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RECURSO INOMINADO

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO 16ª VARA DE 
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SALVADOR/BA 
 
 
 
Autos: 00008.2021.07.090001 
 
Recorrente: Clodoaldo Armentano 
 
Recorrida: Tratados Comercio de Acessórios Ltda 
 
Clodoaldo Armentano, já qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de seus 
advogados legalmente constituídos, vêm, respeitosamente, perante Vossa Excelência, 
interpor: 
 
RECURSO INOMINADO 
 
Nos termos do artigo 42 da Lei 9.099/95, pelas razões anexas, requerendo desde já seu 
recebimento e posterior remessa à instância superior, segundo as formalidades legais. 
Informa desde já a Recorrente que o preparo não foi recolhido, pois o indeferimento dos 
benefícios da assistência judiciária gratuita pela r. sentença recorrida é também objeto 
deste recurso. 
Pede deferimento. 
 (Salvador, 28/09/2021) 
Advogado 
OAB nº 
 
RAZÕES DE RECURSO INOMINADO 
Autos: 00008.2021.07.090001 
Recorrente: Clodoaldo Armentano 
Recorrida: Tratados Comercio de Acessórios Ltda 
 
EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA 
COMARCA DE SALVADOR/BA 
Eméritos Julgadores, 
Trata-se de recurso inominado interposto pela parte Recorrente ante a decisão que 
julgou procedente somente, no que tange o dano material, e improcedente os demais 
pedidos, nos seguintes termos: 
“Por todo o exposto”, resolvo o mérito da lide, nos termos do artigo 487, inciso I, 
do CPC e JULGO PROCEDENTE o pedido somente, no que tange o dano material para 
condenar a autora a pagar à ré o valor de R$999,90, (novecentos e noventa e nove reais e 
noventa centavos), no mais JULGO IMPROCEDENTE os demais pedidos, sem danos 
morais. 
 
Sobre o valor deve incidir correção monetária desde a presente data e juros de mora de 
1% (um por cento) ao mês a partir da citação. 
 
Sem condenação em custas nem honorários de sucumbência. 
Sentença registrada eletronicamente nesta data. P. I.” 
 
Com efeito, em que pese o inquestionável saber da eminente julgadora não primou à 
decisão atacada pela justa aplicação da lei e jurisprudência aos fatos, sendo sua 
reforma medida imperativa de justiça, conforme será exposto adiante. 
 
 
I – DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL 
I.a – Do preparo 
 
A r. sentença recorrida negou ao Recorrente os benefícios da Justiça Gratuita, sendo 
este um dos pontos que se pretende reformar. Por esta razão não foi recolhido o 
preparo para o presente recurso, esperando-se, portanto, que esta Egrégia Turma se 
manifeste a respeito, concedendo a gratuidade, ou, eventualmente, abrindo prazo para 
o seu devido recolhimento. 
Neste sentido, pela primazia da celeridade e da economia processual e pelo fato de 
que a presente questão compõe o mérito destas razões recursais, pede-se vênia para 
remeter a leitura ao tópico “III.a – Dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita”, 
em que tal ponto foi devidamente abordado. 
 
I.b – Da tempestividade 
 
A r. decisão recorrida foi publicada em 25/09/2021. Considerando o prazo legal de 10 
dias para a apresentação do presente recurso e, ainda, a data em que este foi 
interposto, tem-se respeitado o pressuposto da tempestividade recursal. 
 
