Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS PROFESSORES Dra. Sabrina Weiss Sties Me. Xana Raquel Ortolan Quando identi� car o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. Google Play App Store 2 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; STIES, Sabrina Weiss; ORTOLAN, Xana Raquel. Técnicas e procedimentos de primeiros socorros. Sabrina Weiss Sties; Xana Raquel Ortolan. Maringá - PR.:Unicesumar, 2019. Reimpressão 2021. 180 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Técnicas. 2. Procedimentos. 3. Primeiros socorros. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1780-9 CDD - 22ª Ed. 610 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard. Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Victor Augusto Thomazini, Designer Educacional Lilian Vespa, Revisão Textual Érica Fernanda Ortega, Ilustração Bruno Pardinho, Marta Sayuri Kakitani, Marcelo Yukio Goto, Fotos Shutterstock. Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Dra.Sabrina Weiss Sties Doutorado (2016) e Mestrado (2013) em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Estadual de Santa Catarina. Especialização em Fisioterapia Cardior- respiratória pela Universidade Tuiuti do Paraná (2008), Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdade Avantis (2017). Possui Graduação em Fisioterapia pela Universidade do Vale do Itajaí (2007). Membro da Brigada de incêndio, da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – e do Comitê de Biosse- gurança da Faculdade Avantis. Participa de treinamentos e eventos científi cos relacionados à atuação em situações de urgência e emergência. Profere palestras para Capacitação em urgências e emergências, com ênfase em ressuscitação cardiopulmonar. Participa de ações de extensão e do grupo de pesquisa do Núcleo de Cardiologia e Medicina do Exercício, Florianópolis. Atua na área de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica (RCPM). Docente do Curso de Educação Física Bacharelado e Licenciatura, do Curso de Fisioterapia, do Curso de Odontologia e do curso de Pós-graduação-Especialização em Fisiologia do exercício e Coordenadora do Curso de Fisioterapia da Faculdade Avantis. Atua há cinco anos como docente das disciplinas de urgência e emergência para diversos cursos da área da saúde. Currículo Lattes da professora disponível em: <http://lattes.cnpq. br/1247690965577240> autores Me. Xana Raquel Ortolan Mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade do Vale do Itajaí (2013). Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdade Avantis (2017). Possui Gra- duação em Enfermagem pela Universidade do Vale do Itajaí (2010), atuou como enfermeira assistencial na atenção terciária, participando de equipes multidis- ciplinares da área da saúde. Além disso, participa de pesquisas nas áreas de Biologia e Comportamento e Histologia. Atualmente, preside o Comitê de Ética e o Comitê de Biossegurança da Faculdade Avantis, além de ser membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Docente dos cursos de graduação de Fisioterapia, Enfermagem e Odontologia da Faculdade Avantis e Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Avantis. Atualmente leciona disciplinas relacionadas à Biossegurança, Ergonomia, Saúde do Traba- lhador e aos Primeiros Socorros. Currículo Lattes da professora disponível em: <http://lattes.cnpq. br/0235772875783640> apresentação do material TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS Sabrina Weiss Sties; Xana Raquel Ortolan Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Este material que o(a) acompanhará na disciplina “Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros” foi elaborado com muito cuidado para que possa servir de base para os seus conhecimentos na área. Ao longo dos anos, avanços relevantes na área dos primeiros socorros leva- ram ao reconhecimento da importância do atendimento imediato às vítimas que apresentam condições de agravo à saúde, que podem causar risco de morte. Diante deste cenário, diversos protocolos foram desenvolvidos como referência para a condução destes procedimentos iniciais, os quais são apresentados ao longo desta obra. Desta maneira, este livro tem como principal escopo informar e orientar você, acadêmico(a) do curso de Educação Física, sobre as condutas que devem ser seguidas diante de situações de urgência e emergência. Para tanto, serão apresentadas, durante as unidades deste material, situações que podem ocorrer no seu dia a dia e durante a sua atuação profissional, assim como as condutas para o atendimento de primeiros socorros. Você conhecerá um grupo de situações clínicas importantes, abrangendo os tipos mais frequentes na prática do Profissional de Educação Física, no ambiente escolar, academias, centros de treinamento, entre outros. apresentação do material A primeira unidade aborda temas que servem de base para o desenvolvimen- to da disciplina, como a relevância da sua relação com o(a) aluno(a) ou atleta. Destacamos os aspectos legais relacionados aos atendimentos de primeiros socorros. Faremos uma reflexão sobre o preparo do Profissional de Educação Física frente aos quadros de urgência e/ou emergência e sobre as formas de prevenir essas situações. No último tópico, trataremos dos procedimentos gerais para a avaliação da vítima. Após você obter os conhecimentos sobre estes aspectos gerais do atendi- mento, na Unidade II, estudaremos os eventos cardiovasculares e respiratórios que podem levar à síncope (desmaio), ao aumento ou à diminuição da pressão arterial e situações que podem causar uma parada cardíaca e/ou respiratória. Em seguida, na Unidade III, serão abordados os eventos metabólicos, como as alterações nos níveis de glicemia e situações que podem acometer o siste- ma neurológico, como convulsões, acidente vascular encefálico, traumatismo cranioencefálico e raquimedular. Na Unidade IV, verificaremos as características dos acidentes por envenena- mento e intoxicação e enfatizar as lesões que causam hemorragia e queimaduras. E, para finalizar, na Unidade V você conhecerá as lesões musculoesqueléticas, que são peculiares à prática esportiva, as quais serão divididas em lesões do tórax, do abdômen, da coluna, dos membros superiores e inferiores. Um forte abraço e bons estudos! sumário UNIDADE I ASPECTOS GERAIS DO ATENDIMENTO À URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 16 Relação Profi ssional de Educação Física–Aluno 18 Incidência de Situações de Urgência e Emergência na Prática Esportiva 20 Aspectos Legais e Órgãos Competentes 22 Urgência e Emergência 24 Introdução aos Primeiros Socorros 26 Preparo do Profi ssional de Educação Física Frente aos Quadros de Urgência e/ou Emergências Médicas 28 Prevenção das Emergências Médicas 30 Avaliação da Vítima 42 Referências 45 Gabarito UNIDADE II URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES E RESPIRATÓRIAS 50 Lipotimia e Síncope 52 Hipertensão Arterial Sistêmica, Crise Hiper- tensiva e Hipotensão 54 Aterosclerose, Doença Arterial Coronariana (DAC) e Angina 55 Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) 56 Parada Cardiorrespiratória (PCR) 62 Obstrução das Vias Aéreas (OVA) 65 Síndrome de Hiperventilação 66 Crise Asmática 68 Afogamentos 78 Referências 81 Gabarito sumário UNIDADE III URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS METABÓLICAS E NEUROLÓGICAS 86 Hiperglicemia e Hipoglicemia 90 Convulsão e Epilepsia 94 Ataque Isquêmico Transitório (AIT) 96 Acidente Vascular Encefálico (AVE) 100 Traumatismo Cranioencefálico (TCE) 102 Traumatismo Raquimedular (TRM) 110 Referências 113 Gabarito UNIDADE IV ACIDENTES E LESÕES EM GERAL 118 Hemorragia Interna e Externa 122 Queimaduras 126 Choque Elétrico 128 Insolação 130 Intoxicação e Envenenamento 134 Lesões nos Olhos, Orelhas e Dentes 141 Referências 143 Gabarito UNIDADE V LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM ATIVIDADES FÍSICAS 148 Lesões Musculoesqueléticas em Atividades Físicas 152 Lesões na Coluna 154 Lesões no Tórax e Abdômen 156 Lesões Musculoesqueléticas em Membros Superiores 160 Lesões Musculoesqueléticas em Membros Inferiores 175 Referências 179 Gabarito 180 CONCLUSÃO GERAL Professora Dra. Sabrina Weiss Sties Professora Me. Xana Raquel Ortolan Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Relação profi ssional de Educação Física-Aluno • Incidência de situações de urgência e emergência na prática esportiva • Aspectos legais e órgãos competentes • Urgência e emergência • Introdução aos primeiros socorros • Preparo do profi ssional de Educação Física frente aos quadros de urgência e/ou emergências médicas • Prevenção das emergências médicas • Avaliação da vítima Objetivos de Aprendizagem • Compreender a importância do bom relacionamento entre o profi ssional de Educação Física e o aluno. • Conhecer as situações de urgência e emergência mais prevalentes durante a atividade física. • Analisar os aspectos legais em relação ao atendimento de primeiros socorros. • Entender a diferença entre as situações de urgência