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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA AGÊNCIA KEY PUBLICIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS NO MERCADO BRASILEIRO ENTRE 1900 E 2017: A EFICIENCIA DA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA: - O ALIMENTO DA COMUNICAÇÃO. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2017 2 AGÊNCIA KEY MARIA ALICIA FERRO MARIANA ARANTES PRISCILLA MOREIRA RAFAELA MARCANDALI SÉRGIO XAVIER THAMYRES MENESES VANESSA TAKAHASHI VICTORIA BENTO WESLEY VENANCIO PUBLICIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS NO MERCADO BRASILEIRO ENTRE 1900 E 2017: A EFICIENCIA DA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA - O ALIMENTO DA COMUNICAÇÃO. Projeto Integrado apresentado no curso de graduação à Universidade Metodista de São Paulo, Faculdade de Comunicação como requisito parcial para conclusão do 1º período do curso de Publicidade e Propaganda. Coordenação: Prof. Ms. José Antônio D. Fardo Orienação: Fábio Eloi de Oliveira, Francisco Henrique da Costa, José Antônio D. Fardo, Roberto Joaquim de Oliveira, Lana Cristina N. Santos, Márcio José R. Guerreiro. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2017 3 Dedicamos este trabalho aos pais e familiares que nos apoiaram nesta nova jornada de nossas vidas, aos professores que pacientemente corrigiram e ajudaram a formular o projeto e aos amigos que nos deram suporte emocional em todos os momentos. 4 “É melhor tentar algo, vê-lo não funcionar e aprender com isso, do que não fazer nada. ” (Zuckerberg, Mark, [s.d]) 5 RESUMO Tivemos no trabalho a seguir, a intenção de contextualizar e apresentar a análise de elementos e objetivos presentes no processo de criação de anúncios publicitários. A partir de um determinado período, foram escolhidos quatro anúncios relacionados ao setor de varejo, sendo eles representantes de determinados meios de comunicação (impresso, rádio e internet), cada uma possuindo suas individualidades, dentre elas a linguagem própria. Tendo elas todas o mesmo foco: cativar e despertar interesse no seu público-alvo, convertendo o interesse em vendas. Dessa maneira, o objetivo presente foi relacionar as peças aos elementos de comunicação estudados no período do primeiro semestre do curso de Publicidade e Propaganda de forma a buscar um conteúdo notável e inovador. Diversas pesquisas foram realizadas para entender, refletir e desenvolver a análise de cada peça em sua determinada época, o que foi fundamental para a evolução e compreensão do projeto. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação – Publicidade e Propaganda – Linguagem Publicitária - Varejo 6 ABSTRACT We had in the following work, the intention to contextualize and present the analysis of elements and objectives present in the process of creating commercials. From a certain period, four ads related to the retail sector were chosen, being representatives of certain media (printed newspaper, radio and internet), each one possessing its individualities, among them the own language. Having them all the same focus: captivate and arouse interest in your target audience, converting interest in sales. In this way, the present objective was to relate the pieces to the communication elements studied during the first semester of the Advertising course in order to achieve a remarkable and innovative content. Several researches were carried out to understand, reflect and develop the analysis of each piece in its given time, which was fundamental for the evolution and understanding of the project. Key words: Communication, Advertising, Retail. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Anúncio Mappin: O dia das janellas Figura 2 – Storyboard Habib’s Figura 3 – Printscreen Fanpage C&A Figura 4 – Analytics Fanpage Renner Figura 5 – Analytics Fanpage Riachuelo Figura 6 – Analytics Fanpage Pernambucanas Figura 7 – Analytics Fanpage C&A Figura 8 – Analytics Fanpage Hering Figura 9 – Publicação lojas Renner, blog Figura 10 – Publicação lojas Renner, gargantilha Figura 11 – Publicação lojas Renner, moletom e rede social Figura 12 – Publicação Riachuelo, blusa preta Figura 13 – Publicação Riachuelo, casa Figura 14 – Publicação Riachuelo, office look Figura 15 – Publicação Pernambucanas, casa Figura 16 – Publicação Pernambucanas, inverno Figura 17 – Publicação Pernambucanas, homem aranha Figura 18 – Publicação C&A, carnaval Figura 19 – Publicação C&A, original jeans Figura 20 – Publicação Hering, outono Figura 21 - Publicação Hering, tendência folk Figura 22 – Anúncio Mappin: O dia das janellas 8 Figura 23 – Storyboard Habib’s Figura 24 – Printscreen Fanpage C&A Figura 25 – Comentário e resposta na Fanpage Figura 26 – Analytics Fanpage C&A Figura 27 – Legenda publicação de lançamento da coleção Figura 28 – Publicação C&A, Fátima Figura 29 – Publicação C&A, Amanda Figura 30 – Publicação C&A, Darth Vader Figura 31 – Publicação C&A, promoção Figura 32 – Publicação C&A, dia dos misturados Figura 33 – Publicação C&A, Power Ranger Figura 34 – Facebook ads, objetivo de marketing Figura 35 – Publicação C&A, Kim Kardashian Figura 36 – Publicação C&A, infantil Figura 37 – Publicação C&A, Alexandre Figura 38 – Publicação C&A, “meme” Figura 39 – Reclamação e resposta Figura 40 – Comentário de fã Figura 41 – Publicação C&A, Minnie Figura 42 – Publicação C&A, Rita Ora Figura 43 – Publicação C&A, Harry Potter Figura 44 – Anúncio Mappin: O dia das janellas Figura 45 – Formatos de anúncios revista Veja 9 Figura 46 – Printscreen Fanpage C&A Figura 47 – Storyboard Habib’s Figura 48 – Orçamento e programação Figura 49 – Estimativa de resultados diários Figura 50 – Formas de publicação no YouTube Figura 51 – Anúncio Mappin: O dia das janellas Figura 52 – Storyboard Habib’s Figura 53 – Printscreen Fanpage C&A Figura 54 – Publicação C&A, data comemorativa Figura 55 – Publicação C&A, linguagem cômica popular Figura 56 – Em destaque para você Figura 57 – Atalhos Fanpage Figura 58 – Imagem de perfil Figura 59 – Foto de capa Figura 60 – Publicação C&A, ideologia 2017 Figura 61 – Publicação C&A, Fernanda 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Tabela de preço editora Abril 11 SUMÁRIO 1. Introdução .................................................................................................................... 14 1.1 Análise Macroambiental – Lojas Mappin Stores ................................................................... 16 1.1.1 Macroambiente Econômico ................................................................................................. 17 1.1.2 Macroambiente Sociocultural .............................................................................................. 18 1.1.3 Macroambiente Tecnológico ................................................................................................ 19 1.1.4 Macroambiente Político-‐legal .............................................................................................. 21 1.1.5 Macroambiente Competitivo ............................................................................................... 22 1.2 Análise Macroambiental – Posto Shell .................................................................................. 23 1.2.1 Macroambiente Econômico ................................................................................................. 23 1.2.2 Macroambiente Sociocultural ..............................................................................................24 1.2.3 Macroambiente Tecnológico ................................................................................................ 26 1.2.4 Macroambiente Político-‐legal .............................................................................................. 27 1.2.5 Macroambiente Competitivo ............................................................................................... 28 1.3 Análise Macroambiental – Habib’s ....................................................................................... 29 1.3.1 Macroambiente Econômico ................................................................................................. 30 1.3.2 Macroambiente Sociocultural .............................................................................................. 33 1.2.3 Macroambiente Tecnológico ................................................................................................ 35 1.2.4 Macroambiente Político-‐legal .............................................................................................. 37 1.4 Análise Macroambiental – Fanpage C&A .............................................................................. 40 1.4.1 Nova classe C ........................................................................................................................ 40 1.4.2 Vício Social ............................................................................................................................ 44 1.4.3 Qual a Senha do Wi-‐fi? ......................................................................................................... 44 1.4.4 Sabe os Termos de Uso do Facebook? ................................................................................. 46 1.4.5 Competição de “likes” .......................................................................................................... 49 2. Comunicação de Varejo 360° ........................................................................................ 