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■ ■ 10 18,307 15 24,996 20 31,410 25 37,652 30 43,773 aDados selecionados de R. A. Fisher and Yates, 1943, Statistical Tables for Biological, Agricultural, and Medical Research. Oliver and Boyd, London. Resolva! Uso do teste do qui-quadrado Quando tomateiros geneticamente puros de frutos esféricos foram cruzados com outros geneticamente puros de frutos ovais, todas as plantas da F1 tinham frutos esféricos. Em seguida, essas plantas da F1 foram intercruzadas para produzir uma geração F2 constituída de 73 plantas de frutos esféricos e 11 de frutos ovais. Esses resultados são compatíveis com a hipótese de que o formato dos frutos em tomates é controlado por um único gene? ▶ Leia a resposta do problema no material disponível on-line. PONTOS ESSENCIAIS O qui-quadrado é calculado por x2 = Σ (número observado – número esperado)2/número esperado, com a soma de todas as categorias constituindo os dados Cada valor do qui-quadrado está associado a um índice, os graus de liberdade, os quais são iguais ao número de categorias de dados menos um. Princípios mendelianos em genética humana Os princípios de Mendel podem ser aplicados ao estudo da herança de características em seres humanos. A aplicação dos princípios de Mendel à genética humana começou logo depois da redescoberta de seu artigo em 1900. No entanto, como não é possível fazer cruzamentos controlados com seres humanos, o progresso foi obviamente lento. A análise da hereditariedade humana depende de registros familiares que, muitas vezes, são incompletos. Além disso, a prole dos seres humanos – ao contrário da prole de organismos experimentais – não é grande, o que dificulta o discernimento das razões mendelianas, e os seres humanos não são mantidos e observados em ambiente controlado. Por essas e outras razões, a análise genética humana foi um empreendimento difícil. Todavia, a motivação para compreender a hereditariedade humana foi muito forte, e hoje, a despeito de todos os obstáculos, conhecemos milhares de genes humanos. A Tabela 3.3 lista alguns dos distúrbios que eles controlam. Discutiremos sobre muitos desses distúrbios em capítulos posteriores deste livro. HEREDOGRAMAS Os heredogramas são diagramas que mostram as relações entre os membros de uma família (Figura 3.13 A). É costume usar quadrados para representar o sexo masculino e círculos, para o sexo feminino. Uma linha horizontal que une um círculo e um quadrado representa o cruzamento. A prole é mostrada abaixo dos pais, começando com o primeiro a nascer à esquerda e seguindo para a direita conforme a ordem de nascimento. Os indivíduos que têm distúrbio genético são indicados por cor ou sombreado. As gerações geralmente são indicadas por algarismos romanos, e indivíduos específicos de uma geração são designados por algarismos arábicos após o algarismo romano. É mais fácil identificar as características causadas por alelos dominantes. Em geral, todo indivíduo que tem o alelo dominante manifesta a característica, tornando possível acompanhar a transmissão desse alelo no heredograma (Figura 3.13 B). Esperase que todo indivíduo afetado tenha no mínimo um dos genitores afetado, exceto, é claro, se o alelo dominante tiver acabado de aparecer na família por uma nova mutação – uma alteração do próprio gene. No entanto, a frequência da maioria das novas mutações é muito baixa – da ordem de uma em um milhão; consequentemente, o surgimento espontâneo de uma condição dominante é raríssimo. Os traços dominantes associados à redução da viabilidade ou fertilidade nunca se tornam frequentes em uma população. Assim, a maioria das pessoas que têm essas características é heterozigota para o alelo dominante. Caso os cônjuges não tenham a característica, metade dos filhos deve herdar o distúrbio. Tabela 3.3 Distúrbios hereditários em seres humanos. Características dominantes Acondroplasia (nanismo) Braquidactilia (dedos curtos) Cegueira noturna congênita Síndrome de Ehler-Danlos (distúrbio do tecido conjuntivo) Doença de Huntington (distúrbio neurológico) Síndrome de Marfan (indivíduo magro e alto) Neuro牰�bromatose (tumorações no corpo) Sensibilidade