Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 A importância da avaliação minuciosa da marcha em pacientes com distúrbios neurológicos Izabel Cristina De Sousa Leite1 draizabelleite@gmail.com Dayana Priscila Maia Meija2 Pós-graduação em Neurofuncional - Faculdade Ávila Resumo Avaliar a marcha é uma das prioridades na avaliação geral de um paciente com sequelas neurológicas, o caminhar costuma ser analisado de uma forma simples, apenas nas observações, sem detalhamentos importantes por muitos profissionais, mas devemos observar de uma forma minuciosa e coerente. Para esse fim temos as análises biomecânicas, que de uma forma geral nos mostra com detalhes as alterações ocorrida mais precisa, facilitando assim as nossas condutas. Dentre as patologias neurológicas o AVE é uma das principais causas de distúrbios neurológico alterando a deambulação e as atividades diária de uma pessoa. Palavras-chave: Avaliação; Marcha; Neurologia 1- Introdução Durante a avaliação da marcha neurológica o fisioterapeuta deve identificar com clareza as alterações não somente motora como também a sensorial e cognitiva, infelizmente para poucos profissionais a avaliação minuciosa da marcha se torna um desafio para elaboração de suas condutas, o profissional deve ter sempre em mente que ao examinar uma pessoa tem que ser de uma forma individualizada e obter o máximo de informações sobre o seu estado geral. A deambulação com disfunções neurológicas é considerada preocupante, pois a marcha normal é um dos componentes básicos de independência da vida diária que se torna complexa quando se fala de seqüelas neurológicas, e é um dos principais objetivos funcionais para um paciente que busca tratamento. Avaliar a marcha de um paciente neurológico não é uma tarefa simples, devemos priorizar algumas situações que poderão nos ajudar durante a elaboração de nossa estratégia terapêutica, a simples chegada do paciente ao ambiente terapêutico pode nos ajudar, então devemos anotar algumas observações, como por exemplo, se o paciente está utilizando órtese ou prótese, se há alguma alteração biomecânica, devemos avaliar o desempenho e habilidades do caminhar. É muito importante que solicite ao paciente que marche lateralmente, que vire, que ande com um pé na frente do outro, observar a passada se esta longa ou curta, verifique vagarosamente se há necessidade de dispositivo de auxilio e se o paciente tem a capacidade de mudar de direção. O que há de muito importante na prática clínica é não tentar realizar a avaliação da marcha de uma única vez, o que a semiologia neurológica nos alerta é que devemos observe bem 1 Fisioterapeuta. Pós-graduada em Fisioterapia Neurofuncional. 2 Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestranda em Bioética e Direito em Saúde 2 o paciente durante cada fase, o fisioterapeuta tem que olhar clinicamente para cada momento e correlacionar com os músculos atuantes em cada fase, assim a avaliação se torna mais fácil e de muito aproveitamento para chegar a uma conclusão mais eficaz. É muito difícil para um profissional verificar minuciosamente a marcha e o grau de suas alterações da marcha normal somente através das observações, para esse fim existem inúmeros meios de se avaliar dos mais simples aos mais modernos tipos de análise, mas não podemos ignorar uma boa anamnese clinica e nossas observações. 