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→ Pneumonia: inflamação do parênquima pulmonar causada por vírus e/ou bactérias e caracteriza-se por sinais e sintomas de desconforto respiratório e opacidades à radiografia de tórax - É a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos nos países em desenvolvimento → - Desnutrição - Baixa idade - Comorbidades e gravidade da doença - Baixo peso ao nascer - Permanência em creche - Episódios prévios de sibilos e pneumonia - Ausência de aleitamento materno - Vacinação incompleta - Variáveis socioeconômicas e variáveis ambientais → - São dependentes da idade da criança, da extensão do acometimento e gravidade do quadro - Tosse, febre, respiração rápida (taquipneia), presença de retrações do tórax (tiragens subcostais), estertores finos (crepitações), dor torácica, hipoxemia e sintomas sistêmicos associados fazem parte deste grupo. → → - Crianças de dois meses a cinco anos com PAC e tiragem subcostal são classificadas como tendo pneumonia grave e aquelas com outros sinais sistêmicos de gravidade como pneumonia muito grave. - Menores de dois meses, são considerados sinais de doença muito grave: FR = 60 irpm, tiragem subcostal, febre alta ou hipotermia, recusa do seio materno por mais de três mamadas, sibilância, estridor em repouso, sensório alterado com letargia, sonolência anormal ou irritabilidade excessiva - Maiores de dois meses de vida, os sinais são: tiragem subcostal, estridor em repouso, recusa de líquidos, convulsão, alteração do sensório e vômito incoercível → - Quadros de insuficiência respiratória aguda, a PAC deve ser diagnóstico diferencial de outros quadros como a bronquiolite viral aguda, traqueobronquite aguda e crise de asma - Presença de sibilância: principal achado que diferencia as demais condições da PAC, uma vez que a presença de sibilos na pneumonia não é comum - Diante de sinais de gravidade como tiragem subcostal, dificuldade para ingerir líquidos e gemência a abordagem deve ser imediata e resolutiva, independente da entidade clínica → - VIRAIS: são responsáveis pela maioria das PAC, em torno de 90% até um ano de idade e 50% em escolares. . Maior incidência: Vírus Sincicial Respiratório . Outros: Influenza, Parainfluenza, Adenovírus, Rinovírus, além de Metapneumovírus e Bocavírus, esses últimos associados à Síndrome da Angústia Respiratória (SARS) . Principais agentes de PAC em crianças até 5 anos em países desenvolvidos. Quanto mais jovem a criança, excluindo-se os primeiros 2 meses de vida, maior a chance de ocorrência de doença de etiologia viral . Responsáveis por até 90% das pneumonias no 1º ano de vida e por 50% dos casos na idade escolar . Habitualmente são precedidas de sintomas de vias aéreas superiores, como rinorreia e obstrução nasal . São sugestivos de etiologia viral: febre baixa, início insidioso, rinorreia serosa, rouquidão e sibilos bilaterais - BACTERIANAS: são responsáveis por infecções mais graves, com maior comprometimento do estado geral . Maior incidência: Estreptococo pneumoniae (pneumococo) -> difícil isolamento em hemoculturas e mais facilmente em culturas de líquido pleural . Outros: Estreptococos do Grupo A, Estafilococos áureos, Haemophilus influenzae e Moraxela catarralis . Pneumonia por M. pneumoniae acomete mais lobos inferiores e caracteriza-se por uma tosse persistente diurna e noturna . Febre moderada a elevada, piora abrupta, toxemia, dor torácica, diminuição localizada do murmúrio vesicular, crepitações localizadas e som bronquial sugerem etiologia bacteriana TÍPICAS - Pneumonia bacteriana clássica, que cursa com febre alta, prostração, taquipneia, dispneia, com evolução rápida e alterações radiológicas evidentes - Agente etiológico mais comum -> S. pneumoniae ATÍPICAS - Quadro de instalação mais gradual, com ou sem febre, com menos comprometimento do estado geral, tosse seca importante e alterações radiológicas com padrão intersticial - Agentes etiológicos mais comuns -> Mycoplasma pneumoniae e Chlamydophila pneumoniae → - Agente mais importante: Mycoplasma pneumoniae -> acarreta um quadro menos grave - Atinge principalmente crianças maiores de cinco anos - Estafilococos áureo está relacionado, principalmente à faixa etária menor (lactentes jovens), à associação com infecção