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Suporte Básico à Vida - Primeiros Socorros

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SUPORTE BÁSICO À VIDA 
Marcelo Henrique Ferreira dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 ATENDIMENTO EM PRIMEIROS SOCORROS I ........................................... 3 
2 ATENDIMENTO EM PRIMEIROS SOCORROS II ........................................ 17 
3 CORPO HUMANO .................................................................................. 45 
4 EMERGÊNCIAS CLÍNICAS ........................................................................ 63 
5 EMERGÊNCIAS TRAUMÁTICAS ............................................................. 100 
6 ENVENENAMENTO, INTOXICAÇÕES E OUTRAS SITUAÇÕES ................. 131 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1 ATENDIMENTO EM PRIMEIROS SOCORROS I 
Olá! Seja bem-vindo à disciplina Suporte Básico à vida – Primeiros Socorros. Iniciamos 
já com os seguintes questionamentos: O que são primeiros socorros? Que ações 
integram o atendimento em primeiros socorros? Existe alguma legislação relacionada à 
prestação de primeiros socorros? 
Essas e outras questões serão abordadas ao longo da disciplina! 
Para iniciar, neste bloco, trataremos os seguintes assuntos: 
• Histórico, conceito, definições, aspectos gerais; 
• Etiologia; 
• Epidemiologia; 
• Profissionais expostos; 
• Prevenção e tratamento. 
Silva, Basso e Brunstein (2015, p. 7) apresentam a seguinte definição de primeiros 
socorros: “cuidados imediatos que devem ser prestados rapidamente a uma pessoa, 
vítima de acidente ou mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida”. 
Salientam ainda que estas ações têm por objetivo manter as funções vitais e evitar o 
agravamento das condições da vítima, sendo adotados procedimentos e aplicadas 
medidas até que ocorra a chegada de assistência qualificada. 
Esta disciplina tem por objetivo fornecer subsídios para que os alunos do curso possam 
desempenhar ações de primeiros socorros por meio do desenvolvimento da 
capacidade de: 
• Portar-se como socorrista; 
• Identificar necessidade de atendimento de primeiros socorros; 
 
 
 
4 
 
• Conduzir procedimentos de primeiros socorros e suas etapas. 
Rossete (2014) afirma que as condutas necessárias aos primeiros socorros variam de 
acordo com o tipo de acidente e o cenário que o produziu. 
Assim, a disciplina abordará aspectos relacionados aos primeiros socorros no ambiente 
ou em situações de trabalho. 
1.1 Histórico, conceito, definições, aspectos gerais 
Neste subtema vamos conhecer: histórico, conceito, definições e aspectos gerais 
relacionados aos primeiros socorros que possibilitarão o melhor entendimento do 
tema. 
Vamos iniciar? 
1.1.1 Histórico 
Segundo a Cruz Vermelha Brasileira, ações de primeiros socorros foram registradas em 
meados de 1859 no norte da Itália, quando o suíço Jean Henry Dunant efetuava a 
busca de Napoleão III, imperador da França. Este presenciou milhares de soldados 
sofrendo no campo de batalha devido à guerra de franceses e italianos contra 
austríacos. Os soldados morriam por abandono após feridos, e as lesões, fraturas e 
ferimentos pioravam, pois os soldados não recebiam qualquer atendimento, levando-
os à morte. Para ministrar primeiros socorros aos soldados feridos, Dunant reuniu e 
organizou grupos de voluntários com moradores da região, dedicando três dias a esta 
ação. Quando retornou a sua cidade, escreveu e publicou o livro “Uma Recordação de 
Solferino” (Solferino é a região no norte da Itália onde Dunant procurava Napoleão) 
(CRUZ VERMELHA BRASILEIRA). 
Nesta obra, Dunant propôs a criação de grupos de socorros que se dedicassem a 
atender feridos, devendo ser reconhecidos e protegidos por países em guerra. Outra 
proposta de Dunant foi estabelecer um princípio internacional convencional que, se 
acordado e ratificado, comporia a base de socorro a feridos em diversos países (CRUZ 
VERMELHA BRASILEIRA). 
 
 
 
5 
 
Este princípio inspirou, posteriormente, as primeiras Convenções de Genebra. Dunant 
obteve o apoio da Sociedade pública e fundou o Comitê Internacional de Socorro aos 
Feridos, com a seguinte comissão: Gustave Moynier, advogado e presidente da 
Sociedade de Utilidade Pública citada; Guillaume Henri Dufour, general; Louis Appia, 
médico; Théodore Maunior, médico; além do próprio Henry Dunant (CRUZ VERMELHA 
BRASILEIRA). 
Os integrantes deste comitê eram cidadãos suíços, que se mobilizaram para organizar 
uma Conferência Internacional em Genebra, que reuniu representantes de 16 países. 
Nesta Conferência foram adotadas resoluções e moções que deram origem à Cruz 
Vermelha. As resoluções previam (CRUZ VERMELHA BRASILEIRA): 
• A criação, em cada país, de um Comitê de Socorro, que ajudaria em 
tempos de guerra, os serviços de saúde dos exércitos. 
• A formação de enfermeiras voluntárias em tempos de paz. 
• A neutralidade das ambulâncias, dos hospitais militares e do 
pessoal de saúde. 
• A adoção de um símbolo definitivo uniforme: uma braçadeira 
branca com uma cruz vermelha em fundo branco. 
No Brasil, em 2004, o Decreto n. 5.055 de 27 de abril de 2004 instituiu o Serviço de 
Atendimento Móvel de Urgência – SAMU em municípios e regiões do país. Este 
decreto considerou: 
• A situação de morbimortalidade relativa às urgências; 
• O art. 197 da Constituição Federal e os art. 1 e 15 da Lei n. 8080 (1990); 
• A necessidade de estruturação de rede regionalizada e hierarquizada de 
cuidados integrais às urgências, por parte do Poder Público, para desconcentrar 
a atenção efetuada exclusivamente por prontos-socorros; 
• A regulamentação expedida pela Agência Nacional de Telecomunicações – 
Anatel relativa às condições de acesso e fruição dos serviços de utilidade 
pública e de apoio ao serviço telefônico comutado. 
 
 
 
6 
 
Assim, ficou decretado (BRASIL, 2004): 
Art. 1. Fica instituído, em Municípios e regiões do território nacional, o 
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU, visando a 
implementação de ações com maior grau de eficácia e efetividade na 
prestação de serviço de atendimento à saúde de caráter emergencial e 
urgente. 
 Art. 2. Para fins do atendimento pelo SAMU, fica estabelecido o acesso 
nacional pelo número telefônico único – 192, que será disponibilizado pela 
ANATEL exclusivamente às centrais de regulação médica vinculadas ao 
referido Sistema. 
Art. 3. Os Municípios ou regiões que pretenderem aderir ao SAMU deverão 
formular requerimento aos Ministérios da Saúde e das Comunicações, que 
decidirão, conjuntamente, sobre a assinatura de convênio para a 
disponibilização do número de acesso nacional, bem como a definição dos 
procedimentos a serem adotados. 
Art. 4. O Ministério da Saúde expedirá, no prazo de sessenta dias a contar da 
publicação deste Decreto, normas complementares pertinentes à 
implantação do SAMU. 
Art. 5. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. 
 
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU tem por objetivo chegar à 
vítima precocemente, após a ocorrência de situação de emergência ou urgência, com 
potencial de levar a sofrimento, sequelas ou morte (BRASIL, 2019). 
1.1.2 Conceito e definições 
Primeiros socorros apresentam a seguinte definição: “cuidados imediatos 
que devem ser prestados rapidamente a uma pessoa, vítima de acidente ou 
mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida”. O objetivo das 
ações em primeiros socorros é manter as funções vitais de vítima evitando-
se o agravamento das condições da mesma, sendo adotados procedimentos 
e medidas até a chegada de assistência qualificada (SILVA; BASSO; 
BRUNSTEIN, 2015, p. 7). 
Rossete (2014) apresenta que, havendo prestação de assistência imediata e adequada 
a uma pessoa ferida ou acidentada até que assistência qualificada chegue, pode ser 
garantida a sobrevivência da vítima. Para tanto, o atendimento inicial deve ser 
efetuado por pessoas treinadas. 
Nas empresas que admitem empregados regidos pela Consolidação das Leis do 
Trabalho, muitas vezes estas pessoas são escolhidas entreos integrantes da Comissão 
 
 
 
7 
 
Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e dos Serviços Especializados em Engenharia 
de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). 
Para estas empresas, de acordo com a NR7 Programa de Controle Médico de Saúde 
Ocupacional cujo objetivo é promover e preservar a saúde de seus empregados, é 
obrigatório quanto aos primeiros socorros (BRASIL, 1994): 
Todo estabelecimento deverá estar equipado com material necessário à 
prestação dos primeiros socorros, considerando-se as características da 
atividade desenvolvida; manter esse material guardado em local adequado 
e aos cuidados de pessoa treinada para esse fim. 
 
Esta norma regulamentadora estabelece dois aspectos importantes: o material 
necessário para a prestação de primeiros socorros e a pessoa treinada para este fim, 
ou seja, recursos materiais e humanos para atuar em primeiros socorros. 
Rossete (2014) ainda nos apresenta que a pessoa treinada para prestação dos 
primeiros socorros deve contar com o apoio de outras pessoas para o sucesso do 
atendimento. 
A prestação de primeiros socorros para garantir a sobrevivência da vítima pode ocorrer 
nas seguintes situações (SILVA; BASSO; BRUNSTEIN, 2015): 
• Urgência, que corresponde à situação que requer assistência rápida e que 
ocorra no menor tempo possível, para que sejam evitados sofrimento e 
complicações; 
• Emergência, que se refere ao caso de haver ameaça iminente à vida, 
sofrimento intenso ou risco de lesão permanente; para esta situação há a 
necessidade de tratamento médico imediato. 
Como observação, veja a definição da expressão “iminente” (MICHAELIS, 2015): “que 
está para acontecer a qualquer momento”. 
 
