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0 FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS – FAFIUV COLEGIADO DE MATEMÁTICA DIOGO DA SILVA GOMES DE PINHO REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE FUNÇÕES COM VARIÁVEIS COMPLEXAS ATRAVÉS DO DOMÍNIO DE CORES UNIÃO DA VITÓRIA 2011 1 DIOGO DA SILVA GOMES DE PINHO REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE FUNÇÕES COM VARIÁVEIS COMPLEXAS ATRAVÉS DO DOMÍNIO DE CORES Trabalho de conclusão de curso, apresentado como requisito parcial para obtenção de título de Licenciatura Plena em Matemática, pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras – FAFIUV Orientador: Prof. Dr. Simão Nicolau Stelmatchuk UNIÃO DA VITÓRIA 2011 2 AGRADECIMENTOS Agradeço acima de tudo a Deus Supremo e ao Meishu-Sama por terem me guiado e auxiliado na confecção deste trabalho, sei que se não fosse sua luz, não teria conseguido escrever uma página sequer. Agradeço aos colegas da igreja messiânica mundial da cidade de União da Vitoria/PR pelas sessões de Johrei que me auxiliaram a centrar meu corpo e mente para realizar um trabalho mais produtivo. Obviamente devo mais que agradecer ajuda que minha família me deu, não pela presença física, mesmo por que por um longo tempo estivemos ausentes, mas pelo carinho, apoio moral e toda a confiança que depositaram em mim em todo esse tempo. Aos meus amigos Felipe Wisniewski, Laiane Ribicki, Luany Schaefer e Scheila Kielb por toda a ajuda que me deram em todos esses quatro anos, não teria palavras para descrever toda a felicidade que já me proporcionaram. Agradeço também a Aline Araujo, Fernanda Marszaukowski, Gabriel Konkol, Keiti Fiduniv, Kelin Gibinksi e Leia Cardoso pela confiança que depositaram em mim em todo esse tempo, pela amizade, pelas risadas e pela oportunidade de cada dia poder estar com vocês. Obviamente não me esquecerei de Debora Rengel, Dion Ross, Henrique Souza, Juliane Buaski, Luciane Kazmierczak, Robson Gaebler e Simone Kuchisnki por terem contribuído de forma significativa para o meu crescimento pessoal e profissional. E por ultimo, mas não menos importante, devo agradecer aos professores do departamento de matemática da FAFI que me ajudaram imensamente nessa longa caminhada. À Celine Paulek, Celso da Silva, Elizane Appel, Gabriele Granada, Gilson Tumeleiro, Israel Bostelmann, João Alberto Valcanover, Maria Ivete Basniak, Mariele Musial, Michele Veronez, Tatianne Verboski e principalmente ao meu orientador, Simão Stelmatchuk, pela sua paciência e disponibilidade em me ajudar sempre que procurei. A todos os meus sinceros agradecimentos. 3 O Espírito Divino expressou-se sublimemente nesta maravilha da análise, neste portento do mundo das ideias, este anfíbio entre o ser e o não ser, que chamamos de raiz imaginária da unidade negativa. (Leibniz) 4 RESUMO Em muitos cursos universitários e de extensão são estudadas funções com variáveis complexas. Como é de praxe, ao se estudar funções é visto também sua representação gráfica. Como um número complexo pode ser representado por coordenadas em um plano cartesiano, então uma função onde os conjuntos de partida e de chegada são os números complexos, é inviável representarmos da forma convencional tais funções, pois demandaríamos de quatro dimensões, o que foge da compreensão humana da percepção espacial, por isso são utilizados métodos alternativos para tal. Com relação ao processo de ensino/aprendizagem alguns desses métodos acabam sendo inexequíveis, pois gerar tais gráficos é um trabalho muito minucioso e nem sempre há tempo disponível para atentar a tantos detalhes. Neste pensamento que Thaller (2000) propõe uma alternativa de representar graficamente as funções com variáveis complexas, o Domínio de Cores. Nesta, cada ponto do domínio da função recebe uma cor que obedece a uma ordem, esta que chamamos de Mapa de Cores. A partir disso a disposição da imagem da função é gerada Sendo que cada ponto da imagem tem uma cor que se relaciona à disposição inicial do domínio. Para gerar tais gráficos, já que a mão livre pode ser um trabalho um tanto quanto irrealizável, Edvaldo Silva criou o Software F(C): Funções Complexas. O objetivo deste trabalho é mostrar como o domínio de cores pode favorecer o estudo dos gráficos de funções com variáveis complexas. Palavras chaves: Números Complexos, Funções, Domínio de Cores, Software livre. Fonte do resumo: PINHO, Diogo da Silva Gomes. Representação gráfica de funções com variáveis complexas, através do domínio de cores. União da vitória, 2011, 63 f. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura Plena em Matemática). Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras – FAFIUV, União da Vitória, 2011. 5 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Representação geométrica por pares no plano complexo ................. 13 Figura 2: Representação do vetor r, destacando o ângulo .............................. 14 Figura 3: Diagrama de uma função complexa .......................................................... 19 Figura 4: Transformação definida pela função f(z) = z² ............................................. 20 Figura 5: Disposição inicial do Domínio. ................................................................... 21 Figura 6: Disposição final da imagem ...................................................................... 22 Figura 7: Mapa do Plano Complexo ......................................................................... 22 Figura 8: Disposição das cores da função f(z) = -z em relação ao mapa de cores ... 24 Figura 9: Disposição das cores da função f(z) = z² em relação ao mapa de cores .. 25 Figura 10: Esquema de leitura dos gráficos ............................................................. 28 Figura 11: Localização e funcionamento da lupa ..................................................... 29 Figura 12: Tela da ferramenta para gerar vídeos ..................................................... 30 Figura 13: Disposição inicial do Domínio ................................................................. 36 Figura 14: Disposição final da Imagem .................................................................... 36 Figura 15: Atividade de reconhecimento de pontos de acordo com a cor ................ 37 Figura 16: f(z) = z ..................................................................................................... 39 Figura 17: f(z) = -3z .................................................................................................. 40 Figura 18: f(z) = 0,3z ................................................................................................ 41 Figura 19: f(z) = -0,5 .................................................................................................. 41 Figura 20: f(z) = z+2 ................................................................................................. 42 Figura 21: ƒ(z) = -(z1,5)2-0,8 ....................................................................................... 43 Figura 22: ƒ(z) = -(z1,5)-2-0,8 ...................................................................................... 44 Figura 23: ƒ(z) = + ........................................................................................... 45 Figura 24: ƒ(z) = ...................................................................................... 45 Figura 25: ƒ + 1 ......................................................................................... 46 Figura 26: ƒ(z) = – 1 ..............................................................................................46 Figura 27: ƒ(z) = ............................................................................................... 47 Figura 28: ƒ(z) = - 1 ........................................................................................... 47 Figura 29: ƒ(z) = + 1 ......................................................................................... 48 Figura 30: ƒ(z) = +0,5 ................................................................................. 48 Figura 31: f(z) = sen z ............................................................................................. 49 6 Figura 32: f(z) = .................................................................................... 50 Figura 33: ƒ(z) = ....................................................................................... 51 Figura 34: f(z) = sen³ (z) ............................................................................................ 51 Figura 35: f(z) = sen-6(z) ............................................................................................ 52 Figura 36: ƒ(z) =15 sen-5 (z) ................................................................................... 53 Figura 37: ƒ(z) =2 sen5 (z) ......................................................................................... 53 Figura 38: f(z) = 3sen²( ) ................................................................................ 54 Figura 39: f(z) = -2sen-1( )+3 ............................................................................... 54 Figura 40: Comparação entre f(z) = cos (z) com f(z) = sen (z)) ................................. 55 Figura 41: Comparação entre f(z) = sen-6 (z) e f(z) = cos-6 (z) ................................. 55 Figura 42: Comparação entre f(z) = -2 cos-1 z 2,59e f(z) = -2 sen1 z 2,59 ..................... 