e emergência. • Compreender o signifi cado de primeirossocorros. • Refl etir sobre o preparo do profi ssional de Educação Física frente aos quadros de urgências e emergências mais frequentes. • Conhecer as condutas voltadas à prevenção de urgências e emergências. • Aprender sobre os procedimentos relacionados à avaliação da vítima e as técnicas corretas para avaliação dos sinais vitais. ASPECTOS GERAIS DO ATENDIMENTO À URGÊNCIA E EMERGÊNCIA unidade I INTRODUÇÃO Qualquer indivíduo está sujeito a sofrer acidentes ou lesões, e po-dem ocorrer independentemente do ambiente em que se en-contra, seja na escola, universidade, na rua seja até mesmo em casa. A falta de conhecimento em relação aos procedimentos de primeiros socorros pode provocar sequelas irreversíveis nas vítimas de situações de urgência ou emergência. Em casos mais graves, o óbito pode ocorrer, especialmente, quando há demora entre a ocorrência do evento e a chegada do serviço especializado. Não é novidade que, em locais onde há prática de atividade física, a incidência de acidentes e lesões pode aumentar, consideravelmente. Nes- te sentido, o(a) profissional de Educação Física tem um papel fundamen- tal na promoção da saúde dos seus alunos e atletas e na prevenção de urgências e emergências que possam ocorrer no ambiente de trabalho. Baseando-se nessa premissa, é que se torna importante o conhecimento sobre primeiros socorros. Considerando a responsabilidade dessa profissão, a maioria dos cur- sos de graduação em Educação Física, nas modalidades de licenciatura e bacharelado, tem implementado em sua grade curricular disciplinas que abordam os primeiros socorros. Portanto, a falta de conhecimento em relação a este tema não pode ser uma justificativa para a omissão do so- corro ou para a adoção de técnicas inadequadas diante de situações de urgência ou emergência. Enquanto profissionais, temos responsabilidade sobre nossas intervenções e não podemos admitir que nossas atitudes sejam equivocadas, devido à utilização de condutas impróprias ou da so- licitação desnecessária da assistência especializada em emergência. Por conseguinte, caro(a) aluno(a), esperamos que você faça uma leitura atenta desta unidade e aproveite as sugestões de reflexão e aprofunda- mento apresentadas ao longo deste caderno e no material complementar. E aí, vamos começar? 16 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS Relação Profi ssional de Educação Física–Aluno EDUCAÇÃO FÍSICA 17 Manter uma boa relação entre você e o(a) aluno(a) é imprescindível para que possa conhecê-lo(a) e obter informações sobre seu histórico de saúde e persona- lidade. Estes aspectos podem contribuir na preven- ção de acidentes ou de eventos que coloquem a vida em risco. A qualidade dos relacionamentos está direta- mente relacionada à integridade e à capacidade de os indivíduos inspirarem confiança. Em eventos de urgência ou emergência, a vítima, normalmente, encontra-se fragilizada, portanto, quando falar com a vítima, procure resgatar a confiança adquirida ao longo do tempo, demonstre convicção quanto ao co- nhecimento dos primeiros socorros e explique com clareza que a ajudará. Visto que o processo de interação humana en- contra-se presente em todos os ambientes e que o ser humano é um ser sociável e depende de boas re- lações para a sua sobrevivência, a maneira como se dão essas interações determina o nível de confian- ça entre os indivíduos. Neste contexto, durante a prática de ativida- des físicas, a figura do profissional de Educa- ção Física é fundamental, pois envolve o elo afetivo e permite, por meio das atividades corporais esportivas, culturais e coope- rativas, experiências positivas que en- sinam a conviver, harmoniosamente, uns com os outros (CASTAGNOLI, 2009). Entretanto o desafio de manter um bom relacionamento entre profes- sor(a)-aluno(a) é grande, pois dentro de um mesmo ambiente social estão inse- ridas pessoas diferentes em vários aspectos. As competências que são consideradas relevan- tes para estabelecer essa relação são: comunicação, liderança, equilíbrio emocional, autoconhecimento, empatia e afetividade. Além disso, deve haver coe- rência entre o seu discurso e os seus atos. Lembre-se de transmitir tranquilidade e segu- rança, pois são condutas fundamentais para garantir um atendimento de qualidade em casos de urgência ou emergência e prevenir complicações futuras. Contudo, caro(a) aluno(a), você sabe quais são as lesões mais comuns relacionadas à prática espor- tiva que poderá presenciar no seu dia a dia? Vamos conhecê-las? 18 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS Incidência de Situações de Urgência e Emergência na Prática Esportiva EDUCAÇÃO FÍSICA 19 As lesões mais típicas relacionadas à prática esporti- va podem ser diferenciadas em: traumáticas e clíni- cas. As fraturas, ferimentos, hemorragias, traumas de crânio, tórax e coluna são consideradas as principais lesões traumáticas. Já as lesões clínicas, destacam-se o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o infarto e a parada cardiorrespiratória (CREF4, 2014). No que se refere às crianças, devido às suas caracte- rísticas anatômicas, menor coordenação e habilidade motora, maior impulsividade e baixo reconhecimen- to dos riscos, elas se tornam suscetíveis aos acidentes, frequentemente graves, no ambiente escolar. Estudos desenvolvidos em nível mundial demons- traram que as quedas são os acidentes mais frequentes com crianças e adolescentes em espaço escolar, repre- sentando, em 2011, uma taxa de 55% do total de aci- dentes escolares ocorridos (CRISTO, 2011). Esse tipo de acidente é a principal causa de lesões traumáticas cerebrais, com risco significativo de sequelas crônicas demandando custos consideráveis (WHO, 2008). Os atletas e frequentadores de academia e centros de treinamento, porém, além de apresentarem lesões musculoesqueléticas variadas, também estão vulne- ráveis a complicações. De fato, tem-se o entendimen- to de que situações de emergência, durante ou após o exercício físico, dependem de fatores, como idade, gênero, comorbidades e tipo de esporte praticado. Ademais, naqueles indivíduos que já apresentam distúrbios cardiovasculares e quadro clínico instável, o esforço físico acima de determinada intensidade é extremamente perigoso, podendo levar às arritmias ventriculares, isquemia miocárdica, parada cardior- respiratória e ao óbito (ALBERT et al., 2000). Como professor(a), em algum momento, você, provavelmente, estará envolvido em situações que requerem a prestação de primeiros socorros. Por- tanto, lembre-se de que o profissional de Educação Física deve assegurar a seus beneficiários um serviço profissional seguro, competente e atualizado, pres- tado com o máximo de conhecimento, habilidade e experiência. Isso também se aplica às situações que necessitam de cuidados emergenciais, as quais estão previstas em diversas normas e leis que regem os as- pectos relacionados aos primeiros socorros. 20 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS A prestação dos primeiros socorros ainda é motivo de dúvidas para o cidadão e os profi ssionais. Qual é a nossa responsabilidade diante de uma vítima que necessita de auxílio durante as situações de urgência e emergência? Você, enquanto profi ssional de Edu- cação Física, deve conhecer as leis, os códigos de ética e as normas relacionadas às intervenções em primeiros socorros. O fato de ofender a integridade corporal ou saú- de de outrem, abandonar pessoa que está necessi- tando de cuidados e omitir socorro em situações em que não haja risco pessoal, são condutas que carac- terizam crime perante a legislação brasileira. O Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002, on- -line) destaca, no Artigo 186, que o indivíduo que, “por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Por sua vez, de acordo com o Código Penal Bra- sileiro, Lei n. 2.848, de 7 de dezembrode 1940, qual- Aspectos Legais e Órgãos Competentes EDUCAÇÃO FÍSICA 21 quer indivíduo, mesmo o leigo, tem o dever de ajudar a pessoa acidentada ou simplesmente chamar ajuda. Do contrário, sofrerá sanções penais (BRASIL, 1940). Neste sentido, sabe-se que todo profissional que tenha obrigatoriedade de prestar socorro, como o(a) educador(a) físico(a), está sujeito aos estatutos legais que regem a prestação de socorro. Nos casos omis- sos, o profissional sofrerá processos penais e respon- derá pela consequência de sua omissão. O Artigo 135, do Código Penal (BRASIL, 1940), fixa que deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à pessoa inválida ou ferida, deixando-o ao desamparo ou em grave e iminente pe- rigo, ou não pedir o socorro da autoridade pública é crime. A penalidade pode ser pagamento de multa ou detenção, que varia de um a seis meses, podendo ser aumentada em metade caso haja omissão que resulte em lesão corporal grave; e triplicada, se houver morte. Para o Conselho Federal de Educação Física, as responsabilidades com os alunos que praticam al- guma atividade física seguem