gustativa à feniltiocarbamida (PTC) Bico de viúva Cabelo lanoso Traços recessivos Albinismo (ausência de pigmento) Alcaptonúria (distúrbio do metabolismo de aminoácidos) Ataxia telangiectasia (distúrbio neurológico) Fibrose cística (distúrbio respiratório) Distro牰�a muscular de Duchenne Galactosemia (distúrbio do metabolismo de carboidratos) Doença por depósito de glicogênio Fenilcetonúria (distúrbio do metabolismo de aminoácidos) Doença falciforme (distúrbio da hemoglobina) Doença de Tay-Sachs (distúrbio por depósito de lipídios) Não é tão fácil identificar as características recessivas porque elas podem ocorrer em indivíduos cujos genitores não são afetados. Às vezes são necessários os dados de várias gerações no heredograma para acompanhar a transmissão de um alelo recessivo (Figura 3.13 C). Todavia, observouse um grande número de características recessivas em seres humanos – na última contagem, mais de 4.000. A probabilidade de que características recessivas raras apareçam em um heredograma é maior quando há parentesco entre os cônjuges – por exemplo, primos em primeiro grau. Essa maior incidência ocorre porque os parentes têm alelos em comum em razão do ancestral comum. Irmãos têm em comum metade de seus alelos; meiosirmãos, um quarto; e primos em primeiro grau, um oitavo. Assim, é maior a chance de nascimento de uma criança homozigota para determinado alelo recessivo quando os pais têm esse tipo de parentesco. Muitos dos estudos clássicos de genética humana se valeram da análise de casamentos entre parentes, principalmente de primos em primeiro grau. Abordaremos esse assunto com mais detalhes no Capítulo 4. FIGURA 3.13 Herança mendeliana em heredogramas humanos. A. Convenções do heredograma. B. Herança de uma característica dominante. A característica aparece em todas as gerações. C. Herança de uma característica recessiva. Os dois indivíduos afetados são filhos de parentes. SEGREGAÇÃO MENDELIANA EM FAMÍLIAS HUMANAS Nos seres humanos, o número de filhos de um casal geralmente é pequeno. A média atual nos EUA é de dois. Nos países em desenvolvimento, é de seis a sete. Esses números estão longe do poder estatístico obtido por Mendel nos experimentos UUUA, UUAU, UAUU e AUUU Como a probabilidade de cada uma é (3/4)3 × (1/4), a probabilidade total de três crianças sem a doença e uma doente, qualquer que seja a ordem de nascimento, é 4 × (3/4)3 × (1/4). O coeficiente 4 é o número de maneiras em que poderia haver três crianças sem a doença e uma criança doente em uma família de quatro crianças. Da mesma maneira, a probabilidade de duas crianças sem a doença e duas doentes é de 6 × (3/4)2 × (1/4)2, já que nesse caso há seis eventos distintos. A probabilidade de uma criança sem a doença e três doentes é de 4 × (3/4) × (1/4)3, já que nesse caso há quatro eventos distintos. A Figura 3.14 resume os cálculos na forma de uma distribuição de probabilidade. Como era de se esperar, três crianças sem a doença e uma criança doente é o resultado mais provável (probabilidade de 108/256). Nesse exemplo as crianças são divididas em duas classes fenotípicas possíveis. Como há apenas duas classes, as probabilidades associadas aos vários resultados são denominadas probabilidades binomiais. O Apêndice B, “Probabilidades binomiais”, disponível online, generaliza o método de análise desse exemplo de modo que se possa aplicálo a outras situações com duas classes fenotípicas. ACONSELHAMENTO GENÉTICO O diagnóstico de doenças genéticas costuma ser um processo difícil. Na maioria dos casos é feito por médicos especializados em genética. O estudo desses distúrbios requer avaliação meticulosa, que inclui o exame dospacientes, a entrevista de parentes e a análise minuciosa de estatísticas vitais sobre nascimentos, mortes e casamentos. Os dados acumulados respaldam a definição clínica do distúrbio e a determinação de seu mecanismo de herança. Os pais podem desejar saber qual é o risco de que os filhos herdem determinado distúrbio, principalmente se houver outros parentes afetados. É responsabilidade do conselheiro genético avaliar esses riscos e explicálos aos futuros pais. A avaliação do risco requer bom conhecimento de probabilidade