2- Marcha Para Rose e Gamble (2007), a marcha humana é um tipo relativamente único de deambulação porque é bípede. Embora haja exemplos de locomoção bípede em animais (ursos, primatas, marsupias), a marcha bípede humana tem uma eficiência e funcionalidade únicas. Nesse sentindo Abreu (2003), defende que a habilidade de andar ereto é uma das características determinantes do ser humano. Rítmico e aparentemente sem esforço, o ato de andar é um evento contínuo que se constitui em transferir o peso de um membro inferior para o outro, com o objetivo de avançar o corpo para frente, como se fossem sucessivos desequilíbrios. Segundo Hebert Sizinho (1998), andar não é simplesmente colocar-se um pé após o outro. Podemos definir marcha como sendo o conjunto de movimentos rítmicos e alternados do tronco e extremidades visando a locomoção do corpo para frente. Para Perry (2005), Andar é um meio natural do corpo para se deslocar de um local para outro, nesse sentido podemos afirmar com clareza que a leveza do caminhar depende do corpo está em completa harmonia e sem alterações. Moreira e Russo (2004), afirmam que a marcha nada mais é que um processo de deambulação, mas especificamente, executado pelos seres humanos. Inúmeras são as classificações utilizadas para análise da marcha. A compreensão de como se processa a marcha humana é fundamental para que em um momento oportuno possam ser identificados possíveis distúrbios e/ou alterações. Um dos principais propósitos do processo de reabilitação é ajudar os pacientes a atingir o nível mais alto possível de independência funcional, dentro dos limites de seus comprometimentos. A deambulação humana, ou marcha, é um dos componentes básicos do funcionamento independente que costuma ser afetado por processo de doença ou lesão (OSULLIVAN 2004). 2.1 Ciclo da Marcha Na marcha normal, um ciclo começa quando o calcanhar do membro de referência faz contato com a superfície do solo. O ciclo da marcha termina quando o calcanhar do mesmo membro faz contato com o solo movamente. (OSULLIVAN 2004). O ciclo da marcha consiste de dois períodos, apoio e balanço (figura 01), na fase de apoio, são reconhecidas duas tarefas e quatro intervalos, e na fase de balanço há uma tarefa e quatro intervalos (DUTTON MARK, 2006) 3 Figura(01) : Valores aproximados para as duas fases da marcha Fonte: Dutton Mark (2006) No ciclo normal, da marcha observa-se que cerca de 60% de sua duração ocorre na fase de apoio, enquanto 40% ocorre na fase de balanço (MOREIRA e RUSSO, 2004; HEBERT SIZINHO, 1998; O SULIVAN, 2004). Para Dutton Mark (2006), o caminhar envolve a ação alternada das duas extremidades inferiores. O estudo do padrão de andar tem como base um ciclo da macha (figura 02). Este é definido como o intervalo de tempo entre qualquer um dos eventos repetitivos da atividade de andar. Cada uma das fases da marcha pode ser subdividida de acordo com critérios preestabelecidos para melhor compreensão das ações musculares (MOREIRA e RUSSO, 2004). Figura 02: Ciclo da marcha. Fonte: Hebert Sizinho, 1998 4 3-Tipos de análise do movimento Analise do movimento é o conjunto de métodos e técnicas utilizados para análise quantitativa do movimento humano. A base científica da análise da marcha se baseia na mecânica de corpos rígidos (ROSE e GAMBLE 2007). Segura et al (2008), defende que avaliação da marcha, da locomoção e movimentos humanos pode ser realizada por dois métodos: método qualitativo e método quantitativo. A análise qualitativa da marcha geralmente é realizada em clínicas de reabilitação e de fisioterapia, sendo que a avaliação é feita subjetivamente com bases diretas, observação visual e algumas anotações. Já a análise quantitativa da locomoção humana geralmente é realizada em laboratórios de biomecânica ou laboratórios especializados em marcha humana. Há vários métodos para fazer exames clínicos da marcha, desde a observação até análise computadorizada. A medição dos parâmetros por meio de análises computadorizadas é mais precisa do que os resultados das observações clínicas, sendo por essa razão bastante utilizada na avaliação e no planejamento de pacientes portadores dessetipo de anormalidades (DUTTON MARK, 2006). No século XX, com os avanços da tecnologia vários