56 Figura 43: f(z) = tan (z) ............................................................................................. 56 Figura 44: f(z)= 0,3 tan z ........................................................................................... 57 Figura 45: f(z) = tanz2,5 .............................................................................................. 59 Figura 46: f(z) = -tan5 (z) ............................................................................................ 59 Figura 47: f(z) = -tan6(z) ............................................................................................ 59 Figura 48: f(z) = -tan5 (z) -2 ....................................................................................... 60 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Alguns valores de f(z) = z+2 ...................................................................... 16 Tabela 2: Alguns valores de f(z) = ............................................................. 17 Tabela 3: Alguns valores de f(z) = - ............................................................ 17 Tabela 4: Alguns valores de f(z) = sen z .................................................................. 17 Tabela 5: Alguns valores de f(z) = cos z .................................................................. 18 Tabela 6: Alguns valores de f(z) = tan z ................................................................... 18 Tabela 7: Alguns valores de f(z) = -z ........................................................................ 23 Tabela 8: Alguns valores de f(z) = z² ....................................................................... 24 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 2 OS NÚMEROS COMPLEXOS ............................................................................... 11 2.1 HISTÓRIA DOS NÚMEROS COMPLEXOS ..................................................... 11 2.2 O CONCEITO DE NÚMERO COMPLEXO ...................................................... 12 2.3 O NÚMERO COMPLEXO ................................................................................ 12 2.4 COMPLEXO NO PLANO DE ARGAND-GAUSS ............................................. 13 2.5 O COMPLEXO NA FORMA POLAR ................................................................ 13 2.6 OPERAÇÕES COM OS NÚMEROS COMPLEXOS ........................................ 14 2.6.1 Adição .................................................................................................... 14 2.6.2 Subtração .............................................................................................. 15 2.6.3 Multiplicação .......................................................................................... 15 2.6.4 Divisão ................................................................................................... 15 2.7 FUNÇÕES ELEMENTARES ............................................................................ 16 2.7.1 Função Polinomial ................................................................................. 16 2.7.2 Função Exponencial .............................................................................. 16 2.7.3 Funções Trigonométricas ...................................................................... 17 2.7.3.1 Função Seno ............................................................................ 17 2.7.3.2 Função Cosseno ...................................................................... 17 2.7.3.3 Função Tangente ..................................................................... 18 3 O DOMÍNIO DE CORES ........................................................................................ 19 3.1 FUNÇÕES COM VARIÁVEIS COMPLEXAS ................................................... 19 3.2 DOMÍNIO DE CORES ...................................................................................... 21 4 O SOFTWARE F(C): FUNÇÕES COMPLEXAS ................................................... 26 4.1 A IDEALIZAÇÃO DO SOFTWARE .................................................................. 26 4.2 O DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA ..................................................... 27 4.2.1 Desenvolvimento ....................................................................................... 27 4.2.2 Testes ........................................................................................................ 28 4.2.3 Correções .................................................................................................. 28 4.2.4 Versão final ................................................................................................ 30 4.2.5 Distribuição ................................................................................................ 31 8 5 PROPOSTA DE ENSINO....................................................................................... 32 5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 32 5.2 PROBLEMA ..................................................................................................... 32 5.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 32 5.4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 33 5.5 OBJETIVO ....................................................................................................... 34 5.5.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 35 5.5.2 Objetivos Específicos ............................................................................. 35 5.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................ 35 5.6.1 Funções Elementares ............................................................................ 39 5.6.1.2 Polinomial .................................................................................39 5.6.1.2 Exponencial .............................................................................. 44 5.6.1.3 Trigonométricas ........................................................................ 49 5.6.1.3.1 Seno ........................................................................... 49 5.6.1.3.2 Cosseno ...................................................................... 55 5.6.1.3.3 Tangente ..................................................................... 57 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 61 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62 9 1 INTRODUÇÃO Cabe aos estudantes de matemática, não só aos graduandos, ou pós - graduandos, mas a qualquer indivíduo que se ponha a estudar tal disciplina, questionar-se quanto à procedência dos objetos estudados. Como Vygotsky (1989) diz, o papel do aluno é o de sujeito atuante na construção do conhecimento de modo que possa colocar-se em contato com a herança histórica do saber humano. Espera- se que aquele que realmente se dedica a estudar alguma coisa vá a fundo dos conceitos propostos. Apesar de pouca experiência na área da licenciatura, percebo que a falta de interesse no aprofundamento do conhecimento acerca do objeto de estudo, ou mesmo a falta de veemência quando se analisa como os conteúdos matemáticos se relacionam, atrapalham o desenvolvimento do pensamento crítico-matemático do estudante. Vejo como uma boa iniciativa para mudar esta situação a inclusão de algumas perguntas ao conhecermos ou explorarmos um conceito, e as perguntas são “por quê?”, “como?”, “sempre?”, entre outras. Este trabalho é fruto de um desses momentos de indagação ao analisar como conteúdos matemáticos que até então, pelo menos por mim, eram vistos de forma isolada, se relacionam, e tais conteúdos são: funções, geralmente estudadas no primeiro ano do Ensino Médio do ensino regular, e os números complexos, que apesar de figurar nos Parâmetros Curriculares Nacionais como conteúdo estruturante, muitas vezes é deixado de lado, mas que pertence ao programa do terceiro ano do Ensino Médio. O problema inicial era estudar como são representadas graficamente funções com variáveis complexas. Ao avançar no estudo descobri que essa representação gráfica existe, mas só é trabalhada em determinadas áreas da matemática a nível técnico e universitário, mais específico em cursos de bacharelado. Conhecendo essas representações, percebi certa dificuldade para analisar um gráfico da uma função neste estilo. Então meu problema principal se modificou, passando a ser como facilitar a leitura, e até mesmo a confecção de gráficos de funções com variáveis complexas. Durante a pesquisa conheci o “Domínio das Cores”, um método de graficar tais funções. Não é um artifício exatamente novo, porém ele foi pouco explorado até então, creio que pela falta de recursos disponíveis e acessíveis para o estudo. 10 Ao longo deste trabalho apresento este conceito de representação gráfica que de certa maneira facilita a visualização de gráficos do plano complexo ℂ². Além disso, discuto sobre o software “F(C): Funções Complexas” que é a principal base tecnológica que utilizarei para realizar o estudo acerca do Domínio de Cores. E por fim, apresento uma proposta de ensino que visa introduzir o conceito Domínio de Cores e a análise de gráficos de algumas funções de variáveis complexas. 