cutânea e gravidade clínica, além de piora rápida e progressiva. - Em geral cursa com empiema pleural, pneumatoceles e quase sempre corresponde a quadros de PAC complicada - Tosse persistente diurna e noturna + faringite + mialgia + exantema - Instalação gradual e menor comprometimento do estado geral → → - Principal sintoma: TAQUIPNEIA - Mais grave nas crianças mais jovens, desnutridas ou que apresentam comorbidades - Sintomas . Febre -> achado inespecífico/ avaliação da duração e da intensidade . Tosse -> achado inespecífico/ pode ser úmida, seca ou rouca * Se produtiva, deve-se caracterizar a expectoração se purulenta ou não . Frequência respiratória elevada (taquipneia) . Sintomas gripais comuns (ex: otite média) . Dores abdominais quando há acometimento dos lobos pulmonares inferiores . Causas de dificuldade respiratória -> ronco de obstrução nasal, sibilância (chiado) e estridor inspiratório - Sinais . Menores de 2 meses: FR = 60 irpm, tiragem subcostal, febre alta, recusa do seio materno por mais de 3 mamadas, sibilância, estridor em repouso, sensório alterado com letargia, sonolência anormal ou irritabilidade excessiva . Maiores de 2 meses: tiragem subcostal, estridor em repouso, recusa de líquidos, convulsão, alteração do sensório e vômito de tudo que lhe é oferecido - Observações . Sibilância não é comum em pneumonias bacterianas típicas e sugerem fortemente etiologia viral ou atípica . Consolidação pulmonar -> macicez à percussão, som bronquial e broncofonia à ausculta . Derrame pleural -> macicez com murmúrio vesicular muito diminuído → - Crianças com menos de um ano (geralmente até o 3º mês de vida) - Cursa com antecedentes de conjuntivite e parto vaginal - Sugere infecção por C. trachomatis - Quadro clínico compreende início insidioso de rinorreia e taquipneia, sem febre ou com febre baixa, seguida por tosse e crepitações à ausculta respiratória → - Radiografia de tórax . Não deve ser realizada de rotina para o diagnóstico de pneumonia em crianças sem sinais de gravidade, sem necessidade de tratamento hospitalar, uma vez que não há evidências que altere o resultado clínico . Deve ser realizada nas seguintes situações: * Se há dúvida de diagnóstico, embora radiografia normal não exclua pneumonia e radiografia anormal pode ser interpretada como normal * Pneumonia com hipoxemia, desconforto respiratório, entre outros sinais de gravidade * Falha de resposta ao tratamento em 48 a 72h ou se piora progressiva, para verificar se há complicações (empiema, pneumotórax, escavação) * Paciente hospitalizado (PA e perfil) . Radiografia de tórax não deve ser realizada após tratamento de pneumonia com boa resposta clínica - Infiltrado difuso bilateral evidenciando a pneumonia - Radiografia de Controle . Após 4 a 6 semanas, se história de pneumonias recorrentes, sempre no mesmo lobo; suspeita de malformação ou aspiração de corpo estranho . Deve ser considerado nos casos de pneumonia redonda, presença de colapso pulmonar e/ou sintomas persistentes - Observação-> Sinal da Vela . Presença do timo normal até o 1º ano de vida -> visualizado no Rx → - Quadro clínico compatível é suficiente para formular a hipótese diagnóstica de pneumonia - Busca pelo agente etiológico, a hemocultura é recomendada para todos os pacientes hospitalizados por PAC. - Pesquisa viral em secreções respiratórias sensível para a investigação da etiologia, além de ser um exame poucoinvasivo - Testes Inespecíficos . Dosagens de proteína C-reativa, procalcitonina, velocidade de hemossedimentação e contagem de leucócitos, têm valor limitado na presunção da etiologia da PAC, podendo sugerir infecção bacteriana quando os valores forem muito elevados . Hemograma: leucocitose, neutrofilia e desvio à esquerda, eosinofilia > 300 células/mm³ -> infecção por C. trachomatis → - Gravidade da pneumonia em lactentes e crianças é predominantemente avaliada por critérios clínicos . Triagem subcostal . Dificuldade para ingerir líquidos . Sinais de dificuldade respiratória mais grave (movimentos involuntários de cabeça, gemência e batimentos de asa de nariz) . Cianose central - Saturação periférica de oxigênio (SpO2) abaixo de 92% mostra-se um critério mais objetivo de pneumonia grave → - Tratamento inicial com antibióticos em geral é empírico, pois