 
 
8 
 
Socorrista corresponde à pessoa com habilidade de aplicar práticas de primeiros 
socorros, adotando técnicas que o capacitaram para esta intervenção (OLIVEIRA; PIZA, 
2017). 
1.1.3 Aspectos gerais 
Os autores Silva, Basso e Brunstein (2015) e Rossete (2014) afirmam que, havendo 
pessoa treinada, esta poderá prestar os primeiros socorros, atuando na situação com 
serenidade, confiança e compreensão, além de manter-se calma e transmitir à vítima 
confiança naquela pessoa que a socorre. 
A pessoa treinada para atuar em primeiros socorros, no local do acidente, deve cuidar 
da segurança da vítima, da própria segurança e daquelas pessoas que estiverem neste 
local (KARREN et al., 2013). 
Segundo Karren et al. (2013), os primeiros socorros correspondem ao atendimento 
temporário e imediato de uma pessoa que adoece de modo repentino ou é ferida, 
incluindo: reconhecer condições que põem a vida em risco e adotar atitudes para 
manter a vítima viva, na melhor condição possível, até a obtenção do atendimento 
médico. Os primeiros socorros não substituem paramédicos, enfermeiros e médicos, 
seus fundamentos são a obtenção de assistência médica em todos os casos de lesão 
grave. 
Assim, os principais objetivos dos primeiros socorros são, de acordo com Karren et al. 
(2013, p. 2). 
• Reconhecer situações que ponham em risco; 
• Providenciar assistência médica; 
• Aplicar respiração e circulação artificiais quando necessário; 
• Controlar o sangramento; 
• Tratar de outras condições que ponham a vida em risco; 
• Minimizar o risco de outras lesões e complicações; 
• Evitar infecções; 
• Deixar a vítima o mais confortável possível. 
 
 
 
9 
 
1.2 Etiologia 
De acordo com o dicionário Michaelis (2015), Etiologia corresponde à “Ciência e 
estudo das causas que provocam uma doença e seu modo de ação”. 
As funções de quem socorre são apresentadas por Silva, Basso e Brunstein (2015, p. 7): 
• Observar a situação para não se tornar vítima também. 
• Manter a pessoa viva até a chegada do socorro especializado. 
• Evitar causar outras lesões ou agravar as já existentes. 
Para ocorrer a aplicação de primeiros socorros, os socorristas devem (OLIVEIRA; PIZA, 
2017): 
• Conhecer os objetivos de primeiros socorros e as ações de suporte básico à 
vida; 
• Adotar ações de chamar o serviço de resgate; 
• Solicitar consentimento à vítima antes de iniciar os primeiros socorros, quando 
possível; 
• Compreender situação caracterizada como emergência: verificar o cenário, os 
riscos presentes, se o local é seguro para a prestação dos primeiros socorros e a 
presença de uma ou mais vítimas. 
A sequência de passos para o atendimento de emergência são assim relacionados 
(OLIVEIRA; PIZA, 2017, p. 91): 
1. Reconhecer a emergência; 
2. Avaliar a segurança do local, como por exemplo: risco de choque 
elétrico, vazamento de gases, produtos químicos etc.; 
3. Obter o consentimento da vítima, se estiver consciente, para iniciar 
os primeiros socorros; 
4. Chamar o serviço de emergência, se for necessário; 
5. Aplicar os primeiros socorros; 
6. Solicitar atendimento médico profissional, quando necessário. 
 
 
 
 
10 
 
Desta maneira, o socorrista deve ter conhecimento técnico, no mínimo, ético e legal 
para desempenhar suas funções de modo a alcançar os objetivos de primeiros 
socorros, ou seja, intervir nas situações com o propósito de manter as funções vitais de 
uma vítima, evitando que haja agravamento das condições desta, adotando medidas e 
procedimentos de primeiros socorros até que a assistência qualificada chegue, se for o 
caso. 
Considerando que para diferentes acidentes e cenários devem ser adotados 
procedimentos específicos, a capacitação e treinamento do socorrista são ações 
primordiais para que sua atuação obtenha sucesso. 
1.3 Epidemiologia 
Epidemiologia corresponde ao estudo de epidemias, enfermidades temporárias que 
acometem muitas pessoas simultaneamente numa dada localidade (MICHAELIS, 2015). 
Para Last (2001, p. 71, tradução nossa) a epidemiologia de campo corresponde à 
epidemiologia na comunidade, na sociedade. Trata-se de investigação como 
ferramenta para implementar medidas para proteger e melhorar a saúde da 
população. Epidemiologistas de campo lidam, às vezes, com problemas urgentes e 
inesperados que requerem soluções imediatas. 
Os métodos adotados são planejados para apresentarem respostas específicas com 
objetivo de planejar, implementar e avaliar as intervenções em saúde pública. Tais 
estudos devem considerar a população que usufruirá dos resultados. Esta tarefa será 
considerada completa quando o epidemiologista obtiver a resposta do estudo 
devidamente apresentado àqueles que precisam conhecê-lo e tiver sido implementado 
para melhoria da saúde da população. 
Ainda para Last (2001, p. 6, tradução nossa), a epidemiologia envolve a aplicação de 
pesquisas sobre etiologia, prioridades, avaliação de programas de saúde, políticas e 
serviços. A prática epidemiológica identifica e investiga problemas de saúde, monitora 
mudanças na saúde assim como os resultados das intervenções. 
 
 
 
11 
 
Geralmente ocorre num período de tempo estabelecido pela necessidade de proteger 
a saúde de uma população exposta e um contexto administrativo que resulta em ações 
voltadas à saúde pública. 
Desta maneira, existem protocolos relativos ao atendimento em primeiros socorros no 
Brasil, estabelecidos e divulgados pelo Ministério da Saúde, como os Protocolos de 
Intervenção para o SAMU 192 – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência para as 
modalidades suporte básico à vida e suporte avançado à vida. 
Estes protocolos foram elaborados a partir de experiências internacionais e nacionais 
de desenvolvimento de protocolos, de análise da legislação vigente no Brasil relativa 
ao exercício profissional de diferentes categorias envolvidas e na literatura científica 
para cada tema (BRASIL, 2016). 
No âmbito da empresa, o socorrista deve ter preparo teórico e prático para identificar 
e agir em situações como (OLIVEIRA; PIZA, 2017): 
• Parada cardiorrespiratória; 
• Socorro à vítima de ataque cardíaco; à vítima de angina; 
• Controle de sangramentos e curativos; 
• Estado de choque; 
• Queimaduras;• Lesões de articulações; 
• Mal súbito; 
• Asma; 
• Desmaios; 
• Engasgamento; 
• Alergias; 
 
 
 
12 
 
• Envenenamento; 
• Emergências com calor e frio; 
• Saber mover uma vítima com segurança. 
1.4 Profissionais expostos 
Todas as pessoas estão sujeitas a necessitar de primeiros socorros a qualquer tempo 
em sua vida, quer no ambiente de trabalho ou não. 
No ambiente de trabalho existem riscos que são considerados inerentes às atividades 
profissionais desenvolvidas pelos trabalhadores, e se não forem desenvolvidas e 
implementadas medidas de prevenção de acidentes, estes podem ocorrer, podendo 
ser necessária a intervenção dos socorristas para garantir a vida do acidentado. 
Também no ambiente de trabalho pode haver ocorrências às pessoas ali presentes e 
que não sejam acidentes do trabalho, mas que requeiram a intervenção dos 
socorristas para que a vida desta pessoa seja garantida. 
As normas regulamentadoras estabelecem requisitos para empregador e empregados, 
de modo que a saúde e integridade dos trabalhadores sejam preservadas. Na NR 7 
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, há a determinação da existência 
de material de primeiros socorros em todo estabelecimento, sendo este deve ser 
guardado em local apropriado e sob cuidado de pessoa treinada para este fim (BRASIL, 
1978). 
Diante deste requisito, vislumbramos a necessidade de profissionais capacitados e 
treinados para atuarem em primeiros socorros na empresa, se houver esta 
necessidade. 
Numa organização podem existir os profissionais legalmente habilitados como médicos 
do trabalho, enfermeiros do trabalho, auxiliares e técnicos em enfermagem do 
trabalho, integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em 
Medicina do Trabalho (SESMT), ou médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos em 
enfermagem, bombeiros profissionais, por exemplo. 
 
 
 
13 
 
Além destes, deverão existir socorristas, outras pessoas além destes possíveis 
profissionais mencionados, que devem ser especificamente capacitados e treinados 
para atuar em primeiros socorros. 
A norma ABNT NBR 14276 (2006), Brigada de incêndio – Requisitos, estabelece as 
exigências mínimas para as brigadas de incêndio estabelecendo o dimensionamento 
da brigada, capacitação e treinamento obrigatórios, conteúdo dos cursos com 
abordagem sobre primeiros socorros inclusive (ABNT, 2007). 
1.5 Prevenção e tratamento 
A prevenção de acidentes do trabalho caracteriza-se como objetivo da segurança do 
trabalho. 
De acordo com a Lei n. 8.213/1991, o acidente do trabalho é aquele que ocorre 
quando o trabalhador está a serviço da empresa ou de empregador doméstico, ou pelo 
exercício do trabalho dos segurados especiais (art. 11, inciso VII desta lei) e que 
provoque lesão corporal ou perturbação funcional, causando morte ou perda ou 
redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho. 
Para prevenir os acidentes do trabalho e as situações a ele equiparadas, a doença 
profissional, aquela desencadeada ou produzida pelo exercício de trabalho relativo a 
determinada atividade (BRASIL, 1991) e a doença do trabalho, aquela desencadeada 
ou adquirida em virtude de condições especiais de realização do trabalho e que se 
relacione diretamente com ele (BRASIL, 1991) devem ser desenvolvidas e 
implementadas medidas de prevenção de acidentes. 
Para atuar nas situações que requerem primeiros socorros deve haver o uso de 
equipamentos de proteção individual (EPI), conforme estabelecido pela NR 6 
Equipamento de Proteção Individual – EPI (BRASIL, 1978): 
A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI 
adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, 
nas seguintes circunstâncias: 
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção 
contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do 
trabalho; 
 
 
 
14 
 
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; 
e, 
c) para atender a situações de emergência. 
 