11 2 OS NÚMEROS COMPLEXOS 2.1 HISTÓRIA DOS COMPLEXOS Como Boyer (1996) diz, os números complexos ilustram bem como um conceito matemático pode surgir e demorar a ter aceitação geral da sociedade dos matemáticos. O conceito de número complexo enfrentou muita resistência por parte de vários pesquisadores e estudantes no campo da matemática. Este conjunto numérico começou a aparecer sistematicamente com os algebristas italianos no século XVI, porém os números complexos já foram detectados na historia da matemática por volta de 2.000 a.C em Alexandria por Diofanto (Nahin, 1998). Quando este conjunto surgiu não tinha sido bem definido nem o conceito de número negativo nem o de número irracional. Muito provavelmente ai reside a maior dificuldade em aceitar a existência de um número complexo, pois ele se trata de uma aplicação da multiplicação de números cujo quadrado seja um número negativo, e este ultimo ainda não estava bem definido. Um fato que revela a demora para aceitar o número complexo é que até o século XIX quando Gauss já aceitava a existência de uma interpretação geométrica para os números complexos, ainda era discutido se os números negativos existiam ou não. Durante todo esse processo de reconhecimento muitos matemáticos desenvolveram e discutiram formas de interpretar esse número complexo. Cardano (1501 - 1576) em seu livro Ars Magma (1545), entre outras coisas fala sobre como resolver uma equação do terceiro grau. Um famoso problema dele era de como dividir 10 em duas partes cujo produto é 40. Após alguns estudos percebeu que resolver este problema era o mesmo que resolver a equação do segundo grau x²-10x+40 = 0. Ele descobriu então que estes dois números são: 5+ e 5- . Mais a frente muitos matemáticos, mesmo com receio, utilizavam os números complexos, e tentavam fazer analogia aos números reais. Com a ajuda de Bombelli, René Descartes, D’Alembert e outros, os números complexos tomaram forma e foram descobertas várias aplicações, quase todas no campo da elétrica e mecânica de fluídos. 12 2.2 O CONCEITO DE NÚMERO COMPLEXO Nos livros didáticos de Ensino Médio atualmente apresentam o conceito de número complexo ligado a soluções de equações do segundo grau em que o discriminante da equação é menor do que zero, resultando então na raiz quadrada de um número negativo, o que pode ser facilmente verificada resolvendo uma equação como, por exemplo, a - x²+4x-29 = 0. Da fórmula resolutiva de Báskara temos: , , ou seja, . Simplificando, temos Caso substituamos os dois valores de x na equação proposta, obviamente veremos que ela esta correta. A ideia até então não era mostrar que é possível ter raízes complexas em uma equação e sim tentar entender a relevância de incluir os números complexos no currículo escolar do Ensino Médio. E de fato ao analisarmos mais criticamente percebemos que é sim de extrema importância que os alunos tenham contato com este conjunto numérico, pois ele apresenta uma gama de possibilidades de estudo, pois ele engloba vários conceitos matemáticos. 2.3 O NÚMERO COMPLEXO Chamamos de número complexo, o número z formado pelo par ordenado (a,b), com a e b pertencentes ao conjunto dos números reais, onde z = (a,b) = a + bi, na qual determinamos o marco ℂ que simboliza o conjunto dos números complexos (Ávila, 2000). Como Conway (1978) define, o número complexo z = a + bi possui duas partes, a parte real Re(z) que é determinada pelo número real a e a parte imaginária Im(z) que é determinada pelo real b, sendo então a unidade imaginária i acoplada ao real b, e i²=-1, responsável por indicar a parte imaginária do número. Com isso há três classificações possíveis para os números complexos. 1º) a ≠ 0 e b ≠ 0, logo z = a + bi, então z é um número imaginário. 2º) a = 0 e b ≠ 0, logo z = bi, então z é um número imaginário puro. 3º) a ≠ 0 e b = 0, logo z = a, então z é um real. 13 Esta terceira classificação nos evidencia então que todo número real na verdade é um número complexo, mas a recíproca não é verdadeira.No caso de a = 0 e b = 0, temos que z = 0, então z é um número real também. 2.4 O COMPLEXO NO PLANO DE ARGAND-GAUSS Dado um plano e duas retas r e s perpendiculares entre si, as chamaremos de eixos e as graduaremos. Silva (2005), diz que de maneira análoga que devemos associar cada número real a um ponto da reta real para obtermos a representação gráfica dos números reais, podemos também associar um número complexo z a um ponto em um plano ortogonal, e assim como na representação gráfica de funções no plano dos reais, é possível representar um conjunto de números complexos no plano de Argand-Gauss. Logo, cada ponto do plano representa um único número de ℂ. Um número complexo z dado no plano dos complexos é constituído tal que ele possui duas coordenadas, a e b, correspondentes aos eixos real (x) e imaginário (y) respectivamente. Figura 1: Representação geométrica de z por pares no plano complexo. Fonte: O Autor (2011) 2.5 O COMPLEXO NA FORMA POLAR Consideremos o complexo z = a+bi, representado pela letra P, no plano de Argand-Gauss conforme mostra a figura: 14 Figura 2, Representação do vetor r, destacando o ângulo . Fonte: O Autor (2011) Baseando-nos no módulo e argumento de um vetor, e nos referenciando na figura 2 acima, temos então que sen = , logo b = r sen e cos = , e a = r cos . Então, podemos reescrever as coordenadas do complexo de forma que z = r cos + (r sen )i. Simplificando temos z = r (cos + i sen ), e esta é denominada forma polar de um número complexo, ou forma trigonométrica. 2.6 OPERAÇÕES COM OS NÚMEROS COMPLEXOS. Como pode ser visto em Ferreira (2011) o conjunto dos números complexos é um corpo ordenado completo, por isso podemos dizer que são válidas as operações de adição e multiplicação com os elementos de seus conjuntos. Veremos a seguir como elas (e suas opostas) se relacionam com os números. E em seguida analisaremos outras operações e aplicações em funções. E para isso adotemos z1 = a1+b1i e z2 = a2+b2i com a1, b1, a2, b2 ∊ℝ. 2.6.1 Adição Na adição de números complexos somamos as partes reais e as partes complexas separadamente. Definimos a soma de complexos como z1 + z2 = (a1 + a2) + (b1 + b2)i. Podemos chegar a esse resultado a partir da aplicação de algumas propriedades dos números complexos: z1 + z2 = (a1+b1i) + (a2+b2i). Utilizando a propriedade distributiva temos a1+ b1i + a2 + b2i. Com a comutativa escrevemos então a1 + a2 + b1i + b2i. Utilizando a associativa da adição, (a1 + a2) + (b1i + b2i). E novamente com a distributiva concluímos z1 + z2 = (a1 + a2) + (b1 + b2)i. 15 2.6.2 Subtração Para a subtração o processo é o mesmo feito para a adição. z1 – z2 = (a1+b1i) - (a2+b2i). Tirando dos parênteses e aplicando a distributiva da soma temos: a1+ b1i – a2 – b2i. Agrupando os termos semelhantes conseguimos a1- a3 + b1i - b3i. Logo definimos z1 – z3 = (a1 - a3) + (b1i – b3i) = (a1 - a3) + (b1 - b3)i. 2.6.3 Multiplicação Para a multiplicação dos números complexos utilizaremos a definição i² = -1. z1 z2 = (a1+b1i) (a2+b2i). Através de um processo indutivo podemos chegar à definição como é apresentada em livros didáticos. Começaremos pela propriedade da distribuição da soma pela multiplicação e temos a1a2 + a1b2i + b1ia2 + b1ib2i. Logo a1a2 + a1b2i + b1ia2 + b1b2i². Então como i² = -1, temos a1a2 + a1b2i + a2b1i- b1b2i. Pela associativa temos a1a2 + (a1b2+a2b1)i - b1b2. Com a comutatividade temos a1a2 - b1b2 + (a1b2+a2b1)i. Logo definimos z1 z2 = (a1a2 - b1b2) + (a1b2+a2b1)i. 2.6.4 Divisão Para realizarmos a divisão entre complexos tomaremos um complexo z = a + bi, de forma que = z. Logo z z2 = z1. De onde temos z1 z2 = (aa2 - bb2) + (ab2+a2b)i. Então para z1 temos . Resolvendo o sistema com incógnita em a e b, podemos escrever: a = e b = . Logo a razão determina o complexo z = + i. 16 2.7 FUNÇÕES ELEMENTARES Para as funções a seguir, consideremos o complexo z = a + bi com a, b ∊ℝ de uma função ƒ:ℂ ℂ. Tais fórmulas que seguem podem ser verificadas em Lins Neto (2008). 2.7.1 Função Polinomial Uma função polinomial com variável complexa tem forma geral p(z) = a0 + a1z + a2z 2 + a3z 3 + ... + anz n com n ∊ℕ. A diferença entre a função polinomial com variáveis complexas para a com variáveis reais, é unicamente a variante, pois de resto mantém-se igual. Consideremos a função f(z) = z+2, cujo gráfico será analisado no capítulo 5 deste trabalho. Percebe-se que nesta função para quaisquer valores de z, teremos um correspondente diferente em f(z). Ou seja, não há nenhuma restrição para os valores do domínio de f(z). Tabela 1: Alguns valores de f(z) = z+2 Fonte: O Autor (2011) 2.7.2 Função Exponencial Determinamos uma função exponencial, aplicada a um número complexo z = a+bi, como uma potência de base e expoente um número complexo, por definição: = = (cos b + i sen b). Sendo necessário, utilizaremos uma aproximação de 3 casas decimais. Veremos a seguir duas tabelas, uma para a função . E outra para . z F(z) = z+2 -2-3i 0+3i -1+2i 1+2i 0+0i 2+0i 1-i 3-i 2+2i 4+2i 17 z 0- -0,38+0i – ( 0,62 – 1,648i 0+0i 1,62+ 0i 0 + ( 2,034 + 1,414i + ( 0,62 + 0,606i Tabela 2, Alguns valores de f(z) = . Fonte: O Autor (2011) z 0- 0,38+0i – ( -0,62 + 1,648i 0+0i -0,38- 0i 0 + ( -2,034 - 1,414i + ( -0,62 - 0,606i Tabela 3, Alguns valores de f(z) = - . Fonte: O Autor (2011) 2.7.3 Funções Trigonométricas Para operar as funções trigonométricas com variáveis complexas teremos como base a definição de exponencial complexa. 2.7.3.1 Função Seno A função seno com variável complexa é definida por sen (z) = . z sen (z) + 0 -1+0i - -0,019 – 2,5175i 0 + 0i 0+0i + 0,019 – 2,5175i + 0i 0+0i Tabela 4, Alguns valores de f(z) = sen z Fonte: O Autor (2011) 2.7.3.2 Função Cosseno A função cosseno com variável complexa é definida por cos (z) = . 