o isolamento do agente infeccioso não é sempre realizado e pode demorar - Toda criança com pneumonia, que tenha condições clínicas de ser tratada em seu domicílio deve ter uma consulta de reavaliação agendada após 48 a 72h do início do tratamento ou a qualquer momento se houver piora clínica - Caso apresente melhora, o tratamento deve ser mantido até completar sete dias. Todas, exceto RN Streptococcus pneumoniae - 1ª escolha: Amoxicilina 50mg/kg/dia ou Penicilina procaína ou benzatina (50.000 U/kg IM) - 2ª escolha: Amoxicilina 80-90 mg/kg/dia Manter amoxicilina até 72 horas após a criança tornar-se afebril 1 mês a 5 anos Haemophilus influenzae - 1ª escolha: Amoxicilina 50mg/kg/dia - 2ª escolha: Amoxicilina + Clavulanato ou Cefalosporina de 2ª geração 7-10 dias Acima de 3-5 anos Mycoplasma e C. pneumoniae Macrolídeos Eritromicina e Claritromicina – 10 dias 1 a 3 meses C. trachomatis Macrolídeos Azitromicina – 5 dias - Falha Terapêutica: persistência da febre e/ou taquipneia por mais de 48 a 72 horas de uso correto do antibiótico prescrito . Nesses casos, recomenda-se a substituição da amoxicilina por amoxicilina + clavulanato 80-90mg/kg/dia - Obs: evitar o superuso de macrolídeos na faixa etária abaixo de 5 anos, pelo risco de contribuir para o aumento da resistência → - Casos de Internação . Idade < 4 a 6 meses . Sinais de alerta . Pneumonia extensa ou complicações . Comorbidades . Situação social . Falha do tratamento ambulatorial - Recomendações da OMS para crianças de 2 a 59 meses de idade 1- Pneumonia sem tiragem subcostal deve ser tratada com amoxicilina oral: 50 mg/kg/dia duas ou três vezes ao dia, durante sete dias 2- Pneumonia grave deve ser tratada com ampicilina parenteral 50mg/kg/dose, de 6 em 6 horas ou penicilina cristalina 150000U/Kg/ dia a cada 6 horas. Gentamicina 7,5 mg/kg/dia, a intervalos de 12 horas, deve ser associada nos menores de dois meses 3- Associação de amoxicilina com inibidores de beta-lactamase, como o clavulanato ou o sulbactam ou a cefuroxima podem ser utilizadas como segunda opção por via oral ou parenteral em doses habituais 4- Suspeita de pneumonia atípica recomenda-se azitromicina 10mg/kg/dia dose única por 5 dias ou claritromicina 7,5 mg/kg/dose, 12 em 12 horas, por 10 dias. → - Derrame pleural -> se persistência da febre ou estado clínico instável após 48 a 72 horas do início do tratamento . Definição: acúmulo de líquido pleural exsudativo, associado à infecção pulmonar - Outros: insuficiência respiratória, pneumatocele, abcesso pulmonar, atelectasia, pneumonia necrosante pneumotórax, fístula broncopleural, hemoptise, septicemia e bronquiectasia - Ocasionalmente, dor torácica, dor abdominal ou vômitos - Crianças com derrame parapneumônico os sintomas clássicos de uma pneumonia encontram-se presentes: febre tosse, dispneia, intolerância a exercícios, apetite diminuído, dor abdominal, halitose, letargia e indisposição - Paciente pode apresentar dor pleurítica e estar deitado sobre o lado acometido para imobilizar o hemitórax envolvido e promover analgesia temporária - Exame Físico . Inspeção estática verificada em posição antálgica e a cianose devido ao comprometimento da função pulmonar, . Oximetria de pulso apontando níveis de saturação menores que 92% indica pior prognóstico. . Inspeção dinâmica: sinais de diminuição da expansibilidade podem ser verificados, palpação, sinais unilaterais de diminuição da expansibilidade torácica, frêmito tóraco-vocal abolidos e hiperestesia, macicez à percussão e diminuição ou ausência de murmúrios vesiculares fisiológicos → - Radiografia de Tórax: PA e perfil constituem avaliação inicial na investigação - USG de tórax: estima o volume da efusão na pleura, estabelece se o derrame é livre ou se existem loculações, determinar a ecogenicidade do fluído, diferenciar espessamentos pleurais ou derrames loculados e guiar a inserção do dreno de tórax ou a toracocentese - Tomografia Computadorizada: avaliar as complicações do derrame parapneumônico (extensão da pneumonia, necrose pulmonar, pneumatocele, abscesso pulmonar e fístula bronco pleural) → PREVENÇÃO - Vacina pneumocócica (2 doses no primeiro ano de vida e reforço aos 12 meses) - Vacina anti-Haemophilus influenzae tipo B
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