58 2.1 A Janela Aberta para Elite .................................................................................................... 59 2.1.1 Objetivo do Anúncio ............................................................................................................. 60 2.1.2 Target ................................................................................................................................... 61 2.1.3 Hábitos de Compras e Consumo .......................................................................................... 61 2.1.4 Análise Estrutural ................................................................................................................. 63 2.2 Shell, ICA e o Cara da Época .................................................................................................. 63 2.2.1 Objetivo do Spot ................................................................................................................... 64 2.2.2 Target ................................................................................................................................... 64 2.2.3 Hábitos de Compra e Consumo ............................................................................................ 65 2.2.4 Análise Estrutural ................................................................................................................. 66 2.3 A TV é Substituída pela Internet ........................................................................................... 67 2.3.1 Objetivo do Comercial .......................................................................................................... 68 2.3.2 Target ................................................................................................................................... 68 2.3.3 Hábitos de Compra e Consumo ............................................................................................ 70 2.3.4 Análise Estrutural ................................................................................................................. 71 2.4 Clemens & August, online e na “beca” .................................................................................. 71 2.4.1 Foco, Força, Fé ..................................................................................................................... 72 2.4.2 Tiro ao Alvo, acertou “mizeravi”! ......................................................................................... 77 12 2.4.2.1 Dados Demográficos ......................................................................................................... 78 2.4.3 Hábitos de Compra ............................................................................................................... 83 3. História dos meios de comunicação no Brasil e sua influência ....................................... 85 3.1 História do Jornal ................................................................................................................. 86 3.1.1 As Revistas e Outros Meios .................................................................................................. 87 3.1.2 O Consumidor Jornal e Revista ............................................................................................. 88 3.1.3 Adaptação Comercial e Propaganda .................................................................................... 88 3.1.4 Influência Meio Revista ........................................................................................................ 89 3.1.5 Anúncio Mappin ................................................................................................................... 89 3.1.6 Valores Investidos ................................................................................................................ 90 3.1.7 Modalidades de Veiculação da Revista ................................................................................ 91 3.1.5 Relação do Meio com a Peça ................................................................................................ 91 3.2 Implantação do Rádio no Brasil ............................................................................................ 91 3.2.1 Rádio e Propaganda ............................................................................................................. 92 3.2.2 Influência Meio Rádio .......................................................................................................... 93 3.2.3 Modalidades de Veiculação na Rádio ................................................................................... 94 3.2.5 Anúncio posto Shell, Roberto Carlos .................................................................................... 94 3.2.6 Relação com o Meio ............................................................................................................. 94 3.3 Internet ................................................................................................................................94 3.3.1 Contexto Histórico ................................................................................................................ 96 3.3.2 Adaptação Comercial ........................................................................................................... 97 3.3.3 YouTube ............................................................................................................................... 98 3.3.4 Valores Investidos na Fanpage ............................................................................................. 99 3.3.5 Influência Meio Internet .................................................................................................... 100 3.3.6 Modalidades de Veiculação no YouTube ........................................................................... 101 3.3.4 Relação do Meio com o Web Filme .................................................................................... 102 4. Linguagem e Ideologia ................................................................................................ 103 4.1 Na volta a gente compra .................................................................................................... 103 4.1.1 Contexto Histórico .............................................................................................................. 104 4.1.2 Processo de Comunicação .................................................................................................. 104 4.1.3 Recursos Argumentativos e Função de Linguagem ............................................................ 105 4.1.4 Construção de Sentido ....................................................................................................... 105 4.1.5 Ideologia do Status ............................................................................................................. 106 4.1.6 Ideologia ............................................................................................................................. 107 4.1.7 Cultura ................................................................................................................................ 107 4.1.8 Mito .................................................................................................................................... 108 4.1.9 Alienação ............................................................................................................................ 108 4.2 Análise Ambiental Spot ...................................................................................................... 109 4.2.1 Contexto Histórico .............................................................................................................. 109 4.2.2 Processo de Comunicação .................................................................................................. 110 4.2.3 Construção de Sentido ....................................................................................................... 110 4.2.4 O Rádio Dessintonizado ..................................................................................................... 111 4.2.5 Alienação ............................................................................................................................ 112 4.2.6 Cultura ................................................................................................................................ 112 13 4.2.7 Mito .................................................................................................................................... 113 4.2.8 Ideologia ............................................................................................................................. 113 4.3 Contexto Estratégico, Comercial de Sucesso. ...................................................................... 113 4.3.1 Comercial de YouTube Habib’s -‐ 2017 ............................................................................... 113 4.3.2 Contexto Histórico .............................................................................................................. 114 4.3.3 Processo de Comunicação .................................................................................................. 115 4.3.4 Recursos Argumentativos e Funções de Linguagem .......................................................... 116 4.3.5 Construção de Sentido ....................................................................................................... 