empregar o marketing em um sentido mais moderno, no qual os esforços, antes de visarem metas de vendas, deveriam buscar atender às necessidades do consumidor. Cresce então a utilização das pesquisas de mercado. Em 1972 ocorre a compra da Standard pela Ogilvy & Mather. O Grupo Young & Rubicam chegou ao país em 1974. Em 1975, apareceu a Leo Burnett, com a compra da Companhia de Incremento de Negócios. No ano seguinte, o Grupo Interpublic, em 1975 a BBDO. Na segunda metade da década, com um consumidor cada vez mais arredio, e com o insucesso de um modelo de crescimento das agências a partir de escritórios regionais e internacionais, estas começaram a se preocupar com a oferta de um leque cada vez mais amplo de comunicação, surgindo a discussão sobre o modelo full service. Mídia Simultaneamente ao emprego do marketing como atendimento dos anseios do consumidor, na década de 70 a mídia nacional ingressou, como uso mais intenso de pesquisas e informações, na fase do planejamento. Tal tarefa teve uma contribuição decisiva do computados. 10 A primeira agência a contar com o que se chamava minicomputador foi a Salles. E o meio TV seguiu sua expansão, em 1972 havia sido inaugurada a cor na televisão brasileira. E a Globo já no ano seguinte exibia a primeira novela em cores do país: O Bem Amado. Naquela época mais de 20% da população já era atingida pelo meio. A rádio ganhou a opção FM, e o outdoor, que vivia um momento de declínio acentuado de sua participação no total de verbas publicitária, resolveu organizar-se na Central de Outdoor, reduzindo o número de placas e padronizando-as, criaram também roteiros para anunciantes, entre outras ações. A Central de Outdoor iniciou suas atividades em agosto de 1977. ANOS 80 – A CRIATIVIDADE E A SEGMENTAÇÃO Desempenhos medíocres dos indicadores econômicos e sociais do Brasil nos anos 80 – que levam muitos analistas a descrever tal período como a “década perdida” -, obviamente afetaram o desempenho da indústria da comunicação. Assim , nos anos 80, a comunicação teve momentos em que foi relegada a um papel secundário, pois alguns planos criaram explosões de consumo que deixavam os anunciantes sem produtos e se interesse em anunciar. Já nas épocas de acirramento da inflação, era impossível pensar em planejamento de mídia, sendo priorizada sua negociação em virtude da corrosão das verbas dos anunciantes. Como fato positivo, houve a consumação da abertura política, com as eleições presidenciais de 1989. Apesar da conjuntura complicada, surgiram muitas agências nesse período. Se em 1978 havia em todo o país 300 agências em 1987 esse número superava a casa das 2 mil. Surgiram: 1980 – Talent (planejamento), 1986 – W/Brasil (criatividade). A criatividade do publicitário brasileiro e a própria publicidade nacional obtinha um certificado internacional de importância com a realização em São Paulo do Congresso Internacional da International Advertising Association. E, enquanto em meados da década de 80 acentuava-se internacionalmente o processo de globalização da comunicação, no Brasil os clientes pressionavam cada vez mais por formas de remuneração diferenciadas. Mídia – Concorrência e segmentação 11 A Rede Globo em 1980 era líder incontestável do meio e da publicidade brasileiros. Seu padrão de qualidade e seus investimentos em tecnologia e pesquisa começaram a dar resultados também no exterior. Nos anos 80 ressurge a concorrência no meio, especialmente com o aparecimento do SBT. Buscando atingir as camadas mais populares do público, até então desprezadas pelo marketing brasileiro, o SBT logo se impôs com o a Segunda maior rede da TV nacional. Em 1983 surgiu uma pesquisa, o estudo Olhos na TV, elaborado pela agência Lintas, mostrou que em média, apenas 37% dos telespectadores da programação poderiam ser considerados também público dos comerciais. Em compensação outrapesquisa dava grande impulso ao meio outdoor, ela mostrava que o meio também poderia ser programado por critérios técnicos, e a partir daí o outdoor integrou-se definitivamente às estratégias de comunicação dos grandes grupos. Nas revistas acentuou-se a segmentação e temática regional. Já no meio jornal buscava a segmentação como os cadernos temáticos, como o Caderno 2 do Estadão, lançado em 1986. Os anos 80 levaram também os profissionais da área de mídia