alinhadas aos direitos constitucionais, civis, penais e, sobretudo, à ética profissional (CONFEF, 2008). Compete a esse pro- fissional, a avaliação do aluno, além de coordenação, organização, planejamento e supervisão da aula/ treino e, ocupando lugar de destaque, deve, entre to- das as atividades, ter um conhecimento prático dos procedimentos que devem ser adotados em situação de urgência e emergência (BRASIL, 2010). Sendo assim, é de suma importância que o(a) profissional esteja preparado para as exigências de qualidade e de ética profissional nas intervenções que realizar. Ele deverá estar treinado para agir em diversas situações de emergência, para compreen- der, analisar e aplicar o seu conhecimento, em luga- res onde pode haver a intervenção desse profissional (STEINHILBER, 2002). Por outro lado, destaca-se que a vítima não pode ser forçada a receber os primeiros socorros. Em mui- tos casos, ela tem direito de recusar o atendimento, seja por crença religiosa ou por falta de confiança no prestador do serviço. Em adultos, o direito existe quando estiverem conscientes, ou caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do acidente, como um trau- ma na boca, mas demonstre através de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma negativa com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro. Nessas situações, você deve certificar- -se que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima. Por outro lado, em crianças, a recusa do atendimento pode ser fei- ta pelo pai, mãe ou responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o prestador deverá, se pos- sível, arrolar testemunhas que comprovem o fato (SILVEIRA; MOULIN, 2003). A principal causa de morte fora dos hospi- tais é a falta de atendimento e a segunda é o socorro inadequado. As pessoas morrem porque ninguém faz nada ou porque alguém não capacitado resolveu fazer algo. (Marta Peres Sobral Rocha) REFLITA Nas situações em que a pessoa não possui um trei- namento específico ou não se sente confiante para atuar, o fato de chamar o socorro especializado já descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro. Ressalta-se que cada pessoa deve agir conforme seus conhecimento e limites. 22 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS Urgência e Emergência EDUCAÇÃO FÍSICA 23 A área de urgência e emergência exige do profi ssio- nal qualifi cação para oferecer os cuidados instantâ- neos e seguros à vítima, independentemente do seu estado. Nesse sentido, saber diferenciar os dois é o primeiro passo para compreender o planejamento do atendimento à vítima. Devido aos conceitos de urgência e emergência não serem aplicados apenas à área da biomédica, a leitura das defi nições, por vezes, não expressa com clareza a diferença destes termos. É por isso que, fre- quentemente, há uma dúvida sobre a determinação de situações que confi guram urgência ou emergência. É verdade que os atendimentos urgentes ou emergentes são, frequentemente, interligados, mas ainda assim não são sinônimos. Inicialmente, pode- -se dizer que a detecção do risco de morte iminente ou do perigo que ameaça a manutenção das funções vitais é um dos critérios básicos para distinguir as situações de emergência e urgência. Baseado nestas informações, agora, você conse- gue diferenciar situações de Urgência e Emergência? Caro(a) aluno(a), vamos compreender os aspectos que defi nem e caracterizam cada situação. As situações de urgência exigem assistência ime- diata, no menor tempo possível, com o objetivo de evi- tar complicações e sofrimento. São caracterizadas por processo agudo clínico ou cirúrgico, sem risco de mor- te iminente (GIGLIO-JACQUEMONT, 2005). Alguns exemplos são: lipotimia, síncope e hipoglicemia. As situações de emergência, porém, compre- endem uma ameaça iminente à vida, sofrimento intenso ou risco de lesão permanente, havendo necessidade de tratamento médico imediato. Essas condições podem levar a danos irreversíveis e até a óbito (GIGLIO-JACQUEMONT, 2005). Como exemplo temos: o infarto agudo do miocárdio (IAM), parada cardiorrespiratória (PCR) e hemor- ragias intensas. A partir disso podemos considerar que para cada situação existe uma opção de protocolo di- ferenciado. Nos casos de menor gravidade, como dores leves, ferimentos superfi ciais, síncopes etc., a vítima pode ser encaminhada às Unidade Bási- cas de Saúde. Por outro lado, em casos de emer- gência, como dores no tórax, acidente vascular encefálico, traumatismo raquimedular ou parada cardiorrespiratória, a vítima deverá receber as- sistência em Unidades Móveis de Urgência ou, se possível, deverá ser levada ao pronto socorro. Vale ressaltar que situações de urgência podem tornar- -se casos de emergência se não conduzidas de ma- neira adequada. Portanto, caro(a) aluno(a), saber classifi car essas ocorrências tornará possível determinar a aplicação de condutas apropriadas, prevenindo possíveis com- plicações, além de garantir a celeridade na procura de serviços especializados, o que possibilita a assis- tência adequada e efi caz. 24 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS Introdução aos Primeiros Socorros EDUCAÇÃO FÍSICA 25 Os primeiros socorros são considerados como “se- gundos de ouro”. Compreendem os cuidados que devem ser prestados, imediatamente, à vítima cujo estado físico põe em perigo a sua vida, com o obje- tivo de garantir a manutenção das funções vitais e evitar o agravamento das condições, aplicando me- didas e procedimentos até a chegada de assistência qualificada (BRASIL, 2003). A American Red Cross Scientific Advisory Council, a Cruz Vermelha americana (2010) ca- racteriza os Primeiros Socorros como a assistência prestada rapidamente a uma pessoa doente ou feri- da até chegar o serviço de emergência. São caracte- rizados pelo atendimento não apenas de lesões físi- cas ou doenças, mas também por outros cuidados iniciais, incluindo apoio psicossocial para pessoas que sofrem estresse emocional, causado por experi- mentar ou testemunhar um trauma ou evento. Segundo a Associação Americana do Coração (AHA, 2010), as avaliações e intervenções em pri- meiros socorros podem ser realizadas por uma pes- soa presente, com equipamento mínimo ou nenhum. Vale ressaltar que há redução da morbidade e mortalidade, em até 7,5%, em situações de emergên- cia pré-hospitalar, mesmo quando a primeira ajuda for prestada por leigos com treinamento nesta área (VALÉRIO, 2010). No entanto no que concerne, efetivamente, aos procedimentos de primeiros so- corros, destaca-se que, no âmbito dos locais onde a prática de exercício físico é frequente, o alcance de seus objetivos depende do preparo dos profissionais de Educação Física. Segundo a Federação Internacional das Sociedadesda Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho - IFRCRCS (2016) os objetivos dos primeiros socorros são: Preservar a vida. Aliviar o sofrimento. Prevenir mais doenças ou lesões. Promover a recuperação. 26 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS • • • Preparo do Profi ssional de Educação Física Frente aos Quadros de Urgência e/ou Emergências Médicas EDUCAÇÃO FÍSICA 27 Há uma constante preocupação dos especialistas da área da saúde em relação aos acidentes ocorridos durante a prática do exercício físico, já que a demo- ra na busca de assistência especializada ou o aten- dimento inadequado podem causar danos maiores e até irreversíveis, interferindo na recuperação do aluno ou na qualidade de vida. Como citado anteriormente, o professor de Educação Física deve ter conhecimentos quanto às noções básicas de primeiros socorros para agir cor- retamente sempre que for necessário. Entretanto Si- queira et al. (2011) mostra que os professores (pelo menos 30% deles) não se sentem preparados para agir em situações de emergência. Outro estudo des- taca que a maioria dos profissionais não estão capa- citados para atender a um mal súbito ou intervir em situações de parada cardiorrespiratória (CASSOTE et al., 2005). Nesta perspectiva, pode-se observar que você precisa estar preparado(a) para lidar com os pri- meiros socorros, pois o primeiro atendimento é fundamental para salvar vidas. Assim, você, como futuro(a) profissional, conhecendo as técnicas de primeiros socorros, estará mais capacitado(a) e pre- parado(a) para ministrar suas aulas em qualquer ambiente, obterá uma visão clínica/periférica com base no estado e integridade física de seus beneficiá- rios e terá a capacidade de minimizar a probabilida- de de acidentes. 