116 4.3.6 É arte? ................................................................................................................................ 118 4.3.7 Alienação ............................................................................................................................ 119 4.3.8 Cultura ................................................................................................................................ 119 4.3.9 Mito .................................................................................................................................... 119 4.3.10 Ideologia ........................................................................................................................... 120 4.4 Fanpage ............................................................................................................................. 120 4.4.1 Moda dos “antolhos”? ....................................................................................................... 120 4.4.2 Os Dedos que Falam ........................................................................................................... 121 4.4.3 Curtir ou não curtir, eis a questão ...................................................................................... 123 4.4.4 Convencendo o Convencido ............................................................................................... 124 4.4.5 Faz Sentido ......................................................................................................................... 126 4.4.6 Share of Mind ..................................................................................................................... 127 4.4.7 Ideologia ............................................................................................................................. 128 4.4.8 Mitos .................................................................................................................................. 129 4.4.9 Alienação ............................................................................................................................ 130 4.4.10 Cultura .............................................................................................................................. 130 5. Considerações Finais ................................................................................................... 131 Referências Bibliográficas ............................................................................................... 133 14 1. Introdução Publicidade e propaganda,em sua origem tinham significados divergentes, porém atualmente, ambas compartilham das mesmas funções e conceitos. A publicidade era utilizada como divulgação de produtos, marcas e serviços, já a propaganda divulgava a ideologia das convicções filosóficas, políticas e religiosas. Através de anúncios é possível definir todos os objetivos de uma peça publicitária, sendo assim, a análise das mesmas se torna necessária para o bom prosseguimento do curso. O Projeto Integrado tem como intenção discutir e apresentar a evolução da linguagem publicitaria, a partir da análise de campanhas referentes a cada meio estudado neste primeiro semestre. Dessa forma tomamos como base, dos aspectos a serem analisados, os módulos estudados, sendo eles: Comunicação, mídias e narrativas, Comunicação integrada de marketing 360°, Estudos das mídias. No início do Projeto Integrado nos fora passado como objetivo de semestre encontrar e analisar quatro peças publicitarias relacionadas ao segmento de varejo, assim como associar a linguagem que foi utilizada para cada meio de comunicação. Para o meio impresso, analisamos a peça do Mappin Stores veiculada na Revista da Semana na década de 1910; o spot da Shell, protagonizado pelo Roberto Carlos na década de 1960; o web filme do Habib’s, inspirado na problematização da lei do grafite de João Dória, no ano de 2017; e a fanpage da varejista C&A, atualizada constantemente durante o ano de 2017. No primeiro capítulo do Projeto Integrado, serão analisados todos os fatores que podem influenciar ao se fazer uma peça publicitária, ou seja, serão observados os ambientes em que a varejista está inserida, de acordo com o ano nos quais as peças vieram a ser publicadas. Dessa forma, passaremos a desenvolver o estudo de cinco ambientes, sendo eles: ambiente sociocultural, econômico, tecnológico, competitivo e político-legal. O ambiente econômico terá enfoque no momento em que cada peça foi publicada, através do ponto de vista histórico, e os fatores que afetaram o poder de compra do consumidor brasileiro. 15 No ambiente sociocultural trataremos do assunto: variações no ambiente cultural, ameaça ou oportunidade. O ambiente tecnológico engloba informações sobre os avanços de processos e produtos do ramo de cada peça. As condições tecnológicas influenciam no ambiente competitivo, pois quanto melhor a qualidade do produto maior a procura, e consequentemente, mais vendas. No ambiente político-legal, serão tratadas as leis que influenciaram a criação e produção da peça. As leis podem causar interferências, exigir mudanças ou serem utilizadas como tema, caso do Habib's que será analisado ao decorrer do projeto. Então, temos o ambiente competitivo onde veremos como as empresas se portam em relação a vantagens e desvantagens comparadas ao concorrente. No segundo capitulo teremos como objetivo analisar as estratégias de marketing e compreender como fora feita a organização das peças, dessa forma podendo observar as características da mesma, ou seja, os objetivos, qual será o seu público-alvo e como se dá a estrutura da campanha. Já no terceiro capítulo temos como foco o entendimento do desenvolvimento dos mais importantes meios de comunicação no Brasil, como por exemplo, o início dos comercias veiculados na plataforma virtual. Será ressaltada a opção de exibir comercias na internet para testar sua popularidade e resultados, para então ser veiculada na televisão. O quarto capítulo contém as formas e os usos de linguagem, onde também será mostrado que todo anuncio publicitário tende a compartilhar uma ideologia e cultura. Ainda no desenvolvimento do capitulo, identificam-se os elementos de cada peça de acordo com a teoria dos signos, e assim podendo se observar qual a forma mais apropriada de enviar a mensagem ao público alvo do emissor. Por fim, encontram-se as considerações finais, onde a agência apresenta e descreve como foi toda a experiência de realizar o primeiro Projeto Integrado do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Metodista. 16 1.1 Análise Macroambiental – Lojas Mappin Stores Figura 1: Anúncio Mappin: O dia das janellas Fonte: Imagem extraída de reportagem realizada pelo site Uol, 2013. O Anúncio Impresso da Loja Mappin Stores foi veiculado na revista da semana em 1910. O anúncio faz referência à chegada de um novo produto ao mercado, e utiliza-se do título “O Dia das Janellas”. Para que a mensagem atinja seu objetivo, a rede atrela a peça à imagem feminina em um espaço doméstico associado ao luxo e status. A história da tradicional loja começou em meados de 1774, na Inglaterra, por meio de uma família de comerciantes, os irmãos John e Herbert Mappin. Apesar de um longo histórico, o Mappin chegou ao Brasil na década de 1910 com a criação da primeira loja da rede em São Paulo na Praça Ramos de Azevedo. A marca destaca- se em seu segmento, criando uma identidade moderna e urbana. O Mappin Stores contava com um espaço refinado onde eram vendidos produtos de origem importada, além de serviços como barbearia e salão de chá, que logo se tornou o principal espaço paulistano. A loja herdava o estilo visual francês, tornando-o um ambiente sofisticado e propício ao público elitizado. O Mappin Stores, 17 também, concebeu desfiles de moda e inovou a comunicação por meio de anúncios diários no jornal. Pioneira no mercado varejista, o Mappin era o ponto de encontro da elite paulistana. O Mappin foi a primeira loja do Brasil a antecipar o conceito de Shopping Center. Denominando de “vulgar” a essência do comércio, ou seja, a venda de mercadorias, o Mappin procurava revestir e expandir o ato da compra com práticas que iam além do hábito de “olhar as mercadorias”. O Mappin criava atrações à parte que possibilitavam agregar um público que talvez não se interessasse na compra em si, mas quisesse tomar um chá, um drink ou ver uma exposição de arte. (LOBATO, 2016) 1.1.1 Macroambiente Econômico O começo da década de 1900 foi marcada pelo início da república, período no qual ocorreram grandes mudanças sociais e econômicas no Brasil. Até 1900 a economia brasileira encontrava-se no setor agrícola, e se restringia a prática da agricultura conhecida como monocultura, isto é, o plantio de um único tipo de produto. Este fator modificou-se com a chegada da energia elétrica, em 1883 Pedro II inaugurou o primeiro serviço de iluminação pública na América Do Sul, o que possibilitou o surgimento das primeiras indústrias. As primeiras empresas brasileiras limitavam-se a produção de alimentos, de tecidos, além de velas e sabão. Em suma, tratava-se de produtos sem grandes tecnologias empregadas. As atividades econômicas foram predominantemente dirigidas para a exportação desde o início da colonização no século XIX, a participação da exportação na geração de renda global foi reduzida com a entrada das indústrias, porém manteve-se elevada até 1930. O Brasil era o maior produtor de café do