 
II – BREVE SÍNTESE DO PROCESSO 
 
 
O Recorrente, outrora Autor, ajuizou ação de indenização por danos materiais e 
morais em face da Recorrida, em razão de falha na prestação dos serviços da parte 
requerida, ora recorrida. Quando esta vendeu um relógio ao recorrente, que após 11 
dias de aquisição apresentou coloração diferente da apresentada no momento da 
compra, sendo esta uma cor escura, e, após ser procurada para mais o reparado foi 
desencadeado a má prestação do serviço no tocante à informação. 
Conforme exposto na peça inicial, a recorrente pagou, a quantia de R$ 999,90 
referente ao relógio. 
E além do dano material, o Recorrente experimentou também danos morais, ínsito à 
odiosa situação criada pela Recorrida, uma vez que não houve mero aborrecimento, 
visto que o recorrente mesmo com a sua vida financeira difícil investiu recursos 
próprios, para a compra. 
Conforme defesa apresentada e audiência de conciliação realizada em 21/09/2021, 
sem acordo entre as partes, no entanto. 
Por fim, a r. sentença recorrida foi publicada em 25/09/2021, em síntese, JULGOU 
PROCEDENTE somente, no que tange o dano material, e improcedente os demais 
pedidos. 
Não obstante todo o respeito devido ao citado provimento judicial, entende a 
Recorrente pela necessidade de sua reforma, não podendo se conformar com os termos 
prolatados, sob pena de ver indevidamente crucificado seu direito e, ainda, em termos 
amplos, ver distorcido o direito consumerista pátrio, consoante se verá adiante. 
III – DAS RAZÕES RECURSAIS 
III.a – Dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita 
 
A recorrente, conforme demonstra os documentos anexos, é pessoa hipossuficiente, 
encontra-se desempregada, não possuindo recursos ou condições de pagar as custas e 
despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme declaração de 
hipossuficiência anexa. 
A recorrente pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, assegurados pela 
lei 1060/50 e consoante art. 98 caput NCPC/2015. Espera-se, portanto, que esta 
Egrégia Turma se manifeste a respeito, concedendo a gratuidade, ou, eventualmente, 
abrindo prazo para o seu devido recolhimento. 
Infere-se dos artigos supracitados que qualquer uma das partes no processo pode 
usufruir do benefício da justiça gratuita. Logo, a recorrente faz jus ao benefício, haja 
vista não ter condições de arcar com as despesas do processo sem prejuízo da sua 
mantença. 
Consoante a jurisprudência: 
APELAÇÃO – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA – DECLARAÇÃO DE 
MISERABILIDADE – ART. 4º DA LEI Nº 1.060/50 – AÇÃO ORDINÁRIA – PRÉVIO 
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – AUSÊNCIA – IRRELEVÂNCIA – INTERESSE 
DE AGIR – PRESENÇA – SENTENÇA CASSADA – APLICAÇÃO DO ARTIGO 515, 
PARÁGRAFO 3º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – SITUAÇÃO QUE IMPEDE 
SUA APLICAÇÃO – RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. O art. 4º da 
Lei 1.060/50, que atribui presunção “juris tantum” de veracidade à declaração de 
miserabilidade apresentada pelo requerente do benefício da justiça gratuita, foi 
recepcionado pela ordem constitucional vigente, devendo a benesse ser de plano 
concedida quando inexistente qualquer indício que inaugure a necessidade de dilação 
probatória para melhor apuração da real condição financeira do 
requerente. (TJMG 1.0686.11.012641-0/001 (1). Processo 0126410-65.2011.8.13.0686. 
Rel. Belizário De Lacerda. Data da publicação: 04/03/2015) 
“AGRAVO INOMINADO – AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGOU 
SEGUIMENTO – PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA – PESSOA FÍSICA – 
DECLARAÇÃO DE POBREZA – PRESUNÇÃO JURIS TANTUM DE VERACIDADE – 
INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS NOS AUTOS A DESCARACTERIZAR A 
HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA – CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. – A declaração 
de pobreza colacionada pela recorrente alicerça a presunção juris tantum prevista em 
lei a seu favor. – O demonstrativo de pagamento acostado não evidencia que os 
vencimentos recebidos pela agravante sejam suficientes para cobrir seus gastos 
habituais e ainda dar-lhe condições de arcar com as despesas judiciais. – Ausência de 
elementos a desautorizar a concessão do benefício à servidora na ação principal. – 
Recurso provido.” (TJMG – Agravo 1.0024.12.075683-8/002. Processo 1003628-
26.2012.8.13.0000 (1). Rel. Versiani Penna. 5ª Câmara Cível. Data da publicação 
19/11/2012) 
 
 
Assim, ex positis, pois, requer-se os benefícios da assistência judiciária gratuita. 
 