A adoção do EPI pelo socorrista é obrigatória porque existe a possibilidade de este ser 
contaminado ao realizar os procedimentos de primeiros socorros. O socorrista pode 
estar exposto ao risco de transmissão de HIV, hepatites B e C. 
Se ocorrer exposição a material biológico devem ser adotadas as seguintes medidas 
(MORAES, 2014): 
• Como medida de prevenção, a vacinação para hepatite B é considerada eficaz 
para mais de 90% de receptores adultos imunocompetentes; 
• Havendo exposição cutânea ou percutânea, logo após a exposição, deve haver 
a lavagem do local e uso de soluções antissépticas; 
• Adoção da quimioprofilaxia para as situações de exposição ao HIV. A solicitação 
de teste anti-HIV ao paciente, no caso, a vítima sob atendimento, pode indicar 
a necessidade de iniciar a quimioprofilaxia ou não; 
• Para as situações acima mencionadas o acompanhamento laboratorial é 
requerido. São indicados exames sorológicos para os trabalhadores 
acidentados, sendo eles: por ocasião do acidente, como meio para descartar a 
existência prévia de infecção por estes vírus e, em outro momento, em 
acompanhamento pós-exposição a pacientes infectados pelas hepatites B, C, 
HIV, ou de os acidentes forem fontes desconhecidas. 
 Conclusão 
Neste bloco apresentamos Histórico, Conceito, Definições, Aspectos Gerais de 
atendimento em Primeiros Socorros, bem como exigências relacionadas à Etiologia e 
Epidemiologia. Apresentamos também as exigências relativas aos profissionais 
expostos: medidas que devem ser adotadas pelos profissionais que atuam em 
primeiros socorros para que tenham sua saúde e integridade preservadas, bem como 
 
 
 
15 
 
prevenir acidentes e ações a serem encaminhadas, se houver exposição aos agentes 
do risco biológico. 
REFERÊNCIAS 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14276: Brigada de 
incêndio – Requisitos. 2. ed. Rio de Janeiro, 2006. 
ATLAS EDITORA (Brasil) (Org.). Segurança e Medicina do Trabalho. 81. ed. São Paulo: 
Atlas, 2018. 
BRASIL. Lei n. 8.213, de 25 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios da 
previdência social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 jul. 
1991. Disponível em: <http://tiny.cc/7qry8y>. Acesso em: 23 nov. 2018. 
______. Ministério do Trabalho. Portaria n. 24, de 29 de dezembro de 1994. Aprova o 
texto da Norma Regulamentadora n. 7. Diário Oficial da União, Brasília, 30 dez. 1994. 
Disponível em: <https://bit.ly/30RSaNK>. Acesso em: 13 maio 2019. 
______. Decreto n. 5.055, de 27 de abril de 2004. Institui o Serviço de Atendimento 
Móvel de Urgência – SAMU, em Municípios e regiões do território nacional, e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, Brasília, 28 abr. 2004. p. 1-1. Disponível em: 
<http://tiny.cc/fury8y>. Acesso em: 17 maio 2019. 
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de 
Intervenção para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: <https://bit.ly/2zsgrhg>. Acesso em: 28 jun. 
2019. 
______. Ministério da Saúde. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 
192). Ministério da Saúde, Brasília, 23 jan. 2019. Disponível em: 
<https://bit.ly/2tTTvUO>. Acesso em: 17 maio 2019. 
CRUZ VERMELHA BRASILEIRA (Brasil). Histórico no mundo. Disponível em: 
<https://bit.ly/2Lrs1je>. Acesso em: 13 maio 2019. 
 
 
 
16 
 
IMINENTE. In: Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 
2015. Disponível em: <https://bit.ly/321C98f>. Acesso em: 13 maio 2019. 
KARREN, K. J. et al. Primeiros socorros para estudantes. 10. ed. Barueri, SP: Manole, 
2013. 
LAST, J. M. A dictionary of epidemiology. 4. ed. New York: Oxford University Press, 
2001. 
MORAES, M. V. G. Doenças ocupacionais: agentes físico, químico, biológico, 
ergonômico. 2. ed. São Paulo: Érica, 2014. 
OLIVEIRA, C. L. de;PIZA, F. de T. (org.). Segurança e saúde no trabalho. Vol. 3. São 
Caetano do Sul: Difusão, 2017. 
ROSSETE, C. A. (org.). Segurança e Higiene do Trabalho. São Paulo: Pearson Education 
do Brasil, 2014. 
SILVA, M. I.; BASSO, P. M.; BRUNSTEIN, A. Guia prático de saúde: primeiros socorros: 
acidentes. 1. ed. São Paulo: Eureka, 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
2 ATENDIMENTO EM PRIMEIROS SOCORROS II 
Para Karren et al. (2013) atendimentos em primeiros socorros são atendimento 
imediato e temporário de uma pessoa que esteja ferida ou que adoece 
repentinamente. Incluem também: o reconhecimento das condições que colocam a 
vida em risco e a tomada de atitudes para manter a vítima viva, na melhor condição 
possível, até a obtenção de atendimento médico. Os fundamentos de primeiros 
socorros são obtenção de assistência médica para os casos de lesão grave, sem 
substituir os profissionais de saúde: paramédicos, enfermeiros e médicos. 
Veja os principais objetivos dos primeiros socorros apresentados por Karren et al. 
(2013, p. 2): 
• Reconhecer situações que ponham a vida em risco; 
• Providenciar assistência médica; 
• Aplicar respiração e circulação artificiais quando necessário; 
• Controlar o sangramento; 
• Tratar de outras condições que ponham a vida em risco; 
• Minimizar o risco de outras lesões e complicações; 
• Deixar a vítima o mais confortável possível. 
• Evitar infecções. 
Neste bloco vamos abordar os seguintes temas, dando andamento ao estudo de 
primeiros socorros: 
• Legislação referente à prestação dos primeiros socorros; 
• Avaliação inicial da vítima; 
• Prioridades no atendimento; 
• O socorrista e os primeiros socorros; 
• Aspectos éticos e legais. 
 
 
 
18 
 
Vamos continuar os estudos? 
2.1 Legislação referente à prestação dos primeiros socorros 
A prestação de primeiros socorros é efetuada pela atuação dos socorristas, existindo 
requisitos legais relativos a essa atividade. 
A Lei n. 6.514/1977, que alterou o capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho, em 
seu art. 168, parágrafo 5º, estabelece a obrigatoriedade de material para prestação de 
primeiros socorros médicos para todos os estabelecimentos (BRASIL, 1977). 
Da mesma maneira, é expresso na NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde 
Ocupacional a obrigatoriedade de haver, em todo estabelecimento, material para a 
prestação de primeiros socorros, de serem consideradas as características das 
atividades que ali se desenvolvem, e que o material esteja guardado em local 
apropriado, sob responsabilidade de pessoa treinada para prestação de primeiros 
socorros (BRASIL, 1994). 
Na NR 4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do 
Trabalho, existe a seguinte atribuição aos integrantes do SESMT (BRASIL, 1978): 
As atividades dos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em 
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho são essencialmente 
prevencionistas, embora não seja vedado o atendimento de emergência, 
quando se tornar necessário. Entretanto, a elaboração de planos de controle 
de efeitos de catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao 
combate a incêndios e ao salvamento e de imediata atenção à vítima deste 
ou de qualquer outro tipo de acidente estão incluídos em suas atividades. 
 
Pode-se ainda mencionar a NR 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que 
estabelece que os integrantes da CIPA deverão ser submetidos a treinamento antes da 
assunção de suas funções como integrantes desta comissão. Um dos itens a serem 
abordados no treinamento obrigatório é relativo às doenças e acidentes oriundos de 
exposição aos riscos presentes na empresa (BRASIL, 1978). 
Em algumas empresas, os integrantes da CIPA são capacitados e treinados para 
atuarem como socorristas, estando esta ação em conformidade como o objetivo da NR 
 
 
 
19 
 
5: “a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar 
compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da 
saúde do trabalhador” (BRASIL, 1978). 
A atribuição de socorrista é estabelecida pela Portaria n. 824/1999 do Ministério da 
Saúde. O socorrista atua em nível pré-hospitalar, nas áreas de urgência e emergência, 
sendo este atendimento aquele que chega à vítima logo após ter ocorrido o agravo à 
saúde, que pode levar à deficiência física ou à morte, sendo assim necessária a 
prestação de atendimento adequado e transporte para um hospital hierarquizado e 
integrado ao Sistema único de Saúde (BRASIL, 1999). 
Ainda em conformidade com a Portaria n. 824/1999, apresentam-se os seguintes 
requisitos (BRASIL, 1999): 
É importante frisar e definir que o sistema de atendimento pré-hospitalar é 
um serviço médico e, assim, sua coordenação, regulação e supervisão direta 
e à distância deve ser efetuada unicamente por médico. 
Reconhece-se que, na urgência-emergência, principalmente na área do 
trauma, deverá haver uma ação integrada com outros profissionais, visando 
viabilizar a implantação de serviços de atendimento pré-hospitalar em nosso 
país, os chamados socorristas – profissionais não-médicos, habilitados para 
prestar atendimento de urgência-emergência em nível pré-hospitalar, sob 
supervisão e coordenação médica. 
Quanto ao socorrista, a Portaria n. 824/1999 assim o define (BRASIL/1999): 
Indivíduo leigo habilitado para prestar atendimento pré-hospitalar e 
credenciado para integrar a guarnição de ambulâncias do serviço de 
atendimento pré-hospitalar. Faz intervenção conservadora (não-invasiva) no 
atendimento pré-hospitalar, sob supervisão médica direta ou à distância, 
fazendo uso de materiais e equipamentos especializados. 
Na Portaria n. 824/1999 também são estabelecidas as competências dos profissionais 
que atuam em atendimento pré-hospitalar e, com relação ao socorrista, são 
estabelecidas conforme segue (BRASIL, 1999): 
Requisitos gerais: 
• maior de dezoito anos; 
• disposição pessoal para a atividade; 
• equilíbrio emocional e autocontrole; 
• disposição para cumprir ações orientadas; 
 
 
 