centros desenvolveram laboratórios para analisar, hoje se considera inadmissível indicar tratamento para deficiência de marcha sem uma análise cuidadosa da locomoção. (FALOPPA e ALBERTONI, 2008). A respeito desse assunto os mesmos autores defendem que a análise da marcha é a mensuração, a descrição e a avaliação sistemática de dados que caracterizam a locomoção humana, ela tem fundamental relevância no estudo e no tratamento de patologias que envolvem o aparelho locomotor. A análise quantitativa de movimentos de sujeitos com distúrbios motores torna-se ainda mais complexa e necessária. A análise da marcha é especialmente aplicável a sujeitos com desordens neurológicas, uma vez que adicionam-se elementos complicadores como a espasticidade e reflexos patológicos (ANDRADE, 2002). Para Campos (2000), o conhecimento dos movimentos possíveis e seguros de cada articulação do corpo humano, bem como dos graus de amplitude de cada movimento articular, proporciona uma importante diretriz para uma correta análise biomecânica e, conseqüentemente, cinesiológica. 3.1 Cinemática e Cinética Segundo Sullivan (2004), os tipos de análise da marcha em uso atualmente podem ser classificado em duas categorias amplas, cinemática e cinética. Moreira e Russo (2004), afirmam que o estudo da cinemática está relacionado às características do movimento, à observação e a análise desse movimento a partir de uma perspectiva espacial e temporal e não tem referência a força que o ocasionam. Enquanto que asanálises cinéticas da marcha são utilizadas para determinar as forças envolvidas na marcha (O SULIVAN, 2004). Referente á esse assunto Sousa (2010), defende que a marcha humana, vista como um movimento rítmico constitui um fenômeno complexo modulado por um gerador de padrão central, informação aferente e comandos supra-espinais, podendo ser quantificada 5 por variáveis cinéticas e cinemáticas. É a quantificação destas variáveis que permitem aceder, classificar diferentes padrões de marcha como mais ou menos eficientes. 3.1.1 Plataforma de Força Durante as análises cinéticas a utilização da plataforma de força (Figura03) é um instrumento de extrema necessidade, pois é a través dela que teremos uma análise minuciosa das forças durante a marcha. Há outros instrumentos disponíveis comercialmente para análise cinética Porém, suas utilizações não são tão comuns em laboratórios de marcha como é o caso da plataforma de força (Barela e Duarte, 2011), segundo esses mesmos autores o padrão das curvas referentes às componentes da FRS podem ser diferentes, e muitas vezes, os picos podem não ser tão evidentes, conforme o tipo e o grau de comprometimento músculo- esquelético, sensorial e/ou motor. Com relação às forças externas, a força de reação do solo (FRS) é a força externa mais comumente investigada na análise da marcha (WHITTLE, 2007). Ainda com relação às componentes da FRS, há um pico nos primeiros milesegundos (ms) do período de apoio, nem sempre evidente na marcha, que se refere à força de impacto (Nigg e Herzog, 2007). Força de impacto na locomoção humana, segundo esses autores, é uma força que resulta da colisão entre dois corpos (no caso, o pé e o solo). Figura 03: Plataforma de Força Fonte: Barela e Duarte, 2011 3.2 Eletromiografia A eletromiografia registra a atividade elétrica presente no músculo em contração a qual é decorrente da ativação neuromuscular em condições normais. O método consiste em registro da atividade eletromiográfica, utilizando-se um sistema de captação do sinal biológico (placa de aquisição dos sinais, amplificador, sistema de canais, eletrodos) e um software para processamento do sinal. São usados, para captação do sinal, eletrodos de agulha ou eletrodos superficiais (KAY et al, 2000). 