III.d – Dos danos morais 
Não se pode perder de vista o grande mal que condutas como a da ré causam na vida 
das pessoas. Acreditando na qualidade dos produtos da empresa fornecedora, investe-
se em seus produtos. 
No ato da venda, a recorrida fazia menção a qualidade do produto, e garantia do 
mesmo. 
Oras Excelências, a sensação de ser enganado trouxe para ao recorrido bastantestranstornos, que jamais lhe foi experimentado em outra oportunidade, isso por conta das 
atitudes maldosas empreendida pela parte Recorrente que poderia ter diminuído o 
sofrimento do requerente de plano visto ser a requerida a própria fabricante do produto, 
lhe fornecendo, assim, outro em garantia, cessando desde já maiores constrangimentos e 
evitando, sem dúvidas, um enquadramento por parte do Recorrente dos órgãos da 
justiça para ver seus direitos repostos. 
As nuances da conduta da recorrida são delineadas claramente pelos inúmeros relatos 
das vítimas no site reclame aqui (reclamações acostados aos autos). Há inúmeras 
reclamações, todas no mesmo sentido, contando histórias com características 
incrivelmente semelhantes. 
Enfim, comprovada à exaustão a falha na prestação do serviço, em clara afronta aos 
princípios da transparência, da boa-fé objetiva e da confiança. 
A falha na entrega do produto ou seu devido reparo, induziu toda o recorrente a erro. 
O recorrido, sem distinção de qualquer natureza, aproveitou-se da boa-fé de pessoas 
em frágil situação psicológica para obter vantagem ilícita, frustrando-lhes expectativas 
legítimas. 
O descumprimento do dever de informação traduz falha na prestação do serviço e 
violação de deveres anexos da boa-fé objetiva, gerando no consumidor dano 
extrapatrimonial, sobretudo, quando acarreta perda considerável de tempo útil e 
denota-se descaso no trato do consumidor. A indenização por danos morais deve ser 
arbitrada observando-se os critérios punitivo e compensatório da reparação, sem 
perder de vista a vedação ao enriquecimento sem causa e os princípios da 
proporcionalidade e da razoabilidade. 
Diante da situação posta, é aplicável ao presente caso o caput do art. 186 e o artigo 
927, do Código Civil de 2002 do Código de Defesa do Consumidor, que dispõe o 
seguinte: 
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por 
ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a 
repará-lo.” 
O nexo causal também está configurado, assim como o dano sofrido pelo recorrente. 
É sabido, pelas regras de experiência ordinária, que, em situações que envolvem 
empréstimos de terceiros, sejam familiares ou amigos, como é o caso da recorrente, o 
sucesso do investimento é almejado não só por quem está sendo beneficiado 
diretamente, como também por todos os envolvidos. O recorrente certamente ficou 
prejudicado, abalado, ante a frustração advinda da falha da empresa apelada. 
O dano moral daí advindo se evidencia da narrativa dos fatos, visto que causaram ao 
recorrente falta de previsibilidade e transtornos em sua rotina diária, diante a falta do 
produto adquirido. 
IV – DOS PEDIDOS 
Por todo exposto, o Recorrente requer seja o presente recurso conhecido e provido, 
com a consequente reforma da r. sentença atacada, determinando-se: 
a) o deferimento dos benefícios da Justiça Gratuita ao Recorrente e a consequente 
isenção da realização do preparo recursal ou, pelo princípio da eventualidade, em 
assim não se entendendo, seja ela intimada para que recolha o devido preparo; 
b) Seja acolhida a preliminar arguida de cerceamento de defesa, tendo em vista a não 
realização da oitiva da testemunha arrolada pela Recorrente. 
c) O presente Recurso Inominado seja conhecido para reformar a r.sentença no tocante 
a: (i) pagamento de R$ 15.000,00 (Quinze mil reais) referente ao dano moral. 
d) A condenação do recorrido nas custas e honorários advocatícios, nos moldes do 
artigo 55 da Lei 9.099/95. 
e) Requer ainda, que as publicações sejam feitas exclusivamente em nome de 
xxxxxxxxxxxxx 
Termos em que pede deferimento. 
(Salvador, 28/09/2021) 
Advogado 
OAB nº 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUSRISPRUDÊNCIA 
 