20 
 
• disponibilidade para recredenciamento periódico; 
• capacidade de trabalhar em equipe. 
Escolaridade: 2º grau completo. 
Competências: 
• avaliação da cena com identificação de mecanismo do trauma; 
• conhecer os equipamentos de bioproteção individual e sua 
necessidade de utilização; 
• realizar manobras de extricação manual e com equipamentos 
próprios; 
• garantir sua segurança pessoal e das vítimas no local do 
atendimento e realizar o exame primário, avaliando condições de 
vias aéreas, circulação e estado neurológico; 
• ser capaz de transmitir, via rádio, ao coordenador médico, a correta 
descrição da vítima e da cena; 
• conhecer as técnicas de transporte do politraumatizado; 
• saber observar sinais diagnósticos, cor da pele, tamanho das 
pupilas, reação das pupilas à luz, nível de consciência, habilidade de 
movimentação e reação à dor; 
• medir e avaliar sinais vitais, pulso e respiração e situar o estado da 
vítima na escala de trauma e de coma, se for o caso; 
• identificar situações de gravidade em que a tentativa de 
estabilização do paciente no local deve ser evitada em face da 
urgência da intervenção hospitalar (exemplo: ferida perfurante de 
tórax); 
• colher informações do paciente e da cena do acidente, procurando 
evidências de mecanismos de lesão; 
• manter vias aéreas permeáveis com manobras manuais e com 
equipamentos disponíveis no veículo de emergência (cânulas 
orofaríngeas); 
• administrar oxigênio e realizar ventilação artificial utilizando meios 
naturais e equipamentos disponíveis no veículo de emergência 
(cânulas, máscaras, ambu, cilindro de oxigênio); 
• realizar circulação artificial pela massagem cardíaca externa; 
 
 
 
21 
 
• controlar sangramento externo evidente, por pressão direta, 
elevação do membro e ponto de pressão, utilizando curativos e 
bandagens; 
• mobilizar e removerpacientes com proteção da coluna cervical, 
utilizando tábuas e outros equipamentos de imobilização e 
transporte; 
• reavaliar os sinais vitais e completar o exame do paciente; 
• aplicar curativos e bandagens, incluindo-se queimaduras e 
ferimentos nos olhos; 
• imobilizar coluna e membros fraturados, utilizando os 
equipamentos disponíveis no veículo de emergência; 
• oferecer o primeiro atendimento a traumatismos específicos 
(curativos em três pontos, curativo abdominal, olhos e orelhas, 
queimaduras, etc.); 
• reconhecer os períodos do parto, dar assistência ao parto normal 
em período expulsivo e prestar os primeiros cuidados ao recém-
nato; 
• oferecer o primeiro atendimento às gestantes e crianças 
traumatizadas; 
• realizar abordagem inicial (conforme itens anteriores) e oferecer 
atendimento a pacientes especiais, doentes mentais, alcoólatras e 
suicidas; 
• utilizar instrumentos de monitorização não-invasiva conforme 
protocolo local autorizado (pressão arterial, cardioscópio, oxímetro 
de pulso, etc.); 
• - estabelecer contato com a Central de Comunicação (regulação 
médica) a fim de repassar dados e seguir obrigatoriamente suas 
determinações; 
• conhecer e saber operar todos os equipamentos e materiais 
pertencentes ao veículo de atendimento; 
• ser capaz de preencher os formulários e registros obrigatórios do 
serviço; 
• ser capaz de repassar as informações pertinentes ao atendimento à 
equipe médica do hospital ou instituição de saúde que receberá o 
paciente. 
 
 
 
22 
 
Para os profissionais que atuam em atendimento pré-hospitalar, a referida portaria 
também estabelece requisitos de capacitação, incluindo o conteúdo curricular, 
considerando as competências de cada profissional, avaliação e certificação (BRASIL, 
1999). 
A prestação de primeiros socorros pode salvar a vida da vítima, e omitir prestação de 
primeiros socorros pode resultar em danos a quem os omite, de acordo com a Lei n. 
2.848/1940 (Código Penal). Em seu art. 135 é caracterizada omissão de socorro como: 
“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave 
e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública” 
(BRASIL, 1940). Se a omissão ocorrer, de acordo com o Código Penal, o omissor estará 
sujeito à pena de detenção de um a seis meses ou multa. A pena poderá ser ampliada 
de metade, se a omissão resultar em lesão corporal de natureza grave, ou triplicada, se 
resultar em morte (BRASIL, 1940). 
2.2 Avaliação inicial da vítima 
Os autores Karren et al. (2013) apresentam que catástrofes e doenças graves são os 
problemas mais críticos de saúde, e que podem resultar em morte súbita ou invalidez. 
Afirmam ainda que uma em cada três vítimas apresentam lesão não fatal. Os autores 
alertam que, havendo um acidente, as primeiras pessoas que chegam ao local do 
acidente não estão suficientemente treinadas para atuar no atendimento de 
emergência de modo adequado. Pode ainda haver demora no atendimento à vítima, 
podendo resultar em morte por falta de assistência. 
Diante destas evidências, são apresentadas as orientações para avaliação da vítima, 
seguindo-se a seguinte ordem (KARREN et al., 2013): 
a. Avaliação do local; 
b. Estabelecimento de comunicação e controle; 
c. Condução de investigação primária; 
 
 
 
23 
 
d. Condução de breve exame neurológico; 
e. Determinação da queixa principal; 
f. Avaliação dos sinais vitais; 
g. Verificação de a vítima ser portadora de algum tipo de identificação médica; 
h. Coletar uma história simples; 
i. Condução de investigação secundária. 
Os autores ainda afirmam que os sinais vitais devem ser tomados repetidamente em 
intervalos periódicos. As alterações nos sinais vitais refletem tanto alterações na 
condição da vítima como na eficácia do atendimento de emergência. Os autores ainda 
afirmam que aqueles que vão atuar na avaliação da vítima podem utilizar os sentidos 
visão, audição, tato e olfato para determinar respiração, pulso, temperatura e cor da 
pela da vítima (KARREN et al., 2013). 
Os socorristas, chegando ao local, podem iniciar os procedimentos de salvamento, a 
saber (KARREN et al., 2013, p. 2): 
• Intervenção sobre as vias aéreas e respiração; 
• Ressuscitação cardiopulmonar e desfibrilação (quando houver 
desfibrilador disponível); 
• Controle do sangramento; 
• Cuidados especiais em caso de ferimento; 
• Estabilização das lesões medulares; 
• Imobilização de fraturas. 
Karren et al. (2013) sustentam que o socorrista deve ser capaz de assumir a liderança 
em uma situação problemática, mantendo a calma enquanto estiver trabalhando sob 
pressão e orientando as demais pessoas a agirem da mesma maneira. É indicado que o 
socorrista demonstre sua competência, e escolha as palavras de incentivo para obter a 
confiança das outras pessoas presentes para que estas colaborem naquilo que for 
possível para acalmar a vítima. 
Oliveira e Piza (2017) afirmam que a avaliação da vítima requer que dados obtidos 
como: sintomas observados, exame físico, dados sobre a saúde da vítima e risco 
 
 
 
24 
 
iminente à vida sejam listados. Os autores mencionam que, após a verificação das 
condições de segurança do local, o socorrista deve: 
• Avaliar o nível de consciência da vítima; 
• Verificar se a respiração da vítima é normal (esta avaliação definirá a sequência de 
procedimentos a ser adotada); 
• Em seguida, verificar se há sinais de sangramento que possa ameaçar a vida; 
• Avaliar o histórico de saúde da vítima – ação que o socorrista pode efetuar 
diretamente com a vítima, se esta estiver consciente, ou com pessoa que esteja no 
local e tenha condições de fornecer dados sobre as condições da vítima e sobre 
aquilo que o correu com a referida vítima. 
Oliveira e Piza (2017, p. 93) apresentam que a adoção do acrônimo SAMPLE auxilia a 
lembrar as informações que devem ser obtidas da vítima: 
S – Sintomas e sinais 
A – Alergias 
M – Medicamentos 
P – Passado clínico 
L – Líquidos e sólidos que foram ingeridos 
E – Eventos associados ao episódio 
Os dados obtidos da vítima devem ser informados à equipe de resgate, facilitando e 
acelerando os cuidados que devem ser dispensados a ela (OLIVEIRA; PIZA, 2017). 
Os casos de trauma e aqueles em que a vítima necessite de suporte básico à vida 
requerem sua correta identificação para a adoção dos procedimentos indicados para 
cada uma das situações (OLIVEIRA; PIZA, 2017). 
 
 
 
25 
 
Segundo o Ministério da Saúde, são estabelecidos protocolos para diferentes 
situações. Aqui são apresentados: avaliação primária do paciente e avaliação 
secundária do paciente e outros três protocolos relacionados – os protocolos de 
segurança (BRASIL, 2016). Os protocolos estabelecem ações detalhadas e sequenciais a 
serem adotadas para determinadas situações, indicando, inclusive, a obrigatoriedade 
de adoção de outros protocolos, conforme o caso. 
BC1 - Avaliação primária do paciente (agravo clínico) (BRASIL, 2016, p. 29): 
Quando suspeitar ou critérios de inclusão: 
Em toda abordagem de pacientes com agravo clínico. 
Conduta: 
1. Avaliar a responsividade (chamar o paciente) e expansão torácica: 
• se não responsivo e sem movimentos respiratórios, checar pulso central: 
• se pulso ausente, iniciar Protocolo BC5 (PCR); e 
• se pulso presente, abrir VA com manobras manuais (hiperextensão da 
cabeça e elevação do queixo) e iniciar suporte ventilatório Protocolo BC4 
(Parada Respiratória). 
• se não responsivo com movimentos respiratórios: garantir a 
permeabilidade de via aérea e considerar suporte ventilatório; e 
• se responsivo, prosseguir avaliação. 
2. Avaliar permeabilidade de via aérea (VA) e corrigir situações de risco 
com: hiperextensão da cabeça e elevação do queixo, cânula orofaríngea, 
aspiração e retirada de próteses, se necessário. 
3. Avaliar ventilação:• padrão ventilatório; 
• simetria torácica; 
• frequência respiratória; e 
• considerar a administração de O2. 
4. Avaliar estado circulatório: 
• presença de hemorragias externas de natureza não traumática; 
• pulsos periféricos ou centrais: frequência, ritmo, amplitude, simetria; 
• tempo de enchimento capilar; 
 
 
 
26 
 
• pele: coloração e temperatura; e 
• na presença de sangramento ativo, considerar compressão direta, se 
possível. 
5. Avaliar estado neurológico: 
• Escala de Coma de Glasgow; e 
• avaliação pupilar: foto-reatividade e simetria. 
Observações: O objetivo da avaliação primária é identificar e corrigir 
situações de risco imediato de morte. Considera-se crítico todo paciente que 
apresentar alterações significativas em qualquer etapa da avaliação. 
• Se o paciente for considerado crítico, o tempo de permanência na cena 
deve ser o mínimo possível. 
• Para realizar permeabilidade de VA: considerar o uso de manobras manuais 
e uso dispositivos de abertura de via aérea. 
• Repetir avaliação primária durante o transporte. 
Considerar os 3 “S” (Protocolos PE1, PE2, PE3). 
 