6 De acordo com O Sullivan (2004), a eletromiografia fornece um instrumento útil para documentar o papel do músculo na atividade física e para avaliar a integridade do sistema neuromuscular. Apesar de seu uso comum na pesquisa do movimento,os terapeutas devem usar a EMG com discernimento, identificando suas limitações como um instrumento de medição. 3.3 Observações O uso clínico da análise da marcha começou como habilidade de observação quando médicos, terapeutas, e protéticos definiam movimentos normais e anormais dos membros e desvios comuns apresentados pelos pacientes. Como o quadril, o joelho e o tornozelo se movem em velocidades diferentes. (ROSE e GAMBLE 2007). Observações completas podem ser uma grande fonte de aprendizado. Ao longo da história, a revisão de sistemas, os testes e medidas e as informações coletadas formam um conjunto de deduções que servem de base para os diagnósticos (DUTTON MARK, 2006). Algumas das vantagens da análise biomecânica da marcha, face à simples observação visual clínica da marcha, são a capacidade de quantificar e caracterizar o movimento dos segmentos corporais segundo vários eixos anatômicos, o que muitas vezes não é facilmente detectável ou mesmo visível na observação visual da marcha (SOUSA et al, 2007). Saad et al (1997), relata que o olho humano não é capaz de observar eventos de alta velocidade, não permite o registro dos dados e depende da habilidade e do conhecimento do observador, levantando a hipótese de que essa análise apresenta grande variabilidade e pequena precisão, não podendo ser considerada como fidedigna e não garantindo o mesmo resultado se houver uma reprodução do trabalho. O tipo de análise de marcha que o profissional escolhe depende do propósito da análise, do tipo de equipamento disponível, e da experiência, conhecimento e habilidade do profissional. (O SULLIVAN, 2004). 4. Acidente Vascular Encefálico Dentre as principais patologias que afetam diretamente a marcha o AVE é considerado a primeira causa de incapacitação funcional devido as seqüelas neurológicas que afetam o paciente. Segundo Sullivan (2004), o acidente vascular encefálico (AVE) é o surgimento agudo de uma disfunção neurológica devido a uma anormalidade na circulação cerebral, tendo como resultados sinais e sintomas que correspondem ao comprometimento de áreas focais do cérebro. Apresenta-se de duas formas, sendo elas isquêmica e hemorrágica. O acidente isquêmico é o mais comum, ocorrendo a obstrução de uma das artérias cerebrais importantes (média, posterior e anterior, em ordem descendente de freqüência) ou de seus ramos perfurantes menores, que vão para as partes mais profundas do cérebro (UMPHRED, 2004). De acordo com André (2005), a fase que precede de três a quatro meses após o acidente, chamada de fase aguda ou fase de choque é determinante para as aquisições mecânicas, pois, nesta fase, ainda não estão instaladas todas as alterações provenientes da patologia, como as mudanças de tônus, sensibilidade e reflexos. Após este período, a doença já 7 demonstrou por completo todos seus comprometimentos, iniciando, portanto, a fase crônica da patologia. De acordo com Stokes (2000), a fase crônica do AVE tem início por volta de cinco meses após o ocorrido e prossegue por toda vida do indivíduo, visto quese trata de uma patologia que não possui cura completa. Porém, o tratamento é fundamental neste período, mesmo que a fase crônica seja caracterizada por melhoras não tanto promissoras. A maioria dos sobreviventes de um AVE apresenta a combinação de déficits motor, sensitivo, cognitivo e emocional, que levam a alterações no equilíbrio, dificuldades na marcha e dependência para realizar as atividades de vida diária (AVD) (ARTAL-CAROD, 1999). Para Torriane Pasin et al (2010), os pacientes hemiparéticos pós-AVE, não apresentaram disponibilidade total para realizar