 
Tribunal de Justiça do Estado da Bahia PODER JUDICIÁRIO QUINTA TURMA 
RECURSAL - PROJUDI PADRE CASIMIRO QUIROGA, LT. RIO DAS PEDRAS, 
QD 01, SALVADOR - BA ssa-turmasrecursais@tjba.jus.br - Tel.: 71 3372-7460 Ação: 
Cumprimento de sentença Recurso nº 0159824-79.2020.8.05.0001 Processo nº 
0159824-79.2020.8.05.0001 Recorrente (s): JEFFERSON LEANDRO SOUZA DOS 
SANTOS Recorrido (s): MAGAZINE LUIZA S A EMENTA RECURSO 
INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. 
RELÓGIO SMART WACHT CONSTATADO DEFEITO LOGO APÓS A ENTREGA 
DO PRODUTO. PARTE AUTORA DEVOLVEU O PRODUTO PARA QUE FOSSE 
REALIZADA A TROCA, CONTUDO A RÉ NÃO REALIZOU A TROCA NEM O 
ESTORNO DA COMPRA. MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA CONFIGURADA. SENTENÇA DE PRIMEIRO 
GRAU QUE ORDENOU A DEVOLUÇÃO DO VALOR PAGO, SEM CONCEDER 
DANOS MORAIS INDENIZÁVEIS. DANOS MORAIS EVIDENCIADOS ANTE A 
DISPONIBILIZAÇÃO DE PRODUTO DEFEITUOSO AO CONSUMIDOR, NÃO 
ZELANDO PELA QUALIDADE QUE SE ESPERA DO PRODUTO, BEM COMO A 
NÃO REALIZAÇÃO DA TROCA OU DO ESTORNO DA COMPRA. REFORMA 
DA SENTENÇA PARA CONDENAR A DEMANDADA AO PAGAMENTO DE 
DANOS MORAIS FIXADOS EM R$ 3.000,00. RECURSO CONHECIDO E 
PARCIALMENTE PROVIDO. Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei 
n.º 9.099/95[1]. Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro, 
saliento que a Recorrente pretende a reforma da sentença lançada nos autos que JULGO 
PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos constantes da peça vestibular para 
condenar a Acionada a restituir a quantia de R$ 274,45 (duzentos e setenta e quatro 
reais e quarenta e cinco centavos), na forma simples, com correção pelo INPC e juros a 
contar da citação. Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o, 
apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais 
membros desta Egrégia Turma. VOTO No mérito, em sede inicial, sustenta a parte 
autora que todo mal infligido ao estado ideal das pessoas, resultando mal-estar, 
desgostos, aflições, interrompendo-lhes o equilíbrio psíquico, que constitui causa 
suficiente para a obrigação de reparar o dano moral, como in casu. Informa que 
adquiriu, junto à Acionada, através do seu aplicativo, um Relógio Smart Watch 
Feminino Rose Faz Ligação Lançamento, sendo entregue na data de 23/09/2020, 
oportunidade em que constatou defeito no produto, tendo entrado em contato com a ré 
que lhe orientou a realizar a postagem do produto e que, inicialmente, seria efetuada a 
troca do produto em alguns dias, o que foi feito pela parte autora, que realizou a 
postagem em 25.09.2020, mas a troca não foi efetuada. Como não recebeu o produto 
novo, a autora procurou a ré, consoante Protocolo de Atendimento nº 2020064785478, 
sem qualquer retorno. Pugna pela restituição do valor e reparação por danos morais 
sofridos. O magistrado de piso julgou parcialmente procedente a demanda, ordenando a 
devolução do valor pago pelo relógio, sem conceder os danos morais pleiteados pelo 
autor, objeto do presente recurso inominado. Pois bem. Fato é que a demandada não 
logrou êxito em comprovar a não ocorrência dos fatos narrados na inicial, não se 
desincumbindo do ônus de demonstrar circunstância capaz de elidir sua 
responsabilidade, conforme insculpido no art. 14,§ 3º, I e II, do CDC. Noutro passo, 
restou comprovado que o defeito não foi solucionado nem a devolução do valor pago 
