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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA RAQUEL DUARTE REIS MOREIRA A UTILIZAÇÃO DA DEMOSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO NA ANALÍSE DA DISTRIBUIÇÃO DE RIQUESAS AOS SÓCIOS NAS EMPRESAS PÚBLICAS E PRIVADAS CARATINGA - MG 2018 RAQUEL DUARTE REIS MOREIRA A UTILIZAÇÃO DA DEMOSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO NA ANALÍSE DA DISTRIBUIÇÃO DE RIQUESAS AOS SÓCIOS NAS EMPRESAS PÚBLICAS E PRIVADAS Artigo científico desenvolvido como exigência de obtenção parcial de créditos do curso Ciências Contábil do Centro Universitário de Caratinga-Mg. Orientador: Professora Lilian Aparecida Ferreira. CARATINGA – MG 2018 A UTILIZAÇÃO DA DEMOSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO NA ANALÍSE DA DISTRIBUIÇÃO DE RIQUESAS AOS SÓCIOS NAS EMPRESAS PÚBLICAS E PRIVADAS RESUMO A demonstração do valor adicionado é de fácil compreensão, podendo ser compreendida por todos os usuários da contabilidade, esse é também um dos motivos da escolha dessa demonstração para o desenvolvimento desse estudo. No presente trabalho será feito um estudo para descobrir qual tipo de empresa melhor remunera o capital próprio, as estatais ou as privadas. Os meios para essa remuneração são os juros sobre o capital próprio e os dividendos, iremos observar o montante da riqueza gerada e os valores distribuídos aos sócios. Palavras-chave: Remuneração do capital próprio, estatais, privadas. 1 INTRODUÇÃO A contabilidade é um instrumento para tomada de decisão para os seus usuários, ela vem evoluindo para acompanhar as transformações sócias e econômicas que acontecem no mundo. Há tempos a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) vem sendo elaborada mundo a fora, no Brasil a obrigatoriedade veio com a Lei 11.638/2007 que alterou na Lei das Sociedades Anônimas. A partir desse momento torna-se indispensável a elaboração da DVA para as companhias abertas. Essa é uma demonstração que visa proporcionar aos usuário as origens e distribuição de riquezas. Missagia (2010) afirma que para os investidores e outros usuário essa é uma demonstração que propicia o conhecimento das informações econômicas e sociais. A riqueza gerada pela empresa é distribuída entre os empregados, por meio do pagamento de salários e encargos, o governo, por meio de pagamento de tributos Municipais, Estaduais e Federais e os financiadores por meio de juros sobre o capital próprio e dividendos. (HOJI 2014) Os investidores tem a possibilidade de analisar as empresas que pretendem investir através das informações constantes na DVA, pois essa demonstração é de fácil compreensão, esse trabalho se propôs analisar algumas empresas estatais, que são aquelas que tem participação do governo e privadas para descobrir quem melhor remunera o capital próprio. OBJETIVO O principal objetivo da contabilidade é fornecer informações para que os usuários da mesma possam utiliza-las nas tomadas de decisão. Sendo assim a pesquisa buscou resposta para a seguinte questão: Quem remunera melhor o capital próprio, empresa pública ou privada? 1.2 METODOLOGIA Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva pois busca saber qual tipo de empresa remunera melhor o capital, se são as públicas ou as privadas. Segundo Gil (2002) as pesquisas descritivas tem como finalidade a descrição das características de determinada população, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Vários estudos podem ser classificados como descritivo, uma de suas característica mais significativa é a utilização de coletas de dados, tais como questionário e a observação sistemática. Foi utilizado dados da Demonstração do Valor Adicionado divulgados na BM&FBovespa de empresas públicas e privadas do setor de utilidade pública, segmento de energia elétrica nos anos de 2013 a 2017. As empresas selecionadas foram as de nível 1 e nível 2 de governança corporativa e as cia Novo Mercado. 