uma segunda tarefa concomitante à marcha, já que a tarefa central, no caso a marcha, mesmo sendo uma habilidade extremamente praticada antes do evento vascular e inerente ao ser humano, ainda demanda muita atenção de tais pacientes, não favorecendo a disponibilidade de atenção necessária para a combinação de uma segunda tarefa. Dentre todos os acometimentos decorrentes de um AVE, a impossibilidade ou difi culdade para deambular (andar) é um dos problemas mais incapacitantes e frustrantes para o paciente, contribuindo de forma decisiva para a perda da sua independência e, conseqüentemente, sua liberdade (STOKES, 2000). A disfunção motora é um dos problemas freqüentemente encontrados no acidente vascular encefálico, que refletirá em uma marcha cujos parâmetros mensuráveis, tais como velocidade, cadência, simetrias, tempo e comprimento de passo e passada, serão deficitárias. Essas alterações não são apenas devido à fraqueza muscular, mas também a anormalidades complexas no controle motor (OLIVEIRA; ANDRADE, 2001; SCHUSTER; SANT; DALBOSCO, 2007). André (2005), descreve que a percepção do corpo é a maneira que se interpreta ou integra toda a informação que chega ao SNC, a maneira como se vê e apreende o mundo à nossa volta. Cerca de 40% dos pacientes após um AVE exibirão comprometimento desta percepção e conseqüente dificuldades motoras, inclusive na marcha. Um tratamento buscando esta conscientização corporal, um treino postural explorando diversos movimentos do dia-a-dia promove uma aceitação da real condição do corpo e, conseqüentemente, melhora dos padrões provocados pela lesão cerebral. 5- Marchas com Disturbios Neurológicos 5.1 Marcha Hemiparética. Moreira e Russo (2004), afirmam que a marcha hemiparética normalmente observa-se, a flexão do membro superior com extensão do membro inferior do hemicorpo acometido. Como conseqüência, temos uma perna que não consegue suportar completamente o peso durante a fase de apoio além de não se projetar para frente durante a fase de balanço a não ser como um todo em circundação. A análise da marcha no paciente hemiparético deve ser feita com bastante critério, pois envolve múltiplos fatores, de diferentes origens, procurando levantar as alterações 8 específicas de cada paciente e, assim, levar a um plano de tratamento mais eficaz para a evolução de sua marcha, de modo a devolver sua funcionalidade ao nível mais normal possível, dentro de um plano de tratamento mais amplo para todos os acometimentos decorrentes do AVE (EDWARDS, 1999). 5.2 Marcha Parkinsoniana (festinante) A doença de Parkinson também nos mostra alterações significantes na marcha. O padrão da marcha do paciente com DP é caracterizado por pobreza de movimentos e diminuição da velocidade (O SULIVAN, 2004). Segundo Moreira e Russo (2004), a marcha do Parkinsonismo também denominada de marcha festinante. Determina em que o estágio se encontra a doença de parkinson que consiste em uma moléstia de natureza extrapiramidal. Observa-se que o paciente realiza pequenos passos rápidos, que se aceleram em algumas situações, á medida que se processa o deslocamento. 5.3Marcha Atáxica A marcha atáxica é observada em duas patologias principais doença do cerebelo (marcha atáxica cerebelar) e doença na coluna posterior (marcha atáxica sensorial). Com a marcha atáxica cerebelar o paciente não consegue andar com um pé à frente do outro ou em linha reta e com a marcha atáxica sensorial os pacientes não têm nenhuma consciência sobre a posição dos membros (DUTTON MARK, 2006). 5.4 Marcha Escarvante Nesse tipo de marcha, verifica-se paresia ou plegia dos músculos do grupo pré-tibial como conseqüência de lesão do nervo fibular comum em seu ramo profundo. Observam-se a flexão excessiva do quadril durante a fase de balanço e uma batida seca da região plantar do pé no solo durante a fase de apoio ( MOREIRA E RUSSO, 2004). 