18 z cos (z) + 0 0-0i - 0,7662 + 0,01547i 0 + 0i 1+0i + -0,7662 + 0,01547i + 0i -1+0i Tabela 5, Alguns valores de f(z) = cos z Fonte: O Autor (2011) 2.7.3.3 Função Tangente A função tangente com variável complexa é definida por tan (z) = . z tan (z) + 0 - -0,017-1,64i 0 + 0i 0+0i + 0,017-1,64i + 0i 0+0i Tabela 6, Alguns valores de f(z) = tan z Fonte: O Autor (2011) 19 3 O DOMÍNIO DE CORES Neste capítulo apresentamos um estudo detalhado da representação gráfica das funções com variáveis complexas. Veremos como essa representação é feita atualmente e em seguida conheceremos um método alternativo para simularmos graficamente uma função complexa, o método do domínio de cores. 3.1 FUNÇÕES COM VARIÁVEIS COMPLEXAS Fernandez & Bernardes Jr. (2008) diz que como um número complexo pode ser representado na forma geométrica através do plano de Argand-Gauss, é possível conseguir uma sequência de pontos representados no mesmo plano. Mas ao transpormos isso ao conceito de função teremos certa dificuldade. Lógico que para funções ƒ ℝ ℝ não temos obstrução, pois um eixo representa o conjunto de partida da função e o outro eixo o conjunto de chegada, logo são indispensáveis apenas duas dimensões, e comisso, o gráfico da função está no plano ℝ . Podemos então adaptar esse conceito de função real para o conjunto de complexos. Dada uma relação ƒ entre dois conjuntos, no caso, dois subconjuntos de ℂ , denominamos de Domínio da relação o conjunto de partida e Contradomínio da relação como o conjunto de chegada (Ferreira, 2011). Temos que através dessa relação ƒ todo elemento de se relacionam uma única vez com um elemento de . Logo, existe um z∊ e um único w ∊ tal que ƒ(z) = w. E assim, todos os elementos w obtidos formam a imagem ( da relação. Figura: 3:Diagrama de uma função complexa. Fonte: O Autor (2011) 20 Mais a frente poderíamos pensar em funções do tipo ƒ ℝ ℂ ou ƒ ℂ ℝ onde necessitaríamos de três dimensões. Porém ao tratarmos de funções do tipo ƒ ℂ ℂ percebemos que não seria tão simples fazer a representação gráfica, já que careceríamos de quatro dimensões, duas para o conjunto de partida e duas para o conjunto de chegada. Também temos que devido às limitações da compreensão humana quanto ao demasiado número de dimensões em um mesmo espaço, não é coerente conceber tal representação. Logo, são feitas adaptações para que seja possível prever tal situação. Segundo Silva (2005) existem várias maneiras de representar uma função com variáveis complexas, tais como criar imagens às curvas no domínio da função, gráficos separados para as partes reais, imaginárias, modulo e argumento, e também conjuntos de níveis (também em separado das partes reais e imaginárias). Atualmente, o mais praticado para representar funções do tipo ƒ ℂ ℂ é através da representação das imagens de curvas que preenchem o plano complexo com base nas transformações lineares. Tomando z = (x+iy) ∊ ℂ e x, y ∊ ℝ, escrever f(x+iy) é equipotente a escrever f(x+iy) = u(x,y) + iv(x,y), com u(x,y) e v(x,y) ∊ ℝ, sendo u a parte real e v a parte imaginária da função f (u,v). Nesta representação devemos justapor dois planos, um que representa o conjunto de partida com o elemento z e outro para o conjunto de chegada, com o elemento w, representando a relação temos algumas curvas e retas. Figura 4:Transformação definida pela função f(z) = z² Fonte: http://www.math.ist.utl.pt/~lmagal/ACCap2.pdf Acessado em: 18 de Junho de 2011 Nesta representação gráfica, a função f(z) = z² é definida no semiplano superior complexo S = {(x,y) ∊ ℂ : y > 0}. http://www.math.ist.utl.pt/~lmagal/ACCap2.pdf 21 O método de representação de curvas nos planos pode apresentar algumas dificuldades para o leitor, já que em uma foto pode ser difícil capturar todas as relações que ocorrem em um mesmo espaço. Por isto, neste trabalho analisaremos uma maneira alternativa de representar o gráfico das funções ƒ ℂ ℂ , é o denominado Domínio das cores. 3.2 DOMÍNIO DE CORES Como vimos graficar uma função ℝ ℝ é perfeitamente viável, pois este tipo de função tem sua representação no plano ℝ . O conceito utilizado pelo Domínio das Cores tenta buscar auxílio na facilidade da forma gráfica de funções reais pra atingirmos nosso objetivo de maneira mais simples. Dada uma distribuição de cores predefinida para o plano complexo, faremos uma relação dessa coloração com o novo ponto obtido através da correspondência dada na relação. Para compreender melhor esse método, trabalharemos com um exemplo bem simples. Determinaremos cores e pontos em um plano, e depois com base na relação dada, obteremos o gráfico que descreverá o comportamento da função. Para este exemplo, tomaremos as cores: vermelha, azul e verde para os pontos (2,0); (0,0) e (0,-3) respectivamente, e para todo o resto branco, exceto para os eixos, que utilizaremos a cor preta, estas duas ultimas que não irão interferir em nada no exemplo. E a função f(z) = z² +(1+i). Figura 5:Disposição inicial do Domínio. Fonte: O Autor (2011) 22 Aplicando os pontos dados na função, temos então: O ponto (2,0) que inicialmente era vermelho, aplicado a função, temos f(2+0i) = (2+0i)² +1+ i = 4 + 2 2 0i + 0i² + 1 +i, logo f(2+0i) = 5+i, portanto o ponto (5,1) será vermelho na representação da imagem. Para o ponto (0,0) que inicialmente era azul, aplicado a função, temos f(0+0i) = (0+0i)² +1+ i = 0 + 2 0 0i + 0i² + 1 +i, logo f(0+0i) = 1+i, portanto o ponto (1,1) será azul na representação da imagem. Para o ponto (0,-3) que inicialmente era verde, aplicado a função, temos f(0- 3i) = (0-3i)² +1+ i = 0² - 2 0 3i + 3i² + 1 +i, logo f(0-3i) = 0 – 0 – 9 +1 + i = -8+i. Portanto o ponto (-8,1) será verde na representação da imagem. Figura 6: Disposição final da imagem. Fonte: O Autor (2011) Logo, para entender o que a função descreveu, só precisamos olhar a cor que os pontos descreviam antes, e quais eles passaram a descrever. Iremos agora aprofundar o estudo a cerca do domínio de cores. Chamaremos de Mapa do Plano Complexo uma distribuição de cores onde cada ponto de um plano cartesiano possui uma cor. A idéia é bem próxima ao que vimos nos exemplo, porém o plano vai ser totalmente coberto. Figura 7: Mapa do Plano Complexo Fonte: O Autor (2011) 23 Outra característica importante a se notar é que a mudança de cor no plano tem dois sentidos, a angular e a linear. Tais cores como estão dispostas são de criação do Thaller (2000), e são as que perduram até o momento. Expliquemos isso de maneira mais detalhada. Como referência temos a origem do plano. O centro (0,0) possui cor preta, e ao redor os pontos vão recebendo outras cores. Uma breve análise nos mostra que no eixo horizontal, no sentido positivo, a cor que representa é a vermelha, e conforme vai mudando o ângulo a cor vai se alterando, passando pelo laranja, amarelo, verde, anil, azul e lilás. Outra diferença perceptível é quanto ao gradiente da cor. Conforme o ponto, em uma mesma linha, se afasta do centro, a cor vai perdendo o seu tônus. Por exemplo, no ponto (0,1) é possível perceber a cor verde em uma tonalidade, já no ponto (0,3) a cor também é verde, porém com uma tonalidade bem menor, e o mesmo acontece com todas as cores. Logo, deduzimos que o valor 0 é sempre representado pelo preto e que quando o número tende ao infinito, a cor tende a ser branca. Exemplificaremos a representação da função f(z) = -z utilizando os argumentos vistos acima. Usaremos a tabela seguinte para nos auxiliar a calcular a imagem dos pontos. z f(z) = -z 0+0i 0–0i 1+2i -1-2i 1+0i 2-2i -1+0i -2+2i -1-i 1+i -2+i 2-i Tabela 7: Alguns valores de f(z) = -z Fonte: O Autor (2011) Para gerar o gráfico da função, fazemos a associação dos números complexos do mapa de cores com a cor correspondente, ou seja, cada número z possui um correspondente w no plano complexo. As duas figuras a seguir serão geradas a partir do software F(C): Funções Complexas, o qual o funcionamento e finalidade serão detalhados no capítulo seguinte. 24 Figura 8:Disposição das cores da função f(z) = -z em relação ao mapa de cores. Fonte: O Autor (2011) Uma das justificativas que evidencia a eficácia da facilidade na representação gráfica através do domínio de cores é que praticamente substituímos o plano ℂ que seria o do conjunto de chegada, por cores. Sabemos que o elemento cor não é um objeto matemático, mas neste caso ele nos ajuda, pois faz a relação que precisamos e não ocupa espaço algum além do necessário, já que cor não tem dimensão. Veremos agora outro exemplo a fim de melhorar o entendimento. Tomemos a função f(z) = z². z f(z) = z² 0+0i 0+0i 1+0i 1+0i 1-i -2i 0-2i -4 -1-i 2i -0,5+i 0,75-2i Tabela 8, Alguns valores de f(z) = z² Fonte: O Autor (2011) 25 Figura 9:Disposição das cores da função f(z) = z² em relação ao mapa de cores. Fonte: O Autor (2011) 26 4 O SOFTWAREF(C): FUNÇÕES COMPLEXAS Até o momento, vimos como o domínio de cores pode facilitar a maneira de representar uma função com variáveis complexas. Mas fica claro que desenhar este gráfico não é uma tarefa que pode ser feita a mão em grande escala. Perderíamos muito tempo e nem sempre teríamos um resultado suficientemente bom. Para tal, utilizaremos um software, o F(C): Funções Complexas. Não nos ateremos a muitos detalhes, como os trabalhos técnicos de programações, analisaremos apenas o seu funcionamento e algumas justificativas. 