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Sentença - Juíza de Direito - Luisa Branco

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Dispensado o relatório nos termos do art. 38 da Lei 9.099/95. 
 
A Autora alega que comprou o produto, objeto da lide, que apresentou defeito oito meses 
após a aquisição e que ao procurar a Ré, a mesma se manteve inerte. Parcelou o pagamento 
em 12 (doze) vezes no cartão de crédito. 
 
A empresa Ré informou que os fatos são inverídicos, que não são comprovados pelas provas 
apresentadas e que não há causa plausível para o ajuizamento da ação. Assumindo o dever da 
loja para com a Autora, apenas impugnou o montante pedido de danos morais requeridos em 
petição inicial. Afirmou que desconhecia, anteriormente as reclamações da autora e, a título 
de acordo propôs a substituição do produto ou, caso não aceitasse o oferecido, o pagamento 
do valor pago pela panela. Proposta a conciliação, esta não foi obtida. 
 
A patrona da parte Autora fundamentou a responsabilidade solidária da empresa Ré no art. 18 
do CDC, ressaltando ainda a independência de culpa para que o vício seja reparado. Quanto à 
decadência, alega que a autora tentou recorrer, acionando a loja tempestivamente, de forma 
que o prazo se prologaria até o mês de outubro, não havendo a aplicação do presente instituto. 
 
O patrono da parte Ré alega a preclusão. Assiste razão a parte Autora. 
 
A relação de consumo se mostra evidente, sendo a lide conduzida conforme o disposto na Lei 
8.078/90 (CDC). 
 
 
A perda do bem, ocasionada por vício no produto, foi comprovada através das provas orais 
(depoimentos pessoais e oitiva de testemunhas) e prova documental produzidas em audiência 
de conciliação, convertida em audiência de instrução e julgamento. 
 
 
Elucidou-se que o vício não foi efetivamente sanado no prazo de 30 dias, de forma que, como 
indica o §1º do art. 18 do CDC, pode o consumidor exigir alternativamente uma das hipóteses 
dos incisos do referido dispositivo, tendo a Autora optado pelo inciso II, qual seja a 
restituição da quantia paga. 
 
 
1. Esclareceu-se a fundamentação para o pedido de indenização por danos 
morais requisitado, de forma que o pagamento 
 
a. deve ser deferido, apenas em sua parcialidade. Admitir que tal 
reparação alcançasse o montante requerido pela Autora em sua 
petição inicial seria permitir que se utilizasse do Judiciário para 
enriquecer-se ilicitamente. Todavia, como já destacado pelo STJ em 
REsp 1.440.721 “a indenização por danos morais possui tríplice 
função: a compensatória, para mitigar os danos sofridos pela vítima; 
a punitiva, para condenar o autor da prática ilícita e lesiva; e a 
preventiva, para dissuadir o cometimento de novos ilícitos”. 
Observando todas as esferas do referido instituto, é devido, a título 
de danos morais, o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais). 
 
 
 
A relação de consumo se sustenta no vício do produto, sendo o comerciante solidariamente 
responsável pelos danos causados, juntamente com o fornecedor, como dispõe o art. 18 do 
CDC. O fornecedor, apesar de identificado no caso concreto, não pode compor a presente lide 
uma vez que o art. 88 do CDC, entendido de forma ampliada pela doutrina e pela 
jurisprudência, veda a denunciação da lide quando se trata de relação de consumo para que o 
elemento de cognição do julgador não seja ampliado. Se o instituto fosse admitido, poderia 
aumentar a morosidade do julgamento sobre a pretensão do consumidor de obter a reparação 
integral do dano sofrido. 
 
 
Não há, ainda, que se alegar ignorância do vício de qualidade por inadequação, eis que o 
mesmo não exime o fornecedor de responsabilidade, conforme dispõe o art. 23 do CDC. 
 
 
Diante de todo o exposto JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE os pedidos para que a 
empresa Ré restitua o valor de R$ 179,90 (cento e setenta e nove reais e noventa centavos), 
monetariamente atualizado, 
1. E para que seja pago, a título de indenização por danos morais, 
a. O valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais) 
 
Cientes os presentes. Transitada a sentença em julgado, intime-se a parte Ré para apresentar 
comprovante de pagamento espontâneo do débito, no prazo de 15 dias, uma vez que se trata 
de título executivo judicial, sob pena de ser iniciada a fase de execução. Nada mais havendo, 
certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se. 
 
 
Luisa Carestiato de Carvalho Branco 
Juíza de Direito 
 
Assinado eletronicamente

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