3 REFERÊNCIAL TEÓRICO 3.1 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO A Demonstração do Valor Adicionado(DVA) surgiu na Europa, influenciada principalmente pela França e antiga Alemanha Ocidental. Essa nova demonstração veio para acrescentar as demonstrações já existentes, como Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos, Demonstração do Resultado, Balanço Social. (RICARTE 2005) A DVA surge como um complemento do Balanço Social, e apresenta em linguagem simples, quanto a empresa gerou de riqueza para a sociedade, qual foi a participação do governo, quanto foi a remuneração do trabalho e quanto receberam os financiadores do capital de giro da empresa. (RICARTE 2005) Se subtrairmos das vendas todas as compras de bens e serviços teremos o montante de recursos que a empresa gera para remunerar salários, juros, impostos, e reinvestir no seu negócio. Estes recursos financeiros gerados levam-nos a contemplar o montante de valor que a empresa está agregando (adicionando) como consequência de sua atividade. O valor Agregado corresponde ao PIB da empresa. A soma de todos os Valores Agregados das empresas daria o PIB do país. (MARION 2009, P. 512) De acordo com Missagia (2010) essa é uma demonstração que propicia o conhecimento de informações de natureza econômica e social e oferece possibilidade de uma avaliação melhor das atividades da empresa dentro da sociedade em que ela está inserida. A Lei nº 11.638/07 torna obrigatória a Demonstração do Valor Adicionado para as companhias abertas. Está lei determina que a empresa deverá evidenciar o valor da riqueza gerada e a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração desta riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída. (MARION 2009, P. 512) Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, pronunciamento técnico 09 (2008) a empresa deve elaborar a Demonstração do Valor Adicionado a apresentá-la como parte integrante das suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social. Deve proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela empresa em determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas. Deve também detalhar a distribuição da riqueza criada minimamente da seguinte forma: (a) pessoal e encargos; (b) impostos, taxas e contribuições; (c) juros e aluguéis; (d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; (e) lucros retidos/prejuízos do exercício. 3.2 DIVIDENDOS A Lei 6.404/76 art. 201 diz que ‘’ a companhia somente pode pagar dividendos à conta de lucro líquido do exercício, de lucros acumulados e de reserva de lucros; e à conta de reserva de capital, no caso das ações preferenciais’’. Sendo assim a empresas somente fará distribuição de dividendos se houver lucros. A empresa que paga dividendos regularmente transmite ao mercado a imagem de que é lucrativa e está financeiramente saudável. Caso a empresa não pague os dividendos ou reduza significativamente seu valor, pode transmitir a sensação de dificuldades financeiras. (HOJI, 2014, p.203) 3.3 REMUNERAÇÃO DE CAPITAIS PRÓPRIOS Santos (2007) afirma que uma grande novidade do ponto de vista fiscal incluída na Lei 9.249/95, foi a criação da possibilidade de as empresas passarem a remunerar, através do pagamento de juros, como despesa dedutíveis para o cálculo do imposto de renda e da contribuição social, o capital dos acionistas. Essa possibilidade está prevista no artigo 9º, que prevê: A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP. De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, pronunciamento técnico 09(2008) os Juros sobre o capital próprio (JCP) são os valores referentes à remuneração destinada aos sócios e acionista por conta do resultado do período, salvo os valores dosJCP transferidos para conta de reserva de lucros. Devem ser incluídos