4.1A IDEALIZAÇÃO DO SOFTWARE O software F(C): Funções Complexas foi desenvolvido pelo pós graduando Edvaldo Lima da Silva e seu orientador Prof. Dr. Aguinaldo Robinson de Souza como trabalho de conclusão de seu mestrado da Faculdade de Ciências, Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência, com o título “Construção e validação de um objeto tecnológico de aprendizagem em matemática para funções de uma variável complexa” no ano de 2005. Segundo o próprio autor em sua dissertação, o que o inspirou para desenvolver o software era a necessidade de ter um objeto matemático mais prático, que auxiliasse a representação gráfica das funções com variáveis complexas. Mais prático, por que já existia, até então, outro software que fazia tal cátedra, o Mathematica® . Porém, este software realiza várias outras funcionalidades, o que por um lado era bom, pois faz os cálculos e permite manipulações algébricas, aritméticas e gráficas utilizando o mesmo princípio, o do domínio de cores. Porém devido ao elevado número de funcionalidades o Mathematica® se torna inviável em uma sala de aula, pois demanda de um conhecimento muito amplo de seu uso. Segundo o próprio autor do software: “Em segundo plano, vislumbramos a facilidade de desenvolvimento de software frente a ambientes de desenvolvimento orientado (Cataldiet al, 2000; Marshall, 2004a e 2004b), a expansão do conceito de software livre e suas principais vantagens: desenvolvimento coletivo e livre distribuição. Assim, iniciamos o desenvolvimento do software F(C): Funções Complexas que propõe como característica a fácil utilização, o tratamento exclusivo de representação de funções, o auxilio a compreensão de conceitos em Análise Complexa e o acesso fácil e livre.” (Silva, dissertação mestrado 2005). 27 O referido software é de fácil utilização, pois suas funcionalidades são bem diretas. É um software gratuito que pode ser baixado através do site http://wwwp.fc.unesp.br/~edvaldo. Para a instalação é necessária uma senha que o próprio autor disponibiliza para os interessados que requisitarem através de um contato via e-mail. 4. 2 O DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA Ainda com base no responsável pelo programa, o processo de desenvolvimento do software passou por algumas etapas (desenvolvimento, testes, sugestões e correções, versão final e distribuição) as quais apresentamos brevemente. 4.2.1 Desenvolvimento Para o seu desenvolvimento, os criadores analisaram basicamente as condições mínimas e necessárias para que o programa pudesse funcionar em qualquer computador e indiferente ao sistema operacional usado, já que para cada, há uma versão diferente. Para a geração e exibição dos gráficos no software, foram utilizadas combinações de RGB (Red, Green e Blue – componentes vermelho, verde e azul) num intervalo de 256 variações para cada componente, e para isso, há um requisito técnico de placas de vídeo e monitores com capacidade de exibição de aproximadamente 16 milhões variações de cores (16 gigabits). O que é comum na grande maioria dos computadores disponíveis em mercado atualmente. Em relação a entrada dos dados, o idealizador do software diz que para otimizar o funcionamento, ele utiliza da proximidade das operações com os números reais para realizar as operações com os complexos, ou seja, dado a entrada numérica o programa ao invés de jogar diretamente nas fórmulas relativas aos números complexos, ele realiza as operações nos números reais e só no final transforma o resultado em um complexo. http://wwwp.fc.unesp.br/~edvaldo 28 4.2.2 Testes Após a criação de sua base, o programa foi posto em teste. De maneira que foi levado a uma turma do curso de Matemática da Faculdade de Ciências da UNESP Bauru, a fim de que os alunos contribuíssem com sugestões para ferramentas novas, interfaces atrativas, e até mesmo aplicar correções. Além disso, esta fase de experimentação foi importante para que houvesse as discussões que iriam até a importância acerca da utilização de softwares na Educação. Os resultados das experimentações estão disponíveis no trabalho de Silva (2005). 4.2.3 Correções A primeira correção feita foi a inclusão do mapa de cores do plano complexo, o qual já foi apresentado no capítulo 2, figura 7, ao gráfico final da função. Em seguida para ajudar na leitura, foi adicionado um localizador que agiliza a localização do valor da imagem no ponto desejado, para tal, basta dar dois cliques onde se pretende descobrir o valor, e em seguida observar a posição do cursor no mapa de cores. A leitura dos gráficos pode ser feita de acordo com o esquema a seguir: Figura 10: Esquema de leitura dos gráficos. Fonte: O Autor (2011) As outras alterações feitas foram a lupa, a inclusão de um painel de transformações lineares e a opção vídeo. A lupa é uma ferramenta opcional que serve para aproximarmos os pixels de algum ponto determinado pela localização do mouse. E essa função é de grande importância, pois em determinadas situações onde há alguma dúvida quanto ao valor, ao invés de ter que gerar outro gráfico mais próximo ao ponto desejado, basta utilizar essa ferramenta de visualização. 29 Segundo o autor do software, o tópico de transformações lineares é importante, pois, além deste ser um conteúdo importante de estudo, ele pode gerar cálculos instantâneos e visualizar algumas restrições no domínio. Porém esta função não é tão simples de trabalhar. Até o momento da escrita deste capítulo, não conseguimos compreender como ele funciona e quais são os comandos necessários para tais interpretações possíveis. Figura 11: Localização e funcionamento da lupa Fonte: O Autor (2011) A outra ferramenta disponível é a geração de vídeos. Juntar vários gráficos em um vídeo também se mostrou bastante pertinente. É possível selecionar o tipo de função, o coeficiente que irá variar e o intervalo de variação. Então uma sequência de imagens é criada e salva de maneira que é formado um vídeo em formato AVI, podendo ser salvo em outros formatos. 30 Figura 12: tela da ferramenta para gerar vídeos. Fonte: O Autor (2011) 4.2.4 Versão final De acordo com Silva (2005), a versão final do software conta com: a) 12 tipos diferentes de funções, personalizáveis com até 4 coeficientes decimais em cada uma delas; b) Geração de Animações em Vídeo com todos os tipos de funções disponíveis,com escolha de coeficientes a variar, número de quadros por segundos (FPS) e incremento; c) Exibição opcional de Eixos, Grade e Escala no gráfico e no Mapa do Plano Complexos; d) Customização do tamanho dos gráficos e do Mapa do Plano Complexo, bem como as escalas utilizadas; e) Alteração entre tipos de coordenadas utilizadas (Polar ou Retangular); f) Janela e Ferramentas de Transformações Lineares; g) 3 tipos diferentes de mapas de cores; h) Ajuda documentada; i) Salvamento de gráfico para arquivo; j) Arquivo de instalação com tamanho menor que 1 MB. 31 4.2.5 Distribuição Como já foi dito anteriormente, este é um software gratuito, e seu instalador se encontra no site http://wwwp.fc.unesp.br/~edvaldo, porém requer uma senha que o desenvolvedor do software disponibiliza quando requisitada por e-mail.http://wwwp.fc.unesp.br/~edvaldo 32 5 PROPOSTA DE ENSINO 5.1 INTRODUÇÃO Em várias universidades no curso de Matemática ou áreas afins da engenharia é estudado a disciplina de variáveis complexas, que envolve conteúdos referentes aos números complexos. Estes são (ou deveriam ser) estudados pela primeira vez no terceiro ano do Ensino Médio. O curso de variáveis complexas envolve vários conteúdos aprofundados neste conjunto numérico. Baseado no conteúdo programático e na ementa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) do curso de Matemática que está disponível em: <http://www.mat.ufmg.br/disciplinas/ementas/MAT118.html> é possível perceber que para o curso, é muito importante que os alunos compreendam bem o conceito de função com variáveis complexas, como é de praxe ao se estudar funções, é importante e essencial sabermos representar graficamente para analisarmos o comportamento das mesmas. 5.2 PROBLEMA Como já vimos anteriormente, não é possível graficar funções no espaço ℂ ², pela incapacidade de concebermos a demasiada quantidade de dimensões necessárias. Logo no processo de ensino/aprendizagem precisamos de alguns fatores simplificadores e métodos alternativos para o conteúdo de funções com variáveis complexas eles são empregados para auxiliar a desenhar estes gráficos. 5.3 JUSTIFICATIVA No capítulo 2 deste trabalho apresentamos e falamos acerca de como o domínio de cores pode auxiliar um estudante e/ou o professor no conteúdo de funções com variáveis complexas. É obvio que este tipo de função é mais intricado do que funções com variáveis reais, pois envolvem números com o conceito mais amplo, tomamos então, um conjunto numérico maior. 33 Para atingir o objetivo principal de um estudante, que é, ou deveria ser, obter o conhecimento pleno é necessário que ele entenda bem a ideia. Para o professor nem sempre é possível simplificar um conteúdo, de forma que todos compreendam perfeitamente a mensagem repassada, pois depende muito também do objeto a ser estudado, mas cabe ao professor conduzir o conteúdo de forma clara e acessível a todos. Transpondo este papel do professor à situação que analisamos, é que vamos aplicar o Domínio de Cores. 