6- Materiais e Métodos Tratou-se de um estudo realizado por meio de uma revisão bibliográfica focando definições, tipos de analises, principal patologia neurológica que alteram a marcha, e marchas neuropatológicas. Dessa forma o presente estudo disponibiliza a outros profissionais a importância da avaliação minuciosa da marcha em pacientes neurológicos. Foram selecionados artigos publicados entre 2001 a 2011 nas bases eletrônicas Scielo, Medline, lilacs Google acadêmico além de livros que defendiam o tema em questão. 7- Resultados e Discussão Após a pesquisa podemos observar, que durante a avaliação da marcha patológica é necessário que o fisioterapeuta possua conhecimentos importantes sobre a marcha normal, e sobre diversos déficits que possam levar o paciente a alterar sua deambulação, para realizar com eficiência uma análise precisa, facilitando assim condutas que direcione aos objetivos. No estudo de Leite et al (2011), diz que é de extrema importância que o fisioterapeuta tenha o conhecimento sobre os padrões biomecânicos da normalidade e também da 9 caracterização geral da marcha alterada após uma lesão, a fim de reconhecer a necessidade de analisar essa marcha e com isso selecionar condutas eficazes para a reabilitação funcional do paciente. Rose e Gamble (2007) afirmam que normalmente durante a marcha, o centro de massa do corpo é acelerado para cima e para baixo durante o ciclo. Poderia ser antecipado que a força de reação do solo varia durante o ciclo da marcha, por causa dessa aceleração para cima e para baixo. Hebert Sizinho (1998), diz que para marcha normal na fase de apoio deve permitir três requisitos fundamentais: estabilidade monopodal com postura ereta, avanço do corpo sobre um pé apoiado e preparo para a fase de balanço. Durante o balanceio inicial, o pé do membro em balanceio está totalmente fora do chão por meio de uma combinação de flexão de quadril e de joelho. O membro move-se para frente, estando inicialmente atrás do corpo, para uma posição oposta à do membro de suporte. (ADLER, 2007). Para Perry (2005), durante o ciclo da marcha, o quadril desloca-se somente através de dois arcos de movimento durante uma passada normal: extensão durante o apoio e flexão no balanço. Entretanto, ao final do ciclo temos uma pequena extensão do quadril para finalizar o ciclo e fazer a colocação do retropé no solo. Os movimentos no quadril ocorrem nos três planos durante o ciclo da marcha a rotação ocorre no plano transversal o quadril gira cerca de 40 a 45º graus no plano sagital durantes as passadas largas normais. O quadril flexiona e estende uma vez, durante o ciclo da marcha, e o limite de flexão ocorre na metade da fase de balanço, enquanto a extensão se dá antes do final da mesma. No plano coronal, a adução total do quadril ocorre no início da fase de balanço (DUTTON MARK, 2006). Segundo Kisner (2005), durante o ciclo da marcha normal, o joelho passa por uma amplitude de 60º (0º de extensão no contato inicial ou batida do calcanhar até 60º no final do balanço inicial). Há alguma rotação medial do fêmur à medida que o joelho se estende no contato inicial e bem antes da saída do calcanhar. Durante a fase de apoio o calcâneo toca o solo a um ângulo de 25graus, com o tornozelo e os artelhos neutros. E durante a fase de balanço o tornozelo passa de uma flexão plantar de 10 graus para uma dorsiflexão até a posição neutra (MOREIRA E RUSSO, 2004). Kisner (2005), afirma que durante o ciclo da marcha normal, o tornozelo passa por uma ADM de 35º, sendo 15 de dorsiflexão no final no do apoio médio e 20º de flexãoplantar no final do apoio. Durante a marcha humana muitos músculos estão ativos principalmente durante a fase de apoio ou principalmente durante a fase