28 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS Prevenção das Emergências Médicas EDUCAÇÃO FÍSICA 29 É de suma importância levar em conta a prevenção de acidentes e lesões no ambiente esportivo. Os fato- res de riscos podem ser extrínsecos ou intrínsecos. Quando são relacionados ao ambiente, ao tipo de modalidade, às vestimentas, à orientação inadequa- da são considerados extrínsecos. No entanto carac- terísticas, como idade, sexo, condicionamento físico e presença de doenças são fatores intrínsecos, ou seja, do próprio praticante. Para prevenir os fatores de risco ambientais, as instalações e os equipamentos envolvidos na prá- tica de atividades físicas devem estar em bom es- tado e garantir segurança. Em academias, ambien- tes aquáticos e ginásios esportivos, o piso deve ser revestido com material antiderrapante para evitar quedas. É importante que os equipamentos e ma- quinários estejam a uma distância apropriada de paredes e colunas. Além disso, todos os ambientes devem ser providos de uma boa ventilação para evitar distúrbios relacionados com o desequilíbrio térmico do praticante. O tipo de atividade praticada pode impor maior risco, sendo que a especificidade da moda- lidade está diretamente associada a determinados riscos de acidentes ou lesões. As roupas e calçados também são fatores relevantes, recomenda-se que sejam adequados, produzidos com tecidos que per- mitam a evaporação e que liberem o calor produ- zido pelo organismo, considerando o conforto. É indicado que os calçados tenham solado aderente e sistema de amortecimento para absorção de impac- tos (SILVA, 1998). Flegel (2015) descreve alguns tópicos que o profissional deve seguir a fim de minimizar riscos de lesões: planejar de forma correta as atividades, fornecendo as devidas orientações sobre os riscos inerentes aos exercícios; supervisionar o praticante durante as atividades; utilizar os princípios do trei- namento para a prescrição de exercícios, respeitan- do a individualidade de cada indivíduo. Neste contexto, uma boa anamnese fornece in- formações sobre o estado de saúde do praticante, torna a prática esportiva mais segura, diminuindo, assim, a ocorrência de situações emergenciais. É imprescindível dar atenção adequada ao exa- me físico, especialmente quando se trata da popula- ção idosa, que tem como característica a heteroge- neidade, com diferenças em diversos aspectos, como condições gerais de saúde, estado cognitivo, dentre outras características intrínsecas ao processo de en- velhecimento (HUPP; ELLIS; TUCKER, 2009). A classificação do estado físico do praticante de- pende dos seus hábitos de vida, das doenças e comor- bidades. Sendo assim, é possível verificar que, para prevenir as situações de urgência e emergência, você precisa estar preparado para atuar diante de relatos, como uso de álcool, drogas, diabetes mellitus, hiper- tensão arterial sistêmica entre outras. Lembrando, também, que estes hábitos e estas doenças podem ser verificados tanto em adultos como em crianças. Contudo, conhecer o(a) seu(sua) aluno(a) ou atle- ta, tomar os devidos cuidados e oferecer orientações sobre a prática esportiva, pode minimizar os riscos de acidentes e lesões e salvar vidas. 30 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS Avaliação da Vítima EDUCAÇÃO FÍSICA 31 Inicialmente, antes de abordar uma vítima, será pre- ciso verificar o local para garantir a sua segurança durante o atendimento. Caso o ambiente não esteja adequado, em algumas situações, por exemplo, você pode desligar a rede elétrica antes de prestar os pri- meiros socorros. É importante frisar que a sua segu- rança deve estar em primeiro lugar. Portanto, ao realizar os procedimentos, você deve utilizar materiais e equipamentos que sirvam como barreiras para evitar o contato direto com san- gue e outros fluidos que possam transmitir doenças contagiosas, como as luvas descartáveis, máscaras faciais e óculos de proteção. Em ambientes de prática de atividades físicas, é extremamente importante ter à disposição um kit de primeiros socorros. Além dos dispositivos de barrei- ra citados anteriormente, este kit deve conter: Quadro 1 - Kit de primeiros socorros Sabão ou lenços antibacterianos Tesoura Gazes esterilizadas Esparadrapo Ataduras Tipoia Termômetro oral Sacos plásticos para gelo ou bolsa de gel Estetoscópio Esfigmomanômetro Fonte: a autora. Agora que você já conheceu os cuidados que devem ser tomados antes do atendimento, verificaremos como devemos proceder na avaliação e no atendi- mento nos casos de urgência ou emergência. A se- guir, nós descrevemos os procedimentos de modo geral, mas, a partir da Unidade 2, você verificará as definições e condutas nas situações específicas. Os protocolos para atendimento necessitam de atitude rápida e seguem as diretrizes para procedi- mentos baseados nas melhores evidências cientí- ficas. Estes permitem maior qualidade do trabalho desenvolvido, aquisição de maior confiança no pro- cesso de tomada de decisão e maior eficácia nos des- fechos. Neste contexto, podemos citar o Suporte Básico de Vida (SBV), no qual a sequência de procedimen- tos tem como objetivo promover oxigenação e per- fusão aos órgãos vitais (AHA, 2010) em vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR). É importante lembrar que a sequência de atendi- mento à vítima sofreu alteração. Anteriormente, era considerada como o ABC da ressuscitação (abertu- ra de via aérea, ventilação e compressões torácicas). Atualmente, a sequência recomendada é CAB (com- pressões torácicas, abertura de via aérea e ventila- ção). Esta mudança é devido às evidências de que, apesar de a ventilação ser importante, as compres- sões são imprescindíveis na RCP e não podem ser postergadas (GONZÁLEZ et al., 2013). Os procedimentos de SBV contemplam o reco- nhecimento imediato de parada cardíaca, o acio- namento do serviço de atendimento móvel de ur- gência, a realização das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e uso do desfibrilador ex- terno automático (DEA). As ações de SBV devem ser realizadas de maneira adequada para aumentar a possibilidade de sobrevivência de uma vítima em situação de emergência. Diantedisto, é necessário utilizar a “corrente da sobrevivência” para realizar passo a passo as con- dutas durante o atendimento. Esta corrente, para o adulto (Figura 1), é composta por cinco elos que são relacionados ao suporte básico e avançado de emer- gência e cuidados pós-PCR (AHA, 2015). 32 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS Figura 1 - Cadeia de sobrevivência, parada cardiorrespiratória extra-hospitalar (PCREH) Fonte: adaptada de AHA (2015). A corrente de sobrevivência pediátrica (Figura 2), no entanto, apresenta sequência diferen- te da corrente do adulto. O primeiro elo refere-se à prevenção de acidentes, seguido pela ressuscitação cardiopulmonar precoce e efetiva, acionamento imediato ao serviço móvel de urgência, medidas de suporte avançado de vida e cuidados pós-ressuscitação (AHA, 2010). O primeiro elo é o mais relevante visto que o desfecho de PCR em crianças, geralmente, é muito ruim (QUILICI; TIMERMAN, 2011). Figura 2 - Cadeia de sobrevivência pediátrica Fonte: AHA (2010, on-line). Na Unidade II, nós estudaremos de maneira mais específica os conceitos de PCR e outros aspectos relevantes no atendimento desta situação (como realizar as compressões e ventila- ções e utilizar o DEA). A avaliação primária da vítima deve ser completada em, no máximo, 30 segundos, tendo por objetivo avaliar as condições de risco e a necessidade do início precoce do suporte básico de vida. Você precisa determinar se o(a) aluno (a) encontra-se estável, ou seja, se apresenta condições e sinais vitais equilibrados e constantes ou se está instável caso apresente alterações gradativas ou súbitas das condições e dos sinais vitais. EDUCAÇÃO FÍSICA 33 Entendemos os sinais como sendo as alterações que podem ser verificadas por meio de avaliação (por exemplo: pulso, coloração da pele e sudorese). No entanto os “sintomas” são relatados pela própria vítima, de acordo com sua percepção (por exemplo: tontura, fraqueza e náusea). Ao abordar a vítima, você precisa checar a responsi- vidade. Para isso, precisa aproximar-se e ajoelhar próxi- mo da cabeça, colocando a mão sobre os ombros da vítima e chamar por ela. Se ela responder, apresente-se e pergunte se precisa de ajuda. Se ela não responder e não reagir, significa que está irresponsiva (SBC, 2015). Figura 3 - Avaliação da responsividade Ao checar o estado geral, será possível determinar a orientação temporal e espacial da vítima, o nível de consciência e os sinais vitais. A checagem dos sinais vitais contempla a verificação da respiração, pulso, pressão arterial e temperatura. Esta avaliação possi- bilita a identificação de possíveis problemas fisioló- gicos e facilita o monitoramento do(a) aluno(a) que apresenta uma situação de urgência ou emergência. É importante lembrar que a verificação dos sinais vi- tais difere de acordo com a classificação do risco ou do estado da vítima. Portanto, para a avaliação da respiração, no caso de vítimas responsivas, além da identificação de alterações no padrão respiratório, como apneia (ausência periódica da respiração), bradipneia (res- piração lenta) e taquipneia (respirações rápidas e profundas), podemos verificar a frequência respira- tória (FR), ou seja, contar o número de incursões por minuto. Para isto, você deverá observar a respiração do(a) aluno(a), verificando a elevação do tórax. No caso de vítima não responsiva, deve verificar se há elevação do tórax em menos de 10 segundos, não perca tempo contando as respirações por minuto. Se identificar que ela apresenta respiração, fique ao seu lado monitorando a evolução, e, caso seja necessário, chame o serviço móvel de urgência (GONZÁLEZ et al., 2013). Na tabela a seguir, você pode observar os valores da frequência respiratória em repouso. Tabela 1 - Frequência respiratória em repouso/ até 1 ano de 1 a 5 anos de 6 a 8 anos acima de 8 anos adultos até 60 mpm até 40 mpm até 30 mpm até 20 mpm de 12 a 20 mpm Fonte: Brasil (2012); FIZTGERALD (1995). Para a avaliação do pulso, você deve pressionar le- vemente a artéria com os dedos indicador e médio. As artérias utilizadas para a avaliação são: carótida, braquial, radial ou femoral. Em crianças, cheque o pulso carotídeo ou femoral (AHA, 2015). Esta con- duta permitirá que você identifique se o pulso está forte ou fraco, e se o ritmo está regular. 