apenas os valores distribuídos com base no resultado do próprio exercício, desconsiderando-se os dividendos distribuídos com base em lucros acumulados de exercícios anteriores, uma vez que já foram tratados como “lucros retidos” no exercício em que foram gerados. Os lucros retidos e prejuízos do exercício deve incluir os valores relativos ao lucro do exercício destinado às reservas, inclusive os JCP quando tiverem esse tratamento; quando houver prejuízo esse valor deve ser incluído com sinal negativo. Os valores destinados aos sócios e acionistas na forma de JCP, independentemente de serem registradas como passivo ou como reserva de lucros, devem ter o mesmo tratamento dado aos dividendos no que diz respeito ao exercício a que devem ser imputados. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS Conforme já mencionado, os dados para a pesquisa foram obtidos no site da BM&FBovespa, a amostra é de cunho não probabilístico, foi constituída de empresas públicas e privadas, Cia do Novo Mercado, de nível 1 e nível 2 de governança corporativa do setor de energia elétrica, as empresas que serão analisadas, o Valor Adicionado nos anos de 2013 a 2017 e os valores da remuneração do Capital Próprio foram elencadas nos quadros abaixo. Quadro 1: Valor adicionado gerado pelas empresas públicas 2013-2017. Empresas Públicas Valor Adicionado Total a Distribuir - (Reais Mil) 2013 2014 2015 2016 2017 CIA PARANAENSE DE ENERGIA – COPEL 6.608.123 7.860.056 14.456.447 12.748.363 11.772.831 CENTRAIS ELET BRAS S.A. – ELETROBRAS 8.973.094 13.486.320 19.951.059 43.985.720 24.521.165 CENTRAIS ELET DE SANTA CATARINA S.A. 2.860.034 3.895.517 6.519.791 5.535.152 5.789.246 CESP – CIA ENERGETICA DE SAO PAULO 1.549.548 2.593.248 1.156.532 1.035.023 307.079 CIA ENERGETICA DE MINAS GERAIS – CEMIG 11.567.562 13.208.882 18.165.116 14.753.814 15.049.884 CIA ESTADUAL DE DISTRIB ENER ELET-CEEE-D 1.184.495 1.247.231 2.683.286 2.732.990 2.922.520 CIA ESTADUAL GER.TRANS. ENER.ELET-CEEE-GT 261.274 121.558 707.947 1.800.954 991.020 TOTAL 33.004.130 42.412.812 63.640.178 82.592.016 61.353.745 Fonte: Elaborado pela autora. Quadro 2: Valor adicionado gerado pelas empresas privadas 2013-2017. Empresas Privadas Valor Adicionado Total a Distribuir - (Reais Mil) 2013 2014 2015 2016 2017 AES TIETE ENERGIA SA 6.377.726 5.635.721 1.528.934 1.053.758 1.026.352 ALUPAR INVESTIMENTO S/A 1.211.643 1.320.422 1.411.093 1.572.689 1.489.056 ENERGISA S.A. 1.779.715 5.180.691 9.056.840 9.189.321 9.290.675 EQUATORIAL ENERGIA S/A 1.839.118 2.970.527 4.374.896 5.086.705 5.715.576 LIGHT S.A. 5.296.979 6.294.856 8.674.344 9.111.367 CPFL ENERGIA S.A. 7.876.452 8.766.905 17.344.853 15.830.445 17.313.396 CPFL ENERGIAS RENOVÁVEIS S.A. 466.287 513.899 814.008 902.490 1.032.587 CTEEP - CIA TRANSMISSÃO ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA 531.258 1.053.371 1.291.664 8.773.170 2.840.303 EDP - ENERGIAS DO BRASIL S.A. 3.923.812 4.580.601 8.963.418 7.306.580 6.865.646 ELETROPAULO METROP. ELET. SAO PAULO S.A. 4.715.348 4.674.326 11.978.826 10.045.119 9.858.822 ENEVA S.A 1.202.603 0 2.987.925 1.136.259 1.234.195 ENGIE BRASIL ENERGIA S.A. 3.681.424 3.685.023 4.121.326 4.199.756 4.454.017 OMEGA GERAÇÃO S.A. 17.376 57.285 58.103 98.802 300.467 RENOVA ENERGIA S.A. 221.123 264.679 688.979 0 0 TRANSMISSORA ALIANÇA DE ENERGIA ELÉTRICA S.A. 1.630.149 1.799.090 1.856.873 1.694.126 1.253.249 TOTAL 40.771.013 46.797.396 66.477.738 75.563.564 71.785.708 Fonte: Elaborado pela autora. Quadro 3: Remuneração do Capital Próprio 2013-2017. Empresas Públicas Remuneração do Capital Próprio - (Reais mil) 2013-2017 Empresas privadas Remuneração do Capital Próprio - (Reais mil) 2013-2017 CIA PARANAENSE DE ENERGIA - COPEL 1.806.705 AES TIETE ENERGIA SA 1.385.380 CENTRAIS ELET BRAS S.A. – ELETROBRAS 433.962 ALUPAR INVESTIMENTO S/A 693.214 CENTRAIS ELET DE SANTA CATARINA S.A. 218.887 