e estatística, além do amplo conhecimento de genética. Usemos como exemplo um heredograma que mostra a herança de câncer colorretal não polipoide hereditário (Figura 3.15). Essa doença é um dos vários tipos hereditários de câncer. Ela é causada por mutação dominante que afeta cerca de 1 em 500 indivíduos da população em geral. A idade média de surgimento do câncer colorretal não polipoide hereditário em uma pessoa portadora da mutação é aos 42 anos. No heredograma, vemos que o câncer se manifesta em, no mínimo, um indivíduo de cada geração e que todos os afetados têm pai ou mãe com a doença. Esses fatos são compatíveis com o modo dominante de herança da doença. A questão do aconselhamento surge na geração V. Entre os nove indivíduos mostrados, dois são afetados e sete, não. Mas todos os sete indivíduos não afetados tinham pai ou mãe com a doença, que era obrigatoriamente heterozigoto para a mutação causadora do câncer. Portanto, alguns desses sete indivíduos não afetados podem ter herdado a mutação e estão sob risco de ter câncer colorretal não polipoide mais tarde. Só o tempo dirá. À medida que os indivíduos não afetados envelhecem, os portadores da mutação estão sob maior risco de desenvolver a doença. Assim, quanto mais tempo eles permanecerem sem desenvolvêla, maior é a probabilidade de que realmente não sejam portadores. Nessa situação, o risco é uma função da idade e é preciso determinálo empiricamente a partir dos dados sobre a idade de início da doença em indivíduos da mesma população, se possível da mesma família. Todos os sete indivíduos não afetados terão de conviver com a ansiedade de ser um possível portador da mutação causadora do câncer. Além disso, em algum momento terão de decidir se desejam ter filhos e correr o risco de transmitir a eles a mutação. FIGURA 3.15 Heredograma que mostra a herança de câncer colorretal não polipoide hereditário. Outro exemplo é a situação mostrada na Figura 3.16. Um casal, indicado por R e S na Figura 3.16 A, está preocupado com a possibilidade de ter um filho (T) com albinismo, distúrbio recessivo caracterizado por ausência total do pigmento melanina na pele, nos olhos e nos pelos. S, a futura mãe, tem albinismo, e R, o futuro pai, tem dois irmãos com albinismo. Portanto, aparentemente há um risco de que a criança nasça com albinismo. FIGURA 3.16 Aconselhamento genético de uma família com albinismo. A. O heredograma mostra a herança do albinismo. B. O quadrado de Punnett mostra que, na prole sem albinismo, a frequência de heterozigotos é 2/3. Esse risco depende de dois fatores: (1) a probabilidade de que R seja um portador heterozigoto do alelo do albinismo (a) e (2) a probabilidade de que transmita esse alelo para T, se realmente for portador. S, que evidentemente é homozigota para o alelo do albinismo, transmitirá esse alelo para os filhos. Para determinar a primeira probabilidade, é preciso considerar os possíveis genótipos de R. Um deles, que ele seja homozigoto para o alelo recessivo (aa), é excluído porque sabemos que ele não tem albinismo. No entanto, os dois outros genótipos, AA e Aa, são possibilidades. Para calcular as probabilidades associadas a cada um deles, notamos que tanto o pai quanto a mãe de R são heterozigotos, pois têm dois filhos com albinismo. Portanto, o casamento que gerou R foi Aa × Aa, e desse casamento esperaríamos que 2/3 da prole sem albinismo fosse Aa e 1/3 fosse AA (Figura 3.16 B). Desse modo, a probabilidade de que R seja um portador heterozigoto do alelo do albinismo é de 2/3. Para calcular a probabilidade de que ele transmita esse alelo para o filho, basta notar que a está presente em metade de seus gametas. Em resumo, o risco de que T seja aa: = [Probabilidade de que R seja Aa] × [Probabilidade de que R transmita a, supondo que seja Aa] = (2/3) × (1/2) = 1/3 O exemplo da Figura 3.16 ilustra uma situação simples de aconselhamento na qual é possível determinar o risco com precisão. De modo geral, as circunstâncias são muito mais complexas, dificultando bastante a avaliação do risco. A responsabilidade do conselheiro genético é analisar as informações do heredograma e determinar o risco com a maior precisão