34 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS Em vítimas não responsivas, verifi que o pulso central (carotídeo) em adultos (Figura 4), em crian- ças o pulso central ou femoral (Figura 5): este pro- cedimento deve ser rápido, entre 5 e 10 segundos. Caso não detecte pulso ou esteja com difi culdade para avaliar, inicie as compressões e ventilações (GONZÁLEZ et al., 2013). Figura 4 - Avaliação do pulso carotídeo Figura 5 - Avaliação do pulso femoral Fonte: as autoras. Nas vítimas que não estão em situação de emergên- cia, você terá tempo para avaliar a frequência cardía- ca, a qual se refere ao número de batimentos por mi- nuto (bpm). Os locais podem ser os mesmos citados anteriormente para avaliação do pulso. Na tabela a seguir, você pode observar os valores da frequência cardíaca em repouso. Tabela 2 - Frequência cardíaca em repouso até 1 ano de 1 a 5 anos de 5 a 12 anos de 12 a 16 anos adultos de 94 a 169 bpm de 89 a 137 bpm de 65 a 130 bpm de 60 a 120 bpm de 50 a 100 bpm Fonte: adaptada de Pastore et al. (2009; 2016). Embora a medida da pressão arterial (PA) faça parte da avaliação dos sinais vitais, não está incluída nos procedimentos de SBV. Entretanto essa avaliação é importante para proceder em outros casos de urgên- cia ou emergência. Tanto os procedimentos para a medida da pressão arterial quanto os valores de re- ferência descritos a seguir seguem a VII Diretriz de Hipertensão Arterial (MALACHIAS et al., 2016). Para realizar a avaliação, você precisa instruir o(a) aluno(a) a nã o conversar durante a mediçã o. O ideal é que não esteja com a bexiga cheia e que não tenha praticado exercí cios fí sicos na última hora. Quanto ao posicionamento, o(a) avaliado(a) deve estar sen- tado(a), com as pernas descruzadas, pé s apoiados no solo, encostado(a) na cadeira e relaxado(a). O braço deve ser posicionado na altura do coraçã o e apoiado, com a palma da mã o voltada para cima. EDUCAÇÃO FÍSICA 35 Inicialmente, é necessário verifi car a circunfe- rê ncia do braço no ponto mé dio entre acrô mio e olé crano; selecionar o manguito de tamanho ade- quado; colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da linha cubital; estimar o ní vel da pressão arterial sistólica (PAS) pela palpaçã o do pulso radial; colocar a campânula ou o diafragma do estetoscó pio sem compressã o excessiva sobre a arté ria braquial; infl ar até ultrapassar 20 a 30 mmHg o ní vel estima- do da PAS obtido pela palpaçã o; iniciar a defl açã o lentamente; determinar a PAS pela ausculta do pri- meiro som (fase I de Korotkoff ) e a pressão arterial diastólica (PAD) no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff ) (MALACHIAS et al., 2016). É fato que, em determinadas situações, isso não será possível, pois a vítima pode não conseguir per- manecer na posição sentada, como nos casos de sín- cope (desmaio). Então, você poderá verifi car a pressão em decúbito dorsal, mas utilizando o mesmo posicio- namento do braço e seguir as demais recomendações. Em crianças, é recomendado que a mediçã o da PA seja realizada em toda avaliaçã o médica apó s os trê s anos de idade, uma vez ao ano, pois faz parte do atendimento pediá trico primá rio (TRUELSEN et al., 2007). No entanto os valores de PA para crianças e adolescentes levam em consideração a idade, sexo e altura, conforme disponíveis em tabelas especí fi cas ou aplicativos para smartphones. 36 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS Caro(a) aluno(a), acesse o link da 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial e veja as tabelas de referência para avaliação da pres- são arterial nas páginas 55 a 58.Disponível no link: <http://publicacoes.cardiol.br/2014/dire- trizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf>. Fonte: as autoras. SAIBA MAIS No que se refere à avaliação da PA em idosos, há carac- terísticas peculiares ao processo de envelhecimento, o que pode causar maior frequência do hiato ausculta- tório (desaparecimento dos sons durante a deflação do manguito), resultando em níveis falsamente baixos na PAS e falsamente altos na PAD (Malachias et al., 2016). Por outro lado, o posicionamento recomendado para as gestantes deve ser sentada ou em posição de decúbito lateral esquerdo, ambos os métodos trans- mitirão os mesmos resultados (OLIVEIRA, 2000). Agora que você já tem conhecimento para medir a pressão arterial, verifique, na tabela a seguir, a clas- sificação da PA, a partir de 18 anos de idade, segun- do a VII Diretriz de Hipertensão Arterial (2016). Tabela 3 - Classificação da PA de acordo com a medição casual ou no consultório a partir de 18 anos de idade Classificação PAS (mm Hg) PAD (mm Hg) Normal ≤ 120 ≤ 80 Pré-hipertensão 121-139 81-89 Hipertensão estágio 1 140-159 90-99 Hipertensão estágio 2 160-179 100-109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 Quando a PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da PA. Fonte: Malachias et al. (2016). Quanto à classificação para as crianças e adolescen- tes, são considerados hipertensos quando apresen- tam PAS e/ou PAD superiores ao percentil (p) 95, conforme idade, sexo e percentil de altura em, pelo menos, três momentos distintos (MALACHIAS et al., 2016). Para finalizar as avaliações dos sinais vitais, ve- remos os métodos para verificar a temperatura. Para isso, você precisa de um termômetro e, inicialmente, será necessário higienizá-lo com algodão e álcool, agitando até que acuse temperatura igual ou infe- rior a 35º C (95º F). Feito isso, seque a axila do(a) avaliado(a), posicione corretamente o termômetro na axila, com o braço pressionado contra o corpo, segurando a extremidade oposta ao reservatório (GONÇALVES; GONÇALVES, 2009). Caso o ter- mômetro não seja digital, aguarde durante cinco mi- nutos antes da leitura. A temperatura axilar normal é de 36,5ºC. Na tabela a seguir, pode ser observada a classificação de estado febril. Tabela 4 - Classificação de estado febril Subfebril 37 a 37,5ºC Febre baixa 37,5 a 38,5ºC Febre moderada 38,5 a 39,5ºC Febre alta 39,5 a 40ºC Fonte: adaptada de Gonçalves e Gonçalves (2009). Nesta unidade, verificamos os procedimentos gerais para avaliação da vítima, e estes conhecimentos se- rão necessários para você compreender os conteú- dos das demais unidades. Vamos verificar os conceitos e outros detalhes relacionados às situações de urgência e emergência que você poderá presenciar? 37 considerações finais C aro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, destacamos o papel importante que o(a) profissional de Educação Física possui frente às situações de ur- gência e emergência. Você deve ter se dado conta da sua responsabilidade, acima de tudo como cidadão, mas também como professor(a) diante de lesões ou eventos que coloquem em risco a vida do(a) aluno(a). Neste sentido, nesta unidade, buscamos trazer informações relacionadas à im- portância que você tem diante da construção de uma boa relação com o(a) aluno(a), pois ela se configura como o primeiro passo no atendimento de primeiros socorros. O relacionamento interpessoal concreto e efetivo desenvolve o vínculo de confiança e segurança entre os sujeitos perante essas situações. Em um segundo momento, caro(a) aluno(a), existe a necessidade de avaliar cor- retamente o local e as vítimas do acidente ou lesão, garantindo que a sua segurança esteja preservada, e isso permite o gerenciamento adequado dessas condições. Des- ta maneira, buscamos trazer os fatores que interferem no atendimento inicial e os principais equipamentos que podem ser utilizados nessas situações. Adicionalmente, você pode adquirir conhecimentos em relação à identificação dos sinais e sintomas que auxiliam na classificação do evento, possibilitando um atendimento mais rápido e eficaz, e sobre as técnicas corretas em relação à verificação dos sinais vitais. Por fim, destacamos que o conhecimento sobre primeiros socorros não se resu- me a essa unidade. Ainda há muito para aprender. Verifique também o material e leitura completar e aproveite nossas atividades de estudos. Bons estudos! 