BC2 - Avaliação secundária do paciente (agravo clínico) (BRASIL, 2016, p. 31): 
Quando suspeitar ou critérios de inclusão: 
Em toda abordagem de pacientes com agravo clínico, após a realização da 
Avaliação Primária e das intervenções específicas dessa fase do 
atendimento. 
Conduta: 
1. Realizar a entrevista SAMPLA (com o paciente, familiares ou terceiros): 
• Nome e idade; 
• Queixa principal; 
• S: verificação dos sinais vitais: 
o respiração (frequência, ritmo e amplitude); 
o pulso (frequência, ritmo e amplitude); 
o pressão arterial; e 
o pele (temperatura, cor, turgor e umidade). 
• A: história de alergias; 
• M: medicamentos em uso e/ou tratamentos em curso; 
• P: passado médico – problemas de saúde ou doença prévia; 
• L: horário da última ingestão de líquidos ou alimentos; e 
 
 
 
27 
 
• A: ambiente do evento. 
• Realizar a avaliação complementar: 
• instalar oximetria de pulso, se disponível; e 
• mensurar a glicemia capilar, se disponível. 
• Realizar o exame da cabeça aos pés: 
• Cabeça e face: 
o inspecionar e palpar o couro cabeludo, orelhas, ossos da face, 
olhos, pupilas (verificar diâmetro, reação à luz e simetria 
pupilar) nariz, boca; e 
o observar alterações na coloração e temperatura da pele. 
• Pescoço: 
o avaliar região anterior e posterior; e 
o avaliar, em especial, se há distensão das veias jugulares. 
• Tórax: 
o observar, em especial, se há uso de musculatura acessória, 
tiragem intercostal e de fúrcula, movimentos assimétricos. 
• Abdome: 
o observar abdome distendido. 
• Membros superiores: 
o observar, em especial, a palpação de pulsos distais e perfusão 
dos membros; e 
o avaliar a força motora, solicitando que o paciente aperte a 
mão do profissional e/ou eleve um braço de cada vez, se 
descartada qualquer potencial lesão. 
• Membros inferiores: 
o observar, em especial, a palpação de pulsos distais e perfusão 
dos membros (reenchimento capilar); e 
o avaliar a força motora, solicitando que o paciente movimente 
os pés e/ou eleve uma perna de cada vez, se descartada 
qualquer potencial lesão. 
Observações: A avaliação secundária é importante, porém não obrigatória, 
principalmente nos pacientes críticos ou se sua realização implicar em 
atraso de transporte. 
• Objetivo específico da avaliação secundária: localizar alterações na cor 
da pele ou mucosas, assimetrias morfológicas, instabilidades 
hemodinâmicas, ruídos anômalos emitidos pelo paciente, alterações de 
 
 
 
28 
 
motricidade e sensibilidade. 
• Registrar detalhadamente os achados da avaliação secundária. 
Considerar os 3 “S” (Protocolos PE1, PE2, PE3). 
 
Seguem os protocolos PE1, PE2 e PE3, para conhecimento: 
PE1 – Aspectos gerais de avaliação da segurança de cena (BRASIL, 2016, p. 221): 
Quando suspeitar ou critérios de inclusão: 
Este protocolo é parte integrante dos 3 “S” para a segurança e se aplica a 
todos os atendimentos. 
A avaliação da segurança da cena deve ser a primeira prioridade do 
profissional e deve anteceder o início da abordagem do paciente. 
Conduta: 
1. Realizar os 3 passos para avaliação da cena 
Passo 1: Qual é a situação? 
Considerar informações passadas pela Central de Regulação, por outras 
equipes no local ou testemunhas: 
• tipo/natureza de evento; 
• solicitante; 
• número de pacientes; 
• veículos envolvidos; 
• situação em andamento, etc. 
• Ao chegar à cena, observar: 
• tipo/natureza do evento; 
• acesso (difícil?); 
• situação geral: pessoas no entorno; 
• presença de outros serviços; 
• presença de agentes de risco que comprometam a segurança: animais, 
fogo, produtos perigosos, instabilidade de estruturas, fios elétricos, 
acesso difícil, tráfego intenso, armamento, aglomeração de pessoas e 
risco de pânico em massa, fluidos corporais, múltiplos pacientes, etc. 
Passo 2: Para onde a situação pode evoluir? 
Considerar as possibilidades de evolução da situação nos próximos minutos 
 
 
 
29 
 
ou horas: 
• fios energizados e soltos? choque elétrico?; 
• explosão?; 
• intoxicação por fumaça?; 
• colapso de estruturas?; 
• hostilidade e/ou violência interpessoal?; 
• vazamento de produtos?; 
• contaminação?; 
• vias intransitáveis?; 
• aumento do número de pacientes?, etc. 
Passo 3: Como controlar a situação? 
Considerar o acionamento de recursos de apoio e/ou especializados como: 
• equipes adicionais do SAMU; 
• corpo de bombeiros; 
• policiamento; 
• departamento de trânsito; 
• companhia de água ou de energia elétrica; 
• serviço aeromédico; 
• concessionária de rodovias, etc. 
• Os acionamentos devem ser realizados pela Central de Regulação 
Médica. 
2. Após avaliar os três passos, definir: 
• “CENA SEGURA”: iniciar os procedimentos de aproximação e 
abordagem do paciente (Protocolos PE7, PE2, PE3). 
• “CENA INSEGURA”: 
o posicionar-se em local seguro e próximo (considerar ações de 
segurança já realizadas ou sinalizadas por outros serviços já 
presentes na cena); 
o comunicar-se imediatamente com a Central de Regulação para 
informar detalhes e definir solicitação de apoio; 
o se necessário considerar as ações básicas de segurança e 
controle da cena; 
 
 
 
30 
 
o aguardar orientação e apoio no local seguro. 
3. Considerar as ações de segurança e controle da CENA INSEGURA 
utilizando regras básicas de posicionamento diante de riscos, tais como: 
• rede elétrica afetada, posicionar-se próximo aos postes que ainda 
estiverem intactos; 
• presença (ou suspeita) de materiais tóxicos inaláveis ou fumaça, levar 
em consideração a direção do vento e/ou da fumaça antes de se 
posicionar. Posicionar-se sempre a favor do vento; 
• fogo e fumaça na cena, além da direção do vento, posicionar-se pelo 
menos a 50m de distância do local; 
• escoamento de combustível, posicionar-se na direção contrária ao 
sentido do escoamento; 
• risco de inundação, posicionar-se em local alto e distante; 
• risco de colapso de estruturas (edificações ou vias) considerar a 
possibilidade de extensão e propagação dos danos e posicionar-se em 
local seguro; 
• cenários hostis com possibilidade de violência contra a equipe 
(presença de armas, indivíduos hostis, animais, etc.) manter-se 
afastado em local seguro até a chegada de apoio. Se houve evolução 
para um cenário hostil com a equipe já na cena, considerar a saída 
estratégica diante de ameaça percebida ou potencial, com imediata 
comunicação à Central de Regulação; 
• se a cena já conta com presença de outras equipes ou serviços 
(bombeiros, policiamento etc.) considerar a sinalização e as ações de 
segurança já realizadas e apresentar-se ao comando da cena para 
disponibilização de recursos e orientações de segurança. 
4. Reavaliar a cena com frequência pois os fatores podem se alterar com 
rapidez. 
Observações: 
• Objetivo: identificar rapidamente os diferentes fatoresde risco que 
estão relacionados com a ocorrência com vistas a tomada de decisão 
para seu controle e início da abordagem. 
• A primeira prioridade da equipe deve ser sua segurança. O desejo de 
ajudar não deve se sobrepor à própria segurança da equipe. 
• Em cenários hostis, é útil o uso de sinais ou palavras previamente 
 
 
 
31 
 
combinadas para situações que exijam saída estratégica. 
 
PE2 – Regras gerais de biossegurança (BRASIL, 2016, p. 223): 
Quando suspeitar ou critérios de inclusão: 
Este protocolo é parte integrante dos 3 “S” para a segurança e se aplica a 
todos os atendimentos. 
Biossegurança compreende um conjunto de ações destinadas a prevenir, 
controlar, mitigar ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam 
interferir ou comprometer a qualidade de vida, a saúde humana e o meio 
ambiente. 
Conduta: 
1. Regras gerais de biossegurança durante o atendimento 
• Utilizar EPI obrigatório: 
o uniforme completo apresentável com faixas refletivas e 
mangas longas; 
o calçado fechado impermeável apropriado; 
o luvas de procedimento; 
o óculos de proteção; 
o máscara facial; 
o capacete (para o caso dos condutores de motolância). 
• Considerar práticas adequadas: 
o manter unhas curtas e limpas (não utilizar unhas postiças); 
o manter cabelos presos (caso se aplique); 
o não utilizar adornos em excesso como correntes, pulseiras, 
anéis e brincos grandes ou mesmo brincos pequenos, se do 
tipo argola; 
o não fazer uso de perfume durante o horário de trabalho; 
o trocar as luvas durante o atendimento caso exista contato 
com materiais com alta concentração de microorganismos 
(exemplo, material fecal) ou em caso de realização de 
procedimentos invasivos diferentes em um mesmo paciente; 
o com as mãos enluvadas, evitar tocar em maçanetas, 
puxadores, telefones e outros e, caso ocorra, 
o garantir a realização da limpeza concorrente desses itens ao 
 
 
 
32 
 
final do atendimento. 
2. Regras gerais de biossegurança para o período pós-atendimento 
• Higiene pessoal: 
o lavar cuidadosamente as mãos e antebraços, com água e 
sabão após a retirada das luvas e, na impossibilidade, lavar as 
mãos, utilizar álcool gel ou similar; 
o trocar o uniforme sempre que este estiver úmido ou receber 
respingos de fluídos corporais de um paciente. 
• Cuidados com o descarte de lixo e de material contaminado: 
o recolher da cena e da ambulância, todo o lixo produzido 
durante o atendimento (luvas, gazes, etc.) para descarte no 
recipiente próprio da ambulância; 
o descartar o saco de lixo da ambulância quando este alcançar 
3/4 da capacidade, sendo que o descarte deve ser realizado 
exclusivamente no coletor de lixo hospitalar adequado e 
previamente pactuado. 
• Cuidados com o descarte de material perfurocortante: 
o utilizar coletor de perfurocortante (de parede rígida, 
impermeável e com tampa) para descarte destes materiais; 
o realizar o descarte quando o coletor de perfurocortante 
alcançar 2/3 da capacidade; 
o não deixar o coletor de perfurocortante no chão ou solto 
sobre o balcão da ambulância; 
o para descartar, quando cheio, seguir as recomendações do 
fabricante para o fechamento. 
o realizar de limpeza concorrente da ambulância e dos 
materiais e equipamentos ao final de cada atendimento. 
3. Práticas gerais de biossegurança aplicadas ao ambiente pré-hospitalar 
• Lavar as mãos sempre: 
o após funções fisiológicas e/ou pessoais: uso do banheiro, 
alimentação, pentear os cabelos, assoar o nariz, fumar; 
o após procedimentos: ao final de cada atendimento após 
retirada de luvas, contato com objetos, mobiliário e 
documentos da ambulância e sempre que se encontrar com 
sujidade. 
 