5.4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Como já visto anteriormente, o domínio de cores auxilia a representação gráfica de funções com variáveis complexas pela facilidade em representarmos as funções no plano ℝ . Para o estudo de funções de uma variável complexa, baseamo-nos em estudos já realizados com representações gráficas de funções de uma variável complexa e a utilização de cores como atributos relevantes ao gráfico da função. Needham (2000) apud Silva (2005) e Thaller (2000) são dois autores que embasam, em parte e indiretamente, a necessidade de trabalharmos de maneira mais próxima àquela que nos facilita a compreensão e utilizações de funções de variáveis complexas, já que essas têm utilidade direta em vários campos de diversas áreas. Porém, como estas situações não são de utilização habitual, então não são sempre vistas, e quando são, descrevem situações que por si só, já são mais intricadas, e por isso há essa necessidade de facilitar a linguagem. Needham (2000) (apud Silva (2005)) examina a atual linguagem lógica, que tem sido puramente simbólica, na argumentação de situações acessíveis para explicar as coerências da Análise Complexas elementar. Entre vários fatores, podemos destacar que o interesse pela própria geometria auxilia, pois mais que apenas simbólica, ela traz recursos visuais e argumentativos que embasam o estudo de objetos matemáticos. E nessa parte a utilização de computadores contribui de forma expressiva, já que em vários casos programas como, por exemplo, o Geogebra pode desenhar mais rapidamente e de maneira precisa tais objetos, facilitando o raciocínio geométrico. Um dos campos onde usamos a análise complexa é a Mecânica Quântica. Thaller (2000) enfatiza que ela governa o comportamento da natureza num nível 34 fundamental e que o computador, mais uma vez é essencial no processo de aprofundamento no assunto, pois ele permite a visualização de fenômenos estranhos muito longe do nosso alcance cotidiano. Uma maneira de tornar esses conteúdos mais compreensíveis é através de animações geradas por computadores. Esse é um dos pontos-chaves do autor, pois ele vê que tais fenômenos podem ser descritos em termos de funções de uma variável complexa. Ambos os autores se preocupam também com questões relacionadas à Análise Complexa, que é o tema geral deste trabalho. É descrito por eles que um número complexo é escrito como um par de números reais, como já vimos no capítulo 1. Isto gera a preocupação sobre a forma de representar, analiticamente, outros fatores complexos, como por exemplo, as funções, que devem possuir no mínimo quatro variáveis reais. Por Silva (2005) A palavra analítica significa expansível em uma série de potências convergente, que no caso complexo, acaba de realizar todas as funções diferenciáveis. Tais variáveis, normalmente são associadas a dimensões, o que nos faz retomar ao problema já discutido no capítulo 2, que nos diz que representar graficamente uma função com variáveis complexas, acaba sendo inviável. Este problema foi parcialmente resolvido, já que atualmente temos uma representação gráfica para tais funções com variáveis complexas, como visto no capítulo 2. Apresentaremos aqui alguns gráficos de funções com uma variável complexa, utilizando o software “F(C): Funções Complexas”. Destacaremos algumas características das situações apresentadas, tais podem ser verificadas algebricamente. Trataremos de três tipos de funções: polinomiais, trigonométricas (com suas variações em Seno, Cosseno e Tangente) e exponenciais, tomando alguns exemplos de cada, apenas com o intuito de conhecer. O software tem mais funções que podem ser trabalhadas, mas refinaremos as funções para não nos prolongarmos e direcionarmos o estudo ao ponto realmente necessário. 5.5 OBJETIVO Como objetivo principal desta proposta temos claro que se pretende mudar a maneira como os gráficos das referentes funções são ensinados, para que de fato o entendimento do assunto seja mais amplo. 35 5.5.1 Objetivo Geral Facilitar o entendimento e a manipulação de gráficos com variáveis complexas através do Domínio de Cores. 5.5.2 Objetivos Específicos Conhecer o Domínio de Cores e suas características; Gerar gráficos de funções elementares através do software F(C): funções Complexas; Analisar o comportamento dos pontos da função no gráfico; Reconhecer algumas propriedades das funções. 5.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para tal plano é necessário que os alunos já tenham o conhecimento prévio acerca das operações com os números complexos, como a adição, subtração, multiplicação e divisão, além das representações polares e geométricas. E lógico que como conhecimento adquirido no Ensino Médio, os alunos devem reconhecer e trabalhar com funções de um modo geral. O presente plano vai tratar da introdução do domínio de cores como método alternativo de representação gráfica das funções com variáveis complexas, e ainda da análise de algumas funções. Primeiro o professor deve mostrar aos alunos como funciona o domínio de cores. Para isso, ele deve falar sobre a ideia inicial da metodologia, que resume-se a atribuir cores a pontos do domínio e depois de aplicar a relação à um número complexo, a imagem terá uma cor que é a determinada pela disposição inicial. A coloração inicial dos pontos é chamada de Mapa do Plano Complexo, que foi apresentado na figura 7 deste trabalho, e a final é a disposição final da imagem da função. É de extrema importância que o professor destaque as características dos pontos A fim de exemplificar como trabalhar com o Domínio de cores o professor deve utilizaro exemplo dado neste trabalho, a qual relaciona apenas alguns pontos a cores e depois de haver a transformação implicará em outra disposição de pontos coloridos. Tal exemplo pode ser encontrado nas páginas 21 e 22 deste trabalho, e as figuras são apresentadas a seguir. 36 Figura 13: Disposição inicial do Domínio Fonte: O Autor (2011) Após definida a cor dos pontos, os valores são aplicados à função, neste caso na função f(z) = z² + (1+i). Figura 14: Disposição final da Imagem Fonte: O Autor (2011) Os três pontos propostos podem ser insuficientes para que todos os alunos compreendam o processo, então o professor deve julgar e se necessário sugerir outros pontos e pedir que os alunos encontrem os seus correspondentes no plano da imagem da função. Para esta atividade que pode ser realizada na própria sala de aula o professor deve disponibilizar, ou pedir que os alunos levem consigo uma folha quadriculada e que nela representem o plano cartesiano, além disso, é importante que os alunos tenham alguns lápis de cores diferentes. 37 Este exemplo é bem simples e eficaz para mostrar como o os pontos se comportam na imagem da função. Ou seja, só de olhar a representação final dos pontos, os alunos podem analisar, por exemplo, que o ponto (1,1) que representa o complexo 1+i tem como valor correspondente o complexo 0+0i que inicialmente assumia o valor azul. Na segunda atividade, eles farão o processo contrário. Será apresentado o mapa criado por Thaller (2000) como base fundamental do domínio de cores, e em seguida eles terão que identificar quais são os valores numéricos aproximados que correspondem às cores. Figura 15: Atividade de reconhecimento de pontos de acordo com a cor Fonte: O Autor (2011) Com a ideia desta representação bem fixa, o professor vai poder utilizar o software F(C): Funções Complexas para gerar mais rapidamente as funções desejadas. Para isso, ele apresentará à turma o software como um facilitador para gerar tais gráficos, e salientará que este é apenas uma ferramenta, e que existem outros softwares, como o Mathematica®, mas que este demanda de muito tempo para o reconhecimento das funcionalidades, enquanto o F(C): Funções Complexas é mais simples e atende igualmente as necessidades para gráficos de funções com variáveis complexas. Por ser o primeiro contato que os alunos terão com o software o professor irá mostrar a todos os alunos como utilizar o software, as telas iniciais, os procedimentos para a instalação, estes que estão descritos no capítulo 3 deste trabalho. O principal e essencial é que os alunos entendam como fazer as alterações nos parâmetros A, B, C e D. No primeiro momento o importante é que os alunos apenas observem os gráficos. Então o professor questiona a eles se alterando os 38 quatro parâmetros, separadamente ou de maneira combinada, alteram o gráfico da função. Em seguida, como exercício, o professor pode pedir aos alunos para que, arbitrariamente, escolham valores para A, B, C e D, formando então uma função, e em seguida, manualmente, que apliquem os pontos (1,0), (0,0) e (0,1) na função encontrada. Após isso, os alunos devem plotar a função no software e verificar se os valores encontrados correspondem aos encontrados pelo gráfico. Inicialmente o professor deverá utilizar a área de plotagem com 300 pixels de altura e largura, o que vai apresentar um resultado mais restrito. Mas ao alterar a área de plotagem, mais valores serão mostrados na figura. Como tarefa de observação, o professor pode definir uma função e pedir aos alunos para que ampliem a área de plotagem para 900 pixels de altura e largura, e que percebam a diferença na imagem. Após isso, os alunos já estarão mais familiarizados com o programa e poderão dar outro enfoque que não apenas o software, pois como já dito, ele é apenas uma ferramenta para auxiliar a representar graficamente as funções. Então a partir daí o professor pode voltar-se ao estudo da função e analisar se tem e quais são os pontos que representam as raízes da equação, o que pontos com cores iguais representam, se a função possui algum valor não definido e por quê. E assim por diante, dependendo exclusivamente de o quão a fundo o professor deseja ir ao tema. Para trabalhar mais diretamente com as funções, e isso deve ser feito de maneira separada, analisando cada função de uma vez, começando pela polinomial, em seguida pela exponencial e por ultimo as trigonométricas, o professor pode pedir aos alunos que, da maneira que eles acharem mais conveniente, alterem os coeficientes A, B, C e D, e por fim sempre gerando o gráfico e que façam anotações. O intuito desta atividade é que eles percebam que cada coeficiente influencia a função de uma maneira diferente. Ao fim da análise com cada tipo de função, os alunos terão que fazer um relatório sobre as mudanças e as características das funções que eles mesmos criaram, além da influencia de cada parâmetro na representação gráfica das funções. Espera-se que os alunos cheguem próximo as análises apresentadas a seguir.. Dado o número complexo z, consideraremos as funções ƒ: ℂ ℂ , z = a + bi, a e b ∊ ℝ ou z = r ( ), com r ∊ ℝ e 0 < < 2 . 