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PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE Pediatria Pneumonia é a inflamação do parênquima pulmonar causada, na maioria das vezes, por vírus e/ou bactérias. É a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos nos países em desenvolvimento, sendo caracterizada por sinais e sintomas de desconforto respiratório e opacidades à radiografia de tórax. Geralmente, é precedida por uma infecção viral de vias aéreas superiores. PAC é definida como aquela causada por micro-organismos adquiridos fora do ambiente hospitalar. Principais sinais e sintomas Dependem da idade da criança, da extensão do acometimento e da gravidade do caso: • Tosse • Hipoxemia (>94%) • Febre • Respiração rápida (taquipneia) • Presença de retrações do tórax (tiragens subcostais) • Dor torácica • Estertores finos (crepitações) • Cianose • Batimento de aletas nasais • Outros sintomas sistêmicos associados 𝑶𝒃𝒔𝟏: Na criança com sinais de infecção respiratória aguda como febre e tosse, a frequência respiratória (FR) deverá sempre ser avaliada, sendo o principal sintoma a taquipneia: 𝑶𝒃𝒔𝟐: A presença de sibilos na pneumonia não é comum (pode estar presente nas etiologias virais durante a fase aguda), sendo apontado como o principal achado clínico para diagnósticos diferenciais. Etiologia Viral: Os vírus são responsáveis pela maioria das PAC, em torno de 90% até um ano de idade e 50% em escolares. Além disso, pode estar associado a história de contato com outras pessoas com resfriado comum; • Habitualmente precedidas de sintomas em vias aéreas superiores, como rinorreia e obstrução nasal; • Em geral, crianças não apresentam prostração importante e a ausculta respiratória pode revelar sibilos bilaterais; • Vírus Sincicial Respiratório: maior incidência; • Outros em ordem de frequência: Influenza, Parainfluenza, Adenovírus, Rinovírus, além de Metapneumovírus e Bocavírus, esses últimos associados à Síndrome da Angústia Respiratória (SARS); Bacteriana: responsáveis por infecções mais graves, com maior comprometimento do estado geral. Podem ser divididas de acordo com as características clínicas em: Pneumonia Típica • Pneumonia bacteriana clássica, cursa com: ✓ Febre alta ✓ Prostração ✓ Taquipneia ✓ Dispneia ✓ Evolução rápida ✓ Alterações radiológicas evidentes • Estreptococo pneumoniae: agente mais frequente, de difícil isolamento em hemocultura e mais facilmente em culturas de líquido pleural; • Outras: Estreptococos do Grupo A, Estafilococos áureos, Hemófilus influenza e Moraxela catarralis; • Estafilococos áureo: tem relação principal com faixa etária menor (lactentes jovens), infecção cutânea e gravidade clínica, além de piora rápida e progressiva. − No geral, cursa com empiema pleural, pneumatoceles e quase sempre está associado à PAC complicada. Ana Carolina Pereira – 4º Período Pneumonia Atípica • É um quadro de instalação mais gradual, com ou sem febre, com menos comprometimento do estado geral, apresenta: ✓ Tosse seca persistente diurna e noturna importante ✓ Faringite ✓ Alterações radiológicas com padrão intersticial ✓ Mialgia ✓ Exantema • Agentes mais comuns: Mycloplasma Pneumoniae e a Chlamydophila pneumoniae; • Ocorre durante todo o ano, com ciclos de epidemias; Atinge principalmente crianças acima de 5 anos (50% dos casos); • Rx: infiltrados intersticiais, alveolares e raramente derrame pleural SPAL • Síndrome de Pneumonia Afebril do Lactente (SPAL) é um tipo de pneumonia classicamente causada pela Chlamydophila trachomatis, mas outros agentes como citomegalovírus (CMV), Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum também podem estar envolvidos; • Atinge crianças com menor de um ano e especialmente aquelas entre duas semanas e quatro meses de vida; • Quadro clínico compreende início insidioso de rinorreia e taquipneia, sem ou com baixa febre, seguida por tosse e crepitações à