 
 
33 
 
• Para a lavagem das mãos, dar preferência ao uso de dispensadores de 
parede com acionamento manual e secagem com o uso de papel 
toalha. 
• Utilizar saco de lixo branco leitoso para descarte de lixo na 
ambulância. 
• Não permitir comer, beber, fumar ou utilizar/aplicar cosméticos 
dentro da ambulância. 
• Utilizar o uniforme exclusivamente durante o horário de trabalho, 
evitando-se seu uso no deslocamento por transporte público ou 
privado, locais de alimentação e outros ambientes. 
• A limpeza dos óculos de proteção pode ser realizada com água, sabão 
e hipoclorito de sódio. Não utilizar álcool 70%. 
• 4. Medidas de prevenção contra acidentes envolvendo sangue e 
outros fluidos orgânicos 
• Ter máxima atenção durante a realização de procedimentos invasivos. 
• Jamais utilizar os dedos como anteparo durante a realização de 
procedimento que envolva material perfurocortante. 
• Nunca reencapar, entortar, quebrar ou desconectar a agulha da 
seringa. 
• Não utilizar agulhas para fixar papéis. 
• Desprezar agulhas, escalpes, lâminas de bisturi e vidrarias, mesmo 
que estéreis, em recipiente próprio. 
• Não descartar material perfurocortante em saco de lixo comum, 
mesmo que seja branco. 
• Usar sapatos fechados (não de tecido) para proteção dos pés em 
locais úmidos, com presença de material biológico ou onde haja risco 
de acidente percutâneo. 
• Observações: 
• Os profissionais com lesões cutâneas secretantes ou exsudativas 
devem evitar atividades na intervenção e cuidado com paciente. 
• Todo e qualquer acidente envolvendo o profissional do SAMU com ou 
sem o envolvimento de riscos biológicos, deve ser informado 
imediatamente à Regulação Médica e à gerência do serviço, assim que 
possível. 
• Os serviços devem estabelecer rotinas para os casos de acidentes de 
trabalho de qualquer natureza. 
• O uso de máscaras faciais individuais do tipo N95 (ou PFF2), com ou 
 
 
 
34 
 
sem válvula de exalação, deve ser restrita à assistência a pacientes 
com alta suspeição ou confirmação de patologia transmitida por 
patógenos menores ou iguais a 5 micra na forma de aerossóis, como 
por exemplo, tuberculose pulmonar bacilífera, influenza A (H1N1), 
SRAG, sarampo ou varicela. Outras circunstâncias ou condições 
epidêmicas podem indicar sua necessidade de uso. Estas máscaras são 
reutilizáveis e seu tempo de uso é avaliado pela sua integridade. 
• Considerar as orientações sobre acidentes com material biológico no 
protocolo próprio. 
 
PE3 - Práticas para a Segurança do paciente (BRASIL, 2016, p. 225): 
Quando suspeitar ou critérios de inclusão 
Este protocolo é parte integrante dos 3 “S” de Segurança e se aplica a todos 
os atendimentos. 
Conduta: 
1. Práticas para a identificação do paciente 
• Identificar o paciente na ficha/boletim de atendimento com duas ou 
mais informações, dentre elas: nome completo sem abreviaturas, 
acompanhado de endereço completo, data de nascimento e/ou 
registro de um documento. 
• Para pacientes inconscientes, confusas ou sem condição de informar e 
sem acompanhantes: 
o realizar busca ativa de documentos nos pertences e fazer a 
identificação conforme orientado acima; e 
o na ausência de documentos, descrever detalhadamente na 
ficha/boletim de atendimento duas ou mais características 
pessoais (sexo, etnia, vestes e o local onde o paciente foi 
encontrado). 
• Recomenda-se a utilização de uma fita de identificação simples no 
punho direito do paciente, com os dados disponíveis e o endereço 
onde ele foi encontrado. 
• Na ocorrência de parto no ambiente pré-hospitalar, utilizar as fichas 
de identificação na mãe e no RN. 
• Práticas para um cuidado limpo e seguro 
 
 
 
35 
 
• Lavar as mãos antes e depois de procedimentos ou do contato com o 
paciente e/ou do contato com material biológico. 
• Na indisponibilidade de água e sabão, utilizar solução a base de álcool. 
• Sempre utilizar luvas durante o atendimento. 
• Garantir boas práticas na realização de procedimentos invasivos, 
mesmo em situação de urgência. 
• Realizar os procedimentos de lavagem e desinfecção interna da 
ambulância, conforme protocolos locais. 
• Descartar material perfurocortante em local adequado. 
• Recolher invólucros e outros artefatos da cenapara descarte 
adequado. 
• Prática para a utilização de cateteres e sondas 
• Verificar adequação e permeabilidade dos dispositivos e conexões 
antes de iniciar a infusão. 
• Práticas para um procedimento seguro 
• Executar a checagem diária dos materiais, medicamentos e 
equipamentos e realizar a reposição dos itens faltantes. 
• Atentar para o armazenamento correto, prazo de validade e 
integridade dos invólucros. 
• Prever e comunicar etapas críticas e/ou possíveis eventos críticos 
durante a realização de procedimentos. 
• Registrar a realização de procedimentos, número de tentativas e 
intercorrências, se houver. 
• Práticas para a administração segura de medicamentos e soluções 
• Identificar adequadamente os itens da mochila de medicamentos para 
facilitar a localização. 
• Certificar-se dos “5 certos” da administração de medicamentos: 
paciente certo, medicamento certo, via certa, hora certa, dose certa. 
• Utilizar materiais e técnicas assépticas na administração de 
medicamentos parenterais. 
• Utilizar recursos de comunicação em alça fechada para confirmar 
prescrição verbal em situação de emergência e também após a 
administração de medicamentos. 
• Destacar na ficha/boletim de atendimento informação positiva sobre 
alergias a algum medicamento. 
• Manter uma lista de medicamentos utilizados no serviço com a 
 
 
 
36 
 
respectiva apresentação, dose utilizada e principais cuidados para 
permitir consulta rápida. 
• Registrar na ficha de atendimento: droga, dose, diluente, 
tempo/velocidade de infusão e demais informações pertinentes à 
administração. 
• Notificar ao serviço a ocorrência de reações ou eventos adversos 
decorrentes do uso de medicações. 
• Práticas para promoção do envolvimento do paciente com sua própria 
segurança 
• Incentivar e valorizar a presença do acompanhante. 
• Utilizar linguagem compreensível para comunicação com o paciente. 
• Comunicar ao paciente e/ou familiares todos os procedimentos e 
encaminhamentos a serem realizados. 
• Práticas para a comunicação efetiva 
• Utilizar recursos de comunicação em alça fechada durante o 
atendimento. 
• Realizar a passagem sistematizada do quadro do paciente durante a 
transição do cuidado do paciente para a unidade de destino. 
• Preencher adequadamente a ficha/boletim de atendimento e 
entregar uma cópia para a unidade de destino. 
• Registrar o nome do profissional que recebeu o paciente na unidade 
de destino. 
• Escrever em letra legível. 
• Prevenção de queda e acidentes 
• Na cena, aproximar ao máximo a maca retrátil do local onde está o 
paciente para evitar deslocamento longo na prancha. 
• Na prancha longa, fixar o paciente com, no mínimo, 3 cintos de 
segurança (3 pontos diferentes). 
• Na maca, realizar a fixação do paciente com os cintos de segurança. 
• Transportar pacientes agitados, contidos fisicamente ou com alto 
risco para queda sempre com a maca rebaixada. 
• Anotar na ficha/boletim se há risco para queda. 
• Transporte de crianças com < de 6 meses: 
o sempre no colo do responsável e na ausência deste, no colo 
do profissional de saúde, exceto se houver indicação de uso 
de incubadora de transporte. Os adultos devem estar com os 
 
 
 
37 
 
cintos devidamente afivelados. O profissional de enfermagem 
deve permanecer próximo para manter atenção sobre o 
paciente e zelar pela segurança. 
• Transporte de crianças acima de 6 meses: 
o na maca, acompanhadas do responsável. Se essa atitude 
provocar ansiedade nas crianças menores, elas poderão ser 
transportadas no colo pelo responsável ou pelo profissional 
de enfermagem. Todos deverão estar com os cintos de 
segurança afivelados. O profissional de enfermagem deve 
permanecer próximo para manter atenção sobre o paciente e 
zelar pela segurança. 
• Seguir as regras de condução de veículos de emergência. 
• 9. Prevenção de úlcera por pressão 
• Na prancha longa, utilizar coxins nos pontos mais suscetíveis à 
pressão. 
• No transporte prolongado, se possível, promover a mudança de 
decúbito e utilizar coxins ou proteção nas áreas corpóreas de risco. 
• 10. Segurança na utilização de tecnologia 
• Manter habilidades no uso dos equipamentos da ambulância. 
• Atentar para a condição das baterias recarregáveis. 
• Assegurar boa fixação/guarda dos equipamentos e materiais dentro 
da AM. 
• Comunicar à chefia qualquer problema relacionado ao uso dos 
equipamentos e materiais. 
• Os fatores de risco para a queda são: 
• Observações: 
• crianças < 5 anos e adultos > 65 anos; 
• pacientes com declínio cognitivo, com depressão ou ansiedade; 
• pacientes com necessidade de auxílio à marcha (pessoa ou 
dispositivo), amputações, com comprometimento sensorial (visão, 
audição ou tato); 
• pacientes com AVC, hipotensão postural, tontura, convulsão, dor 
intensa, baixo índice de massa corpórea ou obesidade severa, 
incontinência ou urgência miccional ou para evacuação, artrite, 
osteoporose, hipoglicemia; e 
• pacientes em uso de medicamentos depressores, antiarrítmicos, anti-
 
 
 
38 
 
histamínicos e outros. 
 