mundo, com a exportação do produto, o país garantiu o acúmulo de capitais para a urbanização de algumas localidades, além de prover inicialmente os capitais necessários ao processo de industrialização do país e criar as condições para o desenvolvimento do sistema bancário. O presidente da república era Campos Sales, eleito em 1898. Em seu comando, o café entra em crise, pois o mesmo adotou uma política econômico- 18 financeira rígida de combate à inflação. Colocada em prática a política, os preços internos do café despencaram criando sérios problemas. O governo federal enfrentou a crise com grandes inflações e uma superprodução de café, por conta do excesso do produto o mesmo ficou com baixo preço mundial. O café era a principal fonte econômica do país, por consequência da crise, o governo recorreu a empréstimos externos fornecido pelos ingleses paracobrir a alta dívida, além de cortar gastos, reduzir despesas com obras públicas e investimentos em indústrias e criar novos impostos. Esses fatos acabaram impactando o bolso do brasileiro negativamente que teve seus salários estagnados. A crise atingiu o Mappin em virtude dos desgastes ocorridos na década, que viu sua clientela de elite reduzir consideravelmente. Para adaptar-se à nova realidade econômica o Mappin inovou introduzindo etiquetas de preços nas vitrines, então atraindo consumidores de camadas baixas, com isso chega outra novidade na loja, o crediário, oferecendo aos clientes a possibilidade de fazer compras a prazo e desta forma o Mappin pode expandir. O anúncio impresso da Mappin Stores, feito em 1910, utiliza-se do contexto econômico para aumentar as vendas. A economia da época está atrelada a crise, portanto as frases “poderão ser elegantemente vestidas, apenas com um pequeno dispêndio” e “as nossas cortinas, além de serem mais modernas e econômicas, são muito duráveis” se referem a igual qualidade dos produtos, porém com um preço acessível. 1.1.2 Macroambiente Sociocultural Durante a primeira metade do século XX, a cidade de São Paulo se consolidou como centro urbano provocando mutações sociais, relevantes não só para o varejo. O Mappin foi destinado ao público da classe A, tornando-se um dos principais centros de compra da elite paulistana até a década de 1950. O Mappin foi uma loja de departamento varejista que vendia diversos produtos de origem importada e nacional entre eles: móveis, eletrodomésticos e roupas. Sua inauguração causou grande comoção no chamado “Triângulo”, que era formado pelas ruas XI de novembro, São Bento e Direita. 19 Em 1914 a conceituada artista brasileira, Anita Malfatti, realizou sua primeira exposição de arte na loja Mappin, influenciando, então, o público frequentador da rede, caracterizados por donas de casa da classe alta e média-alta, além de executivos. Os cartazes do magazine Mappin Stores, comunicavam mudanças quanto ao modelo da confecção, com as cores e tecidos mais usados na época. A loja varejista anunciava as novas tendências, influenciadas por meio da cultura europeia. Tal fator manifestava-se de forma marcante e modificava hábitos culturais brasileiros, principalmente quando relacionados ao modo de se vestir. Era usual o traje masculino ser marcado por jaquetas e casacos com ombreira, já os adornos utilizados pelas mulheres, baseados nas tendências europeias, eram chapéus e luvas delicadas. Percebe-se que no anúncio há algumas palavras que utilizam uma ortografia diferente, como “Janella”, onde há repetição da consoante “l”, tal fato é ocorrido, pois era a ortografia usada na época. Há também a presença de palavras referenciando ao luxo, para assim atrair seu público. A palavra “V.Exa”, é utilizada para se referir a pessoas com grande importância, e “Palacete modelo” associava a riqueza ligada ao público que era a elite paulistana, classe A, visto que Palacetes são lugares grandes e luxuosos assim como as lojas Mappin, com móveis importado da Europa. 1.1.3 Macroambiente Tecnológico No ambiente tecnológico serão analisados os meios de transportes da época, de 1900 a 1910, e como estes tiveram influência sobre o Mappin, além dos materiais utilizados nos produtos da loja. O departamento trazia seus produtos da Europa para o Brasil, portanto o transporte de carga de um país para o outro era feito por navios. Ao desembarcar no porto, os produtos seguiam pela linha ferroviária até a sede do Mappin. O transporte marítimo tem como característica o poder de levar grandes cargas, porém o tempo é sua desvantagem. O longo prazo ocorria principalmente pelo tempo que a mercadoria ficava parada nos portos, que por sua vez, ficam distantes dos centros de distribuição. Para o Mappin, a principal desvantagem deste transporte era a perda de material por conta da instabilidade do mar. 20 O porto de Santos era o destino brasileiro das mercadorias destinadas para São Paulo, após desembarque os produtos eram levados para as ferrovias. O setor ferroviário se desenvolveu no Brasil a partir de 1854, e em São Paulo a partir de 1867. O responsável por esse avanço foi Irineu Evangelista de Souza, conhecido por Barão de Mauá. O principal meio de transporte de 1910, eram os trens para cargas e pessoas e os bondes que circulavam dentro das cidades. Os bondes elétricos em São Paulo começaram a circular em 1900, se fazendo presente em vários locais. O transporte de massa mais sofisticado eram os bondes da Light, os quais atendiam a aristocracia cafeeira. Até 1918, o Brasil importava carros montados, ou seja, não havia indústria para produção de automóveis em alta escala nos anos anteriores. Porém o país tinha algumas exceções de famílias ricas que possuíam seus meios de transporte próprio, o primeiro carro a chegar ao Brasil foi o da família Santos Dumont em 1893. Os meios de transporte foram importantes para o Mappin, pois assim como encaminhavam sua mercadoria, levavam também seus clientes até seu endereço. As evoluções desses meios trouxeram rapidez, melhores condições e conforto para os passageiros, o que colaborou para uma melhor experiência e maior qualidade da chegada dos produtos. O Mappin teve grande destaque no Brasil em vendas sendo referência no setor de moda e varejo. Aderindo produtos nacionais e de origem importada, entre eles, móveis, eletrodomésticos, roupas e artigos de luxo. Os serviços como barbearia e salão de chá tornaram-se os principais espaços paulistano, o famoso Five o’clock tea originado na cultura europeia foi um dos principais investimentos do Mappin. No departamento de moda, havia produtos modernos para o padrão da época, os tecidos utilizados em suas peças eram principalmente os macios como chiffon, musselina de seda e tule. Apesar de o ambiente tecnológico estar conectado ao desenvolvimento das lojas Mappin, como foi comentado no desenvolver da análise, na peça publicitária não são utilizada essas argumentações. 21 1.1.4 Macroambiente Político-legal Em 1898, Campos Sales foi eleito o novo presidente da República. Em 1900, institui a política dos governadores, um sistema político não oficial que consistia na troca de favores políticos entre o presidente da República e os governadores dos estados. O presidente não interferia nas questões estaduais, em troca os governadores davam apoio político ao executivo federal. Na prática, os governadores de estados não se opunham ao governo federal e instruíam os congressistas da mesma base a votarem favoravelmente aos projetos do setor executivo. Nas eleições, os governadores utilizavam todos os recursos a disposição para eleger deputados e senadores que iriam dar apoio e sustentação política ao presidente da República. Os governadores, com apoio dos coronéis que eram os proprietários rurais, usavam o voto de cabresto para comprar votos e assim eleger seus representantes. A função do presidente da República era não interferir nas ações políticas dos estados. Enquanto, o governo federal encobria corrupção e ilegalidades. A política dos governadores terminou após a Revolução de 1930, a qual levou Getúlio Vargas ao poder. A população também teve grande importância no papel político do Brasil, pois o “povo” brasileiro organizou e participou de revoltas contra o governo. No fim de 1904, mais precisamente entre os dias 10 a 16 de novembro, ocorreu a Revolta da Vacina. Nessa década o Rio de Janeiro sofria muito com o saneamento básico, com isso a população mais pobre acabou sendo vítima de várias epidemias, dentro delas a varíola. Para solucionar o problema, o presidente Rodrigues Alves criou a campanha da vacina obrigatória com o intuito de melhorar o saneamento básico da população e designou o dr. Oswaldo Cruz para liderá-la. A população mais pobrenão conhecia os benefícios da vacina e por este motivo optou por não tomá-la. Após a rejeição, a vacina passou a ser aplicada de forma autoritária. Ou seja, a vacina era aplicada de forma agressiva e contra vontade da população, o que ocasionou vários casos de violência. Impulsionada pela crise econômica, a população se revolta e as manifestações começam, lojas e prédios são depredados, bondes são virados e danificados. O governo dirigiu policiais e militares para as ruas com o intuito de acabarem com as manifestações, após 30 mortes, 100 pessoas feridas e muitas presas, no dia 16 de novembro, a 22 manifestação chega ao fim. A vacina volta a ser aplicada, sem o uso da violência, e em poucos dias os casos de varíola diminuíram no Rio de Janeiro. Após analisar os dados sobre o ambiente político vivenciado em 1910, pode- se concluir que nenhum fato