foi feita, assim o presente caso adapta-se à hipótese descrita no art. 12, § 1º, II e II, do 
CDC, visto que restou demonstrado que o produto fabricado apresentou-se defeituoso, 
fazendo jusa parte autora, portanto, a substituição do produto, ou a devolução do valor 
pago. Por todo o exposto, deve a demandada responder pelos danos sofridos pela parte 
autora em razão do defeito do produto e da não solução administrativa, violando, assim, 
o prazo de 30 dias estabelecido no artigo 18, § 1º, da Lei n.º 8.078/90. Nesse contexto o 
dano moral restou caracterizado, uma vez que a parte autora adquiriu o produto e não 
pôde utilizá-lo da maneira corretae integral, havendo mais que mero aborrecimento. 
Nos autos está claro que houve vício na qualidade do produto e a ação do consumidor 
em buscar a reparação, devendo responder a empresa pelos danos morais suportados 
pela parte autora, tendo em vista que o vício na qualidade do produto não foi sanado, 
bem como o valor pago não foi devolvido. O dever de indenizar encontra suas diretrizes 
no artigo 927 do Código Civil, ao preconizar que "aquele que, por ato ilícito, (arts. 186 
e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo". Extrai-se dessa norma que o 
dever de reparação exige a presença do dano, observando, a propósito, a lição de 
SÉRGIO CAVALIERI FILHO, em sua obra "Programa de Responsabilidade Civil" (5ª 
edição, p. 88-89): "O dano é, sem dúvida, o grande vilão da responsabilidade civil. Não 
haveria que se falar em indenização, nem em ressarcimento, se não houvesse o dano. 
Pode haver responsabilidade sem culpa, mas não pode haver responsabilidade sem 
dano. (...) Tanto é assim que, sem dano, não haverá o que reparar, ainda que a conduta 
tenha sido culposa ou até dolosa." E acrescenta mais adiante: "Indenização sem dano 
importaria em enriquecimento ilícito; enriquecimento sem causa para quem a recebesse 
e pena para quem a pagasse, porquanto o objetivo da indenização, sabemos todos, é 
reparar o prejuízo sofrido pela vítima, reintegrá-la ao estado em que se encontrava antes 
da prática do ato ilícito. E, se a vítima não sofreu nenhum prejuízo, a toda evidência, 
não haverá o que ressarcir". A efetiva ocorrência do dano é essencial para resultar a 
responsabilidade pela indenização, pois não há reparação de dano hipotético ou 
potencial. O dano moral resulta da má prestação de serviço evidenciada, independendo 
de prova expressa de sua ocorrência, pois este é ¿in re ipsa¿, isto é, decorre diretamente 
da ofensa, por comprovação do ilícito, que ficou sobejamente demonstrado nos autos. O 
próprio STJ firmou entendimento neste sentido: ¿A concepção atual da doutrina orienta-
se no sentido de que a responsabilização do agente causador do dano moral opera-se por 
força do simples fato de violação (damnum in re ipsa). Verificado o evento danoso 
surge a necessidade de reparação, não havendo que se cogitar da prova do prejuízo, se 
presentes os pressupostos legais para que haja a responsabilidade civil (nexo de 
causalidade e culpa) ¿ (STJ ¿ 4ª T. ¿ REL CESAR ASFOR ROCHA ¿ RT 746/183). 
Encontrando previsão no sistema geral de proteção ao consumidor inserto no art. 6º, 
inciso VI, do CDC, com recepção no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal, e 
repercussão no art. 186, do Código Civil, o dano eminentemente moral, sem 