Os protocolos de suporte básico à vida podem ser conhecidos na publicação: 
Protocolos de Intervenção para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de 
Urgência. 
2.3 Prioridades no atendimento 
Após a ocorrência de um acidente é essencial que, nos minutos seguintes, haja o 
acionamento de Serviço de Resgate Médico, ligando para 192 ou 193. A presença de 
técnicos de emergências médicas é fato nestes serviços de resgate, sendo estes 
profissionais treinados para reunir informações e fornecer orientações que auxiliam no 
atendimento à vítima. Ao solicitar este serviço devem ser apresentadas as seguintes 
informações mínimas (KARREN et al., 2013): 
• Localização da vítima: endereço, incluindo conjunto, escritório ou apartamento. 
• Número de telefone em que o socorrista pode ser encontrado. 
• Informações sobre a vítima ou sobre o local onde a mesma se encontra, auxiliando 
o atendente a encaminhar equipe e equipamentos adequados à situação. 
Para atender às pessoas em situações de emergência é necessário que o médico 
apresente: calma, conhecimento, treinamento e experiência. Estas características 
permitirão ao médico, no atendimento de uma emergência, aplicar a habilidade de 
identificar prioridades. 
O conceito de prioridades corresponde a saber identificar corretamente quem deve 
ser atendido primeiro, engloba quais dados de história e de exame físico devem ser 
procurados antes e qual conduta deve ser adotada inicialmente. Os primeiros minutos 
após o acidente, considerados valiosos, permitem identificar o paciente 
potencialmente grave, coletar dados de história de modo direcionado, realizar exame 
físico mínimo, sendo estes itens decisivos para obtenção do correto diagnóstico 
(KARREN et al., 2013). 
 
 
 
39 
 
Os autores Karren et al. (2013) chamam a atenção para que, em uma situação de 
potencial emergência, o primeiro passo seja solicitar ajuda, conforme recomendado 
pelo suporte básico (BLS) e avançado de vida (ACLS). Se tais situações ocorrerem fora 
do ambiente hospitalar, deve-se ligar ou pedir para ligarem imediatamente para o 
Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) ou para o resgate do Corpo de 
Bombeiros, sendo esta atitude fundamental. Havendo suspeita de uma parada 
cardiorrespiratória é essencial solicitar um desfibrilador. 
Simultaneamente aos procedimentos acima mencionados, segundo Karren et al. 
(2013), cabe ao médico esclarecer a queixa e a duração, de modo objetivo. Assim, o 
objetividade levará a questionamentos da seguinte maneira: “O que o(a) Senhor(a) 
está sentindo agora?”, “A que horas começou?”, “Já sentiu isso antes?”, “Como é a 
dor: um aperto, uma queimação, uma pontada etc.?” (KARREN et al., 2013, p. 90). 
A queixa deve ser caracterizada, bem como a duração desta, sendo também o paciente 
questionado sobre fatores que a ela se associem, ou antecedentes patológicos,ou uso 
de medicação por parte do paciente, ou se o paciente faz acompanhamento médico ou 
ainda se possui receita ou exame prévio. As possíveis respostas podem alterar a 
hipótese diagnosticada (KARREN et al., 2013). 
Quanto ao socorrista, atuando em situação de doença repentina ou lesão, o rápido 
raciocínio e a ação imediata contribuem para auxiliar a vítima. Desta maneira, o 
socorrista deve tentar adotar o seguinte plano de ação (KARREN et al., 2013, p. 3): 
• Observar o local do acidente conforme se aproxima; 
• Observar sua segurança e de outras pessoas presentes no local; solicitar, quando 
necessário que pessoa ou pessoas presentes no local desviem o tráfego direto para 
o local do acidente; posicionar sinalização de segurança; manter espectadores a 
uma distância segura, por exemplo; 
• Acionar o serviço de emergência; 
• Conseguir acesso à vítima ou vítimas, verificando risco de vida imediato; 
 
 
 
40 
 
• Realizar procedimentos de suporte básico à vida, dando prioridade às vítimas mais 
graves. 
As ações aqui apresentadas tanto para o médico quanto ao socorrista evidenciam a 
necessidade de conhecimento técnico para atuação em situações de urgência e 
emergência, mas também treinamento para que as avaliações e ações a serem 
adotadas possam efetivamente auxiliar na preservação da vida da vítima. 
2.4 O socorrista e os primeiros socorros 
Atendimento pré-hospitalar apresenta peculiaridades que devem ser revistas pelo 
socorrista antes da abordagem de uma vítima. Há a necessidade de treinamento para 
socorristas profissionais e leigos para que o atendimento realizado por estes apresente 
segurança e qualidade (QUILICI; TIMERMAN, 2011). 
O atendimento é composto por etapas, iniciando por (QUILICI; TIMERMAN, 2011): 
• Identificação de determinada situação com uma ou mais vítimas, que sendo 
presenciada por alguém presente, este deve chamar serviço médico de 
emergência; 
• O socorrista deve avaliar o cenário realizando: 
o Avaliação da segurança: constitui-se de análise fundamental, garantindo 
segurança ao socorrista, aos demais presentes e à vítima; 
o O socorrista deve verificar: se existe perigo para ele; se existe perigo à 
vítima. 
• O socorrista procede à avaliação da situação para planejar o que será realizado, 
podendo adotar as seguintes perguntas (QUILICI; TIMERMAN, 2011, p. 32): 
o O quê ocasionou o acidente? 
o Quantas vítimas estão envolvidas e quais são suas idades? 
o Será necessária mais do que uma unidade de transporte? 
 
 
 
41 
 
o É necessária uma ajuda específica (bombeiros, polícia)? 
o É necessário um equipamento especial? 
Dependendo do cenário, algumas ações específicas devem ser encaminhadas, como no 
caso de acidente de trânsito, situações com vítimas de violência e acidentes com 
substâncias tóxicas (QUILICI; TIMERMAN, 2011). 
Ainda segundo Quilici e Timerman (2011), depois de avaliado o cenário pelo socorrista, 
deve ocorrer a abordagem da vítima, sendo as emergências classificadas em 
traumáticas e médicas. 
Karren et al. (2013, p. 5) também apresentam os seguintes requisitos relativos ao 
socorrista: 
O socorrista não deve interferir nos primeiros socorros administrados por 
outras pessoas; 
O socorrista deve seguir as instruções de um policial e fazer o que um 
socorrista consciente faria em tal circunstância; 
Se a vítima não quiser receber ajuda, o socorrista não deve forçá-la, a não 
ser que a situação seja potencialmente fatal; 
Após o socorrista ter iniciado o atendimento voluntariamente, ele não deve 
interrompê-lo nem deixar o local até que seja dispensado por uma pessoa 
qualificada e responsável que administre o atendimento em um nível igual 
ou superior. Caso contrário, sair do local ou interromper o atendimento será 
considerado abandono do ponto de vista legal, e o socorrista estará sujeito a 
processo judicial; 
O socorrista deve seguir procedimentos de atendimento de emergência 
reconhecidos e aceitos que constem em textos didáticos sobre primeiros 
socorros; 
O socorrista deve respeitar a privacidade da vítima e revelar informações 
confidenciais – como condição médica da vítima, lesões, condição física ou 
medicamentos – apenas para pessoas que precisem conhecê-las por razões 
profissionais; 
Todo socorrista envolvido com uma vítima na cena de um crime deve 
documentar e preservar quaisquer provas, além de obedecer às leis locais 
que exijam a comunicação de incidentes criminais específicos (como abuso, 
estupro e ferimentos causados por armas de fogo). 
Diante do exposto, verificamos que atuar em primeiros socorros exige preparo que 
engloba conhecimento técnico e treinamento para que ações e procedimentos sejam 
adotados para preservar a vida da vítima. 
 
 
 
42 
 
2.5 Aspectos éticos e legais 
Quanto a prestar socorros em situações de urgência e emergência, havendo a 
expressão “dever de agir”, o significado desta expressão é que existe obrigação legal 
de prestar socorro ou proporcionar atendimento de emergência. Tal obrigação legal 
existe nas seguintes situações, de acordo com Karren et al. (2013): 
• Se houver a responsabilidade preexistente: quando a pessoa estabeleceu relação 
que a obriga legalmente a prestar socorro; 
• Quando o emprego exigir; 
• Quando tiverem sido iniciados procedimentos de primeiros socorros, o socorrista 
deve continuar efetuando tudo que lhe é possível, até a chegada de assistência. 
O socorrista deve atuar seguindo diretrizes de atendimento padronizadas observando 
o nível e o tipo de atendimento, em conformidade com sua preparação. Assim, o 
socorrista atua segundo padrão de atendimento que difere da ação do médico 
(KARREN et al., 2013). 
Os aspectos éticos relativos aos médicos que atuam na emergência podem ser 
conhecidos por meio da leitura do documento “Aspectos éticos na emergência”, 
publicado pela Revista da Associação Médica Brasileira, e disponível em: 
<https://bit.ly/2LwFOFc>. 
Um aspecto associado à prestação dos primeiros socorros refere-se a um adulto 
recusar, para si ou para menor, atendimento ou transporte de emergência. Havendo 
recusa por parte da vítima ou responsável em consentir o atendimento, o socorrista 
não pode prestar atendimento de emergência nem transportar a vítima. Se assim 
proceder, o socorrista poderá ser legalmente processado por agressão (KARREN et al., 
2013). 
 