apresentado se encontra presente no anúncio da Mappin. As leis, os atos do governo e ações da população não atingiram a loja do segmento de varejo, portanto não se utilizou deste argumento para a formulação da peça. 1.1.5 Macroambiente Competitivo O Mappin marcou história como estabelecimento comercial na grande São Paulo, acompanhando a evolução da região e marcando gerações. Em 1910, o Mappin era o único departamento varejista reconhecido pela sociedade paulistana, pois não existia concorrência direta na época. A rede fornecia opções abrangentes, com diversidade em suas mercadorias, atendendo as necessidades do consumidor. Dessa forma o Mappin destacava-se ao ser comparado com outros departamentos de segmento semelhante. A loja Mappin foi a primeira loja a possuir uma identidade elaborada, onde havia um processo de comunicação planejado para atingir os consumidores, sendo também a primeira a possuir vitrines de vidro, dando sofisticação e modernidade, o que influenciou a mudança das fachadas de muitas lojas da época. No ano em que a peça foi publicada, o Mappin era o único departamento que comercializava para a classe alta. A Casas Pernambucanas e a Casa Alemã vendiam alguns produtos do mesmo segmento do Mappin, porém para classes sociais mais baixas. Portanto os públicos alvos das mesmas divergiam, por consequência a rede Mappin pode ampliar e se tornar reconhecida no mercado. Em 1924, é aberta a loja Mesbla, no Rio de Janeiro. Assim como a Mappin, a loja destacava-se por vender produtos importados para a classe alta, entre eles: máquinas, equipamentos e automóveis. Diante dessa análise pode-se observar que não há no anúncio publicitário nada que vá de impacto em relação aos concorrentes da rede Mappin, visto que o objetivo da peça é informar sobre as cortinas modernas e elegantes disponíveis na rede. Os maiores concorrentes da marca só chegaram ao Brasil a partir da década de 20. 23 1.2 Análise Macroambiental – Posto Shell Roberto Carlos - “Passei num posto Shell e botei gasosa com ICA, minha caranga está uma brasa, mora?” Locutor - “O Roberto Carlos tá por dentro pessoal, só nos postos Shell você encontra gasolina com ICA, o aditivo que não lhe custa 1 centavo a mais.” Roberto Carlos - “Isso é ou não é algo mais? Você pode confiar na Shell, mora?” 1.2.1 Macroambiente Econômico Antecedendo a década de 1960, o Brasil contou com a governabilidade de Juscelino Kubitschek, que implantou o Plano de Metas, já que o país estava vivendo um período de hiperinflação. Segundo Caputo e De Melo (2009), o plano tinha como principal objetivo promover o crescimento do setor de produtos e bens de consumo duráveis. Essa implementação gerou bons resultados para o crescimento e visibilidade do país no comércio exterior, mas em relação à economia, os maus resultados começaram a vir à tona, como consequência do acúmulo de dívidas externas, adquiridas para o investimento na modernização e urbanização do Brasil, o que possibilitou o início o Golpe de Estado em 1964, presidido por Castelo Branco. Com o golpe implantado, medidas para conter a queda na economia foram criados. Os Ministros de Planejamento e Fazenda, criaram o PAEG (Plano de Ação Integrada do Governo). Segundo Bellingieri, “o governo acreditava que a causa da inflação era o excesso da demanda na economia, que fazia com que os preços dos bens e serviços aumentassem. E para combater a inflação, foram reduzidos gastos internos do governo, além da restrição de créditos e da redução do salário mínimo nacional”. Em meados de 1967, Castelo Branco sai do poder e o Brasil passa a ser governado pelo general Costa e Silva. Nesse período, a economia consegue reestruturar através de novas estratégias econômicas impostas pelo então Ministro da Fazenda, Delfim Netto, que mudou a questão dos limites de crédito ao consumidor geral e empresas, que no governo anterior era mais restrito, também investiu em infraestrutura no setor público. Esse período, entre 1967 a 1973, ficou conhecido como “Milagre Econômico Brasileiro”, onde o país evolui nas atividades industriais, principalmente quanto o consumo de bens duráveis. 24 No spot trabalhado, a Shell relata uma vantagem da gasolina comercializada em seus postos, sem haver modificação quanto a precificação, tal fato é perceptível com a frase: “...Só nos postos Shell você encontra gasolina ICA, o aditivo que não lhe custa 1 centavo a mais”. O ambiente econômico não influencia no decorrer do discurso do spot. 1.2.2 Macroambiente Sociocultural A década de 60 representou a realização de projetos culturais e ideológicos lançados na década de 50. O Golpe Militar, iniciou-se em março de 1964, onde a atividade militar foi apoiada por uma coligação formada por empresários, latifundiários e empresas de capital estrangeiro notadamente ligadas ao setor automobilístico. A Igreja Católica também teve papel fundamental no apoio ao golpe, por ser contra as diretrizes comunistas, e fez com que a sociedade mudasse todos os seus valores culturais e ideológicos, marcando-o com grande repressão e consequentemente surgindo os movimentos sociais, interligados ao mundo artístico como uma maneira de expressão. Alguns movimentos surgiram no começo da década tais como o Hippie, que tinha como influência os Estados Unidos, trazendo a linguagem do “paz e amor”. Na década de 1960, o movimento hippie apareceu disposto a oferecer uma visão de mundo inovadora e distante dos vigentes ditames da sociedade capitalista. Em sua maioria jovens, os hippies abandonavam suas famílias e o conforto de seu lar para se entregarem a uma vida regada por sons, drogas alucinógenas e a busca por outros padrões de comportamento. (SOUSA, Porta História do Mundo, acesso em 20 de maio de 2017). No mesmo período, o Movimento Feminista incorporou questões que necessitam melhoramento até os dias de hoje, que segundo o site Politize (2016) entre elas estão “o acesso a métodos contraceptivos, saúde preventiva, igualdade entre homens e mulheres, proteção à mulher contra a violência doméstica, equiparação salarial, apoio em casos de assédio, entre tantos outros temas pertinentes à condição da mulher”. Outro grande movimento da época foi o Tropicalismo, que ocorreu primeiramente no Festival de Música Popular, em 1967, trazendo músicas de protesto com mensagens subliminares, com tom de deboche nas canções. Em 1968, os militares implantaram o Ato Institucional nº5 (AI-5), que censurava e repreendia 25 qualquer ato de protesto por meio de música e arte em geral, fez com que muitos artistas e intelectuais deixassem o país ou então, fossem presos ou torturados. O Tropicalismo também foi criticado por não utilizar a música como meio de combate político, já que os artistas do movimento queriam mostrar que somente a inovação estética musical podia ser considerada como uma revolução. O uso da guitarra elétrica nos arranjos também foi um motivo de críticas, porque os músicos nacionalistasviam a influência da cultura norte americana e isso poderia atrapalhar o desenvolvimento da música popular brasileira. O blog Movimentos Culturais (2009) define que “o movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968.” Durante esse período, também, veio à tona a Jovem Guarda, que de um simples programa musical transmitido na TV Record, passa a ser um movimento contrário a Bossa Nova, não se manifestando contra a ditadura militar. A Jovem Guarda, estrelada por grandes nomes como Roberto Carlos e Erasmo Carlos, utilizaram a guitarra elétrica nos seus arranjos e assim, ganham o afeto do público com o rock’n roll. Roberto Carlos, pertencente à Jovem Guarda, era um músico admirado pelo público, considerado um “referencial”, tornando-se assim influente em sua época. Por não ter um posicionamento contrário ao Governo Militar, tinha liberdade de emitir suas opiniões ao público e assim, conquistando a confiabilidade do governo. Nos anos de chumbo, ele foi condecorado com a Medalha do Pacificador, ocupou cargos em conselhos do governo, livrou-se da censura com a ajuda do ministro da Justiça e foi contratado pelo Exército para atuar em inúmeros shows em homenagem à Revolução. (BORTOLOTTI, 2014) No spot analisado, Roberto Carlos usa a total influência em seu discurso, uma vez que suas ações tinham repercussão aos olhos dos receptores e target da marca Shell. O spot permite associar o produto, gasolina, com o público que a utilizava, como o Roberto Carlos, atribuindo, desta forma um valor à marca. Os jovens também traziam na cultura da época modos de comportamento e gírias específicas. Podemos notar que na fala do personagem do spot, estão presentes os termos: caranga, brasa e mora. Elas recebem o significado juntamente 26 com o contexto da época. O termo “caranga”, para a época, trata-se de um carro; Já o “brasa” é empregado com o sentido de algo incrível e “mora”, tem como sinônimo o entendimento. As gírias, que são destacados anteriormente, aparecem na frase: “Passei num posto Shell e botei gasosa com ICA, minha caranga está uma brasa, mora?”. 