consequência patrimonial, não há como ser provado, nem se investiga a respeito do 
animus do ofensor. Consistindo em lesão de bem personalíssimo, de caráter subjetivo, 
satisfaz-se a ordem jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele existe 
simplesmente pela conduta ofensiva, sendo dela presumido, tornando prescindível a 
demonstração do prejuízo concreto. No caso em tela, a parte autora sofreu com a 
frustração da expectativa de utilizar o relógio junto a Ré, cuja utilidade é notória nos 
dias atuais. Neste diapasão, o dano moral resta configurado na hipótese, pois o 
transtorno sofrido extrapolou o limite da normalidade, a ensejar lesão imaterial passível 
de compensação. Assim sendo, há dano moral a ser reparado, conforme solidificado 
entendimento jurisprudencial. Não se pode perder de vista, porém, que à satisfação 
compensatória soma-se também o sentido punitivo da indenização, de maneira que 
assume especial relevo na fixação do quantum, como uma forma de evitar a 
reincidência. Deste modo, arbitro indenização em R$ 3.000,00 (três mil reais), valor 
este que se encontra dentro dos parâmetros desta turma; sendo razoável e proporcional. 
Ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL 
ao recurso interposto pela parte autora, para condenar a demandada ao pagamento de 
indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) com correção 
monetária contada a partir do arbitramento (súmula 362 STJ), e juros contados da 
citação; mantendo os demais termos da sentença impugnada. Sem custas ou honorários, 
diante da ausência de recorrente vencido. Salvador, Sala das Sessões, 19 de outubro de 
2021. ELIENE SIMONE SILVA OLIVEIRA Juíza Relatora ACÓRDÃO Realizado o 
julgamento do recurso do processo acima epigrafado, a QUINTA TURMA, composta 
dos Juízes de Direito, MARIAH MEIRELLES DE FONSECA, ROSALVO AUGUSTO 
V. DA SILVA e ELIENE SIMONE SILVA OLIVEIRA, decidiu, à unanimidade de 
votos CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso interposto pela parte 
autora, para condenar a demandada ao pagamento de indenização por danos morais no 
valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) com correção monetária contada a partir do 
arbitramento (súmula 362 STJ), e juros contados da citação; mantendo os demais termos 
da sentença impugnada. Sem custas ou honorários, diante da ausência de recorrente 
vencido. Salvador, Sala das Sessões, 19 de outubro de 2021. ELIENE SIMONE SILVA 
OLIVEIRA Juíza Relatora ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA Juiz 
Presidente Processo julgado com base no artigo nº 4º, do Ato Conjunto nº 08 de 26 de 
Abril de 2019 do TJBA, que dispõe sobre o julgamento de processos em ambiente 
virtual pelas Turmas Recursais do Sistema dos Juizados Especiais que utilizam o 
Sistema PROJUDI e/ou a decisão do acórdão faz parte de entendimento já consolidado 
por esta Colenda Turma Recursal e/ou o acórdão é favorável a quem requereu pedido de 
sustentação oral dentro do prazo legal, tendo este já findado. [1]Art. 46. O julgamento 
em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, 
fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios 
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. 
 
(TJ-BA - RI: 01598247920208050001, Relator: ELIENE SIMONE SILVA OLIVEIRA, 
QUINTA TURMA RECURSAL, Data de Publicação: 25/08/2021)

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