ausculta; Sinais de alerta ✓ Sinais de esforço respiratório: tiragem, batimentos de aletas nasais, gemência, balanço toracoabdominal e retração xifóidea ✓ Apneia ou irregularidade no padrão respiratório ✓ Desidratação ✓ Dificuldade em beber ou mamar ✓ Vômitos persistentes ✓ Convulsão, letargia ou alteração de consciência (sonolência, confusão, irritabilidade) ✓ Toxemia ✓ Cianose ✓ Hipoxemia < 92% ✓ Taquipneia intensa (FR > 70 irpm em < 12 meses / FR > 50 irpm em > 12 meses) ✓ Instabilidade hemodinâmica (pulsos finos, perfusão lenta, taquicardia importante Segundo a OMS: • Criança de 2 meses a 5 anos com PAC grave na presença de tiragem subcostal e aquelas com outros sinais sistêmicos de gravidade como PAC muito grave; • Em < 2 meses, doença muito grave: ✓ FR ≥ 60 irpm ✓ Tiragem subcostal ✓ Febre alta ou hipotermia ✓ Recusa de seio materno por > 3 mamadas ✓ Sibilância ✓ Estridor em repouso ✓ Sensório alterado com letargia Sonolência anormal ou irritabilidade excessiva • Em > 2 meses, os sinais são: ✓ Tiragem subcostal ✓ Estridor em repouso ✓ Recusa de líquidos ✓ Convulsão ✓ Alteração do sensório ✓ Vômito incoercível Ana Carolina Pereira – 4º Período Classificação clínica de gravidade em crianças de 2 meses a 5 anos segundo OMS (2005) Radiografia de tórax Não deve ser realizada de rotina para diagnóstico em crianças sem sinais de gravidade, sem necessidade de tratamento hospitalar – não altera resultado clínico; DEVE SER REALIZADA NAS SEGUINTES SITUAÇÕES: • Se há dúvida de diagnóstico, embora radiografia normal não exclua pneumonia e radiografia anormal pode ser interpretada como normal; • Pneumonia com hipoxemia, desconforto respiratório, entre outros sinais de gravidade; • Falha de resposta ao tratamento em 48 a 72h ou se piora progressiva, para verificar se há complicações (empiema, pneumotórax, escavação); • Paciente hospitalizado (PA e perfi l). 𝑶𝒃𝒔𝟏: Não deve ser realizada após tratamento de pneumonia com boa resposta clínica. REALIZAR RADIOGRAFIA DE CONTROLE DE TRATAMENTO: • Após 4 a 6 semanas, se história de pneumonias recorrentes, sempre no mesmo lobo; suspeita de malformação ou aspiração de corpo estranho; • Deve ser considerado nos casos de pneumonia redonda, presença de colapso pulmonar e/ou sintomas persistentes. RAIO X DE TÓRAX VS AGENTE ETIOLÓGICO 𝑶𝒃𝒔𝟏: Não existe imagem patognomônica de determinada etiologia. 𝑶𝒃𝒔𝟐: Infiltrado intersticial pode estar presente nas Pneumonias virais ou bacterianas. • Micoplasma − Infiltrado intersticial, lobo inferior unilateral Pneumonia 0 a 2 meses Tiragem intercostal é normal nessa idade Pneumonia nessa faixa etária é grave internar Taquipneia sem tiragem: PNM não grave ambulatorial PNM 1 a 4 anos - FR até 40 irpm Tiragem intercostal é sinal de gravidade internação Pneumonia não grave 1 a 4 anos FR > 40 irpm ambulatorial Taquipneia sem tiragem: PNM não grave ambulatorial Dificuldade Respiratória Incapacidade de beber Insuficiência respiratória Movimentos involuntários da cabeça Muito Grave Ana Carolina Pereira – 4º Período • Estafilococo − Broncopneumonia confluente, áreas de necrose (pneumatoceles e empiema) − Estafilococos – pneumatoceles • Pneumococo − Consolidação lobar • Pneumonia viral − Hiperinsuflação, infiltrado intersticial bilateral SINAIS RADIOLÓGICOS DE GRAVIDADE: • Derrame pleural • Pneumatoceles • Abscessos EXAME FÍSICO NA CONDENSAÇÃO: • Frêmito toracovocal aumentado • Macicez • Estertores crepitantes, sopro tubário Exames complementares Quadro clínico compatível é suficiente para formular a hipótese diagnóstica de pneumonia. • Hemocultura: recomendada para todos os pacientes hospitalizados, busca pelo agente; • Pesquisa viral em secreções respiratórias: sensível paraa investigação da etiologia, pouco invasivo; • Exame bacteriológico (bacterioscópico e cultura): no derrame pleural pode ser de utilidade na identificação da etiologia; • Relação entre proteína total e a