1.2.3 Macroambiente Tecnológico A década de 60 foi marcada pela implantação de novas tecnologias, tais como o desenvolvimento de computadores com disco rígido e microchips pela IBM. Em 1960, os Estados Unidos lançaram o primeiro satélite meteorológico e no ano seguinte, Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem a entrar no espaço sideral. Já no Brasil, em 1960 surge o primeiro telefone em um veículo automobilístico, sendo uma adaptação dos rádios transmissores e em 1963, segundo Sodré (2015), “o lançamento do rádio Becker Monte Carlo revolucionou o segmento, já que o transistor reduzia o tamanho dos aparelhos e ampliava a vida útil”. No mesmo período ocorreu a modernização do Sistema Brasileiro de Telecomunicações, sendo criado o Ministério das Comunicações. O programa mais importante do ministério foi a criação da Embratel, que segundo a Telecom, “é uma empresa à qual foi atribuída a instalação de um sistema de comunicações interurbanas da alta capacidade, cobrindo todo o território nacional”. A valorização e ápice dos automóveis aconteciam no mercado mundial. No Brasil, com o fim da Segunda Guerra e a influência do “American way of life” fez com que o crescimento da procura por carros aumentasse, deixando o mercado aberto para as indústrias americanas e europeias. A produção nacional aconteceu após a restrição de Getúlio Vargas em relação a importação dos veículos, fazendo com que a tecnologia de fabricação fosse imposta no Brasil para a produção nacional. Assim, em 1960, o Brasil contava com 19 modelos de veículos nacionais contra 96 modelos importados. A Europa e os Estados Unidos, nesta época, estavam renovando seus parques industriais, portanto, as empresas brasileiras fabricavam carros defasados tecnologicamente, todavia, contavam com consumidores ávidos pelos seus produtos devido ao embargo alfandegário. (PUC-RIO, 2007) 27 Com todo esse crescimento, a indústria de combustíveis, em prioridade a Shell que se tornava líder de mercado, trabalhou na criação de novas tecnologias para um bom desempenho dos veículos, entre elas a gasolina ICA (Ignition Control Aditive), um aditivo que se destinava a reduzir o fenômeno da pré-ignição e tinha como proposta uma melhor potência do motor. 1.2.4 Macroambiente Político-legal A década de 1960 inicia-se em crise, com o começo da Guerra Fria, conflito gerado pelas grandes potências mundiais como Estados Unidos e Rússia, fez com que a América Latina constituísse um campo particular dessa rivalidade. Em agosto de 1961, o presidente Jânio Quadros renuncia seu posto, dando lugar a João Goulart, que assumiu o posto em meio de uma crise institucional entre parlamentares e militares, fazendo com que o governo deixasse de ser presidencialista e se tornasse parlamentarista. A relação do Brasil junto à Guerra Fria aconteceu dentro dos fundamentos e princípios formulados pelo ex-presidente Jânio Quadros, o PEI (Política Externa Independente), que segundo Rapoport e Laufer “aspirava melhorar a inserção brasileira no cenário político e econômico internacional mediante a promoção da paz mundial, a coexistência pacífica entre as superpotências e o desarmamento, assim como a defesa dos princípios de autodeterminação e não intervenção”. A PEI era representada pelo Chanceler San Tiago Dantas, que estreitava as relações com ambos os lados para aumentar o poder de mercado externo para os produtos brasileiros, e com isso, havia a sustentação das estruturas econômicas internacionais e a ideia da defesa do desenvolvimento das nações periféricas. A ação dos Estados Unidos e Brasil, foi perdendo força a partir de 1962, quando o governo americano interviu nas eleições parlamentares brasileiras, focada em tirar Goulart do poder e acabar com a democratização, já que o atual presidente estava afetando os interesses norte-americanos. Em 1964, ocorreu o Golpe Militar, depondo João Goulart. Os militares tomam o poder e utilizam os meios comunicacionais para esclarecer o motivo pelo qual o Golpe fora necessário ao país. Muitos acreditam que o golpe militar aconteceu por uma luta de classes, onde os burgueses e capitalistas apoiavam o ato para ter uma representação. Outro fator que também fez com que a ditadura se estabelecesse foi 28 a crise econômica, que estava prejudicando os bens da elite brasileira e os negócios no âmbito internacional. O ambiente político da época influencia a economia e a sociedade em muitos aspectos, modificando seus valores e condutas. O Golpe Militar, restringe a maneira como atingir os receptores em meio a restrições políticas. Segundo Trevisan, foi um o período marcado por um acirramento das disputas ideológicas, onde o conflito não se localizou apenas no meio social, mas também no campo das paixões e das ideologias políticas. O spot trabalhado não apresenta nenhum aspecto político, porém podemos destacar a participação do cantor, Roberto Carlos, no qual não se opunha aos valores e restrições do governo, suas músicas eram pacíficas quando relacionadas ao ambiente político, o que gerava confiabilidade ao governo, no qual incentivava o público com as músicas da Jovem Guarda, uma vez que não havia a necessidade da censura. 1.2.5 Macroambiente Competitivo As marcas buscam diferenciar-se e destacar-se ganhando um espaço diferenciado na mente do consumidor, fator que influenciará no momento da compra. Como empresas concorrentes, na época em que o spot foi veiculado, os principais eram posto Esso, Petrobras e Texaco. A Petrobrás foi criada durante o governo de Getúlio Vargas, em 1953, tendo como principal objetivo exercer o monopólio estatal do petróleo no Brasil,com características de capital aberto e sociedade mista. A marca Esso foi fundada nos Estados Unidos em 1911, por John D. Rockefeller e destacava-se no segmento petrolífero com a gasolina e o querosene, marcando sua trajetória no Brasil com iniciativas pioneiras, como as primeiras instalações de bombas de rua e a primeira construção do caminhão-tanque. A marca Esso tinha como ponto forte a relação com programas de rádio, tais como o Repórter Esso exibido na TV Tupi, o qual fazia com que a marca tivesse maior visibilidade do que as demais concorrentes. A Texaco, trabalhava óleos lubrificantes e gasolinas especiais, ganhando a atenção dos consumidores com slogans que ressaltavam a qualidade de seus produtos, fazendo que em 1958 fosse líder no fornecimento de combustível para aeronaves. De acordo com o site da marca, “se tornou a primeira empresa a instalar tanques, bombas e equipamentos de lubrificação nas montadoras instaladas no 29 Brasil”. No caso da Shell, diferencia-se ao apresentar a vantagem quanto a gasolina com ICA, sem aumentos adicionais no preço final, utiliza-se da frase: “...Só nos postos Shell você encontra gasolina com ICA, o aditivo que não lhe custa 1 centavo a mais.” para que a informação seja transmitida ao receptores, que levará tais condições no momento de decisão da compra do produto, no caso, gasolina. 1.3 Análise Macroambiental – Habib’s Figura 2: Storyboard Habib’s Fonte: Imagens extraídas do canal Publicis Brasil no Youtube, 2017 30 A peça publicitária da rede Habib’s, feito pela agência Publicis Brasil, com trinta e seis segundos (36’’) disponibilizado em formato de web filme tem como objetivo primordial anunciar a promoção de kibes e pastéis, com o seguinte texto “Promoção Peça 2 e leve 3 kibe ou pastel”. A ideia foi veiculada com a oportuna polêmica do grafite, ação iniciada por João Dória Júnior, prefeito de São Paulo eleito em 2016. Sua proposta era pintar, ou seja, apagar os grafites de diversos pontos da cidade, deixando-a sem poluições visuais, causando revoltas entre os grafiteiros e trazendo à tona a discussão sobre o caso entre os cidadãos. A marca varejista Habib’s soube aproveitar a oportunidade com o web filme veiculado na internet como resposta às ações políticas, referenciando que assim como as grafites a sua ação promocional estaria disponível por um curto período. O protagonista da campanha é um grafiteiro, que no decorrer da noite faz um apelo artístico com a seguinte frase “Mais pastel e kibe por favor!”, uma paráfrase do termo “Mais amor por favor!”. Com a chegada da ação proposta pela prefeitura, o grafite é apagado por um funcionário público. 1.3.1 Macroambiente Econômico O anúncio trabalhado “Habib’s grafite” ocorre em meio à crise econômica no qual tem afligido os brasileiros, e consequentemente influenciado suas prioridades quanto aos hábitos de consumo, tornando importante a compreensão da situação econômica no qual ele foi constituído. O Brasil enfrenta uma era de desemprego. Pesquisas apontam que em 2016 dois milhões de pessoas tornaram-se desempregadas, contribuindo para o número do desemprego, atingindo 12 milhões de brasileiros. Segundo o Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a previsão para 2017, é que o percentual de desempregados seja de até 13% da população. A crise econômica iniciou-se nos Estados Unidos em 2007 adquirindo nível internacional em 2008. A mesma atingiu diversos países, incluindo o Brasil, o qual sofreu grandes impactos econômicos que consequentemente atingiram a sociedade. Contrariando, assim, a visão dos políticos brasileiros, que se referiram a crise como algo irrelevante à economia brasileira, acreditando que a mesma não afetaria o país. 31 Conclusão feita após o relato do ex-presidente Luiz Inácio Lula: “A crise é um tsunami, nos Estados Unidos e, se chegar ao Brasil, será ‘marolinha’”. A ascensão da “grande depressão” deu-se com a desvalorização do mercado imobiliário norte americano o que culminou na falência de instituições bancárias, como a “Lehman Brothers”, considerada a 4° maior instituição do país. Este fato ocorreu, pois as mesmas permitiram alto investimento e disponibilizaram crédito aos clientes com mal histórico de pagamento, levando a desvalorização imobiliária com baixas taxas de juros, possibilitando o surgimento de ofertas hipotecárias. Davi Silber, professor do departamento de economia da USP (Universidade de São Paulo), em uma matéria feita pelo Estadão, diz: “A expansão do crédito financiou a bolha imobiliária, já que a grande procura elevou o preço dos imóveis”; assim, conclui-se que após um grande investimento bancário, em relação à disponibilização de créditos aos clientes, o mercado imobiliário teve grande procura, porém subsequente à situação, as taxas de juros aumentaram, o que levou a desvalorização dos imóveis. A resultante dos fatores decorrentes foi a inadimplência, onde as pessoas não viam sentido em continuar investindo em hipotecas, no momento de desvalorização. A crise iniciada nos Estados Unidos, superpotência mundial, alastrou-se pelos continentes, atingindo países desenvolvidos e subdesenvolvidos. O professor Paulo Levy, afirma que a crise acarretou fortes impactos ao Brasil. O Brasil exportava grande quantidade de matérias primas aos Estados Unidos, com a ascensão da crise, em 2008, o país desenvolvido altera suas exportações, visando estabilizar a economia. Tal acontecimento atingiu diretamente o Brasil e a população brasileira, a qual arcou com o aumento da precificação dos produtos. A era de desemprego firmou-se nas multinacionais, que precisavam suprir seus gastos. A matriz estava instável economicamente, as empresas, visando ainda obter lucro em meio à crise, praticaram o “corte” de gastos, os quais refletiram à menor demanda de funcionários nas empresas multinacionais, coexistindo, desta forma, a era do desemprego no Brasil. No período da crise, indústrias brasileiras tiveram seus meios produtivos 32 prejudicados devido à queda de investimento, como diz Levy: “A produção industrial foi o setor que mais sofreu naquele momento. Com a crise, a produção caiu em 20% em apenas três meses, e os investimentos diminuíram muito” É importante destacar a estagnação da economia, como revela o PIB, produto interno bruto, indicador de crescimento econômico; em 2016, houve uma queda de 0,3% no PIB do país, o que irá piorar de acordo as expectativas para 2017. Com a crise econômica o brasileiro redefiniu seus hábitos de consumo conforme a renda mensal disponível, readaptando-se ao novo cenário. A CNI, Confederação Nacional da Indústria, afirma: “O aprofundamento da crise econômica levou a mudanças nos hábitos de consumo e a perda do padrão de vida de parte significativa da população brasileira”. Pelo levantamento realizado pela CNI, 24% das pessoas entrevistadas tiveram que vender bens para pagar dívidas e 19% mudaram de suas moradias para reduzir o custo com a habitação. A crise econômica influenciou cerca de 80% dos consumidores, que passaram a trocar produtos por similares com menor precificação, esperar para comprar bens de maior valor, e a poupar seus recursos para o caso de maior necessidade. Muitas empresas perceberam esta modificação econômica, como a rede Habib’s, e tornaram-na uma nova oportunidade para o crescimento. Por meio de anúncios publicitários, onde contém a precificação, permite-se a analogia com as marcas correntes em relação ao custo-benefício, e a maior veiculação de ações promocionais. É o caso do Web Filme trabalhado “Habib’s Grafite”. A Rede Habib’s tem em sua temática a política do preço baixo, buscando atingir o público popular, sem que o produto torne-se popularesco. Tal discurso faz- se presente em suas ações publicitárias, onde são apresentadas ações promocionais,juntamente com precificação, mostrando as vantagens ao consumidor que optando pela rede em suas refeições ou em suas “paradas” diárias terão produtos com preços acessíveis. No comercial analisado há a presença do ambiente econômico ao apresentar a ação promocional. Subjetivamente entende-se que o Habib’s aproveita da situação financeira dos consumidores brasileiros, com a proposta promocional apresentada, 33 utilizando o seguinte texto: “Promoção peça 2 e leve 3 kibe ou pastel”. Ao citar a promoção a rede desperta a atenção do público que não pretende ou tem indisponibilidade de gastar altos valores com o segmento alimentício. 1.3.2 Macroambiente Sociocultural Os indivíduos moldam-se através dos meios à que pertencem, modificando desta forma a maneira como vê, interage, consome e comunica-se. O meio é responsável por idealizar um “molde” padrão, alterando, assim, a personalidade individual de diversos grupos. O hábito de consumo e a decisão de compra, são fatores que estão relacionados ao macroambiente sociocultural, logo a forma como compramos atribui- nos valores sociais, “status”, e gera uma imagem pessoal, idealizada antecipadamente, para aqueles que convivemos. A sociedade em que estamos inseridos situa-se em uma fase de mudanças sociais e culturais, onde a população manifesta seus direitos e opiniões, incentivando ou não ações políticas e econômicas, levando-nos à uma nova era, onde a sociedade tem poder de atuação em diversas segmentos, tendo voz como um consumidor e produtor, alterando o ciclo produtivo e trazendo à ele uma definição do movimento colaborativo. Os avanços tecnológicos consolidados no século XXI, trazem novos conceitos à comunicação, modificando a concepção da população e alterando seus os hábitos culturais. Com o advento da internet, o processo de comunicação tornou-se ágil e crucial no cotidiano popular, pois o mesmo permite que a socialização seja efetuada de maneira que há tempos atrás não era tangível. A internet possibilita que as marcas aproximem-se dos consumidores e estabeleçam estratégia para atingi-los, deixando sua imagem sempre evidente no subconsciente. Os avanços tecnológicos deram vozes aos consumidores nos quais estão revestidos de informações, o que muda o conceito do consumo inconsciente. No século XXI, há muitos fatores nos quais modificaram os hábitos socioculturais, entre eles pode-se destacar a ascensão da mulher no mercado de trabalho, iniciado no século passado e consolidado neste século, no qual deixou de exercer funções domésticas e evidenciou-se em diversas segmentos mercadológicos além de possuir maior decisão de compra dentro de casa, pode-se 34 dizer que mulher tornou-se “influenciadora”. A diversidade cultural existente no Brasil, nos permite ter visões diferentes de um determinado assunto. A cultura está interligada com a personalidade de cada indivíduo, a qual se modifica com o decorrer do tempo. Cada sociedade apresenta diferentes hábitos culturais, o que possibilita a diferenciação entre as nações. Há pouco tempo o Brasil enfrentou discussões em relação à arte, no qual deu vazão para a rede Habib’s publicar um anúncio de oportunidade que atrelava o assunto polêmico debatido pela população paulista; “O que é arte?” João Dória, eleito em 2016, como prefeito da cidade de São Paulo, em uma de suas ações, ordenou que fossem apagados os grafites feitos em muros públicos de específicas localidades paulistas. Tal ação gerou polêmica social, acompanhada pelo questionamento em relação a definição do conceito “arte” e suas abrangências, provocando controvérsias entre a população, no qual discutia os termos abertamente, julgando-o juntamente com os seus valores ideológicos e culturais. As opiniões e visões de um determinado indivíduo modifica conforme seus valores ideológicos e culturais, a forma como nos socializamos e nos comunicamos está interligada à cultura. A resposta para a pergunta “O que é arte?” consequência da ação política, está relacionada com os conceitos individuais de cada indivíduo, não há uma “resposta”, apenas diferentes pensamentos, influenciados pelos hábitos culturais. O anúncio publicado pela Rede Habib’s, traz em seu discurso a ação do prefeito Dória, representada por um rapaz “grafitando” a parede de São Paulo, parafraseando o famoso termo estabelecido entre o público jovem: “Mais amor por favor!” para “Mais kibe e pastel por favor!”. A frase “Mais amor por favor!” está relacionada à um movimento social iniciado em 2009 por Ygor Marotta, um jovem de 28 anos que espalhou a frase por muros da cidade paulistana em busca de relembrar o que era mais importante em meio a rotina e um dia conturbado. “Os grandes centros urbanos vivem em uma velocidade diferente, o caos predomina. As pessoas vão se esquecendo do mais fundamental para vivermos em comunidade, o amor” segundo Marotta. Dos muros às redes sociais a intervenção ganhou forças nas mídias sociais e 35 tornou-se assim uma frase usual, principalmente pelo público jovem. Marcas têm usado a frase como estratégia de marketing em busca de relacionar a imagem da marca com o “amor” e logo prender a atenção do público jovem, tal ação pode ser observada no web filme da rede Habib’s, no qual trouxe a frase relacionada à um movimento social do século XXI ao anúncio exibido. A proposta do anúncio transmite valores culturais, sobre a definição de arte, onde os grafites podem ser vistos de maneira artística ou associada ao vandalismo, porém tal julgamento cabe ao indivíduo, no qual busca em suas particularidades ideológicas e valores culturais a formação de uma opinião para um determinado assunto que tem gerado tantas controvérsias. Conclui-se então que o ambiente sociocultural, está relacionada ao web filme, no momento em que o anúncio utiliza-se de uma polêmica, onde há diversas opiniões influenciada pelo meio e valores que cada indivíduo possui, para divulgar a promoção da rede Habib’s. 1.2.3 Macroambiente Tecnológico “Em cem anos, as crianças vão estudar a revolução digital e social da mesma maneira que nós estudamos a Revolução Industrial” (JONES, 2012) O século XXI é marcado pelas inovações tecnológicas, que não se limita apenas em um segmento, esse está presente em diversas menções do sistema mercadológico, no qual reflete diretamente em nosso cotidiano de maneira positiva. Entre diversos segmentos pode-se destacar a inovação no ramo comunicacional, que modificou a maneira como interagimos e nos relacionamos. Os meios comunicacionais evoluíram e aprimoraram-se dando novos conceitos à modernidade. A agilidade informacional tornou-se algo cada vez mais consolidado em nossa sociedade e permite que a população esteja sempre informada e a atualizada das ações ocorrentes no mundo. Antigamente os meios de comunicação limitavam-se a mecanismos trabalhosos que tangenciavam poucas pessoas, como os jornais e revistas. Hoje há meios comunicacionais que apresentam maior facilidade de produção e agilidade em relação à informação e muitos deles estabelecem-se em plataformas tecnológicas e digitais, como a rádio, televisão e a internet. 