39 5.6.1 Funções Elementares 5.6.1.2 Polinomial Como função elementar tomaremos a função polinomial: f(z) =A*((z^B)^C)+D Primeiramente, observemos A = 1 e B = C = 1 e D = 0, temos a função ƒ(z) = z. Figura 16: f(z) = z Fonte: O Autor (2011) A figura 16 representa a função do caso geral e acima dela faremos alterações a fim de analisar qual a influencia de cada coeficiente no gráfico da função. O coeficiente A faz o papel de multiplicador. Com sua variação, teríamos o afastamento ou aproximação dos valores que correspondem os complexos dados. A>1 e B = C = 1 e D = 0, f(z) = Az, A > 1. Neste caso a disposição dos valores seriam semelhantes, porém a região próxima ao zero da função teria uma área menor, ou seja, a região dos valores que tendem zero, seria menor, e consequentemente todos os valores seguintes estariam mais afastados da cor preta, ou seja, quanto mais o número estiver afastado do centro, mais clara seria a tonalidade da cor correspondente. A<1 e B = C = 1 e D = 0, f(z) = Az, A < 1. 40 A figura 17 ilustra a função com o coeficiente A = -3, B = C = 1 e D = 0. Temos uma inversão na disposição das cores em relação ao quadrante em que estão dispostos, é como se a representação gráfica fosse girada em 180º, os valores do primeiro quadrante estariam (na mesma ordem de cor e tonalidades) no terceiro, e vice-versa. Igualmente acontece com o segundo e o quarto quadrante. Além disso, para f(z) = -3z temos que o gradiente das cores se enfraquece mais rapidamente quando andamos no sentido radial. Figura 17: f(z) = -3z Fonte: O Autor (2011) 0 < A < 1, B = C = 1 e D = 0, f(z) = Az, 0 < A <1 A figura 18 ilustra a função com o coeficiente A = 0,3, B = C = 1 e D = 0 Nesta representação teremos a visualização ampliada do centro da representação, ou seja, a área em torno da origem possui tonalidades mais fortes, e isto é influência do coeficiente A=0,3. 41 Figura 18: f(z) = 0,3z Fonte: O Autor (2011) A = 0, B = C = 1 e D = n, f(z) = n Obviamente teríamos como referência o coeficiente D, que representa o eixo dos números reais, assim o gráfico seria de apenas uma cor, anil, preta ou vermelha, podendo variar em sua tonalidade dependendo do número. Figura 19, f(z) = -0,5 Fonte: O Autor (2011) No caso desta função f(z) = (A*((z^B)^C)+D), os coeficientes B e C representam o grau da função, e eles vão determinar a quantidades de “zeros” que a função vai possuir, neste caso, quantas regiões com um ponto preto teríamos e qual o seu tamanho. 42 E o coeficiente D determina o deslocamento dos valores.Se D for negativo o deslocamento será à direita, e se positivo, o deslocamento será à esquerda, como veremos na figura a seguir. A = B = C = 1 e D = 2, ƒ(z) = z+2. Pela tabela 1, é possível verificar alguns pontos desta representação. Figura 20: f(z) = z+2 Fonte: O Autor (2011) Neste caso o número complexo que se aproxima do ponto 0i-2 sobre o eixo (z) á direita possui sua parte real positiva e horizontalmente próximos ao correspondente de 0i+1 no domínio da função. Conforme este número vai se afastando à direita vai perdendo a tonalidade. O mesmo acontece com o lado esquerdo. Que quanto mais próximo ao novo zero da função, mais forte é a cor e quanto mais afastado menos tônus recebe. A = -1; B = 1,5; C = 2 e D = -0,8; ƒ(z) = -(z1,5)2-0,8. Vindo da propriedade de potenciação vemos que esta passa a ser uma função do 3º grau, ou seja, com três valores correspondentes ao zero complexo da função. O coeficiente D = -0,8 fez com que os zeros da função fossem diferentes do número complexo nulo. É isto que observamos dado que os zeros sempre são representados por pontos pretos. Como se pode observar temos as cores repetidas três vezes, seguindo a mesma sequência. E isso se relaciona ao fato de os números próximos aos zeros reais se comportam de maneira semelhante. É possível 43 perceber também que quanto mais afastado da origem menos tônus as cores têm, o que mostra que os complexos tendem a valores muito maiores ao que estamos utilizando para representar. Figura 21: ƒ(z) = -(z 1,5 ) 2 -0,8 Fonte: O Autor (2011) Ainda como variação do anterior, podemos utilizar os mesmo valores para os parâmetros A, C e D, e apenas alteramos o B para -1,5, logo: A = -1; B = -1,5; C = 2 e D = -0,8; ƒ(z)= -(z-1,5)2-0,8 Aqui, temos outro conceito matemático aplicado, o de potência com expoente menor do que zero. Resultando num gráfico com as mesmas características do anterior, porém os valores cada vez mais distantes do centro do gráfico não tendem mais ao infinito, e sim ao complexo referente à cor representado no coeficiente D. Enquanto os pontos ao arredor da origem tendem ao infinito, e os próximos aos zeros da função, agora estão voltados ao centro enquanto outrora estavam exteriores. 44 Figura 22, ƒ(z) = -(z 1,5 )- 2 -0,8 Fonte: O Autor (2011) 5.6.1.2 Exponencial Tomaremos agora a função: f(z) =A*exp(z^B)^C)+D A = B = C = 1 e D = 0,62. ƒ(z) = . Na figura 23, representamos tal função. É possível perceber a predominância da cor marrom no lado esquerdo. Mais detalhes e especificações estão nas tabelas 2 e 3. A segunda tabela, e a figura 24 mostra a diferença dos valores, quando trocamos apenas o sinal do coeficiente A e D,ƒ(z) = . Além disso, podemos perceber a tendência em repetir as cores ao longo do eixo , esta tendência é fácil de ser notada, mas fica mais evidente quando há uma resolução da tela do software maior do que a padrão.Há também, outros aspectos que podem ser analisados, mas que não são de grande relevância no momento. 45 Figura 23: ƒ(z) = + Fonte: O Autor (2011) Figura 24: ƒ(z) = Fonte: O Autor (2011) Essa tendência acontece de forma comparável quando mudamos o parâmetro B, e não o C. Eles vão determinar dois tipos diferentes de função. Alterando o parâmetro C, e mantendo o B em 1, por quaisquer que seja o valor de A e D, dividirá a representação gráfica em duas partes, como se houvesse uma reta vertical, com constantes repetições de valores ao longo dessa “reta”. A = B = 1, C >1, D = m, f(z) = + m, n > 1 e m qualquer. 46 O lado esquerdo da reta (essa tal que é determinada pelo valor de A, sendo A ≠ 0) estará com a cor determinada por D, porém, para o outro lado não temos como representar com uma cor, pois teríamos cada vez um número maior, ou seja, ele tende ao infinito positivo, por isso a cor branca, e para as figuras 25 e 26 a seguir, tomaremos D = 1 e D = -1 respectivamente. Caso C seja negativo, se inverte a posição das cores. Figura 25: + 1 Fonte: O Autor (2011) Figura 26: ƒ(z) = – 1 Fonte: O Autor (2011) 47 Já o parâmetro B vai diferenciar o gráfico de uma maneira totalmente diferente. Primeiro, ele deverá ser limitado inferiormente, neste caso, o B não poderá assumir valores negativos, nem ser nulo e segundo o software, ele será limitado superiormente por , essa limitação se dá devida a capacidade do software que fica restrita a cálculos com este valor, e isso irá refletir na quantidade de zeros e regiões que os valores tendem ao infinito. Nas figuras 27, 28 e 29 a seguir, notaremos que podemos fazer variações com valores bem pequenos e ainda assim eles resultariam em uma significante mudança no gráfico. Na figura 27: ƒ(z) = Fonte: O Autor (2011) Na figura 28: ƒ(z) = - 1. Fonte: O Autor (2011) 48 Na figura 29: ƒ(z) = + 1. Fonte: O Autor (2011) Como sabemos é possível fazer infinitas combinações de valores nos parâmetros. Então no próximo gráfico, veremos uma função exponencial, nos moldes que já foram apresentados, porém, estas foram as mais simples, poderíamos nos aprofundar no tema, analisando a figura 30, mas deixaremos a cargo dos interessados analisar as situações e influências dos parâmetros. Figura 30; ƒ(z) = +0,5 Fonte: O Autor (2011) 49 5.6.1.3 Trigonométricas Estudaremos as principais funções trigonométricas separadamente. Teremos uma parte que abordará a função seno, a segunda, a função cosseno e por ultimo a função tangente, tendo como base as funções trigonométricas com variáveis complexas analisadas no capítulo 1. 