desidrogenase lática (LDH) do líquido pleural e do plasma: diagnóstico diferencial entre exsudato e transudato; • Teste de aglutinação do látex: pesquisa de antígenos do pneumococo e do H. influenzae tipo b no líquido pleural ou urina, inclusive até cerca de cinco dias após o início de antibióticos; • Sorologia: suspeita de infecção por Mycoplasma pneumoniae, considerando-se que a IgM eleva-se em sete a dez dias após o início do processo e a IgG deve quadruplicar em uma segunda coleta com intervalo de duas a três semanas, ou cair na mesma proporção caso o paciente seja avaliado na fase de resolução. Quando a dúvida recai sobre a Chlamydia sp, a pesquisa de anticorpos IgM ou IgG Ana Carolina Pereira – 4º Período • Também está indicada. Na infecção por Chlamydia trachomatis a presença de eosinofilia é frequente. • A PCR (reação em cadeia da polimerase) pode ser de utilidade no diagnóstico de determinados agentes etiológicos. Nos casos hospitalizados, com má evolução, podemos utilizar métodos mais invasivos como broncoscopia ou biópsia pulmonar. Proteína C reativa A proteína C reativa é o melhor marcador de reposta na fase aguda • Papel coadjuvante na resolução de infecções por diversos microrganismos e na regulação de processos inflamatórios; DIFERENCIAÇÃO ENTRE INFECÇÃO BACTERIANA E VIRÓTICA • Infeções bacterianas: Ptn C superiores a 100 ou 150mg/l − Fica elevada por estar relacionada a mais alto grau de lesão tecidual • Infecções virais: inferiores de 20 a 40mg/l − Infecções por adenovírus, citomegalovírus, influenza, herpes simples, sarampo e caxumba podem cursar com valores acima de 100mg/l EM PNEUMONIAS • Pode ser útil na diferenciação de pneumonia bacteriana e viral, associada a dados clínicos (radiografia não é típica ou na ausência de febre ou leucocitose) • Outros condenam seu uso com tal finalidade, já que muitas pneumonias bacterianas cursam com valores de Proteína C reativa inferiores a 20mg/l DOSAGEM SERIADA DE PTN C • Persistência ou aumento: falha terapêutica ou ocorrência de complicações e, consequentemente, pior prognóstico. • Acompanhamento do tratamento das pneumonias; Diagnóstico Definitivo Isolamento do agente • Sangue • Líquido pleural • Pulmão • Cultura de escarro (sem valor em crianças) Internação ✓ Idade inferior a 4 – 6 meses ✓ Sinais de alerta de gravidade clínica ✓ Pneumonia extensa ou com complicações (pneumatoceles, pneumotórax, derrame pleural, abscesso) ✓ Doenças subjacentes: cardiopatia, mucoviscidose, displasia broncopulmonar, imunodeficiência, desnutrição grave ✓ Situação social seriamente comprometida ✓ Falha no tratamento ambulatorial Prevenção VACINAS CONTRA O PENUMOCOCO: • 2 doses no 1º ano de vida • Reforço aos 12 meses VACINAS VÍRUS INFLUENZA: • Qualquer idade, particularmente para crianças pequenas, idosos e portadores de doenças crônicas OUTROS: • Bons hábitos de saúde, alimentação apropriada, cuidados com a higiene pessoal, repouso; • O cigarro (passivo) aumentam muito o risco de infecções pulmonares, afetando mecanismo natural de limpeza dos pulmões Ana Carolina Pereira – 4º Período Fluxograma de abordagem de pneumonia (PAC) em crianças e adolescentes CARACTERÍSTICAS DIFERENCIAIS ENTRE PNEUMONIAS VIRAIS E BACTERIANAS Sugestivo de origem viral Sugestivo de origem bacteriana Idade Menor que 5 anos, maior que 65 Adultos Status Epidêmico Surtos sazonais ou epidêmicos Durante o ano Curso da doença Início lento Início rápido Perfil clínico Mais frequentemente rinites e sibilância Mais frequentemente febre e taquipneia Contagem total de leucócitos <10x106c/L >15x106 e <4x106c/L Proteína C reativa <20mg/L >60mg/L Procalcitonina sérica <0,1µg/L >0,5 µg/L Raio-X de peito Bilateral, infiltrados intersticiais Infiltrados alveolares lobares Resposta à tratamento com antibiótico Resposta lenta ou nenhuma resposta Rápida Ana Carolina Pereira – 4º Período
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