36 Estudos e pesquisas, erros e acertos, um surgimento não esperado do século XIX que foi aprimorado e consolidou-se no século XXI, redefiniu conceitos comunicacionais e hoje faz parte da rotina da sociedade e não se restringe à momentos e locais. A internet é plataforma para inovações posteriores a ela efetuadas no século XXI. “Este é o futuro dos negócios. É um novo negócio e faremos com todas as empresas o que a novas mídias sociais fizeram com o mundo” (JONES, p. 145, 2012). Com o advento da internet a sociedade manifesta-se facilmente expondo suas opiniões, dando visibilidade a assuntos que anteriormente eram omitidos pela mídia. O processo comunicacional entre marcas e consumidores trouxeramum novo conceito de consumo, onde o consumidor pode optar por uma marca responsável e consciente em seus atos e as marcas buscam atender os desejos dos consumidores e mutuamente utilizar a responsabilidade social como estratégia de marketing, a fim de obter lucro. A cada ano, pesquisadores aprimoram a tecnologia oferecida. A internet estimulou avanços na plataforma digital, ela tornou possível o funcionamento de programas e aplicativos que por meio dela sustentam sua base, sendo possível o aprimoramento do processo comunicacional. Programas e sites, atrelados a internet, são considerados grandes adventos do século XXI, pois possibilitam a interação direta, entretendo indivíduos e encurtando a distância. Entre eles, pode-se destacar os mais utilizados no cotidiano popular, responsáveis por tangenciar a relação das marcas entre os consumidores, como: o “Facebook”, rede social criada em 2004 por Mark Zuckerberg, atingindo seu ápice apenas em 2012; o Youtube, criado em 2005, com a funcionalidade de enviar e compartilhar vídeos; e o Skype, criado em 2003, este transformou a forma como as pessoas comunicam-se de maneira gratuita e “ao vivo”. O sistema de telefonia móvel, considerada uma invenção tecnológica por permitir a comunicação em todos os locais, também têm grande importância no desenvolvimento de anúncios virtuais. A primeira geração de telefonia móvel, 1G, permitia com que a sociedade usasse o celular apenas para falar, diferente dos dias atuais, no qual o princípio houve grandes modificações. A segunda geração de telefonia móvel, 2G, inserida em 1990, tornava possível o envio de SMS, a 37 integração de outros serviços, que antigamente eram independentes. A terceira geração de telefonia móvel, 3g, considerada revolucionária ao comparar com suas antecessoras, transformou a maneira como o mundo se conecta, disponibilizando a transmissão de dados a longa distância e a altas velocidades, até 10 Mbps, tornando possível o acesso à internet por notebooks e desktops. Algo considerado superior ao 3G, e mais moderno, é a quarta geração de telefonia móvel, 4g, esse dispõe uma velocidade de 100Mbps, em alta mobilidade, e 1 Gbps, em curto alcance da antena, o 4G pode ser considerado de 4 à 100 vezes mais rápido ao comparado com o 3G. O anúncio trabalhado da Rede Habib’s, veiculado na internet em janeiro de 2017, utilizou-se da tecnologia para sua veiculação e propagação, atingindo os seus consumidores. Porém em nenhum momento do anúncio, há a utilização da tecnologia, sendo assim o web filme trabalhado não apresenta o macroambiente tecnológico. 1.2.4 Macroambiente Político-legal No decorrer de 2015 e 2016, o Brasil enfrentou grandes conturbações no ambiente político dirigido pela presidente Dilma Rousseff, eleita nas eleições de 2010, e reeleita em 2014, garantindo o seu segundo mandato em janeiro de 2015 com término em agosto de 2016 por impeachment. Durante seus 64 meses de governo, Dilma viveu grandes altos e baixos, dos índices de popularidade aos indicadores econômicos. Do Brasil Sem Miséria ao impeachment, passando pela Comissão Nacional da Verdade, pelo Código Florestal e pelo Marco Civil da Internet, relembre o governo da agora ex-presidente da República em 20 fatos. (POLATO, ALVES, SAMPAIO, Portal G1, 2016) Entre muitos incentivos efetuados no decorrer do governo da presidente Dilma, destaca-se o programa “Brasil sem miséria”, lançado no início do seu primeiro mandato, que tinha o objetivo de tirar 16,2 milhões de pessoas da pobreza extrema. Diminuir as taxas de pobreza foi a principal meta do governo Dilma, além de incentivar antigos programas iniciados pelo presidente antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, como o “Bolsa Família” e “Minha casa, minha vida”. Em 2013 Dilma lançou o programa “Mais Médicos”, que incentiva médicos brasileiros e estrangeiros a trabalhar em áreas carentes das periferias das grandes cidades e no interior do país. A iniciativa estimulou a chegada de médicos estrangeiros, principalmente cubanos, que enfrentaram protestos e xingamentos, 38 porém após alguns meses a população, incluindo os médicos já estabelecidos no Brasil, aceitaram a iniciativa. No decorrer do mandato da presidente Dilma Rousseff, houveram polêmicas, as quais geraram descontentamento, manifestações e investigações. Em 2013 houve o aumento do preço do transporte público, o que desencadeou a maior onda de protestos da história, como respostas às manifestações a presidente anunciou cinco compromissos conforme os pedidos, sendo esses: responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte e educação, porém dos compromissos estabelecidos, apenas o relacionado à saúde foi cumprido, com o programa “Mais médicos”. Entre manifestações e investigações, foi descoberta a corrupção atrelada ao desvio monetário das ações da Petrobras, empresa estatal de economia mista, atuante no segmento de energia, petróleo e gás natural. As ações investigativas receberam o nome de “Lava Jato”, e pode-se destacar o Sérgio Moro, importante juiz que faz parte das investigações e possibilita o desenvolvimento da operação. Nesse período houveram protestos pró e contra o governo da presidente Dilma Rousseff, cerca de 3,6 milhões de pessoas participaram de ações apoiando o impeachment segundo dados da polícia militar. A situação econômica decorrente no mandato da presidente Dilma foi crítica e influenciou a população brasileira. Em 2015 o PIB, recuou 3,8%, o desemprego teve alta por 16 meses consecutivos, somando cerca de 11 milhões de desempregados. As “pedaladas fiscais” é o nome dado às práticas do tesoureiro Nacional ao atrasar de forma proposital o repasse de dinheiro para bancos, públicos ou privados, objetivando melhorar artificialmente as contas federais. O ambiente político do Brasil, no decorrer dos últimos anos, manteve-se em evidência. O anúncio da Rede Habib’s veiculado na internet em janeiro de 2017, utiliza-se do contexto político para propagar seu discurso. Tal contexto utilizado no anúncio trabalhado não está atrelado diretamente às ações efetuadas nos mandatos da presidente Dilma Rousseff, apenas em álibi econômico, e sim ao prefeito da cidade de São Paulo, João Dória. Em janeiro de 2017, João Dória, prefeito da Cidade de São Paulo apagou os grafites de determinados pontos do Estado, gerando polêmica e controvérsias entre 39 os paulistas. O Habib’s, juntamente com a agência Publicis Brasil, utilizou-se do contexto para anunciar a promoção da rede, onde um jovem grafita a frase “Mais kibe e pastel por favor”, logo após o revela “Promoção Peça 2 e leve 3 kibe ou pastel”, e no final um funcionário público apaga o grafite, e a rede anuncia “Mas corra antes que acabe”. Apesar da proposta da rede Habib’s não estar atrelada de maneira direta às ocorrências do governo da presidente Dilma Rousseff, a mesma é influenciada pelo contexto do governo de João Dória, prefeito do estado em que o anúncio foi veiculado, pois este lançou a lei em que a campanha foi baseada. 1.2.5 Macroambiente Competitivo “Todas as empresas lutam para estabelecer uma marca sólida - ou seja, uma imagem de marca forte e favorável” (KOTLER, 2000, p.33) A globalização traz uma nova temática ao mercado, consequentemente maior necessidade de aprimoração. Conquistar a mente do consumidor tem se tornado algo exclusivo, trabalhoso e requer o uso das ferramentas do marketing para que a marca esteja sempre em evidência. . O Habib’s apresenta como concorrentes diretos o McDonald’s, maior rede de fast-food de hambúrguer, fundada em 1937 pelos irmãos McDonald nos Estados Unidos, Califórnia, transformando-se em uma potência capitalista mundial; a rede de fast-food Burger King, inaugurado em 1953 por Mattew Burns, juntamente com Keith J. Kramer, acreditavam em oferecer refeições rápidas com preços razoáveis; o
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