a valorizar a expressão “criatividade em mídia”. Chega ao Brasil em 1989 a TV por assinatura, inicialmente através do Canal +. ANOS 90 – PROPAGANDA GLOBALIZADA A globalização da comunicação consolidava-se internacionalmente desde a primeira metade da década de 80, mas intensifica-se no Brasil nos anos 90 com o aumento do apetite das multinacionais da comunicação pelo mercado local. Em meados da década já atuavam aqui praticamente todos os grandes grupos internacionais do setor. Em 1997, das dez agências incluídas no ranking das maiores do país apenas duas não tinham a participação do capital internacional. Os anunciantes, diante de um mercado cada vez mais competitivo, exigem agilidade crescente de suas agências. Desaparecem houses de anunciantes como Antarctica, Pão de Açúcar e Transbrasil. E impõe-se com força, a partir do êxito de agências como W/Brasil e DM9, o modelo das agências comandadas por profissionais, especialmente criativos. Tal tendência ganha ênfase no meio da década quando surgem diversas agências comandadas por criadores, muitas vezes em associação com grupos multinacionais: F/Nazca S&S, Lowe, Loducca, Carillo Patore Euro RSCG, CaliaAssumpção, entre outras. Em 1993, a indústria brasileira da comunicação inicia um processo de recuperação, e no ano seguinte 12 experimenta seu melhor desempenho em muitos anos, elevando seus negócios em 51% e movimentando US$ 4,5 bilhões. Mídia e Legislação – O momento das massas Em 1990 é promulgado o Código de Defesa do Consumidor que estabelecia bases minimamente civilizadas para o relacionamento entre as empresas e seus públicos. Em um país onde muitas leis são inócuas, o Código deu certo, apesar das reclamações dos empresários. As empresas prepararam-se para falar de forma mais direta com esse consumidor mais informado, e estima-se que no ano passado mais de 3 mil delas, em todo o país, já mantinham seus Serviços de Atendimento ao Consumidor. Se o consumidor passou a ser respeitado individualmente, também as classes mais populares, anteriormente ignoradas pelo marketing do país, precisaram ser rapidamente absorvidas pelas estratégias das empresas a partir de 1994, quando foi implantado o Plano Real. Com ele, enormes contingentes das populações C, D e até E engrossaram o poder de consumo dessas categorias antes vedado a elas. A mídia, especialmente a TV aberta, também populariza-se na década de 90, com programações que muitas vezes descambam para o popularesco e causam protestos da opinião pública. As grandes editoras de jornais também buscam as classes menos abastadas e, nos últimos anos da década, além do sucesso de um jornal mais popular como o Dia, assiste-se ao lançamento de jornais com apelo mais próprio para esse público, como o carioca Extra (do mesmo grupo que O Globo) e Agora, do grupo Folha. Anteriormente, os jornais investiram em uma estratégia que se mantém até hoje, no itens colecionáveis. Também ocorre no país a consolidação de meios mais sofisticados, com a TV por assinatura. Hoje a base da TV paga brasileira aproxima-se dos 3 milhões de assinantes. Em junho de 1997 é oficialmente extinta a Lei n.º 4.680. Na medida em que essa lei foi perdendo sua validade, acentuou-se o processo de fusão de agências, por meio de compra por parte de grupos multinacionais comprando outras menores. Mas o teste da convivência sem a lei parece ter sido resolvido pelo mercado publicitário, que no fim do ano passado, por intermédio de entidades de agências, anunciantes e veículos, assinou um acordo de auto-regulamentação do negócio estabelecendo remunerações diferenciadas com base no volume de verbas investidas. Assim, a publicidade brasileira movimentou em 1998 verbas totais de aproximadamente US$ 8,4 bilhões. Isso significou uma queda de 3% em relação ao ano anterior, mas revelou também um expressivo 13 crescimento de 200% sobre os US$ 2,8 bilhões movimentados no primeiro ano da década. O SÉCULO DA PUBLICIDADE HISTÓRIA DA PROPAGANDA NO BRASIL OS PRIMEIROS 50 ANOS Mídia Evolução A Segunda Guerra Legislação ANOS 50 – O INÍCIO DA MODERNIZAÇÃO Institucionalização e ensino ANOS 60 – LEI N.º 4.680, A GRANDE CONQUISTA Avanços na mídia ANOS 70 – O AVANÇO DO CONSUMIDOR Mídia ANOS 80 – A CRIATIVIDADE E A SEGMENTAÇÃO Mídia – Concorrência e segmentação
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