 
 
 
 
43 
 
Conclusão 
O bloco abordou aspectos relevantes associados aos primeiros socorros como a 
legislação relacionada à prestação de serviços em primeiros socorros, os aspectos 
éticos relativos à prestação de primeiros socorros e as ações de primeiros socorros 
como: avaliação inicial da vítima, o estabelecimento de prioridades de atendimento e 
os aspectos relativos ao socorrista e os primeiros socorros. 
Os pontos abordados neste bloco vêm reforçar que atuar em primeiros socorros exige 
preparação e conhecimento por parte daquelas pessoas que se mobilizam tanto 
profissional como voluntariamente para intervir numa situação de emergência ou 
urgência de modo que possam efetivamente contribuir para manter a vida da vítima. 
Muito importante observar que a preparação de uma pessoa para atuar em primeiros 
socorros estabelece tanto aquilo que esta pessoa deve fazer, segundo diretrizes 
estabelecidas nacional e internacionalmente, bem como aquilo que não deve ser feito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
REFERÊNCIAS 
ATLAS EDITORA (Brasil) (Org.). Segurança e Medicina do Trabalho. 81. ed. São Paulo: 
Atlas, 2018. 
BRASIL. Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V do Título II da 
Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à segurança e medicina do trabalho e dá 
outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 23 dez. 1977. Disponível em: 
<https://bit.ly/2vpKNyg>. Acesso em: 2 jul. 2019. 
______. Ministério do Trabalho. Portaria n. 24, de 29 de dezembro de 1994. Aprova o 
texto da Norma Regulamentadora n. 7. Diário Oficialda União, Brasília, 30 dez. 1994. 
Disponível em: <https://bit.ly/30RSaNK>. Acesso em: 13 maio 2019. 
______. Ministério da Saúde. Portaria n. 824, de 24 de junho de 1999. Diário Oficial da 
União, Brasília, 25 jun. 1999. Disponível em: <https://bit.ly/2xiyCnZ>. Acesso em: 22 
maio 2019. 
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de 
Intervenção para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: <https://bit.ly/2zsgrhg>. Acesso em: 28 jun. 
2019. 
KARREN, K. J. et al. Primeiros Socorros para Estudantes. 10. ed. Barueri, SP: Manole, 
2013. 
OLIVEIRA, C. L. de; PIZA, F. de T. (org.). Segurança e saúde no trabalho. Vol.3. São 
Caetano do Sul: Difusão, 2017. 
QUILICI, A. P.; TIMERMAN, S. Suporte básico de vida: primeiro atendimento na 
emergência para profissionais da saúde. Barueri, SP: Manole, 2011. 
TORREÃO, L. de A. Aspectos éticos na emergência. Revista da Associação Médica 
Brasileira, São Paulo, v. 49, p.1-1, 2003. Trimestral. Disponível em: 
<https://bit.ly/2LwFOFc>. Acesso em: 24 maio 2019. 
 
 
 
45 
 
 
3 CORPO HUMANO 
Conhecer as estruturas básicas do corpo humano é primordial para a prestação de 
primeiros socorros. 
O corpo humano é formado por células, unidade básica de um tecido vivo, e os tecidos 
são conjuntos de células semelhantes. Um grupo de órgãos que trabalham em 
conjunto constitui um sistema que realiza função específica. Desta maneira, deve-se 
compreender sobre anatomia: estrutura do corpo e a relação de suas partes entre si e 
fisiologia: que lida com o funcionamento das partes do organismo e o funcionamento 
do corpo (KARREN et al., 2013). 
Neste bloco o conteúdo está dividido da seguinte maneira: 
• Posição, direção e localização da vítima: terminologias; 
• Estruturas corporais; 
• Movimentação e posicionamento; 
• Sinais vitais: pressão arterial, frequência respiratória e cardíaca; 
• Sinais vitais: temperatura e dor. 
Vamos continuar os estudos? 
3.1 Posição, direção e localização da vítima: terminologias 
Iniciamos este subtema apresentando terminologias adotadas na assistência médica 
que descrevem a posição, a direção e a localização da vítima, conceitos que auxiliam 
na comunicação relativa a um ferimento ou posicionamento da vítima, evitando 
possíveis confusões. Estes conceitos dividem-se em (KARREN et al., 2013, p. 16): 
 
 
 
 
 
46 
 
1. Termos relativos à posição: 
Posição Anatômica – Em pé, ereto, braços para baixo ao longo das laterais 
do corpo, palmas das mãos voltadas para a frente; 
Decúbito Dorsal – Deitado de costas; 
Decúbito Ventral – Deitado com o abdome para baixo; 
Decúbito Lateral – Deitado sobre o lado direito ou esquerdo, com o braço 
que está por baixo na frente do corpo e a cabeça inclinada para trás e 
apoiada, conhecida como posição de recuperação ou de conforto; 
Posição de Recuperação Modificada – Posição em que o socorrista estende 
o braço da vítima, gira seu corpo para a posição lateral, apoia sua cabeça 
sobre o braço estendido e dobra os joelhos para proporcionar estabilidade. 
Auxiliando no entendimento destes conceitos, seguem as imagens: 
Figura 3.1 – Posição de decúbito dorsal 
 
Fonte: Karren et al. (2013, p. 16) 
Figura 3.2 – Posição de decúbito ventral 
 
Fonte: Karren et al. (2013, p. 16) 
Figura 3.3 – Posição de decúbito lateral 
direito, conhecida como posição de 
recuperação ou coma 
 
Fonte: Karren et al. (2013, p. 16) 
Figura 3.4 – Posição de decúbito lateral 
esquerdo, conhecida como posição de 
recuperação ou coma 
 
Fonte: Karren et al. (2013, p. 16) 
 
 
 
47 
 
Figura 3.5 – Posição de recuperação modificada 
 
Fonte: Karren et al. (2013, p. 17) 
Seguem alguns termos relativos à direção e à localização da vítima (KARREN et al., 
2013, p. 17): 
• Superior – Acima ou mais alto em relação um ponto de referência. 
Como exemplo, o joelho está em localização superior em relação ao 
tornozelo; 
• Inferior – Abaixo ou mais baixo em relação a um ponto de referência. 
Como exemplo, o punho está em localização inferior em relação ao 
cotovelo; 
• Anterior – Em relação à frente; 
• Posterior – Em direção à frente; 
• Medial – Em direção à linha mediana (centro) do corpo; 
• Lateral – À direita ou à esquerda da linha mediana; (centro) do corpo, 
afastado da linha mediana; 
• Superficial – Próximo à superfície; 
• Profundo – Distante da superfície; 
• Interno – Do lado de dentro; 
• Externo – Do lado de fora. 
Conhecer a correta identificação das posições, assim como as expressões relativas à 
direção e localização, permite que as pessoas registrem corretamente uma situação 
que requeira primeiros socorros, como no recebimento de orientações para atender a 
uma vítima. 
 
 
 
 
48 
 
3.2 Estruturas corporais 
O corpo humano é composto por vários sistemas, com funções específicas, mas que se 
articulam entre si para o funcionamento do organismo. 
3.2.1 Sistema esquelético 
Iniciamos nosso estudo pelo sistema esquelético. O corpo humano se constitui de 
arcabouço de ossos, unidos por ligamentos (que ligam um osso ao outro), músculos 
distribuídos em camadas, tendões que ligam os músculos aos ossos, e vários tecidos 
conjuntivos. Os ossos, juntamente com seus tecidos adjacentes, têm por função ajudar 
a movimentar, apoiar e proteger os órgãos vitais (KARREN et al., 2013, p.18): 
O esqueleto apresenta as seguintes características, segundo Karren et al. (2013): 
• É resistente, para oferecer proteção e sustentação; 
• É articulado, para permitir o movimento; 
• É flexível, pois suporta o esforço. 
Os ossos apresentam suprimento de vasos sanguíneos e nervos. Assim, alguns ossos 
como fêmur e pelve, se fraturados, apresentam sangramento excessivo, 
caracterizando lesões graves (KARREN et al., 2013). 
O crânio é um osso resistente que protege o encéfalo. Este sai do crânio por uma 
abertura em sua base e se prolonga pela medula espinal. A medula espinal fica dentro 
das vértebras, 33 ossos que compõem a coluna vertebral. Assim, a coluna vertebral 
protege a medula espinal, responsável por levar impulsos para dentro e para fora do 
encéfalo. Se houver lesão ou compressão no encéfalo ou na medula espinal, seu 
funcionamento geralmente cessa abaixo da região da lesão, resultando em perda de 
movimentos e de sensibilidade na área abaixo da lesão (KARREN et al., 2013). 
A emergência que mais frequentemente envolve os ossos é a fratura de osso e 
também nos músculos adjacentes, podendo danificar nervos, vasos sanguíneos e 
 
 
 
49 
 
órgãos adjacentes. Quando os vãos sanguíneos são danificados pode ocorrer 
hemorragia interna, considerada potencialmente grave (KARREN et al., 2013). 
3.2.2 Sistema muscular 
Os músculos propiciam que o corpo se movimente, havendo três tipos no organismo 
humano (KARREN et al., 2013): 
• Músculos esqueléticos: também nomeados como músculos voluntários, encontram-se no 
corpo todo. Estes músculos estão sob controle consciente da pessoa, propiciando ações 
como andar, engolir, falar e mover o globo ocular, por exemplo. São responsáveis por dar 
forma ao corpo, estando geralmente presos aos ossos por tendões; 
• Músculo cardíaco: localizado apenas no coração, formando-o. Este músculo recebe 
estímulo do sistema nervoso, embora possua células capazes de gerar impulsos elétricos 
para produzir estímulo à contração do coração; 
• Músculos lisos: também podem ser chamados de músculos involuntários e estão 
localizados nos intestinos, nos bronquíolos e nas arteríolas. Para estes músculos a pessoa 
tem pouco controle ou nenhum. Apresentam a capacidade de contrair e relaxar, sendo 
localizados nas paredes dos órgãos e nos dutos (vasos sanguíneos, bronquíolos do trato 
respiratório e intestinos). 
3.2.3 Sistema circulatório 
O sistema circulatório é composto por dois sistemas de transporte principais, 
conforme descrevem Karren et al. (2013): 
• Sistema cardiovascular:

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