ENERGISA S.A. 952.497 CESP – CIA ENERGETICA DE SAO PAULO EQUATORIAL ENERGIA S/A CIA ENERGETICA DE MINAS GERAIS – CEMIG 5.156.667 LIGHT S.A. 659.236 CIA ESTADUAL DE DISTRIB ENER ELET-CEEE-D 0 CPFL ENERGIA S.A. 1.625.025 CIA ESTADUAL GER.TRANS. ENER.ELET-CEEE-GT 0 CPFL ENERGIAS RENOVÁVEIS S.A. 0 CTEEP - CIA TRANSMISSÃO ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA 1.340.715 EDP - ENERGIAS DO BRASIL S.A. 1.056.515 ELETROPAULO METROP. ELET. SAO PAULO S.A. 133.584 ENEVA S.A 0 ENGIE BRASIL ENERGIA S.A. 6.571.641 OMEGA GERAÇÃO S.A. 0 RENOVA ENERGIA S.A. 0 TRANSMISSORA ALIANÇA DE ENERGIA ELÉTRICA S.A. 2.811.757 Fonte: Elaborado pela autora. Analisando as Demonstrações do Valor Adicionado das empresas acima nos anos de 2013 a 2017, chegamos nos seguintes resultados: as empresas públicas em questão geraram R$ 283.002.881,00 e remunerou o Capital Próprio com R$ 7.656.221,00. Sendo assim o valor distribuído aos sócios equivale a 2,71% do valor gerado. As empresas privadas geraram R$ 301.395,00 e distribui para os sócios 5,72% da riqueza gerada totalizando R$17.229.564,00. O gráfico abaixo mostra a geração de riqueza e a respectiva remuneração dos sócios no período de 2013 a 2017. Fonte: Elaborada pela autora. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A demonstração do Valor adicionado é uma demonstração de fácil entendimento, o que proporciona clareza aos usuários da informação. Ela evidencia a riqueza gerada e sua distribuição. Os maiores interesse dos acionistas estão na remuneração dos Capital Próprio, pois eles esperam que os valores investidos retornem o mais rápido possível. A distribuição é feita por meio dos juros sobre capital próprio ou dividendos, depende da política de distribuição de cada empresa. Quando a destruição é feita por meio do capital próprio, a empresa ganha no ponto de vista fiscal, pois os juros pagos são considerados como despesa dedutível para o cálculo do Imposto de Renda, consequentemente a empresa pagará menos imposto. Entretanto o valor distribuído por meio de juros não pode ultrapassar a variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP. Se não houvesse nenhum limite o ideal seria que toda a remuneração do capital próprio fosse feita por esse meio, assim faria uma grande economia nos impostos. Os dividendos só podem ser distribuídos a partir do lucro gerado, isso significa que não havendo lucros não há possibilidade de pagamentos. No estudo realizado constatou-se que as empresas privadas geram mais riqueza e melhor remunerou o Capital Próprio período analisado. As empresas privadas distribuíram 5,72% da riqueza gerada e as privadas 2,71%. Mediante os dados expostos as empresas que melhor remuneram o capital próprio são as privadas. BIBLIOGRAFIA COMITÊ, DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 09-Demonstração do valor adicionado. 2008. <http\\: www. cpc. org. br>. Acesso em, v. 03,2018. HOJI, Masakazu, administração financeira e orçamentária; matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, orçamento empresarial – 11 edição. – São Paulo: Atlas, 2014. LEI No 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm> Acesso em 10/04/2018 MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial/ José Carlos Marion. – 15.ed. – São Paulo: Atlas, 2009. MISSAGIA,Liz Roberto. Contabilidade avançada/ Luiz Roberto Missagia, Francisco Velter – 3. Ed. – Rio de janeiro: Elsevier, 2010 RICARTE, Jádson Gonçalves. Demonstração do valor adicionado. Revista Catarinense da Ciência Contábil, v. 4, n. 10, p. 49-69, 2005. RAUPP, Fabiano Maury; BEUREN, Ilse Maria. Metodologia da Pesquisa Aplicável às Ciências. ______ Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2006. SANTOS, Ariovaldo dos. Quem está pagando juros sobre capital próprio no Brasil?. Revista Contabilidade & Finanças-USP, v. 18, 2007.
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