5.6.1.3.1 Seno Como função seno, escolheremos: f(z)= A*sen^C(z^B)+D Figura 31: f(z) = sen z Fonte: O Autor (2011) (2011) A = B = C = 1 e D = 0, f(z) = sen z. O gráfico desta função apresenta uma repetição de padrões de cores ao longo do eixo real. A cada intervalo no eixo real, também é verificada um ponto preto, que descrevem as raízes da função. Fazendo uma analogia rápida ao gráfico da função seno com variáveis reais, percebemos uma similaridade com o gráfico dos complexos pelo domínio de cores, e esta é a periodicidade e a “ondulação” de valores.A tabela 4 mostra alguns valores para esta função. Vamos agora analisar o coeficiente C, com sua variação ele vai determinar duas situações: 50 1) Onde serão (ou mesmo se terá) os locais que representam os zeros da função. 2) Quantas vezes os outros valores (a não ser o zero) vão se repetir dentro de um período P da função. A = B = 1, D = 0 e C = n, 0 < n < 1, ou -1 < n < 0, f(z) = z. Estes casos vão gerar mudanças nos dois lados separados pelo eixo Im (z). Do lado esquerdo, haverá uma linha imaginária, paralela ao eixo Im (z) que passa pelo ponto (-1,56 , 0) que divide os quadrantes em graduações de tons em verde e azul, porém eles são diferentes da representação inicial, de forma mais linear. E do lado direito, não haverá mudança na forma em si, apenas que a região avermelhada será maior, quanto mais próxima de 1. Figura 32: f(z) = Fonte: O Autor (2011) 51 Figura 33: ƒ(z) = Fonte: O Autor (2011) A = B = 1, D = 0 e C = n, n > 1, f(z) = z Irá acontecer uma das situações previstas anteriormente, haverá um acumulo de valores (cores) próximos á porção escura que determina as raízes, como vemos na figura 34, a quantidade de repetições é de acordo com o próprio C. Figura 34: f(z) = sen³ (z) Fonte: O Autor (2011) A = B = 1, D = 0 e C = n, n < 1, f(z) = z 52 Teremos então, a situação descrita em 1), a maior parte do gráfico estará em preto, e o que antes seria a raiz, passará a ser a região onde os valorestendem ao infinito. Por exemplo, se o valor de C for -6, a região que possui ondulação com cores, estará entre -1 e 1, e a quantidade de vezes que os mesmos valores repetirão serão em módulo, o mesmo valor de C, onde o interior, de cada período, será branco, e todo o espaço além, preto, vide figura 35. Figura 35: f(z) = sen -6 (z) Fonte: O Autor (2011) Para o parâmetro A, perceberemos que ele vai alterar o período da função e a cor da região que fica entre os intervalos por período. Novamente, duas situações podem acontecer, porém desta vez, não vai depender apenas de um parâmetro. As mudanças em A, dependem também dos valores de C. Esse intervalo vai aumentando, até o momento em que não haverá mais pontos em comum, ou seja: 1) A intersecção dos intervalos seja a união de todo o espaço interno entre eles. Como pode ser visto na figura 36. 2) A intersecção dos intervalos seja nula, exemplificada na figura 37. 53 Figura 36: ƒ(z) =15 sen -5 (z) Fonte: O Autor (2011) Figura 37: ƒ(z) =2 sen 5 (z) Fonte: O Autor (2011) Com as mudanças no parâmetro B alteram-se a quantidades de zeros, teremos o aumento, quando a variação de B for crescente, ou diminuição, quando for decrescente, assim como a inclinação da reta que possui esses zeros alinhados. Assim, B será restrito, limitado pelo intervalo 0 < B < 4,555 aproximadamente, esta restrição se dá pelo mesmo motivo mencionado quando analisamos a função exponencial, restrições nos cálculos efetuados pelo software. 54 O parâmetro D vai influenciar na amplitude e no deslocamento dos zeros da função em relação aos eixos. Assim como a cor que predominará pelo gráfico, sendo esta azul ou vermelha, por representarem os valores sobre o eixo dos reais e em qual par de quadrantes eles estarão: 1º e 4º ou 2º e 3º. Figura 38: f(z) = 3sen²( ) Fonte: O Autor (2011) Figura 39: f(z) = -2sen -1 ( )+3 Fonte: O Autor (2011) 55 5.6.1.3.2 Cosseno A função cosseno possui as características semelhantes as da função seno. E assim como no plano dos reais, nos complexos a diferença entre elas é só uma questão de visualização e correlação entre os pontos. Analisaremos a função f(z) = A*cos^C(z^B)+D e pontuaremos a diferença entre alguns gráficos já apresentados do seno para a do cosseno. Figura 40: Comparação entre f(z) = cos (z) com f(z) = sen (z) Fonte: O Autor (2011) É como se o gráfico fosse o mesmo, mas tivesse sido deslocado para o lado. Figura 41: Comparação entre f(z) = sen -6 (z) e f(z) = cos -6 (z) Fonte: O Autor (2011) 56 Figura 42: Comparação entre f(z) = -2 cos -1 z 2,59 e f(z) = -2 sen 1 z 2,59 Fonte: O Autor (2011) 5.6.1.3.3 Tangente Consideremos a função f(z) = A*tan^C(z^B)+D A = B = C = 1 e D = 0 Figura 43: f(z) = tan (z) Fonte: O Autor (2011) 57 O gráfico da função tangente apresenta repetições, inclusive de porções escuras, ao longo do eixo real. Para o primeiro e segundo quadrantes, bem como para o terceiro e quarto, é visível uma tendência a uma cor específica do Mapa na figura 40. Valores da relação podem ser vistos na Tabela 5. Analisaremos primeiro as variações no parâmetro A. Ele irá determinar a proximidade do gráfico com seus valores. A = n, B = C = 1 e D = 0, 0 < n < 1, f(z) = n tanz Nesta situação teremos uma aproximação dos valores do gráfico, ou seja, ele permanece com a mesma aparência, porém com as cores um tom mais escuro, ou seja, como se estivessem mais próximas do zero da função. Na figura a seguir teremos A = 0,3, B = C = 1 e D = 0, f(z) = 0,3tanz Figura 44: f(z)= 0,3 tan z Fonte: O Autor (2011) Caso A seja um valor negativo, inverteríamos as cores do 1º e 2º quadrantes com as do 3º e 4º respectivamente. Para os outros parâmetros B, C e D, a tangente possui características bem diferentes às apresentadas para as funções seno e cosseno, a diferença está basicamente nas regiões que nas outras duas funções são determinadas por não tenderem a um valor específico a não ser o zero. Na tangente essas regiões, terão um valor correspondente específico. 58 Na figura 45 abaixo, temos a função com a variação em B. Logo percebemos a diferença na representação gráfica, pela divisão do espaço em “B” espaços iguais. Lembrando que o valor de B continua sendo restrito no caso, 0 < B < 4,555. Figura 45, f(z) = tanz 2,5. Fonte: O Autor (2011) Para a variação do parâmetro C teremos periodicamente a mudança na representação da função, e isso com base em dois tipos predefinidos. Digamos que teremos semelhanças para toda representação definida por n ∊ ℤ* tal que a primeira vai ser 4n e a outra 4n+1, o que muda na representação dentro desses intervalos é que a amplitude da imagem vai aumentando. Percebemos que intercalado às regiões que representam os zeros da função, há regiões que não tem valores determinados para a tangente, e estão representados em branco. 59 Figura 46: f(z) = -tan 5 (z) Fonte: O Autor (2011) Figura 47: f(z) = -tan 6 (z) Fonte: O Autor (2011) E no parâmetro D, como vimos e confirmamos, ele está alterando/ampliando a distância entre as raízes e a amplitude da imagem. A coloração ao longo dos quadrantes vai ser determinada pelo “sinal” de D. Caso seja positivo, predominará as cores amarela, vermelha e laranja. Caso negativo, azul, anil e verde. 60 Figura 48: f(z) = -tan 5 (z) -2 Fonte: O Autor (2011) Estas foram algumas análises dentre as várias possíveis ao trabalharmos com determinadas funções disponíveis no software. É lógico que conforme forem alterando mais parâmetros ao mesmo tempo, diferentes serão os resultados obtidos, ampliando e de certa forma dificultando a análise dos gráficos, ficando a cargo do professor julgar qual o nível de dificuldade pertinente ao momento de estudo. 61 6 CONCLUSÃO Ao longo de todo o tempo de pesquisa sobre os conceitos envolvidos neste trabalho, com certeza tive muitas dúvidas, algumas provenientes da falta de informações disponíveis para pesquisa, outras oriundas da própria deficiência de conhecimentos prévios acerca do conteúdo estudado. Porém ao avançar o estudo foi possível perceber que por mais complicado, ou distante da realidade do indivíduo for o objeto a ser estudado, é necessário e suficiente dedicação e entrega pessoal integral, visando sempre o objetivo envolvido ao estudar. Este projeto teve como foco compreender como o Domínio de Cores pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem de funções com variáveis complexas. Podemos concluir que este método alternativo pode sim ser utilizado tanto nas aulas dos cursos de variáveis complexas quanto no estudo individual para análise das situações descritas nas funções e o software F(C): Funções Complexas contribui expressivamente para o sucesso na análise. Infelizmente o software ainda é um pouco restrito, pois trabalha apenas com algumas funções pré-determinadas, então dependendo do enfoque a ser dado no estudo, ele pode não contribuir da forma desejada, mas com certeza é uma ferramenta muito útil. A exemplo do criador deste programa, o Edvaldo Lima da Silva, outros programas podem ser desenvolvidos com a intenção de melhorar e ampliar as possibilidades de estudo. Certamente toda ação que visa melhorar o ensino é válida. A educação carece de iniciativas como essas, tanto de pesquisa, e quando falo isso me referencio a criação do domínio de cores, quanto tecnológicas que deem suporte às pesquisas e processos facilitadores do ensino. 62 REFERÊNCIAS BOYER, C. B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 1996. CONWAY, J. B. Functions of one Complex Variable. 2nd ed. New York: Springer-
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