possível. Pratique o cálculo de riscos genéticos analisando o exemplo apresentado em Problema resolvido | Previsão a partir de heredogramas. Hoje, o aconselhamento genético é uma profissão consolidada. Nos EUA, todo conselheiro genético tem mestrado e certificação da American Board of Genetic Counseling, organização de controle que também é responsável pelo reconhecimento de programas de especialização em aconselhamento genético. Há aproximadamente 3.800 conselheiros genéticos certificados nos EUA. Eles são treinados para obter e avaliar a história familiar a fim de identificar o risco de doença genética. Também são treinados para educar as pessoas acerca de doenças genéticas e orientar sobre medidas de prevenção ou de adaptação a essas doenças. Os conselheiros genéticos fazem parte da equipe de saúde, e geralmente sua experiência é valorizada por outros profissionais de saúde, que podem não conhecer tão bem as causas genéticas da doença. Os conselheiros genéticos precisam conhecer as ramificações éticas e legais de seu trabalho, e devem ser sensíveis às necessidades psicológicas, sociais, culturais e religiosas de seus pacientes. Também é essencial que tenham boa capacidade 1. 2. 3. 4. 5. ■ ■ 1. de comunicação. Faz parte do seu trabalho explicar questões complexas aos pacientes, que podem não saber muito sobre os princípios da herança ou não ter conhecimentos de matemática para compreender o cálculo dos riscos genéticos. No futuro, o fundo de informações genéticas, que está em expansão permanente, sendo grande parte das informações oriundas do Projeto Genoma Humano, provavelmente tornará ainda mais desafiador o trabalho dos conselheiros genéticos. PROBLEMA RESOLVIDO Previsão a partir de heredogramas PROBLEMA Este heredograma mostra a herança de uma característica recessiva em seres humanos. Os indivíduos que têm a característica são homozigotos para um alelo recessivo a. Caso H e I, que são primos em primeiro grau, se casem e tenham um 牰�lho, qual é a chance de que a criança tenha a característica recessiva? FATOS E CONCEITOS A criança só terá uma característica recessiva se tanto o pai quanto a mãe tiverem o alelo recessivo. O pai (H) tem uma irmã (G) com a característica. A mãe (I) tem a mãe (E) com a característica. A chance de que um heterozigoto transmita um alelo recessivo para o 牰�lho é de 1/2. No casamento entre dois heterozigotos, espera-se que 2/3 dos 牰�lhos sem a característica sejam heterozigotos (Figura 3.16 B). ANÁLISE E SOLUÇÃO I é obrigatoriamente portadora heterozigota do alelo recessivo porque sua mãe, E, é homozigota para esse alelo, mas a própria I não tem a característica. Portanto, a chance de que I transmita o alelo recessivo para o 牰�lho é de 1/2. Como a irmã de H tem a característica, seu pai e sua mãe são obrigatoriamente heterozigotos. Portanto, H, que não tem o traço, tem uma chance de 2/3 de ser heterozigoto, e caso seja, há uma chance de 1/2 de que transmita o alelo recessivo para o 牰�lho. Reunindo todos esses fatores, calculamos a chance de que o 牰�lho de H e I tenhao traço como 1/2 (a chance de I transmitir o alelo recessivo) × 2/3 (a chance de H ser heterozigoto) × 1/2 (a chance de H transmitir o alelo recessivo caso seja heterozigoto) = 1/6, um risco bastante alto. PONTOS ESSENCIAIS Os heredogramas são usados para identiجف�car características dominantes e recessivas em famílias humanas A análise do heredograma possibilita que os conselheiros genéticos avaliem o risco de herança de uma característica especíجف�ca por um indivíduo. Exercícios Aplique a análise genética básica Duas linhagens de camundongos altamente endogâmicas, uma com pelagem negra e a outra com pelagem cinza, foram cruzadas, e toda a prole teve pelagem negra. Qual é o resultado previsto do intercruzamento da prole? Resposta: Sem dúvida, as duas linhagens de camundongos são homozigotas para diferentes alelos de um gene que controla a cor da pelagem: G para pelagem negra e g para pelagem cinza; o alelo G é dominante, porque todos os animais F1 são negros. Quando esses camundongos, de genótipo Gg, são intercruzados, os alelos G e g segregamse e
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