38 atividades de estudo 1. Os atendimentos de primeiros socorros na área de urgência e emergência são compe- tências do Profissional de Educação Física. As responsabilidades com os indivíduos que praticam alguma atividade física seguem alinhadas aos direitos constitucionais, civis, penais e, sobretudo, à ética profissional. Segundo a Resolução nº 1451/95 do Conselho Federal de Medicina, a constatação de condições de agravo à saúde que impliquem risco iminente de morte ou sofrimento intenso indica uma situação de: a) Caráter menos imediatista. b) Urgência. c) Síndrome do jaleco branco. d) Emergência. e) Síncope. 2. Enquanto profissionais, temos responsabilidade sobre nossas intervenções e não pode- mos admitir que nossas atitudes diante de situações de urgência ou emergência sejam equivocadas. Avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I - Aproximar o Profissional de Educação Física das técnicas de primeiros socorros é imprescindível para oferecer informação atualizada sobre os diversos episódios de urgência e emergência na prática profissional PORQUE II - Conhecer os riscos e medidas preventivas bem como os protocolos de atendimento permitem agir com mais segurança, qualidade e competência. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta: a) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é justificativa da I. b) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é justificativa da I. c) As asserções I e II são proposições falsas. d) A asserção II é proposição falsa, mas a I é proposição verdadeira. e) A asserção I é proposição falsa, mas a II é proposição verdadeira. 39 atividades de estudo 3. Você está em uma quadra esportiva preparando o ambiente para a prática de vôlei e se depara com uma vítima jovem, do sexo masculino, inconsciente, seu primeiro procedi- mento será: a) Realizar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar. b) Realizar a manobra de desobstrução das vias aéreas. c) Avaliar os sinais vitais. d) Avaliar a responsividade da vítima. e) Verificar a sua segurança antes de realizar o atendimento. 4. A hipertensão arterial, frequentemente chamada de pressão alta, é uma doença multifa- torial e sistêmica. Segundo a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, é considerada hipertensão arterial estágio I em indivíduos acima de 18 anos, quando a pressão: a) Sistólica é < que 120 mmHg, e a diastólica < que 80 mmHg. b) Sistólica é > que 130 mmHg, e a diastólica < que 90 mmHg. c) Sistólica é ≥ a 140 mmHg, e a diastólica ≥ que 90 mmHg. d) Sistólica está 140-159 mmHg, e a diastólica 90-99 mmHg. e) Sistólica é igual a 139 mmHg, e a diastólica igual a 85 mmHg. 5. O Profissional de Educação Física deve estar apto a reconhecer as situações que põem a vida em risco assim como os procedimentos de primeiros socorros, pois são importan- tes para manter a vítima em melhor condição possível até que se obtenha atendimento médico. Portanto, este profissional tem como objetivo(s), nos primeiros socorros: I - Diagnosticar as doenças. II - Solicitar assistência médica e serviço de emergência. III - Minimizar o risco de outras lesões e complicações. IV - Evitar infecções. É correto o que se afirma em: a) I, II, III e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) II e III, apenas. e) I, apenas. 40 LEITURA COMPLEMENTAR Caro(a) aluno(a), o artigo apresentado “A importância do treinamento em primeiros so- corros no trabalho”, dos autores Alvaro Ragadali Filho, Nerdilei Aparecida Pereira, Ivonilde Leal, Quesia da Silvados Anjos e Janaina Teodosio Travassos Loose (2015), publicado na Re- vista Saberes, vem ao encontro de nossas discussões realizadas nesta unidade de estudo. O documento tem como objetivo reforçar a importância do treinamento de primeiros so- corros, explicando o conceito e objetivo dos primeiros socorros, demonstrando ações e procedimentos referentes às situações de urgência/emergência e avaliando o processo de treinamento de primeiros socorros. Embora o artigo tenha um enfoque relacionado ao trabalho, você perceberá, ao longo da leitura, que as informações e condutas demonstradas no texto se aplicam também à nossa vida cotidiana. Ademais, os autores promovem uma refl exão muito pertinente sobre a im- portância de se manter atualizado sobre as condutas de primeiros socorros, sugerindo, até, que o estudo deste tema seja aplicado também às crianças, já no ensino fundamental. E aí, você concorda? A seguir, confi ra o resumo do artigo: “Os acidentes de trabalho são acontecimentos que ocorrem independentemente da von- tade do trabalhador e, em sua maioria, causam lesões físicas e psicológicas à vítima, que dependendo da gravidade do fato passa a necessitar de socorro imediato por parte de ou- tras pessoas para manter seus sinais vitais, evitando sequelas e aumentando suas chances de sobrevivência até que receba atendimento especializado. Os primeiros socorros são técnicas empregadas em prol da vida da vítima e podem ser realizados por qualquer pes- soa, desde que esta tenha conhecimentos e habilidades para agir adequadamente. Desta forma, este trabalho objetivou realizar um estudo literário acerca da importância do trei- namento de primeiros socorros no trabalho, pois é de suma importância que a sociedade se conscientize quanto ao valor de realizar um curso básico de primeiros socorros mesmo que não faça parte das exigências de sua profi ssão, tendo em vista que em qualquer lugar que estiver, alguém poderá precisar de ajuda”. O artigo está disponível, na integra em: <https://facsaopaulo.edu.br/wp-content/uploads/ sites/16/2018/05/ed3/10.pdf>. Caro(a) aluno(a), não perca esta oportunidade. Faça uma análise do artigo e refl ita sobre esta questão. Boa leitura! Fonte: as autoras. 41 material complementar Primeiros Socorros nos Esportes Melinda J. Flegel Editora: Manole Sinopse: ser um treinador bem-sucedido requer um conhecimento que vai alé m das habilidades e estraté gias do esporte. Inclui també m ser capaz de ensinar té c- nicas e tá ticas, motivar os atletas e gerenciar uma sé rie de detalhes. Alé m disso, envolve desempenhar de forma competente a funç ã o de ser o primeiro profi ssio- nal a prestar ajuda em caso de lesõ es e doenç as dos alunos ou atletas. Ainda que esses problemas nã o sejam frequentes, você deverá estar preparado para pres- tar primeiros socorros de maneira rá pida e adequada quando ocorrerem, pois isso pode salvar a vida de um indivíduo. Para ajudar você a lidar com o desafi o de administrar os primeiros socorros às vítimas lesionadas, esta obra abrange os seguintes aspectos: a) o trabalho de equipe e a preparaç ã o necessá ria para uma conduta efi ciente de primeiros socorros no esporte; conduç ã o de etapas de aç ã o de emergê ncia; b) conduç ã o da avaliaç ã o da vítima e administraç ã o de primeiros socorros nas mais variadas situações de urgência e emergência. Indicação para Ler O Dr. Drauzio Varella fala sobre a importância do conhecimento em primeiros socorros. Ao fi nal, ele dá dica de um aplicativo gratuito, disponível para Android e IOS. Baixe em seu celular, ele pode ajudar nos estudos. Web: <https://www.youtube.com/watch?v=fsnv8b1vNUY>. Indicação para Acessar ser um treinador bem-sucedido requer um conhecimento que vai alé m das habilidades e estraté gias do esporte. Inclui també m ser capaz de ensinar té c- nicas e tá ticas, motivar os atletas e gerenciar uma sé rie de detalhes. Alé m disso, envolve desempenhar de forma competente a funç ã o de ser o primeiro profi ssio- nal a prestar ajuda em caso de lesõ es e doenç as dos alunos ou atletas. Ainda que 42 referências ALBERT, C. M. et al. Triggering of sudden death from cardiac causes by vigorous exertion. N Engl J Med, v. 343, p. 1355-61, 2000. AHA. American Heart Association. Part 13: Pediatric Basic Life Support. Circula- tion, AHA Journals, v. 122, n. 18 suppl 3, nov. 2010 Disponível em: <http://circ. ahajournals.org/content/122/18_suppl_3/S862.short>. Acesso em: 15 jan. 2019. AMERICAN RED CROSS SCIENTIFIC ADVISOTY COUNCIL. Hand Hygie- ne Scientific Review. 2010. Disponível em: <http://www.redcross.org/take-a-class/ scientific-advisory-council>. Acesso em: 15 jan. 2019. ______. Destaques da American Heart Association de 2015: atualização das diretri- zes para RCP e ACE. 2015. Disponível em: <https://eccguidelines.heart.org/wp-con- tent/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2019. BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940. ______. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. ______. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Núcleo de Biossegurança. NU- Bio. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz, 2003. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten- ção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. CASSOTE, D. F. et al. Desempenho do profissional de educação física em casos de parada cardiorrespiratória: considerações sobre a formação profissional. Revista Ma- ckenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 143-162, jan./jun. 2005. CASTAGNOLI, C. A. Atividades esportivas, culturais e cooperativas como meio de su- peração no relacionamento interpessoal na escola. 