de oscilação. Essa contração por fases define o papel dos músculos na produção da atividade normal da marcha. Contração prolongada ou fora de fase durante a marcha caracteriza alterações do controle motor, como no caso de acidente vascular encefálico ou paralisia cerebral (ROSE e GAMBLE 2007). Com relação às alterações, após uma lesão, O’sullivan (2004), diz que os padrões de marcha de indivíduos com déficits neuromusculares são influenciados principalmente por anormalidades no tônus muscular e na organização sinergista, influências de reflexos primitivos não integrados, influência diminuída das reações de endireitamento e equilíbrio, dissociação diminuída entre as partes do corpo e diminuição da coordenação. 10 Algumas patologias, principalmente as neurológicas, como o AVE, produzem marchas com sérias modificações. As principais causas das alterações são as instalações de deformidade, fraqueza muscular, déficit sensorial ou de controle motor e dor. Cada tipo de lesão levará a um padrão de marcha patológica típica e, assim, o seu conhecimento torna-se muito importante para a eleição do tratamento fisioterapêutico (PERRY, 2005). Sem dúvidas, após uma lesão ou trauma que afete a marcha o tratamento fisioterapêutico promove uma melhora sobre o recrutamento de unidades motoras, o que garante um melhor desempenho no ato motor, dando por melhora na velocidade, destreza e coordenação dos movimentos, além de promover outros benefícios, tais como melhora na amplitude articular e regulação do tônus muscular (CÓPIA; PAVANI, 2003). Com bases nos estudos dos autores pesquisados sobre o tema, no Brasil ainda são poucos os recursos disponíveis nas clínicas de reabilitação para se realizar uma avaliação necessária da marcha com distúrbios neurológicos, para esse fim a maioria dos profissionais contam apenas com suas observações, anotações e experiências. 8- Conclusão A marcha humana é um movimento único, onde necessitamos que o corpo esteja em inteira harmonia entre os sistemas, o nosso corpo é uma verdadeira máquina que necessita está em equilíbrio para nos proporcionar todos os movimentos inclusive a marcha. Quando esse movimento se afasta do padrão da normalidade se torna um evento complexo e dificultoso para os profissionais da reabilitação, deixar a marcha patológica próximo da normalidade sem uma análise minuciosa é um desafio que muitos fisioterapeutas passam no di a dia. Esse artigo teve como foco, a importância da avaliação minuciosa da marcha em pacientes com distúrbios neurológicos, em base nas literaturas estudas posso afirmar que uma ótima avaliação da marcha patológica só se faz através de equipamentos nos laboratórios do movimento. A marcha patológica é complexa, e para ajudarmos um paciente neurológico devemos priorizar e observar detalhadamente algumas situações durante a locomoção, não somente de membros inferiores mais também de membros superiores e troncos. Para obtermos detalhadamente cada fase e cada momento da deambulação com precisão, somente teremos infelizmente com ajuda da tecnologia nos laboratórios especializados, pois eles nos darão mais informações quanto às limitações, e nos ajudará á quantificar sem erros o grau de afastamento da marcha normal, nos oferecendo dados importantes para reabilitar e tratar os distúrbios da locomoção com mais eficiência. 9- Referencia Bibliográfica ABREU, F. M. C.;LOPES, R. Q.; GABRIEL, C.; BARBOSA, W.; DANTAS, E. H. M. Análise quantitativa da marcha no idoso institucionalizado. Fisioterapia Brasil.Vol. 4, n.2, março/abril, p. 92- 95, 2003. ADLER, S. S; BUCK, M; BECKERS, D. PNF: Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. São Paulo: Manole, 2007. 11 ANDRADE LM. Análise de marcha: Protocolo experimental a partir de variáveis cinemáticas e antropométricas. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2002. ANDRÉ, C. Manual de AVC. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. ATAL-CAROD F.J Medición de la calidad de vida em supervivientes de um ictus. Rev Neurol 1999. BARELA, F.M; DUARTE, M. Brazilian Journal Of Motor Behavior, Vol.6 No.1, 56-61- ISSN 1980- 5586, 2011. CAMPOS, MAURICIO DE ARRUDA. Biomecânica da Musculação. Rio de Janeiro: Sprinte, 2000. CÓPIA, R.; PAVANI, C. M. C. M. Tratamento da espasticidade muscular: revisão e estudo das técnicas Rev. Fisioter. Mov. v. 16, n. 13, p.19-28, 2003. DUTTON, MARK. Fisioterapia Ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 1. ed Porto Alegre: Artmed, 2006. EDWARDS, S. Fisioterapia neurológica: uma abordagem centrada na resolução de problemas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. p. 30-40. FALOPPA, F; ALBERTONI,WM; Ortopedia e traumatologia, Manole 2008. HEBERT, SIZÌNIO. Ortopedia e traumatologia: princípios e práticas. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. KAY, Derek; SAINT-CLAIR GIBSON, Alan; MITCHELL, M. J.;LAMBERT, Michael I. & NOAKES, Timothy D. Different neuromuscular recruitment patterns during eccentric, concentric and isometric contractions. Journal of Electromyography and Kinesiology, v. 10, n.6, p. 425-31, 2000. KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 4. ed. São Paulo: Manole, 2005. LEITE, S.C.I e et al. Análise da marcha de um paciente com reconstrução do nervo fibular unilateral, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 16, Nº 159, Agosto de 2011. LIMONGI JCP. Conhecendo melhor a doença de Parkinson: uma abordagem multidisciplinar com orientações práticas para o dia-a-dia. São Paulo: Plexus, 2001. MOREIRA, D.; RUSSO, A. F. Cinesiologia Clínica e Funcional. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. NIGG, B. M., e HERZOG, W. Biomechanics of the muscle-skeletal system. 3rd ed. New Jersey: Wiley. 2007 OLIVEIRA, R. M. C.; ANDRADE, L. A. F. Acidente vascular cerebral. Rev. Bras. Hipertens. v. 8, p. 280-290, 2001. O’SULLIVAN SB, SCHIMITZ TJ. Fisioterapia: Avaliação e Tratamento. 4. ed. São Paulo: Manole, 2004. PERRY, J. Análise de marcha. São Paulo: Manole, 2005. 12 ROSE J, GAMBLE JG. . Marcha humana. Teoria e prática da locomoção 3a ed. São Paulo: Guanabara Koogan, editora Lab; 2007 SAAD M, Tellini GG. Análise Observacional da Marcha. In: Saad M Battistella LR (orgs). Análise de Marcha — Manual do CAMO — SBMFR. Comitê de Análise de Movimentos da Sociedade de Medicina Física e Reabilitação. São Paulo: Lemos, 1997. SCHUSTER, R. C.; SANT, C. R.; DALBOSCO, V. Efeitos da estimulação elétrica funcional (FES) sobre o padrão de marcha de um paciente hemiparético. Acta Fisiatr. v.14, n. 2, p. 82-86, 2007. SEGURA, D. C. A., BRUSCHI, F. A., GOLIN, T. B., GREGOL, F., BIANCHINI, K. M., ROCHA, P. A evolução da marcha através de uma conduta cinesioterapêutica em pacientes hemiparéticos com sequela de ave. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v. 12, n. 1, p. 25-33, jan./abr. 2008. SOUSA, S.P.A: Controle Postural e Marcha Humana: Análise Multifactorial Programa Dotoral em engenharia Biomédica- Faculdade de Engenharia da universidade de Porto, 2010. SOUSA, S.S.D; TAVARES, S.R.M.J; CORREIA, V.M; MENDES, E. Análise Clínica da Marcha Exemplo De Aplicação Em Laboratório De Movimento 2º Encontro Nacional De Biomecânica, Èvora, Portugal, 2007. STOKES, M. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo: Premier, 2000. p. 83-100. TORRIANI PASIN, C; LIN K; ARJONA, M; SILVA PY; LIMA, R.Z. Efeitos Da Dupla Tarefa Na Marcha De Pacientes Hemiparéticos. São Paulo. Science in Health, 2010. UMPHRED, D. A. Reabilitação neurológica. 4. ed. São Paulo: Manole, 2004. WHITTLE, M. (2007). Gait analysis: an introduction (4ª ed.). Ediburgh:Butterworth Heinemann.
Compartilhar