2009. Disponível em: <http://www. diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/389-4.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2019. referências 43 referências CREF4. CONSELHO Regional de Educação Física da 4ª Região. Primeiros Socor- ros e a Educação Física. Revista CREF, n. 42, p. 4-6, jun./ago. 2014. Disponível em: <https://www.crefsp.gov.br/wp-content/uploads/Revista042.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2019. CRISTO, M. Abordagem da Segurança, Higiene e Saúde na Organização e Gestão Escolar. Porto: Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto. 2011. Disponível em: <http://recipp.ipp.pt/handle/10400.22/705>. Acesso em: 15 jan. 2019. FIZTGERALD, M. A. Nursing Health Assessment: Concepts and activities. FA, Da- vis, Philadelphia, 1995. FLEGEL, M. J. Primeiros Socorros no Esporte. 5. ed. São Paulo: Manole, 2015. GIGLIO-JACQUEMONT, A. Urgências e Emergências em Saúde: perspectivas de profissionais e usuários. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. GONÇALVES, K. M.; GONÇALVES, K. M. Primeiros socorros em casa e na escola. São Paulo: Yendis. 2009. GONZÁLEZ, M. M. et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 101, n. 2, supl. 3, p. 1-221. 2013. HUPP, J. R.; ELLIS, E.; TUCKER, M. R. Cirurgia oral e maxilofacial contemporâ- nea. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. IFRCRCS. International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies. In- ternational first aid and resuscitation guidelines 2016. Geneva, 2016. Disponível em: <http://www.ifrc.org/Global/Publications/Health/First-Aid-2016-Guidelines_ EN.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2019. MALACHIAS, M. V. B. et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 107, n. 3, supl. 3, set. 2016. Disponível em: <http:// publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2019. referências 44 referências OLIVEIRA, S. M. J. V. Medida da pressão arterial na gestante. Revista Brasileira Hipertensão, n. 1, p. 59-64, 2000.PASTORE, C. A. et al. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Aná- lise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 93, n. 3, supl. 2, p. 1-19, 2009. ______. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre análise e emissão de laudos eletrocardiográficos. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 106, n. 4, supl. 1, p. 1-23, apr. 2016. QUILICI, A. P.; TIMERMAN, S. Suporte básico de vida: primeiro atendimento na emergência para profissionais da saúde. Barueri: Manole, 2011. SILVA, O. J. Emergências e Traumatismos nos esportes. Florianópolis: UFSC, 1998. SILVEIRA, E. T.; MOULIN, A. F. V. Socorros de urgência em atividades físicas. Ma- nual do curso teórico. 6. ed. Distrito Federal: CREF, 2006. SIQUEIRA, G. S.; SOARES, L. A.; SANTOS, R. A. Atuação do professor de educação física diante de situações de primeiros socorros. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, a. 15, n. 154, mar. 2011. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Treinamento de Emergências Cardiovasculares: leigos (TECA L). São Paulo: Manole, 2015. ______. Treinamento de Emergências Cardiovasculares: básico (TECA B). São Pau- lo: Manole, 2013. STEINHILBER, J. Intervenção do profissional de EF. Rio de Janeiro: CONFEF, 2002. TRUELSEN T. et al. Standard method for developing stroke registers in low-inco- me and middle-income countries: experiences from a feasibility study of a stepwise approach to stroke surveillance (STEPS Stroke). Lancet Neurol., v. 6, n. 2, p. 134-139, 2007. VALÉRIO, A. Os cinco gestos de socorro educar para a saúde, um relato de experiên- cia, uma reflexão. Revista Portugal Clínica Geral, n. 26, p. 304-307, 2010. WHO. World Health Organization.World report on child injury prevention. 2008. Disponível em: <http://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789241563574_eng. pdf>. Acesso em: 15 jan. 2019. 45 gabarito 1. D. 2. A. 3. E. 4. D. 5. C. Professora Dra. Sabrina Weiss Sties Professora Me. Xana Raquel Ortolan Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Lipotimia e síncope • Hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensiva e hipotensão • Aterosclerose, doença arterial coronariana (DAC) e angina • Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) • Parada Cardiorrespiratória (PCR) • Obstrução das Vias Aéreas (OVA) • Síndrome de hiperventilação • Crise asmática • Afogamentos Objetivos de Aprendizagem • Conceituar lipotimia e síncope e descrever os primeiros socorros. • Conceituar hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensiva e hipotensão e descrever os protocolos de atendimento. • Conceituar aterosclerose, doença arterial coronariana e angina. • Descrever o infarto agudo do miocárdio. • Conceituar parada cardiorrespiratória e apresentar o protocolo para realização da ressuscitação cardiopulmonar. • Identifi car a obstrução das vias aéreas e descrever o protocolo para atendimento. • Conceituar a síndrome de hiperventilação e descrever as condutas de primeiros socorros. • Identifi car a crise asmática e saber realizar os procedimentos de primeiros socorros. • Descrever o afogamento e descrever as condutas de primeiros socorros. URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES E RESPIRATÓRIAS unidade II INTRODUÇÃO C aro(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) à Unidade II do nosso ma- terial. Agora que você já conhece os procedimentos para ava- liar os sinais vitais, nesta unidade, abordaremos situações que podem ser decorrentes, ou que podem ocasionar eventos que promovam alterações nos sistemas cardiovascular e respiratório. Após identificar cada situação, apresentaremos os protocolos indicados para o atendimento das vítimas. Inicialmente, caro(a) acadêmico(a), descreveremos as situações mais comuns, como a lipotimia e a síncope, as quais costumam ser de curta duração e podem ocorrer em indivíduos de qualquer faixa etária. Você também aprenderá a reconhecer quando o indivíduo apresenta hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensiva ou hipotensão e quais são os posicionamentos indicados e demais condutas que devem ser rea- lizadas nestes casos. Para que você, acadêmico(a) do curso de Educação Física, possa com- preender melhor como e por que ocorre o infarto agudo do miocárdio e a parada cardíaca, abordaremos os aspectos relacionados à aterosclerose e à doença arterial coronariana, as quais, entre outros fatores, podem cau- sar IAM e PCR. Por fim, serão relatados os conceitos e procedimentos relacionados aos casos que provocam alterações respiratórias, como a obstrução das vias aéreas, que ocorre frequentemente, devido ao engasgo com alimen- tos ou aspiração de líquido por submersão ou imersão; a síndrome de hiperventilação e a crise asmática presenciada, geralmente, nos casos de ansiedade. Caro(a) aluno(a), aproveite o conteúdo desta unidade e lembre de verificar os tópicos que trazem indicações para o aprofundamento do seu estudo. Bons estudos! E então, vamos começar? 50 Lipotimia e Síncope Figura 1 - Lipotimia Figura 2 - Síncope EDUCAÇÃO FÍSICA 51 Os conhecimentos sobre os procedimentos gerais para avaliação das vítimas em situações de urgên- cia e emergência que abordamos na Unidade I se- rão complementados pelos conteúdos desta e das próximas unidades. Desta forma, iniciaremos pe- los conceitos e condutas relacionadas a lipotimia e síncope. A lipotimia é caracterizada por alteração da consciência (sem perda total dela) em cuja situação a vítima relata a sensação de desmaio. No entanto, na síncope, há perda súbita da consciência e, conse- quentemente, o desmaio. Ambas as situações são de curta duração, e a recuperação da consciência geral- mente é espontânea. A lipotimia e a síncope podem ocorrer em de- corrência de diversas situações. As causas mais co- muns estão relacionadas à desidratação, à anemia, à diminuição de fluxo sanguíneo e ao oxigênio no cé- rebro, aos traumas na cabeça, aos problemas neuro- lógicos ou devido à hipoglicemia, que, geralmente, ocorre em indivíduos que não se alimentaram, estão fazendo regimes sem orientação ou em diabéticos (GONÇALVES; GONÇALVES, 2009). Entre estas, a causa mais frequente é a diminui- ção da atividade cerebral. Para manter a oxigenação no cérebro, o corpo desfalece e mantém um metabo- lismo basal, ou seja, realiza a mínima atividade com o mínimo gasto de energia. Estas situações podem ocorrer também devido à queda súbita da pressão ar- terial (hipotensão) em consequência da dor, emoção intensa, esforço físico, fobia de ambientes fechados, calor excessivo e ao ver sangue (MORAES, 2010). Segundo Gonçalves e Gonçalves (2009), os si- nais e sintomas destas situações são: • Sensação de fraqueza. • Escurecimento da visão. • Náuseas, vômito. • Pele fria e pegajosa. • Pulso rápido e fraco. • Extremidades dos pés e mãos geladas. • Extremidades cianóticas (coloração azul-ar- roxeada). Os primeiros socorros dependerão se o indivíduo está, ou não, consciente. Apresentaremos, no quadro a seguir, quais devem ser os procedimentos. Quadro 1 - Procedimentos nos casos de lipotimia e síncope Se o(a) aluno(a)/atleta estiver consciente Se o(a) aluno(a)/atleta estiver inconsciente • Ajude-o a sentar em uma cadeira. • Oriente que coloque a cabeça entre os joelhos, fa- zendo uma pressão com as mãos na região cervical. • Se já estiver ao chão, eleve os membros inferiores cerca de 20 cm. • Afrouxe as roupas. • Você deve monitorar os sinais vitais. • Caso verifique alteração dos sinais vitais e não ocor- ra recuperação dentro de alguns minutos, chame o serviço de urgência. • Inicialmente, verifique o pulso e respiração. • Eleve os membros inferiores cerca de 20 cm. • Coloque-o em posição de recuperação (se não esti- ver lesionado), com a cabeça lateralizada. • Afrouxe as roupas. • Você deve monitorar os sinais vitais. • Caso verifique alteração dos sinais vitais e não ocor- ra recuperação dentro de alguns minutos, chame o serviço de urgência. Fonte: adaptado de Flegel (2008), Moraes(2010) e Varella e Jardim (2011). 52 Figura 3 - Posicionamento da vítima consciente Fonte: Flegel (2008, p. 114). Figura 4 - Posicionamento da vítima inconsciente Geralmente, ao presenciar estas situações, são to- madas condutas equivocadas e erradas, como: jo- gar água no rosto da vítima, oferecer líquido ou comida, utilizar produtos com odor forte, como vi- Hipertensão Arterial Sistêmica, Crise Hipertensiva e Hipotensão Caro(a) aluno(a), na Unidade I, verifi camos a classi- fi cação da pressão arterial e os procedimentos para avaliar a PA. Nesta unidade, abordaremos os concei- tos e as condutas nos casos de alteração da PA. Neste contexto, podemos citar a hipertensã o arterial (HA), é considerada uma doença multi- fatorial em que há elevaçã o sustentada dos ní veis pressóricos. Geralmente, está associada a alte- rações metabó licas, funcionais e/ou estruturais de ó rgã os-alvo. A HA pode ser agravada, devido aos fatores de risco, como obesidade abdominal, dislipidemia e diabetes mellitus. Além disso, está associada a eventos, como acidente vascular ence- fá lico (AVE), doença renal crô nica, infarto agudo do miocá rdio (IAM), insufi ciê ncia cardí aca (IC) e morte súbita (MALACHIAS et al., 2016). Por sua vez, nas crianças, as taxas de hipertensão são maiores quando apresentam obesidade, distúr- bios respiratórios do sono ou doença renal crônica (FLYNN et al., 2017). nagre, água sanitária (hipoclorito de sódio), entre outros, para tentar acordar a vítima. No entanto as condutas devem ser baseadas em protocolos, e não em conhecimento popular. EDUCAÇÃO FÍSICA 53 Durante os primeiros socorros: • Mantenha o(a) aluno(a)/atleta em repouso absoluto, de maneira confortável (sentado ou semi-sentado). • Afrouxe as roupas. • Monitore os sinais vitais. • Se necessário, acione o SAMU. • A elevação dos membros inferiores neste caso, está contraindicada. Dentre os casos de elevação da PA, encontra-se a crise hipertensiva, a qual pode ser classificada como urgência hipertensiva ou emergência hipertensi- va. Estas são situações clínicas sintomáticas em que é observada elevação acentuada da pressão arterial diastólica (≥ 120 mmHg), sendo que na urgência hi- pertensiva há elevação da PA superior ao percentil 99. Nestes casos, pode ocorrer acometimento neurológi- co, renal, hepático, insuficiência miocárdica, convul- sões e alterações visuais (MALACHIAS et al., 2016). As condutas têm ênfase em prestar os primeiros socorros realizando a rápida identificação da crise hipertensiva e remoção da vítima, para isso, acione o serviço de emergência (BRASIL, 2003). Outra alteração da pressão arterial bas- tante comum é a hipotensão, a qual apre- senta níveis de pressão abaixo do normal com PAS < 90 mmHg (JENSEN, 2013). Não é considerada uma doença, porém pode estar relacionada com diabetes mellitus, infarto do miocárdio entre outros. As quedas da pressão podem ocorrer por diversos motivos que causam a perda do controle do fluxo de sangue e a hipovolemia (di- minuição de sangue no corpo). Entre estes, jejum prolongado, desidratação, uso de diuréticos e troca repentina de posição (hipotensão postural ou ortos- tática) (VARELLA, 2018, on-line)1. A vítima com hipotensão pode apresentar: ton- tura, visão embaçada, náuseas, vômitos síncope, pulso rápido ou irregular, fadiga, confusão e disp- neia (MION, 2016, on-line)2. Durante os primeiros socorros: • Mantenha o(a) aluno(a)/atleta em repouso, deitado(a) de maneira confortável com os membros inferiores elevados. • Afrouxe as roupas. • Monitore os sinais vitais. • Se necessário, acione o SAMU. É recomendado para hipertensos que possuam mais de três fatores de risco, diabetes ou cardiopatias, re- alizar o teste ergométrico antes de realizar atividades físicas. Além disso, antes de esses indivíduos começa- rem a praticar esportes competitivos ou de alta perfor- mance, é recomendada uma avaliação cardiovascu- lar completa (MALACHIAS et al., 2016). Nas crianças e adolescentes, a medição da pressão arterial na escola pode ser uma ferramenta importante para identificar os que necessitam de avaliação formal, bem como para mo- nitorar a pressão arterial (FLYNN et al., 2017). Figura 5 - Elevação dos membros inferiores 54 Os protocolos para o atendimento de eventos car- diovasculares passam por revisões e atualizações, frequentemente. Portanto, você encontrará con- teúdo com os mais recentes consensos e diretrizes disponíveis para que possa dispor de uma fonte confi ável de consulta e estudo. Além disso, utiliza- mos uma proposta prática e concisa dos principais assuntos que envolvem este tema. Iniciaremos pela aterosclerose. A aterosclerose ocorre devido à resposta da pa- rede arterial a diversos agentes agressores, na qual há deposiç ã o de lí pides, infl amação e evoluç ã o da placa ateroscleró tica (placa de gordura). A aterosclerose tem início quase concomitante à formaç ã o do pró prio corpo humano. As lesõ es iniciais podem ser identifi - cadas em fetos de mã es com altos níveis de colesterol e em crianç as na primeira infâ ncia. A evolução das lesõ es continua até desenvolver o ateroma, em torno Aterosclerose, Doença Arterial Coronariana (DAC) e Angina EDUCAÇÃO FÍSICA 55 Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) com DAC podem experimentar episódios de angina (dor ou desconforto na região torácica). Nestes casos, você deve ligar para o serviço de urgência e recomendar que a pessoa utilize os pró- prios medicamentos enquanto aguarda o atendi- mento. Esta situação pode progredir para infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral ou morte súbita, por isso, é extremamente relevante monitorar os sinais vitais e realizar os procedimen- tos, conforme indicados nos próximos tópicos. da quinta década de vida (MARTINS et al., 2009). O ateroma pode causar obstrução do fluxo sanguíneo e, consequentemente, doença arterial coronariana. A DAC é considerada a principal causa de óbi- to no mundo. A cada ano, mais de sete milhões de indivíduos morrem em decorrência desta doença (MORAES, 2015). Há comprometimento do fluxo sanguíneo nas artérias coronárias e, consequente- mente, redução da chegada do oxigênio ao coração (PINHO et al., 2010). Por conta disto, os indivíduos A maioria das mortes relacionadas ao IAM ocorre fora dos hospitais e, geralmente, não é assistida pe- los profissionais da saúde. Grande parte das vítimas morrem nas primeiras 24 horas após o evento, sen- do 50% na primeira hora por taquiarritmia ventri- cular (PIEGAS et al., 2015; MORAES, 2015). Logo, essa situação deve ser reconhecida rapidamente. Quando há ativação inflamatória, agregação plaquetária, vasoconstrição e trombose da co- ronária, a oclusão coronariana por algum tempo provocará o infarto. Esta isquemia que ocorre no músculo cardíaco e promove injúria ou necrose é denominada infarto do miocárdio (GONZALEZ et al., 2013). Os sintomas são desconforto ou dor opressiva na região torácica anterior e/ou posterior, com sensa- ção de queimação e sufocamento, dor na mandíbula, na região cervical, no ombro, nos membros superio- res (geralmente o esquerdo) e no epigástrio. Pode ocorrer parestesia no membro superior (geralmente esquerdo) e a vítima, geralmente, apresenta sudore- se, dispnéia e náuseas (SBC, 2013a). O IAM pode levar a uma parada cardíaca e é considerado uma das principais causas de PCR. Na suspeita de infarto, deve-se chamar o serviço de emergência e monitorar os sinais vitais. Se o quadro evoluir para uma parada cardíaca, realizam-se os procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar. 56 Parada Cardiorrespiratória (PCR) A situação de maior emergência é a parada cardior- respiratória (PCR) (MORAES, 2015), devido à parada do funcionamento do coração e dos pulmões, o que resultará em morte caso não sejam realizados os pro- cedimentos de primeiros socorros. As características da vítima em PCR são: perda da consciência, gasping (respiração de
Compartilhar